Estudo Da CNBB 97
Estudo Da CNBB 97
Estudo Da CNBB 97
Estudos da CNBB 97
APRESENTAO
Para refletr Eis o Cordeiro de Deus Ouvindo essas palavras, os dois discpulos
1- Qual o significado da palavra "mistrio" no Novo de Joo seguiram a Jesus. (Cf. Jo 1,36-37)
Testamento? Com relao, ao "mistrio" ao qual se
pretende iniciar, qual a diferena do cristianismo e as
demais religies mistricas? "Depois que se sentou mesa com eles, tomou o po pronunciou a
2- Com relao nossa tradicional catequese bno, partiu-o e deu-os a eles. Neste momento, seus olhos se
(preparao para os sacramentos conduzida por um/uma abriram e eles o reconheceram." (Lc 24,30-31)
catequista com seu grupo...) qual a novidade processo
catecumenal ou de uma catequese com inspirao 3.1 Um encontro que transforma a vida
catecumenal?
3- Como se pode descrever a "natureza teolgica" do 69. Palavra, Comunidade, Celebrao foram importantes para
processo da Iniciao Vida Crist? que os primeiros discpulos reconhecessem Jesus como
4- Que diferenas e contatos se podem estabelecer centro de sua vida. So fundamentais para os cristos
entre "catequese de Iniciao" e o "processo de formao de hoje tambm. A vida dos primeiros discpulos mudou
permanente"? a partir do encontro com Jesus de Nazar e seu
mistrio. Eles o seguiram nos caminhos da Palavra e dos
sinais do Reino. Recriados pela f na vitria da
ressurreio e animados pelo dom do Esprito, tornaram-
se para sempre participantes da sua vida, membros do
seu corpo, celebrantes do seu mistrio, testemunhas do
seu Reino. Atentos grandeza da misso, passaram a
fazer discpulos em todos os povos.
89. No aniversrio do batismo de se desejar que os nefitos 3.6.2 Catequese e liturgia em mtua cooperao
se reunam para agradecer a Deus, partilhar sua
experincia espiritual e renovar suas foras(Cf. RICA, n. 92. A catequese e a liturgia se reforam mutuamente no
processo catecumenal. A catequese fornece meios para
237-238). Terminado o processo catecumenal de iniciao
conhecer Jesus e viver a experincia pessoal de encontro
vida crist, o nefito prossegue seu caminho de com ele , e aceitao de sua proposta, de seu mistrio de
amadurecimento na f atravs da formao continuada. salvao. A liturgia ajuda a' guardar e assumir
3.6 Caractersticas complementares do Catecumenato profundamente o que foi descoberto na caminhada.
Assim, as celebraes da Palavra de Deus no
3.6.1 Meios para se atingir a maturidade da vida crist catecumenato tm por finalidade "gravar nos coraes
dos catecmenos o ensinamento recebido quanto aos
90. A formao integral e vivencial realizada no catecumena- mistrios de Cristo e a maneira de viver o que da
to devem incluir as diversas dimenses da vida eclesial e decorre (...); lev-los a saborear as formas e as vias de
da proposta do Reino. Visa levar os iniciantes a orar mais orao; introduzi-los pouco a pouco na liturgia de toda a
facilmente, dar testemunho da f, guardar em tudo a es- comunidade" (RICA, n. 106).
perana em Cristo, seguir na vida as inspiraes de Deus 93. A cada semana, as celebraes podem incluir um
e praticar a caridade para com o prximo, at a renncia exorcismo. J vimos o que que o RICA chama de
"exorcismo", algo diferente da conotao que essa
de si mesmos.
palavra tem no imaginrio comum do povo. So oraes
91. Quatro meios fundamentais so propostos para atingir pedindo a proteo de Deus, a fora para resistir ao
esse objetivo: mal e s tentaes. Veja-se como exemplo as oraes
que esto no RICA (n. 113;164;171;178).
94. Tambm bom relembrar que o termo escrutnio, usado 3.6.4 Alguns riscos e problemas do caminho
no RICA, no exatamente o que costumamos pensar
quando ouvimos essa palavra. Trata-se de uma 97. E importante no esquecer que a iniciao crist tarefa
celebrao, onde se espera que as pessoas ouam a do conjunto da Igreja. As pessoas so iniciadas para a
Palavra e atravs dela examinem sua vida com vistas vida em Cristo. Viver essa vida a partir da
a um progresso sempre maior no seguimento de espiritualidade de um grupo ou movimento pode ser
Jesus. Na sua preparao pessoal para esses uma opo pessoal, mas no alternativa nica que
escrutnios e em toda a avaliao de sua caminhada, o possa ser imposta para quem quer ser Igreja. E timo
catecmeno conta com a ajuda de seus catequistas, ter o melhor processo possvel de iniciao, com todos
do presbtero e do introdutor,que o acompanha passo a os aprofundamentos que a situao permitir. Mas os
passo. que assim forem iniciados precisam superar a tentao
de uma atitude de superioridade em relao a quem no
3.6.3 Um modelo inspirador, aberto a adaptaes teve tal oportunidade e aos que trabalham a partir de
outros itinerrios de evangelizao. A humildade tambm
95. Em muitos lugares j h experincias que esto tem que fazer parte do processo, para no se repetir
pondo em prtica o esprito catecumenal da iniciao em nossas comunidades aquela situao, criticada por
crist, com criatividade e adaptao. O prprio RICA Jesus, dd fariseu e do publicano que foram ao templo
chama a ateno para a necessria flexibilidade, para orar (cf. Lc 18,9-14).
quando diz: "O Rito de iniciao se adapta ao itinerrio 98. A iniciao no estilo catecumenal tem forte nfase na
espiritual dos adultos, que varia segundo a multiforme liturgia, mas essa acentuao no pode deixar
graa de Deus, a livre cooperao dos mesmos, a ao esquecidos outros aspectos da pastoral, como a
da Igreja e as circunstncias de tempo e lugar" (RICA, dimenso sociotrans-formadora, o ecumenismo e o
introduo, n. 5). O modelo catecumenal deve ser dilogo inter-religioso, a comunho entre os diferentes
estudado e aplicado na medida do possvel, na ao agentes pastorais e seus campos de atuao. O
normal da Igreja (no restrito a alguns grupos, justssimo desejo de levar a srio o processo de
movimentos etc.). So ricas orientaes, mas sua iniciao e de ter cristos realmente comprometidos,
aplicao vai ter que levar em conta uma grande conscientes e imersos nas grandezas do mistrio da f
variedade de situaes, tanto das comunidades como no pode transformar a Igreja numa sociedade
dos candidatos envolvidos. excludente que no seria capaz de acolher todos os
96. Devemos fazer sempre o melhor possvel, mas no que permitem por em prtica o modelo ideal. O
podemos ficar paralisados se as condies que nos catecumenato d pistas importantes para a catequese e
cercam no permitem por em prtica o modelo ideal. O traz um estmulo muito grande para a qualidade da vida
catecumenato d pistas importantes para a catequese e paroquial. Mas no deve ser visto como um esquema
traz um estmulo muito grande para a qualidade da vida rgido, que impossibilite solues criativas para situaes
paroquial. Mas no deve ser visto como um esquema especficas.precisam e tem direito de se sentir amados
rgido, que impossibilite solues criativas para situaes por Deus. Situaes especiais precisam ser tratadas com
especficas. caridade, acolhimento, delicadeza. As nossas normas e
disciplinas tm que ser caminhos, no portas fechadas.
99. No se pode implantar um processo com esse nvel IV- I N I C I A O V I D A C R I S T . . .
de exigncia sem a correspondente preparao e PARA Q U E M ?
contnua reflexo e reviso de vida dos agentes, de
todos os nveis, e sem uma grande ateno qualidade
A mulher disse ento a Jesus: "Senhor, d-me desa gua, para que
do testemunho da comunidade inteira.
eu no tenha mais sede, nem tenha de vir aqui tirar gua"[Jo
4,15).
3.7 Outras situaes podem usar aspectos do processo
inicitico
4.1 Destinatrios como interlocutores
100. Algo do processo catecumenal pode ser aplicado aos
102. A samaritana faz um pedido a Jesus no meio de uma
trabalhos deformao continuada que j existem nas
conversa em que ambos ouviram e foram ouvidos. Ela
comunidades, aprofundando a misso evangelizadora.
se sente capaz de falar e, falando e sendo ouvida,
Por exemplo: aps os encontros de preparao para o
permite que Jesus responda de acordo com a sua
matrimnio, o casal seria estimulado a participar de um
necessidade. Esse falar e ouvir foram muito
processo de iniciao; casais que j vivem juntos podem
importantes para ela, ajudaram esclarecer dvidas e
celebrar o matrimnio aps um processo de iniciao;
descobrir que Jesus era o Messias. Por isso,
padrinhos podem ser mais bem preparados e escolhidos
inspirados pela ao de Jesus, consideramos os
com mais coerncia em relao a sua misso.
iniciantes como interlocutores e no como meros
101. Na verdade, a imensa variedade de interlocutores da
destinatrios no processo de iniciao vida crist.
misso da Igreja vai necessariamente determinar
103. Jesus se aproxima da Samaritana pedindo gua. Dar
diversidade criativa na forma de atender a cada grupo
gua, elemento escasso, era sinal de acolhida,
ou pessoa.
hospitalidade, solidariedade. Em troca da hospitalidade,
Jesus oferece sua prpria gua. Ao pr-se no nvel da
Para refletir
necessidade corporal, pedindo gua samaritana,
1- Que aspectos desse processo a comunidade j Jesus afirma a igualdade, suprime a discriminao e
estaria em condies de assumir? dignifica a mulher. Demonstra-lhe confiana. Interlocutor
2- Na sua realidade que adaptaes criativas do que o ouvido. Ouvindo-o, percebemos melhor o que ele
RICA prope seriam necessrias? Por qu?
precisa e o que ele nos pode oferecer tambm. Em meio
3- Como se preparariam agentes qualificados para esse
s suas dvidas, a samaritana diz a Jesus o que lhe
processo?
faz falta, fala de sua sede de gua viva. Quais so as
sedes dos homens e mulheres que vivem nesta poca
de mudanas, neste tempo de crise? Podemos nomear
algumas: sede de felicidade, de paz, de sentido, de frater-
nidade, de vida, de escuta, de acolhida, de gratuidade, de
amor, de alegria, de beleza, de misericrdia, de ternura, de
perdo, de compaixo, de reconhecimento da sua prpria
dignidade, de justia, de Deus...
