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PHDA o Que Há de Novo No DSM V
PHDA o Que Há de Novo No DSM V
PHDA o Que Há de Novo No DSM V
Resumo
A Perturbação de Hiperatividade/Défice de Atenção (PHDA) caracteriza‑se
por manifestações comportamentais que afetam o normal funcionamento/
desenvolvimento da criança, do adolescente e do adulto, em diferentes
contextos de vida.
Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais5
(Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM), a PHDA apresenta
a robustez clínica necessária para ser considerada uma perturbação específica
do neurodesenvolvimento.
Neste artigo descrevemos as principais características da PHDA, valorizando
aspetos relacionados com a epidemiologia, semiologia, comorbilidades e
avaliação, mas sobretudo debatemos as alterações operadas aos critérios de
diagnóstico no DSM‑5, nomeadamente: especificadores, idade de início, ponto
de corte, e comorbilidade com Perturbação do Espectro do Autismo.
http://dx.doi.org/10.14195/1647-8614_49-2_4
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Abstract
The Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) is characterized by
behavioral manifestations that affect the normal operation/development of
children, adolescents and adults in different life contexts.
According to the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders6
(DSM), the ADHD presents the necessary clinical strength to be considered
a specific neurodevelopmental disorder.
In this article we describe the main characteristics of ADHD, highlighting
aspects related to epidemiology, symptomatology, comorbidity and evalua‑
tion, but above all we debate the amendments made to the diagnostic criteria
in the DSM‑5, namely: specifiers, age of onset, cutoff, and comorbidity with
Autism Spectrum Disorder.
Resumen
El Trastorno por Déficit de Atención/Hiperactividad (TDAH) se caracteriza por
manifestaciones conductuales que afectan el funcionamiento/desarrollo normal
del niño, del adolescente y del adulto en diferentes contextos de la vida.
De acuerdo con el Manual Diagnóstico y Estadístico de los Trastornos Men‑
tales7 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM), el TDAH
presenta la fuerza clínica necesaria para ser considerado un trastorno específico
del desarrollo neurológico.
En este artículo se describen las principales características del TDAH, desta‑
cando los aspectos relacionados con la epidemiología, sintomatología, la co‑
morbilidad y la evaluación, sino que debatimos las modificaciones introducidas
en los criterios diagnósticos en el DSM‑5, a saber: especificadores, edad de
inicio, punto de corte, y comorbilidad con Trastorno del Espectro Autista.
6 In this document we will follow the guidelines of the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
(DSM) of the American Psychiatric Association (APA), alluding to the version in Portuguese (DSM‑IV‑TR ‑ 4th
edition with text revised in 2002) in analogy to the 5th edition, also published in Portuguese, in 2014.
7 En este documento vamos a seguir las directrices del Manual Diagnóstico y Estadístico de los Trastornos
Mentales (DSM) de la Asociación Americana de Psiquiatría (APA), en alusión a la versión en Portugués
(DSM‑IV‑TR ‑ cuarta edición con texto revisado en 2002) en analogía con la quinta edición, también
publicado en portugués en 2014.
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Introdução
A Perturbação de Hiperatividade/Défice de Atenção (adiante designada por
PHDA)8, do inglês Attention Deficit Hyperactivity Disorder, comummente apelidada
entre nós de hiperatividade, é uma entidade clínica descrita pela primeira vez na
2.ª edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (adiante desig‑
nado por DSM), da American Psychiatric Association (adiante designada por APA)
e que sucessivamente tem vindo a ser alterada. Neste artigo procede‑se à análise
comparativa das 4.ª e 5.ª edições.
