Apocalipse e Escatologia
Apocalipse e Escatologia
Apocalipse e Escatologia
APOCALIPSE / ESCATOLOGIA
BIBLIA
Edição 2012
AEADEPAR - Associação Educacional das
Assembleias de Deus no Estado do Paraná
85980-000 - Guaíra - PR
E-mail: ibadep@ibadep.com
Site: www.ibadep.com
Lição 1
Apocalipse: 1a Parte
13
última batalha e os acontecimentos que causarão a
destruição final das forças malignas.
Ele providenciou o carneiro como sacrifício
substitutivo em lugar de Isaque, é "O Cordeiro de Deus
que tira o pecado do m u n d o ", cordeiro que vencerá e
abrirá os selos que colocará em ação os eventos finais da
história humana.
Aquele que em companhia de dois anjos
visitou Abraão em Manre e ordenou a destruição das
cidades de Sodoma e Gomorra, salvando Ló e suas filhas,
é o mesmo, em meio a inumeráveis hostes de anjos,
ordenará as pragas e castigos que destruirão os rebeldes
ao acontecerem os castigos dos selos, das trombetas e
das taças da ira.
Deus estava no topo da escada que ia da terra
ao céu e anjos subiam e desciam por ela, é o mesmo que
disse a Natanael que no futuro ele veria o céu aberto e os
anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do
Homem (Jo 1.51).
Aos judeus do Concilio afirmou em ser o Filho
do Deus Bendito e disse que haveriam de ver o Filho do
Homem assentado à direita do Todo- Poderoso, vindo
sobre as nuvens do céu (Mc 14.62).
Ele que um dia veremos sobre o trono
excelso1, com milhões e milhões de anjos e de remidos ao
Seu redor, adorando-o, e Ele mesmo ordenará o
desenvolvimento dos acontecimentos finais.
O Apocalipse é o último livro do Novo
Testamento, singular entre os demais. Ele é, ao mesmo
tempo: s Uma revelação do futuro (Ap 1.1,19);
S Uma profecia (1.3; 22.7,10,18,19); e S Um conjunto
de sete cartas (1.4,11; 2.1-3.22).
1 A l t o , e l e va d o ; s u b l i me . Ex c e l e n t e , a d mi r á v e l .
14
Apocalipse deriva da palavra grega
'apocalupsis', traduzida por revelação em Apocalipse
1. 1. É uma revelação divina quanto à natureza do seu
conteúdo, uma profecia quanto à sua mensagem e uma
epístola quanto aos seus destinatários.
Cinco fatos importantes no tocante ao contexto
deste livro são revelados no capítulo 1.
O Propósito
O Apocalipse tem por finalidade dar ao
mundo uma última declaração divina de que Jesus é o
Filho de Deus e há de triunfar sobre todo inimigo e será o
Governador do Universo durante a eternidade.
O Apocalipse anunciao últimoconvite escrito por
inspiração divina, chamando aos pecadores a
reconciliarem-se com Deus pormeio da fé em Jesus Cristo.
A admoestação é feita às nações e seus reis:
"Beijai o Filho" (SI 2.10-12). Neste convite de graça (Ap
22.17), há também o aviso da mais triste
15
e irrevogável sentença: "Quanto,porém, aos covardes,
incrédulos, abomináveis1, assassinos, impuros, feiticeiros,
idólatras e todos os mentirosos, a parte que lhes cabe
será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a
segunda morte" (Ap 21.8).
A escolha será: "Venha... receba de graça" (Ap
22.17) ou "será lançado para dentro do lago de fogo" (Ap
20.15).
Na presença de Cristo não entra nenhuma
cousa imunda, ou seja, é preciso lavar nossas vestes no
sangue do Cordeiro (Ap 22.14; 12.11; 7.9-17). Ficarão de
fora os que têm prazer nos deleites carnais.
Aos crentes, esta profecia tem um propósito
duplo de admoestação e de alento. Repreende e anima,
esquadrinha e exorta. Incentivando e estimulando a
serem santos e ativos diante de Deus, gratos pela
salvação e a bem-aventurada esperança. Não apóia a
idéia errônea de que a salvação eternadas almas é determ
pelas obras feitas pelo indivíduo. A sua relação com o
Cordeiro de Deus é indispensável.
A maneira de ensinar os cristãos é por
meio dejuízos diretosrelacionados com as sete igrejas da
Ásia; o Senhor Jesus Cristo elogiando ou censurando, os
ensinamentos proféticos do futuro, findando com a
descrição do Juízo Final e visão da Cidade Eterna, a Nova
Jerusalém, com seu divino Rei.
Todas as divisões do livro têm suas lições para
o salvo hodierno2. Observando o que o Senhor Jesus
Cristo elogia ou censura nas igrejas, notamos o que lhe
agrada ou não.
16
Reconhecendo a parte que teremos nos
eventos celestiais como remidos, veremos que convém
aprender agora a louvar ao Senhor Jesus e dar-lhe glória.
Aqui mesmo nos entregamos à tarefa de
aprender como viver devidamente na presença de Deus,
sabendo que os Seus olhos vêem a todos os nossos atos.
Desta forma saberemos viver naquela cidade onde não há
necessidade de sol, lua ou lâmpada, pois a glória de Deus
a ilumina (Ap 21.23). O Cristo, Juiz do capítulo 1, é o
Cordeiro iluminador do capítulo 21!
Quando habitarmos a Nova Jerusalém, teremos
deixado para trás tudo o que é mau e indigno. O Espírito
Santo nos revela o futuro neste livro, ao mesmo tempo
Ele opera em nossas mentes produzindo os resultados
que deseja. O cristão deve pensar que nessa ocasião ele
é um santo preparado para habitar as mansões celestiais.
Esta é outra prova da graça divina e que o Espírito Santo
mora no crente.
Outra maneira que este último livro da Bíblia
ajuda o cristão é revelando minúcias acerca do futuro.
Apresenta um panorama ou perspectiva dos eventos do
fim da História que, de outro modo, o estudante da
Palavra não teria.
Embora ele faça uso de uma linguagem
figurada e de símbolos, em sua maioria são explicados
aqui mesmo e nas Escrituras Sagradas.
Uma verdade de importância sem igual se
destaca entre as coisas simbólicas e figuradas,
impressionando a pessoa cada vez que lê o Apocalipse, é
esta: Jesus Cristo é o Vencedor! Vencerá todos os
inimigos! Levará o plano divino à sua apoteose1
triunfante!
1C o n j u n t o de ho nr a s ou h o m e n a g e n s t r i b u t a d a s a a l g u é m . G l o r i f i c a ç ã o ;
esplendor.
17
A presença deste livro no cânon do Novo
Testamento é justificada pela mensagem que anuncia. O
Evangelho de João 14.1-3 diz que o Salvador prometeu
aos Seus voltar para levá-los, a estarem com Ele no lugar
que Ele mesmo prepararia.
Exortou-lhes ter nEle a mesma fé que tinham
em Deus, evitando a perturbação que estava sujeita. Nos
últimos capítulos do Apocalipse, lemos sobre o lugar que
o Redentor está preparando para os Seus. Que gloriosa
cidade! Ler sobre a Nova Jerusalém é desejar alcançá-la.
O mesmo autor diz que ainda não se
manifestou o que nós, filhos de Deus, havemos de ser,
mas sabemos que quando Ele Se manifestar, seremos
semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é (lJo
3.2).
No Apocalipse, João descreve a maneira como
Cristo há de manifestar em forma visível e gloriosa. Que
satisfação deve ter sentido o apóstolo do Senhor ao
receber esta revelação mais plena e ser comissionado a
escrevê-la para torná-la conhecida das igrejas da Ásia
Menor.
Há outras declarações no Evangelho de João
acerca do futuro e este livro propõe a ampliar. Exemplo:
João 3.16 fala da maneira de receber a vida eterna, e não
perecer. Que quer dizer essas frases? No Apocalipse há
mais detalhes acerca desta vida perene ou perdição.
João 11.25-26 ensina o mesmo acerca da
ressurreição ou do arrebatamento, Paulo em I
Tessalonicenses 4 e 5 confirma, e está de acordo com
este último livro profético, isto é, que só os crentes terão
parte na felicidade eterna. Também Cristo mencionou a
Sua volta em João 14.28. Veja-se João 6.40,44,54.
O aspecto mais amplo do futuro que é
mencionado no Quarto Evangelho que ocupa a maior
18
parte deste livro final é o juízo em relação a Jesus Cristo.
É verdade que o Senhor não veio para condenar (ou
julgar, que é a palavra original), mas para salvar o
mundo (Jo 3.17). Ele disse em João 8.15: "Eu a ninguém
julgo". Mas, diz em João 5.21- 22 e 26-29 que o Pai
entregou ao Filho toda autoridade divina para julgar.
Virá o tempo em que Ele chamará a juízo todos
os seres humanos e separará os salvos dos condenados.
Em João 8.26 o Senhor diz: "Muitas coisas tenho para
dizer a vosso respeito e vos julgar".
A maior parte do Apocalipse mostra Jesus
Cristo entronizado e julgando os habitantes deste mundo.
No primeiro sermão que fez na sinagoga de Nazaré, Jesus
disse que havia vindo para "apregoar o ano aceitável do
Senhor" citando Isaías 61.2 (Lc 4.19). E no Apocalipse
vemos que chegou o tempo a que se refere o resto de
Isaías 61.2 "o dia da vingança do nosso Deus".
Em Amós 5.18-20 diz "Ai de vós que desejais o
dia do Senhor! Para que quereis vós este dia do Senhor?
Trevas será e não luz". Veja Sofonias
1. 14; 2.2.
Nos capítulos 2 e 3 do Apocalipse o juízo
começa com a casa de Deus (lPe 4.17-18). Mas, de
Apocalipse 6.1 até 19.21 lemos sobre um juízo após
outro, um castigo, uma praga, uma dor, uma pestilência,
etc, cada vez mais severos, até que os homens busquem
a morte, mas esta se distancia deles. Além disto, virá
após o reino milenar, o tempo do juízo final, Cristo
assentado sobre o Grande Trono Branco, todo o mundo
diante dEle, para o juízo definitivo.
Por esta razão o Apocalipse é chamado de livro
de juízo, de vingança, de terror. Muitos não enxergam
nele mais que castigos, pragas e têm idéia
19
que Deus dará um fim à história humana, fazendo que
todo o mundo sofra grandes penas.
O evento descrito no capítulo 19 mostra os
santos e os seres celestiais alegres ao ver o julgamento
da grande prostituta dizendo: Aleluia... Verdadeiros e
justos são os seus juízos, pois julgou...
O objetivo deste livro é dar ao mundo a
mensagem divina de que o fim de todas as coisas se
aproxima. As condições atuais não continuarão sempre
assim. A paciência de Deus não durará eternamente. O
dia do juízo é inevitável.
O diabo e os seus perderão a batalha e
sofrerão eterna perdição. Jesus Cristo gozará a vitória
que obteve na cruz e com os Seus reinará eternamente.
Está decidido, que é o Cordeiro e não a besta
ou dragão que será coroado Vitorioso e Vencedor. A
santidade dominará o Reino perene1, enquanto a maldade
deixará de existir. Que propósito digno para este
importante livro final!
Autor
20
escrevendo o Apocalipse perto do fim do reinado de
Domiciano, Imperador romano (81-96 d.C.).
O livro retrata as circunstâncias históricas do
reinado de Domiciano, que exigiu aos seus súditos1 que
lhe chamassem de "Senhor e Deus". Sem dúvida, o
decreto do Imperador estabeleceu um confronto entre os
que dispunham a adorá-lo e os crentes fiéis que
confessavam que somente Jesus era "Senhor e Deus".
Destarte2, o livro foi escrito num período em
que os crentes enfrentavam intensa perseguição por
causa de seu testemunho. A tribulação é demonstrada no
contexto do livro de Apocalipse 1.19; 2.10,13; 7.14-
17;11.7; 12.11,17; 17.6; 18.24; 19.2; 20.4.
1 Que está s u b m e t i d o à v o n t a d e de o u t r e m; s uj ei t o.
2 Por esta f o r ma ; d e s t e modo; as s i m. A s s i m s endo; d i a n t e di st o.
21
tema predileto. Um homem ideal para transmitir a
revelação que o Senhor deu a ele em Patmos.
A idéia que havia outro ancião chamado João
que escreveu o Apocalipse parece-nos fantasiosa. Dizer
que algum anônimo o fez e atribuiu ao apóstolo a fim de
assegurar a sua aceitação é uma conjectura.
Por que não crer na declaração do próprio
livro? A lógica é aceitar que o autor é o mesmo apóstolo
e, por conseguinte, crer também que ele foi inspirado,
como afirmou.
João não pretende que a obra seja produto da
sua própria sabedoria. Afirma ter recebido a revelação de
Jesus Cristo. Escreveu o que lhe foi ordenado. Temos
aqui, portanto, a "Revelação de Jesus Cristo, que Deus
lhe deu... notificou ao seu servo João" (Ap 1.1). "E eu,
João" (Ap 22.8).
A referência histórica mais recente ao
Apocalipse encontra-se nas obras de Justino Mártir (135
d.C.), por volta da metade do século II. Ele citou que foi
escrito por João, apóstolo de Jesus Cristo (Diálogo com
Trifon, pág. 81 - Citado por Tenny Interpreting
Revelation, pág. 16).
Irineu cita cinco passagens e declara que João
foi o autor. Também, Pápias, Clemente de Alexandria,
Teófilo de Antioquia, Pastor de Hermas, O Cânon
Muratório, provando que nos fins do século II, o
Apocalipse de João era aceito como livro apostólico, como
parte legítima do cânon do NT.
Os outros livros apocalípticos foram rejeitados.
As igrejas orientais não aceitaram o Apocalipse no cânon
até o quarto século, isto é, não todas as igrejas desde o
princípio. Mas, a decisão final foi favorável ao Apocalipse
e contra os escritos em estilo similar.
Um mesmo autor pode usar estilos diferentes
quando escreve. E é certo que a
22
linguagem é a da época da Igreja Primitiva, pois não
durou muito a influência do aramaico sobre ela. E há
críticos que alegam que o grego do Apocalipse prova que
ele foi escrito antes da queda de Jerusalém no ano 70.
Questionário
23
Marque "C" para Certo e "E" para Errado
24
Data
0 livro em si não oferece muita evidência
acerca da data exata em que foi escrito. (A idéia que
Apocalipse 13.18 se refere a Nero, porque o seu nome
Neron Kesar em hebraico pode ser escrito de tal maneira
que o valor numérico das letras seja 666, não é
razoável).
Tampouco é certo que as referências ao
templo como se ainda estivesse de pé sejam prova de
que o livro foi terminado antes da destruição de
Jerusalém. Pode referir-se a outro templo futuro.
A favor da data comumente aceita pelos
evangélicos de teologia conservadora, ao redor do ano 90
ou um pouco mais tarde, há várias considerações. O
próprio texto oferece um testemunho que merece séria
atenção, ao procurarmos descobrir a data da sua origem.
Os dois capítulos em que constam as cartas às
igrejas, o segundo e o terceiro, descrevem uma condição
de decadência que viria após um período de
desenvolvimento e maturidade.
Este estado de cousas não podia ter
prevalecido durante o Império de Nero. Não havia
transcorrido tempo suficiente depois do estabelecimento
daquelas igrejas, pelo apóstolo Paulo. Além disto, a
evidência externa é a favor de uma data posterior, na
última década do primeiro século.
Irineu diz especificamente que o Apocalipse foi
escrito durante o reinado do Imperador Domiciano (81 a
96 depois de Cristo). Este último dos Césares podia muito
bem ter sido o que desterrou1 o velho apóstolo João para
a ilha de
25
Patmos. Vitoriano, Eusébio e Jerônimo estão de acordo
com Irineu.
