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Celtic Mythology
Celtic Mythology
Celtic Mythology
FAIXA I: HISTÓRIA
[THE LOREKEEPERS COURSE]
ALEXEI CONDRATIEV
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Faixa 1: História
1. Quem foram os Celtas?
10. Os celtas sob os Estados Modernos (de 1500 até os dias de hoje)
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1. Quem foram os Celtas?
Celta: Aquele que vivia em uma comunidade onde uma língua Celta era usada
tradicionalmente, ou aquele que tinha fortes laços com tal comunidade.
Quem foram os Celtas? Essa, como se vê, é uma questão surpreendentemente difícil
de responder – a maior parte por que o termo “Celta” adquiriu uma variedade de
significados hoje em dia, e nem todos eles são compatíveis; e alguns desses são
demasiadamente vagos para serem compatíveis, ou, são baseados em hipóteses
incorretas. Isso não significa que não há, de fato, uma definição perfeitamente útil e
objetiva da palavra “Celta”, mas primeiro teremos que desfiá-la de seus muitos outros
significados que as pessoas têm dado com o tempo.
Então, por volta do ano de 1700, Edward Lhuyd, um estudioso galês que trabalhava
em Oxford, descobriu que a língua falada pelo povo que tinha sido chamado de Celta
na antiguidade Clássica (tanto quanto se poderia dizer de nomes pessoas e lugares)
era rigorosamente relacionada com sua própria língua galesa. Ele também descobriu
que as cinco outras línguas modernas – irlandês, gaélico escocês, bretão, córnico e
manês – compartilhavam essa relação. Ele decidiu usar o termo “Céltico” para
descrever esse particular grupo de línguas, tanto antiga quanto moderna. Essa é a
definição de “Céltico” que todos os estudiosos Célticos usam hoje: uma específica
família de línguas, as comunidades que as falavam através da história, e as tradições
culturais que foram passadas através dessas línguas.
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No entanto, muitos desenvolvimentos políticos e culturais durante o século XIX
obscureceram essa definição original. O nascimento do nacionalismo liderou uma
procura por características “nacionais” que eram inatas em um povo e que sempre os
ligou a um território particular. Isso, por sua vez, conduziu a um fascínio com a noção
de “raça” como uma explicação para a forma de como essas características foram
herdadas. O nascimento do colonialismo, que procurava se justificar com o
argumento que povos colonizados eram naturalmente “inferiores” e precisavam de
instrução, apoderou-se do racismo (a crença que o povo que dividia certos traços
físicos como pele ou cor do cabelo também dividiam os mesmos traços morais e
intelectuais) como uma base “científica” para tais políticas. Racismo e nacionalismo
se tornaram uma parte da cultura popular, muitas vezes levando a uma percepção
inadequada das categorias linguísticas e culturais como categorias raciais.
Assim, as seis nações Célticas, que foram chamadas de “Célticas” por causa da língua
que servia como a base para sua cultura nacional, pensava-se agora terem
características que distinguia a premissa equivocada que elas eram compostas de um
povo racialmente separado chamado de “Celtas”. É por isso que muitas pessoas hoje
em dia acreditam que são “Celtas pelo sangue”. Rastreando sua ancestralidade aos
seis países Célticos, eles se dão uma identidade Céltica autossuficiente, que eles
assumem incluir um tipo de personalidade geralmente herdado. Na realidade, é claro,
não há uma “raça” Céltica, ou um distinto perfil genético que possa ser chamado de
“Céltico”. A língua e a cultura Céltica foram adotadas (e abandonadas) por muitas
diversas comunidades genéticas pela Europa em várias épocas: sua identidade Céltica
não era baseada em nada que eles tivessem herdado fisicamente.
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qualquer cultura, desde os “sonhadores” até os pragmáticos de cabeça dura. Os traços
que definem sua “Celticidade” encontram-se em um nível muito mais profundo que
qualquer “filosofia” facilmente definida, e tem a ver com a consciência cultural que é
sustentada pelas línguas que falam.
Isso não deve ser entendido que todas as comunidades de línguas Célticas dividem a
mesma cultura. Essas comunidades tem, através do curso da história, adaptado a
uma ampla variedade de circunstâncias, e cada uma delas desenvolveram costumes e
instituições únicas. O uso do “Celta” como um termo que as cobrem totalmente é,
como vimos, uma inovação moderna: nenhuma dessas comunidades, antes do século
XIX, se chamariam por esse nome. Durante a Antiguidade e a Idade Média eles
teriam se identificado com as unidades tribais que pertenciam – mesmo um termo
como “irlandês”, quando aplicado ao antigo período medieval, é uma projeção de um
conceito moderno aplicado ao passado, uma vez que a maioria das pessoas na Irlanda
não tinham um conceito de fidelidade à nação que envolvia toda a ilha, apenas aos
seus tribais reinados locais. No entanto, isso não significa que aplicar categorias
modernas desse tipo para a interpretação de eventos históricos no passado remoto é
necessariamente ilegítimo ou sem valor.
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língua Céltica em uma dada época, e usaremos nomes de específicas comunidades
quando mencionarmos eventos locais que afetaram apenas eles.
O irlandês, gaélico escocês e manês são referidos como línguas Goidélicas ou “Q-
Célticas”, enquanto que o galês, córnico e bretão são as Britônicas ou “P-Célticas”. Os
termos “Q-Célticas” e “P-Célticas” são uma reflexão do fato que o som original do ‘kw’
do Antigo Céltico se transformou em um ‘c’ nas línguas Goidélicas, mas se tornou um
‘p’ nas línguas Britônicas. A palavra para “cabeça”, por exemplo, é “ceann” em
irlandês, e “pen” em galês.
Tradução por Leonni Moura.
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cerâmica). No curso da Idade do Bronze, essa cultura começou a dividir-se em
separadas culturas regionais. Uma dessas se desenvolveu na Europa central, na área
aproximadamente coincidente com o sul da Alemanha. Agora está claro que isso
marca a primeira aparição dos Celtas como uma entidade étnica distinta. Foi quando
sua língua (que chamamos de Antigo Céltico) se diferenciou dos dialetos Indo-
europeus, criando uma nova comunidade cultural e linguística.
Por volta do século XII a.C., grandes convulsões políticas entre as culturas urbanas
do Mediterrâneo superaram completamente os padrões tradicionais de viagem e
troca no mundo Ocidental. Apesar da maioria da troca acontecer entre os próprios
povos do Mediterrâneo, havia sempre uma demanda por produtos da Europa do
norte – âmbar, peles, escravos, animais selvagens – e especialmente, alguns
ingredientes necessários da tecnologia da Idade do Bronze – tais como estanho – que
era difícil de se encontrar, exceto no litoral Atlântico. Os Celtas rapidamente pegaram
a oportunidade de controlar a maior parte de troca da Europa de norte à sul. Eles
estabeleceram assentamentos de troca ao longo do oeste que eventualmente se
tornaria a Gália, buscando estabelecer rotas comerciais confiáveis para as áreas ricas
em metais ao longo da costa do Atlântico. Essas áreas tinham sido habitadas a muito
tempo por uma poderosa e distinta (e provavelmente não-indo-europeia) cultura
“Atlântica”, que nos deixou impressionantes monumentos como Newgrange,
Avebury, Camac, etc. (e um tempo mais tarde, o mais famoso de todos eles, a
Stonehenge). Essa cultura ocupou a península Armoricana (hoje em dia a Bretanha),
Irlanda e a Bretanha com todas as suas ilhas ao norte, Orkney e Shetland. Através
dessas alianças de troca, colonização parcial e casamentos mistos, os Celtas
conseguiram implantar sua língua e identidade cultural nessa região, provavelmente
por volta de 900 a.C. A forma de Céltico que evoluiu na área “Atlântica” é quase
certamente o Goidélico (o ancestral das línguas gaélicas modernas), mas ao longo dos
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próximos mil anos, outras formas de Céltico veio a predominar nessa região, com o
Goidélico não sobrevivendo apenas na Irlanda.
Artefatos notórios:
Uma carruagem votiva de Acholshausen (Alemanha), uma carruagem votiva de
Bujomu (Romênia), fíbulas com suspensões de Medvedze (da Hungria).
