Izabel Amaral

Orientador:
Prof. Dr. Jean-Pierre Chupin

u as e t u do q ue voc q ue ria
sab e r sobr e t e ctnica, mas
tinha v e rgonha de p e rg u ntar

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Re sumo
O termo tectnica no de uso exclusivo da arquitetura. Sem dvida, mais
conhecido do grande pblico em referncia teoria que estuda o movimento
das placas continentais no domnio da geologia. Em arquitetura, mesmo que
o termo circule cada vez mais nos livros, revistas, websites, blogs e escolas
de arquitetura, definir tectnica tanto mais difcil na medida em que,
dada sua presena descontnua ao longo da histria, esse termo dificilmente
pode ser associado a um nico significado. Freqentemente definida como
arte da construo, uma melhor compreenso da tectnica no pode
passar ao lado de uma melhor compreenso da trajetria histrica do termo.
Derivada do grego tekton (carpinteiro), a noo atravessou mais de 2000
anos de histria. Sua compreenso mudou em relao ao original grego,
principalmente devido s contribuies dos tericos alemes Carl Btticher
e Gottfried Semper no sculo 19, e, mais recentemente, devido notvel
contribuio de Kenneth Frampton (1983, 1990, 1995, 2005). Este ltimo
autor provocou uma renovao do debate sobre a tectnica, promovendo a
noo ao estatuto de potencial de expresso construtiva da arquitetura,
capaz de reunir aspectos materiais e construtivos aos aspectos culturais e
estticos. Para entendermos a evoluo do conceito de tectnica, este texto
se prope, em um primeiro momento, a traar sua histria, que comearia
com uma conscincia tcnica da fsica da construo ainda no sculo 18,
para, em seguida, discutir os dois ltimos tericos acima citados e, por fim,
levantar algumas das novas perspectivas sobre a atualidade dessa noo.

Palavras-chave
Tectnica, tcnica, material, expresso construtiva, Gottfried Semper,
Kenneth Frampton.

ps v.16 n.2 6 so paulo dez embro 20 09

C ASI TODO

LO QUE DESEABAS SABER

SOBRE LA TECTNICA, PERO LE DABA

PENA PREGUNTAR

Re sumen
El trmino tectnica no es de uso exclusivo de la arquitectura. De hecho, es
ms conocido del gran pblico en relacin a la teora del movimiento de las
placas continentales, en el dominio de la Geologa. En arquitectura, aunque
el trmino circule cada vez ms en los libros, revistas, websites, blogs, y
escuelas de arquitectura, no es facil definir tectnica, ya que, por su
presencia discontinua a lo largo de la historia, se hace muy dificil asociarlo a
un nico significado. Frecuentemente definida como el arte de la
construccin, una mejor comprensin de la tectnica no puede prescindir de
una mejor comprensin de la trayectoria histrica del trmino. Derivada del
griego tekton (carpintero), la nocin ha atravesado ms de dos mil aos de
historia. Su sentido ha cambiado con respecto a su raz griega, principalmente
gracias a los aportes de los tericos alemanes Carl Btticher y Gottfried
Semper, en el siglo 19, y ms recientemente debido a la notable contribucin
de Kenneth Frampton (1983, 1990, 1995, 2005). Este ltimo ha provocado
una renovacin del debate sobre la tectnica, promoviendo el concepto a
sinnimo de potencial de expresin constructiva de la arquitectura, capaz
de integrar los aspectos materiales y constructivos a los aspectos culturales y
estticos. Para entender la evolucin del concepto de tectnica, este texto se
propone, en primer lugar, a trazar su historia, que comenzara con una
conciencia tcnica de la fsica de la construccin, an en el siglo 18, para
luego discutir los dos ltimos tericos antes mencionados y, al fin, presentar
algunas de las nuevas perspectivas sobre la actualidad de esa nocin.

Palabras clave
Tectnica, tcnica, material, expresin constructiva, Gottfried Semper,
Kenneth Frampton.

