Wellness">
Nothing Special   »   [go: up one dir, main page]

Efeitos de Exercicios Fisiocos Praticados em UBS

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

DOI:10.5585/ConsSaude.v16n3.7670 Recebido em 10 ago. 2017 / aprovado em 24 set.

2017

Efeitos de exercícios físicos


praticados em Unidades Básicas
de Saúde
Physical exercice effects practiced in Primary Heath Care

Vanessa Carvalho Leite Gama Rocha1; Carolina Kosour2; Maria Jaqueline Pereira3; José Roberto
Sostena Neto 4; Silvia Lanziotti Azevedo da Silva2
1
Fisioterapeuta, Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Reabilitação da Universidade Federal de Alfenas –
UNIFAL-MG. Alfenas, MG - Brasil.
2
Professora Adjunta da Escola de Enfermagem/Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG. Alfenas,
MG - Brasil.
3
Discente do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG. Alfenas, MG - Brasil.
4
Fisioterapeuta, graduado pela Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG. Alfenas, MG - Brasil.

Endereço para Correspondência:


Silvia Lanziotti Azevedo da Silva
Endereço postal: Universidade Federal de Alfenas – Unidade Educacional II – Alfenas Avenida Jovino Fernandes Sales, 2600, Bairro
Santa Clara
37133-840 - Alfenas – MG [Brasil]
silviafisiojf@yahoo.com.br

Resumo
Introdução: O exercício físico tem sido incentivado na Atenção Primária à Saúde.
Objetivo: comparar dois grupos de indivíduos praticantes de exercícios físicos
na Atenção Primária e sedentários, em relação a possíveis benefícios desta para
a saúde. Método: Foram avaliados 38 indivíduos, divididos em dois grupos: par-
ticipantes de grupos de exercício físico e sedentários. A avaliação inicial e final
dos dois grupos conteve dados sociodemográficos e clínicos, capacidade física
e respiratória e qualidade de vida. Os dados foram comparados intra-grupos
e inter-grupos. Resultados: Nas analises intra-grupos, foram significativas
(p<0,05) as diferenças na qualidade de vida, no grupo de exercício, e capacidade
física e qualidade de vida no grupo sedentário. Na comparação inter-grupos,
somente capacidade física foi diferente (p<0,05). Conclusão: Os exercícios físicos
realizados na Atenção Primária apresentam necessidade de reorganização para
alcance de melhores resultados.
Descritores: Atividade Motora; Atenção Primária à Saúde; Qualidade de Vida;
Fisioterapia; Saúde Pública.

Abstract
Introduction: Physical exercise has been encouraged in Primary Health Care.
Objective: to compare two groups of individuals who practice physical exercises
in Primary Care and sedentary, in relation to possible health benefits. Method:
Were evaluated 38 individuals, divided into two groups: participants of physical
exercise groups and sedentary. The initial and final evaluation of the two groups
contained sociodemographic and clinical data, physical and respiratory capac-
ity and quality of life. The data were compared intra-groups and inter-groups.
Results: In the whithin-group analyzes, were significant differences in quality of
life. In exercise group, physical capacity and quality of life in the sedentary group
were significant (p <0.05). In between-group comparison, only physical capacity
was different (p <0.05). Conclusion: The physical exercises performed in primary
care present a need for reorganization to achieve better results.
Key words: Motor Activity; Primary Health Care; Quality of Life; Physical
Therapy Specialty; Public Health.

