Ilha de Nome Santo
Ilha de Nome Santo
Ilha de Nome Santo
¡lhm de nome
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NOVO CANCIONEIRO
ilho de nome
sonto
POE M A S (essolodo)
deMár ioDíonísio
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de Mon u el doF onsecd
TU R t§MO
poemos de Csrlos de Ol¡veiro
PASSA G EM DE NiVEL
p o am o I G 5idónio Murolho
ILHA DE NOME SANTO
de Fronci¡ao José Tenreiro
I
romoncelro
oNasci naquela terra distante
num dia de batuque.
Ombros balanqando
Iábios sangrando de prazer
éles danqavam
dangavam. . .
Depois o descanso.
Olhos longe sém se saber porqué.
l3
uil
Seu Silva Costa
virou branco grande:
su calga náo é fiozinho
e sus moeda náo tém mais ilusáo I . . .
t1
romqnce de sqm
mürinhq
Sam Márinha
a que menina foi no norte
chegou naquele navio á ilha.
Risadas brancas
e goles de champagne t
A hor" do espalmadoiro
os moeos do cornércio
passaram de gravatas garridas.
O monhé chegou na porta
e limpou o suor
ao lengo di s6da que importou do |apáo !
l5
Ait
Aquela que chegou na ilha
como uma risada branca
está fechando a carinha á terra.
ró
romonce de sinhó
corloto
Na beira do caminho
sinhá Carlota
está pitando no seu cachimbo.
Um círculo de cuspo
a seu lado. . .
Veio do sul
numa leva de contratados.
Teve filhos negros
que trocam hoje o peixe
por cachaga.
17
Teve filhos mestiqos.
Uns
forros de a. b. c.
perdidos em rixas de navalhas.
Outros foram no norte
com seus pais brancos
e o seu coragáo
já náo lembra o rostinho deles t
Sinhá Carlota
veio há muito do sul
numa leva de contratados. . .
Assim
embora pra seu branco
o seu corpo náo baile mais no sócópé
éle ao passar
fica sempre dizendo:
sábuá?
Sinhá Carlota
nos olhos cansados e vermelhos
solta um achó distante
enquanto vai pitando
no seu cachimbo carcomido. . .
l8
concdo
, do mestico ------7-
Mestigo !
Mesti§.o !
r9
Foi por isso que um dia
o branco cheio de raiva
contou os dedos das máos
fez uma tabuada e falou grosso:
- mestigot
a tua conta está errada.
Teu lugar é ao pé do negro.¡
Ahr
Mas eu náo me danei. . .
e muito calminho
arrepanhei o meu cabelo para trás
fiz saltar fumo do meu cigarro
cantei do alto
a minha gargalhada livre
que encheu o branco de calort...
Mestigo t
Pois é.. .
2A
c¡clo
do olcool
I
,l
para acalmar a séde da sua garganta. *=,
*,
ái
I,
:!':
Seu Silva Costa. ;ii
i:
bebeu metade. . . ii
ln '
j.'
E sua garganta ganhou palavra
para o primeiro comércio.
l?'
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Íi'
23 j,
,fu
fi:
i'
,fl'
,ri
ir
ri
A lua batendo nos palmares
tem carícias de sonho
nos olhos de sam Márinha.
Sil6ncio I
No canto da rua
os brancos estáo fazendo negócio
a golpes de champagne t
24
Mái-Negra contou:
u eu disse:
filhinho
beba isso coisa náo. .
Filhinho riu tanto tantol...»
E depois Mái-Negra?
-
"Ohl
filhinho
entrou no vinhateiro
vinhateiro entrou néle . . .,
25
Os olhos de nhá Rita
estáo avermelhando de tristeza.
nHumt
filhinho
ficou esquecendo sua máit...»
26
3 poemos
soltos
epopeto
29
€rá::,q
;t :|.:,ta: :'
.. .,)t:.,
:¿r'll
Fogos t
Milhóes de fogos
num terreno em brasa!
No Brasil
ganhaste calo nas costas
nas vastas plantagóes do cafét
No Norte
f6ste o homem enrodilhado
nas vastas plantag6es do fumo I
30
Na calma do descanso nocturno
só a saüdade da terra
que ficou do outro Iado. . .
Os homens do norte
ficaram rasgando
ventres e cavalos
aos homens do sul !
Os homens do norte
estavam cheios
dos ideais maiores
táo grandes
que tudo foi um despropósito ! . . .
Os homens do norte
os mais lúcidos e cheios de ideais
deram-te do que era teu
um pedago para viveres...
Libéria ! Libéria !
3t
Ah!
os homens nas ruas da Libéria
sáo dollars americanos
ritmicamente deslizando. . .
