Filinto Elísio, Tradutor de Lucano
Filinto Elísio, Tradutor de Lucano
Filinto Elísio, Tradutor de Lucano
Brunno V. G. Vieira
UNESP/ Araraquara
e-mail: brvieira@fclar.unesp.br
ABSTRACT
The article presents a critical edition of the first 227 verses of Lucans Pharsalia, translated into
Portuguese by Filinto Elsio, pseudonym of Francisco Manuel do Nascimento (1734-1819), and
shows the translation conceptions underlying the work of this influential poet and translator; it is
meant to be a contribution to discussions on the literary translation of classical texts.
KEYWORDS: Filinto Elsio; Lucan; translation theory; translation history; literary translation.
Belo Horizonte, n 1, p.1, junho de 2008
Brunno V. G. Vieira
UNESP/ Araraquara
e-mail: brvieira@fclar.unesp.br
ABSTRACT
The article presents a critical edition of the first 227 verses of Lucans Pharsalia, translated into
Portuguese by Filinto Elsio, pseudonym of Francisco Manuel do Nascimento (1734-1819), and
shows the translation conceptions underlying the work of this influential poet and translator; it
is meant to be a contribution to discussions on the literary translation of classical texts.
KEYWORDS: Filinto Elsio; Lucan; translation theory; translation history; literary translation.
1
Cf. de Castilho, A. F. A primavera. 2. ed. Lisboa: Bulhes, 1837, p. 132: No tempo em que eu cursava
meus estudos na Universidade de Coimbra, [] duas seitas de escrever se contavam; a cada uma das
quais no faltavam admiradores []. Os livros em que uma juramentava os seus adeptos eram Gessner e
Bocage; Filinto era o Alcoro da outra.
2
Cf. de Castilho, op. cit., p. 152.
Belo Horizonte, n 1, p.2, junho de 2008
Carta a Brito (1790), Filinto defende um modo sui generis de enriquecimento da lngua
portuguesa, fugindo do galicismo ento em voga:
3
Cf. Filinto Elsio. Obras completas de Filinto Elsio. Ed. F. Morais. Braga: APPACDM, 1998. Vol. 1, p.
60.
4
Ele dir nessa mesma Carta: O modo de aperfeioar a lngua materna enxertando nela o precioso das
outras (cf. Filinto Elsio, op. cit., 1998, p. 63).
5
Esse discipulado declarado pelo prprio Odorico: Dentais dorsiduplos em vez de que tm dois
dorsos ou de dois lados reforados: discpulo de Ferreira, de Cames, de Filinto, no recuo vista
de uma palavra composta, mais curta e enrgica (nota ao passo I 172 das Gergicas, grifo nosso). Ao
comentar a traduo filintista dos Mrtires de Chateaubriand, Odorico reserva ao tradutor o seguinte
elogio: Francisco Manuel, quanto graa da linguagem, na sua traduo me parece preferivel ao
mesmo autor; e a obra, apesar de no poucas incorrees, considero-a como o modelo do seu genero:
no conheo um tradutor poeta que tanto me agrade, em lngua nenhuma (nota Eneida III 369-611
592-634, grifo nosso).
6
O elogio a uma traduo, sobretudo na poca de seu aparecimento, no poder ser lida como um
original em sua lngua. Antes, o significado da fidelidade garantida pela literalidade precisamente que
se expresse na obra o grande anelo por uma complementao entre as lnguas. A verdadeira traduo
transparente, no encobre o original, no o tira da luz; ela faz com que a pura lngua, como que
fortalecida por seu prprio meio, recaia ainda mais inteiramente sobre o original. Esse efeito obtido
sobretudo por uma literalidade na transposio da sintaxe, sendo ela que justamente demonstra ser a
palavra e no a frase o elemento originrio do tradutor [cf. Benjamin, Walter. A tarefa-renncia do
tradutor. Traduo de S. K. Lages. In: Heidermann, W. (org.). Clssicos da teoria da traduo.
Florianpolis: EDUFSC, 2001, p. 209].
Belo Horizonte, n 1, p.3, junho de 2008
Pode-se ver o tom entusiasmado de Filinto num primeiro momento quando ele
insiste no digno posto que ocupam as obras menores na tradio literria e identifica um
dado crucial na recepo da Farslia: os encmios e vituprios virem no pela leitura
do prprio poema, mas por testemunhos indiretos. Na segunda nota, contudo, fica ntida
7
Cf. Lucanus. De bello ciuili. Cum Hug. Grotii, Farnabii notis integris et uariorum selectissimis. Londini:
J.F. Dove, 1818, IV 461ss.
Belo Horizonte, n 1, p.4, junho de 2008
8
Lembremos que, poca da traduo, Filinto respirava os ares da Revoluo Francesa.
9
Cf. supra p. 3: Comecei esta traduo, pouco tempo depois de ter chegado a Paris.