342 ConScientiae Saúde, 2017;16(3):342-350.


Rocha VCLG, Kosour C, Pereira MJ, Neto JRST, Silva SLA

Introdução Material e métodos


O aumento da expectativa da vida gera Desenho do Estudo
novos desafios para o Sistema de Saúde, tor- Trata-se de um estudo observacional lon-
nando essencial o fortalecimento de políticas de gitudinal com duas avaliações de dois grupos já
prevenção e promoção da saúde, especialmente presentes na comunidade, separados de acordo
aquelas voltadas para os idosos1,2, como a prática com a participação ou não dos programas de
de exercícios físicos 3. exercícios físicos realizados pelo fisioterapeuta
A participação em exercícios físicos regu- inserido no NASF.
lares e moderados pode retardar declínios fun-
cionais, além de minimizar o aparecimento de
comorbidades, incapacidade e mortalidade 4,5,6. Amostra do estudo
Estão entre seus benefícios a melhora da força, Foram avaliados 38 indivíduos, com idade
incremento da massa muscular e flexibilida- igual ou superior a 50 anos, adscritos a Estratégia
de, aumento do convívio social e qualidade de de Saúde da Família (ESF) referente a Unidade
vida.7,8,9. Básica de Saúde (UBS) onde eram realizados
A criação do Núcleo de Apoio à Saúde grupos de exercícios físicos pelo fisioterapeuta.
Os usuários foram divididos em 2 grupos:
da Família (NASF), em 2008, inseriu profissio-

Artigos
um composto por participantes dos programas
nais como Educador Físico e o Fisioterapeuta na
de exercícios oferecidas pelo serviço (Grupo
Atenção Primária à Saúde (APS), com foco no for-
Ativo – GA), e um outro (Grupo Controle – GC)
talecimento da promoção de saúde10. Diminuir o
composto por usuários que não realizam qual-
sedentarismo e promover estilos de vida mais
quer exercício físico, mas são independentes
saudáveis na APS podem representar um gran-
para suas Atividades de Vida Diária (AVD). Para
de impacto na redução dos custos relacionados
composição do GC, foram selecionados indiví-

de literatura
aos serviços de saúde 11, 12. Atualmente, portan-

Revisões
duos do mesmo território dos participantes do
to, grupos populacionais, entre eles os idosos, já
GA, pareados com estes por sexo e idade.
estão inseridos em grupos de exercícios físicos.
Todos os participantes dos grupos de exer-
O Programa de Práticas Corporais e
cícios físicos que concordaram em fazer as ava-
Atividade Física vem sendo desenvolvido jun-
liações propostas pela pesquisa foram incluídos
tamente com a política pública de Promoção de no estudo. Foram excluídos indivíduos sem ca-
Saúde. Sempre fundamentada em um processo pacidade para responder os instrumentos de-
educativo, trata-se do aumento no nível de ati- terminado pelo Mini Exame do Estado Mental
vidade física e conscientização dos benefícios (MEEM)15, com limitação importante para mar-
adquiridos com sua prática regular13, 14. Neste cha, aqueles que também realizavam exercícios
cenário, deve-se avaliar como tais ações são rea- físicos além dos oferecidos pela UBS, e, no GA,
lizadas dentro da APS, visando fortalecer as po- também os que faltassem mais de 3 vezes segui-
líticas e verificar se os benefícios dos exercícios das no grupo.
físicos são alcançados, quando estes são realiza-
dos neste nível de atenção.
O presente estudo teve como objetivo Seleção da amostra
comparar usuários participantes de grupos de Todos os participantes dos exercícios físi-
exercícios físicos oferecidos por fisioterapeutas cos foram convidados para a pesquisa, através
inseridos no NASF com usuários sedentários em da divulgação pelo fisioterapeuta do NASF e
relação à qualidade de vida, capacidade funcio- também pela pesquisadora responsável. Aqueles
nal, capacidade física e respiratória. que demonstraram interesse e não cumpriam os