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J UST ABOUT

EVERYTHING YOUVE ALWAYS

WANTED TO KNOW ABOUT TECTONICS BUT

WERE AFRAID TO ASK

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Abstract
The notion of tectonics is not of exclusive use for architecture. There
is no doubt that the greater public refers to this term as the theory
based on the movement of the continental plates in the field of
geology. In architecture, even if the term is increasingly evoked in
books, magazines, websites, blogs, and architecture schools, defining
tectonics has become even more difficult because its discontinuous
presence throughout history has given the term multiple meanings.
Frequently defined as the art of construction, a better
understanding of tectonics cannot ignore an understanding of the
historical trajectory of the term. A derivative of the greek tekton
(carpenter), the notion has more than two thousand years of history.
Its understanding changed in relation to its greek origin, mainly due to
the contributions of German theoreticians Carl Btticher and Gottfried
Semper in the 19 th century, and more recently to the notable
contribution of Kenneth Frampton (1983, 1990, 1995, 2005).
Frampton renewed the debate on tectonics, promoting the notion to
the statute of expressive potential of construction, capable of
congregate material, constructive, cultural, and aesthetic aspects. This
paper will begin with a discussion of the evolution of the concept of
tectonics, first by considering the emerging technical knowledge of
building physics in the 18th century, and then by discussing the two
last theoreticians (Semper and Frampton); it concludes by raising
current perspectives regarding this notion.

Key words
Technique, material, constructive expression, Gottfried Semper,
Kenneth Frampton.

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Introduo

Sculo 18: incio de uma conscincia

moderna da construo
A passagem da noo de tectnica desde a Antiguidade clssica ainda
precisa ser reconstituda pela historiografia da arquitetura. O sculo 18, um
perodo decisivo para a evoluo da teoria da arquitetura na Europa, e a
representar o momento em que a tcnica comea a ganhar autonomia em
relao arquitetura, no contou com um debate de referncias diretas
noo de tectnica. No entanto, nesse mesmo sculo que se estabelece uma
nova compreenso da fsica da construo, a partir do desenvolvimento das
cincias do clculo, e coincide com a separao das profisses de arquiteto e
engenheiro.

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O termo tectnica sugere algumas ambigidades, a comear pelo fato de

a noo no ser de uso exclusivo da arquitetura. De fato, a definio de
tectnica mais conhecida do grande pblico se refere teoria que estuda o
movimento das placas continentais no domnio da geologia. Em arquitetura,
mesmo que o termo circule cada vez mais nos livros, revistas, web sites, blogs e
escolas de arquitetura, definir tectnica tanto mais difcil na medida em que,
dada sua presena descontnua ao longo da histria, esse termo dificilmente
pode ser associado a um nico significado. Freqentemente definida como
arte da construo, uma melhor compreenso da tectnica no pode passar
ao lado de uma melhor compreenso da trajetria histrica do termo. Derivada
do grego tekton (carpinteiro), a noo atravessou mais de 2000 anos de
histria. Sua compreenso mudou em relao ao original grego, principalmente
devido s contribuies dos tericos alemes Carl Btticher e Gottfried Semper
no sculo 19, e, mais recentemente, devido notvel contribuio de Kenneth
Frampton (1983, 1990, 1995, 2005). Com o clebre livro Studies in tectonic
culture 1, este ltimo autor provocou uma renovao do debate sobre a
tectnica, popularizando a noo e promovendo-a ao estatuto de potencial de
expresso construtiva. Tambm considerada como uma potica da
construo, a tectnica seria capaz de reunir os aspectos materiais da
arquitetura aos aspectos culturais e estticos. Para entendermos a evoluo do
conceito de tectnica, este texto se prope, em um primeiro momento, a traar
sua histria, que estaria relacionada com os conhecimentos tcnicos da fsica
da construo desenvolvidos ainda no sculo 18. Em seguida, este texto prope
fazer um paralelo das contribuies de Semper e Frampton, para por fim,
levantar algumas das novas perspectivas sobre a atualidade da noo de
tectnica.

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Os projetos pioneiros do sculo 18, como a igreja Sainte Genevive, em Paris,

e as pontes de Jean-Rodolphe Perronet, anunciam uma nova esttica da construo
dependente do conhecimento tcnico e do clculo para sua realizao. Nessa nova
sensibilidade esttica a idia de solidez arquitetnica no est mais ligada forma
geomtrica, mas aos conhecimentos tcnicos da construo. Mais particularmente,
esses projetos demonstram uma tomada de conscincia das partes fisicamente
ativas e inativas da construo, e o esboo de uma abordagem estrutural do
edifcio2.
Esse contexto primordial a qualquer discusso sobre a conscincia
construtiva na arquitetura, e, conseqentemente, sobre a noo de tectnica, a
implicar, necessariamente, o conhecimento tcnico da construo como parte
essencial do entendimento da arquitetura. No sculo 19, tericos e historiadores
como Viollet-le-Duc e Auguste Choisy na Frana, Carl Btticher e Gottfried Semper
na Alemanha, tentaram estabelecer uma nova compreenso da arquitetura a partir
do ponto de vista de sua relao construo. Mesmo que esses tericos no
propusessem uma continuidade com a produo dos engenheiros, as reflexes as
quais desenvolvem sobre a relao da arquitetura com sua materialidade foram
influenciadas pelos conhecimentos tcnicos adquiridos no sculo anterior.