104. H um povo sedento, que procura a fonte, que quer uma graas, milagres, favores... Buscam a gua que no
gua que sacie sua sede de um modo diferente... A Igreja mata a sede, pois ainda no conhecem a gua Viva.
uma fonte por natureza, tem por misso apresentar o Cami- 106. Boa parte dos adultos catlicos foi catequizada a partir
nho, oferecer a gua Viva. A samaritana conversa com Jesus das doutrinas e da metodologia do pequeno catecismo
a partir de sua prpria experincia, inclusive no campo reli- de perguntas e respostas. Alguns, depois, se
gioso. Sabe que h divergncias sobre o lugar, o jeito "certo" aprofundaram e tiveram outras experincias
de adorar a Deus. E a partir dessa dvida que Jesus evangelizadoras; outros guardam s uma vaga
pode revelar a ela algo que ainda hoje, para ns, lembrana do que aprenderam na infncia, outros se
fundamental e deve ser bem entendido e vivido: "Deus decepcionaram pelo caminho, muitos se perderam no
Esprito e os que o adoram devem ador-lo em esprito e meio dos apelos da cultura ps-moderna. Assim, alm
verdade." (Jo 4,24) Ao falar do dom de Deus, de gua viva dos que nunca foram batizados, temos tambm os que
que Ele capaz de dar, Jesus instiga a curiosidade da participam sem real compreenso da identidade crist,
mulher. Ela no reconhece ainda o dom de Deus em Cristo. os que aparecem de vez em quando, os que foram
No conhece outra gua , a no ser a daquele poo e gradativamente se afastando, os que se sentiram mal
pensa que se h de tir-la com esforo humano. Ela no acolhidos em alguma situao, os que se sentem ex-
est acostumada ideia da gratuidade e nem conhece o cludos. Sobre isso, nos lembra o Documento de Aparecida
amor de Deus. Ela conhece o dom de Jac, de quem "So muitos os cristos que no participam da Eucaristia
aquele poo tornava presente a memria. dominical nem recebem com regularidade os sacramen-
tos, nem se inserem ativamente na comunidade eclesial.
4.2 Diversas so as motivaes dos que procuram a Igreja (...) Alm disso, temos alta porcentagem de catlicos sem a
conscincia de sua misso de ser sal e fermento no mundo,
105. O que faz algum buscar a Igreja, mesmo sem ter com identidade crist fraca e vulnervel" (n. 286).
recebido uma real iniciao crist? Os motivos podem ser
bem variados: saudade do Deus da sua infncia, busca de 4.3 Uma comunicao que nem sempre tem sido de modo
significado para a vida, impacto provocado por alguma adequado
situao difcil, admirao diante de um testemunho
autntico, necessidade de cura ou consolo, desejo de 107. O conjunto dos que foram batizados, mas de fato
regularizar alguma situao de vida (como no caso de no encontraram Jesus nos faz repensar o processo
desejar um casamento cristo), adultos que sentem que de evangelizao, a ao missionria, o tipo de
precisam de algo mais para orientar os filhos... Nem anncio de que necessitamos. Reconheceram os
sempre esto buscando (ou at nem imaginam que bispos em Aparecida: "Na evangelizao, na
exista) um processo mais completo de iniciao. "Na catequese e, em geral, na pastoral, persistem
maioria das vezes, esto procura de esmolas na f, tambm linguagens pouco significativas para a
fingindo satisfao com as respostas superficiais que so cultura atual e em particular para os jovens" (DAp, n.
dadas s suas vitais indagaes e necessidades"19. 100d).
Muitos buscam os sacramentos para si e/ou para seus 108. Ao considerar a linguagem, de forma ampla, temos
filhos, sem motivaes to claras; frequentam a missa ou que conhecer bem a situao de cada candidato
outras prticas de devoo tendo em vista alcanar iniciao, porque a proposta que lhe vai ser
apresentada deve ser resposta "sede" que cada 4.5 Catequese diversificada, com itinerrios especiais
pessoa experimenta com mais intensidade. O texto base
do Ano Catequtico Nacional 2009 lembra que 111. Dada a diversidade de interlocutores do processo de
evangelizar , antes de tudo, no ignorar, e que no iniciao vida crist, o Documento de Aparecida (n.
d para educar, com profundidade, pessoas que a 288) prev duas maneiras de percorrer este caminho:
gente no se interessa em conhecer20 (n. 30). Diante catecume-nato batismal para os no batizados e
disso, p conjunto do processo de iniciao tem que ser catecumenato ps-batismal para os j batizados, mas
pensado, em cada grupo, a> partir das necessidades e no suficientemente catequizados.
caractersticas das pessoas envolvidas. 112. Considerando as vrias situaes em que se
encontram as pessoas a serem atendidas nos
4.4 Cada um tem que ser considerado na sua realidade processos de iniciao (cf. DNC cap. VI), temos, entre
humana outros grupos:
109. No dilogo com a Samaritana, Jesus sonda seu
corao, sua vida, sua mente, sua f. Revela, com a) Adultos e jovens no batizados: um grupo mi-
isso, que a vida, a histria, as experincias, os noritrio, mas crescente na medida em que declina o
sentimentos, os sonhos, os projetos, os medos das chamado catolicismo herdado. Exigem especial
pessoas devem ser consideradas, escutadas, ateno, com incorporao a um catecumenato ba-
valorizadas em todo o processo evangelizador, tismal nos moldes do RICA, com as devidas adapta-
especialmente na Iniciao Vida Crist. No h como es realidade de cada um (escolaridade, situao
viver a vida crist e anunciar o Evangeho sem esta pessoal, idade etc).
realidade, pois nela que Deus se manifesta. b) Adultos e jovens batizados que desejam completar
110. O povo que a Igreja tem a misso de acolher e servir a iniciao crist: em geral j esto prximos ou
uma multido, com rostos variados que precisam ser querem voltar Igreja depois de se terem afastado
reconhecidos, identificados, personalizados. Destes, por no se sentirem mobilizados pelo que ouviram
muitos procuraro na Igreja uma resposta para suas ou viram em relao f. Alguns necessitam com-
buscas. Outros, que convivem com sua sede sozinhos, pletar sua iniciao sacramental (Primeira Eucaristia e
ou vo procura de outra gua, em outras fontes, ou, Crisma).
ainda, contagiados pela cultura atual, nem se do c) Adultos e jovens com prtica religiosa, mas insu-
conta de que tm sede. Ns mesmos os buscaremos ficientemente evangelizados: formam um grupo
no trabalho missionrio. Esta realidade requer da Igreja muito grande. Frequentam a Igreja, mas no tiveram
uma nova conscincia, uma nova postura e novas acesso s riquezas da mensagem crist. Por conta
atitudes pastorais. Ela chamada e enviada para ir ao disso, muitos separam f e vida: vo ao templo,
encontro, a dialogar, a acolher, sobretudo os afastados, participam dos ritos, mas no transformam a vida
os jovens, os pobres, os excludos21. Todos precisam com os critrios do Evangelho. Outros praticam um
ser amados, reconhecidos e ajudados na busca do catolicismo popular pr-moderno, sendo vtimas de
caminho. uma superficial educao da f. Para todos esses
seria necessria uma catequese de inspirao cate-
cumenal, que complete sua iniciao, a fim de que
cheguem a uma f viva, esclarecida, partilhada e g) Adolescentes e jovens: vivem diferentes situaes
comprometida. religiosas, emocionais e morais. Muitas vezes
d) Pessoas de vrias idades marcadas por um con- atravessam crise de f, so maltratados pela vida ou
texto desumano ou problemtico: entre elas pode foram seduzidos por comportamentos desastrosos.
vigorar, frequentemente, uma religiosidade confli-
Outros esto apenas buscando aprofundar uma op-
tante, ambgua e confusa, embora possa manifestar
muita confiana em Deus, apoiada em prticas de o de f que de fato j fizeram e esperam ser aju-
religiosidade popular ou em vivncia religiosa do co- dados nisso pela comunidade. urgente propor a
meo de sua caminhada H a um apelo veemente a eles uma catequese com itinerrios novos, aberta aos
uma real evangelizao. Estas pessoas tm sede de in- problemas e sensibilidade dessa faixa etria, abran-
cluso, necessitam do prmeiro anncio - querigma - ou gendo o campo teolgico, tico, social, espiritual.