Questões
1. Usando a evidência de diversos locais arqueológicos, descreva as características
básicas de um cemitério Campo de Urna. O que significa a continuação das práticas
de inumação lado a lado com a cremação?
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2. Usando a evidência de vários locais arqueológicos, descreva um assentamento
típico do período dos Campos de Urnas.
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Tradução por Leonni Moura.
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topos de colinas, das quais eles impuseram seu poder espalhando pastoreio e
comunidades agrícolas.
No ano 600 a.C. os gregos Phocaean, sempre na busca para novos mercados no
Mediterrâneo ocidental, fundaram a cidade de Massalia (hoje em dia, Marselha) na
costa do sul da Gália, próximo a foz do Reno. Isso deu uma maravilhosa oportunidade
para os príncipes comerciantes Célticos: o Reno e seus rios tributários proporcionava
uma fácil passagem do Mediterrâneo até o coração Céltico. A frutífera troca que se
desenvolveu como resultado disso tornou-nos imensamente ricos e os permitiram
viver em um estilo de riqueza deslumbrante. Linhagens reais confirmavam seu poder
político, esbanjando presentes em seus vassalos e servos em festas onde itens de
prestígios obtidos através do comércio Mediterrâneo eram ostensivamente exibidos.
Um lampejo vívido desse mundo de riqueza e glamour pode ser obtido através de
tumbas reais datando a esse período, onde a cremação foi sendo gradualmente
abandonada em favor de (para os aristocratas, pelo menos) um enterro em câmaras
sobre um túmulo, rodeado por itens que pertenceram ao morto em vida. Os objetos
encontrados nas tumbas ilustram a beleza e brilho que príncipes mercantes Célticos
cultivaram em sua vida diária, assim como sua habilidade de obter bens de terras tão
distantes como a China. É bem possível que as descrições do esplendor das cortes
reais na tardia literatura Céltica reflita uma distante memória dessa colorida Era.
Os arqueólogos se referem a esse período no desenvolvimento Céltico como
“Halstatt”, devido a um local austríaco que construiu sua riqueza na produção de sal
– outro importante item do comércio Europeu.
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Sugestões de leituras básicas:
Questões
1. Descreva e discuta o significado de cada um dos seguintes locais: Hochdorf,
Heuneburg, Vix e Zavist.
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2. Das provas arqueológicas, qual era a natureza da relação entre o mundo Céltico e o
mundo Mediterrâneo na Idade do Ferro? Que itens eles comercializavam?
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4. Discuta padrões e motivos nos artefatos do período. Alguns destes parecem terem
sido levados do período anterior (Tardia Idade do Bronze)?
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De uma forma, os Celtas foram desestabilizados pelo seu grande sucesso. O aumento
da disponibilidade de recursos levou a uma séria superpopulação do coração Céltico,
forçando grandes números de pessoas a buscarem um lar além das tradicionais
fronteiras Célticas. As vezes, inteiros grupos tribais migravam dessa forma. Um
prestigioso e rico chefe rodeava-se de clientes (“ambacti”) que jurava fidelidade a ele
e o acompanhava em suas expedições militares em troca de glória e saques. Em
alguns casos, eles se estabeleciam em um novo território; em outros, eles
continuavam mercenários sem terras, servindo aos interesses políticos dos povos
Mediterrâneos não-Célticos. A última situação pode representar a origem do que a
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literatura medieval irlandesa chama de “fianas”: fraternidades de guerreiros sem
terra que sobrevivem através da caça, saques e acordos mercenários, independentes
da maioria das instituições da principal sociedade Céltica.
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formas mitológicas e rituais – das quais nós, infelizmente, não conhecemos
detalhadamente, uma vez que os Druidas nunca usaram a escrita para escreverem
seus ensinamentos, contando apenas com o tradicional exercício da memória.
Por volta da metade do século III a.C., os romanos, que vividamente se lembravam
de sua humilhação no ano 390 a.C., começaram a dificuldade as coisas para seus
vizinhos Célticos na Itália, que eles viam como um povo poderoso e culturalmente
alienígena que não podiam confiar. Entre 225 e 123 a.C. as campanhas militares
romanas (frequentemente sob o pretexto de defender importantes centros de
comércio gregos das supostas armadilhas Célticas) foram bem sucedidas em quebrar
o controle político Céltico sobre toda a Espanha, Gália Cisalpina e a terça parte do sul
da Gália Transalpina (Gallia Narbonensis). Apesar da feroz oposição, todas essas
áreas foram colocadas sob administração romana. Instituições Célticas foram
substituídas por instituições romanas.
Na virada do século I a.C, então, Roma se tornou uma presenta política esmagadora
na Europa ocidental. Mesmo aquelas tribos Célticas que permaneceram
independentes viram sua vida econômica moldada pelas decisões romanas. As tribos
sulistas da Gália Livre – osAruemi e Aedui, por exemplo – abandonaram seu sistema
monárquico de governo (o modelo do “sagrado rei”) em favor do governo dos
magistrados elegidos por um único termo (“uergobreti”). Alguns estudiosos veem
isso como um rendimento à pressão romana: a Roma Republicana queria garantir
que seus parceiros comerciais tivesse uma cultura política similar a sua (tornando-os
“seguros” e previsíveis), e assim, encorajavam uma instituição que era mais ou menos
baseada no conceito romano de consulado (Cunliffe, 1997). Isto parece corroborado
pelo fato das rebeliões contras as leis de Roma frequentemente envolviam tentativas
de resgatar a tradicional monarquia. Por volta dessa época, as mesmas tribos
gaulesas começar a concentrar sua vida política e econômica em grandes cidades
muradas (“oppida”).
Mudanças na população no norte da Europa (provavelmente em resposta às
mudanças climáticas) fez com que um grande número de povos falantes de Alemão
migrasse para as tradicionais terras Célticas. Isso, é claro, resultou mais tarde em
conflito e instabilidade. Em 58 a.C., Júlio César tomou vantagem da situação dando
ajuda militar a algumas tribos Célticas contra outras, eventualmente usando sua
presença no campo para estabelecer o governo romano sobre a Gália inteira — apesar
da rebelião de última hora criada contra ele pelo príncipe Aruernian, Vercingetorix.
Por volta de 50 a.C. (e apesar de, mais tarde, rebeliões ineficazes), o controle romano
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sobre a Gália foi completamente assegurado, e muitos líderes gauleses foram
persuadidos a aceitar isso.
Júlio César invadiu a Bretanha durante sua campanha gaulesa, mas falhou em
conquista-la. Isso foi realizado um século depois (43-51 d.C.), sob o reinado do
imperador Claudius. Uma vez que os Druidas, através de sua conexão intertribal,
forneciam uma sofisticada fonte ideológica que continuava se opondo as leis
romanas, estavam no interesse do governo romano em eliminá-los, e a conquista da
Bretanha (onde se localizava um dos mais prestigiosos centros de treinamento dos
Druidas) deram essa oportunidade deles assim fazerem. Em 60 d.C. Suetonius
Paulinus, o governador militar da Bretanha, destruiu o grande centro Druida em
Mona (atual Anglesey) e massacrou os Druidas lá. Isso efetivamente colocou um fim
na influência Druida por todo o mundo Céltico, e removeu um dos principais
obstáculos da completa Romanização.
Até o final do século I d.C., apenas a Irlanda, de todas as terras Célticas, ficou fora do
controle romano – embora os irlandeses comercializavam com os romanos e estavam
certamente em frequente contato com o mundo romano. Porém, devido a sua posição
marginal, a tradição irlandesa permaneceu um pouco conservadora: a instituição
Druídica sobreviveu lá, conforme o modelo do territorial “rei sagrado” governava.
Arqueólogos se referem a Tardia Idade do Bronze como período “La Tène”, devido a
um local no lago de Neuchâtelin, Suíça, onde um grande número de armas e
ornamentos foram atirados na água, aparentemente como uma oferenda religiosa.
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Bélgica: LŽglise, Ville-sur-Retourne, Frasne-lez-Buissenal e Leval-Trahegnies.
Luxembourg: Goeblingen-Nospelt.
Holanda: Nijmegen.
