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Reinaldo Siqueira - A Forma Literária Do "Oráculo Contra Israel" em Amós 2.6-16
Reinaldo Siqueira - A Forma Literária Do "Oráculo Contra Israel" em Amós 2.6-16
Reinaldo Siqueira - A Forma Literária Do "Oráculo Contra Israel" em Amós 2.6-16
Semestre 2005
www.unasp.edu.br/kerygma
pp. 31-38
ARTIGOS
RESUMO: A forma do "oráculo contra Israel", que aparece ao final da série de oito oráculos
contra as nações em Amós 1-2, tem sido alvo de muito debate entre os exegetas e
especialistas do Antigo Testamento. Porque os sete primeiros oráculos dessa série seguem
basicamente uma mesma estrutura formal e o oitavo, o "oráculo contra Israel", diverge de
modo tão marcante dos seus predecessores? Diferentes respostas têm sido dadas a este
questionamento. O presente trabalho sugere que a forma literária do "processo jurídico da
aliança", ou Rîb, e mais especificamente a forma baseada no pronunciamento de um juiz,
parece resolver o problema a contento. Esta forma específica nos dá a chave para a
compreensão das características próprias desse oráculo e da sua função dentro da série de
oráculos que inicia o livro do profeta Amós.
PALAVRAS-CHAVE: Amós, oráculos contra as nações, oráculo contra Israel, forma literária,
processo jurídico da aliança, Rîb, pronunciamento e juiz.
1. INTRODUÇÃO
Os dois primeiros capítulos do livro de Amós formam uma unidade literária, contendo
uma série de oito oráculos que anunciavam os juízos divinos que, em breve, se abateriam
sobre as nações localizadas na região entre o Egito e a Mesopotâmia, nos dias do profeta
1
Amós . Entre as muitas questões levantadas sobre estes oráculos, no meio acadêmico,
podemos encontrar a discussão sobre a forma literária do último oráculo, o "oráculo contra
Israel" (Am 2.6-16). Como classificá-lo? Porque ele é, ao mesmo tempo, parecido e diferente
dos sete oráculos anteriores? Como explicar a diferença?
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A forma do oráculo contra Israel difere dessa estrutura comum acima delineada. Sua
estrutura interna poderia ser esquematizada da seguinte forma:
(1) Fórmula introdutória: a expressão "assim diz YHWH" (Am 2.6a).
(2) A acusação geral: "Por três, e por quatro, transgressões de [nome da nação] não o
sustarei [o castigo]/ou, não o restaurarei" (Am 2.6b).
(3) Acusação específica: seção introduzida pela preposição >al "porque", porém muito
mais longa que as seções correspondentes nos oráculos anteriores. Sete acusações foram
levantadas contra Israel, contadas a partir dos verbos utilizados nesta seção (Am 2.6c-8).
(4) Recapitulação histórica: uma nova seção é aqui introduzida, na qual os atos
salvíficos de Deus em favor de Israel são lembrados (Am 2.9-11c). Esta recapitulação é
narrada na primeira pessoa do singular, usando o pronome pessoal hebraico =anochî "eu",
precedido da conjunção hebraica waw "e" ou "mas". Ela é concluída com uma pergunta, "não é
isto assim, filhos de Israel?" (Am 2.11c).
(5) A conclusão da recapitulação histórica: essa parte é seguida da fórmula oracular
e
n um YHWH "oráculo de YHWH" em Amós 2.11d.
(6) Acusações específicas: uma outra seção aparece então, trazendo duas novas
acusações contra Israel (Am 2.12).
(7) A sentença de juízo: os últimos versos do oráculo (Am 2.13-16b) descrevem sete
juízos divinos sobre Israel, mas nenhum deles segue o padrão do juízo de fogo que se
apresenta nos oráculos anteriores, antes se fala de terremoto e de derrota contundente no
contexto de guerra.
(8) Fórmula de conclusão: o oráculo contra Israel se encerra com a fórmula oracular
e
n um YHWH "oráculo de YHWH" em Amós 2.16c.