Não há dúvidas de que o autor do Apocalipse
estava familiarizado com o Antigo Testamento, as
Escrituras Sagradas do judaísmo. Considerando a
existência de muitos escritos neste estilo, como o
chamado Apocalipse de Pedro, outro de Paulo, de Esdras,
de Elias, de Zacarias, etc, destaca-se que o livro do
Apocalipse foi realmente escrito pelo apóstolo João, o
discípulo amado.
É lógico deduzir que o Apocalipse foi escrito
quando começaram as perseguições em todo o Império
Romano.
Havendo em circulação várias obras de cunho
apocalíptico, não é estranho que em tempos de
perseguição, esta mensagem às igrejas tomasse este
estilo de comunicação, embora seja uma literatura
diferente e empregue um vocabulário distinto, especial.
O apóstolo João conhecia bem as igrejas da
Ásia Menor. Sabia da preocupação dos irmãos,
especialmente dos pastores, ao ver o princípio da
perseguição imperial.
Onde está Cristo? Que prometeu: As portas do
inferno não prevaleceriam contra a Sua Igreja? Ele havia
vencido o mundo, e que o Pai lhes daria o Reino? E a
vinda do Senhor em glória? Qual era a responsabilidade e
maneira de proceder da igreja, naquelas circunstâncias?
Estas perguntas reclamavam uma mensagem
divina para aquela época, alguma resposta autorizada,
antes de encerrar-se o cânon do Novo Testamento.
Domiciano, o último dos doze Césares, que
reinou até o ano 96, começou, no fim do seu reinado, a
perseguir os cristãos. O governo percebia
26
que o cristianismo não era simplesmente uma seita do
judaísmo, sem importância, mas um poder que rivalizava
com o próprio Império na demanda da lealdade dos
homens.
Roma decretou a adoração do imperador como
deus visível, que supria as necessidades e outorgava
benefícios ao povo nas festas, corridas e lutas no estádio.
Os cidadãos e escravos estavam acostumados
a adorar deuses de madeira, gesso, pedra e metais. Não
lhes era difícil acrescentar outro deus à lista de
divindades, especialmente um que era visível, de
reconhecido poder e autoridade, capaz de fazer bem ou
mal.
Mas, o Evangelho fazia discípulos e estes
recusavam a dobrar os joelhos diante do Imperador e a
adorar a sua imagem. Não sacrificariam animais nos
altares pagãos. Reconheciam somente a Jesus Cristo nos
céus como seu Senhor e Salvador de suas almas.
Roma não podia permitir tal atitude de
desobediência a suas leis e costumes. Percebeu a
incompatibilidade entre o cristianismo e as outras
religiões. Embora os cristãos não usassem armas carnais
para propagar a sua fé, o Imperador temeu uma
revolução civil como resultado de tais ideologias.
Verifica-se, que no tempo de Domiciano, as
igrejas no Império estavam em perigo, e u rgia1 a
necessidade de uma nova luz e uma visão renovada da
sua gloriosa esperança e destino. Por esta razão também
cremos que o Apocalipse foi escrito pelo apóstolo João na
última década do primeiro século da nossa dispensação.
27
Interpretação
O Apocalipse é o livro do NT que mais se
encontra dificuldades em sua interpretação. Os leitores
originais provavelmente entenderam a sua mensagem
sem muita dificuldade, porém, nos séculos subseqüentes
surgiram quatro escolas principais de interpretação deste
livro, a saber:
28
s 0 apóstolo João escreve que "para isto Se
manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras
do diabo" (lJo 3.8).
s 0 apóstolo Pedro ensina que "Cristo morreu, uma
única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos,
para conduzir-vos a Deus" (lPe 3.18).
s Paulo diz: "Deus, que nos reconciliou consigo
mesmo p or meio de Cristo" (2Co 5.18).
1 Q u a l i d a d e ou p r o p r i e d a d e de ef i c az; e f i c i ê n c i a .
29
mas também por tê-lo merecido e pelo que fez; não
unicamente como Filho de Deus, mas por ser o Filho do
homem; não só como a Segunda Pessoa da Trindade, mas
porque é o que veio em carne, foi morto, sepultado,
corporalmente ressuscitado, e em corpo glorificado
ascendeu ao Pai.
Por toda eternidade Ele será o Deus revelado,
o Deus visível, o Cordeiro de Deus que foi morto, mas
não pode morrer mais, porém antes, venceu a morte.
Vive Eternamente. É o Cristo porque é Jesus e é Deus.
A exaltação de Jesus Cristo que esvaziou a Si
mesmo é a mensagem principal deste precioso livro que
encerra o cânon da Palavra de Deus.
A Revelação
(Ap 1.1-8)
30
João em Patmos - Mensagens às Igrejas
(Ap 1.9-20)
31
Apocalipse (Ap 22.18-19), que adverte sobre o
julgamento futuro e pronuncia uma bênção sobre todos
os que perseveram nos momentos de tribulação e morrem
fiéis ao Senhor (Ap 14.13).
O Apocalipse cheio de autoridade não é um
mistério literário para quem está lutando para sobreviver
em uma época difícil de perseguição e sofrimento. É uma
exortação às igrejas para permanecerem fiéis a Jesus
Cristo, perseverarem firmes nos momentos de tribulação,
sabendo que Cristo é o Senhor das igrejas, aquele que
anda entre os sete candeeiros de ouro (Ap 1.13; 2.1).
Entre os sete candeeiros de ouro, João viu no
meio deles um "semelhante ao Filho do Homem" vestido
até aos pés, usando um cinto de ouro em torno do peito
(diferente do trabalhador que usava o cinto mais
embaixo, em torno da cintura, para poder prender a ele
as pontas da capa enquanto trabalhava).
Como o ancião de dias em Daniel 7.9-10, esse
personagem glorioso tinha cabelos "brancos como alva
lã, como neve" (Ap 1.14). Seus olhos, com poder
penetrante para julgar e discernir, eram como uma
chama de fogo. Seus pés, provavelmente aludindo a
Daniel 10.6, eram como bronze polido. Sua voz, que João
já comparara ao som de uma trombeta, como o som de
muitas águas, semelhante à descrição da voz de Deus em
Ezequiel 43.2.
Na mão direita ele tinha sete estrelas, que
eram os anjos das sete igrejas (Ap 1.20). De sua boca
viu saindo uma espada de dois gumes para ferir as
nações (Ap 19.15), servindo de advertência às igrejas
que ele é o Senhor do julgamento (Ap 2.12).
J oão, vencido por essa visão do Filho do
Homem cai u aos seus pés, como morto. O Glorioso,
porém, pôs a mão direita sobre ele e disse: "Não
32
temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive"
(Ap 1.17-18).
Essa definição é sinônima do título Alfa e
Ômega dado ao Senhor Deus em Apocalipse 1.8. 0 "Eu
Sou" de Êxodo 3.14 com a descrição do Senhor,
o rei de Israel, Deus. Igual a Ele não existe outro (Is
44.6). Que foi morto, mas agora está vivo para sempre
(Ap 1.18).
Ele é o Senhor Jesus Cristo ressurreto. Apesar
de "nascido de mulher, nascido sob a lei" (Gl 4.4) por
isso, suscetível1 e vulnerável2 à morte, Jesus, depois de
passar pelo sofrimento da morte, ressuscitou para a vida
absoluta e nunca mais pode morrer (Rm 6.9; Hb 7 .1 6
25).
Cada característica na descrição que João faz
do Cristo ressuscitado indica a presença de poder e
majestade. Aquele que vive instruiu João escrever e
relatar as coisas que vira e haveria de ver, "das que hão
de acontecer depois destas" (Ap 1.19).
1 P as s í v e l de r e c e b e r i mp r e s s õ e s , m o d i f i c a ç õ e s ou a d q u i r i r q u a l i d a d e s ;
capaz.
2 Di z - s e do l ado f r ac o de um a s s u n t o ou de uma q u e s t ã o , ou do ponto
pel o qual a l g u é m po de s er a t a c a d o ou f er i do.
33
se. As igrejas de Esmirna e de Filadélfia, porém, para as
quais o Senhor elogiou, a exortação era que
permanecessem firmes (Ap 2.10; 3.10-11).
Cada carta conclui, nem sempre na mesma
ordem, com uma exortação para ouvir o que o Espírito diz
às igrejas e com uma promessa de recompensa para o
"vencedor", isto é, aquele que prevalece por perseverar
na causa de Cristo.
À igreja de Éfeso (Ap 2.1-7) é dito que retorne ao
primeiro amor, ou o seu candeeiro seria retirado do
seu lugar, punição que implica a morte da igreja,
mesmo que não indique perda individual da salvação
eterna.
A igreja de Esmirna (Ap 2.8-11) foi amavelmente
incentivada a ser fiel até a morte.
As igrejas de Pérgamo (Ap 2.12-17) e Tiatira (Ap
2.18-29) foram advertidas com ternura a tomar
cuidado com os falsos ensinos e as ações imorais.
A igreja de Sardes (Ap 3.1-6) é chamada a despertar
e a completar seus atos de obediência.
A igreja de Filadélfia, perseguida pela sinagoga local
(Ap 3.7-13) recebe a promessa, que a fé em Jesus lhe
daria acesso ao reino eterno. Somente Cristo tem a
chave de Davi e a porta que Ele abre ninguém pode
fechar.
E a igreja de Laodicéia (Ap 3.14-22) recebe a ordem
de não se enganar e de arrepender-se da sua
mornidão.
34
Menor. Todavia, por m ais representativas que possam
ter sido, as sete igrejas eram igrejas que conheciam
João, e este, instruído pelo Senhor ressurreto escreveu
essas palavras de advertêhcia e de esperança.
Alguns comentaristas referem-se às sete
igrejas como sete épocas da história do mundo, mas não
há o mínimo indício no texto que as sete igrejas devem
ser entendidas dessa forma. Trata-se, na verdade, uma
maneira errada de ver a história da Igreja; o propósito é
fazer as cartas às sete igrejas parecerem profecias de
sete épocas da história do mundo.
Não há nenhum indício no texto de que João
queria que entendêssemos as sete cartas dessa maneira.
É notório que as cartas foram escritas e enviadas às
igrejas locais, estabelecidas e envolvidas em lutas,
tribulações, demonstrando a fé e perseverança em meio à
perseguição.
Questionário
38
ascensão de Jesus é sua entronização como Senhor
celeste (At 2.33-36; Ef 1.20-2.31; Cl 1.18). Ele agora
recebeu poder para executar as decisões judiciais de
Deus.
Ele é digno de tomar o livro, porque foi morto
(Ap 5.9,12). Sua morte redentora, isto é, sua obediência
à vontade de Deus, revelou-o como qualificado para o
papel de Senhor celeste.
Ele "venceu" (Ap 5.5), palavra usada por João
para descrever o sofrimento triunfal de Jesus e sua
subseqüente1 entronização (veja Ap 3.21), que lhe
permite agora como Senhor celeste, assumir o papel de
agente e executor divino.
Todo o poder no céu e na terra lhe foi dado
(Mt 28.18). Ele pode abrir o livro e os sete selos de juízo,
executando assim os propósitos do Soberano Deus
Criador. Com sua entronização, os céus se alegram (Ap
5.8-14; 12.5-12), porque Ele é digno, e o povo de Deus
agora tem seu Salvador reinando.
Os Sete Selos
(Ap 6. 1- 8. 5)
A abertura dos primeiros quatro selos mostra
quatro cavaleiros de diferentes cores (Ap
6.1- 8). Esses cavaleiros, no mesmo espírito do caos
predito em Marcos 13, representam os juízos de Deus por
meio de guerras (Ap 6.2) e conseqüências sociais
devastadoras, a saber: violência (Ap 6.3-4), fome (Ap
6.5-6), epidemias e morte (Ap 6.7-8).
O quinto selo (Ap 6.9-11) fala do clamor por
justiça dos santos martirizados em relação aos
opressores. Recebem a resposta de que, por enquanto,
precisam esperar, pois o número de mártires do povo de
Deus ainda não está completo.
39
Uma análise atenta do sexto selo (Ap 6.12) é
importante para compreender a estrutura literária e a
seqüência de episódios do Apocalipse.
Ao ser aberto, o sexto selo faz surgir os sinais
do fim: um grande terremoto, escurecimento do sol, lua
que se torna avermelhada ("como sangue") e a queda das
estrelas do céu (Mt 24.29- 31; Mc 13.24-27).
Ao ler poucos capítulos do Apocalipse e já
somos levados aos acontecimentos finais. O Céu é
enrolado como um pergaminho; montanhas e ilhas são
abaladas. Os poderosos e os insignificantes da terra
percebem que chegou o grande dia da ira de Deus (e do
Cordeiro) e que nada pode salvá-los (Ap 6.14-17).
O terremoto neste livro é um sinal que sempre
indica a destruição que precede imediatamente o fim
(veja Ap 8.5; 11.13,19; 16.18- 19) da história e a
manifestação do Senhor.
Referências a terremotos em lugares
estratégicos de Apocalipse não significam que a história
em si chega várias vezes ao fim, mas que João empregou
a conhecida técnica literária da "recapitulação" (veja Gn
1-2), isto é, contar de novo a mesma história por
"ângulos" diferentes, focalizando outras dimensões e
personagens da mesma história. Desta forma somos
levados, repetidas vezes em Apocalipse ao fim da história
e à época da volta de Cristo.
João, porém, guardou sua última descrição (e
mais completa) do fim do mundo até a última parte do
seu livro (Ap 19.1-22.5). Usou a técnica literária da
repetição (entre outras) a fim de preparar seus leitores
para os traumas e esperanças da história humana, para o
julgamento que viria pelas mãos do Cordeiro de Deus
entronizado (Ap 6.1 -17, pensando na proteção do se
povo I Ap 7.1-17;11.1)
40
e na responsabilidade que tinha de dar testemunho sobre
ele na terra (Ap 10.1-11.13), no propósito redentor do
julgamento (Ap 8.6-9.21), na perseguição futura (Ap
11.7; 12.1-13.18)e no caráter definitivo do juízo de Deus
(Ap 15.1-18.24).
João tinha muito a explicar a respeito do
sofrimento dos santos e do triunfo aparente do mal, que
parecem negar a confissão do cristão de que Cristo foi
ressuscitado e entronizado como Senhor.
Será que ele protege mesmo o seu povo? Será
que voltará realmente? Por que temos de sofrer, e "até
quando, ó Soberano Senhor" (Ap6.10), temos de
esperar?
Os caminhos misericordiosos e misteriosos de
Deus para a raça humana exigem que se conte a história
humana sob vários pontos de vista. Para certeza que a
condenação ou salvação vem e é por meio de Jesus
Cristo.
A descrição dos juízos iniciados com a abertura
dos primeiros seis selos certamente deixou atônitos1 os
leitores de João, mas a ira final não é o destino do povo
de Deus (veja Rm 8.35,39; lTs 5.9). João interrompendo
a seqüência de juízos que levavam ao sétimo selo nos
lembra de que o povo de Deus não precisa entrar em
desespero, pois "os servos do nosso D e u s " (Ap 7.3) têm
por promessa: o Céu.
42
Salvar-se-á Alguém no Período da Grande
Tribulação?
1 E s c o n d e , e n c o b r e ; o b s c u r e c e , o f us c a; v e n c e ; ex c e de ; s o b r e p õ e .
43
Não há dúvida que haverá salvação no período
da Grande Tribulação, porque ouvirão a Palavra de Deus,
e é por meio dela que o homem recebe o conhecimento
de Cristo e é salvo (Rm 10.17).
João vê e descreve a abertura do sétimo selo e
novamente vemos a repetição dos sinais do fim, como
"trovões, vozes, relâmpagos e terrem oto" (Ap 8.5).