Grã-Bretanha: Maiden Castle, Uffington, Danebury, Arras/Wetwang Slack,
Aylesford, Hayling Island, Llyn Cerrig Bach, Snettisham, Dt’n Beag, Dt’n Carlobhagh.
Irlanda: Knocknashee, Caherdrinny, Dún Aonghusa, Dún Conchobhair, Dún
Eochla, Rathgall, Navan Fort (Emain Macha), Rath Cruachain, Dún Ailinne, Tara,
Benagh e Spinan Hills.
Espanha: Numantia, Botorrita, Pe-alba de Villastar, Lara de los Infantes, Las
Cogotas, Segobriga e Nemetobriga.
Portugal: Chão de Lamas, Guiaes, Lezenho, Vilas Boas e Citania de Sanfins.
Itália: Carzaghetto/Cannetto sull’Oglio, Lonato, Benacci, Monte Bibele, Ceretolo,
Saliceta San Giuliano, Montefortino, Santa Paolina di Filottrano, Moscano di
Fabriano e Santa Canosa in Puglia.
Áustria: Dźrmberg, Pottenbrźnn e Mannersdorf.
República Checa: Chynoy, Drouzkovice, Duchcov, MseckŽ Zehrovice, Homi Ksely,
Brno-Malomerice e Chlum.
Eslováquia: Iskovice, Vel’ky Grob, Drna e Plárikovo.
Hungria: Sopron, Kosd, Szárazd Regöly e Szob.
Croácia: Batina.
Sérvia: Gajic, Gomolava e Mala Vrbica-Ajmana Beograd-Karaburma.
Polônia: Iwanowice.
Romênia: Piscolt e Ciumesti.
Bulgária: Mezek.
Ucrânia: Kerch e Galis Lovacka.
Turquia: Karalar e Tabanlioglu Kale.
Lista seletiva de artefatos notórios
Recipientes: Taça de Schwarzenbach (Alemanha), Jarra de Basse-Yutz (França),
Caldeirão de Gundestrup (Dinamarca; provavelmente da Europa Oriental), Balde de
Aylesford (Grã-Bretanha), Baldes de Goeblingen-Nospelt (Luxemburgo), Molduras
de bronze para jarros de madeira de Brno-Malomerice (República Checa).
Equipamentos de guerreiros: Capacete de Agris (França), Capacete de Berru
(França), Capacete de Santa Canosa em Puglia (Itália), Capacete de Ciumesti
(Romênia), Capacete de Waterloo Bridge (Grã-Bretanha), Capacete de Benacci
(Itália), Capacete de Amfreville (França), Escudo de Battersea (Grã-Bretanha),
Escudo de Washingborough (Grã-Bretanha), Ornamento de escudo de Wandsworth
(Grã-Bretanha), Pequeno capacete hornado de Torrs (Grã-Bretanha), Máscara de
Cavalo de Stanwick (Grã-Bretanha), Bainha da espada de Standlake (Grã-Bretanha),
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Banha de bronze da armadura de Bann (Irlanda), Espada e bainha de Kosd
(Hungria), Espada de Tesson (França), Phalera (peças metálicas circulares para
ornamentar os arreios de um cavalo), Phalera de bronze de Cuperly (França), Phalera
de prata de Chão de Lamas (Portugal), Grande phalera de prata de Brescia (Itália),
Phalera de bronze de Somme-Bionne (França) e Ornamentos de arreios esmaltados e
de bronze (Ucrânia).
Adornos pessoais: Bracelete de Rodenbach (Alemanha), Bracelete de prata de
Guiaes (Portugal), Torc de Trichtingen (Alemanha), Torc de
Waldalgesheim (Alemanha), Torc de Snettisham (Grã-Bretanha), Torc de Fenouillet
(França), Torc dourado de Vilas Boas (Portugal), Torcs dourados de Erstfeld
(Suíça), Torc de Montans (França), Torc de Mailly-le-Camp (França), Torc de
Ardnaglug (Irlanda), Braceletes e brincos dourados de La Butte Sainte-Colombe
(França), Colar dourado com pingente de Szárazd Regöly (Hungria), Broche de
bronze de Carratiermes (Espanha), Pingente de bronze de Skryje (República Checa),
Brincos de Monteferrino (Itália), Diadema dourada de Elvi-a (Espanha), Coroa
“Petrie” (Irlanda) e Reserva de tesouros dourados “Broighter” (Irlanda).
Estátuas e esculturas de ritos: Cabeça de pedra de MseckŽ Zehrovice (República
Checa), Esculturas rituais do templo de Roquepertuse (França), Deidade-javali de
Euffigneix (França), Deidade sentada de Bouray-sur-Juine (França), Deidade de
Holzgerlingen (Alemanha), Veados de madeira do mastro ritual de Feldbach-
Schmiden (Alemanha), Cippus de pedra de Kermaria (Grã-Bretanha), Cippus de
pedra de Palzfeld (Alemanha), Cippus de pedra de Waldbuch (Alemanha) e Cippus de
pedra de Turoe (Irlanda).
Algumas leituras básicas:
CUNLIFFE, “The Ancient Celts”, páginas 68-90 (The Migrations); páginas 91-110
(Warfare and Society); páginas 111-132 (Arts); páginas 133-144 (Iberia), páginas 145-
167 (Atlantic Celts); páginas 163-182 (Eastern Celts); páginas 183-210 (Religion);
páginas 211-234 (Last Phases of the Iron Age).
JAMES, “The World of the Celts”, páginas 33-49 (The Celtic Lands); páginas 50-71
(The Patterns of Life); páginas 72-85 (The Celts at War); páginas 86-103 (Gods and
Afterlife); páginas 104-115 (La Tène Art and Technology).
RIZZOLI, “The Celts”, páginas 127-192 (The Formation of the La Tène Culture –
Fifth Century BC); páginas 195-300 (The First Historical Expansion – Fourth
Century BC); páginas 303-386 (The Age of the Warriors – Third Century BC);
páginas 389-408 (The Celts of Iberia); páginas 411-552 (The Era of the Oppida –
Second/First Century BC); páginas 555-618 (The Islands Celts).
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Outras fontes importantes:
CUNLIFFE, Barry: “Iron Age Communities in Britain”, Henley & Boston, 1974
(revisado em 1978).
GREEN, Miranda. Ed: “The Ancient World”. London & New York, 1995. NASH,
Daphne: “Coinage in the Celtic World”. Londres, 1987.
RAFTERY, Barry: “Pagan Celtic Ireland: The Enigma of the Irish Iron Age”.
London & New York, 1994.
ROSS, Anne: “The Pagan Celts” (originalmente: “Everyday Life of the Pagan
Celts”). Totowa, NJ. 1986 [London & New York, 1970].
STRABO: Geography.
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2. Identifique os seguintes personagens e discuta seu papel histórico: Vercingetorix,
Dumnorix, Diviciacus, Acichorius, Deiotaros, Bellovesus e Segovesus, Viriathus,
Commius, Caratacus e Boudicca.
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3. Discuta as circunstâncias que levou as campanhas de César à Gália. Que migração
tribal precipitou a intervenção romana?
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4. Que comunidade Céltica na Espanha resistiu à Roma com uma ferocidade
particular? Nomeie-a e explique a história de sua derrota no contexto histórico.
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5. Descreva as circunstâncias históricas das expedições Célticas militares à: Roma,
Grécia e Ásia Menor.
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6. Compare as batalhas de Gergóvia e Alesia no contexto da conquista da Gália.
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7. O que aconteceu com as comunidades Célticas na Europa Ocidental no curso do
século I a.C.?
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8. Que locais arqueológicos ilustram a importância política da região entre Marne e
Moselle depois da metade do século V a.C.? Descreva algumas das evidências.
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9. O que foi a cultura Arras? O que a torna particularmente distinta em seu contexto
contemporâneo?
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10. Por que Barry Raftery retitulou seu livro “The Enigma of the Irish Iron Age” (O
enigma da Idade do Ferro irlandesa)? O que diferenciou a Irlanda durante esse
período?
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B. Sociedade
1. A partir da informação das fontes Clássicas, descreva uma unidade política típica
da tardia Idade do Ferro do mundo Céltico. Em que formas foi como uma “tribo”, e
em quais outras formas foi como um “estado”?