Segue em frente
irmáo t
Que a tua música
seja o ritmo de uma conquista t
32
E que o teu ritmo
seja a cadéncia de uma vida nova !
:i!
.:s!.
S&&";-
exortocño
,
Negro
para quem as horas sáo sol e febre
que colhes
nesse ritmo de guindaste.
Negro
para quem os dias sáo iguais
que respeitas teu patráo e senhor
como água que mexe o engenho.
Negro t
34
...::i: jl
i rri. I i:ir, i,ri: ,t
negro de todo
o mundo
O som do gong
ficou gritando no ar
que o neglo tinha perdido.
Harlem! Harleml
Américat
:.
*é*
"t.1
América I
Harlemt
Bairro negro I
Ring da vidal
Os poetas de Cabo-Verde
estáo cantando. . .
Cantando os homens
perdidos na pesca da baleia.
Cantando os homens
perdidos em aventuras da vida
espalhados por todo o mundo !
Em Lisboa?
Na América?
No Rio?
Sabe-se Iát. . .
36
- aEscuta.
Morna...
E
No show-boat do Mississipi
os brancos macaqueando!
37
E-
Ahl
Nos estados do sul
os negros estáo cantando!
Folies-Bergéres t
Holies'Bergéres t
Londres-Paris-Madrid
na mala de viagens. . .
38
i
'
. :-- ...
¡:l'1
''
' i,..".:-9:i.:'-
ñ
.'iI
Só as cang6es longas
que estás solugando
dizem da nossa tristeza e melancolia !
a
Se fósses branco
terias a pele queimada
das caldeiras dos navios
que te levam á aventura!
Se f6sses branco
terias os pulmóes cheios
do carváo descarregado
no cais de Liverpool!
Se f6sses branco
quando jogas a vida
por um copo de whisky
terias o teu retrato no jornal!
Negro !
.l
Na cidade da Baía
o§ negros
estáo sacudindo os músculos.
39
uil
Na cidade da Baía
o§ negro§
estáo fazendo macumba.
Oraxilá! Oraxilát
Baía. . .
Negra. Bem negra!
Cidade de Pai de Santo.
Oraxilál Oraxilát
10
J
conclonetro
conqño de f¡¿
mol¡cho
*Lenso di séda
...S€dacáboutu
* Saia di pano
.. . Pano cábout"
43
'Y
* Vinho di plóto
. . . Pl6to cábou !,
44
.)z
conto do óbó
Ardorl
Ardorl
Os olhos do branco
como chicotes
ferem o mato que está gritando. . .
Y
46
socope
Aht
E lana o coixo
que está cantandol
As sangués suspenderam
o ritmo dos. seios. . .
Músculos estáticos
pró espasmo de amorl
47
Ahl
E lana o coixo
que mexe no violáol
48
_.&
-w
o mor
A voz branca que está no mato
perde-se na imensidáo do mar.
Lá vai !
O sol bem no alto
é uma atrapalhagáo de c6r.
- Abacaxi sáfu nona
carr6gozinho do barcot. . .
Um tubaráo passando
é um risco de frescura.
Lá vai !
O barco deslizando
só com a vontade Iivre e cJ*a do negro
Iá vait.. .
49 ;l
I
ii
logindo o lodrüo
Os olhos de Logindo
saltam a noite
como dois bichinhos luminosos.
Chiut
Só o eco do mart
O corpo de Logindo
segue os olhos
como cag6 atrás de homem I
Chiul
Sé o rumor do palmart
50
A máo de Logindo
estendeu-se prá frente
os olhos saltando na noite !
uil
Um tiro de carabina!
O coragáo de Logindo
comegou batendo
e a navalha cantou de encontro á pele.
Hum t
Um tiro de carabina !
Aht
Só o ronco-ronco do mart
5I
ilho de nome sonto
Terra I
52
,,: x
'|::::jñ1
':.r,:l]#i{
Onde os moleq.ues véem seus pais no ritmo-diário
deixando correr gostosamente pelo queixo quente
o sabor e a seiva húmida do sáfu maduro !
- ui I fetiche di branco t -
é terra do negro leal forte e valente que nenhum outrot
53
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--
' :?l
T
índíce
om e o
Págo.
Roma¡cc de seu Silva Cost¿
13
Roma¡ce dc §¡m Miri¡ha.
15
Romaace de Sinhá Carlota
t7
Can§o do Mestiso
19
ciclo do olcool
I
23
2
24
3
25
3 poemCls solto§
Epopcia
29
Erortag§o
34
Negro do todo o mundo
35
cct o
CanSo de Fiá Malicha.
43
Canto do óbó.
45
Sücópó
46
O Mar
48
Logindo o ladr6o.
49
Ilha dc Nome Santo
5l
55