Os novos elementos que aparecem no oráculo contra Israel têm sido uma fonte de
muito debate no meio acadêmico. Alguns têm considerado os versos 6-16 ou partes dos
mesmos, como problemáticos. Esse trecho, que vai da recapitulação histórica até a fórmula de
conclusão, tem sido visto como uma adição posterior ao oráculo original contra Israel, ou
3
mesmo como parte de uma nova unidade literária . Outros, por sua vez, têm proposto que os
novos elementos correspondem a uma quebra do modelo estabelecido, ou uma expansão dos
elementos formais observados nos oráculos anteriores. Tal expansão indicaria que o profeta
4
atingiu o clímax da série e que ele estava agora se dirigindo ao seu público alvo .
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"O motivo mais constante (e especificamente bíblico) compartilhado pelo antigo pacto e
os profetas posteriores é a inseparável ligação entre o recebimento de benefícios, no
passado, e as conseqüentes obrigações pendentes sobre os recipientes dos mesmos.
A forma rîb é totalmente dependente desse motivo. Tanto quanto ela apela ao senso
de gratidão e obrigação como a base para o (re-)estabelecimento do relacionamento
pactual, o rîb exibe uma matrix ideológica similar àquela dos tratados de suserano do
15
período posterior da Idade do Bronze" (tradução própria).
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com a última referência à providência divina a favor de Israel, encontrada em Amós 2.11ab:
"dentre vossos filhos suscitei profetas, e dentre os vossos jovens, nazireus". Os atos de Israel
se apresentam aqui, como o símbolo do estado de aberta rebelião da nação contra Deus. Não
somente faziam todo o mal descrito em Amós 2.6-8, mas também perseguiam aqueles que
queriam dedicar sua vida a Deus, os nazireus (ver Nm 6.1-6). Além disso, proibiam aos
mensageiros comissionados por Deus, os profetas, de falar-lhes, rejeitando assim Sua
soberania sobre eles. Tal atitude da parte do reino do norte correspondia a uma rebelião total e
explícita, a qual resultaria no juízo vindouro sobre a nação.
Seguramente, as acusações de Amós 2.12 têm um caráter climático dentro da
estrutura do oráculo, sendo uma adição às sete transgressões mencionadas em Amós 2.6-8. O
limite divino preconizado no início de cada oráculo - "Por três, e por quatro, transgressões...
não o sustarei [o castigo]/ou, não o restaurarei" - foi de muito ultrapassado, mesmo se
considerarmos o total de forma aditiva (3+4=7). Assim, Amós 2.12 pode muito bem
corresponder ao pronunciamento final do veredicto "culpado", visto que a rejeição total da
soberania de YHWH foi feita à luz do pleno conhecimento de tudo o que Ele tinha feito por
Israel, como está explícito pela pergunta que encerra o verso 11: "Não é isto assim, filhos de
Israel?"
5. CONCLUSÃO
Notas:
1.
A seqüência das nações mencionadas em Amós 1-2 é a seguinte: Síria (Damasco - Am 1.3-
5); Filístia (Gaza, Asdode, Ascalom e Ecrom - Am 1.6-8); Fenícia (Tiro - Am 1.9-10); Edom
(Am 1.11-12); Amom (Am 1.13-15); Moabe (Am 2.1-3); Judá (Am 2.4-5); e Israel do norte (Am
2.6-16). Quanto a datação da pregação do profeta Amós, o mais provável é que tenha ocorrido
por volta do ano de 760 a.C., ver Yigael Yadin, Hazor: The Head of All Those People (Joshua
11:10) with a Chapter on Israelite Megiddo, The Schweich Lectures of the British Academy,
1970 (London: British Academy, 1972), 113, 181; Yohanan Aharoni, "The History of the City
and Its Significance", em Beer-Sheba I: Excavations at Tel Beer-Sheba, 1969-1971 Seasons,
ed. Yohanan Aharoni (Tel Aviv: Tel Aviv University Institute of Archeology, 1973), 107-108;
Randall W. Younker, "A Preliminary Report of the 1990 Season at Tell Gezer: Excavations of
the 'Outer Wall' and the 'Solomonic' Gateway (July 2 to August 10, 1990)", Andrews University
Seminary Studies 29 (1991): 27-29; Philip J. King, Amos, Hosea, Micah C An Archaeological
Commentary (Philadelphia: Westminster Press, 1988), 21, 38; Amihai Mazar, Archaeology of
the Land of the Bible, 10,000-586 B.C.E., The Anchor Bible Reference Library (New York:
Doubleday, 1990), 412; Thomas J. Finley, Joel, Amos, Obadiah, The Wycliffe Exegetical
Commentary (Chicago: Moody Bible Institute, 1990), 106; Bruce E. Willoughby, "Amos, Book
of", Anchor Bible Dictionary, ed. David N. Freedman e outros (New York: Doubleday, 1992),
1:205.