Esses sinais indicam o próprio fim da história
humana e a vinda do Senhor, mas o profeta ainda não
estava pronto para descrever a volta de Cristo. Ele ainda
tinha muito a dizer (baseado no que vira) sobre a
natureza do julgamento e sobre a perseguição pela besta,
para encerrar sua profecia.
Antes de descrever o fim, João teve de
começar de novo. Usando o instrumento simbólico das
sete trombetas, ele declarou que os juízos de Deus
também têm um propósito redentor porque são sinais,
expressões parciais, do julgamento final do futuro.
As Sete Trombetas
(Ap 8.6-11.19)
Os sete selos foram divididos entre os quatro
cavaleiros e os três selos restantes, com uma interrupção
narrativa entre o sexto e sétimo selos, para lembrar ao
povo de Deus da promessa do Senhor sobre proteção
final e sobre sua esperança de glória eterna. Um padrão
semelhante se vê com as sete trombetas (Ap 8.7-11.19).
As quatro trombetas iniciais relatam juízos
parciais, "a terça parte", (Ap 8.7) que caem sobre a
vegetação da terra, os oceanos, a água fresca e as luzes
celestes.
44
As últimas três trombetas são tratadas em
conjunto como três "desgraças" que atingem a terra,
destacando o juízo de Deus para a raça humana.
A quinta trombeta (primeira desgraça) libera
gafanhotos infernais que ferroam os que não têm o selo
de Deus (Ap 9.1-12).
A sexta trombeta (segunda desgraça) traz um
poderoso exército de cavaleiros do inferno, que matam
um terço da raça humana (Ap 9.13-19).
Todos os juízos não têm efeito redentor,
pois orestante da raça humana que não
foi morto pelas epidemias recusa-se a se arrepender das
suas Imoralidades (Ap 9.20-21). As advertências caíam
em ouvidos surdos.
Assim como o interlúdio1 entre o sexto e o
sétimo selo garantiu aos destinatários de Apocalipse que
os que são de Deus estão protegidos dos efeitos
eternamente destrutivos da ira divina, também entre a
sexta e sétima trombetas somos lembrados da mão
protetora de Deus sobre o seu povo (Ap 10.1-11.14).
No interlúdio das trombetas, porém,
também ficamos sabendo que a proteção de Deus
durante os dias de tribulação não significa Isolamento,
pois o povo de Deus (os judeus) precisa dar testemunho
profético ao mundo.
Em Apocalipse 10.1-11 o chamado de João
(pelo padrão de Ez 2.1-3.11) é reafirmado. Ele recebe a
ordem de comer um livro agridoce2 e "profetizar a
respeito de muitos povos, nações, línguas e reis" (Ap
10.11).
A nota de proteção e testemunho é tocada
novamente em Apocalipse 11.1-13, onde a medição do
templo de Deus alude à mão protetora de Deus sobre seu
povo na hora do caos.
1 Intermédio.
2 A g r o (az e do ) e do c e ao me s mo t e mp o ; a g r o - d o c e , a c r e - d o c e .
45
As perseguições durarão quarenta e dois
meses, mas seu povo, a ""cidade santa" (Ap 11.2), não
será nem destruído nem silenciado.
As ""duas testemunhas" (Ap 11.3) darão
testemunho nesse período, também chamado de 1260
dias, da misericórdia e do julgamento de Deus.
Veja bem: os 42 meses e os 1260 dias
referem-se ao mesmo período de tempo de perspectivas
diferentes, porque os dias de testemunho também são
dias de oposição (Ap 11.2- 7; 12.6, 13-17). Referências
negativas à perseguição e à atividade de Satanás e das
bestas são sempre feitas em termos de "42 meses" (Ap
11.2; 13.5), enquanto asreferênciaspositivas à mão
sustentadora de Deus ou ao testemunho profético das
suas duas testemunhas são feitascomo "um tempo,
tempose metade de um tempo" (Ap12.14) ou "1260 dias"
(Ap 11.3; 12.6).
A sétima trombeta (terceira desgraça)
novamente traz terremoto, relâmpagos e trovões
(Ap11.15-19. O fim da história chegou, é a hora dos
mortos serem julgados e dos santos serem
recompensados (Ap 11.18).
Sem dúvida o fim chegou de fato, porque o
coro celeste agora fala da vinda do Reino de Deus (e de
Cristo), assim como do dia do julgamento, como fatos do
passado (Ap 11.17-18). O coro canta: "O reino do mundo
se tornou do nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará
pelos séculos dos séculos" (Ap
11.15).
As Duas Testemunhas
As duas testemunhas evidentemente são
homens. Alguns crêem que sejam Enoque (Gn 5.24) e
Elias (2Reis 2.11), porque estes nunca morreram,
46
1
Questionário
1 Que t e m f r e n e s i ; d e l i r a n t e , d e s v a i r a d o , f ur i o s o .
47
2. No Apocalipse, o grupo de 144.000 pessoas
a) É formado pela etnia cristã
b) É formado pela etnia judaica
É formado pela etnia gentílica
c) É formado pela etnia gentílica e judaica
48
A Perseguição dos Justos pelo Dragão
(Ap 12.1-13,18)
1 T e r m i n a n t e , c a t e g ó r i c o , d ec i s i vo . Mui t o i mp o r t a n t e ; c a p i t a l .
2 Pôr em s e g u n d o pl ano; de s pr e z a r .
terra, e sua ira é muito grande. Satanás sabe que foi
derrotado pela entronização de Cristo e que lhe resta
pouco tempo (Ap 12.12).
A mulher (Israel) que gerou Cristo (Ap
12.1- 2) e também outros descendentes (aqueles que
mantêm o testemunho de Jesus) agora recebem todo
o ímpeto da ira frustrada do dragão. Mas quando o
furioso dragão for para descarregar seu furor contra a
mulher, ela será alimentada e protegida por "1260 dias"
(Ap 12.6), ou seja, por "um tempo, tempos e metade de
um tempo" (Ap 12.14).
A descrição muito breve que João faz da vida
de Cristo (apenas seu nascimento e entronização são
especificamente mencionados) não deve induzir ao leitor
a pensar que o menino é "arrebatado para Deus até ao
seu trono" (Ap 12.5).
Essa passagem não tem como propósito
principal narrar a vida de Cristo, pois João sabia que
seus leitores estavam familiarizados com os fatos
decisivos da história de Cristo. Antes, a passagem quer
mostrar a continuidade da perseguição iniciada por
Satanás contra a mulher (Israel) e seu filho (Cristo) e
continuada contra a mulher e o restante dos seus
descendentes (os cristãos).
Naturalmente, é o Senhor crucificado e
ressurreto que é entronizado e cuja ascensão ao trono
traz consigo a derrota das trevas (Ef 1.19-23; lPe 3.22;
compare Rm 1.4; lTm 3.16).
O relato da derrota do dragão no céu e sua
expulsão dali começam claramente com a entronização
do descendente da mulher e é causada por ela. Do
mesmo modo, veja bem que a história de Apocalipse
12.6, em que a mulher foge para o deserto e é protegida
por Deus por "1260 dias" tem dois "ganchos"
inconfundíveis que a inserem na história do capítulo 12.
50
Em primeiro lugar, a fuga da mulher e os
"1260 dias" de proteção em Apocalipse 12.6 começam
claramente com a entronização de Apocalipse 12.5. Mas
em Apocalipse 12.14-17 é a perseguição do dragão, que
agora foi lançado do céu para a terra, que motiva a
mulher a fugir para o deserto. Por isso, o que temos em
Apocalipse 12.14- 17 é a retomada e ampliação da
história da mulher começada em Apocalipse 12.6.
Observe as referências paralelas em
Apocalipse 12.6 e 12.14 a "deserto", alimentação e "um
tempo, tempos e metade de um tempo" (Ap
12.14) ou a seu equivalente "1260 dias" (Ap 12.6).
Esse elo na história em que dois
acontecimentos são vistos com a fuga da mulher
entre a entronização do descendente da mulher (Cristo) e
a perseguição da mulher pelo dragão não é, nem
estranha nem surpreendente. É a entronização que
(praticamente ao mesmo tempo) causa a guerra no céu,
que resulta na expulsão do dragão e depois
imediatamente leva o dragão agora furioso a perseguir a
mulher e "os restantes da sua descendência" (Ap 12.17).
Não apenas fica claro que os "1260 dias" de
Apocalipse 12.6 eqüivalem a "um tempo, tempos e
metade de um tempo" de Apocalipse 12.14.
Depois o dragão levanta dois carrascos1 (Ap
13) para ajudá-lo a perseguir aqueles que crêem em
Jesus. Um deles é apersonificação de Satanás
em um líder político, a besta do mar (Ap 13.1),
chamado "o homem do pecado" ou "anticristo" (2Ts
2.3,4; lJo 2.18), que falará blasfêmias durante "quarenta
e dois meses" (Ap 13.5) e "pelejará contra os santos" (Ap
13.7), enquanto a segunda besta (ou "falso profeta", Ap
19.20), que procede da terra (Ap
1 I n d i v í d u o cruel , d e s u ma n o .
51
13.11) , procura enganar a terra de modo que seus
habitantes adorem a primeira besta, o anticristo.
Portanto, os capítulos 12-13, é mais uma
forma de se referir aos três anos e meio, indicando o
mesmo período de tempo.
(Ap 14.1-20)
Após entregar mensagens de constantes
perseguições ao povo de Deus pela trindade do mal, os
leitores de João carecem de outra palavra de ânimo e
advertência. Por isso o capítulo 14 usa sete "vozes" para
relacionar mais uma vez as advertências e promessas do
céu.
Há mais uma visão dos 144 mil, que "foram
redimidos dentre os homens, prim ícias para Deus e para
o Cordeiro" (Ap 14.4). Isentos da imoralidade sexual
como figura da idolatria, João disse que esses seguidores
do Cordeiro eram "sem mácula" (Ap 14.5).
Em outras palavras, não tinham se
"prostituído" com a besta. São os homens e mulheres
que foram fiéis na adoração ao único Deus verdadeiro
por meio de Jesus Cristo, e não foram seduzidos pelos
enganos satânicos da primeira besta e do seu aliado, o
falso profeta.
Eles serão resgatados e levados ao trono no
céu, onde em uma só voz cantarão um novo cântico de
salvação (Ap 14.1-5).
Ouve-se outra voz (Ap 14.6-7), de um anjo
anunciando o evangelho eterno e avisando a terra do
juízo iminente1. As "vozes" (ou declarações) restantes
seguem em rápida sucessão.
52
A queda da "grande Babilônia" (Ap 14.8),
símbolo veterotestamentário de uma nação inimiga do
povo de Deus é anunciado. Depois o povo de Deus é
advertido para não seguir a besta, e aqueles que a
seguem são advertidos dos futuros tormentos da
separação de Deus (Ap 14.9-12).
Em seguida uma bênção é pronunciada aos
que permanecem fiéis (Ap 14.13). Por fim, duas vozes
convocam para a colheita. Uma chama o Filho do Homem
para colher a terra como se fosse uma gigantesca
plantação de trigo (Ap 14.14-16), enquanto a última voz
compara a colheita da terra a uma vindima, pois a vinda
do Senhor equivalerá a pisar o lagar1 da terrível ira do
Deus Todo-poderoso (Ap 14.17-20).
As Sete Taças
(Ap 15.1-16.21)
Assim como os sete selos e as sete trombetas
mostram aspectos diferentes do julgamento de Deus
efetuado por Cristo, agora mais uma dimensão do seu
juízo é revelada.
As sete taças da ira são semelhantes às sete
trombetas e aos sete selos, mas também são diferentes;
pois vem o tempo em que à ira de Deus não será mais
parcial ou temporária, mas completa e permanente.
1 E s p é c i e de t a n q u e o n d e se e s p r e m e m e se r e d u z e m a l í q u i d o s c er t o s
f r ut o s , e s p e c i a l m e n t e as uvas.
2 Que não se po de r e v o g a r ; não r e v o g á v e l ; i n c o n t r a s t á v e l .
53
As taças da ira representam os juízos do
Cordeiro que atingem a terra, e especialmente às
pessoas que receberam a marca da besta.
Entre o sexto e o sétimo selo e a sexta e a
sétima trombeta somos avisados da proteção do povo de
Deus e da missão de Deus para ele.
Nas sete taças não há interrupção entre o
sexto e o sétimo derramamento de punição. Só resta a
ira; a grande Babilônia, símbolo de todos os que se
levantaram contra o Deus Altíssimo, cairá. Ao ser
derramada a sétima taça da ira há novamente o grande
terremoto acompanhado de " relâmpagos, vozes e
trovõ es" (Ap 16.18), pois o fim chegou.
A noção da ira de Deus nem sempre é um
tema bem vindo pelo leitor da Bíblia, mas é um ensino
evidente do Antigo e do Novo Testamento. A realidade do
mal, da liberdade humana, a justiça e o anseio de Deus
de ter criaturas que, apesar de distintas dEle como
criaturas, mesmo assim se relacionam com Ele em
confiança e em amor, tornam inevitáveis as noções da ira
de Deus.
Um Deus justo reage aos que persistem em
sua recusa maligna de reconhecê-lo como Senhor. Deus
deseja ver o homem rebelde depor as armas e voltar-se
para Ele.
Deus agiu em misericórdia, por todos os meios
possíveis a ponto de assumir pessoalmente, por meio do
seu Filho unigênito, a pena que Ele mesmo prescrevera1
para o pecado.
A ira causa tristeza até mesmo no coração de
Deus, mas Ele não nos obriga a amá-lo. Ele deu
liberdade aos seus filhos e não destruirá a humanidade
deles tirando-lhes essa liberdade, mesmo se seus filhos
insistem com teimosia em usar
1 I n d i c a r c om p r e c i s ão ; d e t e r mi n a r , f i xar , p r e c e i t ua r .
54
da liberdade para rebelar-se contra Ele. É incrível que,
apesar da imensa misericórdia de Deus revelada [em Jesus
Cristo, existem pessoas que rejeitam sua misericórdia.
Nesses casos, o Deus fiel da criação e da redenção
responderá fielmente de acordo com sua própria natureza e
palavra, dando aos seus filhos e: filhas rebeldes aquilo em
que insistiram com teimosia, isto é, a separação eterna
dEle.
Certamente, enquanto a ira de Deus, este é o
ponto alto do tormento e da desgraça: estar separado
daquele que é a verdadeira fonte de vida, ser separado
do seu Criador compassivo e, assim, experimentar para
sempre a morte eterna que resulta da rejeição daquele
que é a fonte da vida eterna. Todavia, não devemos
negar nem lamentar a sabedoria de Deus em suas
manifestações passadas ou futuras de ira.
Nosso Deus evidentemente ama a retidão, a
justiça e a misericórdia a tal ponto que não tolera nossa
tolerância covarde do mal. Não podemos descartar como
insignificante o fato que o céu não está em silêncio nem
embaraçado quando o mal é punido. O céu festeja com a
justiça e com o juízo de Deus (Ap 19.1-6).
55
Júbilo no Céu e a Revelação do Cordeiro
(Ap 19.1-22.5)
O céu festeja porque a grande Babilônia caiu e
está na hora de aparecer a noiva do Cordeiro. O grande
banquete da salvação está pronto para começar. Depois
de ter evitado a descrição da vinda do Senhor em pelo
menos três ocasiões anteriores, João agora está
preparado para descrever as glórias da manifestação do
Senhor.
Todo o céu festeja com a gloriosa punição do
mal por Deus (Ap 19.1-6). A noiva do Cordeiro, o povo
de Deus, preparou-se com sua fidelidade para seu
Senhor por meio do sofrimento. Por isso "lhe foi dado" (a
salvação é sempre uma dádiva de Deus) vestir-se de
linho fino, "porque são chegadas as bodas do Cordeiro"
(Ap 19.7-8).