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2. O que a evidência dos locais de sepultamento nos conta sobre a sociedade Céltica
nessa época?
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3. Das fontes arqueológicas e Clássicas, descreve as típicas casas desse período. O que
pode ter diferenciado as casas aristocráticas das casas comuns?
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4. Comparte as fortificações dos seguintes tipos de estabelecimentos: um broch; casa
de tear; um ringfort; um oppidum. O que estes sugerem sobre os arranjos sociais
implicados em cada modelo? [NT: ‘casa de tear’ foi traduzido livremente
de wheelhouse.]
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5. Quais eram as principais plantações que eram cultivadas? Que tipos de animais
eram domesticados?
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6. Adoção era uma importante instituição nas comunidades Célticas aristocráticas da
Antiga Idade Média. Que evidência sugere que isso pode ter sido uma prática da
Tardia Idade do Ferro?
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C. Guerra
1. Descreva a típica panóplia do guerreiro Céltico em termos de: capacete, escudo e
espada. Como (se em tudo) a forma e o tamanho desses equipamentos mudaram
entre o século V e I a.C., e quais eram algumas das variações regionais? O que
diferenciava as armas ornamentais ou cerimoniais das bélicas?
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2. Que práticas Célticas na batalha os escritores Clássicos consideraram como
anormal ou estrangeira? O que ligava os guerreiros Célticos como uma unidade?
Descreve as similaridades e as diferenças entre os bandos de guerreiros que
defendiam um território e bandos de guerreiros que iam em expedições para saques.
Dê exemplos específicos de ambos.
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3. Dê exemplos da importância da cavalaria na guerra Céltica, e descreve provas
arqueológicas do relacionamento entre guerreiros e seus cavalos (especialmente no
campo de adornos).
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4. Discuta sobre a biga bélica. Que evidências históricas nós temos dela? Qual é a
evidência literária tardia?
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6. O que era o que os romanos chamavam de murus gallicus?
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D. Religião
1. Quais são as fontes Clássicas que se referem os Druidas? Em que partes do mundo
Céltico elas se tratam?
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2. De acordo com as fontes Clássicas, quais eram os específicos deveres religiosos dos
Druidas?
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3. Descreva o que nos convence sobre as associações religiosas dos seguintes locais
arqueológicos: Entremont, Roquepertuse, Ribemont, Gornay-sur-Aronde, Fellbach-
Schmiden e Hayling Island.
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E. Arte e Tecnologia
1. O que foi o “Estilo Vegetal”? Descreva suas origens e suas evoluções dentro do
mundo Céltico.
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2. Descreva as técnicas de metalurgia da Idade do Ferro Céltica.
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3. Liste pelo menos seis tipos de animais comumente representados na Arte Céltica,
dando específicos exemplos de cada um. O que, dado o contexto da representação,
cada animal pode ter simbolizado?
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4. Dê exemplos do uso da cabeça sem o corpo humano como um detalhe decorativo.
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5. Que detalhes na Arte da Idade do Ferro tem uma origem claramente Oriental?
Como eles mudaram quando se tornaram parte da tradição Céltica? Discuta algumas
25
das imagens usadas nas moedas Célticas. Quais eram seus modelos Clássicos, e como
as representações Célticas divergem delas? Nomeie alguns dos motivos que foram
usados como imagens diferenciadores na cunhagem de diferentes grupos Célticos.
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6. Compare estilos de cerâmica de diferentes partes da Idade de Ferro do mundo
Céltico. Descreva evidências de extensivas construções de estradas no mundo Céltico
pré-Romano. Que outro importante aspecto da tecnologia Céltica se desenvolveu no
tandem com esse projeto?
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7. Como era a roupa na Tardia Idade do Ferro? Que tecidos eram usados?
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Tradução por Leonni Moura.
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No entanto, alguns aspectos da tradição céltica foram capazes de permanecer, apesar
da Romanização. Os romanos reconheciam a integridade dos velhos territórios tribais
e as fizeram uma parte do novo sistema administrativo, assim, as populações locais
retinham suas identidades tribais originais (muitas das modernas províncias
francesas ainda refletem essas divisões tribais: Poitou para os Pictuai, Saintonge para
os Santones, Limousin para os Lemouices, Auvergne para os Aruemi, etc.). Além
disso, alguns historiadores sugerem que a mudança romana de República à Império
pode ter feito com que os Celtas ficassem muito mais confortáveis com o domínio
romano, uma vez que isso produziu algo grandemente comparável com o modelo
mais tradicional de “rei sagrado” da organização política (ROMAIN, “Histoire de la
Gaule”, 1996). Certamente, o Imperador Augustus parece ter sido a restauração para
esse sentimento, quando ele assumiu formalmente a soberania da Gália em 10 a.C.
27
produtos e modos célticos também se espalharam para outras partes do Império, e
muitas palavras célticas foram emprestadas para o Latim.
28
CAMERON, Averil: “The Later Roman Empire: A.D. 284-430” (1993);
LUTTWAK, Edward M. e GILLIAM, JF: “Grand Strategy of the Roman Empire: From
the First Century A.D., to the Third” (1979);
SCARRE, Chris: “The Penguin Historical Atlas of the Ancient Rome” (1995);
Leitura sugerida
BOWMAN, Alan K.: “Life and Letters on the Roman Frontier: Vindolanda and Its
People” (1998);
DERKS, Tom: “Gods, Temples and Ritual Practices: The Transformation of Religious
Ideas and Values in Roman Gaul” (Amsterdam Archaeological Studies #2, 1999);
HENIG, Martin: “The Heirs of King Verica: Culture and Politics in Roman Britain”
(2002);
JONES, Barri & MATTINGLY, David: “An Atlas of Roman Britain” (1990);
KING, Anthony: “Roman Gaul and Germany” (Exploring the Roman World, vol. 3 –
U of Cal., 1990);
RAFTERY, Barry: “Pagan Celtic Ireland” (Capítulo 9, “Beyond the Empire”), (1994);
SALWAY, Peter: “The Roman Era: The British Isles, 55 BC – 410 AD” (Short Oxford
History of the British Isles);
29
VAN DAM, Raymond: “Leadership and Community in Late Antique Gaul” (1985);
Questões
1. Identifique as seguintes palavras e as coloque em um contexto histórico: Sacrovir,
Cvilis e Velleda, Carausius e Allectus, Ambrosius Aurelianus, Maximus Imperator,
“Bagaudae” e Ausonius.
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2. Imagine que você é um Celta vivendo um território sob domínio romano. Como o
domínio estrangeiro te afeta nas seguintes áreas: (a) a língua que você fala; (b) a
organização e aparência de sua comunidade; (c) liderança política em sua
comunidade; (d) suas relações econômicas com o mundo exterior; (e) a prática
formal de sua religião.
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3. O que é o ‘Plomb du Larzac’? Explique seu significado e indique o que ele nos
conta sobre a cultura céltica nos primeiros séculos de domínio romano.
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4. Imagine que você é um legionário romano servindo na guarnição no Muro de
Adriano. Que tipos de relações você tem com a população céltica local? O que te
separa deles? O que te liga a eles? Agora, imagine a situação do ponto de vista de um
nativo fazendeiro céltico.
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5. Escolha três exemplos de arte representacional da cidade de Trier. Quais as
características nas cenas sugerem continuações da cultura céltica? O que sugere a
influência romana?
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coordenar suas políticas efetivamente, ou aplicar uma conformidade de crença e
prática ao longo de sua vasta jurisdição. Assim, áreas célticas não romanizadas como
a Irlanda e o norte da Grã-Bretanha estavam livres para absorver o Cristianismo
gradualmente, através dos esforços dispersos de missionários individuais que não
tinham mangas para apoiá-los e nem uma tropa violenta para impor a nova religião à
força. Isso significa que as comunidades célticas tiveram tempo para adaptar o
Cristianismo a sua própria cultura e elaborar instituições Cristãs nativas que eram
mais bem aplicadas à sua tradição.