ConScientiae Saúde, 2017;16(3):342-350. 343


Efeitos de exercícios físicos praticados em Unidades Básicas de Saúde

critérios de exclusão, foram avaliados e então A capacidade física foi avaliada pelo Teste
alocados no Grupo Ativo (GA). de Caminhada de Seis Minutos (TC6) com base
A seleção dos indivíduos do Grupo nas orientações da American Thoracic Society
Controle (GC) ocorreu após a formação do GA, (ATS), instrumento de fácil realização e eficácia
e estes foram inseridos buscando a formação de comprovada. Devido a restrita estrutura física
pares de acordo com sexo e idade. Para o convi- das Unidades, foi padronizada uma distância de
te dos usuários que comporiam o GC, contou-se 10 metros. As reavaliações foram feitas utilizan-
com ajuda dos Agentes Comunitários de Saúde do os mesmos padrões17.
(ACS) para a identificação dos possíveis partici- O Short Physical Performance Balance (SPPB)
pantes que atendiam aos critérios de inclusão e foi utilizado para avaliação da capacidade fun-
exclusão. Foi feita uma carta explicando o obje- cional. Foram avaliados equilíbrio, velocidade
tivo do estudo, e marcada avaliação com aqueles da marcha e capacidade de sentar e levantar da
que demonstraram interesse. cadeira. Os testes foram cronometrados e a pon-
tuação dada de acordo com as orientações18.
Para avaliação da qualidade de vida,
Procedimentos foi utilizado o questionário World Health
A coleta de dados foi realizada na própria Organization Quality of Life (WHOQOL), cons-
tituído de 26 perguntas cujas respostas seguem
unidade, por examinadores treinados, em horá-
uma escala de Likert de 1 a 5, onde quanto maior
rio agendado, em duas avaliações, utilizando o
a pontuação, melhor a qualidade de vida. O
mesmo instrumento. A primeira acontecia no
questionário possui 4 domínios: físico, psicoló-
momento da entrada no estudo, nos 2 grupos.
gico, relações sociais e meio ambiente19.
A segunda, no GA, ocorreu após 15 participa-
ções nos exercícios físicos, cuja frequência era
controlada pelo pesquisador. No GC, a segunda
Considerações éticas
avaliação ocorreu quando o par corresponden-
O presente estudo foi submetido e aprovado
te completava as 15 participações, em busca de
pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade
uma equivalência do tempo entre as avaliações.
Federal de Alfenas (UNIFAL – MG), dentro da
A caracterização da amostra continha da-
Resolução Nº 466/12, parecer número 923.981
dos sóciodemográfico e estilo de vida (idade,
e todos os participantes assinaram o Termo de
sexo, religião, renda, tabagismo e etilismo). As Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
condições clínicas consideradas foram número
de medicamentos utilizados, auto- relato de co-
morbidades diagnósticas pelo médico, cálculo Análise estatística
do Índice de Massa Corporal (IMC) pela fórmula A amostra foi descrita por valores de mé-
peso (kg)/altura 2 (m 2), sendo utilizada nos dois dia (±desvio-padrão) e percentuais, de acordo
momentos a mesma balança, e força de preensão com a natureza das variáveis e a normalidade
manual avaliada pelo Dinamômetro Hidráulico dos dados foi testada pelo teste de Kolmogorov-
Manual JAMAR®. Smirnov.
Para avaliação da capacidade respirató- A homogeneidade dos grupos no início do
ria, foram medidas as Pressões Inspiratórias estudo foi verificada pelo Teste T para amostras
(Pi) e Expiratórias (Pe) máximas através do independentes para as variáveis numéricas e
Manovacuômetro Analógico M120, com interva- Qui-Quadrado para variáveis categóricas.
los de 4cm H2O- Globalmed. Os valores preditos A comparação dos grupos pré e pós rea-
foram calculados com base em fórmula pré-esta- lização das atividades, no GA, ou em tempo
belecida de acordo com sexo e idade16. equivalente, no GC, foi feita pelo teste T parea-