O céu está aberto, e aquele cuja vinda foi
fielmente pedida desde os tempos antigos, o Verbo de
Deus, Rei dos reis e Senhor dos senhores, surge para
combater os inimigos de Deus em um conflito sobre cujos
resultados não restam dúvidas (Ap
19.11-16).
Quando o Cordeiro vir com seus exércitos
celestes, as duas bestas serão lançadas no lago de fogo
(Ap 19.20). O dragão, a antiga serpente, Diabo e
Satanás são lançados em um abismo, que é fechado e
lacrado por mil anos (Ap 20.1-3).
Os poderes do mal reinarão por "três anos e
meio", mas, Cristo reinará por "mil anos". Os que
morreram em Cristo serão ressuscitados para governar
com Ele (Ap 20.4-6), e o governo do direito de Deus
sobre a terra é vindicado.
O reino de mil anos é chamado milênio. O
termo vem do latim (m ille, mil, e annum, ano) e significa
período de mil anos.
56
A palavra "mil" na Bíblia é eleph em hebraico e
chilioi em grego. Em muitas passagens do AT o termo é
usado em contagens, assim como no NT (veja Gn 24.60; Lc
14.31). Às vezes é usado para referir-se a um grande
número, sem a pretensão de ser exato (veja Mq 5.2; 6.7;
Ap 5.11). A referência específica usada para criar a
doutrina do reinado de mil anos ligado à última vinda de
Cristo que se encontra em Apocalipse 20.2-7.
O material bíblico não apresenta uma
escatologia sistemática em que todas essas diferentes
referências ao tempo do fim são organizadas em um só
ensino. Por isso, na história cristã, surgiram diferentes
tipos de interpretação.
Os estudiosos cristãos que querem elaborar uma
doutrina sistemática coerente dos últimos acontecimentos
relacionam:
s Os trechos apocalípticos das profecias do AT (Vide o
livro de Daniel);
s Os trechos apocalípticos do NT (Ver Mt 24-25;
Mc 13; 2Pe; Jd; Ap);
s Os escritos de Paulo sobre a última vinda (lTs 4 . 1 3
18; 2Ts 2.1-11 - o homem da iniquidade);
s As opiniões de Paulo sobre o relacionamento
entre judeus e gentios (Rm 9-11); e
57
as aflições e perseguições desta época má, um dia serão
resgatados pela vinda de Cristo, quando Ele destruirá os
poderes do mal.
Está claro no NT que a forma e a promessa da
esperança futura devem exercer influência sobre nossa
conduta presente e sobre nossa dedicação moral a Cristo
(compare com Rm 8.18-25).
Na verdade, o objetivo do Apocalipse é
incentivar os cristãos a perseverar no presente à luz do
triunfo de Deus no futuro por meio de Jesus Cristo.
A interpretação sobre o reino de mil anos com
a volta de Cristo dada no comentário acima poderá ser
mais bem entendida na lição 3.
Logo após o término dos "mil anos" (Ap 20.7,
o dragão deverá ser solto. Permite-se a ele mais um
tempo para enganar as pessoas, mas de curta duração.
Depois desse episódio de engano, no fim dos
mil anos, o dragão é recapturado e dessa vez lançado no
lago de fogo e enxofre, "onde já se encontram não só a
besta como também o falso profeta" (Ap 20.10).
O destino reservado para a besta e para o
falso profeta na volta de Cristo é estendido também ao
dragão, no fim do reinado de Cristo. Então ocorre o
julgamento final, e os que não estiverem incluídos no
livro da vida serão lançados no lago de fogo (Ap 20.11
15).
Com frequência pensa-se que o capítulo 21
refere-se ao período que segue o reinado de mil anos,
mas ele está mais provavelmente recontando a volta de
Cristo do ponto de vista da noiva.
Aqui temos indicações claras de uma
"repetição" literária. Assim como o capítulo 17 é uma
recapitulação da sétima taça e da queda da meretriz, a
grande Babilônia (compare a linguagem de
58
Apocalipse 17.1-3, que apresenta claramente uma
"narrativa repetida", com a linguagem de Apocalipse
21.9-10), o capítulo 21 recapitula a glorificação da noiva
do Cordeiro (Ap 22.1-22.5).
Aqui a revelação é contada da perspectiva da
noiva. Ser a noiva significa ser a cidade santa, a nova
Jerusalém, viver na presença de Deus e do Cordeiro, e
ter proteção, alegria, luz eterna e vivificadora de Deus
(Ap 21.9-27).
A árvore da vida cresce ali, onde também flui
o rio da água da vida. Ali não haverá mais noite; não
haverá mais nenhuma maldição, pois o trono de Deus e
do Cordeiro está presente. Ali seus servos o servirão e
reinarão com ele para todo o sempre (Ap 21.1-5).
Conclusão
(Ap 22.6-21)
João conclui sua narrativa declarando a
fidelidade de suas palavras. Os que ouvirem a sua
profecia se beneficiarão das bênçãos de Deus. Os que
desprezarem suas advertências serão deixados do lado
de fora das portas que dão acesso à presença de Deus
(Ap 22.6-15).
João encerra seu livro orando pela volta do
Senhor (Ap 22.17,20). As igrejas devem dar ouvidos ao
que o Espírito diz (Ap 22.16-17).
Sob a ameaça de maldição eterna, os leitores
são advertidos a proteger o texto sagrado de João: não
devem acrescentar nem tirar nada das palavras de sua
profecia (Ap 22.18-19).
O povo de Deus precisa, pela graça divina,
perseverar na hora da tribulação, sabendo que seu
Senhor entronizado logo voltará em triunfo.
59
Questionário
60
Lição 3
E s c a to lo g ia : 1a P a r te
61
Os acontecimentos do futurotêm sido assunto
do interesse da humanidade, principalmente neste século.
A Igreja de Cristo aguarda um futuro glorioso como
consequência de sua comunhão com Deus, Apesar de
estarmos tratando de um tema que, se nãohouver cuidado
entra no terreno da especulação.
Deus tem um plano eterno de ação em
andamento (Ef 3.11):
> Em relação ao homem;
> Em relação à criação;
>
Ao universo material.
Este plano eterno e divino aproxima-se do seu
fim, quanto ao ciclo da históriahumana, inclusive a
história de redenção (lPe 4.7). Abrange:
1. I s r a e l. Seu renascimento nacional e seu atual
desenvolvimento;
2. Os g e n t io s . Sua expansão, seus movimentos, suas
convulsões12sociais; seu humanismo e sua salvação;
3. A I g r e j a . O derramamento do Espírito Santo na Igreja
em geral; a renovação da Igreja;
4. S a t a n á s e s u a s h o s t e s 2. Proliferação do satanismo
sob os mais diversos nomes e formas.
1 G r a n d e a g i t a ç ã o ou t r a n s f o r m a ç ã o .
2 Tr o p a ; e x é r c i t o . Ba n d o s , c h u s ma ; mu l t i d ã o .
3 Dar o r i g e m a; ger ar , p r o du z i r . I n v e n t a r , i ma g i n a r , e n g e n h a r .
62
profetas, fecundou-a nos Evangelhos e Epístolas, e deu-
a a pleníssima luz no Apocalipse.
Ela desvenda-nos o Estado Intermediário e o
que há de suceder-se no Arrebatamento da Igreja, na
Grande Tribulação, no Milênio, na instauração do Juízo
Final e no estabelecimento do Eterno Estado.
Se alguma coisa esconde, isto fica por conta
da economia divina (Dt 29.29). É revelação; não admite
hipóteses. Onde ela se cala, não precisamos ter voz.
No essencial e básico: unidade; nos adiáforos1
e pontos secundários: liberdade; mas nunca sem o amor.
A Igreja sempre se preocupou com a Doutrina
das Últimas Coisas. A História mostra que o cristianismo,
desde a sua fundação, vem sendo caracterizado por um
decisivo enfoque escatológico. E, hoje, segundo o Dr.
Orr, a Escatologia Bíblica vive o seu ápice2. Nunca os
cristãos estudaram tanto as Últimas Coisas quanto
nestes dias que se abreviam.
1 Não e s s e n c i a l ; a c e s s ó r i o , s e c u n d á r i o , d i s p e n s á v e l .
2 O ma i s al to grau; apo g e u .
63
2.11) . Ela existe por causa da esperança (Rm 5.2;
8.24; Ef 4.4 e lTs 4.13). A esperança indica uma meta;
traça planos para um futuro.
O mundo pagão se fecha dentro de um
fatalismo1 histórico, sem expectativas, sem futuro, mas a
Bíblia revela o futuro.
A e s c a t o lo g ia p e r t e n c e ao c a m p o da p r o fe c ia .
Interpretar os textos proféticos das Escrituras
é a preocupação principal e a atenção da escatologia.
As verdades proféticas se tornam claras e
definidas quando se tem o cuidado de interpretá-las
seguindo os princípios da hermenêutica, observando o
seu contexto histórico e doutrinário (2Pe 1.19-21).
1) M é t o d o a l e g ó r i c o ou f ig u r a d o .
Alguns teólogos definem a alegoria "como
qualquer declaração de fatos supostos que admite a
interpretação literal, mas que requer, também, uma
interpretação moral ou figurada".
Se interpretarmos uma profecia bíblica, não
observando o sentido real, figurado ou literal, negando o
valor histórico, dando uma interpretação
64
de somenos1 importância; corremos o sério risco de
anular a revelação de Deus.
1 De m e n o r v a l o r que outr o; i nf er i or .
65
6. As promessas; e por fim
7. Israel rejeitou o próprio Cristo que nós
consideramos o "privilégio dos privilégios" (Rm
9.5).
A h is t ó r ia de I s r a e l a b r a n g e 10 p e r ío d o s :
66
Deus a Abraão e à nação de Israel poderiam permanecer
válidas, quando a ação de Israel, como um todo, não
parece ter parte no Evangelho?
O presente estudo resume o argumento de
Paulo. Há três elementos distintos no exame que Paulo
faz de Israel no plano divino da salvação.
O p r im e ir o e l e m e n t o (R m 9 .6 - 2 9 ) .
É um exame da eleição de Israel no passado.
Em Romanos 9.6-13, Paulo fala que a promessa de Deus
a Israel não falhou, pois a promessa era só para os fiéis
da nação.
Visava somente o verdadeiro Israel, que eram
fiéis à promessa (Gn 12.1-3; 17.19). Sempre há um
Israel dentro de Israel, que tem recebido a promessa.
Em Romanos 9.14-29, Paulo chama a nossa
atenção para o fato que Deus tem o direito de fazer o
que Ele quer com os indivíduos e as nações. Tem o
direito de rejeitar a Israel, se desobedecerem a Ele e o
direito de usar de misericórdia para com os gentios,
oferecendo-lhes a salvação.
O s e g u n d o e le m e n t o (Rm 9 . 3 0 - 1 0 . 2 1 ) .
Analisa a rejeição presente do Evangelho por
Israel. Seu erro de não se voltar para Cristo, não se
deve a um decreto incondicional de Deus, mas à sua
própria incredulidade e desobediência (Rm 10.3).
O t e r c e i r o e l e m e n t o (Rm 1 1 .1 - 3 6 ) .
Paulo explica neste texto que a rejeição de
Israel é apenas parcial e temporária. Israel por fim
aceitará a salvação divina em Cristo.
O argumento do apóstolo Paulo contém vários
passos, a saber:
67
1. Deus não rejeitou o Israel verdadeiro, pois Ele
permaneceu fiel ao "remanescente" que permanece
fiel a Ele, aceitando a Cristo (Rm11.1-6).
2. No presente, Deus endureceu a maior parte de
Israel, porque os israelitas não quiseram aceitar a
Cristo (Rm 11.7-10; cf. 9.31-10.21).
3. Deus transformou a transgressão de Israel (i.e., a
crucificação de Cristo) numa oportunidade de
proclamar a salvação a todo o mundo
(Rm 11.11,12,15).
4. Durante esse tempo presente da incredulidade
nacional de Israel, a salvação de indivíduos, tanto
os judeus como os gentios (Rm 10.12,13)
dependem da fé em Jesus Cristo (Rm 11.13-24).
5. A fé em Jesus Cristo, por uma parte do Israel
nacional, acontecerá no futuro (Rm 11.25-29).
6. O propósito sincero de Deus é misericórdia, tanto
dos judeus como dos gentios, e incluí-los em seu
reino todas as pessoas que crêem em Cristo (Rm
1.30-36; 10.12,13; 11.20-24).
A s p e c t o s i n t e r e s s a n t e s em R o m a n o s 3 a 11.
1 O r i g i n á r i o , p r o v e n i e n t e , p r o c e d e n t e ; nat ur al .
68
Nada tinham que ver com seu destino eterno,
ou seja, quanto a sua salvação ou condenação como
indivíduos.
69
advertência aos gentios em Romanos 11.20-23, pelo fato
da falha de Israel, é tão válida hoje quanto o foi no dia
em que Paulo a escreveu.
Questionário
70
3. É a preocupação principal e atenção da escatologia
a) Interpretar os textos de leis da Bíblia v,
bjKI Interpretar os textos proféticos da Bíblia
c) Interpretar os textos de adoração da Bíblia
d) Interpretar os textos de exortação da Bíblia
O Início da Contagem
72
Ascensão de Artaxerxes
73
Cálculo
A Ig reja.
O cumprimento da 70a semana será no
futuro. A contagem das semanas proféticas parou na
69a com a mortedo Messias e a destruição de
Jerusalém. Pelo contexto dos versículos 26 e 27 do
capítulo 9 do livro de Daniel podemos afirmar que
74
entre um e outro existe um intervalo, o qual denomina
hoje como "dispensação da g ra ç a ", o período do
surgimento da Igreja.
A Bíblia se refere à Igreja como o "mistério"
que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as
gerações e que agora foi manifestado aos seus santos (Cl
1.26; ICo 2.7; Rm 16.25; Ef 3.9). O intervalo entre a
69a e a 70a semana já alcança mais de 1.900 anos, sendo
que neste período os gentios foram beneficiados por
Deus com a grande oportunidade de salvação pela graça
(Ef 2.8,9; Rm 1.16,17).
O s j u d e u s r e j e i t a r a m a C r is t o , q u e fo i a c e it o
p e l o s g e n t io s .
O relógio de Deus não pode parar. Como Israel
foi expulso de sua terra no ano 70 d.C. pelos romanos, a
profecia das semanas não poderia se cumprir em sua
seqüência normal, mas teria um intervalo. Assim, a
contagem destas semanas passa por um hiato1 para o
surgimento da Igreja.
O que estava nos planos de Deus, é que
dentro deste tempo os judeus retornassem à Palestina,
cumprindo as profecias de Isaías 66.8; Cantares 2.13,15
e Mateus 24.32,33.
A 7 0 a s e m a n a de D a n ie l c o r r e s p o n d e n t e a G ra n d e
T r ib u la ç ã o .
Sua duração naturalmente será de 7 (sete)
anos e coincidirá com o surgimento do anticristo.
N o t a : O comentário a respeito da Grande
Tribulação que corresponde à septuagésima semana de
Daniel, bem como do texto de Daniel 9.27 será
comentado posteriormente.
1 L ac un a, i n t e r v a l o , f al ha.
75
F a t o s m a r c a n t e s no d e c o r r e r d a s s e m a n a s (Dn
9 .2 4 ).
s Extinguir a transgressão de Israel. Daniel confessou
a transgressão do seu povo em oração (Dn 9.11);
s Dar fim aos pecados. Por fim aos pecados de Israel.