2.
Estas características básicas são: 1) Uma fórmula introdutória (no caso, em Amós 1.3-2.5, é
o refrão "Assim diz o Senhor"); 2) Uma seção de acusações, na qual se descreve os pecados
pelos quais o acusado era culpado; 3) O pronunciamento de juízo, descrevendo os castigos
que Deus traria sobre o culpado. Ver Claus Westermann, Basic Forms of Prophetic Speech,
trad. H. C. White (Philadelphia: Westminster Press, 1967), 142-161, 169-176; James L. Mays,
Amos: A Commentary, The Old Testament Library (Philadelphia: Westminster Press, 1969), 5;
Hans Walter Wolff, Joel and Amos: A Commentary on the Books of the Prophets Joel and
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Amos, trad. Waldemar Janzen et al., ed. S. Dean McBride, Jr., Hermeneia (Philadelphia:
Fortress, 1977), 92, 98, 135-139; Francis I. Andersen e David Noel Freedman, Amos: A New
Translation with Introduction and Commentary, Anchor Bible, vol. 24A (New York: Doubleday,
1989), 213.
3.
Wolfe excluiu os versos 9-16 do oráculo contra Israel e adicionou Amós 3.1-2 como parte do
oráculo original (Rolland E. Wolfe, Meet Amos and Hosea, the Prophets of Israel [New York:
Harper & Brothers, 1945], 16-17). Snaith propôs que o oráculo contra Israel compreenderia
somente os versos 6-12, e portanto, Amós 2.13-16 seria completamente um novo oráculo
(Norman H. Snaith, Amos, 2 partes [London: Epworth Press, 1945), 2.36, 42, 47-48, 51-52).
Para Blenkinsopp (A History of Prophecy in Israel: From Settlement in the Land to the
Hellenistic Period [Philadelphia: Westminster Press, 1983), 88-89, 96), a repreensão divina dos
versos 9-12 é intrusiva, quebrando a seqüência natural entre a acusação (versos 6-8) e a
sentença de juízo (versos 13-16). Coote segue a mesma linha, vendo os versos 9-12 como
adições posteriores (deuteronomistas) ao oráculo original do profeta Amós (Robert B. Coote,
Amos Among the Prophets: Composition and Theology [Philadelphia: Fortress, 1981], 11-12,
32-36, 58-59, 70-73). Já para Barstad, toda a seção que começa com o verso 9 é relativamente
independente de Amós 2.6-8 (Hans M. Barstad, "The Religious Polemics of Amos: Studies in
the Preaching of Amos 2, 7B-8; 4, 1-13; 5, 1-27; 6, 4-7; 8, 14", Vetus Testamentum
Supplements 34 (1984), 15). Andersen e Freedman consideram que o oráculo contra Israel
corresponde somente ao conteúdo dos versos 6-8 de Amós 2. A partir do verso 9, se iniciaria
toda uma nova série de oráculos, Amós 2.9-3.8, a qual não teria ligação nenhuma com os
"oráculos contra as nações" (Andersen e Freedman, Amos, 307, 324-327). Como Andersen e
Freedman, Noble acredita também que os versos 9-16 sejam um novo oráculo, ele, no entanto,
vê Amós 2.9-16 como parte da série de "oráculos contra as nações" de Am 1-2. Para Noble,
Amós 2.9-12 seria um oráculo endereçado ao "Israel clássico" (Judá e Israel); enquanto que
Am 2.13-16 seria um oráculo de juízo pronunciado contra todas as oito nações mencionadas
na série (Paul R. Noble, "The Literary Structure of Amos: a Thematic analysis", Journal of
Biblical Literature 114 [1995], 218-223).
4.