É consensual que a PHDA se manifesta nas diferentes culturas, em aproximada‑
mente 5% das crianças e 2.5% dos adultos, sendo mais comum no sexo masculino;
com uma proporção de 2:1 nas crianças e de 1.6:1 nos adultos (American Psychiatric
Association [APA], 2014; Erskine et al., 2013; Pastor & Reuben, 2008). Falamos,
indubitavelmente, de uma das condições neurodesenvolvimentais mais comuns e
investigadas da infância (Skounti, Philalithis, & Galanakis, 2007), cujos sintomas
têm peculiar impacto nas crianças em idade escolar (Daley, Jones, Hutchings,
& Thompson, 2009). Não obstante, as estimativas da prevalência da PHDA a nível
mundial são verdadeiramente heterogéneas, sendo que tal parece estar associado
às características metodológicas adotadas nos diferentes estudos. Objetivamente,
estes valores dependem da população em análise, dos critérios de diagnóstico uti‑
lizados, bem como das fontes informativas (e.g., pais, professores) (Skounti et al.,
2007). Com efeito, as taxas de prevalência alteram‑se significativamente em função
daquilo que é perguntado e das técnicas de recolha de dados empregadas, chegan‑
do a atingir variações na ordem dos 2% e 18% (Rowland, Lesesne, & Abramowitz,
2002). Porém, e apesar das diferenças já anunciadas, Polanczyk, de Lima, Horta,
Biederman e Rohde (2007) efetuaram uma revisão exaustiva de artigos relevantes
neste domínio, apontando para uma prevalência total da PHDA na população, na
ordem dos 5%. Por sua vez, as pesquisas de Polanczyk, Willcutt, Salum, Kieling e
Rohde (2014) aludem a uma constância deste valor, pois nas últimas três décadas
não tem havido nenhuma evidência para um aumento do número de crianças na
comunidade que satisfaçam os critérios para a PHDA, quando estabelecidos proce‑
dimentos padronizados de diagnóstico. Em Portugal, ainda não foram conduzidos
verdadeiros estudos epidemiológicos, mas temos alguns indicadores que convergem
com os dados definidos a nível internacional. Assim, alguns trabalhos realizados na
8 Em Portugal as designações para esta perturbação variam de livro para livro. Uma das terminologias
usualmente referida é a Desordem ou Distúrbio de Hiperatividade por Défice de Atenção. Não obstante, o termo
mais utilizado na literatura, e o descrito no DSM‑5 (APA, 2014), é a Perturbação de Hiperatividade/Défice
de Atenção (com a sigla que passaremos a utilizar adiante ‑ PHDA).
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de sujeitos diagnosticados com PHDA reúnem condições que satisfazem, pelo menos,
mais dois diagnósticos contemplados no DSM (Gillberg et al., 2004). Torna‑se assim
evidente que, no estabelecimento deste diagnóstico, seja numa criança, adolescente
ou adulto, o clínico responsável deverá sempre considerar a possibilidade da coexis‑
tência de outras perturbações. Entre as mais comuns, destaca‑se a Perturbação do
Comportamento e/ou Perturbação Desafiante de Oposição, que está presente em
cerca de 50% a 60% dos casos diagnosticados com PHDA (Faraone, Biederman,
& Monuteaux, 2002; Gillberg et al., 2004). As crianças com PHDA, associada à
Perturbação Desafiante de Oposição, denotam um risco mais elevado para apresen‑
tarem comportamentos antissociais e abuso de substâncias psicoativas em adultos
(Pliszka, 2003). Na idade adulta, 65% a 89% dos casos clínicos de PHDA padecem
de um ou mais distúrbios psiquiátricos, entre os quais sobressaem as perturbações
de humor, a perturbação bipolar, as perturbações de ansiedade/depressão e as per‑
turbações de personalidade (Cumyn, French, & Hechtman, 2009; Sobanski, 2006) e
esta combinação pode estar na origem do maior risco de tentativas de suicídio (APA,
2014). Do conjunto de investigações consideradas neste domínio ressalta também
a elevada associação entre a PHDA e as Dificuldades de Aprendizagem Específicas
(DAE) (Hallahan, Lloyd, Kauffman, Weiss, & Martinez, 2005). Neste contexto, uma
revisão efetuada por DuPaul, Gormley e Laracy (2013) de 17 estudos independentes,
realizados entre 2000 e 2011, revela uma percentagem de comorbilidade média entre
estas duas problemáticas de 45.1%, abarcando alunos com dificuldades ao nível da
escrita, matemática e leitura. Independentemente das nuances, mais ou menos evi‑
dentes, quanto às taxas de prevalência deste tipo de comorbilidade, referimo‑nos a
duas entidades nosográficas distintas (Pliszka, 2000). Por este facto, os especialistas
alertam para a necessidade de se adotarem medidas de diagnóstico e estratégias de
intervenção divergentes, que atendam às especificidades de ambas as perturbações
neurodesenvolvimentais (DuPaul, Gormley, & Laracy, 2013).