Acontecerá antes do reinado milenial de Cristo na
terra (Ez 37.22-28);
s Expiar a iniqüidade. Expiação em favor de Israel
que rejeitou o sacrifício vicário de Jesus no Calvário
(Jo 1.11; Rm 11.25-27);
s Trazer a justiça eterna. Trata-se da justiça de
Cristo, adquirida na cruz do Calvário (Is
9.6,7);
s Selar a visão e a profecia. É óbvio que se trata da
profecia das setenta semanas. A profecia será
selada quando o povo andar em retidão, deixando
suas práticas abomináveis1;
s Ungir o Santo dos Santos. Refere-se à purificação
do Templo de Jerusalém que foi profanado2 pela
abominação desoladora, mencionada por Daniel
11.31 e por Jesus (Mt
24.15).
A m o rte .
É um inimigo (ICo 15.26, Ap 21.4), que entrou
no mundo através do pecado (Rm 5.12). A Bíblia nos
revela três tipos de morte:
76
s Morte física. Separação entre o corpo, a
alma e o espírito (Gn 3.19; Jo 11-14; Lc
16.19-31);
s Morte espiritual. Separação entre Deus, a
alma e o espírito (Gn 2.17; 3.6,7; Ef 2.1);
s Morte eterna. Também chamada segunda
morte, sofrimento final do corpo novamente
unido à alma e ao espírito, no caso do
pecador não regenerado, ficando
completamente separado de Deus e dos
redimidos por toda a eternidade (Ap 20 .1 1
15; 21.8).
O E s t a d o I n t e r m e d iá r i o .
Os primeiros cristãos não tinham uma
concepção clara sobre esse assunto. Como aguardavam a
vinda de Cristo para aqueles dias, acreditavam que os
justos, tão logo morriam, eram recolhidos por Deus ao
paraíso, enquanto que os ímpios, de imediato, eram
lançados ao inferno.
Frustrados em sua espera puseram-se a
estudar com mais serenidade as profecias. Daí Justino, o
Mártir, (100 a 165 d.C.) haver concluído: "As almas dos
piedosos estão num lugar melhor, e as dos injustos num
lugar pior, aguardando o tempo do juízo".
Se o dogma1 do Estado Intermediário ainda
não estava esboçado, a concepção já era clara. A
doutrina seria desenvolvida por Irineu, Hilário, Ambrósio
e Agostinho. Acreditavam que Deus conduzia os mortos
ao Hades, onde, nas várias seções desse cárcere
extradimensional, permaneceriam até ao Dia do Juízo.
Mas os mártires, segundo Tertuliano (155-222 d.C.), não
tinham necessidade de passar por tal processo; seu
sofrimento garantia-lhes acesso direto aos céus.
1 Pont o f u n d a m e n t a l e i nd i s c u t í v e l duma do u t r i n a r e l i gi o s a.
77
A mente de Agostinho avançou no Estado
Intermediário, extra biblicamente, avançou e concluiu
que, no Hades, as almas eram submetidas a um processo
de amorosa purificação para, em seguida, serem
recolhidas pelo Senhor ao paraíso. Concebia-se, assim, o
embrião do Purgatório que tantos malefícios trouxeram
ao cristianismo.
Se o purgatório foi concebido por Agostinho,
viria à luz através de Gregório, o Grande: "Deve ser
crido que existe, por causa das pequenas falhas, um fogo
purgatorial antes do juízo". Em conseqüência de
semelhante alocução1, esse papa entrou para a história
como o pai do purgatório, cuja doutrina seria redefinida
e dogmatizada pelo Concilio de Trento em 1563.
78
Ensinavam ainda que o Purgatório localizava-
se na fronteira do Hades com o inferno. Foi em conexão
com esta extravagância doutrinária que a venda de
indulgências1 foi popularizada, somente estas,
proclamavam a Igreja Católica, haveriam de abreviar o
estágio das almas que se encontravam no Purgatório.
A idéia do Purgatório foi energicamente
combatida pelos reformadores protestantes. Os Artigos
de Smacald decretaram que Purgatório pertence "á
geração pestilenta da idolatria, gerada pela cauda do
dragão".
As Escrituras ensinam tanto a existência dos
judeus como a existência dos ímpios após a morte e
antes da ressurreição.
Tártaro
Temos através de John Davids as seguintes
colocações a respeito destes termos:
1. L u g a r d o s m o r to s .
Uma das traduções da palavra hebraica, Sheol
e da grega hades (At 2.27).
A versão revista da Bíblia inglesa do AT, tanto
no texto como à margem, usa a palavra Sheol, nos livros
proféticos, emprega-se a palavra Sheol nas margens e a
palavra Inferno no texto, e em Deuteronômio 32.22;
Salmos 55.15; 86.13, emprega Sheol nas margens e
abismo no texto. O NT usa a palavra Hades, no texto.
Ambos os vocábulos também se traduzem por
sepultura (Gn 37.35; Is 38.10,18; Os 13.14). A
79
versão revista inglesa traduz Sheol por morte em
ICoríntios 15.55.
Não há certeza quanto à etimologia da
palavra. Sheol tem o sentido de insaciável em Provérbios
27.20 e 30.15,16. Hades pronunciado sem aspiração,
significa invisível. Tanto um como outro termo denotam
o lugar dos mortos.
Não existe evidência quanto ao verdadeiro
sentido, pode afirmar-se, porém, que durante alguns
séculos, os hebreus partilharam a idéia semítica a
respeito de Sheol.
Era uma concepção vaga e indefinida, e,
portanto, abria caminho para a imaginação, que
inventava pormenores fantásticos para descrever o
Sheol. É preciso muito cuidado para não confundir os
frutos da imaginação com a fé.
Os antigos hebreus, semelhantes a outras
raças semíticas, imaginavam o Sheol embaixo da
terra (Nm 16.30,33; Ez 31.17; Am 9.2). Pintavam-no
como tendo portas (Is 38.10), região tenebrosa e
melancólica, onde se passa uma existência consciente,
porém triste e inativa (2Sm 22.6; SI 6.6; Ec 9.10).
Imaginavam o Sheol como sendo o lugar para
onde vão as almas de todos os homens, sem distinção
alguma (Gn 37.35;SI 31.17; Is 38.10),
onde os ímpios sofriam e os justos gozavam.
Pensavam também que havia possibilidade de virem à
terra (ISm 28.8-19; Hb 11.19).
É importante notar que a doutrina autorizada
dos hebreus sobre Sheol, dizia que só Deus era
conhecido, e que estava na sua presença (Pv 15.11; Jó
26.6); que Deus estava presente a ele (SI 139.8); e que
os espíritos de seu povo e as suas condições naquela
habitação, estavam sob a vigilância de seu olhar.
80
Esta doutrina inclui a grande bênção de Deus
para com o seu povo depois da morte, gozando da sua
presença e de seu constante amor, e, ao mesmo tempo,
a miséria dos ímpios.
Dois lugares de habitação para os mortos: um
para os justos com Deus, e outro para os ímpios, banidos
para sempre da sua presença. Esta doutrina subjaz à
doutrina da ressurreição eventual do corpo para a vida
eterna.
A doutrina a respeito da glória futura e da
ressurreição do corpo, já era confortadora aos crentes do
AT (Jó 19.25-27; SI 16.8-10; 17.15; 49.14,15; 73.24;
Dn 12.2,3). Uma base para esta doutrina encontra-se no
exemplo de Enoque e de Elias que foram arrebatados, e
também na crença dos egípcios com que se relacionaram,
durante séculos, os hebreus.
2. L u g a r de t o r m e n t o s e m is é r ia .
Neste sentido é que se traduz a palavra grega
Gehenna, em Mateus 5.22,29,30; 10.28; 18.9; 23.15,33;
Marcos 9.47; Lucas 12.5; Tiago 3.6. É a forma grega do
hebraico Gehinnom, vale de Hinom, onde queimavam
crianças vivas em honra de Moloque.
Por causa destes horríveis pecados que se
cometiam ali, por causa das suas imundícias, e
81
talvez por servir de depósito ao lixo da cidade, veio a
servir de emblema do pecado e da miséria, e o nome
passou a designar o lugar do castigo eterno (Mt 18.8,9;
Mc 9.43).
Das cenas que se observam ali, a imaginação
tirou as cores para pintar a Geena dos perdidos (Mt
5.22; cf. 13.42; Mc 9.48).
Na Segunda Epístola de Pedro capítulo 2 e
versículo 4, onde se lê: ".. .precipitando-os no
inferno", é a tradução do verbo tartaroô, significando -
lançar no Tártaro.
O Tartarus dos romanos, o Tartaros dos
gregos, era o lugar por eles imaginado para onde iam as
almas, situado abaixo do Hades, quando o Hades estava
abaixo do céu.
Ainda que a etimologia seja diferente,
Geena e Tártaro incluem essencialmente a mesma idéia -
lugar de punição para os perdidos. 3
3. S e io de A b r a ã o .
Conforme o teólogo Claudinor C. de Andrade, o
termo vem do gr. kólpon Abraám, e é a designação que
os judeus do tempo de Cristo davam ao lugar,
provavelmente no centro da terra, para onde eram
enviadas as almas dos justos (Lc 16.22,23).
Nesse local de delícias, separado do Hades
por umgrande abismo, ficariam até a ressurreição
de Cristo. Nessa ocasião, o paraíso foi esvaziado, sendo
seus habitantes transferidos, pelo Senhor, à destra de
Deus, onde permanecerão até o arrebatamento (Ef 4 . 8
10), quando voltarão gloriosa e incorruptivelmente aos
seus corpos para unir-se à Igreja numa santa e eterna
assembléia.
82
Estado dos Mortos
*" A n t e s da r e s s u r r e i ç ã o de C r is t o .
No AT todos os mortos justos e ímpios iam
para o Hades (palavra grega equivalente a Sheol no
hebraico).
Havia, porém uma separação entre os
justos e os maus. Os justos ficavam no "Seio de
Abraão" (chamado também de paraíso), os ímpios iam
para o sofrimento, um lugar medonho, de dores (Lc
16.19-31).
Vale-se dizer, que todos os mortos, justos e
ímpios, ficavam conscientes no Estado Intermediário.
D e p o is da r e s s u r r e i ç ã o de C r is t o .
Com a morte de Cristo por nós pecadores,
houve uma realmudança quantoao Estado Intermediário
dos justos, naverdade a mudança ocorreu entre a morte
e a ressurreição do Senhor (Lc 23.43; Ef 4.8,9).
Ao ressuscitar, Jesus levou para o céu os
crentes do AT que estavam no "Seio de Abraão" (ver Mt
27.52,53). Portanto, hoje o estado dos justos é muito
mais glorioso, todos os mortos em Cristo, estão no
Paraíso, também chamado de terceiro céu (2Co 12.1-4).
83
do reino milenial de Cristo (Ap 6.9,10; 20.4).
Portanto, os crentes que agora dormem no Senhor, estão
no Céu, pois o Paraíso está agora ali, como um dos
resultados da obra redentora do Senhor Jesus Cristo (2Co
5.8).
"Num momento, num abrir e fechar de olhos,
ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os
mortos ressuscitarão primeiro, e nós seremos
transformados".
"Porque convém que isto que é corruptível se
revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se
revista da imortalidade".
Depois que Cristo ascendeu ao Céu, a Bíblia nunca
mais se refere ao Paraíso como estando "em baixo".
Desse ponto em diante todas as referências no
NT sobre o assunto, falam da localização do Paraíso
como estando "em cima" ou "no alto".
84
(Ap 1.18). Alma de outro mundo não vem a terra, pois os
salvos estão em Jesus e os perdidos que morreram estão
encerrados para o grande dia do juízo do Grande Trono
Branco.
s Estão vivos e conscientes (Lc 16.23);
s Estão separados de Deus (Lc 16.23);
s Encontram-se em prisão (lPe 3.19);
s Estão debaixo da punição (2Pe 2.4,9).
O Céu
A Bíblia e a doutrina cristã define o "Céu"
como o destino final e eterno da Igreja, e sua habitação
na eterna presença de Deus. Em João 14.2,3 vemos que
por duas vezes Jesus chama o "Céu" de lugar.
Realmente o "Céu" é um lugar real, literal e
físico. É um lugar na presença de Deus, um lugar que
Cristo está nos preparando.
s Fica em cima (At 1.9; Ap 21.3,4; 22.3-5; Pv
15.24).
s É um lugar espaçoso (Ap 7.9).
s É um lugar que não se pode descrever.
85
0 "Céu" é um lugar de maior conhecimento.
Os santos na terra, quando comparados com os
pecadores, são incomparavelmente sábios; porém
comparados com os santos que estão no "Céu", sabem
mui pouco.
Há textos nas Escrituras que falam da
imperfeição do conhecimento dos crentes no estado
presente, o que agora sabemos "sabemos em parte",
agora não detemos a totalidade do conhecimento que há
no "Céu".
Na verdade, ainda não é manifestado o que
adquiriremos no "Céu" e nem o que havemos de ser (ICo
13.12; Jo 13.7; lJo 3.2). Sem dúvida, o "Céu" é um lugar
de "Santidade P e rfe ita ",lá não há pecado. A santidade
que há no "Céu" seconstitui num dos seus mais
poderosos atrativos.
É um local onde os salvos viverão para
sempre nos domínios da pureza perfeita. Um lugar de
"Amor Santo". Todos os santos daquele mundo amam a
Deus no sentido mais elevado. É um reino repleto de
santo amor.
O Inferno
A existência do homem não termina com a
morte, mas continua para sempre; na presença de Deus,
ou em lugar de tormento. A respeito do estado dos
perdidos, devemos notar o seguinte.
J e s u s e n s in o u .
s Que há um lugar de castigo eterno para aqueles
que são condenados por rejeitarem a salvação (Mt
5.22,29,30; 10.28; 18.9;
23.15,33; Mc 9.43,45,47; Lc 10.16; 12.5).
86
s Trata-se da realidade do inferno, como o lugar
onde o fogo nunca se apaga (Mc 9.43);
s Um local com fogo eterno, preparado para o diabo
e seus anjos (Mt 25.41);
s Lugar de pranto e ranger de dentes (Mt 13.42,50);
s Onde os perdidos ficarão aprisionados nas trevas
(Mt 22.13);
s Lugar de tormento e angústia e de separação do
céu (Lc 16.23).
A s E p ís t o l a s e n s in a m .
s Fala de um julgamento vindouro da parte de
Deus;
s Da sua vingança sobre os que desobedecem
ao Evangelho (2Ts 1.5-9);
s De uma separação da presença e da glória
do Senhor (2Ts 1.9);
s Da destruição dos inimigos de Deus (Fp
3.18,19; ver Rm 9.22; ICo 16.22; Gl 1.9; Hb
10.27; Jd 7; 2Pe 2.4; Ap 14.10; 19.20;
20.10,14).
É i n e v it á v e l o c a s t ig o d o s m a l f e it o r e s .
O fato predominante é a condenação,
sofrimento e a separação de Deus eternamente.
O ensino desta doutrina não é agradável, nem
de fácil entendimento. Mesmo assim, ele deve submeter-
se à autoridade da Palavra de Deus e confiar na decisão
e na justiça divina.
Um a le r ta .
Devemos sempre ter em mente que Deus
enviou seu Filho para morrer por nós, para que ninguém
pereça (Jo 3.16).
87
É intenção e desejo de Deus que ninguém vá
para o inferno! Quem for para o inferno é porque rejeitou
a salvação provida por Deus (Rm 1.16;2.10). O fato e a
realidade do inferno devem levar todo o povo de Deus a
aborrecer e repelir o pecado com toda veem ência1; a
buscar continuamente a salvação dos perdidos, e a
advertir todos os homens a respeito do futuro e justo
juízo de Deus.
88
Questionário
89
Lição 4
Escatologia: 2a Parte
2) S e g u n d a fase:
s Jesus virá para livrar Israel (Zc 1.17; Rm
11.25-29);
s Virá publicamente, todo olho o verá (Ap 1.7).