um novo anncio - que D primeiro passo para a con-
h) Crianas no balizadas e inscritas na catequese:
verso; devem ser encaminhadas ao discipulado, para
engajamento na Igreja e na construo do Reino. Tm tambm um grupo que est crescendo. Para elas,
que ser tambm apoiadas na especfica situao difcil necessrio um catecumenato batismal, adaptado
em que se encontram, valorizadas como filhos e filhas sua idade, e sem pressa de chegar aos sacramentos
amadas por Deus e capazes de construir o bem. de iniciao. O importante a adeso a Jesus Cristo
e) Grupos especficos, em situaes variadas: teramos e a personalizao do ato de f.
a as diferentes variedaces de pessoas com deficin-
i) Crianas e adolescentes balizados que seguem o
cia, os povos indgenas, os ciganos, os intelectuais,
as famlias formadas por casais de casamento misto, processo tradicional de iniciao crist: embora a
as pessoas que vm de outras Igrejas ou religies, as ateno maior seja direcionada aos adultos, urgente
pessoas que no tem tempo por causa da correria da pensar um processo de iniciao que acompanhe as
vida: todos merecem ser acolhidos e acompanhados crianas em todo o processo da educao da f, lem-
no processo de iniciao de acordo com sua realidade, brando que nesta fase que se atinge o maior nmero
com tempo e programa adaptados. de catequizandos. Isso deveria, claro, envolver a
f) Casais em situao matrimonial irregular e outros famlia. Em certos casos, isso no possvel. Ento
grupos impossibilitados de receber os sacramentos, devemos ter conscincia da responsabilidade maior
sobretudo da Eucaristia, necessitam de uma evange-
que nos cabe na educao da f dessas crianas, que
lizao adequada sua condio especial. A Consti-
tuio Dogmtica "Dei Verbum" (cf. n. 21) aponta um buscam a Igreja sem o devido apoio domstico.
caminho para a participao de muita gente na Igreja 113. Se no se consegue ainda uma renovao total do
ao afirmar que na mesa para a qual a Igreja nos modelo de iniciao crist tradicional, sempre ser
convida o Po da Vida tem duas formas: a Eucaristia e possvel ir aos poucos dando um carter cada vez mais
a Escritura. As duas formas merecem a mesma ve- catecumenal catequese, com o objetivo de formar
nerao, pois Cristo se faz presente tanto na Palavra
discpulos e missionrios de Jesus Cristo, comprometidos
quanto na Eucaristia.
com a vida e o dinamismo da Igreja e engajados
generosamente na construo do Reino de Deus na V - INICIAO VIDA CRIST...
histria. C O M Q U E M CONTAMOS? O N D E ?
Para refletir "Ora, como invocaro aquele em quem no creram? E como crero
naquele que no ouviram? E como ouviro, se ningum o proclamar?
1. Alm do encontro com a Samaritana, que outros E como o proclamaro se no houver enviados?" (Rm 10,14-15)
exemplos encontramos na prtica de Jesus que podem
iluminar nosso agir catequtico, no processo de
Iniciao Vida Crist? 5.1 Os sujeitos e os agentes da Iniciao Crist
2. Quais so as "sedes" que voc identifica em sua 114. Os participantes do processo de Iniciao Crist devem
comunidade? ser vistos como interlocutores e no simples destinatrios
Que "gua" a comunidade tem oferecido a quem
vem at a fonte? da Iniciao Vida Crist de inspirao catecumenal. Eles
3. Quais so os rostos concretos das pessoas que tm direito, portanto, a animadores, agentes e catequistas
procuram a catequese? competentes e testemunhas do Reino, bem como a todo o
Quais so suas motivaes? apoio da comunidade eclesial que com eles trabalhem
4. Como a realidade de cada pessoa e sua experincia num processo participativo (Cf. DNC, cap. VI).
valorizada em sua comunidade, sobretudo na
catequese e no processo de Iniciao Vida Crist? 115. Diante disso fundamental um cuidado especial na pre-
parao e acompanhamento destes animadores, catequis-
tas e agentes, dos quais depende em grande parte a cami-
nhada dos que seguem o itinerrio da Iniciao. Para isso
se recomenda que a prpria formao desses responsveis
seja no estilo catecumenal, possibilitando aos prprios
catequistas viverem a Iniciao Vida Crist22. E apenas a
formao inicial destes responsveis no suficiente,
pois o compromisso que assumem exigente e requer
que assumam, com afinco, a formao continuada. Alis,
tanto a vida crist como qualquer ministrio que nela
algum venha a exercer, implica sempre um permanente
estado de converso, santificao, atualizao, crescimento
na espiritualidade, no conhecimento, e na intimidade com
o mistrio.
116. Os catequistas atuam em nome da Igreja. Paulo nos fala
da necessidade de que os anunciadores sejam enviados
pelo Senhor e investidos de autoridade, como
representantes dele para a misso: como o proclamaro se
no forem enviados? (Rm 10,15). , portanto, em nome do
Senhor que a Igreja faz o envio dos catequistas, e os torna,
seus delegados, pois falaro e agiro em nome dela.
por isso, que a misso dos responsveis diretos pela ainda um longo caminho a percorrer em sua misso de
Iniciao Vida Crist deve ser exercida, de modo a oferecer a Iniciao Vida Crist a quem pede para ser
englobar nela todas as foras da Igreja. Afinal a cristo e aos que desejam aprofundar a f recebida no
comunidade eclesial que evangeliza, catequiza, celebra e batismo. Cabe aos pastores e agentes de pastoral
age em, por e com Cristo, na unidade do Esprito Santo. favorecer a estas pessoas que tiveram a graa de serem
batizadas todo apoio para que realizem o encontro pessoal
5.2 O sujeito do processo de Iniciao e intransfervel com Jesus Cristo vivo, o assumam e
ajustem suas vidas a ele, seus ensinamentos e sua
117. O RICA descreve bem qual deve ser o fruto de uma boa misso. Os sacramentos da Iniciao precisam estar
Iniciao Vida Crist: "de tal modo se completam os situados num itinerrio adequado que garanta aos fiis a
trs sacramentos da iniciao crist, que proporcionam opo consciente por Jesus, a insero na Igreja e o
aos fiis atingirem a plenitude de sua estatura, no exer- engajamento na construo do Reino de Deus, com uma
ccio da sua misso de povo cristo no mundo e na Igreja" profunda marca de profetismo, devido s condies
(RICA, n. 2). Pelo teor dessa frase entende-se, conse- adversas do mundo de hoje.
quentemente, que o todo da vida crist que deve ser o 121. para caminhar nesta direo e, assim deslanchar a
alvo da Iniciao e no apenas a recepo dos referidos renovao da Igreja, que os bispos do nosso continente
sacramentos. fizeram, em 2007, uma ousada proposta registrada no
118. Mas a realidade dos fiis, dos j batizados e das comunida- Documento de Aparecida: "Propomos que o processo
des eclesiais, revela um abismo entre essa teoria teolgica catequtico de formao adotado pela Igreja para a ini-
e litrgica e a prxis. A cooperao dos fiis com a graa ciao crist seja assumido em todo o Continente como a
divina , portanto, indispensvel e requer sempre mais maneira ordinria e indispensvel de introduo na vida
ateno, sobretudo, nas circunstncias atuais do mundo. crist e como a catequese bsica e fundamental. Depois,
Para eles, a complementao da iniciao sacramental aju- vir a catequese permanente que continua o processo de
da a aprofundar a adeso individual a Jesus Cristo e os amadurecimento da f, na qual se deve incorporar um
conduz, ao longo da vida, rumo almejada maturidade em discernimento vocacional e a iluminao para projetos
Cristo (cf. Ef 4,13). pessoais de vida." (DAp, n. 294).