Com efeito, tanto a PHDA, como as DAE exercem uma influência negativa nas
aquisições académicas (Taanila et al., 2014). Na verdade, o insucesso académico é
uma característica comum nas crianças com PHDA e manifesta‑se desde o início
escolar (DuPaul, McGoey, Eckert, & VanBrakle, 2001), fazendo parte da “ementa”
académica ao longo do restante trajeto (Frazier, Youngstrom, Glutting, & Watkins,
2007). Efetivamente, a literatura revela que a PHDA está associada a resultados
escolares baixos, a competências pobres de leitura e matemática medidas em testes
padronizados, ao aumento da retenção escolar, bem como a uma maior referen‑
ciação de crianças para a educação especial (Loe & Feldman, 2007), factos estes
que permanecem até à idade adulta (Marks, Newcorn, & Halperin, 2001; Murphy,
Barkley, & Bush, 2002).
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Avaliação e diagnóstico
É fundamental uma avaliação rigorosa para um diagnóstico preciso e consequente
tratamento eficaz. Como afirma Selikowitz (2009/2010, p. 147) “O primeiro passo
para o tratamento da PHDA é a realização de um diagnóstico correto”. Porém, a com‑
plexidade de uma tarefa desta natureza exige uma avaliação detalhada, em função
do caráter idiossincrático de cada caso (Barkley & Edwards, 2006/2008).
ANO 49-2, 2015 81
Avaliação médica
Na suspeita de um possível caso de PHDA, é frequentemente ao médico de família
ou ao pediatra que os pais recorrem em primeiro lugar. No entanto, sublinha‑se a
importância da avaliação inicial ser efetuada por um médico com formação especia‑
lizada, nomeadamente um pediatra do desenvolvimento (especialista em problemas
de aprendizagem); um neuropediatra (com formação em desenvolvimento infantil,
capaz de reconhecer sintomas como resultado de disfunções neurológicas e não como
meros problemas do comportamento); ou um pedopsiquiatra (na existência de outros
sintomas associados, como por exemplo comportamentos bizarros, agressividade
excessiva, etc.) (Selikowitz, 2009/2010).
A American Academy Pediatrics (Associação Americana de Pediatria) (AAP,
2011) estabeleceu um manual para Avaliação, Diagnóstico e Tratamento na PHDA9,
com vista à uniformização das práticas clínicas neste campo. As suas ideias chave
serão diluídas ao longo da análise a este tópico, e sempre que esta ação se configure
pertinente.
A primeira regra é dirigida à atenção que todos os clínicos dos serviços de saúde
primários devem manifestar a qualquer criança (entre os 4 e os 18 anos) que ma‑
nifeste problemas assinaláveis ao nível académico, comportamental, de atenção,
hiperatividade ou impulsividade (AAP, 2011).