Belo Horizonte, n 1, p.5, junho de 2008
10
Tivemos acesso a uma reedio londrina de 1818 (cf. Lucanus, op. cit., 1818).
11
So de estabelecimento exclusivo de Grotius: astringit Scythicum glaciali frigore pontum! (Farslia I
18), e o Ctio mar algema,/ cos frios gelos; discindere (I 31), dar-nos mau fim; permissum est
ducibus (I 120), aos capites foi dado; praestinguens (I 154), deslumbra (cf. Lucanus, op. cit., 1818).
12
Cf. nota de Grotius & Farnabius aos versos I 31-2, nulli penitus discindere ferro/ contigit: discindere
- in totum dissipare et quasi delere Romanum imperium, discindere dissipar totalmente e quase
destruir o Imprio Romano. O que resultou na seguinte traduo de Filinto (v. 39-40): que a ningum
coube/ dar-nos mau fim, com ferro, a todos (cf. Lucanus, op. cit., 1818).
13
Cf. Filinto Elsio, op. cit., 1998, p. 67.
Belo Horizonte, n 1, p.6, junho de 2008
14
Cf. Filinto Elsio, op. cit., 1998, p. 44.
15
Cf. v. 2, jus de ius; v. 3, destra de dextra; v. 6, roto de rupto; v. 11, libra arcasmo ao invs de
livra (libra<liberare); v. 20, ringe de rigens; v. 39, 56, 120, 129, 145, 148, 162, 168, 236, que como
conjuno causal com o sentido de porque; v. 44, se aparelham de parantur; v. 46, Terrgenas, do
adjetivo terrigenus, a que o prprio tradutor anota Tits; v. 44, 47, 106 e 166, numes e, v. 65, 80 e
263, nmen, de numen, divindade; v. 50, manes, de manes espritos ou almas dos mortos; v. 51,
138, 219, destroo arcasmo com o sentido de derrota, runa; v. 65, slio, latinismo de uso potico,
de solium, assento; v. 66, 92, 103, 192, 218, orbe de orbis, esfera, mundo; v. 67, Natura
latinismo usual em Cames e nos quinhentistas; v. 71, facha arcasmo do lat. fascia, ao invs do
corrente faixa; v. 72, sentir-se- por ressentir-se-, como Cames, os ventos esta injria assim
sentiram [Dicionrio Caldas Aulete (C. A.)]; v. 72, axe, de axis, ao invs do corrente eixo; v. 73,
libra de librat, equilibra; v. 103, estroncado ao invs de destroncado, por afrese; v. 105, moles de
moles, grande massa, grande volume; v. 111, liga com sentido de pacto, aliana; v. 121, releva
arcasmo com sentido de importar, ser conveniente (C. A. o abona com Cames); v. 126, empenhou
no sentido de impelir/ compelir; v. 127 e 169, remanso do lat. remansio, pausa; v. 145, seva de
saeua, irada; v. 147, diro de dirus funesto; v. 158, pirtico de piratica; v. 161, insofrida verte
literalmente impatiens que no se pode conter; v. 207, afundiram por afundaram; v. 225, quedas
como adjetivo, significando imveis, remonta a Cames agora estando queda, agora andando (C. A.);
v. 236, mbito de ambitus (cf. nota 61 do prprio Filinto); v. 277, transcura neologismo com o sentido
de no cuidar de, provavelmente motivado pelo sintagma por tanti securus uulneris.
16
Cf. Saraiva, A. J.; Lopes, O. Histria da literatura portuguesa. 15. ed. Porto: Porto Editora, 1989, p.
687.
17
Cf. v. 16, coesse, que as vossas mos, sangue, verteram, de hoc, quem ciuiles hauserunt, sanguine,
dextrae; v. 34-7, na de antes populosa,/ hoje crespa de abrolhos, no lavrada/ Hespria, h muitos anos, e
pedindo/ a terra as mos est, et antiquis ... in urbibus/, horrida quod dumis multosque inarata per
annos/ Hesperia est desuntque manus poscentibus aruis; v. 39-40, que a ningum coube/ dar-nos mau
fim, com ferro, a todos; v. 80-2: tu s meu nmen j; nem, se em meu seio/ te acolho eu vate, invocar
trato/ esse deus, sed mihi jam nume: nec, si te pectore uates/ accipiam, Cirrhaea uelim secreta
mouentem/ sollicitare Deum; v. 99-102, a Apolo oposta/ de dous corcis reger irada a Lua/ por essa
obliqua zona, em carro de bano,/ querer, como o irmo raiar o dia; v. 221-2, e as que outrora lavrou
com relha dura/ terras Camilo, uma recriao do hiprbato sulcata...passa....rura do texto latino: et
quondam duro sulcata Camilli/ uomere, et antiquos Curiorum passa ligones Longa sub ignotis extendere
rura colonis; v. 78-9, do belgero Jano as frreas portas,/ a paz enviada ao mundo inteiro as feche, que
recria em portugus o verso de ouro com hiprbatos ferrea belligeri conpescat limina Iani.