119. A pessoa que ainda no foi batizada e que se sente 122. Mas no se faz um processo de Iniciao sem priorizar a
chamada, por iniciativa gratuita de Deus, f crist, tem pessoa do candidato. Quem vai ser iniciado precisa ser
direito a ser acolhida pela Igreja e orientada para que considerado em seu todo corporal, afetivo, psquico, in-
chegue a dar o seu sim pessoal e, em seguida, comear a telectual, relacional para que o passo de f que vai dar
trilhar o caminho do processo de Iniciao Vida Crist. Sua atinja e envolva todo o seu ser. Cabe, portanto, Igreja -
participao existencial requerida como contrapartida comunidade do Senhor e sinal visvel do projeto do Reino -
gra-tuidade da graa, pois a cooperao humana no cuidar da qualidade da ateno s pessoas e das re-
mistrio da salvao indispensvel. Afirma Santo laes humanas. Estas, obviamente, devem se concretizar
Agostinho: o Deus que nos criou sem ns no nos salva em gestos fortes e convincentes, expressos na acolhida, na
sem o nosso sim sua proposta23. fraternidade, na solidariedade, na criao de um ambiente
120. Diante dessa exigncia da salvao que, tambm, amoroso. significativo que Jesus tenha indicado um
depende da nossa liberdade, a Igreja reconhece que h grande sinal para os seus discpulos: "Como eu vos amei,
assim tambm deveis amar-vos uns aos outros. Nisto co- 5.3 Animadores da iniciao: ministrios e funes
nhecero todos que sois os meus discpulos: se vos amar- 126. O RICA tem importantes orientaes sobre os agentes
des uns aos outros" (Jo 13,34b-35). responsveis pela Iniciao (cf. RICA, n. 41-48), que
123. nesse clima especfico de f e amor que a precisam ser conhecidas e devidamente adaptadas a
evangelizao e a catequese conseguiro sua meta de cada situao. Aqui so oferecidas algumas propostas,
formar discpulos missionrios que o mundo de hoje especialmente no referente aos vrios agentes, alm do
necessita. E, para isso, as pessoas que vo orientar a sujeito e de sua famlia. So eles: os Introdutores, o
Iniciao, alm do preparo religioso, pedaggico e espiritual padrinho/madrinha, a comunidade eclesial, os ministros
devem dar condies para que o iniciante se sinta envolvido ordenados e o catequista
por esse carinho fraterno que Jesus desejou que fosse a
marca da comunidade dos seus amigos. Mas no basta 5.3.1 Os Introdutores/as e Padrinhos/madrinhas
que pessoas, individualmente, sejam sinais de fraterna
acolhida. A comunidade inteira, no seu modo de viver e de a) Introdutores
se relacionar, deve ter um jeito de casa acolhedora, de
famlia de irmos que se amam e se ajudam mutuamente, 127. Em geral, as comunidades crists desconhecem esta
tornando-se cativante e atraente. o que nos diz o funo, este ministrio de Introdutor/a. Trata-se, porm,
Documento de Aparecida: "A Igreja cresce, no por de uma pessoa que tem uma tarefa especfica no incio
proselitismo, mas por atrao: como Cristo que 'atrai tudo do processo de Iniciao Vida Crist, isto , a de
para si' com a fora do seu amor." (DAp, n. 159) acompanhar, durante o tempo do Pr-catecumenato, os
124. Discpulos formam novos discpulos e, nesse processo in- interessados em percorrer o caminho da Iniciao.
terferem pessoas e circunstncias. Temos que lidar com a esta pessoa que prepara o candidato para acolher na
histria de vida dos iniciandos, mas tambm com as Es- liberdade o dom da f, o anncio da Boa Nova para
crituras Sagradas, a liturgia, a vida da comunidade e o assumir o encontro pessoal com o Senhor e as
confronto com as necessidades e desafios da realidade que condies para a converso e a fidelidade. Com um
nos cerca. Para isso contamos com o testemunho de disc- Introdutor, dedicado e competente, torna-se mais fcil o
pulos missionrios, o acompanhamento prximo dos in- processo de Iniciao Vida Crist de inspirao
trodutores, amigos e companheiros de caminhada, com os catecumenal. E ele/a quem coloca as bases para o
catequistas, os ministros ordenados, a fraternidade vivida segundo tempo, o Catecumenato propriamente dito, no
na comunidade e a postura da Igreja diante da sociedade. qual atuam os catequistas.
125. No Itinerrio catecumenal, no se deve ter pressa para a 128. Como a tarefa principal do Introdutor anunciar Jesus
passagem do Pr-catecumenato para o Catecumenato propria- Cristo, evidentemente, cabe-lhe, sobretudo atravs da
mente dito. Deve-se esperar o tempo necessrio para que vida e de seu entusiasmo, ajudar o iniciando a encantar-
os candidatos confirmem suas disposies, manifestem a se por Jesus Cristo, pessoa, mensagem e misso. Pelo
f inicial, apresentem os sinais de adeso pessoal a Jesus exemplo desse Introdutor o candidato alimenta seu
Cristo, portanto, de converso (cf. RICA, Introduo 50). desejo de viver a experincia do encontro pessoal com o
Senhor e se sente estimulado para inserir-se na
comunidade crist e a comprometer-se na misso. O
iniciante sabe e sente que pode contar com o apoio
afetivo e de f por parte de algum que, para ele, mentos fundamentais de como lidar com as pessoas e fazer
fidedigno. O Introdutor, porm, deve deixar claro em sua o acompanhamento delas para assessor-las no caminho da
misso, que no est isolado, e tampouco o iniciante, opo de f e do encontro pessoal com Jesus Cristo
pois toda a comunidade eclesial est envolvida no
processo. , porm, importante que seja explicado aos b) Padrinhos e madrinhas
fiis as orientaes do RICA, n. 41,1 quanto ao papel
imprescindvel da comunidade no processo de Iniciao 131. A renovao pastoral exige a superao da escolha de
Vida Crist. padrinhos e madrinhas, apenas por amizade e, portanto,
129. Mas, para bem viver este importante ministrio na s vezes, sem condies para o exerccio dessa
Igreja, o Introdutor precisa ter percorrido, ele mesmo, o importante misso junto ao afilhado, afilhada. Pode
caminho dos Sacramentos da Iniciao Crist (Batismo, acontecer que o Introdutor ou Introdutora no exera as
Confirmao e Eucaristia). E ele necessita, tambm, funes de padrinho ou madrinha, do segundo tempo em
cultivar sua vida de f, participar da vida da comunidade, diante e pelo resto da vida do catecmeno. Escolhido no
alimentar-se com a Palavra de Deus, com a Eucaristia e final do Primeiro Tempo para poder participar da
a orao pessoal, ser fiel Igreja e zelar por sua Celebrao ou Primeira Etapa o Padrinho ou Madrinha
formao continuada, tanto em Bblia, teologia e pastoral deve ser uma pessoa que conhea o candidato, seja capaz
como em relaes humanas, pedagogia, psicologia, de testemunhar a sinceridade de quem se apresenta
comunicao e cultura geral. Sua misso requer dele Iniciao e dar-lhe o devido apoio pelo resto da vida.
grande capacidade de ouvir e dialogar, paz interior e 132. Ao longo do processo da Iniciao Vida Crist, Padri-
disposio para acompanhar com pacincia quem nhos e Madrinhas assumem responsabilidades especficas
comea um processo que no apenas apresenta no- e para elas precisam ser preparados. Entre suas tarefas h
vidades, mas vai crescendo em exigncias quanto o acompanhamento para ajudar o catecmeno a viver o
uma especial mudana de vida. Evangelho, auxili-lo nas dvidas e inquietaes, velar
130. Uma vez criteriosamente escolhidos pela Coordenao pelo seu crescimento na f, na fraternidade, na vida de
da Iniciao Crist e submetidos aprovao do Conse- orao, na participao da vida da comunidade e no com-
lho Pastoral, os Introdutores sero devidamente prepa- promisso com a construo do Reino de Deus.
rados. O processo formativo no apenas de contedo,
em estilo acentuadamente acadmico e formal, mas se- 5.3.2 A Famlia no processo da Iniciao Vida Crist
gundo a dinmica da f e da vivncia, que por si mesma
criam um clima propcio e alimenta a espiritualidade. 133. Como primeiros e principais responsveis pela vida e pela
Alm de uma viso geral da Iniciao Vida Crist, os In- educao de seus filhos, os pais cristos, obviamente so,
trodutores devem conseguir captar bem o pr-catecume- pela fora do sacramento do Matrimnio, os primeiros e
nato, que um tempo precioso e bsico para todo o resto principais educadores de seus filhos na f, na esperana
do processo. A parte mais importante da formao destes e no amor. Ao recorrerem ajuda da comunidade ecle-
ministros se refere pessoa, mensagem e misso de Jesus sial para ajud-los nesta misso, evidentemente no se
Cristo, para que tenham solidez, convico e entusiasmo eximem da mesma, pois para a Igreja a famlia exerce um
para este tempo dedicado, sobretudo, Evangelizao. Para papel essencial na evangelizao, na catequese, na vida da
um bom desempenho de sua misso eles precisam de ele- comunidade e com a transformao do mundo.
134. A poca das reunies de pais de crianas, adolescentes processo integral de Iniciao Vida Crist de seus
e jovens da catequese paroquial no responde mais s membros. No suficiente acompanhar e se interessar
novas exigncias da renovao da Igreja e aos desafios do pelo que est acontecendo nesse processo: requer-se
mundo de hoje. Os pais, agora, passam a integrar o deles, sobretudo, testemunho de vida, unio,
processo de catequese com adultos, que existe no cooperao, participao e alimentao em casa de um
apenas em funo dos filhos, mas da complementao da clima de f, esperana e amor. " misso dos casais
Iniciao por eles iniciada na infncia ou de cristos dedicarem-se totalmente boa educao
aprofundamento e de compromissos mais abrangentes e humana e crist de seus filhos.
eficazes como cristos. preciso estar atento situao dos 138. Mas so muitas e variadas as situaes das famlias
pais que pedem os sacramentos da iniciao para seus no mundo de hoje. E, por isso, importante na Igreja,
filhos, especialmente quanto s suas motivaes e ao uma bem articulada e dinmica Pastoral Familiar, no
envolvimento deles na vida da Igreja. isolada, mas em profunda comunho com todas as
135. H muitos casos de famlias, cujos membros pertencem a demais pastorais. Para maior eficcia da Iniciao Vida
religies diferentes e a distintas denominaes crists ou Crist fundamental a atitude de acolhida e
so indiferentes. H de se considerar, ainda, que a situao compreenso para com os casais afastados, motivando-
familiar est em permanente crise nesta mudana civiliza- os a assumirem o dom da f, a inserirem-se
cional. Cabe Igreja um trabalho evangelizador e pastoral generosamente na comunidade eclesial e na construo
orgnico, pois diversas so as pastorais e iniciativas que do Reino. E para os casais em situao cannica irregular,
lidam com os leigos adultos e que precisam ser integradas a Igreja possui uma pastoral especfica.
para bem cumprirem a misso que lhes cabe. 139. Os responsveis diretos pela Iniciao Crist zelem
136. Como sinal e sacramento do amor misericordioso de Deus, tambm pelo acompanhamento das famlias mediante
a tarefa primeira da Igreja consiste em bem acolher os iniciativas diversas, entre as quais a visita domiciliar. Para
adultos e colocar-se disposio deles. Ela existe para esta tarefa recorram ajuda da Pastjral da Visao e da
servir e, portanto, seu desejo ajud-los a ser e se Pastoral Familiar. preciso ir ao encontro das pessoas, ao
fortalecer como discpulos missionrios. Mas a Igreja se seu ambiente habitual e no apenas esperar que elas
coloca tambm disposio das famlias para ajud-las venham aos recintos tradicionalmente tidos como locais
a se transformarem em ambiente propdo, no apenas da Igreja.
