MQUINAS PARA COLHEITA DE MILHO

Jos Antonio Portella

INTRODUO
O gro de milho, logo aps a maturao plena (35 a 40 % de umidade), pode ser
colhido. Entretanto para se realizar uma colheita mecnica adequada necessrio que a
umidade do gro esteja entre 20 - 25 %. As colhedoras atuais podem trilhar at mesmo com
uma umidade de 40 %, embora venham a produzir perdas excessivas e um grande
detrimento da qualidade. Se a umidade durante a colheita estiver superior aos 30 %, danos
podem ser causados aos gros, no sendo aconselhvel o emprego destes gros para
semente.
Quando a colheita levada a cabo com umidade alta, o gro deve ser seco at 14 - 15
% de umidade antes de armazenar.
Se a colheita feita em espigas, a soluo que mais se recomenda colocar sobre um
estrado de aproximadamente l - 1,5 m de altura e expor ao vento seco; neste caso, a trilha
feita no armazm, durante o inverno.
TIPOS DE COLHEDORAS DE MILHO
Os diferentes tipos de mquinas existentes para a colheita do milho so:
1. Arrancadoras de espigas - foram as primeiras mquinas que promoveram uma
economia na fora de trabalho. Embora ainda continuem sendo usadas em algumas
regies, no as descreveremos porque so semelhantes as arrancadoras-despalhadoras,
salvo que elas no tm o mecanismo despalhador.
2. Arrancadoras-despalhadoras - que poderiam se chamar de colhedoras de espigas,
pois, alm de apanhar, elas removem as folhas para facilitar a secagem.
3. Arrancadoras-despalhadoras-debulhadoras - ou tambm chamadas colhedoras
especiais de milho, pois, alm de arrancar e desfolhar, realizam a debulha das espigas.
4. Colhedoras de cereais com cabeote de milho - adaptadas nos seus diferentes, desde a
trilha at a limpeza, para a colheita do milho.
Arrancadoras-despalhadoras de Espigas
As arrancadoras-despalhadoras de espigas (Fig. 1) podem ser mquinas montadas,
semi- montadas, ou de arrasto e embora muito raramente, autopropelidas.

Figura 1 - Arrancadora de espigas: a) Arrancadora montada de duas linhas; b)

Arrancadora semi-montada de uma linha e com duas rodas.
Dentre as partes principais da mquina podemos distinguir:
1. o mecanismo arrancador.
2. o mecanismo despalhador.
1. Mecanismo arrancador - uma combinao, em essncia, de cilindros speros de
grande comprimento (l a 1,5 m) que giram em sentidos opostos. A alimentao dos
cilindros realizada por meio de duas correntes com pontas que centram e introduzem os
colmos do milho nos cilindros arrancadores. Estes so mais estreitos na parte anterior que
na posterior, de forma que o espao livre entre eles se estreita da frente para atrs, com
possibilidade de regulagem. A velocidade perifrica destes cilindros algo em torno de 3
m/s. A espiga, por ser mais grossa que o colmo, no passa entre os cillindros, causando
assim a fratura do pednculo (Figura 2). Geralmente, o cilindro externo localizado um
pouco mais alto que o interior para ajudar a passagem das espigas para um elevador
transportador.

Figura 2 - Cilindros arrancadores sem barras separadoras.

Para evitar que, quando arrancando as espigas os cilindros comeem uma trilha,
algumas mquinas so providas de barras separadoras sobre os cilindros; deste modo as
espigas sempre so arrancadas, mas sem entrar em contato direto com os cilindros (Figura
3).
Uma corrente provida de dedos ou um parafuso sem fim de grande dimetro recolhe as
espigas e as dirige para a plataforma.

Figura 3 Cilindros arrancadores com barras separadoras

2. Mecanismo despalhador - Algumas arrancadoras-despalhadoras tem os cilindros
arrancadores de espigas que se prolongam como cilindros despalhadores, formando o que
se chama de cilindros contnuos, embora normalmente, neste tipo de mquinas o
mecanismo arrancador e o despalhador vo separados.
A plataforma constituda por um grupo de 4 a 12 cilindros de 0,8 - 1,20 m de
comprimento de 6,5 a 7,5 cm de dimetro. A superfcie do mecanismo despalhador
condiciona o rendimento da mquina. O cilindros esto preparados em duplas,
normalmente entre dois e trs para cada linha, girando em direes opostas e ligeiramente
defasados em altura. A natureza e forma dos cilindros pode ser diferente: os dois podem ser
fundidos, com pequenos dentes ou entalhes; os dois podem ser de ao, recobertos
parcialmente de borracha, ou um de borracha e outro metlico, com anis de borracha. Os
entalhe, devido a presso dos cilindros entre si, arrastam as brcteas das espigas fazendo-as
atravessar os cilindros e assim desfolhando a espiga.
O acionamento dos cilindros normalmente realizado mediante um trem de
engrenagens localizado em uma de suas extremidades. A velocidade dos cilindros oscila
entre 250 e 700 rpm.
Os mecanismos de alimentao, conhecidos como retardadores ou .empurradores de
espigas, distribuem estas uniformemente nos cilindros e regulam o seu avano de uma
forma uniforme. Existem vrios mecanismos de alimentao, tais como cilindros com
pontas de borracha, ou eixos transversais com rodas de dedos de borracha, escovas de fibra
sinttica e correntes transportadoras com pas.
As espigas despalhadas caem em um pequeno depsito em cujo fundo sai o elevador
que as leva ao reboque. Em algumas mquinas se dispe de um ventilador que, na cada
das espigas para o reboque faz a limpeza de folhas e outros materiais.