32
cristãs. Ainda mais problemática era a relação da Igreja com as instituições
Druídicas/bárdicas, que fornecia cultura céltica com seus recursos históricos e
intelectuais, especialmente o conhecimento de precedentes mitológicos no qual as
tradições sociais e legais do mundo céltico eram baseadas (uma vez que a
cristianização não tinha vindo com a invasão e a imposição estrangeira de normas
sociais e culturais, a sociedade céltica era ainda dependente de suas instituições
nativas com claras raízes pré-cristãs). Histórias como a de São Colum Cille de Iona
defendendo privilégios bárdicos na assembleia de Druim Ceat em 580 d.C. sugere
que, depois de um conflito inicial, uma acomodação foi buscada entre as autoridades
culturais cristãs e pré-cristãs. Na Irlanda, a instituição druídica sobreviveu na forma
do filid (“videntes” – isto é, poetas), senchaide (mestres do conhecimento)
e brithemon (juízes), que transmitiam o conhecimento essencial da cultura
recompondo-a e reorganizando-a para evitar brigas com as crenças e práticas Cristãs.
O grande corpo de conhecimento consistente e oficial que servia como a justificação
para todas as leis e costumes foi “atualizado” para torna-lo eficaz em um mundo
Cristão. Um dos frutos dessa pesquisa para um novo padrão cultural foi o Lebor
Gabala Erenn (Livro das Conquistas da Irlanda), compilado entre os séculos IX e XII,
que harmonizou diversas tradições mitológicas com o quadro histórico da Bíblia,
ainda que eliminando todas as menções explícitas de culto aos deuses e outras
crenças não-cristãs. (Embora nossas evidências da Grã-Bretanha céltica é mais
desigual, os trabalhos em latim de Nennius e Geoffrey de Monmouth torna claro que
a recomposição do nativo conhecimento histórico ocorreu lá também.)
“Escrever” sobre velhas tradições foi possível pelo legado do Cristianismo. Uma vez
que este era uma religião baseada em um texto sagrado, encorajava alfabetização. No
início, o latim era o único meio de escrita, e a literatura nos vernáculos célticos
continuou a serem passados oralmente, mas gradualmente o sistema da escrita em
latim foi adotado à língua nativa também. Por volta dos séculos VIII e IX, a
alfabetização nas línguas célticas havia se tornado comum entre os clérigos educados.
33
esse reinado gaélico se fundiu com o nativo reinado dos Pictos, criando uma nova e
inteira Escócia.
Foi a partir do monastério de Columban de Iona, uma parte da nascente comunidade
gaélica escocêsa, que um movimento missionário grandemente bem sucedido foi
enviado para o reinado inglês de Northumbria, implantando ideias célticas de
comunidades cristãs no norte da Inglaterra. Um de seus frutos foi Lindisfame, um
monastério irlandês-inglês que parece ter sido o ponto de partida para a brilhante
tradição das iluminuras célticas, um novo vocabulário de entrelaçados orientais e
padrões geométricos desenvolvidos do período La Tene, que os historiadores da arte
se referem como o estilo “Hiberno-saxônico” (e o estilo em que a maioria das pessoas
pensam sempre que o termo “arte céltica” é mencionado). Esse estilo se espalhou pelo
mundo céltico (especialmente nos monastérios da linhagem de Columban),
eventualmente produzindo obras de arte como o Livro de Kells, e se adaptando por
outros intermédios, como a escultura em rochas.
Por volta do fim do século VI, missionários célticos na “peregrinatio” (a maioria da
Irlanda, mas também inicialmente do sul do País de Gales) começaram a fundar
monastérios no Continente, onde ajudavam a confirmar a obediência do povo ao
Cristianismo e forneciam uma assistência necessária aos enfraquecidos na fé e muitas
vezes aos incompetentes postos da Igreja romana na Gália e Alemanha. No entanto,
mesmo que a hierarquia romana acolhesse estes novos auxiliares, isso foi feito de
forma inquieta devido a suas práticas não conformistas. Devido a falta de
comunicação regular entre Roma e o mundo céltico a partir de 450 até 600 a.C.,
muitos dos desenvolvimentos importantes na prática romana – a mudança no
método de calcular a data da Páscoa, a padronização do rito romano (os Celtas
usavam o rito Galicano), etc. – nunca chegaram às comunidades cristãs célticas. Uma
vez que algumas ligações foram reestabelecidas, a maioria dos líderes cristãos
célticos, não impressionados pelo que viram do clérigo romano e com a inveja de sua
autonomia, se recusaram a mudar suas práticas tradicionais em favor dos padrões
romanos. Isso levou a contínuas brigas entre os eclesiásticos célticos e romanos,
embora os cristãos célticos nunca terem se anilhados em uma bem organizada “Igreja
céltica” que se opunha à jurisdição romana. As autoridades romanas ganharam a
submissão das individuais comunidades célticas aos poucos, por um período de
muitos séculos. Um grande ponto de mudança no processo foi o Sínodo de Whitby
em 664, quando o reinado inglês de Northumbria abandonou as práticas célticas e o
Sínodo recebeu as práticas romanas. Isso levou muitas outras comunidades
(especialmente os prestigiosos monastérios da linhagem de Columban) a seguir esse
padrão.
34
No entanto, isso não levou a um declínio imediato do único espírito criativo na
tradição cristã céltica. As maiores obras de arte da arte cristã céltica e a velha poesia
irlandesa (com sua apreciação incomum de sua natureza intocada) continuaram a ser
produzidos depois de Whitby. Durante os séculos VIII e IX na Irlanda, um
movimento chamado de Céli Dé(Companheiros de Deus, “Culdees”) reagiram contra
o que eles perceberam como o “mundanismo” das práticas romanas, restaurando o
ascetismo contemplativo dos séculos passados. O que realmente contribuiu para o
enfraquecimento da tradição monástica céltica foram os ataques vikings que,
começando no fim do século VIII, saqueou os monastérios e destruíram suas
bibliotecas. Com o eclipse dos monastérios, a Igreja romana podia reafirmar, com
sucesso, a importância do modelo diocesano que tinha sido apoiado a todo tempo.
Durante os séculos XI e XII, a Igreja romana fez mudanças radicais em sua estrutura
e práticas (introduzindo o celibato clerical e um papel central mais poderoso para o
Papa) que resultou em uma instituição mais parecida com a Igreja Católica dos
tempos modernos. Levou vários séculos para todas essas mudanças enraizar-se no
mundo céltico. Um dos métodos escolhidos para implantar as mudanças foi a criação
de novas ordens monásticas (como os Cistercienses) cometidas ao espírito da nova
Igreja. Uma vez que essas ordens estabeleceram monastérios chefiados por abades
não célticos em terras célticas, e não nativos prelados foram colocados nos principais
cargos administrativos em todos os lugares, as nativas práticas célticas perdeu todo o
seu suporte. Em 1152, o Sínodo de Kells oficialmente aboliu toda a nativa
idiossincrasias na liturgia irlandesa. A aquisição das instituições religiosas célticas
pela maioria dos prelados anglo-normandos preparou o chão para a aquisição política
da maioria das terras célticas pelos senhores feudais anglo-normandos.
35
RIZZOLI, “The Celts”, pág. 618-662.
Cristianismo céltico:
BAMFORD, Christopher. “Celtic Christianity: Ecology and Holiness”. 1982.
BAMFORD, Christopher. “The Voice of the Eagle: The Heart of Celtic Christianity”.
1990.
BITEL, Lisa M. “Isle of the Saints: Monastic Settlement and Christian Community in
Early Ireland”. 1990.
36
BOWEN, E.G. “The Settlement of the Celtic Saints in Wales”. 1950.
BROOKS, Daphne. “Wild Men and Holy Places: St. Ninian, Whithorn and the
Mediaeval Realm of Galloway”. 1994.
CAREY, John. “A Single Ray of the Sun: Religious Speculation in Early Ireland”.
1999.
CHADWICK, Nora. “The Age of the Saints in the Celtic Church”. 1961.
HERREN, Michael W. & BROWN, Shirley Ann. “Christ in Celtic Christianity: Britain
and Ireland from the Fifth to the Tenth Century.” 2002.
LOW, Mary. “Celtic Christianity and Nature: Early Irish and Hebridean Traditions”.
1996.
NAGY, Joseph Falaky. “Conversing with Angels and Ancients: Literary Miths of
Mediaeval Ireland”. 1997.
O’LOUGHLIN, Thomas. “Celtic Theology: Humanity, World and God in Early Irish
Writing”. 2000.