Iniciao Crist de algum de seus membros, mas como
verdadeiras igrejas domsticas, segundo o ensinamento 5.3.3 Os catequistas do catecumenato propriamente dito
do Vat. II.
137. Ao gerar e educar seus filhos, as famlias so 140. A ao mais forte e comprometedora dos catequistas
cooperadoras privilegiadas de Deus Pai Criador, de Deus se d no segundo tempo do processo de iniciao vida
Filho Salvador e de Deus Esprito Santo santificador. crist de inspirao catecumenal, o mais longo de todos.
Elas so essenciais na formao da comunidade crist nele que acontece o catecumenato no sentido estrito
que alimentam e ajudam a crescer, ao mesmo tempo do termo. Entre o primeiro tempo e o segundo, situa-se
que dela so alimentadas pela Palavra, plos a primeira etapa, que consiste numa rica celebrao de
Sacramentos e pela fraternidade e recebem formao acolhida e sinalizao dos candidatos, que passam a ser
continuada. Cabe aos pais envolverem suas famlias no denominados catecmenos. importante que os que
percorreram o primeiro tempo sejam bem preparados dos centrais contidos na pessoa, mensagem e misso de
para esta celebrao e que nela os catequistas e os Jesus Cristo, no ensinamento da Igreja, nas Sagradas Escri-
padrinhos e madrinhas sejam apresentados turas e nos ensinamentos da Igreja. Mas exige-se tambm
comunidade e por ela abenoados. dele intensa vida espiritual, participao na comunidade
141. O catequista, neste segundo tempo, um mediador eclesial, preparo bsico em psicologia e comunicao e nos
que ajuda os catecmenos a acolherem, com todo o seu processos pedaggicos apropriados para a educao da f
ser, a gradual e progressiva revelao do Deus amor e e, ainda, uma ampla cultura geral e compromisso com a
de seu Projeto salvfico. Ele os encaminha para que transformao evanglica da sociedade. prudente que o
cada um realize seu encontro pessoal com o Senhor, candidato inicie seu compromisso de catequistas como
mediante Jesus Cristo, o Filho de Deus ressuscitado, auxiliar de algum experiente, ao mesmo tempo em que
que nos leva, com o Esprito Santo, comunho com o faz sua preparao especfica.
Pai. essencial que o catecmeno, tambm, seja aos 145. H critrios para ser catequista e o Bispo deve explicit-
poucos inserido na comunidade eclesial e se engaje na los. Entre estes critrios no podem faltar os seguintes: a)
construo do Reino de Deus. tenha recebido os Sacramentos da Iniciao Crist
142. Como afirma o documento Catequese Renovada (n. 144- (Batismo, Confirmao e Eucaristia); b) no tenha impe-
146), o catequista, e acima isso j foi afirmado, recebe dimentos cannicos, que o impeam de exercer funo ou
delegao da Igreja, isto , do Bispo e da comunidade e, ministrio na Igreja; c) viva com simplicidade seu tes-
portanto, age e fala em nome da Igreja. E fundamental que temunho de vida crist; d) tenha boa formao humana:
ele vivencie seu ministrio catequtico como uma vocao equilbrio psicolgico, facilidade de trabalhar em grupo,
e misso privilegiadas. Sem dvida, trata-se de um dom bom relacionamento com os outros, dedicao, comuni-
Deus, mas que precisa ser bem acolhido e cultivado com a cao e criatividade.
ajuda de todos os meios possveis que subsidiem o seu
crescimento na f, na esperana, no amor, na competncia 5.3.4 A Equipe de Coordenao da Iniciao Vida Crist.
em contedos, pedagogia e especialmente em
espiritualidade. 146. A Pastoral Orgnica deve contemplar a existncia e
143. importante, tambm, deixar claro que a Iniciao Vida orientao de uma Comisso da Iniciao Vida Crist.
Crist de inspirao catecumenal exige uma nova formao evidente que, aos poucos, a tradicional preparao as sa-
dos catequistas e dos agentes de pastoral, caso contrrio cramentos da iniciao crist, cedero lugar ao processo da
no acontecer a almejada renovao da catequese e da Iniciao Vida Crist, pois no se trata de apenas mudar
Igreja. No se trata de formar um professor de religio, ao de nome e continuar tudo como antes: essa equipe fun-
estilo escolar, mas de uma pessoa investida com uma graa damental para o modo como todo o processo da Iniciao
especial para colaborar na educao da f, o que implica vai ser vivido.
vivncia profunda da adeso a Jesus Cristo, sua Igreja 147. Por sua vez, os membros da referida Comisso devem re-
e Misso e, tambm, um processo pedaggico original, ceber uma adequada formao Iniciao Vida Crist de
por lidar com pessoas que esto no caminho especfico da Inspirao Catecumenal e Pastoral Orgnica. Assim po-
explicitao e maturao da f24. dero, com conhecimento de causa, ajudar na formao
144. A misso do catequista ampla e exigente, pois dele se re- de todos os catequistas e dos agentes de pastoral para um
quer alta competncia no conhecimento da f e dos conte- novo processo formativo dos fiis, como pede o captulo 6
do Documento de Aparecida. Conheam bem o RICA e para crescerem na f, na fraternidade e na misso.
tenham capacidade para fazer as adaptaes necessrias. Evidentemente os Ministros da Palavra, os Ministros
Nesse processo formativo importante, com os contedos Extraordinrios da Sagrada Eucaristia e os lderes
da f crist, promover e estimular a vivncia da f, a frater- dessas comunidades sejam especialmente formados e
nidade, o assumir do ministrio evangelizador e catequ- acompanhados, pois agem em nome da Igreja e em
tico, e a arte de coordenar. favor dos fiis e no de si mesmos ou de um-grupo ou
148. Segundo a realidade local podem ser criadas ideologia.
subcomisses adaptadas aos iniciantes e catecmenos,
como por exemplo, de acordo com as situaes, as 5.2.6 Os Ministros ordenados
idades, as necessidades. preciso, entretanto, que as
subcomisses estejam bem integradas entre si e com a 151.A Conferncia Episcopal: alm das normas globais
Comisso da Iniciao Crist. Por sua vez oferecidas pela S Apostlica e que se encontram
indispensvel a comunho com as demais pastorais, no sintetizadas no RICA, cabe Conferncia Episcopal
apenas porque em geral atuam com os mesmos sujeitos fazer as adaptaes que julgar necessrias para a
envolvidos na Iniciao, mas por que essencial manter a Iniciao Crist de inspirao catecumenal, incluindo,
alimentar a Pastoral Orgnica. por exemplo, medidas de inculturao (RICA, n. 30.12).
Ela pode, tambm, definir o pr-catecumenato, o modo
5.3.5 A comunidade e seu estilo de vida de receber os que pedem a iniciao (simpatizantes ou
solicitantes) e a instituio dos ritos e celebraes a
149. O iniciante no caminho da Iniciao Vida Crist serem usados ao longo do processo de iniciao.
precisa sentir-se bem na comunidade e descobrir nela o 152.O Bispo: como primeiro responsvel pela Igreja par-
exemplo concreto do tipo de vida com o qual ele quer se ticular25, o bispo catequista por excelncia e deve ter a
comprometer. Mas sabido que grande parte dos catequese, segundo diz Catechesi Tradendae, como a
catlicos que frequenta algumas atividades da Igreja prioridade das prioridades26. Cabe-lhe, portanto, um
pouca conscincia tem< do compromisso e misso. zelo especial para com o processo da Iniciao Vida
Urge, ento, que essas pessoas passem por um Crist e todas as iniciativas de formao continuada em
processo inicitico de converso que os dinamizem na sua diocese. Ele deve promover a alimentao da f dos
f. S assim estes fiis renovados e a comunidade discpulos missionrios confiados ao seu mnus
eclesial podero, efetivamente, assumir de vez o dom e pastoral. E ele que estabelece e dirige a Iniciao Crist
a responsabilidade do exemplo de discipu-lado ou o ca-tecumenato, pessoalmente ou por seus
missionrio, capaz de formar e alimentar discpulos representantes27.
entusiasmados do Senhor (Cf. RICA, n. 41). Nesse A ele compete, por si ou um representante, dirigir o pro-
sentido, o processo de iniciao benfico e educativo cesso de Iniciao Vida Crist, admitir os candidatos
para a comunidade inteira, no apenas para os eleio e aos sacramentos e presidir a celebrao dessa
iniciantes. admisso e dos Sacramentos da Iniciao, na Viglia Pas-
150. Uma ateno especial deve ser dada s comunidades cal, ao menos para os que atingiram a idade de 14 anos.
sem presbteros para que lhes sejam garantidos, tanto o O bispo o responsvel pela elaborao de um Diretrio
po da Palavra e o Po da Eucaristia, quanto os meios Diocesano da Iniciao Vida Crist.