Tomará vingança contra os rebeldes (Ap
19.11-21);
s Estabelecerá o Trono de Davi (Is 9.6,7);
s Estabelecerá um governo teo c rá tic o 1 (SI 2.1-9; Dn
2.44,45).
1 F or ma de g o v e r n o em que a a u t o r i d a d e , e m a n a d a de De us , é exe r c i da
por s eus r e p r e s e n t a n t e s na Te r r a.
91
0 Arrebatamento da Igreja
1 V e r pági na 121.
2 L u gar r e t i r a d o ou o c ul t o , i n d e t e r m i n a d o , di s t ant e ; r e c a nt o .
92
da mesma ressurreição referida em Apocalipse 20.4, que
somente ocorrerá depois de Cristo voltar a terra, julgar
os ímpios e prender Satanás (Ap 19.11-20.3).
Ao mesmo tempo em que ocorre a ressurreição
dos mortos em Cristo, os crentes vivos serão
transformados; seus corpos se revestirão de imortalidade
(I Co 15.51,53). Isso acontecerá num instante, " num
abrir e fechar de o lh o s " (IC o 15.52). (7 décimos de um
segundo).
Os crentes ressurretos e os vivos
transformados serão "arrebatados juntam ente" (l Ts
4.17) para encontrar-se com Cristo nos ares, ou seja: na
atmosfera entre a terra e o céu.
Estarão unidos com Cristo (l Ts 4.16,17),
levados à casa do Pai, no céu (Jo 14.2,3; l Ts 4.13- 18).
Estarão livres de todas as aflições (2Co 5.2,4; Fp 3.21),
de toda perseguição e opressão (ver Ap
3.9) , de todo domínio do pecado e da morte (I Co
15.51-56); o arrebatamento os livra da "ira futura" (ver l
Ts 1.10; 5.9), ou seja: da Grande Tribulação.
A esperança que Cristo logo voltará para nos
arrebatar e estarmos "sempre com o Senhor" (l Ts 4.17)
é a bem-aventurada esperança de todos os redimidos (Tt
2.13). É fonte principal de consolo para os crentes que
sofrem (lTs 4.17,18; 5.10).
Paulo emprega o pronome "nós" em I
Tessalonicenses 4.17. A Bíblia insiste que an elem os1 e
esperemos confiantemente à volta do nosso Senhor (cf.
Rm 13.11; ICo 15.51,52; Ap 2 2 . 1 2 ,20).
Os infiéis não terão parte no arrebatamento
(Mt 25.1-13; Lc 12.45). Os tais ficarão neste mundo e
farão parte da igreja apóstata2 (ver Ap 17.1), sujeitos à
ira de Deus.
D e s e j a r a r d e n t e m e n t e ; a s p i r a r a.
A b a n d o n o da fé Cr i s t ã.
93
Após o arrebatamento, virá o Dia do Senhor,
um tempo de sofrimento e ira sobre os ímpios (lTs 5 .2
10). Seguir-se-á a segunda fase da vinda de Cristo,
quando, Ele virá para julgar os ímpios e reinar sobre a
terra (Mt 24.42,44).
94
> Fome (Mt 24.7). Exemplos: índia, Etiópia, Angola e
outros.
> Pestes (Mt 24.7). Atualmente podemos destacar: o
câncer, enfermidades psicossomáticas1, praga
bubônica2, AIDS, dengue, e algumas mais;
> Terremotos (Mt 24.7). Um bom exemplo é o grande
e terrível maremoto que provocou a morte de quase
300.000 (trezentas mil) pessoas em vários países do
sudeste asiático em dezembro de 2004;
> Ódio, traição e morte (Mt 24.9,10);
> O aumento da ciência (Dn 12.4); automóvel (Na
2.4) ; avião (SI 55.6; Is 60.8); o homem na lua (Jr
51.53; Ob 4);
> Propagação do ocultismo e satanismo (2Co 4.4; lTm
4.1);
> Indiferentismo, tempos trabalhosos (2Tm 3.1,6; Jd
18);
> O derramamento do Espírito Santo (Jl 2.28,29; At
2.1-18);
> A Igreja morna (Ap 3.15,16);
> Restauração de Israel como nação (Is 66.8; Ez
36.33,35; Mt 24.32,33);
> Apostasia (Mt 24.11; 2Ts 2.3; 2Tm 4.3,4; Jd 4).
Propósitos do Arrebatamento
95
> Consumar a salvação do crente (lPe 1.5; Rm
13.11; 8.7,8,23);
> Glorificar os seus (Cl 3.4; Rm 8.16-18);
> Julgar e recompensar a todos (Mt 13.30,40,43;
16.27; 2Co 5.10; Ap 22.12). A recompensa do
crente terá por base sua fidelidade ao Senhor
(Mt 25.14,35);
> Promover o casamento entre o Cordeiro e sua
Noiva (Ap 19.7).
Há d u a s r e s s u r r e iç õ e s .
A dos justos e a dos injustos, havendo um
intervalo de mil anos entre elas (Jo 5.28,29; Ap 20.5; Dn
12.2).
A expressão " ressurreição dentre os mortos"
em Lucas 20.35 e Filipenses 3.11, implica
96
numa ressurreição em que somente os justos
participarão.
A ressurreição dos justos é o corruptível
revestido de incorruptibilidade. É o mortal se revestindo
da imortalidade. Dar-se-á de forma gloriosa. Os santos
que descansam em Cristo no Paraíso ressuscitarão no
momento do arrebatamento da Igreja (lTs 4.14-17). São
todos os santos desde o tempo de Adão.
Encontramos na Bíblia Sagrada três grupos de
ressurretos. Todos, mesmo em condições distintas estão
relacionados com a primeira ressurreição:
1) A s p r im í c ia s da p r im e ir a r e s s u r r e iç ã o :
Composto por Cristo e os santos que
ressuscitaram após sua morte na cruz do Calvário (ICo
15-20-23; Mt 27.53; Cl 1.18). A Festa das Primícias
movida perante o Senhor, são os primeiros frutos da
colheita que se avizinhava.
Graças a Deus que a ressurreição dos fiéis já
começou! Cristo - as Primícias da Ressurreição - já
ressuscitou! (Mt 27.52,53), foi o cumprimento da profecia
típica de Levítico 23.10,12, referente à ressurreição de
Jesus.
2) A c o lh e it a g e r a l da r e s s u r r e iç ã o :
Composto por todos os santos que haverão de
ressuscitar no momento do arrebatamento da Igreja (lTs
4.16). 3
3) O s r a b is c o s da c o lh e ita :
É composto pelos gentios e judeus salvos e
martirizados durante a Grande Tribulação, os quais (com
o grupo anterior) ressuscitarão à revelação de Cristo, logo
antes do Milênio (Ap 6.9-11; 7.9-14; 15.2; 20.4 -
Compare com Lv 23.22; Rt 1.15-17).
97
Quanto a segunda ressurreição, ela abrange
todos os ímpios mortos, e ocorrerá ao findar o Milênio
(Ap 20.5,6; Jo 5.28,29; Dn 12.2).
A palavra ressurreição implica em ressurreição
num corpo glorioso em vários sentidos (ICo 15), e os
ímpios, num corpo ignominioso1, em que sofrerão pela
eternidade (Mt 10.28).
O Tribunal de Cristo
"Porque todos devem comparecer ante o
tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o
que tiver feito p or meio do corpo, ou bem, ou m al" (2Co
5.10).
O Tribunal de Cristo nada tem a ver com o
Grande Trono Branco, que ocorrerá após a segunda
ressurreição, mas sim com todos os fiéis de todas as
épocas, em que receberão as recompensas pelos
trabalhos prestados ao Senhor da seara (Is 40.10; Ap
22.12).
O crente foi julgado como pecador através da
pessoa de Cristo, como o Cordeiro de Deus sacrificado em
seu lugar. Foi julgado como filho de Deus durante a sua
vida. Agora no Tribunal de Cristo, será julgado como
servo, isto é, quanto ao serviço prestado a Deus, e seu
testemunho.
1 Que me r e c e r e p u l s ã o ; o p r o b r i o s o , i nf ame.
98
C o n s id e r a ç õ e s s o b r e o T r ib u n a l.
❖ Será um julgamento dos crentes em Jesus Cristo (Ap
22.12; ICo 3.13-15);
❖ Ocorrerá logo após o arrebatamento da Igreja (2Tm
4.8; lPe 5.4);
❖ O juiz será o Senhor Jesus Cristo (2Tm 4.7,8; Jo
5.22; 2Co 5.10);
❖ O instrumento de juízo será o fogo (Ap 1.14). O
juízo pelo fogo mostra a grande seriedade do
tribunal de Cristo, e nos revela a ação disciplinadora
de Deus sobre nossos atos;
❖ A base do julgamento será a fidelidade dos crentes
(ICo 4.2; Ef 1.1; Mt 24.45);
❖ O Tribunal de Cristo terá lugar nas regiões celestiais
(lTs 4.17). Paulo ao escrever, usou a expressão
grega, "Bema" que originalmente quer dizer "uma
plataforma elevada, ao ar livre, com acesso por
meio de degraus". O termo técnico conhecido pelos
leitores a quem o apóstolo falava era empregado
com relação aos jogos olímpicos, quando o juiz
recebia na plataforma o vencedor da justiça atlética
e lhe entrega como recompensa uma coroa de
louros1 (ICo 9.24; 2Tm 4.8);
❖ O seu propósito é galardoar os servos que foram
achados fiéis (Ap 22.12; Mt 25.21).
S o m o s s u b m e t id o s à p r o v a no T r ib u n a l.
❖ Nossa conduta cristã (2Co 5.10), nossos passos são
acompanhados pelo olhar onisciente do Senhor (SI
139.1-3);
❖ Nossas obras (Rm 14.10);
❖ O tratamento dispensado aos irmãos (Tg 5.4; Mt
18.23-25, Rm 14.10);
1 Gl ó r i a s , t r i u n f o s , l aur éi s.
99
❖ A evangelização (2Co 5.11a; Ez 33.8);
❖ Pastores (Hb 13.17).
M a t e r ia i s a s e r e m j u lg a d o s .
s O u ro : Simboliza a glória de Deus, relaciona-se com
as coisas celestiais, divinas (Ap 3.18; Jó 22.23-25);
s Prata: Símbolo de redenção, e tudo que se
relaciona com sacrifício e resgate - A redenção de
Cristo (Êx 30.11-16; ICo 1.23); Pedras preciosas:
Simboliza tudo que se faz através do Espírito Santo
(Fp 3.3; Cl 1.29; Rm 15.18-20; Ez 16.11-14; ICo
12.4-6);
s Madeira: Representa a natureza humana (ICo 3.3;
Gl 6.8; Lc 6.33,34);
s Feno: Representa aquilo que é seco, sem renovação
(Jr 23.28; Is 15-16);
s Palha: Representa a ausência de estabilidade (Ef
4.14) e servidão (Êx 5.7). A palha também não tem
sabor, isto fala de crentes que não alcançam
expressão no trabalho cristão.
A s r e c o m p e n s a s de c a d a um.
> A coroa da vida (Tg 1.12; Ap 2.10), para os que
foram fiéis mesmo nas horas difíceis, e não
recuaram em face da morte;
> A coroa da glória (lPe 5.4; 2Tm 4.8; ICo
9.24,25) para os que agiram com humildade e
submissão;
> A coroa da justiça (2Tm 4.8), para aqueles que
ansiosamente aguardavam a vinda de Cristo;
100
> A coroa da alegria (lTs 2.19,20; Fp 4.1), para os
ganhadores de almas;
> A coroa incorruptível (ICo 9.25-27), para aqueles
que venceram a própria carne, sujeitando-se a
Deus.
As Bodas do Cordeiro
"Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-
lhe glória porque vindas são as bodas do Cordeiro, e j á a
sua esposa se aprontou" (Ap 19.7).
A Bíblia tem início com o casamento de Adão e
Eva (Gn 2.18) e termina com o casamento de Cristo (o
segundo Adão) e a noiva (Igreja).
Após termos recebidos a salvação pela fé, no
sangue do Cordeiro, e os galardões pela fidelidade e
trabalhos prestados a Deus, entraremos nas Bodas do
Cordeiro para a grande festa.
C o n s id e r a ç õ e s s o b r e as B o d a s do C o r d e iro .
Será após o Tribunal de Cristo;
A noiva é a Igreja neotestamentária, composta por
aqueles que foram salvos pela fé em Cristo. Os
santos do AT se encontrarão ali, na qualidade de
amigos do Noivo (Jo 3.29);
O salmo 45 tipifica as bodas do Cordeiro;
Haverá grande alegria durante a cerimônia (Ap
19.7);
O ornamento da noiva será de linho finíssimo,
resplandecente e puro. Que são os atos de justiça
dos santos (Ap 19.8);
Ali a Igreja será vista no seu aspecto universal.
Cumprir-se-á a oração sacerdotal de Jesus descrita
em Jo 17.24 e também em Mt 8.18; Haverá a
celebração da Ceia do Senhor (Lc 22.16, compare
22.27-30);
101
Miríades1 celestiais comparecerão às bodas do
Cordeiro como convidados.
Questionário
Assinale com"X" as alternativas corretas
1. A vinda de Jesus se dará em duas fases distintas,
porém, na primeira fase
a) Jesus virá para livrar Israel
b) Jesus virá publicamente, todo olho overá
c) Jesus virá para aIgreja
d) Jesus tomará vingança contra os rebeldes
2. Og anhador dealmas receberá de recompensa a
a) Coroa davida
b) Coroa daalegria
C) Coroa daglória
d) Coroa dajustiça
3. Quanto às Bod.as do Cordeiro écerto dizer que:
a) Haverá acelebração da Ceia do Senhor
b) A noiva será aIgreja, composta pelos que foram
salvos desde o início da humanidade
c) Será antes do Tribunal de Cristo
d) Os santos do AT se encontrarão ali, formando uma
só Igreja
Marque "C" para Certo e "E" para Errado
4. OTribunal de Cristo temo propósito de galardoar os
servos que foramachados fiéis
5. No arrebatamento os crentes ressurretos e os vivos
transformados serão "arrebatados separadamente".
1 Q u a n t i d a d e i n d e t e r mi n a d a , po r é m g r a n d í s s i ma .
102
A Grande Tribulação
A s p e c t o s da G ra n d e T r ib u l a ç ã o .
> Ocorrerá logo após o arrebatamento (2Ts 2.1- 4);
> Passará por sete anos (Dn 9.27);
> Será um período de grande aflição (Mt 24.21);
Será o período do derramamento da ira divina (Ap
6.16-17; Is 26.20);
> Será um período de vingança do Senhor (Lc4.19);
> Será um período de angústia de Israel (Dn 12.1;
Jr 30.7);
> Será marcado pelo surgimento do anticristo (2Ts
2.3; lJo 2.18).
O Anticristo
O anticristo será o maior líder de toda a
história. Personificando o diabo, será portador de
faculdades sobrenaturais como: oratória, sabedoria,
103
intelectualidade, estratégia, liderança, carisma,
popularidade, e uma personalidade irresistível.
A Bíblia o chama ainda de:
Homem do pecado (2Ts 2.3);
Filho da perdição (2Ts 2.3);
O iníquo (2Ts 2.3);
A besta (Dn 7.11; Ap 13);
O ímpio (Is 11.4);
O príncipe que há de vir (Dn 9.26,27);
O chifre pequeno (Dn 7);
O assírio (Mq 5.5).
A Trindade Satânica
O diabo procura imitar a Deus, é o que a Bíblia
nos revela. Também dentro do aspecto glorioso da
Trindade ele faz sua imitação.
O d ra g ã o .