37
REES, B.R. “Pelagius: Life and Letters”. 1998. (consiste de: “Pelagius: A Reluctant
Heretic” [1988] e “The Letters of Pelagius and his Followers” [1991]).
WARREN, F.E. (Jane Stevenson, ed.). “The Liturgy and Ritual of the Celtic Church”.
1987. (originalmente publicado em 1881).
Arte:
FOSTER, Sally. “The St. Andrews Sarcophagus: A Pictish Masterpiece and its
International Connections”. 1998.
HARBISON, Peter. “The Golden Age of Irish Art: The Medieval Achievement 600-
1200”.
HIGGITT, John (Ed.) & SPEARMAN, R.M. (Ed.). “The Age of Migrating Ideas: Early
Medieval Art in Northern Britain and Ireland”. 1998.
YOUNGS, Susan (Ed.). “The Work of Angels”: Masterpieces of Celtic Metalkwork, 6th-
9thcenturies AD”. 1989.
Cultura da alfabetização
McCone, Kim. “Pagan Past and Christian Present in Early Irish Literature”. 1990.
Questões
1. Localize e discuta sobre as seguintes entidades políticas: Dál Riada, Dal n-Araide,
Deheubarth, Bro-Waroc’h, Eoghanachta, Airgialla, DŽsi, Osraige, Elmet, Rheged,
Poher, U’ Liatháin e U’ Echan Coba.
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5. Imagine que você é um jurista na antiga Irlanda medieval e você foi chamado para
dar um conselho nos seguintes casos: a) uma mulher se queixa de que seu marido
está divulgando detalhes íntimos de suas relações sexuais; b) o acusado é um homem
que fez um contrato de cooperação com um vizinho quando estava bêbado, e renegou
o acordo quando estava sóbrio; c) o acusado é um homem que matou um ferreiro e
manteve isso em segredo, escondendo o corpo.
Em cada caso, que ação você sugeriria ao chefe na hora de dar o julgamento?
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6. Imagine que você é um jurista no País de Gales medieval e você foi chamado para
dar um conselho nos seguintes casos: a) uma mulher se queixa de engravidar depois
de um encontro consensual com um homem que prometeu falsamente manter um
relacionamento; b) o acusado é um homem que matou um gato que guardava o
celeiro do chefe; c) o acusado é um homem que publicamente insultou o rei.
Em cada caso, que ação você sugeriria ao chefe na hora de dar o julgamento?
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7. Você é um rico fazendeiro irlandês do século VII com quatro filhos e uma filha.
Quais são algumas maneiras possíveis de lidar com a herança?
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8. Você é uma mulher e a filha única de um rico fazendeiro irlandês do século IX. O
que você irá herdar? Seu marido é um galês. O que seus filhos herdarão?
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11. Dê e discuta quatro exemplos da apreciação cristã celta da natureza selvagem.
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Ainda os senhores feudais, que mesmo que tenham reprimido todos os dissidentes
políticos e religiosos, não eram imperialistas culturais. Muitos deles aprenderam
línguas célticas e apreciavam as nativas tradições literárias. Os representantes de
treinadas ordens bárdicas – os filid na Irlanda e beirdd ou prydyddion no País de
Gales – recebiam o patrocínio deles e compunha poemas louvando a sua honra. As
poesias de louvor no mundo céltico não eram meramente uma bajulação ou carícias
aos egos aristocráticos: uma vez que os bardos tinham seus poderes do Outro mundo
e serviam como o porta voz das deidades da soberania, louvando publicamente um
governador que legitimou seu governo. Assim, transferindo sua lealdade aos novos
senhores, eles alisaram a transição das comunidades célticas para novas realidades
sociais da Europa feudal e adaptavam essas realidades às tradições célticas.
Embora nem todos eles fossem atraídos pela cultura de seus subordinados, muitos
aristocratas anglo-normando se viram “virando nativos” – usando as línguas célticas
como suas línguas principais, e até mesmo recorrendo à jurisprudência céltica ao
invés da lei feudal para a resolução de casos legais (especialmente uma vez que as leis
nativas eram muitas vezes mais flexíveis e convenientes do que a lei feudal no que se
42
trata de assuntos como divórcio, recasamento e heranças). Isso causou tanta
preocupação na Inglaterra que em 1366 passou aos Estatutos de Kilkenny, proibindo
que os colonizadores anglo-normandos seguissem os costumes irlandeses. Tais leis,
no entanto, foram grandemente ignoradas: a “gaelicização” dos recém-chegados
continuou sem decrescimento.
Parte dessa criatividade literária teve um maior impacto fora da cultura céltica. Por
volta do século XI, os poetas e contadores de histórias bretões começaram a aparecer
comoentertainers nas cortes feudais francesas no continentes, presenteando seus
públicos com adaptações de contos mitológicos célticos. A maioria dessas histórias
eram centradas na figura de Artur – possivelmente um líder bélico histórico do século
V da Grã-Bretanha, mas posteriormente reverenciado pelos celtas britânicos como
um ideal de rei sagrado que era esperado voltar dos mortos para ser um salvador de
seu povo. Numerosos padrões míticos pré-cristãos relacionados ao reinado sagrado
se tornou atado ao seu conhecimento, que se desenvolveu em parte como uma
mensagem política de esperança para um povo despossuído. Embora o público não-
céltico não ressoasse a mensagem política, eles começaram a ficar fascinados pela
mitologia. Assim, novas re-contagens e elaborações desse material começaram a
aparecer na França e na Alemanha, e mais tarde, na Inglaterra. A “Questão da Grã-
Bretanha” (lt.: Matter of Britain), como essa história era chamada, começou a se
tornar uma parte essencial da cultura europeia em geral, e fez com que o público
leitor da Europa se tornasse familiar com os símbolos e temas da tradição céltica –
mesmo que estes venham a ser usados no serviço de agendas culturais e espirituais
completamente diferentes.
43
Entretanto, os camponeses de terras célticas continuaram a praticar seus tradicionais
rituais para garantir o sucesso do ciclo agrícola. Um equilíbrio era atingido entre as
sequências dos calendários cristãos e pré-cristãos, de forma que as ocasiões dos
rituais maiores podiam coincidir, sem infligir, e as práticas pré-cristãs podiam
encontrar uma legitimidade se tornando relevantes para festas cristãs. O resultado foi
uma ideologia ritual pré-cristã que se sobrepôs com a iconografia cristã. Todavia, isto
tornou possível uma real continuidade da cultura religiosa céltica.
Leituras sugeridas
História social e política em geral:
BARROW, Geoffrey W.S. “The Kingdom of the Scots: Government, Church and
Society from the Eleventh to the Fourteenth Century.” 2003.
BROUN, Dauvit. “The Irish identity of the Kingdom of the Scots in the Twelfth and
Thirteenth centuries.” 1999.
COWAN, Edward J. (Ed.). & McDONALD, R. Andew (Ed.). “Alba: Celtic Scotland in
the Middle Ages.” 2001.
DAVIES, R.R. “Domination and Conquest: the Experience of Ireland, Scotland and
Wales, 1100-1300.” 1990.
JONES, Michael. “Between France and England: Politics, Power and Society in Late
Medieval Brittany.” 2003.
44
McDONALD, R. Andew. “The Kingdom of the Isles: Scotland’s Western Seabord, c.
1100-c. 1336.” 1997.
ORAM, Richard. “The Canmores: Kings and Queens of the Scots, 1058-1290. 2002.
STACEY, Robert Chapman. “From custom to Court in Medieval Ireland and Wales.”
1994.
História religiosa:
HALL, Dianne. “Women and Church in Medieval Ireland ca. 1140-1540.” 2003.
45
Flamank e Myghal na Gov, Ruair O’ Conchobhair, Rhys ap Gruffydd, John de Lorn, O
“Comyn Vermelho”, Somerled, Alexander III Canmore, Maolmaedoc de Armagh,
Pierre Landais, Anne da Grã-Bretanha, Andrey Moray de Bothwell, Art Og Mac
Murchaidh, Thomas Fitzgerald e Dafydd ap Gwilym.