Ver Arvid S. Kapelrud, Central Ideas in Amos (Oslo: Oslo University Press, 1961), 30;
James L. Mays, Amos: A Commentary, The Old Testament Library (Philadelphia: Westminster
Press, 1969), 44; James M. Ward, Amos & Isaiah: Prophets of the Word of God (Nashville:
Abingdon Press, 1969), 97; Charles Hauret, Amos et Osée, Verbum Salutis. Ancient
Testament, no. 5 (Paris: Beauchesne, 1970), 32-33; Wilhelm Rudolph, Joel-Amos-Obadja-
Jona, Kommentar zum Alten Testament, vol. XIII/2 (Gütersloh: Gütersloher Verlagshaus Gerd
Mohn, 1971), 118-119; Jochen Vollmer, Geschichtliche Rückblicke und Motive in der Prophetie
des Amos, Hosea und Jesaja, Beihefte zur Zeitschrift für die alttestamentliche Wissenschaft,
no. 119 (Berlin: Walter de Gruyter, 1971), 23; Klaus Koch e colaboradores, Amos. Untersucht
mit den Methoden einer Strukturalen Formgeschichte, 3 vol., Alter Orient und Altes Testament,
no. 30 (Kevelaer: Butzon & Bercker, 1976), 2:68; Hans Walter Wolff, Joel and Amos: A
Commentary on the Books of the Prophets Joel and Amos, trad. Waldemar Janzen e outros,
ed. S. Dean McBride, Hermeneia (Philadelphia: Fortress, 1977), 141-143; Samuel Amsler,
"Amos", em Osée, Joël, Abdias, Jonas, Amos, ed. Edmond Jacob, Carl-A. Keller e Samuel
Amsler, Commentaire de L'Ancien Testament, vol. 11a (Geneva: Labor et Fides, 1982), 179-
180; Robert Martin-Achard e Paul Re'emi, God's People in Crisis: A Commentary on the Book
of Amos and a Commentary on the Book of Lamentations, International Theological
Commentary (Edinburgh: Handsel Press, 1984), 21; Gary V. Smith, Amos: A Commentary,
Library of Biblical Interpretations (Grand Rapids, MI: Regency Reference Library, 1989), 75;
James W. Limburg, Hosea-Micah, Interpretation: A Bible Commentary for Teaching and
Preaching (Atlanta: John Knox Press, 1988), 90-91; Robert B. Chisholm, Jr., Interpreting the
Minor Prophets (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1990), 75; Shalom M. Paul, Amos: A
Commentary oin the Book of Amos, Hermeneia (Minneapolis: Fortress, 1991), 76.
5.
Page H. Kelley, The Book of Amos: A Study Manual, Shield Bible, Study Series (Grand
Rapids, MI: Baker Book House, 1966), 41; Pierre Buis, "Les formulaires d'alliance", Vetus
Testamentum 16 (1966): 410; Walter Vogels, God's Universal Covenant: A Biblical Study
(Ottawa: University of Ottawa Press, 1979), 85.
6.
Ver, por exemplo, B. Gemser, "The Rîb- or Controversy-Pattern in Hebrew Mentality", Vetus
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Testamentum 3 (1955): 129, 133; Eric C. Rust, Covenant and Hope: A Study in the Theology of
the Prophets (Waco, TX: Word Books, 1972), 43; e Jeffrey Niehaus, "Amos", em Minor
Prophets: An Exegetical and Expository Commentary, vol. 1, Hosea, Joel, Amos, ed. Thomas
Edward McComiskey (Grand Rapids, MI: Baker book House, 1992), 318-319.
7.
Andersen e Freedman, Amos, 326; e Paul, Amos, 87.
8.
Lawrence Sinclair observa que Amós prefere este tipo de Rîb ao estudar Am 3.9-12. Já
Jeffrey Niehaus faz uma introdução geral ao uso da forma no livro, sem se ater a detalhes
específicos. Ver Lawrence A. Sinclair, "The Courtroom Motif in the Book of Amos", Journal of
Biblical Literature 85 (1966): 352; Niehaus, "Amos", 318.
9.
Hermann Gunkel e Joachim Begrich, Einleitung in die Psalmen. Die Gattungen der
religiösen Lyrik Israels, 2a. ed. (Göttingen: Vandenhoeck & Rupprecht, 1966), 364-365. A
primeira edição apareceu em 1933.
10.
Hebert B. Huffmon, "The Covenant Lawsuit in the Prophets", Journal of Biblical Literature 78
(1959): 285-286.
11.