153. A histria nos revela o devotamento dos prprios bispos diversas situaes, lugares e ambientes, como por exem-
na Iniciao. Alguns "Padres da Igreja" se destacaram por plo, em reas de necessidade social, famlias, hospitais,
trabalharem eles mesmos, diretamente, o tempo da mista- meios de comunicao e outros ambientes para que os que
gogia. de grande proveito ainda hoje a leitura e medita- participam da Iniciao no confundam Igreja com edifcios
o de suas catequeses mistaggicas, ricas em contedos e demais espaos considerados sagrados.
e motivao que eles transmitiram aos que haviam 157. H grupos, associaes, movimentos de nvel regional,
recebido os Sacramentos da Iniciao na Viglia Pascal. nacional ou internacional que ultrapassam as fronteiras
154. Presbteros e Diconos obviamente, devem se preparar da Igreja particular. Mas supe-se que, ao agir localmente,
constantemente para poderem fazer um assduo e com- estejam em sintonia com as orientaes do bispo local e
petente acompanhamento pastoral do processo de inicia- que se integrem Pastoral Orgnica da Diocese. A unidade
o, animando os que dele participam e garantindo-lhes da Igreja mais importante do que a afinidade com qual-
fidelidade e segurana s orientaes da Igreja (cf. RICA, quer grupo, congregao religiosa, movimento e grupos,
n. 45-47). Devem estar disponveis especialmente aos que mas sem impedir que a multiforme expresso de dons, ca-
se mostram hesitantes e inquietos. Cabe-lhes aprovar a rismas, espiritualidades, ministrios, funes e modos de
escolha dos Introdutores/as, dos padrinhos e madrinhas insero crist no mundo, contribuam com suas riquezas
e cuidar da formao dos mesmos. misso dos pres- peculiares para o bem da Igreja e da sua misso evangeli-
bteros zelar pela adequada formao dos responsveis zadora. A Igreja pode contar com as iniciativas que brotam
plos quatro tempos da Iniciao, e garantir que as cele- de espiritualidades capazes de empolgar grandes grupos
braes e ritos das trs etapas, sejam segundo as e de criar espaos onde tanta gente consegue fazer seu
normas da Igreja, mas, sobretudo, que sejam realizadas encontro pessoal com Jesus Cristo vivo e descobre seu
de modo vivencial e envolvente, equilibrando afeto, estilo de ser Igreja e agir como Igreja, desde, porm, que
conhecimento e a vontade dos que seguem o processo estejam em comunho com a hierarquia, cooperem para
inicitico e os acompanham a comunho de toda a Igreja e favoream a opo plos
pobres e o compromisso com a justia.
5.4 Lugares da iniciao vida crist
Para refletir
155. Quanto ao local da Iniciao, o RICA, na introduo 63,
1- Quais as propostas deste captulo que, se forem
lacnico e se restringe aos ritos e celebraes: "Realizem- efetivamente colocadas em prtica, ajudaro a
se os ritos nos lugaies adequados, levando-se em conta transformar a catequese e ajudar a renovar a Igreja?
as necessidade especiais das igrejas secundrias em ter- 2- Que sugestes voc daria para mudar
ras de misso". profundamente o processo de formao dos
156. E quanto ao local para a realizao do processo de Ini- catequistas e demais agentes de pastoral luz das
orientaes deste captulo?
ciao, no h, no RICA, orientaes especficas. O mais 3- Como deveria ser a mudana das estruturas
importante que a Igreja particular assuma sua respon- eclesiais (diocesanas e parquias) para que o que se
sabilidade de ser o espao eclesial de testemunho e evan- prope neste captulo possa sair do papel e passar para
gelizao por excelncia. Ela no se reduz a um espao a prtica?
geogrfico ou estrutura pastoral. E como a Igreja , por
natureza, missionria ela deve estar presente e atuante nas
CONCLUSO Queremos discpulos, no somente gente que faz
"cursinho"
"Completai a minha alegria, deixando-vos guiar plos mesmos
propsitos e pelo mesmo amor, em harmonia buscando a unidade" 161. Muitas vezes usamos indistintamente, como
(Fl 2,2). sinnimos, as palavras "discpulo" e "aluno". Mas na
verdade, discpulo sugere algo mais do que
Propomos aqui um horizonte para orientar a caminhada simplesmente uma pessoa que "aprende". O discpulo
se encanta com o Mestre, quer segui-lo na originalidade
158. Ao apresentar todas as consideraes presentes neste de sua prpria vida, acolhe na mente e no corao um
texto, sabemos que nem tudo pode ser atingido nas novo jeito de tomar decises, de compreender a
diferentes situaes concretas que a Igreja vive. realidade, de orientar suas foras criativas. Discpulos do
Queremos uma transformao no modo de educar as mesmo Mestre podem - e de certa forma at devem-
pessoas para a f? Sem dvida! Mas o que propomos ser diferentes em seus talentos, em seu modo de
no um objetivo que necessariamente tenha que ser vivenciar o ideal abraado. Mas guardam a mesma ins-
atingido em todos os lugares e em prazos curtos. pirao forte daquele que os atraiu com seu exemplo, e
Quisemos propor uma direo para de fato fazermos uma se tornam equipe em comunho, unidos na diversidade
verdadeira iniciao crist: um horizonte para o qual as de modos complementares de viver o mesmo projeto.
comunidades deveriam caminhar. 162. E disso que estamos falando quando dizemos que a
159. Por isso falamos em catequese de inspirao catequese diferente daquilo que se faz numa escola: ela
catecumenal: no um projeto fechado, para ser uma experincia integral, que cada um vai viver a seu
seguido ao p da letra em todas as situaes. H muita jeito, mas sempre em comunidade, sem "ponto final de
possibilidade - e certamente haver necessidade - de chegada."
adaptaes, solues locais criativas, maneiras de 163. Por isso se torna to importante vivenciar
conviver com eventuais carncias. Mas no se deveria intensamente os tempos litrgicos: a que se
perder de vista a direo proposta, para que, pouco a experimenta mais profundamente a mstica do
pouco, o que j feito possa ir sendo redirecionado com compromisso, da mudana de vida. E como, ao se
inspirao catecumenal. orientar para um horizonte, no h fim de estrada,
160. bom lembrar igualmente que nossa catequese tem nenhum sacramento pode ser objetivo final, mas todos
conquistas importantes que devem ser valorizadas, eles so consequncia de uma caminhada que precisa
conservadas e aprofundadas. O novo que est sendo prosseguir e deve ser sempre realimentada.
proposto no invalida o que temos e bom, antes se
enriquece com o que j existe e pode favorecer o Um dom que nos alegramos em partilhar
processo. Nesse sentido, tambm bastante til
conhecer as experincias timas que muitas 164. O Documento de Aparecida examina com realismo os
comunidades j tm, partilhando o trabalho numa rede problemas e desafios com que nos confrontamos. Mas faz
fraterna de informao e apoio mtuo isso num clima de animada e esperanosa confiana na
graa de Deus. O texto tinal de Aparecida usa 57 vezes
termos relacionados alegria (alegria, alegrar-se,
alegres...). compreensvel que seja assim. Se vamos GLOSSRIO SOBRE INICIAO CRIST
empolgar outros pela proposta de Jesus que mudou
nossa vida, como faz-lo em tom sombrio, sem alegria?
165. Vamos apresentar aos iniciantes algo que nos Admisso: o chamado "rito de entrada", quando o
precioso, que transformou de forma grandiosa a nossa candidato se transforma em catecmeno; "celebra-se o rito
vida. Deus nos deu algo muito bom. Queremos partilhar de admisso entre os catecmenos quando as pessoas
essa ddiva e quem a recebe tem todo o direito de que desejam tornarem-se crists, tendo acolhido o primeiro
conhecer esse projeto to animador que Jesus nos anncio do Deus vivo, j possuem a f inicial no Cristo
apresenta. Com os bispos em Aparecida, queremos
Salvador" (RICA, n.62; cf. n. 9,15). O rito da admisso
testemunhar com palavras e aes essa verdade que
nos alegra: "Ser cristo no uma carga, mas um dom: considerado como a primeira etapa do catecumenato (cf.
Deus Pai nos abenoou em Jesus Cristo, seu Filho, Estudos da CNBB 97, n. 80-81)
Salvador do mundo." (DAp, n. 28) Banho Batismal: o mesmo que batismo, palavra do
166. Mergulhados nessa alegria, deixamos como
grego que significa "mergulho"; o batismo mergulho na
mensagem a todos os que se sentem discpulos e
querem fazer outros discpulos, um texto bem animador morte e ressurreio de Cristo, participando da salvao (cf.
desse grande encontro da V Assembleia: Rm 6,3-6); o primeiro dos trs sacramentos da Iniciao,
167. "A alegria do discpulo antdoto frente a um mundo numa "unidade indissolvel" com os outros dois (cf. Estudos
atemorizado pelo futuro e oprimido pela violncia e pelo da CNBB 97, n. 63).
dio. A alegria do discpulo no um sentimento de bem-
estar egosta, mas uma certeza que brota da f, que Catecumenato: o segundo tempo da iniciao crist
serena o corao e capacita para anunciar a boa nova "dedicado catequese completa... um espao de tempo em
do amor de Deus. Conhecer a Jesus o melhor presente que os candidatos recebem formao e exercitam-se
que qualquer pessoa pode receber; t-lo encontrado foi praticamente na vida crist" (RICA, n. 7,19). Estritamente
o melhor que ocorreu em nossas vidas, e faz-lo falando catecumenato seria o "segundo tempo" da iniciao
conhecido com nossa palavra e obras nossa alegria."
crist, ou "catecumenato propriamente dito" (RICA, n. 134; cf.