344 ConScientiae Saúde, 2017;16(3):342-350.


Rocha VCLG, Kosour C, Pereira MJ, Neto JRST, Silva SLA

do para distribuição normal e teste de Wilcoxon físicos, e 4 foram perdidos por não serem reava-
para distribuição não normal. A comparação en- liados por motivo de doença. No GC, 5 indivídu-
tre os grupos foi feita pelo cálculo do Delta (pós os foram perdidos, 4 por não terem apresentado
- pré) das variáveis comparados pelo Teste T interesse na segunda avaliação e 1 por motivo
para amostras independentes nos casos de dis- de doença. Os indivíduos perdidos eram seme-
tribuição normal e teste de Mann-Whitney para lhantes aos que fizeram a reavaliação em relação
distribuição não normal. as variáveis consideradas na entrada no estudo.
Para minimização das perdas entre os gru- Para minimizar o efeito das perdas e o
pos, e garantia de manutenção do pareamento prejuízo destas para a força do estudo, foi apli-
entre os participantes dos Grupos Ativo (GA) e cada a Análise de Intenção de Tratar. A análise
Controle (GC), foi feita Análise de Intenção de foi refeita sem o uso deste recurso e o resultado
Tratar. Todas as análises foram realizadas no foi mantido, sendo feita a opção de manutenção
programa estatístico SPSS vs 18, considerando dela para garantia do N amostral, conforme co-
nível de significância a=0,05. locado por Portney and Watkins (2009)20
Após todos os testes, foi calculado o Power A Figura 1 apresenta um fluxograma da
de cada variável cuja diferença não foi signifi- constituição da amostra final do estudo, com n
cativa, utilizando o programa G3Power vs 3.1, amostral de 18 indivíduos no GA e 20 no GC.
considerando satisfatório Power > 0,80. Em relação às características sóciodemo-

Artigos
gráficas, da amostra total, 5,26% dos participan-
tes eram fumantes e 18,42% consumiam bebida
Resultados alcóolica de forma regular. As demais foram
comparadas entre os grupos no início do estudo
A amostra foi composta inicialmente por e os resultados mostram homogeneidade entre
18 indivíduos no Grupo Ativo (GA) e 20 indiví- os grupos (Tabela 1)
duos no Grupo Controle (GC). Durante o estudo Nas comparações pré e pós, o GA apresen-

de literatura
Revisões
foram excluídos 2 indivíduos do GA por terem tou diferenças para o domínio físico da qualida-
mais de 3 faltas na participação nos exercícios de de vida e capacidade funcional total (p<0,05).

Figura 1: Fluxograma de amostragem final do estudo

ConScientiae Saúde, 2017;16(3):342-350. 345


Efeitos de exercícios físicos praticados em Unidades Básicas de Saúde

Tabela 1: Caracterização da amostra por


Grupos no início do estudo
Discussão
Grupo Grupo
Mediante as grandes campanhas do
Variável Ativo Controle p
(n=18) (n=20) Ministério da Saúde sobre a importância da
Sexo (%) prática de exercícios físicos para manutenção
Masculino 5% 5,55% p = 0,758* de uma vida mais saudável, grande parte da
Feminino 95% 94,44% população atualmente está consciente de sua
63,5 66 importância para a saúde e qualidade de vida.
Idade (m ±dp) p = 0,862**
(± 8,226) (±7,736)
O governo tem investido no desenvolvimen-
Número de
3 3,5 to de políticas de valorização da APS, como as
medicamentos p = 0,390**
(±2,139) (± 3,185)
(m ±dp) Práticas Corporais com enfoque na prática regu-
Número de lar de exercícios físicos14. A inserção de idosos
5 3
comorbidades p = 0,156** em grupos de exercícios realizados nas próprias
(± 2,238) (± 2,438)
(m ±dp)
UBS pode afastar possibilidade de um quadro
* Teste Qui-Quadrado; ** Teste T para amostras depressivo, aumento da autoestima e melhora
independentes.
da integração com familiares, resgatando assim
valores pessoais e sociais21.
Já o GC apresentou diferenças para as variáveis Entretanto, sua prescrição por parte de
capacidade física e qualidade de vida no domí- profissionais de saúde e inserção como atribui-
nio das relações pessoais (p<0,05) (Tabela 2) ção da ESF e pelo NASF não tem sido suficiente.
A comparação das variações que ocorre- É evidente a necessidade de investimento, di-
ram entre os grupos foram significativas apenas vulgação de benefícios e um maior comprome-
para a capacidade física, indicando um melhor timento dos profissionais e da população10. No
desempenho no GC (Tabela 3). presente estudo foi observado que as atividades