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2. Descreva os fatores políticos e sociais que levou o aparecimento do sistema de clãs
escoceses. Que aspectos desse sistema se assemelhavam com os antigos modelos
sociais? Que aspectos eram claramente diferentes?
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3. Imagine que você é um tradicional chefe céltico em 1350 na: Irlanda, País de Gales,
Escócia e Grã-Bretanha. Diante de novos senhores que buscam impor um sistema de
governo feudal, que opções você tem para reter um pouco de seu status e de sua
autoridade?
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5. Discuta o impacto do poder político escandinavo na Escócia e na Ilha de Man.
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6. Imagine que você é um treinado e tradicional: bardo e contador de histórias em
uma área céltica com novos senhores feudais. A tradição com que você trabalha é
estranha para esses senhores, e ainda assim, você precisa conta-las para seus chefes.
Que estratégias você pode inventar para garantir que estes apreciem sua arte?
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7. Escolha qualquer região céltica (isto é, uma individual área tribal, não um país ou
província inteira) e trace em detalhes as mudanças no controle político sobre ela que
ocorreram entre os anos 1150 e 1500.
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8. Date e discuta o significado dos seguintes eventos: o Tratado de Perth, a Batalha de
St. Aubin-du-Cormier, a Batalha de Bannockburn e o Sínodo de Kells.
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Tradução por Leonni Moura.
10. Os celtas sob os Estados Modernos (de 1500 até os dias de hoje)
Por volta do final do século XV, o crescimento espetacular de uma classe média
urbana que deve seu sucesso ao capitalismo emergente, transformou o sistema feudal
em incômodo e antiquado. Em seu lugar, teve vez o conceito de um estado moderno
47
centralizado, servido por uma administração burocratizada que afetava diretamente a
vida de todos os cidadãos. A ênfase na centralização e no controle levou à um ideal de
uniformidade prescrita para a população inteira dentro das fronteiras de um estado:
todos os habitantes deviam seguir a mesma religião, falar a mesma língua e ter a
mesma cultura, dividir o mesmo senso de identidade histórica como uma nação, e
etc. Isso significava que era negado o direito de autonomia cultural às minorias
étnicas, que foram ativamente perseguidas como ameaças para a unidade da nação.
Uma vez que nenhuma comunidade céltica foi permitida de formar um estado
moderno (a Grã-Bretanha perdeu sua soberania em 1532 e a Escócia em 1707), todos
os celtas agora estavam sob o domínio de elites políticas inglêsas – ou francesas.
Elites nativas que resistiam a essa completa perda de autonomia foram massacrados
ou exilados, voltando-se para as áreas que ainda eram célticas, em comunidades
puramente camponesas. Sem o patrocínio dos aristocratas cultos, a nativa classe
literária (que permaneceu com os bardos) agora estava privada de uma audiência e de
suporte financeiro, e rapidamente diminuiu. No fim do ano 1700, a literatura em
qualquer língua céltica se tornou rara (exceto no País de Gales, onde a tradução da
Bíblia para o galês e o prevalecimento de comunidades com capelas falantes de galês
ajudaram a manter a língua viva em todos os níveis de uso até o século XX). Sistemas
de ensino centralizados e influentes cada vez mais desvalorizavam as línguas célticas
e o patrimônio cultural que vinha com elas, enquanto enfatizavam a importância
social de identidade com a cultura majoritária.
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falantes de galês na Patagônia, estes não são mais que um pequeno remanescente
dentro de uma população em grande parte aculturada.
Nos países célticos em si, houve uma forte redução de territórios onde as línguas e a
cultura céltica eram dominante. Como resultado da Fome, muitas famílias irlandesas
evitaram de usar a língua irlandesa com seus filhos a fim de ter certeza que eles se
identificariam com a língua e a cultura inglesa. Na virada do século XIX, a língua
córnica deixou de ser uma língua da comunidade, e o mesmo aconteceu com a língua
manêsa no século XX (apesar de hoje em dia, graças a um heroico esforço de
revitalização, ambas as línguas tem falantes nativos).
Não obstante, a luta das comunidades célticas para reafirmar sua autonomia e
preservar sua cultura, continuou inabalável ao longo desse século passado. Desde
então, de todas as seis nações célticas, apenas a Irlanda alcançou uma dependência
parcial, enfrentando resistência de agências de governo centralizado que ignoravam
sua cultura ou eram ativamente hostis a ela. No entanto, nos últimos trinta anos tem
49
se visto erosão nas ideologias anti-pluralistas dos estados modernos, permitindo mais
e mais a presença das línguas célticas na educação, publicações e na mídia. Periódicos
aparecem regularmente em todas as seis línguas, e todas as seis são representadas na
mídia de seus países em graus variados. A pressão dos falantes de alguma língua
céltica em aliança com os falantes de outras línguas minoritárias ganhou para as
línguas célticas o título de “Línguas Menos Usadas” dentro da União Europeia, que
por sua vez, pressionou seus estados a dar um papel mais público para essas línguas
nas comunidades onde eram faladas. O conceito de “céltico” de Edward Lhuyd se
tornou conhecido a partir do século XIX, e com isso, muitas pessoas desenvolveram
um interesse nas raízes comuns das seis modernas culturas, e viram essa unidade
original como uma fonte de força. Como resultado, organizações pan-célticas como o
Pan-Celtic Congress e a Celtic League serviu para abrir e manter ligações entre todas
as comunidades célticas sobreviventes, ajudando-as a aprender com as lutas uma das
outras, e reforçar os esforços um dos outros. Alguns desses esforços começaram a ter
frutos em um nível político, se tornando evidente em 1997 quando um referendo
permitiu que os Scots reestabelecessem seu Parlamento, e os galeses obterem uma
Assembleia Nacional. Também, descendentes de imigrantes célticos ao redor do
mundo redescobriram os valores de sua cultura ancestral e deram ajuda aos
movimentos culturais nos países célticos. O maior perigo agora, no entanto, estava no
efeito mortal dos meios de comunicação comercial anglo-americanos, que tendia a
massacrar a existência de quaisquer culturas que não são ajudadas por instituições
fortes e autônomas.
Aqueles de nós que estão envolvidos com o RC como um projeto religioso e espiritual
pode ser de grande ajuda nessa contínua renovação do mundo céltico. Os celtas
modernos são muitas vezes ambivalentes sobre seu antigo passado pré-cristão, pois
isso tem sido muitas vezes distorcido e desviado por estranhos. Enquanto não
cairmos nessa mesma armadilha de usar o mundo céltico como uma tela na qual
projetaremos fantasias e desejos estrangeiros, enquanto mantermos um verdadeiro
respeito para a essência viva da tradição céltica, nossa apreciação do valor e
viabilidade do antigo patrimônio de todos os celtas, pode dar mais autoconfiança
para as comunidades célticas, e garantir que a tradição céltica permaneça como uma
força viva no futuro.
Leituras sugeridas
Geral:
ü ELLIS, Peter Berresford. _The Celtic Revolution_. 1988.
50
ü ELLIS, Peter Berresford. _The Celtic Dawn_. 1993.
Século XVI:
ü ELLIS, Steven. _Ireland in the Age of the Tudors, 1447-1603: English Expansion
and the End of Gaelic Rule_. 1998.
Século XVII:
ü COWAN, Edward J. _Montrose: For Covenant and King_. 1977.
ü DICKINSON, J.R. _The Lordship of Man Under the Stanleys: Government and
Economy in the Isle of Man, 1580-1704_.
ü GRAINGER, John D. _Cromwell Against the Scots: The Last Anglo-Scottish War,
1650-1652_. 1997.
51
ü OHLMEYER, Jane H. _Political Thought in Seventeenth-Century Ireland:
Kingdom or Colony_. 2000.
ü ROY, David. _The Covenanters: The Fifty Years Struggle 1638-1688_. 1997.
Século XVIII:
ü JENKINS, Geraint H. _The Foundations of Modern Wales: Wales 1642-1780_.
ü NEWTON, Michael. _We’re Indians Sure Enough: The Legacy of the Scottish
Highlanders in the United States_. 2001.
Século XIX:
52
ü DONNELLY, James S., Jr. _The Great Irish Potato Famine_. 2001.
ü LAXTON, Edward. _The Famine Ships: The Irish Exodus to America_. 1998.