COLHEDORAS DE MILHO
Da mquina mais polivalente para a mais especfica distinguem dois tipos de
colhedoras:
1. Colhedora de cereais modificada para milho.
2. Arrancadora-despalhadora-debulhadora, ou tambm conhecida como colhedora de milho.
Colhedora de cereais modificada para milho

A utilizao de colhedoras de cereais para colheita do milho tem certas vantagens, mas
tambm algumas inconvenincias . Estudaremos as principais modificaes que so
necessrias de levar a cabo nos mecanismos de corte e cilindro debulhador do milho.
1. Mecanismos de corte. Por ser a planta de milho muito mais resistente e mais longa que
a planta de cereais, as mudanas mais comuns nos mecanismos de corte so as seguintes:
a) Plataforma para milho - emprego de pontes divisores, com supresso do molinete
(Figura 4).

Figura 4 Divisores acoplados barra de corte

b) Cabeotes recoletores de milho. Este equipamento substitui o conjunto da barra de corte
e molinete das colhedoras de cereais, apanhando as espigas mecanicamente e deixando os
colmos na terra, sem cortar. Deste modo, somente as espigas passam pela mquina, com o
que o volume de produto diminui e, por conseguinte, aumenta o rendimento da colhedora.
A operao do cabeote recoletor semelhante ao mecanismo arrancador de espigas
descrito previamente. Os divisores, normalmente entre trs e seis, passam entre as linhas
de milho e guiam o colmos para as correntes recolhedoras e da para o mecanismo
arrancador de espigas. As espigas deste modo passam para o interior da colhedora.
2. Cilindro debulhador e cncavo. O cilindro debulhador pode ser provisto de tampas de
proteo dispostas entre as barras evitar que as espigas e os gros sejam introduzidos em
seu interior (Figura 5). Sua velocidade diminui para 500-600 rpm (velocidade perifrica
menor que 14-16 m/s). O uso de placas de proteo aconselhvel quando a velocidade do
cilindro baixa; nos outros casos no se verificam beneficios apreciveis.
O cncavo deveriam estar formando por uma grelha mais larga que a normal, portanto
so suprimidas alternativamente as barras aumentando as separaes; 20-40 mm na parte
dianteira e 10-20 mm na parte traseira.

Figura 5 - Cilindro debulhador e cncavo modificados para a colheita de milho.

Arrancadora-debulhadora
Esta mquina, em geral automotriz, ns poderamos dizer que a colhedora especfica
de gro de milho. A sua concepo semelhante a da colhedora de cereais com cabeote de
milho, mas todos seu orgos de trilha e limpeza foram projetados especificamente para este
cultivo (Figura 6).

Figura 6 - Colhedora de milho: 1. Sistema recoletor ; 2. Elevador ; 3. Cilindro

debulhador ; 4. Limpeza do gro ; 5. Ventilador ; 6. Peneiras ; 7. Palha e espigas de
milho ; 8. Elevador do gro e depsito.
Dentro da mquina podemos distinguir:
- O sistema recoletor, semelhante ao cabeote de milho descrito previamente.
- Sistema elevador de espigas formado por correntes transportadoras provistas de barras
atravessadas (talistas).
- Cilindro debulhador e cncavo. O cilindro de barras helicoidais de extremidades vivas
ou de dentes radiais igualmente em hlice. A longitude do cilindro oscila entre 1 e 1,5 m, e
seu dimetro entre 20 e 30 cm. A velocidade de rotao compreendida entre 600 e 800
rpm. O cncavo constitudo para uma chapa perfurada com orifcios redondos ou
oblongos, ou por uma grelha de barras paralelas. A separao entre o cilindro e o cncavo
de 25-35 mm na parte dianteira e de 15-20 mm na parte posterior.
- Sistemas de limpeza e armazenamento, semelhante no funcionamiento s colhedoras de
cereais.