(DAp, n. 29).
Estudos da CNBB 97, n. 82), porm muitos chamam de
catecumenato todo o processo da iniciao (cf. DNC, n. 36,45-
50). Veja mais na frente: "processo catecumenal".
Catecmenos: do grego "catekomenoi": aqueles que
recebem a instruo oral (verbo "cateko"). H o
catecumenato batismal ou pr-batismal, para os que ainda
no foram batizados; e o catecumenato ps-batismal, para os
que j foram batizados e agora completam ou refazem o
prprio itinerrio em direo a um maior compromisso com
sua opo crist (cf. Estudos da CNBB 97, n. 77, 80, 82, toda catequese conduz aos sacramentos, mas no se reduz
83,111). a eles, pelo contrrio, tem em vista toda a vida crist.
Catequistas: membros da comunidade, que pelo seu ba-
Catequizandos : aqueles que j foram batizados e
tismo e pela crisma, so chamados a anunciarem a Palavra.
agora se preparam para receber a Primeira Comunho
No processo da iniciao :rist eles possuem um papel
Eucarstica, a Crisma e demais sacramentos
importantssimo e insubstituvel (cf. Estudos da CNBB 97, n. 3): "o
Catequese: propriamente falando o segundo tempo do catequista um mediador que ajuda catecmenos e
catecumenato, tempo mais longo dedicado ao ensino, reflexo catequizandos a acolherem, com todo o seu ser, a gradual e
e aprofundamento da f (cf. RICA, n. 7), tempo em que os cate- progressiva revelao do Deus-Amor e de seu Frojeto salvfico;
quizandos "recebem formao e exercitam-se praticamente na ele os encaminha para que cada um realize seu encontro
vida crist" (RICA, n. 19); "distribuda por etapas e integralmente pessoal com o Senhor, mediante Jesus Cristo, o Filho de
transmitida, relacionada com o ano litrgico e apoiada nas Deus ressuscitado, que nos leva, com o Esprito Santo,
celebraes da Palavra, leva os catecmenos, no s ao comunho com o Pai" (Estudos da CNBB 97, n. 141). O
conhecimento dos dogmas e preceitos, como ntima catequista "recebe delegao da Igreja, isto , do Bispo e da
percepo do mistrio da salvao de que desejam participar" comunidade e, portanto, age e fala em nome da Igreja;
(RICA, n. 19:1). A finalidade da catequese " aprofundar e fundamental que ele vivencie seu ministrio catequtico como
amadurecer a f educando o convertido para que se incorpore uma vocao e misso privilegiadas. Trata-se de um dom
comunidade crist... ela exige contnuo retorno ao ncleo do Deus, mas que precisa ser bem acolhido e cultivado com a
Evangelho (querigma), ou seja, ao mistrio de Jesus Cristo em ajuda de todos os meios possveis que subsidiem o seu
sua Pscoa libertadora, vivida e celebrada continuamente na crescimento na f, na esperana, no amor, na competncia em
Liturgia" (DNC, n. 33). A catequese precedida do -primeiro contedos, pedagogia e especialmente em espiritualidade" (cf.
anncio (pr-catecumenato) e sucedida pela formao Estudos da CNBB 97, n. 64;142). Sua formao precisa ser
permanente na comunidade. Conforme Aparecida a tambm atravs de um processo de inspirao catecumenal (cf.
catequese de iniciao a "maneira ordinria e indispensvel Estudos da CNBB 97, n. 143; cf. tambm Estudos da CNBB 97, n.
de introduo na vida crist e como a catequese bsica e 144-145; CR, n. 144-146 e todo cap. VII do DNC, principalmente
fundamental. Depois, vir a catequese permanente que n. 252-294)
continua o processo de amadurecimento da f" (n. 294).
Catequese mistaggica: veja "Mistagogia". Competentes: veja "eleitos".
Converso: "mudana radical de vida", reconhecer
Catequese sacramentalista: concepo equivocada de
Jesus Cristo como seu Senhor (At 2,37-41; ITs 1,8; cf. RICA, n. l,
catequese que a reduz preparao dos sacramentos, iso-
lados do resto da vida crist (Estudos da CNBB 97, n. 55); 4, 6a, 10,15, 223, 50, 68... etc).
Eleio: rito de eleio, no incio da Quaresma: o mo-
mento central do Catecumenato, pelo qual, aps o discerni-
mento (escrutnios) aqueles que realmente querem receber Exorcismo: rito com a imposio das mos, pedindo a
os sacramentos e se julgados preparados, so escolhidos Deus "a libertao das consequncias do pecado e da
(eleitos) para celebrarem os sacramentos. "Denomina-se influncia maligna, para que os catecmenos sejam
eleio porque a Igreja admite o catecmeno baseada na fortalecidos em seu caminho espiritual e abram o corao para
eleio de Deus, em cujo nome ela age" (RICA, n. 22; cf. Estudos os dons do Senhor" (Estudos da CNBB 97, n. 77;93; cf. RICA, n.
da CNBB 97, n. 83). 156).
Eleitos: assim so chamados aps a eleio: escolhidos Famlia: seu papel no processo da Iniciao Vida Crist
por Deus a participar de seu Povo, a Igreja de Jesus Cristo. So (cf. Estudos da CNBB 97, n. 133-139).
chamados tambm de competentes (cf. RICA, n. 153, n. 155; Iluminao: assin era chamado o Batismo; tambm o
Estudos da CNBB 97, n. 83). tempo de preparao prxima para receb-lo: a Quaresma. E
Entregas: ritos de entrega dos documentos-sntese da f o terceiro tempo do catecumenato, "destinado mais intensa
(Smbolo ou Credo) e da orao crist (Pai Nosso). "Essas entre- preparao espiritual" (RICA final do n. 7; cf. n. 21-22. Cf.
gas representam a herana da f que passada aos Estudos da CNBB 97, n. 84-86).
caminhantes. Outros rituais vo acompanhando o processo" (cf. Iniciao Crist: a introduo de algum no "mistrio de
Estudos da CNBB 97, n. 75; 77;85-86; cf. RICA 25: n. Cristo, da Igreja e dos sacramentos", por meio da
2,53,125,183,198... veja "tradtio" e "reddtio"). proclamao da mensagem (querigma), da catequese e dos
Equipe (Comisso) de Coordenao da Iniciao Vida ritos sacramentais e outras celebraes. obra do amor de
Crist: formada plos encarregados da tradicional preparao Deus, por seu Filho no Esprito Santo; realiza-se na Igreja e pela
ao Batismo, Confirmao e Eucaristia; tal equipe coordenar mediao da Igreja, requer a deciso livre da pessoa e nela se
todo o processo da Iniciao Vida Crist dando unidade a ele. realiza a participao humana no dilogo da salvao (cf.
uma equipe fundamental para o modo como todo o processo Estudos da CNBB 97, n. 62-66; DNC, n. 35-37, n. 45-50).
da Iniciao vai ser vivido (cf. Estudos da CNBB 97, n. 146-148). Inicitico: aquilo que se refere ao processo de iniciao.
Escrutnios: ritos de discernimento com relao ao pro- Inscrio do nome: o rito que se realiza por ocasio
gresso no catecumenato e de purificao interior. Tambm sig- da "eleio" no tempo quaresmal. "Chama-se inscrio dos
nificam exame da conduta moral (cf. RICA 25: n. 1,52,153,157- nomes porque os candidatos, em penhor de sua fidelidade,
159...; Estudos da CNBB 97, n. 76;85;94) inscrevem seus nomes no registro dos eleitos" (cf. RICA, n.
Etapa: conforme o RICA so "passos, plos quais o catec- 22;51,17, 133; Estudos da CNBB 97, n. 83).
meno, ao caminhar, como que atravessa uma porta ou sobe Inspirao catecumenal: um processo de iniciao
um degrau" (n. 6). So as trs grandes celebraes que marcam crist que, sem reproduzir estritamente o esquema do
a passagem de um tempo para o outro, dando o sentido de catecumenato pr ou ps-batismal, procura traduzir suas
gradualida-de ao processo catecumenal (cf. Estudos da CNBB 97, principais caractersticas (cf. Estudos da CNBB 97, n.
n. 75). lllc;127;151,135,159...). Catequese de inspirao catecumenal
o mesmo que catequese com dimenso catecumenal, com
carter catecumenal, cunho catecumenal, feio catecumenal, Mistrio: palavra grega (mystriori) usada no Novo
etc. Testamento para designar o plano de salvao que o Pai
Instituio dos catecmenos: assim pode ser realizou em Cristo Jesus, principalmente por sua Morte e
denominado o "rito de entrada", ou a primeira grande Ressurreio; por consequncia, mistrio tudo o que a
celebrao do catecumenato (cf. RICA, n. 6,14,50,60...). Igreja realiza para manifestar e realizar essa salvao divina
Introdutor: algum da comunidade crist que introduz ao longo da Histria, sobretudo os sacramentos (a palavra
na vida da Igreja e acompanha o(a) catecmeno(a): "homem latina sacramento traduo da palavra grega mystriori).
ou mulher, que o conhece, ajuda e testemunha dos A iniciao crist sempre iniciao aos mistrios de Cristo
costumes, f e desejo do catecmeno" (RICA, n. 42; cf. Jesus e de sua Igreja, atravs sobretudo do exerccio da
Estudos da CNBB 97, n. 127-130;78;91b;124). vida crist e da celebrao dos sacramentos (cf. Estudos da
Ministros ordenados: ministros que, pelo sacramento CNBB 97, n. 37-39;52-54; DNC, n. 35-37,45-50,14g,33,60,117-
da Ordem, so os primeiros responsveis pelo processo de 122).
iniciao na comunidade: o Bispo, presbteros e diconos (cf. Mistrico: aquib que se refere ao mistrio.