Século XX:
ü BELCHAM, John (Ed.). _A New History of the Isle of Man: the Modern Period
_1830-1999_
ü KEE, Robert. _The Green Flag: Ourselves Alone_. [all three Kee titles can be
obtained in an omnibus volume from Penguin: _The Green Flag: A History of Irish
Nationalism_.]
53
ü KERMODE, David G. _Offshore Island Politics: The Constitutional and Political
Development of the Isle of Man in the Twentieth Century_.
ü McDONALD, Maryon. _We Are Not French: Language, Culture and Identity in
Brittany_.
ü SMITH, David & FRANCIS, Hywel. _The Fed: The History of the South Wales
Miners in the Twentieth Century_. 1980.
ü
THOMAS, Ned. _The Welsh Extremist_. 1978.
ü HOUSTON, R.A. (Ed.). _The New Penguin History of Scotland: From the Earliest
Times to the Present Day_.
54
ü HOWE, William. _Ireland and Empire: Colonial Legacies in Irish History and
Culture_.
ü KINVIG, R.H. _The Isle of Man: A Social, Cultural and Political History_.
Questões
1. Identifique os seguintes nomes e os coloque em um contexto histórico: Gráinne Ní
Mháille, Eoin MacNeill, Arthur Griffith, Alasdair Mac Colla, Aneurin Bevan, James
Graham de Montrose, O “Bonedo-Ruz”, Richard Trevithick, Yann-Vari Perrot,
O’Donovan-Rossa, James Keir Hardie, Michael Davitt, Saunders Lewis, John
MacLean, Terence MacSwiney, Iolo Morganwg, “Illiam Dhone”, Gwynfor Evans, Os
“Whiteboys”, Cymdeithas yr laith Gymraeg e Roparz Hemon.
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2. Date e descreva o significado dos seguintes eventos: A Batalha de Prestonpans, A
Traição dos Livros Azuis, A Batalha de Aughrim, A luta dos Condes, O massacre de Le
Mans, O Endereço de “Tynghed yr laith”, Os protestos Plogoff, O afogamento de
Tryweryn, A Rebelião “Prayer Book”.
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3. O que é Gwaladfa?
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4. Imagine o caso de um emigrante de cada um dos seis países célticos em algum
ponto do século XIX. Qual seria a causa mais provável de imigração em cada caso?
Qual seria o destino mais provável de cada emigrante? Que tipo de sustento eles
encontrariam em seus novos lares? E, em cada caso, que aspectos de sua cultura era
mais provável de ser descartada, e por que? Quais aspectos, se existirem, eles
poderiam guardar?
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5. Quem eram os Madogwys? Qual foi seu impacto na história cultural da relevante
nação céltica?
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6. Imagine que você é um Highlander católico no meio do século XVII. Quais seriam
suas opções políticas e culturais?
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7. Compare os United Irishmen da época de Archibald Wolfe Tone com os Young
Irelanders da metade do século XIX. Há uma diferença em suas respectivas conexões
com a Irlanda céltica?
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8. O que o governo francês fez para o estabelecimento bretão cultural no fim da
Segunda Guerra Mundial?
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9. Examine os movimentos de revitalização das línguas de cada uma das seis nações
célticas. Quando e por quem elas começaram? Que tipo de resposta cada uma delas
obtiveram? Avalie suas conquistas nos dias de hoje.
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grandes quantias de informação, e que inventavam seus próprios métodos para
classificar a informação para que compreendê-la se tornasse mais fácil. Em Irlandês
Antigo, esse abrangente conhecimento do passado era chamado
desenchus ou senchas (em Irlandês Moderno: seanchas; em Gaélico
Escocês: seanachas) – “falar de velhas coisas”. O mestre do conhecimento cuja tarefa
era lembrar-se do conhecimento e torna-lo disponível quando fosse necessário era
um senchae ou senchaid(em Irlandês Moderno: seancha; em Gaélico
Escocês: seanachaidh). [O termo mais próximo para senchas em bretão é hengoun,
que literalmente significa “memória antiga”; as outras palavras britônicas para
“conhecimento” – em galês, llên, em córnico lyen(embora hoje o córnico
tenha hengov, modelado a partir de hengoun) – veio do latimlegendum “que precisa
ser lido”, e daí temos a palavra “lenda”].
Muitos aspectos do conhecimento que os modernos estudiosos ocidentais tendem a
ver como não relacionado como partes do senchas – tais como genealogia, lei, e
mitologia – são partes que coexistentes do senchas. Todos os eventos passados tem
repercussões tanto legais como espirituais; o que os deuses fizeram em um passado
remoto é relevante para o estado presente das coisas assim como as coisas que
comuns humanos fizeram uma geração atrás. Em comunidades que falavam irlandês
até bem recentemente (quando a mídia interrompeu as formas tradicionais de
socialização), era esperado que um seanchanão soubesse apenas dos eventos
passados que afetavam sua comunidade, mas também as narrativas mitológicas que
eram relacionadas ao ciclo sazonal, que ele então deveria recitar quando era
ritualisticamente apropriado. Tudo no passado coexistia, e este riqueza é suportada
pelo presente.
Muito do conhecimento era devoto a um propósito legal, providenciando
precedentes para julgamentos de conflitos interpessoais. Esse corpo de conhecimento
se tornou tão grande que este adquiriu seus próprios especialistas, que na antiga
Irlanda eram chamados de breithem, no plural, breitheman (em Irlandês Moderno e
Gaélico Escocês:breitheamh, em Manês briw) – o termo normalmente é inglesado
como “brehon”. Nas línguas modernas, a palavra passou a significa “juiz”, mas no
sistema tradicional, os brehons não julgavam: eles serviam como assessores para
aqueles (normalmente donos de terra) que eram autorizados a agirem como juízes,
dando-lhes o quanto de informação possível sobre os precedentes envolvendo um
tipo de caso legal. Apoiados pela informação desses profissionais, o juiz se sentia
confiante em sua habilidade de dar a decisão, que seria aceita como a correta por toda
a comunidade. Durante a Idade Média, muitas compilações de conhecimento legal
foram escritas: a mais extensa dessas é o Senchas Mór(“Grande Conhecimento”),
contendo material que pode ser tão velho como o século VI.
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Para facilitar a memorização do conhecimento em uma época em que escrever
assuntos de sagrada importância era considerado inapropriado, dispositivos
mnemônicos eram usados. Um destes dispositivos mais comuns era colocar o
conhecimento na forma de versos, assim, os padrões de métrica e aliteração tornaria
o material mais fácil de se lembrar e recitar. Um outro, era tratar a paisagem como
um tipo de “livro falante”, associando cada característica dela com um evento que
dizia-se ter acontecido lá, de forma que, simplesmente olhar para o lugar iria conjurar
uma história ou um verso descrevendo o evento. Na antiga Irlanda, isto levou ao
desenvolvimento de um corpo de conhecimento chamado dinshenchas (em Irlandês
Moderno: dinnsheanchas), o “conhecimento dos lugares”. Muito desse conhecimento
foi escrito em compilações de manuscritos medievais; muito mais continuou a ser
passado oralmente em comunidades tradicionais. O conhecimento dos lugares
também reforçou o vínculo entre as comunidades célticas e a terra onde eles viviam,
ligando-a imaginativamente com aquele passado no qual todos tinham suas raízes
mais íntimas.
Essa ideia de todos os aspectos da tradição passada sendo integrada como um todo,
não tendo fronteiras tensas entre elas (mesmo quando as áreas de especialização
eram reconhecidas), é importante manter uma visão de mundo nativamente céltico.
Quer vivamos em uma área que há muito tempo tem sido associada com a cultura
céltica, ou uma onde a presença céltica é nova, nos convém desenvolver um sentido
do conhecimento que liga a experiência do povo ao lugar através dos tempos.
Questões
1. De que forma a área ao seu redor reflete suas tradições? Que tipo de ligação você vê
entre a paisagem do lugar onde você vive e as suas raízes como um ser cultural?
Certas construções ou características naturais que você vê todos os dias sugerem
histórias significativas para você definir seu passado cultural? Se sim, examine um
pouco dessas histórias. Como você acredita que pode tornar essas relações mais ricas
e consistentes?
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Tradução por Leonni Moura.
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