REGULAGENS
Nesta seo de ajustes e regulagens daremos especial ateno s colhedoras de cereais
transformadas para colheita de milho e as colhedoras especificas de milho. Considerando
que estas mquinas tm todos os elementos das arrancadoras de espigas, sero as
regulagens das colhedoras capaz de ser tambm aplicadas aos diferentes elementos das
arrancadoras.
a) Velocidade de Avano
A velocidade de avano da mquina depender da capacidade, como tambm das
condies e rendimento da cultura. As velocidades normais de trabalho esto entre 3 e 4
km/h.
b) Regulagens no Cabeote de Milho
Altura do cabeote - Ser suficientemente baixa para juntar todas as espigas. Em lavouras
acamadas o cabeote quase deslizar no cho, sem erguer terra ou pedras; neste caso, as
pontas dos divisores devero ser inclinadas para baixo, para levantar os colmos caidos.
Correntes recolhedoras. Aps o destaque da espiga, as correntes recolhedoras (Figura 7)
conduzem a espiga at o sem-fim da plataforma. As correntes devem ser tensionadas,
atravs de molas, para manter uma conduo perfeita da espiga de milho no elevador.

Figura 7 Correntes recolhedoras

Elas s requerem ajuste quando sofreram desgaste. As correntes devem operar com
velocidade suficiente para guiar os colmos de milho dentro dos cilindros arrancadores.
Cilindros arrancadores e chapas separadoras. Os cilindros arrancadores, tambm
conhecidos por rolos espigadores (Figura 8), trabalham em uma velocidade semelhante
velocidade de deslocamento da colhedora, de modo a permitir que o colmo seja puxado
adequadamente antes que a colhedora passe por cima.

Figura 8 Cilindros arrancadores

Velocidade alta as espigas podem ser arremessadas para fora da plataforma ( a maior
causa de perdas na colheita); faz com que alguns colmos sejam puxados para dentro da
colhedora, sobrecarregando-a e causando embuchamento.
Velocidade baixa as espigas s sero destacadas no final do rolo espigador
congestionando a alimentao e causando embuchamento.
As plataformas para milho normalmente saem de fbrica com as chapas de base
espaadas 35 mm na frente e 38 mm atrs, como mostra a Figura 9. A determinao para o
espaamento das chapas feita pelo tamanho das espigas, dos colmos e da incidncia de
ervas daninhas na lavoura.

Figura 9 Espaamento das chapas de base

c) Regulagens nos elementos de debulha e de limpeza

As regulagens e ajustes mais empregadas do cilindro e do cncavo para milho so:
Velocidade do cilindro (rpm): 400-700
Cncavo (mm): 20-40
Saca-palhas (mm): 11-16
Peneiras (mm): 12-16
Para colheita de milho com colhedora de cereais deveria ser mudado, tambm, a
peneira inferior do mecanismo de limpeza, por uma peneira de chapa perfurada com furos
de cerca de 16 mm e substituir a peneira superior para uma de orifcios maiores.

PERDAS DE GRO
Embora os procedimentos que so usados para verificar as perdas de milho sejam
semelhantes aos usados em colhedoras de cereais, descritos no captulo anterior, alguns
pontos so especficos para o milho:
1. perdas de espigas antes da colheita.
2. perdas de espigas no cabeote de milho.
3. perdas de gros no cabeote de milho.
4. perdas na unidade debulhadora.
5. perdas no sacapalhas.
6. perdas nas peneiras.
A determinao destas perdas requer ensaios muito lentos e em geral os critrios so
semelhantes aos empregados nas colhedoras de cereais.
Em geral as perdas de espigas antes da colheita so devidas as condies
climatolgicas ou variedades no adaptadas; as perdas que ocorrem na colheita so
principalmente devidas ao tipo de mquina, regulagens, velocidade de avano, poca de
colheita, teor de umidade, variedade, etc.
As perdas aumentam enquanto a estao de colheita vai avanando. Para uma
velocidade mdia de 4 km/h as perdas de gro podem ser distribudas do seguinte modo:
Mecanismos
Divisores e correntes recolhedoras
Cilindros arrancadores e despalhadores
Cilindro trilhador
Separao e limpeza
Total

% de Perdas
2 - 5
1 - 4
0,5 - 1
0 - 0,5
3,5 - 10,5

A partir destes dados pode ser apreciada a importncia de uma boa regulagem do
cabeote, desde que normalmente isto representa entre 60 e 85 % das perdas da mquina.
Para velocidades superiores a 4 km/h, as perdas so consideravelmente crescentes e acabam
dobrando para uma velocidade prxima a 7 km/h.