Tabela 2: Comparação intra-grupos das variáveis antes e depois o período de prática (GA) ou
não (GC) de exercícios físicos na Atenção Básica
Grupo Ativo (n=18) Grupo Controle (n=20)
Variável
Pré Pós p Power Pré Pós p Power
Peso 69,925 69,234 0,401 0,05 66,300 66,734 0,084 0,99
PI máx. 68,250 74,250 0,063 0,15 56,750 53,375 0,343 0,76
PE máx. 92,097 95,847 0,243 0,09 73,500 76,500 0,438 0,61
TC6 417,331 410,212 0,406 0,09 318,225 365,300 0,00* 1,0
TC% 90,079 89,346 0,718 0,07 68,740 78,248 0,01* -
WHOQOL Físico 70,680 75,581 0,033* - 65,173 68,496 0,200* -
WHOQOL Psicológico 63,253 70,801 0,066 0,36 60,413 66,143 0,595 0,37
WHOQOLRelações Sociais 69,251 70,826 0,735 0,06 60,413 66,143 0,029 0,99
WHOQOLMeio Ambiente 61,298 62,881 0,671 0,07 60,740 60,545 0,927 0,07
FPP 25,14 26,39 0,080 0,99 19,524 19,629 0,845 0,11
SPPB Equilíbrio 3,81 4,00 0,083 - 3,94 3,94 1,0 -
SPPB Velocidade da marcha 1,13 1,25 0,157 0,96 1,06 1,06 1,0 0,050
SPPB Sentar e levantar da
2,81 3,44 0,058 0,99 2,25 2,81 0,057 0,99
cadeira
SPPB Total 7,75 8,75 0,013* - 7,25 7,75 0,088 0,99
PImax= Pressão Inspiratória Máxima; PEmax=Pressão Expiratória Máxima; TC6=Teste de Caminhada de 6s; FPP
= Força de Preensão Palmar; SPPB = Short Physical Performance Battery; * significativo (p< 0,05).

346 ConScientiae Saúde, 2017;16(3):342-350.


Rocha VCLG, Kosour C, Pereira MJ, Neto JRST, Silva SLA

Tabela 3: Comparação entre a variação das cepção da saúde, fato que se assemelha ao pre-
variáveis antes e depois da prática ou não
sente estudo, onde foi encontrado uma melhora
de atividades físicas na ESF
no domínio capacidade física da qualidade de
Delta Delta
Grupo Grupo vida e capacidade funcional total. As barreiras
Variável P Power
Ativo Controle encontradas em relação a perda amostral tam-
(n=18) (n=20) bém foram semelhantes, onde muitos partici-
Peso -0,690 0,434 0,187 0,37 pantes não apresentaram interesse em concluir
PI máx. 6 -4,375 0,063 0,59 as avaliações22.
PE máx. 3,75 3,00 0,879 0,06 A preparação dos profissionais para ade-
TC6 -7,118 47,07 0,00* - quada atuação no cenário atual é de suma im-
TC% -0,732 9,508 0,002* - portância, para que assim possam conduzir os
WHOQOL grupos de maneira coerente, assim como para
4,901 3,323 0,630 0,12
Físico
atuação multiprofissional10 e que usem ferra-
WHOQOL
7,547 1,301 0,175 0,38 mentas práticas menos assistencialistas, como
Psicológico
no modelo tradicional 23. Incrementar as ativi-
WHOQOL
Relações 1,575 5,730 0,427 0,19 dades propostas, investir e acreditar no que se
Sociais faz são o alicerce para que resultados positivos
WHOQOL sejam alcançados24.
1,582 -0,195 0,676 0,10
Meio Ambiente

Artigos
A comparação entre as mudanças nas va-
FPP 1,244 0,105 0,187 0,37 riáveis dos dois grupos mostrou diferença sig-
SPPB Equilíbrio 0,187 0,00 0,381 - nificativa apenas para capacidade física, sendo
SPPB que a melhora ocorreu de forma mais expressi-
Velocidade da 0,125 0,00 0,590 -
marcha
va no Grupo Controle (GC). A associação entre
prática de exercícios físicos e indicadores socio-
SPPB Sentar
econômicos, sugere que pessoas com maior po-

