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Palestra Capítulo II Meu Reino Não É Deste Mundo - Item 8

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CAPTULO II

MEU REINO NO DESTE MUNDO


LE 785. Qual o maior obstculo ao progresso?
O orgulho e o egosmo. Refiro-me ao progresso moral, porquanto o intelectual se
efetua sempre.
LE 803. Perante Deus, so iguais todos os homens?
Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez Suas leis para todos. Dizeis
freqentemente: O Sol luz para todos e enunciais assim uma verdade maior e
mais geral do que pensais.
Todos os homens esto submetidos s mesmas leis da Natureza. Todos nascem
igualmente fracos, acham-se sujeitos s mesmas dores e o corpo do rico se destri
como o do pobre. Deus a nenhum homem concedeu superioridade natural, nem
pelo nascimento, nem pela morte: todos, aos Seus olhos, so iguais.
LE 933. Assim como, quase sempre, o homem o causador de seus
sofrimentos materiais, tambm o ser de seus sofrimentos morais?
Mais ainda, porque os sofrimentos materiais algumas vezes independem da
vontade; mas, o orgulho ferido, a ambio frustrada, a ansiedade da avareza, a
inveja, o cime, todas as paixes, numa palavra, so torturas da alma.[...]Aquele
que s v felicidade na satisfao do orgulho e dos apetites grosseiros infeliz,
desde que no os pode satisfazer, ao passo que aquele que nada pede ao
suprfluo feliz com os que outros consideram calamidades. Referimo-nos ao
homem civilizado,
porquanto, o selvagem, sendo mais limitadas as suas
necessidades, no tem os mesmos motivos de cobia e de angstias. Diversa a
sua maneira de ver as coisas. Como civilizado, o homem raciocina sobre a sua
infelicidade e a analisa. Por isso que esta o fere. Mas, tambm, lhe facultado
raciocinar sobre os meios de obter consolao e de analis-los. Essa consolao
ele a encontra no sentimento cristo, que lhe d a esperana de melhor futuro, e
no Espiritismo que lhe d a certeza desse futuro.
INSTRUES DOS ESPRITOS
Uma realeza terrestre
Uma Rainha de Frana. (Havre, 1863.)
8. Quem melhor do que eu pode compreender a verdade destas palavras de Nosso
Senhor: "O meu reino no deste mundo"? O orgulho me perdeu na Terra. Quem,
pois, compreenderia o nenhum valor dos reinos da Terra, se eu o no
compreendia? Que
trouxe eu comigo da minha realeza terrena? Nada,
absolutamente nada. E, como que para tornar mais terrvel a lio, ela nem sequer
me acompanhou at o tmulo! Rainha entre os homens, como rainha julguei que
penetrasse no reino dos cus! Que desiluso! Que humilhao, quando, em vez de
ser recebida aqui qual soberana, vi acima de mim, mas muito acima, homens que
eu julgava insignificantes e aos quais desprezava, por no terem sangue nobre!
Oh! como ento compreendi a esterilidade das honras e grandezas que com tanta
avidez se requestam na Terra!
Para se granjear um lugar neste reino, so necessrias a abnegao, a humildade,
a caridade em toda a sua celeste prtica, a benevolncia para com todos. No se
vos pergunta o que fostes, nem que posio ocupastes, mas que bem fizestes,
quantas lgrimas enxugastes. Oh! Jesus, tu o disseste, teu reino no deste

