FIAD 2010 A Pesquisa Sobre Reescrita de Textos
FIAD 2010 A Pesquisa Sobre Reescrita de Textos
FIAD 2010 A Pesquisa Sobre Reescrita de Textos
(Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana
LusaVilela, Ana Alexandra Silva Copyright 2010 by Universidade de vora ISBN: 978-972-99292-4-3
acadmico e tambm por questes provenientes do ensino de lngua nas escolas e tento
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Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem,
Departamento de Lingustica Aplicada, Avenida Jlio de Mesquita 249/91, 13010-919,
Campinas, So Paulo, Brasil, rfiad@terra.com.br
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Lngua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas
(Eds.) M Joo Maralo & M Clia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, M do Cu Fonseca, Olga Gonalves, Ana
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entender um pouco, ao traar este percurso de pesquisas, como esse campo de pesquisas
discusso se insere em uma discusso mais ampla de estudos sobre a escrita, sua
aquisio, seu ensino. Em seguida, caracterizo o tipo de estudo aqui realizado e o tipo
de estudos que tomo como exemplares de pesquisas sobre reescrita. Depois, recupero
o percurso desse campo de estudos nos contextos francs e brasileiro pela proximidade
que vejo entre ambos. Esse percurso me leva a propor uma relao forte entre a pesquisa
sobre reescrita e a prtica escolar de reescrita, que vejo como uma relao entre dois
domnios institucionais.
O conceito reescrita admite vrias interpretaes mas, para este trabalho, trago
duas delas: a primeira delas remete ao trabalho que realizado pelo autor do texto,
quando retorna sobre seu prprio escrito e realiza algumas operaes com a linguagem,
que fazem com que o texto se modifique em vrios aspectos possveis; a segunda
interpretao implica em reconhecer que todo texto uma reescrita, na medida em que
sempre que enunciamos algo estamos, de alguma forma, retomando o que outros j
reescrever.
Fica claro, ento, que a segunda interpretao to ampla que implicaria em,
para os propsitos deste trabalho, todas as pesquisas sobre escrita serem consideradas
como pesquisas sobre reescrita, o que o tornaria sem sentido. Fico com a primeira
caracterizada como alguma manifestao presente na superfcie textual (que pode ser
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entendida como uma marca deixada pelo escrevente) que revela uma retomada do texto
pelo seu autor. Esta concepo est baseada no que apresentam Fabre & Capeau (1996),
durante o processo de ensino de lngua materna, no contexto escolar. Isso significa que
no estou incluindo estudos sobre reescrita em outros textos, como o caso dos
manuscritos literrios, mas falarei sobre esse tipo de pesquisa mais adiante, pois h
alguma relao entre ambas. O que pretendo apontar so tendncias possveis de serem
observadas no conjunto dessa produo acadmica feita no Brasil nas trs ltimas
dcadas. Essas tendncias sero apontadas a partir das bases tericas que orientam os
estudos realizados.
- elas pressupem uma concepo de escrita como processo, seja esse processo
o ensino de escrita :
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contexto francs. Com base em Pino & Zaluar (2007), que contextualizam o
reescrita de textos nos dois pases, caracterizando esse percurso como uma construo
No final dos anos 60, com a crise do estruturalismo, a crtica gentica surge
do processo de criao. Com isso, a crtica gentica traz tona um material de arquivo
de grande importncia para a poltica cultural francesa (PINO & ZALUAR, 2007, p.
pesquisadores organizados em torno dos acervos dos grandes escritores franceses e pode
mundo.
escrita na Frana, aponta que os estudos sobre a gnese dos manuscritos literrios
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levaram-na, nos anos 80, a pensar que, para os estudantes, assim como para os escritores
perspectiva enunciativa.
trabalho. Um exemplo disso um dos textos oficiais escrito em 1992 que preconiza a
reescrita como instrumento para a melhora das produes escolares. Desde ento, a
como um fenmeno social, uma forma de ao, de interao entre sujeitos. Essa
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uma interlocuo em que o trabalho com a lngua est sempre presente. Desse modo,
apropriam nas diferentes situaes de interao, mas sim como um sistema que prev
ideologia do dom.
importncia das situaes didticas. Contriburam tambm para afirmar que a escrita
concretizao.
no Brasil so:
pioneiro de Kato (1986) que, ao adaptar esse modelo, elaborou a primeira abordagem
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(1993);
pelos trabalhos do Grupo de Pesquisa Escritura, Texto & Criao (ET&C) onde se
Todas essas tendncias tericas de estudos sobre reescrita toma como dados para
chamados manuscritos escolares por algumas dessas tendncias, ou seja, por aquelas
que tm algum vnculo com os estudos da crtica gentica e transpem, para o estudo de
textos de aprendizes da escrita, uma abordagem vinda dos estudos da crtica gentica.
Nesses trabalhos, est implcito o fato de que existem manuscritos escolares e que eles
podem ser analisados em uma perspectiva que revele o trabalho que esses aprendizes
Com base no estudo de Gomes-Santos (2004), sugiro que se possa afirmar que
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prtica escolar de reescrita no contexto escolar brasileiro. Sabe-se que, desde os anos
oficiais sobre o ensino de portugus, como uma atividade que permite a realizao da
no contexto brasileiro tem uma forte relao com as propostas oficiais que sugeriram,
uma depende da outra, mas sim que uma alimenta a outra e que as mudanas existentes
Referncias bibliogrficas
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rudition, 1996.
HAYES, J.-R.; FLOWER, L.S.. Identifying the organization of writing processes. The
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KATO, Mary A., No mundo da escrita: Uma perspectiva psicolingstica. SP: Editora
tica, 5 edio, 1986.
PINO, C.a.; ZULAR, R.; Escrever sobre escrever. Uma introduo crtica crtica
gentica. So Paulo: WMF Martins Fontes, 2007.