de literatura
e levantar da 0,625 0,562 0,956 0,08

Revisões
cadeira der aquisitivo se exercitam mais, porém aque-
SPPB Total 1,0 0,500 0,272 0,29 las com menor poder aquisitivo costumam se
PImax= Pressão Inspiratória Máxima; deslocar ativamente25, praticando menos exer-
PEmax=Pressão Expiratória Máxima; TC6=Teste de cícios físicos e se restringindo à práticas de
Caminhada de 6s; FPP = Força de Preensão Palmar;
Atividades de Vida Diária (AVD), consideradas
SPPB = Short Physical Performance Battery; *
significativo p < 0,05. como atividades físicas quando envolvem mo-
vimentos do corpo e consumo de calorias7. A
não possuem um protocolo, o que dificulta en- amostra do presente estudo, foi constituída por
contrar resultados positivos nas variáveis ava- indivíduos de uma localidade pouco favoreci-
liadas, que dependem diretamente de uma ro- da, considerados ativos, e que realizam suas
tina de exercícios bem estabelecida. Tal achado AVD sem restrições. Isso pode indicar que a
pode ser associado a problemas relacionados a realização das AVD de forma independente e
conflitos de equipe, falta de investimento, pro- vigorosa, mesmo sem realização de exercícios
blemas de gestão, e insatisfação profissional, in- físicos programados pode contribuir para a
fluenciando diretamente na condução dos gru- manutenção da capacidade física.
pos de atividades. É esperado que o exercício físico forneça
Em um estudo na cidade de Florianópolis, um gasto superior ao alcançado nas AVD11 o que
foi implementado um Programa de não pode ser observado pelos resultados do pre-
Aconselhamento sobre Atividade Física em sente estudo. Tal fato indica a necessidade de
UBS. Seus resultados evidenciaram efeitos po- um remodelamento destes exercícios propostos
sitivos da atividade física no que se refere à per- levando em conta intensidade, frequência, dura-

ConScientiae Saúde, 2017;16(3):342-350. 347


Efeitos de exercícios físicos praticados em Unidades Básicas de Saúde

ção, modo e progressão, de maneira que sua prá- realizadas por fisioterapeutas inseridos nos
tica contribua para o incremento de força mus- NASF, não trabalhou com protocolos definidos
cular, capacidade física e respiratória, levando para os grupos de exercícios. Da mesma forma,
ao condicionamento do indivíduo 4. foi deixado livre a participação dos indivíduos.
Exercícios resistidos associados com prá- Tais pontos podem ter minimizados os efeitos
ticas aeróbicas possuem efeitos benéficos na dos exercícios que poderiam ter sido encontra-
pressão arterial, no sistema osteomuscular, na dos, entretanto foram capazes de refletir o que
capacidade cardiorrespiratória 25,26. No estudo de
acontece na rotina dos exercícios físicos prati-
Gomes e Duarte (2008), foi observado incremen-
cados nas UBS. A falta de comprometimento
to no condicionamento de um grupo de idosos,
dos participantes no momento das reavaliações
somente após dez semanas em um protocolo de
resultou importante em perda amostral, mas
atividades aeróbicas com uma hora de duração,
tal limitação foi minimizada pelo recurso da
e uma frequência de 3 vezes por semana 22. Esta
situação é diferente do presente estudo, onde Análise de Intenção de Tratar, garantindo o pa-
as atividades não possuíam regularidade, hou- reamento (Portney, 2009)20. Para fortalecimento
ve grande dificuldade no controle das faltas e dos nossos resultados, sugerimos novos estu-
não haviam propostas de atividades aeróbicas e dos com maior tempo de acompanhamento e
força. As mesmas eram restritas a alongamentos aplicação de protocolos de exercícios definidos
e atividades de relaxamento, sem um protocolo e voltados para os objetivos do estudo para ve-
definido nem regularidade de progressão dos rificar se é possível, desta forma, alcançar os
exercícios. Dentro do GA, foi observada melhora objetivos propostos dentro da APS.
no aspecto físico da qualidade de vida, e também
na capacidade funcional. Um dos principais ob-
jetivos da APS é manter a funcionalidade através Conclusão
do exercício físico, indicando que os resultados,
neste aspecto, estão sendo satisfatórios. Ueno, et A prática de exercícios físicos regulares e
al. (2012), comparou três modalidades diferentes moderados em grupos, da forma como está sen-
de atividade física, e pode concluir que a prática do ofertado aos usuários participantes do estu-
de atividade física regular e sistematizada, in-
do, não está sendo capaz de fornecer mudanças
dependentemente da modalidade, tem influên-
importantes qualidade de vida, capacidade fun-
cia positiva no desempenho funcional. Manter
cional, capacidade física e respiratória, sugerin-
os idosos ativos ao menos em suas atividades de
do a necessidade de repensar tais práticas entre
vida diária (AVD), contribui de maneira positiva
os profissionais fisioterapeutas responsáveis.
tanto no aspecto físico, quanto psicológico26.
Os estudos voltados para avaliação do
serviço de saúde, em especial APS, envolvendo
prática de exercício físico, nutrição e educação Referências
em saúde ainda são muito escassos, porém re-
1. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
sultados disponíveis evidenciam que as difi- Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
culdades enfrentadas apresentam grande se- Fome (MDS). Censos Demográfico de 2010: Dados
melhança 23,24,27, bem como neste estudo onde as preliminares do universo. Brasília: MDS; 2011
atividades carecem de regularidade e tem difi- [acessado 2017 nov 21]. Disponível em: http://www.
culdades para aplicação. ibge.gov.br
O presente estudo apresenta algumas li- 2. Veras R. Population aging today: demands,
mitações. Por ser um estudo pragmático, que challenges and innovations. Rev Saude Publica 2009;
objetivou verificar o efeito das atividades já 43(3):548-554.