Estudos da CNBB 97, n. 151-154; DNC, n. 248-251;324- Modelo catecumenal: o mesmo que "catequese de
325,327,329). inspirao catecumenal" [veja acima "inspirao
Mistagogia: a palavra significa "introduo ao catecumenal"; cf. Estudos da CNBB 97; n. 95).
mistrio"; na verdade toda catequese mistaggica; porm,
Nefitos: o mesmo que recm iniciados na f ou
no processo catecumenal, o ltimo tempo da iniciao,
recm-batizados.
durante o perodo pascal: visa ao progresso no
conhecimento do mistrio celebrado atravs de novas Padres da Igreja ou Santos Padres: assim so
explanaes, e ao comeo da participao integral na denominados os escritores antigos que viveram entre os
comunidade; o prolongamento da experincia dos sculos I a VIIDC e se distinguiram como mestres da f e
iniciados (cf. Estudos da CNBB 97, n. 88-89; cf. RICA, n. promotores da unidade da igreja. Sua doutrina
7d,37-40,237; DNC, n. 46c). Clebres so as "catequeses reconhecida pela Igreja como ortodoxa, verdadeira (cf.
mistaggicas" dos Santos Padres (Estudos da CNBB 97, n. Estudos da CNBB 97, n. 44;153).
253). Padrinho/madrinha: pais espirituais da f; "entre suas
Mistagogo: semelhana da palavra pedagogo, tarefas h o acompanhamento para ajudar o catecmeno a
aquele que introduz o catecmeno ou catequizando nos viver o Evangelho, auxili-lo nas dvidas e inquietaes,
mistrios da f; todos que trabalham no processo velar pelo seu crescimento na f, na fraternidade, na vida
catecumenal so mistagogos: ministros ordenados, de orao, no interesse pela comunidade e pelo Reino de
catequistas, introdutores, pais, padrinhos... Deus" (Estudos da CNBB 97, n. 131-132 cf. RICA, n. 43).
Processo Catecumenal: o mesmo que Querigmtico: tudo o que se refere ao anncio
"catecumenato": os procedimentos, prticas, ritos e essencial da f; o pr-catecumenato consiste basicamente
celebraes que constituem a autntica iniciao vida nesse "anncio essencial ou central da f".
crist. Conforme o catecumenato antigo, o processo Reddtio: em latim significa "devoluo": o catecmeno, uma
catecumenal constitudo em 4 tempos: pr-catecumenato, vez que recebe os principais documentos da f (tradtio) "devolvia"
catecumenato, purificao-iluminao e mis-tagogia; e trs essa mensagem recebida comunidade em forma de vivncia
grandes celebraes: admisso ao catecumenato, crist, prticas evanglicas assimiladas em sua prpria maneira
preparao para os sacramentos (eleio) e celebrao de ser (cf. DNC, n. 39, principalmente sua nota 14). Veja traditio.
dos trs sacramentos da iniciao.
Religies iniciticas: religies que na antiguidade ou
Pr-catecumenato: o primeiro tempo do ainda hoje praticam os ritos de iniciao. "O cristianismo foi at
catecumenato: um espao indeterminado de tempo para o confundido com uma das tantas religies iniciticas que
acolhimento na comunidade crist, o primeiro anncio pululavam o Oriente Mdio. Mas ele era algo muito mais
(querigma) ou evangelizao e uma primeira adeso f (cf. profundo: para participar do mistrio de Cristo Jesus preciso
RICA, n. 7a, 9-13; Estudos da CNBB 97, n. 78-79; 125). passar por uma experincia impactante de transformao
Purificao - Iluminao: o terceiro tempo do catecume- pessoal e deixar-se envolver pela ao do Esprito" (Estudos da
nato, que se inicia com a segunda grande celebrao CNBB 97, n. 41).
(segunda etapa): o tempo consagrado para preparar mais RICA - a sigla do Ritual de Iniciao Crist dos Adultos des-
intensamente o esprito e o corao dos tinado celebrao do Batismo de Adultos, o que por sua
catecmenos/catequizandos para celebrarem os sacramentos. vez requer srie preparao, ou catecumenato. O RICA oferece
"Nessa etapa, a Igreja procede "eleio" ou seleo, e admite pistas para o processo cate<[utico catecumenal, ajudando os
os catecmenos que se acham em condies de participar dos adultos para que iluminados pelo Esprito Santo, conscientes
sacramentos da iniciao nas prximas celebraes" (RICA, n. e livres, procurem o Deus vivo atravs do caminho da f e o da
22; cf. Estudos da CNBB 97, n. 84-86). converso. Em latim: OIA (Ordo Initiationis Cristianorum
Querigma: originalmente significava "proclamao em Adultorum).
alta voz" ou anncio. No Novo Testamento o anncio central Rito - Conjunto de gestos, oraes, frmulas litrgicas, si-
da f, o ncleo de toda mensagem crist, a boa notcia da salva- nais e smbolos expressando na celebrao uma realidade
o (evangelho). O querigma to importante na evangelizao, que no se quer significai. o conjunto das cerimnias
que muitas vezes se torna sinnimo dela, embora seja apenas prprias de uma igreja ou religio.
um dos seus aspectos (o mais importante). Veja
"querigmtico". Smbolos - em grego syn-ballon, significa colocar junto,
confrontar. Mostra as relaes entre dois elementos da realida-
de: um objetivo e outro subjetivo. O smbolo evoca, por meio
de um objeto ou sinal um outro significado de algo que ele de-
seja expressar, como acontece por exemplo, com a bandeira, purificao-iluminao e a mistagogia. Entre um tempo e outro
a cruz... e todos os smbolos cristos, (cf. Estudos da CNBB h as etapas ou grandes ritos de passagem (cf. RICA, n. 6-7;
97, n. 12;53;74). Muitas vezes a palavra Smbolo designa Estudos da CNBB 97, n. 72; 153; DNC, n. 46).
tambm o Smbolo dos Apstolos ou Credo (cf. RICA, n. Tradio - em latim "traditio" vem do verbo "tradere",
25,26,33,57). que significa "entregar, transmitir, passar adiante". Na lingua-
Sinais - a associao de duas realidades concretas gem teolgica, a Tradio (com T maisculo) o processo pelo
unidas por uma conexo natural ou convencional que leva a qual o contedo da verdade revelada transmitido s
um determinado sentido ou realidade (cf. RICA, n. 215,258, diversas geraes e ambientaes culturais, empregando
349). palavras e normas diversas, mas conservando sempre a sua
essncia, e tendo a chancela da autoridade dos sucessores
Sacramento: traduo latina da palavra grega mystrion
dos Apstolos.
(cf. Estudos da CNBB 97, n. 52 ); um sinal visvel de uma
realidade invisvel. O sacramento por excelncia Jesus Cris- Traditio: em latim significa "entrega": num rito durante o
to, a Igreja Sacramento de Jesus Cristo, e os sete catecumenato a comunidade entrega ao catecmeno ou cate-
sacramentos expressam a ao salvadora de Deus hoje quizando os "tesouros da f" ou seus principais documentos
atravs da Igreja. Os sacramentos so "momentos da f: Bblia, Credo e Pai-Nosso. Veja acima a palavra
culminantes da participao no mistrio de Cristo. O Vaticano "entrega".
II afirma que a liturgia, por sei celebrao dos sacramentos,
cume e fonte da vida crist" (Estudos da CNBB 97, n. 56). Veja
acima a palavra mistrio.
Sacramentos da Iniciao: so os sacramentos do
Batismo, Crisma e Eucaristia que, na tradio antiga, eram
recebidos simultaneamente, aps um longo perodo de
catecumenato (cf. DNC, n. 35). "Os trs sacramentos da
iniciao, numa unidade indissolvel, expressam a unidade da
obra trinitria na iniciao crist: o Batismo nos torna filhos do
Pai, a Eucaristia nos alimenta com o Corpo de Cristo e a
Confirmao nos unge com uno do Esprito" (Estudos da
CNBB 97, n. 63). Hoje a Igreja pede que se recupere essa
unidade dos trs sacramentos (cf. Estudos da CNBB 97, n. 87).
Tempo: no catecumenato "tempo" o perodo em que
transcorrem as quatro grandes partes do processo de iniciao
vida crist: o pr-catecumenato, o catecumenato, a