Tais apelos aos elementos naturais são muito comuns na forma baseada nas palavras do
"demandante/acusador", e se tornaram a característica padrão para a identificação da forma
Rîb para muitos especialistas. Ao se aterem basicamente a esta forma do "processo jurídico da
aliança", vários desses especialistas muitas vezes têm se esquecido por completo, nos seus
estudos dos escritos proféticos, da forma de Rîb baseada no pronunciamento de um "juiz". Um
exemplo disto pode ser visto no estudo de Julien Harvey, que não faz nenhuma referência a
esta forma alternativa, como também não faz nenhuma referência à ocorrência da forma Rîb
no livro de Amós. Cf. Julien Harvey, "Le 'Rîb-Pattern', requisitoire prophétique sur la rupture de
l'alliance", Biblica 43 (1962): 172-196.
12.
Para um estudo detalhado sobre Amós 1.2 como o verso introdutório à série dos "oráculos
contra as nações" de Amós 1-2 ver minha tese doutoral - Reinaldo W. Siqueira, "The Presence
of the Covenant Motif in Amos 1.2-2.16" (Ph.D. dissertation, Andrews University, 1996), 98-102.
Para outros autores que seguem este mesmo ponto de vista ver A. Bentzen, "The Ritual
Background of Amos i 2-ii 16", Oudtestamentische Studien 8 (1950): 85-99; M. Delcor, "Amos",
em La Sainte Bible, traduction française d'après les textes originaux, commentaire exégétique
et théologique, ed. L. Pirot e A. Clamer (Paris: Letouzey et Ané, 1961), 8:190; Kapelrud, Central
Ideas in Amos, 17-19; Ward, Amos & Isaiah, 99; Hauret, Amos et Osée, 17-18; Koch e
colaboradores, Amos, 2:67; Alfons Deissler, Zwölf Propheten: Hosea, Joël, Amos, Die Neue
Echter Bibel: Kommentar zum Alten Testament mit der Einheitsübersetzung (Würzburg: Echter
Verlag, 1981), 95; John H. Hayes, Amos, His Time and His Preaching: The Eighth-Century
Prophet (Nashville: Abingdon Press, 1988), 65-66; Andersen e Freedman, Amos, 219-222;
Paul, Amos, 41-42.
13.
Meir Weiss (The Bible from Within: The Method of Total Interpretation [Jerusalém: Magnes
Press, 1984], 219) argumentou fortemente contra qualquer noção de que Am 1.2 esteja
descrevendo uma cena de julgamento. Na sua análise desse verso, ele propõe que o mesmo
só fala acerca da revelação de YHWH e nada mais. A análise de Weiss ressalta vários
aspectos interessantes de Amós 1.2, mas nos parece um tanto "limitada" e mesmo
contraditória. Ele acentua demasiadamente os aspectos específicos do verso em Amós e de
seus paralelos bíblicos, Joel 4.16 e Jeremias 25.30, observando as diferenças que existem
entre eles. Weiss não aborda os muitos paralelos e conexões explícitas que existem entre
estes versos, os quais são muito mais numerosos que as diferenças. Ele se torna contraditório
ao reconhecer, por exemplo, que os versos em Joel e Jeremias tratam do juízo divino contra as
nações e contra Israel (ibid., 229, 236-237), mas nega qualquer noção de juízo em Amós 1.2
(ibid., 230, 238-240). Entre os versos em Amós, Joel e Jeremias existem muitas e fortes
conexões, como o tema geral de juízo contra as nações, a semelhança de metáforas, o uso de
uma mesma terminologia, referência a temas específicos, etc. Deveria o exegeta
desconsiderar estas claras conexões textuais e acentuar somente as dissemelhanças
existentes em cada verso? É claro que cada passagem tem o seu próprio contexto específico,
e aborda problemas que lhe são pertinentes, mas isto é suficiente para negar o inter-
relacionamento entre elas, ou, ao menos, o valor que cada uma tem para o esclarecimento das
outras? Quando uma linguagem imaginária tão específica como a de Amós 1.2 ocorre tão
poucas vezes em todo o Antigo Testamento, seria realmente prudente e sábio desconsiderar
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os seus paralelos bíblicos e analisá-la somente na base do seu contexto interno, como Weiss o
propõe?
14.
Ver, por exemplo, Dt 32 (especialmente os versos 6-14); Jz 2.1-3; Is 1.2-3; Mq 6.1-8
(especialmente os versos 4-5); Jr 2.4-13 (especialmente os versos 6-7).
15.
George E. Mendehall e Gary A. Herion, "Covenant", em Anchor Bible Dictionary, ed. David
N. Freedman e outros (New York: Doubleday, 1992), 11:1191.
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