348 ConScientiae Saúde, 2017;16(3):342-350.


Rocha VCLG, Kosour C, Pereira MJ, Neto JRST, Silva SLA

3. Queiroz BM, Coqueiro RS, Neto JSL, Borgatto AF, 13. Moretti CA, Almeida V, Westphal MF, Bógus,CM.
Barbosa AR, Fernandes MH. Inatividade Física Práticas Corporais/Atividade Física e Políticas
em Idosos não institucionalizados: estudo de base Públicas de Promoção da Saúde . Saúde Soc. São
populacional. Cienc Saúde Coletiva 2014; 19(8):3489- Paulo,2009,18(2):346-54,
3496.
14. Brasil, Ministério da saúde. Secretaria de Vigilância
4. Ross P, Lucas C, Strijbos JH, Van Trijffel E, em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.Política
Effectiveness of a combined exercise training and Nacional de Promoção da Saúde / Ministério da
home-based walking programme on physical Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria
activity compared with standard medical care in de Atenção à Saúde.e.3. Brasília: Ministério da
moderate COPD: a randomised controlled trial. Saúde, 2010
Physiotherapy 2017; [ahead of print].
15. Brucki SMD, Nitrini R, Caramelli P, Bertolucci PHF,
5. Bertolli J, Biduski GM, de la Rocha Freitas C. Okamoto IH. Sugestões para o uso no Mini-Exame
Six weeks of Mat Pilates training are enough to do Estado Mental no Brasil Arq Neuropsiquiatria
improve functional capacity in elderly women. J 2003; 61(38):777-781
Bodyw Mov Ther 2017;21(4):1003-1008.
16. Bastos TAB, Melo VA, Silveira FS, Guerra DR.
6. Liu Y, Wen W, Gao YT, Li HL, Yang G, Xiang YB, et. Influência da força muscular respiratória na
al. Level of moderate-intensity leisure-time physical evolução de pacientes com insuficiência cardíaca
activity and reduced mortality in middle-aged após cirurgia cardíaca. Revista Brasileira de
and elderly Chinese J Epidemiol Community Health Cirurgia Cardiovascular 2011;11 (3):355-63
2018;72(1):13-20.