A avaliação médica inicia‑se após os critérios do DSM‑IV (agora DSM‑5) serem
cumpridos. Esta fase contempla um levantamento detalhado da história clínica e
social da criança, através de uma entrevista semiestruturada10 administrada aos
pais (nos adultos considera‑se que a informação recolhida é mais fiável pois é dada
na primeira pessoa). A entrevista, apesar das suas limitações, nomeadamente o
9 Note‑se que este guia teve como base o DSM‑IV‑TR, no que respeita ao manual de classificação ado‑
tado. No entanto, os seus autores antecipam algumas medidas condizentes com as preocupações tidas no
DSM‑5, nomeadamente a sensibilização para os clínicos considerarem a PHDA uma condição permanente
e, por isso, também passível de ser diagnosticada na idade adulta.
10 A entrevista semiestruturada desenhada por Taylor et al. (1986, 1991, citados por Fonseca et al., 1998)
para pais, Parental Account of Children´s Symptoms‑PACS, e a proposta por Barkley e Murphy (2006a),
Parent Report Form, são as que apresentam um cariz mais específico. A PACS foi traduzida para português
no âmbito da investigação desenvolvida por Fonseca et al. (1998).
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A avaliação psicológica
A avaliação psicológica, efetuada por psicólogos, consiste na aplicação de provas
e instrumentos devidamente aferidos para a população a que se destinam. Neste
âmbito, existem diferentes testes que podem integrar o protocolo de avaliação, com
destaque para a Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças (WISC – WISC‑III).
A importância das medidas de inteligência na avaliação neuropsicológica tem sido
destacada, e os resultados alcançados na WISC‑III permitem detetar as funções
neurocognitivas afetadas (Simões, 2002). Por outro lado, a análise do perfil de re‑
sultados obtidos apresenta alguma validade discriminante para efetuar o diagnóstico
11 As mais citadas são a BASC‑2, a CBCL, versões para pais e professores (Reynolds & Kamphaus, 2004;
Achenbach, 2001, citados por Barkley & Edwards, 2006/2008) e a escala Vanderbilt para pais e profes‑
sores (Wolraich et al. 2003; Wolraich, Feurer, Hannah, Baumgaertel, & Pinnock, 1998), cujas qualidades
psicométricas são reconhecidas. Mais especificamente vocacionadas para a avaliação dos sintomas nucle‑
ares da PHDA, surge a Conners Rating Scale‑Revised, para pais e professores (Conners, 2001, citado por
Barkley & Edwards, 2006/2008). As duas versões (pais e professores) das Escalas de Conners – Versões
Revistas: Forma Reduzida ‑ Conners Rating Scale‑Revised: Short Form, datadas de 1997, foram aferidas para
a população portuguesa (Rodrigues, 2007).
ANO 49-2, 2015 83
Em maio de 2013 foi publicada a sua quinta edição, tendo a versão portuguesa sido
publicada em outubro de 2014.
A descrição da PHDA foi atualizada no DSM‑5 (APA, 2014) para melhor caracte‑
rizar e diagnosticar os adultos com PHDA. A revisão efetuada é baseada em quase
duas décadas de pesquisas que mostram que a PHDA, embora seja uma perturbação
que se inicia na infância, pode continuar até a idade adulta.
Esta foi, indiscutivelmente, a alteração mais notória e com implicações no para‑
digma de referência a esta condição. Referimo‑nos ao facto de a PHDA no DSM‑IV
‑TR (APA, 2002) ser incluída na secção referente às “Perturbações que aparecem
Habitualmente na Primeira e na Segunda infância ou na Adolescência”, enquanto no
DSM‑5 é integrada nas “Perturbações do Neurodesenvolvimento”, assumindo‑se ine‑
quivocamente que a sua etiologia é neurobiológica. Esta mudança de paradigma é por
nós salientada, pois, após muitos anos de pesquisa, foram‑se acumulando evidências
sobre o carácter permanente da PHDA ao longo da trajetória desenvolvimental.