Belo Horizonte, n 1, p.7, junho de 2008
*
FARSLIA
DE MARCO ANEU LUCANO
Livro I [1-227]
ARGUMENTO
Da guerra as causas diz; como impelido
Da acelerada clera, atravessa
Csar do Rubicon a veia, e investe
Com sobrecenho a Rmini vizinha,
E como acolhe os da assombrada Roma, 5
Expulsados tribunos: para guerra
Os seus anima; o fiel socorro chama
Das coortes. Jaz Roma em frio susto.
Medroso vai Pompeu, medrosa a Cria.
Prodgios surgem; do resposta os vates.
*
Guerras mais que civis,18 no Emtio campo,
O jus dado maldade canto, e o povo
Poderoso, que contra entranhas suas
Houve empregado a vingadora destra.
Coas foras juntas do abalado mundo,19 5
18
Necessitariam muitos lugares desta verso severssimas emendas: mas nem um Lucano tenho de meu.
Os que o tiverem emendem a verso e lho agradecerei como assinalado favor (as notas do editor sero
indicadas pela sigla N.E., as demais notas so de Filinto Elsio).
Belo Horizonte, n 1, p.8, junho de 2008
19
Em relao ao texto latino, este verso e o prximo esto invertidos (N.E.).
20
Novamente, em relao ao texto latino, este verso e o prximo esto invertidos (N.E.).
21
Como seria fcil o espraiar-se em notas quem abundasse em livros! Eu, ainda que o quisera, no os
tenho. L os h por esse mundo; a eles recorram os que no sabem.
22
Reduzida a cidade a poucos moradores.
Belo Horizonte, n 1, p.9, junho de 2008
23
Injustssima lisonja! Nero a pagou pouco depois com a morte do lisonjeiro. Quo felizes os povos, se
igual prmio s lisonjas os reis dessem!
24
Jpiter trovejador.
25
Os Tits, filhos da Terra.
26
Corrigiu-se aqui a vrgula da edio de 1819 por este ponto-final na edio de 1838 (N.E.).
27
De teus anos.
Belo Horizonte, n 1, p.10, junho de 2008
32
No quatro como seu irmo.
33
Nas edies de 1819 e 1838, l-se vano, possvel erro tipogrfico (N.E.).
34
Triunvirato de Csar, Pompeu e Crasso.
35
Cnbia na edio de 1819 corrigido por cubia na edio de 1836. O uso do u no lugar do o
na primeira slaba da palavra pode ser considerado um latinismo uma vez que a palavra derivada do
termo latino cVpiditas (N.E.).
36
O acrscimo da conjuno e parece inevitvel aqui para a retomada da elipse da conjuno
enquanto. No texto latino no se abriu mo das conjunes: Dum terra fretum ... leuabit/ ... et longi
uoluent Titana labores/ noxque diem coelo totidem... (N.E.)
37
Por sustiver.
Belo Horizonte, n 1, p.12, junho de 2008
38
Na histria grega mui famosa a guerra de Etocles e Polinice, filhos de dipo, sobre o reinar em
Tebas; os dios e horrores dos dous irmos Atreu e Tiestes, etc., etc.
39
Rmulo matou a seu irmo Remo, que a par com ele reinava, quando era asilo de facinorosos Roma, e
em vez de palcios, se cobria de tugrios.
40
Do primeiro triunvirato.
41
De Csar e de Pompeu.
42
Pompeu e Csar.
43
O tradutor mantm nmero plural que o topnimo Carras, tal como era em latim (N.E.).
44
O tradutor por questes de sntese, mas tambm devido dificuldade desta passagem (v. 145-9), que
oscila entre o tratamento em 2. e 3. pessoas, acaba omitindo o nominativo Iulia presente no texto latino.
Essa escolha tradutria resulta em um truncamento de sentido tal que leva o tradutor a lanar mo de trs
notas de rodap seguidas (cf. infra notas 40, 41, 42), sendo que a nota 41, a nosso ver, reputa
ignorncia dos leitores uma dificuldade de leitura provocada pelo prprio tradutor (N.E.).
Belo Horizonte, n 1, p.13, junho de 2008
45
Da filha de Csar esposada com Pompeu.
46
Quem no souber a histria deste triunvirato, custosamente compreender este poema.
47
Jlia, filha de Csar.
48
Nas edies de 1819 e 1838, a escolha de permeiadas ao invs de permeadas tem evidente sabor
vulgar (N.E.).
49
Pompeu.
50
De Csar.
51
A Csar. Aqui, a omisso do vocativo Caesar est presente tambm no texto latino (N.E.).