Artigos
17. ATS Committee on Proficiency Standards for
7. Gazzola J, Castillo B, Micheo J. Benefits of Exercice Clinical Pulmonary Function Laboratories. ATS
in the Older Population. Phys Med Rahabil Clin N statement: guidelines for the six-minute.Am J Respir
Am 2017;28(4):659-669. Crit Care Med 2002; 166:111-117.
8. Ribeiro LHM, Neri AL Exercícios físicos, força 18. Nakano MM Versão Brasileira da Short Physical
muscular e atividades de vida diária em mulheres Performance Battery - SPPB: Adaptação Cultural
idosas Ciência & Saúde Coletiva 2012; 17(8): 2169-

de literatura
e Estudo da Confiabilidade. [dissertação].

Revisões
2180. Campinas:Faculdade de Educação, Universidade
9. Oliveira AC, Oliveira NMD, Arantes PMM, Alencar Estadual de Campinas - UNICAMP; 2007. 
MA. Qualidade de vida em idosos que praticam
19. The Whoqol Group. Development of the world
atividade física - uma revisão sistemática. Rev Bras
health organization Whoqol-bref. Quality of life
Geriatr Gerontol 2010; 13(2):301-312.
Assesment. Psychol. Med 1998; 28:551-558.
10. Florindo, AA. Núcleos de Apoio à Saúde da Família
20. Portney,LG,Watkins,MP. Foundations of Clinical
e a promoção das atividades físicas no Brasil: de
Research: Aplications to Practice. 3º ed. 2009
onde viemos, onde estamos e para onde vamos.
Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde 21. Benedetti TRB, Mazo GZ, Borges LJ. Condições
2009;14(1): 72-73. de saúde e nível de atividade física em idosos
participantes e não participantes de grupos de
11. Courtney-Long EA, Stevens AC, Caroll DD,
convivência de Florianópolis. Ciência & Saúde
Griffin-Blake S, Omura JD, Calrson SA. Primary
Coletiva 2012;17(8):2087-2093
Care Providers’ Level of Preparedness for
Recommending Physical Activity to Adults With 22. Gomes MA, Duarte MFS. Efetividade de uma
Disabilities Prev Chronic Dis 2017;16:114-119. intervenção de atividade física em adultos atendidos
pela estratégia saúde da família: programa ação e
12. Lowe A, Littlewood C, McLean S, Kilner
saúde Floripa- Brasil. Revista Brasileira de Atividade
K. Physiotherapy and physical activity: a
Física e Saúde 2008;13 (1):44-50
cross-sectional survey exploring physical
activitypromotion, knowledge of physical 23. Arce VAR, Teixeira CF. Práticas de saúde e modelo
activity guidelines and the physical activity habits de atenção no âmbito do Núcleo de Apoio à Saúde
of UK physiotherapists BMJ Open Sport Exerc Med da Família em Salvador (BA) Saúde Debate 2107;
2017; 3(1): 345-351. 41(3):228-240.

ConScientiae Saúde, 2017;16(3):342-350. 349


Efeitos de exercícios físicos praticados em Unidades Básicas de Saúde

24. Loch MR, Rodrigues CG, Teixeira DC. E os homens? 26. Ueno DT, Gobbi S, Teixeira CVL, Sebastião E, Prado
E os que moram longe? E os mais jovens? … ? AKG, Costa JLR, et al. Efeito de três modalidades de
Perfil dos usuários de programas de atividade atividade física na capacidade funcional de idosos .
física oferecidos pelas Unidades Básicas de Saúde
Rev. Bras.Educ. Fís. Esporte 2012;25(2):273-281.
de Londrina – PR. Rev Bras Ciênc Esporte 2013;
35(4):947-961 27. Nunes DP, Nakatani AYK, Silveira EA, BachionMM,
Souza MR. Capacidade funcional, condições
25. Barroso WKS, Jardim PCBV, Vitorino PV, Bittencourt
A, Miquetichuc F. Influência da atividade física socioeconômicas e saúde de idosos atendidos por
programada na pressão arterial de idosos equipes de Saúde da Família de Goiânia (GO,Brasil).
hipertensos.Rev. Assoc Med Bras 2008;54:328-333 Ciência & Saúde Coletiva 2010;15(6): 2887-2898.

350 ConScientiae Saúde, 2017;16(3):342-350.

Você também pode gostar