Em seguida, analisamos criticamente as principais semelhanças e diferenças em
relação ao DSM‑IV‑TR:
ii. São utilizados os mesmos dezoito sintomas, sendo que, para a reali‑
zação do diagnóstico nos adolescentes (acima dos 17 anos) e adultos,
em vez de se impor a presença de seis ou mais sintomas reduzem‑se
para cinco. Nas crianças este critério não sofre alteração.
passo que 95% reportaram o aparecimento destes sintomas antes dos 12 anos
(Kessler et al., 2005). Por outro lado, o estudo longitudinal de Polanczyk et al. (2010)
demonstrou não existir um aumento significativo da prevalência de casos de PHDA,
quando utilizado o critério dos 12 anos de idade.
Sendo assim, e particularmente no diagnóstico aos adultos, os especialistas
podem concentrar‑se na documentação dos sintomas que têm início na média in‑
fância ou início da adolescência, sem terem de analisar todo o percurso do paciente
antes dos sete anos de idade. Não obstante, a exigência de que vários sintomas se
manifestem antes dos 12 anos reforça a importância clínica evidente nesta etapa do
desenvolvimento (APA, 2014).
Conclusão
A PHDA é uma das problemáticas do desenvolvimento infantil mais investi‑
gadas, que tem suscitado interesse ímpar nos últimos anos por parte de médicos,
psicólogos, professores, educadores. Sabe‑se hoje que se trata de uma perturbação
de etiologia neurobiológica, de caráter permanente, com particular incidência na
infância, mas que se manifesta igualmente na idade adulta. A despeito de avanços
científicos significativos nesta matéria, e da sua ampla difusão em diferentes qua‑
drantes da comunidade (e.g., famílias, escolas, universidades, serviços de saúde),
referimo‑nos ainda a uma temática inundada de mitos e mal entendidos, que urge
serem dissipados, para que a pessoa com PHDA seja mais bem compreendida, mas
também tratada. Neste âmbito, a escola assume particular relevância e uma posição
decisiva na vida das pessoas com PHDA, pois reconhece‑se que uma sinalização e
intervenção precoce são fundamentais para o seu prognóstico. O desenvolvimento
de conhecimentos e competências acerca desta temática em psicólogos, profes‑
sores, técnicos de educação especial e outros agentes educativos, reveste‑se de
primordial importância, na medida em que o espaço escolar, principalmente a sala
de aula, é um ambiente especialmente comprometedor para estes alunos, onde os
sintomas da PHDA se manifestam com maior intensidade. Importa, por isso, dotar
os profissionais da educação de um conjunto de ferramentas que permitam uma
sinalização eficiente e atempada, e capacitá‑los, simultaneamente, para o exercício
de uma prática pedagógica eficaz.
Como se descreveu anteriormente, o diagnóstico da PHDA é essencialmente
clínico e sustentado em critérios comportamentais (sintomas específicos e bem
definidos), cuja gravidade, frequência e duração causam prejuízo significativo no
funcionamento familiar, académico, laboral e social nas diferentes fases da vida das
pessoas. A utilização dos critérios diagnósticos mais atuais, de acordo com as normas
profissionais estabelecidas de diagnóstico, é essencial. Numa análise retrospetiva
verificamos que o DSM‑IV‑TR está “formatado” para o diagnóstico da PHDA nas
crianças, não facultando diretrizes objetivas para o diagnóstico dos adolescentes
e adultos. Por sua vez, o DSM‑5 vem dar resposta a esta última questão, reconhe‑
cendo a legitimidade do diagnóstico da PHDA na idade adulta e operacionalizando
os seus critérios.
As alterações efetuadas no DSM‑5, principalmente em relação ao critério da
idade, suscitaram alguma apreensão, nomeadamente a possibilidade de conduzirem
a um sobrediagnóstico da PHDA. Uma vez que os critérios para o diagnóstico aos
adultos são menos exigentes no DSM‑5, é legítimo supor um aumento significativo
da prevalência nesta população e a possibilidade da ocorrência de falsos positivos.
88
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