mundo, porque preciso sofrer para chegar ao cu, de onde os degraus de um


trono a ningum aproximam. A ele s conduzem as veredas mais penosas da vida.
Procurai-lhe, pois, o caminho, atravs das urzes e dos espinhos, no por entre as
flores.
Correm os homens por alcanar os bens terrestres, como se os houvessem de
guardar para sempre. Aqui, porm, todas as iluses se somem. Cedo se
apercebem eles de que apenas apanharam uma sombra e desprezaram os nicos
bens reais e duradouros, os nicos que lhes aproveitam na morada celeste, os
nicos que lhes podem facultar acesso a esta. Compadecei-vos dos que no
ganharam o reino dos cus; ajudai-os com as vossas preces, porquanto a prece
aproxima do Altssimo o homem; o trao de unio entre o cu e a Terra: no o
esqueais.
uma comunicao que merece muita ateno e reflexo de nossa parte ,
visto que se no somos reis e rainhas, temos todavia, nossos pequeninos reinos,
onde nos julgamos poderosos: Aqui, mando eu. So nossos lares, na funo de
marido ,esposa, pais e mes, posies sociais ou profissionais de mais ou menos
poder etc. Como nos comportamos nestes casos ?
A ex-rainha inicia dizendo que somente no plano espiritual compreendeu a
verdade de Jesus nas palavras: Meu reino no deste mundo. Pensava ela que
seria recebida no reino dos cus, como rainha. Pensamento este coerente com o
que se pensava naquela poca. A dignidade real era um direito dado por Deus
determinada famlia.
Na questo 785 de O Livro dos Espritos, os Mensageiros Espirituais afirmam que o
maior obstculo ao progresso moral so o orgulho e o egosmo. E no falamos aqui
da satisfao pessoal por uma realizao difcil, pelo sucesso dos filhos ou pelo
nascimento de um neto. H muita gente que se orgulha sem motivos. So
presunosos e arrogantes contra aqueles sobre os quais possuem o mnimo grau
de ascendncia real ou suposta ou para com os que no os conhecem ?por fora?,
muito menos ?por dentro?. So tolos, vaidosos e iludidos, sujeitos a tropear a
qualquer momento nas prprias mentiras e castelos de areia construdos para
mostrar fachadas, impressionar e amedrontar.
Outro o grupo dos capazes de estabelecer um justo valor sobre si mesmos,
reconhecendo sua condio social e econmica, fsica, principalmente a beleza ?
ou a falta dela ? e a intelectual em seus verdadeiros limites e aceitando-as como
naturais sem sentir-se oprimidos por elas, embora com direito e desejo de
melhor-las. So realistas e humildes quase por imposio das circunstncias.
No outro extremo h os que possuem orgulho por coisas que realmente so ou
possuem. Beleza de modelo ou fora atltica, ttulos acadmicos, prmios e brilho
intelectual, poder e fama. Esnobes, jamais pararam para refletir sobre a
transitoriedade destas posses. Ainda que construam suntuosos mausolus para
receber seus despojos, no se conscientizam de que mesmo assim eles
apodrecero. Um busto em praa pblica s ter razo de ser se evocar
posteridade seus feitos reais para o bem social. Apesar de no ser incomum faltar
o prprio juzo da Histria, atribuindo mritos indevidos a uns e o completo
esquecimento de outros tantos milhares de annimos que realizaram muito mais.
Outras vezes a fora de coero tanta que s o tempo e a evoluo dos
acontecimentos so capazes de corrigir injustias como o Vaticano com Galileu ou
a derrubada das esttuas de Sadam Hussein e Stalin.

Finalmente h o grupo rarefeito dos que tm motivos para sentir orgulho e


preferem a conduta moderada, de hbitos simples e at de genuna humildade.
Francisco de Assis e Buda abandonaram a riqueza para se dedicar ao semelhante
por idias e exemplos. Cristo, esprito de escol no campo moral, investido de
misso superior, portador de poderosos dons curadores, alm do prprio exemplo,
conclamava a que os homens se comportassem como as criancinhas. Chico Xavier
psicografou 412 livros que venderam de 25 a 30 milhes de exemplares e no s
no se serviu de nenhum centavo da renda deles como jamais aceitou o mrito de
sua elaborao.
Na segunda parte de outra obra de Allan Kardec, O Cu e o Inferno?, consta a
comunicao de um esprito chamado Lisbeth que vivera na Prssia h cinqenta
anos e a certa altura esclarece: ?Fui de elevada condio social. Possua tudo o
que os homens acham que a felicidade. Rica, fui egosta; bela, fui vaidosa,
indiferente, desleal; nobre, fui ambiciosa. Esmagava com meu prestgio... pisava os
que se achassem sob meus ps... O orgulho enlaa com cadeias de bronze... essa
hidra de cem cabeas... esse demnio que se oculta no corao, penetra em
nossas veias, absorve-nos... s vejo sofrimento?.
Mais frente, na mesma obra, outra mensagem de uma rainha, a de Ude (antigo
reino da ndia, entre o Ganges e o Himalaia). Morrera na Frana em 1858. Por ser
recente a sua desencarnao, no d mostras de arrependimento e seus vcios de
carter permanecem inalterados. Trechos: ?Era uma rainha e nem todos dobraram
os joelhos diante de mim (em seus funerais)... Meu sangue reinar... no pode
confundir-se na multido... Eu tenho direito a elas (honrarias). Continuo a ser
rainha... que me mandem escravos para me servir... parece que no se preocupam
comigo aqui... E segue com sua indignao convicta que ainda merece por
obrigao ser tratada com a deferncia real. Aturdida, quase insana, mergulhada
nas trevas construdas pelo prprio orgulho.
A rainha Silvia da Sucia, filha de uma brasileira, esteve no Brasil. Desde 1996
envolvida com uma ONG fundada por ela para combater abusos sexuais em
crianas, disse que no incio enfrentou algumas resistncias para desenvolver suas
tarefas. Mas entende que o assunto uma questo humanitria e no poltica e s
no Brasil a ONG atendeu 60 projetos, em 16 estados e mais de 670.000 pessoas
foram beneficiadas entre crianas, familiares e em capacitao profissional. Na
entrevista, credita boa parte da modernizao da monarquia sueca ao seu marido,
o rei Carlos Gustavo, e ao fato dela ter antes trabalhado como tradutora e no
cerimonial das Olimpadas de Munique. ?A vantagem de ser rainha ? disse ?
poder chamar a ateno para problemas sociais importantes? e a desvantagem ?
a impossibilidade de fazer as coisas de improviso?.

