As Crônicas de Fernão Lopes
As Crônicas de Fernão Lopes
As Crônicas de Fernão Lopes
I. Humanismo
No século XV, nota-se em Portugal certa mudança de mentalidade que está relacionada com a subida
de D. João I, o Mestre de Avis, ao trono, em 1385. Por ser um rei culto, apoiou o desenvolvimento das
Letras; D. Duarte, seu filho e sucessor, continuou esse apoio, gerando condições para que aos poucos se
instaurasse o espírito humanista em Portugal, ou seja, um tipo de cultura em que se nota a preocupação com
o homem, seja a nível individual, seja coletivamente. Culturalmente a figura de Deus ainda é muito
importante, mas o homem começa a ter destaque nas produções culturais dessa época, evoluindo até
produzir, no século XVI, o Classicismo.
II. A Historiografia
A historiografia em Portugal remonta aos Livros de Linhagem (ou Nobiliários), que procuravam
estabelecer a genealogia dos nobres portugueses. Contudo, a historiografia de forma cronística, ou seja,
procurando estabelecer ordem aos fatos acontecidos, tendo com certas intenções artísticas, e também
espírito crítico diante da história, só irá aparecer com Fernão Lopes, considerado em Portugal como o ‘Pai da
Historiografia Portuguesa’.
A produção historiográfica pode ser entendida como um fruto desse humanismo de que falamos
anteriormente. O homem passa a ter destaque e, além disso, se torna matéria para a produção cultural
portuguesa da época.
Fernão Lopes, portanto, é uma figura importante na historiografia do século XV. Provavelmente nasceu
entre 1378 e 1383, em local desconhecido. A primeira notícia que se tem do referido autor é quando D.
Duarte, não como rei, pois seu pai D. João I ainda governava, mas como administrador de certos cargos, em
1418, o nomeia guarda-mor da Torre do Tombo, local onde ficariam os documentos oficiais do reino. Mais
tarde, 1434, D. Duarte, agora como rei, o incumbe de por em crônicas a vida dos reis de Portugal, de D.
Afonso Henriques até D. João I, e assim se inicia a historiografia em Portugal e o primeiro deles é Fernão
Lopes.
Das crônicas que escreveu, restaram três:
Crônica de D. Pedro;
Crônica de D. Fernando;
Crônica de D. João I (primeira e segunda partes)
1. Investigação crítica das fontes: do ponto de vista documental, há solidez em suas colocações, pois
buscou, de acordo com Óscar Lopes e José Saraiva, confrontar as informações a que tinha acesso
como guarda-mor da Torre do Tombo a fim de eliminar contradições e inverdades em suas
crônicas.