52
Te d altivez.
Belo Horizonte, n 1, p.14, junho de 2008
53
O ponto-e-virgula foi acrescentado na edio de 1938 (N.E.).
54
O carvalho.
55
N.E.: O excerto, que vai deste ponto at o final da traduo de Filinto, consta do 1. volume de Poesia:
antologia de poesia universal da Clssicos Jackson, editada por Ary de Mesquita (cf. Filinto Elsio, op.
cit., 1950).
56
As edies de 1819 e 1838 trazem ponto-final no lugar desta vrgula (N.E.).
57
Verso alexandrino. A traduo de praestinguens (um equvoco do editor do texto latino j que a forma
correta seria praestringens) por deslumbra um bom exemplo da dedicao do tradutor que encontrou
um verbo prximo de praestigiae, prestidigitao, deslumbramento em exacerbado respeito letra do
original (N.E.).
Belo Horizonte, n 1, p.15, junho de 2008
58
Variante de afundaram (N.E.).
59
Aos maculosos vcios, que surgiram com a prosperidade.
60
Noutros tempos.
61
Nas edies de 1819 e 1838, acaream (N.E.).
62
Nos amplos domnios.
Belo Horizonte, n 1, p.16, junho de 2008
63
Para o sentido de almoeda, cf. nota 61 (N.E.).
64
O tradutor tem fasces por substantivo feminino em portugus, a despeito da regra geral de
emprstimos eruditos em que se emprega o gnero da lngua de partida em portugus, ou seja, fasces
deveria ser considerado um substantivo masculino (N.E.).
65
Campo Mrcio onde o povo nomeava os cnsules, etc.
66
mbito era em Roma chamado todo o empenho de buscar protees, agradar com lisonjas, com
promessas, com dinheiro, etc. a quem dava os cargos. E este crime de mbito, nocivo ao merecimento e
aos bons costumes, era punido pelas leis enquanto elas tiveram vigor. Para mais explicar esta passagem
mui difcil para leitores, que no tm notcia da histria romana nos ltimos tempos da repblica, ponho
aqui os versos de Petrnio: Emptique Quirites/ ad praedam strepitumque lucri suffragia uertunt./
uenalis populus, uenalis curia Patrum./ est favor in pretio [E os Quirites subornados/ fazem das
votaes um bom negcio,/ vende-se o povo, vende-se o senado./ Todo favor tem preo (trad. do
editor)]. Mais ao claro. Fasces, ou feixes de varas com uma machada nelas embebida, eram insgnias de
cnsules, etc. O povo, para esses postos dava os votos, a quem mais dinheiro dava; o que se chama pr
os cargos em almoeda, ou leilo. Para os obter houve, muitas vezes, sanguinolentos arrudos. (N.E.) A
citao de Petrnio e algumas das informaes presentes na nota foram extradas do comentrio de
Grotius & Farnabius passagem.
67
A vrgula um acrscimo da edio de 1838 (N.E.).
68
Na edio de 1819, l-se derrora, que corrigido por derrota na edio de 1838 (N.E.). Segundo
abonao do Morais, derrota palavra derivada de rota e tem aqui o sentido de caminho, percurso
traduzindo cursu, percurso, marcha.
69
Torrgera variante do decalque turrgera (N.E.).
Belo Horizonte, n 1, p.17, junho de 2008
70
Daqum de Rubicon.
71
A vrgula um acrscimo da edio de 1838 (N.E.).
72
Havendo Csar vencido por mar e terra.
73
N.E.: Nas edies de 1819 e 1838, dm. A correo por tem foi sugerida por Mesquita (Lucano, op.
cit., 1950, p. 73).
74
Rompe o fio que a veia do rio leva.
75
Na edio de 1819 consta o verso de 11 slabas: eis j se anima, recolhe o furor todo, que foi corrigido
na edio de 1838 (N.E.).
76
Leve, por ligeiro.
Belo Horizonte, n 1, p.18, junho de 2008
Referncias Bibliogrficas
FERREIRA, Aurlio B. H. Novo dicionrio Aurlio da lngua portuguesa. 2.a. ed. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
77
As melhores edies, a de Grotius & Farnabius inclusive, trazem Euro. A escolha de Austro uma
correo que Lemaire (Lucanus, op. cit., 1830, p. 120) atribui a Schraderus. Este dado singular faz pensar
na possibilidade de que Filinto tivesse consultado outras edies alm de Grotius & Farnabius (N.E.).
78
Diz Csar.
Belo Horizonte, n 1, p.19, junho de 2008
LUCANUS. De bello ciuili. Cum Hug. Grotii, Farnabii notis integris et uariorum
selectissimis. Londini: J.F. Dove, 1818.
SARAIVA, A. J.; LOPES, O. Histria da literatura portuguesa. 15. ed. Porto: Porto
Editora, 1989.