Orgulho
As principais reaes e caractersticas do tipo predominantemente orgulhoso so:
a. Amor-prprio muito acentuado: contraria-se por pequenos motivos;
b. Reage explosivarnente a quaisquer observaes ou crticas de outrem em
relao ao seu comportamento;
c. Necessita ser o centro de atenes e fazer prevalecer sempre as suas
prprias idias;

d. No aceita a possibilidade de seus erros, mantendo-se num estado de


conscincia fechado ao dilogo construtivo;
e. Menospreza as idias do prximo;
f. Ao ser elogiado por quaisquer motivos, enche-se de uma satisfao
presunosa, como que se reafirmando na sua importncia pessoal;
g. Preocupa-se muito com a sua aparncia exterior, seus gestos so estudados,
d demasiada importncia sua posio social e ao prestgio pessoal;
h. Acha que todos os seus circundantes (familiares e amigos) devem girar em
torno de si;
i. No admite se humilhar diante de ningum, achando essa atitude um trao
de fraqueza e falta de personalidade;
j. Usa da ironia e do deboche para com o prximo nas ocasies de contendas.
Compreendemos que o orgulhoso vive numa atmosfera ilusria, de destaque social
ou intelectual, criando, assim, barreiras muito densas para penetrar na realidade
do seu prprio interior. Na maioria dos casos o orgulho um mecanismo de defesa
para encobrir algum aspecto no aceito de ordem familiar, limitaes da sua
formao escolar-educacional, ou mesmo o resultado do seu prprio
posicionamento diante da sociedade da imagem que escolheu para si mesmo, do
papel que deseja desempenhar na vida de status.
E prefervel nos olharmos de frente, corajosamente, e lutar por nossa melhora, no
naquilo que a sociedade estabeleceu, dentro dos limites transitrios dos bens
materiais, mas nas aquisies interiores: os tesouros eternos que a traa no
come nem a ferrugem corri! .

Vaidade
O homem, pois, em grande nmero de casos, o causador de seus prprios
infortnios; mas, em vez de reconhec-lo, acha mais simples, menos humilhante
para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providncia, a m fortuna, a m estrela, ao
passo que a m estrela apenas a sua incria.
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Captulo V. Bem-aventurados os
Aflitos. Causas Atuais das Aflies.)
A vaidade decorrente do orgulho, e dele anda prxima. Destacamos adiante as
suas facetas mais comuns:
a. Apresentao pessoal exuberante (no vestir, nos adornos usados, nos gestos
afetados, no falai demasiado);
b. Evidncia de qualidades intelectuais, no poupando referncias prpria
pessoa, ou a algo que realiza;
c. Esforo em realar dotes fsicos, culturais ou sociais com notria antipatia
provocada aos demais;

d. Intolerncia para com aqueles cuja condio social ou intelectual mais


humilde, no evitando a eles referncias desairosas;
e. Aspirao a cargos ou posies de destaque que acentuem as referncias
respeitosas ou elogiosas sua pessoa;
f. No reconhecimento de sua prpria culpabilidade nas situaes de
descontentamento diante de infortnios por que passa;
g. Obstruo mental na capacidade de se auto-analisar, no aceitando suas
possveis falhas ou erros, culpando vagamente a sorte, a infelicidade
imerecida, o azar.
A vaidade, sorrateiramente, est quase sempre presente dentro de ns. Dela os
espritos inferiores se servem para abrir caminhos s perturbaes entre os
prprios amigos e familiares. muito sutil a manifestao da vaidade no nosso
ntimo e no pequeno o esforo que devemos desenvolver na vigilncia, para
no sermos vtimas daquelas influncias que encontram apoio nesse nosso defeito.
De alguma forma e de variada intensidade, contamos todos com uma parcela de
vaidade, que pode estar se manifestando nas nossas motivaes de algo a
realizar, o que certamente vlido, at certo ponto. O perigo, no entanto, reside
nos excessos e no desconhecimento das fronteiras entre os impulsos de idealismo,
por amor a uma causa nobre, e os mpetos de destaque pessoal, caractersticos da
vaidade.
A vaidade, nas suas formas de apresentao, quer pela postura fsica, gestos
estudados, retrica no falar, atitudes intempestivas, reaes arrogantes, reflete,
quase sempre, uma deformao de colocao do indivduo, face aos valores
pessoais que a sociedade estabeleceu. Isto , a aparncia, os gestos, o
palavreado, quanto mais artificiais e exuberantes, mais chamam a ateno, e isso
agrada o intrprete, satisfaz a sua necessidade pessoal de ser observado,
comentado, badalado. No ntimo, o protagonista reflete, naquela aparncia toda,
grande insegurana e acentuada carncia de afeto que nele residem, oriundas de
muitos fatores desencadeados na infncia e na adolescncia. Fixaes de imagens
que, quando criana, identificou em algumas pessoas aparentemente felizes, bem
sucedidas, comentadas, admiradas, cujos gestos e maneiras de apresentao
foram tomados como modelo a seguir.
O vaidoso o , muitas vezes, sem perceber, e vive desempenhando um
personagem que escolheu. No seu ntimo sempre bem diferente daquele que
aparenta, e, de alguma forma, essa dualidade lhe causa conflitos, pois sofre com
tudo isso, sente necessidade de encontrar-se a si mesmo, embora s vezes sem
saber como.

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