É o próprio diabo (Ap 13.1-3). Imitará a
Deus.
104
O a n t ic r is t o .
É a besta que subiu do mar (significa as
nações - Is 17.12,13; Ap 17.15).
A palavra "besta" no original "therion", que
significa uma fera, revela a verdadeira identidade do
anticristo. Imitará a Cristo.
O f a l s o p r o fe t a .
A segunda besta que subiu da terra. Imitará o
Espírito Santo. As atividades do falso profeta serão:
• Será o secretário particular do anticristo;
• Na figura da segunda besta terá dois
chifres: poder político e religioso (Ap
13.11);
• Terá a figura de um cordeiro (Ap 13.11).
Terá um aspecto de docilidade e mansidão,
logo revelará a personalidade do dragão, o
diabo;
• Operará sinais e milagres (Ap 13.13) - fará
fogo descer do céu, imitação dos
verdadeiros profetas do Senhor do Velho
Testamento;
• Edificará uma imagem da primeira besta
(anticristo), para ser adorada;
• Dará espírito à imagem da besta para que
fale; vale dizer que a imagem terá somente
movimento e não vida (Ap 13.14-16).
105
2. Retorno numeroso dos judeus, desejosos pelo
estabelecimento do reino do Messias (At 1.6-7);
3. A reconstrução do Templo (Mt 24.15; 2Ts
2.3,4) . Ainda durante a Grande Tribulação o
Templo será destruído, possivelmente por
terremotos que assolarão a terra (Ap
11.13;16.18,19);
P r i m e ir o s elo .
Aparece o cavalo branco (Ap 6.1,2). Período de
falsa paz, o anticristo arranca para a conquista sobre as
nações.
O branco fala da falsa paz (lTs 5.3). O arco
fala do alcance (extensão do domínio do anticristo). A
coroa é para o vencedor.
Nesse período o mundo terá grande
prosperidade (Dn 11.36), porém, todo esse progresso
será falso, posteriormente a besta revelará seu caráter
diabólico.
S e g u n d o s elo .
Guerra e carnificina (Ap 6.3,4). O cavalo
vermelho figura o horror da Grande Tribulação.
Nesse período o acordo com os judeus será
quebrado (Dn 9.27), e tanto a igreja apóstata como os
judeus serão perseguidos (Ap 17.16; Jr 30.7).
106
T e r c e i r o s elo .
Fome e carestia1 (Ap 6.5-6). Fome causada
pela guerra, a balança fala de racionamento. O cavalo
preto.
Q u a r t o s elo .
Morte (Ap 6.7,8). O cavalo amarelo. A morte
será em decorrência de quatro fatores:
1. Espada: O anticristo estará dominado
amplamente a terra. A igreja apóstata sofrerá nesse
tempo, tendo seu sangue derramado.
2. Fome: É o que está incluso no terceiro selo.
3. P este : Possivelmente pelo aparecimento de
bactérias e vírus que promoverão a morte de
muitos.
4. Feras: Certamente animais bravios2. Surgirão nesse
período as "duas testem unhas" (Ap 11.3
13).
Q u in t o s elo .
O clamor dos mártires (Ap 6.9-11). Judeus e
gentios que morreram pela fé, mesmo tendo seu próprio
sangue derramado estarão debaixo do altar de Deus (Ap
6.9; 7.14). Cremos assim, que haverá salvação durante a
Grande Tribulação.
S e x t o s elo .
Sinais no céu e angústia na terra (Ap 6.12,17).
Houve um grande tremor de terra (Ap 6.12);
O sol tornou-se negro (Ap 6.12);
A lu a to r n ou -se c o mo sa ng ue (Ap 6 . 1 2 );
107
= >As estrelas caíram do céu (Ap 6.13);
= >O céu retirou-se como um livro (Ap 6.14);
= >Todos os montes e ilhas foram removidos (Ap
6.14,15);
= >Conforme Apocalipse 6.17, Deus respondeu ao
clamor dos mártires, sua ira manifestou-se.
S é t im o s elo .
Surpresas evidentes (Ap 8.1-21). Primeiro
houve silêncio no céu por quase meia hora, em atitude de
respeito ao que sucederia (Ap 8.1).
Sete anjos aparecem com sete trombetas (Ap
8.2). O sétimo selo engloba as quatro primeiras
trombetas.
1a Trom beta: Saraiva, fogo e sangue (Ap 8.7). A
terceira parte da terra morre.
2 a T r o m b e t a : Algo como um incandescente1!
caindo no mar e contaminando-o (Ap 8.8,9). Um terço da
vida marítima e um terço dos navios serão destruídos.
3a T r o m b e t a : O absinto2 (Ap 8.10,11). A terça parte da
água fica contaminada.
4 a T r o m b e t a : Trevas na terra (Ap8.12), um terço do sol,
da lua, e das estrelas deixará de brilhar.
5 a T r o m b e t a : A praga dos gafanhotos (Ap 9.1- 12). Uma
grande estrela que caiu do céu (Satanás), e foi-lhe
dado a chave do poço do abismo (Hades), e os
gafanhotos saíram (demônios) para atormentar os
moradores da terra que não tiveram o sinal de Deus
(Ap 9.4). A 5a trombeta equivale ao primeiro Ai.
108
6 a T r o m b e t a : (Ap 9.13-21). Anjos infernais em
número de quatro, liberarão esta cavalaria infernal
(demônios), que são em número de 200 milhões. A
terça parte dos homens morrerá. A 6 a trombeta
equivale ao segundo Ai.
7 a T r o m b e t a : (Ap 11.15; 12.1-12). A mulher e o
dragão. A 7a trombeta equivale ao terceiro Ai.
As Sete Visões
P r i m e ir a V is ã o : o Cordeiro triunfante com os
remidos no Monte Sião (Ap 14.1-5);
S e g u n d a V is ã o : o anjo proclama o Evangelho eterno
(Ap 14.6,7);
T e r c e ir a V is ã o : o anjo anuncia a queda de Babilônia
(Ap 14.8);
Q u a r ta V is ã o : o julgamento dos adoradores da besta
(Ap 14.9-12);
Q u in t a V is ã o : a Bem-aventurança dos mortos (Ap
14.13);
S e x ta V is ã o : a ceifa da terra (Ap 14.14-16);
109
A Revelação de Jesus Cristo (Zc 14,4; Cl 3.4)
O s m a r a v ilh o s o s a s p e c t o s da r e v e la ç ã o .
"O Senhor vem com poder e grande glória" (Mt
24.30);
"O Senhor virá visivelmente" (Ap 1.7; Zc
14.4);
"O Senhor voltará com os santos" (Cl 3.4; Jd
14);
"O Senhor destruirá o anticristo e seus exércitos"
(Ap 9.19,21);
"O anticristo e o falso profeta serão lançados no
lago de fogo" (Ap 19.20; 2Ts 2.8).
110
A Batalha do Armagedom
Influenciados por Satanás e sob os efeitos da
"mentira", os exércitos de todas as nações se reúnem em
"Armagedom", na Palestina, com o objetivo de guerrear
contra Deus.
Em sua fúria, eles atacam principalmente
Jerusalém, e grande parte da população de Israel (Ap
16.14,16; Zc 12.3; 13.8,9; 14.1,2).
Nessa altura dos acontecimentos, os céus se
abrem e Cristo se manifesta juntamente com seu exército
de santos. Cristo executará juízo e vingança contra seus
inimigos.
O anticristo e o falso profeta são lançados no
lago de fogo (Ap 19.20). Satanás, o dragão, é
acorrentado pelo Arcanjo e lançado no abismo, onde
ficará durante mil anos (Ap 20.1,3).
Israel se converterá, e dirá que feridas são
essas entre as tuas mãos? Dirá Ele: são as feridas com
que fui ferido em casa dos meus amigos (Zc
13.6).
"Armagedom" significa "Montanha de Megido".
Local onde se travará a terrível batalha entre as nações e
o grande Deus. Situado ao norte de Israel, este local
tornou-se famoso campo de batalha.
O anticristo envolverá as nações num grande
ataque contra Israel e contra Deus. Acampados no
Armagedom, as tropas do anticristo caminharão contra
Jerusalém, os judeus lutarão como verdadeiros heróis (Zc
14.14). Cumprir-se-ão os textos proféticos de Joel 3.2,14
e Zacarias 12.3.
Assim será a terrível batalha:
> O anticristo tomará Jerusalém (Zc 14.2);
> Os judeus lutarão heroicamente (Zc 14.14);
> Parte de Israel fugirá para Edom, no deserto, ao sul
de Israel (Is 63.1-7);
111
> Jesus virá em glória para livrar Israel (Ap
19.11-16). Todo olho o verá (Ap 1.7);
pisará o monte das Oliveiras, e este se
fenderá ao meio (Zc 14.3,4);
> Haverá a conversão dos judeus (Zc 12.10
14; Os 3.5; Is 4.3; 60.21; Rm 9.27; 11.25
27);
> O Senhor sairá contra o anticristo como um
fogo, e os seus carros como uma
tempestade (Is 66.15,16). Segurará a sua
espada e brandirá1 sua foice (Jl 3.13; Ap
14.17,18);
> As forças do anticristo se desorganizarão
ante a glória do Senhor, e voltarão suas
espadas uns contra os outros (Zc 14.13);
> O morticínio será incalculável (Ap 19.21);
> O sangue chegará até aos freios dos
cavalos (Ap 14.20);
> Formar-se-á um rio de sangue, cuja
torrente chegará até30km
aproximadamente;
> Gases mortíferos apodrecerão os olhos dos
homens (Zc 14.12);
> O anticristo e o falso profeta serão lançados
no lago de fogo e enxofre (Ap 19.20);
> Os abutres2 se ajuntarão para comer a
carne dos mortos (Ap 19.17,18).
112
O v e lh a s : são as nações que protegerão e
defenderão Israel durante a Grande Tribulação.
Bodes: nações aliadas ao anticristo que
perseguirão Israel.
O julgamento girará em torno do tratamento
dispensado a Israel, conforme o texto de Mateus 25 .4 0
43. Os judeus são identificados como os "irmãos" de
Jesus (compare Gn 12.3; Zc 13.6).
As nações que estiverem contra Israel, os
bodes, serão lançadas no inferno (Mt 25.41,46). As
nações protetoras de Israel, as ovelhas participarão do
Milênio (Mt 25.34).
113
Questionário
114
Lição 5
Escatologia: 3a Parte
O Milênio
O Milênio significa uma era de justiça e paz,
de retidão e abundância (Ver Is 2.1,4; 65.20,22; Mq
4.1,5).
Em Apocalipse 20.1,7 é dito que esse período
de tempo será de mil anos. O vocábulo milênio dos
termos latinos mille (mil) e annus (ano) podendo ser
entendidos simplesmente, como "mil anos".
Propósitos do Milênio
P r im e ir o : no princípio, Deus estabeleceu uma ordem
moral sujeita às tentações de Satanás e a terra caiu
sob a servidão. Quando os efeitos da maldição tiverem
sido anulados e Satanás tiver sido amarrado, então os
homens serão livres para observar o amor, a justiça e
a sabedoria do Senhor, pois Ele mesmo estará
governando o mundo com equidade1 e verdade.
115
descendentes haveriam de governar para sempre (ver
2Sm 7.8,17; SI 89.3,4,19,37; Jr 33.14,26). Conforme
já vimos, tem havido uma interrupção nesse governo
e essas predições continuam esperando cumprimento
(Dn 2.34,35,44,45; Rm 8.18,25).
Características do Milênio
116
Os súditos1 do Rei nesse reino terrestre, ao que
parece serão os sobreviventes da Grande
Tribulação;
A paz será uma das características fundamentais
desse reino milenar, porquanto, o governante será
o Príncipe da Paz. Sem a maligna influência de
Satanás, não haverá mais guerras (Is 11.6,7);
Aparentemente, os crentes rem idos2 ajudarão a
administrar os negócios do reino. Os apóstolos
governarão a nação de Israel (ICo 6.2,3; Ap 5.10;
Mt 19.28; 25.31);
O reino animal experimentará uma maravilhosa
transformação. Os animais ferozes tornar-se-ão
mansos e os animais mansos não viverão
atemorizados. Antes, todos viverão juntos,
pacificamente (Is 11.6,9);
As pessoas desejarão conhecer a Deus e as
realidades espirituais. Eles estudarão a Palavra de
Deus, de tal maneira que o conhecimento de Deus
tornar-se-á evidente por toda à parte (Is 2.3;
11.9; Zc 8.20,23).
O Milênio e Jesus
Jesus governará todo o mundo (Fp 2.9-11; Zc
14.9; Jr 30.9);
Ele reinará de Jerusalém (SI 72.8,9; Is 2.1-5);
Jesus cumprirá seu ministério de Rei (Mt 3.1- 3; Is
1 1 .1 - 1 0 );
A glória do Senhor encherá toda a terra (SI
72.19).
1 Que está s u b m e t i d o à v o n t a d e de o u t r e m; s uj ei t o.
2 R e s g a t a d o s , l i b e r t a d o s ; s al vos .
0 Milênio e a Igreja
A Igreja terá sido glorificada (Ap 20.4-6;
5.9,10);
A Igreja estará na Jerusalém celeste (Cl 3.4; Rm
8.17-18). A Jerusalém celeste pairará1 sobre a
terrestre (Is 2.2; Mq 4.1) e quando os santos
quiserem descer à Jerusalém terrestre isto será
possível - compare com Gênesis 28.12.
O Milênio e Israel
Israel se alegrará (Is 25.9);
Israel terá sido totalmente ajuntado e purificado
(Zc 8.1-3; 13.1);
Israel terá possuído toda terra prometida (Gn
15.18; 17.8; Êx 23.31);
O Templo estará reconstruído (Ez 48-8-12; Ap
11.1.2) . Os sacrifícios oferecidos em harmonia
com os gentios não terão o mesmo caráter do AT,
serão sem "Memórias". Algumas festas como a dos
Tabernáculos, Páscoa, serão reeditadas também;
Jerusalém será a sede do governo milenial e
mundial de Cristo (Is 2.3; 60-3; 66.20; Zc 8.3,
22,23; 14.16; Jr 3.17);
Todas as leis sairão de Jerusalém (Is 2.2; Mq 4.2);
Um rio fluirá do Templo milenial (Jl 3.18; Zc14.8);
As águas do mar Morto serão transformadas e
darão muitos peixes (Ez 47.8-12).
1 Es t ar ou f i c a r no al to, s o b r a n c e i r o .
118
0 Milênio e a Terra
A terra será elevada (Rm 8.19-22, Zc
14.9,10) . Pela mudança no relevo do solo,
dificilmente se saberá onde ficava determinado
país;
Haverá grande fertilidade (Am 9.13,14);
Os desertos desaparecerão (Is 35.1,6;
41.19,20);
Haverá abundância de água (Is 30.25; Jl 3.18);
Animais voltarão a ser dóceis (Is 65.25; 11.6- 9);
Somente a serpente não terá sua natureza
removida como os demais animais, ela comerá o
pó da terra (Is 65.25);
As armas se converterão em objetos de lavoura (Is
2.4).
119
A Salvação no Milênio
Haverá abundância de salvação (Is 33.6);
Deus mesmo salvará o seu povo (Zc 8.6-13;
9.16).
Os Pregadores no Milênio
Os judeus serão os mensageiros do Rei (Is 14.1,2;
6 6 .6 ; Zc 8.17; Mq 4.1-3);
Os judeus realizarão um grande movimento
missionário (Is 52.7).
120
1. Como os nascidos durante o Milênio não foram
provados por não haver maldade na época, serão
agora provados com a soltura de Satanás.
2. Deus quer revelar a dureza do coração do homem e
sua natureza pecaminosa. Pois mesmo com os
benefícios físicos, morais e espirituais do Milênio o
homem ainda terá a audácia de se juntar a Satanás
para lutar contra Cristo e os santos.
3. Satanás é incorrigível. Isto é o que Deus também
provará ao soltá-lo da prisão.
4. Satanás sairá a enganar as nações para lutarem
contra Deus; a ação será dupla: cercarão o
arraial dos santos (os judeus) e assolarão a
cidade amada (Jerusalém). Cristo só intervém
depois de se completar o cerco à nação de
Israel; de Deus desce fogo dos céus e os devora (Ap
20.9). E o diabo será lançado no lago de fogo e
enxofre, preparado para ele e seus anjos (Mt 25.41).
A besta e o falso profeta estarão ali desde o início do
Milênio, entregues ao seu eterno destino.
5. Com o ato de lançar Satanás no lago de fogo, findará
toda rebelião do povo da terra - findará todo pecado
e toda morte no planeta.
121
proferidas pelo Cristo. Haja vista este pequeno discurso
que, segundo Papias, teria emanado dos lábios do
Senhor:
"D/as virão quando as vinhas terão cada uma,
mil varas, e cada vara dez mil ramos, cada ramo dez mil
hastes, cada haste dez mil cachos, e cada cacho dez mil
bagos, e cada bago, quando espremido, dará quatro
barris de vinho".
Teria os fragmentos das explicações sobre as
sentenças de Jesus sofrido alguma interpolação? De
qualquer forma, Jesus jamais se perderia em algo tão
simplório.
Para justificar tal declaração, Papias, que fora
bispo de Hierápolis e reclamado discípulo de João,
ajuntou esta explicação bizarra: "Isto é crível1 aos
cristãos, pois se o leão vai se alimentar da palha, qual
não será a qualidade do próprio trigo, se a palha serve de
alimento a leões?".
As perseguições romanas redimensionaram a
escatologia da Igreja. No tempo de Severo, apareceu um
peregrino chamado Judas dando a entender que o Cristo
viria no final do reinado desse Imperador. Como teria o
místico chegado a semelhante conclusão? Através de um
estudo arbitrário das Setenta Semanas de Daniel. Já
forçando os algarismos e já tratando aleatoriamente as
profecias, o falso profeta infere2: a parousia dar-se-ia no
último ano de Severo - 203 d.C.
O presbítero Hipólito de Roma, martirizado em
235 d.C., informa em sua Tradição Apostólica que certa
vez um bispo sírio retirou-se para o deserto com toda a
sua igreja para recepcionar o Cristo. Mas retornaram
tristemente aos seus lares. E não foram poucos os que
naufragaram na fé.
1 Que se po de crer; a c r e d i t á v e l .
2 T i r a r por c o n c l u s ã o ; d e d u z i r pel o r a c i o c í n i o .
122
Eusébio de Cesaréia (263-340), cognominado o
pai da História da Igreja, acreditava que o anticristo
surgiria ainda naquela geração. Foi graças a Eusébio que
tivemos acesso a muitos documentos valiosíssimos dos
primeiros séculos do cristianismo. Suas predições,
contudo, não tinham a mesma precisão de suas crônicas.
Dos relatos acima, denota-se: os primeiros
cristãos tinham uma idéia quase que distorcida da vinda
do Cristo. Todavia, acreditavam que viria o Senhor
arrebatar a sua Igreja. Em momento algum, eles
deixaram de crer no glorioso retorno do Filho de Deus.
1 Mui t o di s t i n t o ; no t á v e l , c é l e br e , a s s i n a l a d o .
2 Que po de s er f ei t o; f a z í v e l , e x e q ü í v e l .
123
despendeu1 os seus dias como monge em Belém de Judá.
O que pensavam os contemporâneos de
Jerônimo acerca do Milênio? Se o assunto era tratado
oficialmente, não o sabemos. Nos cânones, nenhuma
menção era feita ao reinado literal de Cristo neste
mundo. Mas a situação mudaria drasticamente com a
ascensão2 de Constantino.
1 G a s t o u ; c o n s u mi u .
2 S u b i d a , e l e va ç ã o .
3 De ago r a em di ant e; para o f ut ur o.
124
mudou de idéia com o passar dos tempos. Lendo
Apocalipse 20.5, aplicou de imediato o texto à Igreja. Na
Cidade de Deus, mostra que o Milênio referia-se à Igreja
Cristã.
Tal interpretação condicionou os fiéis a
pensarem que o mundo acabaria no ano mil. Ao chegar o
ano mil, nada aconteceu.
Forçando um casuísm o1 e tratando a
Escatologia Bíblica de maneira artificiosa, as autoridades
eclesiásticas resolveram alterar os cálculos. Tomando por
base, agora, não o nascimento, mas a crucificação do
Cristo, concluíram que o mundo acabaria em 1030. Como
nada acontecesse novamente, acharam por bem dar uma
interpretação mais alegórica aos versículos que tratam do
reinado do Messias.
Por causa desse falso anúncio, muita gente
deixou-se prostrar. Não foram poucos os que doaram suas
propriedades à Igreja de Roma, tornando-a ainda mais
rica e poderosa. Enquanto isso, o povo mantinha-se na
miséria e já em densas trevas espirituais.
1 A c e i t a ç ã o pas s i va de i déi as , d o u t r i n a s ou p r i n c í p i o s .
125
acreditar que o mundo teria uma duração de seis mil
anos. Logo, já estavam vivendo o início do fim. Foi por
causa dessa interpretação de Lutero que a igreja
evangélica pouco avançou nas missões.
O reformador sugeria que, como Cristo estava
às portas, não havia porquê dedicar-se à salvação das
almas. Iam os católicos, enquanto isto, conquistando os
mais distantes lugares: dominaram o Novo Mundo,
chegaram ao Oriente Longínquo1, e ainda barraram a
Reforma no Sul da Europa.
Os reformadores, de um modo geral,
acreditavam ser a Igreja Católica a Babilônia do
Apocalipse, e o Papa, o homem do pecado referido por
Paulo. Todos pareciam estar de acordo: Tyndale,
Bulinger, Knox, Melanchton, Zwínglio, Calvino etc.
Eles achavam ainda que as agitações
decorrentes da Reforma fossem os feitos da soltura de
Satanás de que falara o Apocalipse. Ou seja: o Milênio da
Igreja terminara, e todos deveriam suportar o diabo até
que fosse definitivamente lançado às trevas exteriores.
1 Re mo t o ; a f a s t a d o , di s t ant e .
126
Questionário
128
"Fugiu a terra e o céu" (Ap 20.11). A glória de
Jesus em seu aspecto mais maravilhoso fará recuar a
terra e o céu (2Pe 3.10,12).
129
0 Eterno e Perfeito Estado
Todos os crentes aguardam, com ansiedade,
os benefícios espirituais de nosso Senhor na eternidade
de glória.
A história se findará para o início do "dia
eterno" ou "dia da eternidade" conforme falou o apóstolo
Pedro profeticamente (2Pe 3.18).
O Apocalipse nos capítulos 21 e 22 nos dão a
visão real do estado eterno. Todas as coisas serão
restauradas (At 3.21), e a Igreja, em estado de glória
governará a terra sob o Senhorio de Cristo (Dn 7.18,28).
130
O Grande Trono Branco
131
Deus (Ap 20.11). É o trono do julgamento final de Deus.
Todavia, aquele que se assenta no trono deve ser o
glorificado Rei dos reis e Senhor dos senhores, o nosso
Senhor Jesus Cristo.
Idéias judaicas populares em vigor nos dias do
NT não concebiam que o Messias fosse o derradeiro Juiz do
mundo, embora realmente esperassem que Ele tivesse uma
participação ativa na destruição do mundo pagão (SI
2.8,9).
Não obstante, Jesus disse:"O Pai a ninguém
julga, mas deu ao Filho todo o juízo, para que todos
honrem o Filho, como honram o Pai" (Jo 5.22,23; cf. 5.27).
Jesus, o Juiz
Lucas escreve em Atos 17.31, as palavras de
Paulo declarando que Deus "tem determinado um dia em
que com justiça há de ju lg a r o mundo, p or meio do varão
que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando o
dos mortos".
Em Romanos 2.16, também lemos que "Deus há
de ju lg a r os segredos dos homens, p or Jesus Cristo".
Jesus, entretanto, será o Mediador entre
Deus e a humanidade neste julgamento final, assim
como hoje é o Mediador em nossa redenção (lTm
2.5) e também foi o Mediador na criação (Jo 1.3).
O fato de Jesus ser o derradeiro Juiz, também
prova que Ele compartilha da majestade de Deus e que Ele
é mais que um Mestre entre outros mestres, mais que um
Guia entre outros guias.
132
não estão incluídos os mencionados em Apocalipse 20.4,
pois já foram ressuscitados com novos corpos que não
podem mais morrer ou definhar1).
Grandes e pequenos serão ressuscitados para
serem julgados. Visto que a ressurreição é corpórea,
essas pessoas terão algum tipo de corpo, mas não serácom
crentes, pois os descrentes, por causa de sua natureza
pecaminosa, só podem ceifar destruição (gr. Phthoran,
"ruína", "corrupção").
Eles sairão dos túmulos (Dn 12.2; Jo
5.28,29) e serão julgados pelas obras (anotadas em
registros divinamente mantidos, nos quais sem dúvida
estará inclusa a sua rejeição a Jesus e
submissão a Satanás, além de seus pecados públicos e
particulares).
Nessa ocasião, o Livro da Vida também será
aberto, provavelmente como prova de que seus nomes
não estão ali. Quer dizer, Jesus fará mais do que
sentenciar os ímpios. Ele dará respostas a questões no
que respeita à qualidade da graça, retidão, justiça,
cuidado, paciência e amor de Deus, tudo em contraste
com a base da ira de Deus contra o pecado e o mal.
Como ressalta Charles Ryrie: "Este julgamento
não é para verificar se deverá ser o céu ou o inferno o
destino final daqueles que são julgados; é um julgamento
para provar que o inferno é o destino merecido".
Então, com o lançamento da morte e do inferno
no lago de fogo, a justiça de Deus finalmente triunfará e a
justiça e a paz serão estabelecidas para sempre no novo
céu e na nova terra.
Alguns consideram o julgamento pelas obras
contraditórias aos ensinamentos bíblicos sobre
1 C o n s u m i r - s e aos p o uc o s ; e n f r a q u e c e r - s e , a b a t e r - s e .
133
a justificação pela fé. Mas, visto que somos salvos pelagra
pelo qualDeus olha para nós como se nunca tivéssemos
pecado. Entretanto, os dons de Deus somente são
verdadeiramente nossos quando os tomamos e os
colocamos em prática.
A fé deve agir ou se expressar através do amor
(Gl 5.6), visto que não é real, a menos que seja
demonstrada pela ação. Se realmente crermos, estaremos
nos importando com as outras pessoas, comsuasnecessidad
sofrimentos. Não atenuaremos1 o que a Bíblia ensina "no
intuito de torná-la menos exigente". As nossas obras,
então, tornam-se evidências da realidade de nossa fé.
Também é verdade que os motivos são
importantes nesse processo de julgamento das obras.
Alguns que nunca foram condenados por qualquer crime
pelos tribunais humanos podem estar cheios de ódio,
amargura, inveja ou orgulho presunçoso e egocêntrico. E
tudo será revelado "no dia em que Deus há de julgar os
segredos dos homens, por Jesus Cristo" (Rm 2.16).
"Nada há encoberto que não haja de ser
descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido" (Lc
12.2). "Mas eu vos digo que de toda palavra ociosa2 que
os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo"
(Mt 12.36).
Naquele dia "todo joelho se dobrará diante de
mim (do Senhor), e toda língua confessará a Deus" e
"cada um de nós dará conta de si mesmo a D eus" (Rm
14.11,12).
Alguns especulam que aqueles que forem
salvos durante o Milênio (quer dizer, depois do
R e d u z i r a me no s ; d i mi n u i r , abater.
S u p é r f l u o , d e s n e c e s s á r i o , i núti l .
134
julgamento do Tribunal de Cristo) também podem ter de
comparecer diante do Grande Trono Branco para receber
cada uma a sua recompensa. Entretanto, a Bíblia não
afirma isso em nenhum lugar.
Parece provável que eles receberão a plenitude
da salvação, incluindo novos corpos, e se ajuntarão ao
restante dos santos glorificados assim que forem salvos e
se comprometerem com Jesus.
Outros Julgamentos
A Bíblia fala de outros julgamentos, mas sem
dar maior detalhes relacionados a tempo ou lugar. Paulo
mencionou que os santos (todos os verdadeiros crentes,
pois eles serão consagrados à adoração e ao serviço do
Senhor) julgarão o mundo e aos anjos, em contraste com
o julgamento desta vida (ICo 6.2,3). Pode ser que isso
aconteça durante o Milênio.
Outros consideram Mateus 25.31-46 - a
separação dos povos "uns dos outros, como o pastor
aparta dos bodes as ovelhas" (Mt 25.32) - um julgamento
especial das nações no princípio do Milênio. Trata-se de
um julgamento das obras, em reconhecimento de que
aquilo que é ou que deixa de ser feito para os outros é ou
deixa de ser feito para Jesus.
O que quer que façamos, estamos fazendo
como ao Senhor (Cl 3.23). A palavra "nações" significa
povos, e não estados nacionais - o conjunto dos poderes
políticos de uma nação.
As obras são aqueles feitos por indivíduos que
se importa com os irmãos (e irmãs) de Cristo ou que os
desprezam. O resultado é herança para aqueles que são
benditos e fogo eterno para os que não são, um fogo
preparado para o diabo e seus
135
anjos, ou seja, é o estado final, e não o Milênio, que está
em apreço nesta descrição.
James Oliver Buswell faz uma interessante
sugestão. Visto que a cena é "de uma vasta e cósmica
perspectiva", pode ser que Jesus tenha colocado tanto o
julgamento do Tribunal de Cristo quanto o do Grande
Trono Branco em um só quadro, em prol da lição de que
"julgamento" significa separação uns dos outros bem
como separação de Deus. Então, assim como os profetas
do AT não mostraram a diferença de tempo entre a
primeira e a segunda vinda de Jesus, este, da mesma
forma, não indica a diferença de tempo entre os dois
grandes julgamentos.
Os cristãos devem levar esses julgamentos a
sério: "Se o justo apenas se salva, onde aparecerá o
ímpio e o pecador?" (lPe 4.18).
" Porque, se pecarmos voluntariamente, depois
de termos recebido o conhecimento da verdade, já não
resta mais sacrifício pelos pecados, mas certa
expectação1 horrível de juízo e ardor de fogo, que há de
devorar os adversários. Quebrando alguém a lei de
Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas
ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós
será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus,
e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi
santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? Porque
bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança,
eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O
Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas
mãos de Deus vivo" (Hb 10.26-31).
Existe a possibilidade de que aqueles que uma
vez foram salvos se retirem para a perdição (Hb
136
10.39), embora o escritor de Hebreus nos encoraje a não
rejeitarmos a nossa confiança, a perseverarmos e
continuarmos firmes, sendo um daqueles que crêem e são
salvos (Hb 10.35,36,38,39).
Questionário 4? Assinale
137
Marque "C" para Certo e "E" para Errado
139
HALLEY, Manual Bíblico de Halley. São Paulo: Ed Vida,
20 00.
140
IBADEP - Instituto Bíblico da Assembleia de Deus - Ensino e Pesquisa
Rua. IBADEP, S/N° - Cx. Postal 248 - Vila Eletrosul - 85980-000 - Guaíra - PR
E-mail: ibadep@ibadep.com - Fone: (44) 3642-2581 - Site: www.ibadep.com
Coordenador: Pr. M. Douglas Schefifel Jr.
Um departamento da CIEADEP