Gottfried semper: uma verdadeira teoria da

arquitetura
Estilo e noo de tectnica
Sabe-se que, depois dos gregos, o termo tectnica foi retomado no crculo
alemo do sculo 19 como forma de explicar a arquitetura em sua relao
construo. De acordo com Georg Germann, a noo de tectnica formou-se,
indubitavelmente, no pensamento do arquiteto e terico Karl Friedrich Schinkel
(1781-1841) e no seu ambiente berlinense por volta de 1830 3 .
Discpulo de Schinkel, Carl Btticher utiliza o termo em alguns textos a partir
de 1840, e em sua mais importante obra, Die Tektonik der Hellenen , publicada em
1844, e reeditada e republicada pelo prprio autor 30 anos depois. Nesse livro,
Btticher prope trs noes para interpretar a arquitetura grega: Werkform 4,
Kunstform e Tektonik. A primeira noo, Werkform, significaria a forma operacional
dos membros da arquitetura, ideal e econmica, mas sem expresso; a segunda,
Kunstform, a forma artstica dos membros da arquitetura, o ornamento autoreferencial ou analgico do sistema, a forma terminada. J a noo de Tektonik
faria a ponte entre as duas primeiras, significando a arquitetura na qual as formas
obedecem esttica e ao material, e so ao mesmo tempo uma demonstrao do
seu sistema 5. No entanto, a obra de Btticher se limita arquitetura grega e a
seus ornamentos e no contm a ambio de criar uma teoria geral da arquitetura,
tal qual a tentativa de seu contemporneo, Gottfried Semper, a quem a noo de
tectnica, mesmo atualmente, ainda est intimamente ligada.
Algumas notas introdutrias fazem-se, no entanto, necessrias, antes de tentarse compreender o que significa a noo de tectnica para Gottfried Semper, mais
particularmente em sua admirvel obra, Der Stil 6 (Figura 1), publicada em 1860,

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Figura 1: Folha de rosto do primeiro volume da edio de 1860 de Der Stil

Fonte: Domnio pblico

em que a noo utilizada com um sentido diferente daquele dado por Btticher.
Em primeiro lugar, Der Stil representa a contribuio de Semper ao debate no
meio intelectual alemo em torno da noo de estilo, iniciado por Heinrich
Hbsch com Em que estilo devemos construir? em 1828. Esse debate, o qual
durou cerca de 20 anos, questionava a arquitetura dos revivals, contra a qual
Semper toma partido, defendendo o que ele chama de arquitetura monumental.
Mas sem propor uma resposta objetiva questo de Hbsch, Semper desenvolve
uma obra muito mais complexa.
Como afirma Harry Francis Mallgrave7 , Der Stil se apresenta como um
manual de esttica prtica para o artista, contendo uma teoria emprica da arte,
mas que, no entanto, revela-se mais como um tratado terico do estilo o qual
tenta reconhecer os fatores materiais e tcnicos que o condicionam8 . E, de fato,
essa noo central que d ttulo obra ser o grande objetivo intelectual do autor
at sua morte, 19 anos aps a publicao de Der Stil 9 . Nessa obra a noo de
estilo est ligada arquitetura grega, interpretada a partir da hiptese vitruviana
segundo a qual o templo grego a verso em pedra de uma arquitetura primitiva
de madeira. Como argumento terico principal, ele utiliza o material como chave
para explicar a forma artstica dos objetos e da arquitetura. Dessa forma, o autor
prescreve sutilmente uma arquitetura coerente com a utilizao de seus materiais,
anunciando uma relao ideal entre material e forma, que seria uma relao
direta de causa e efeito.
No centro da teoria de Semper encontra-se a premissa de quatro motivos
tcnicos 10 como base do desenvolvimento da arquitetura, a explicarem seu

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aspecto artstico11 . Essas quatro tcnicas tradicionais so o txtil, a cermica, a

tectnica (carpintaria), e a estereotomia (corte das pedras), analisadas no mbito
de suas respectivas relaes arquitetura. De fato, essa teoria das quatro artes
primitivas tenta explicar a evoluo histrica dos ornamentos a partir de suas
origens material e tcnica, uma hiptese contestada mais tarde por Alos Riegl,
que defendia a idia de uma histria contnua e autnoma do ornamento,
independentemente das questes tcnicas12 .
Existe, na obra de Semper, uma preocupao em explicar a origem da
arquitetura, a qual, alis, insere-se no contexto da febre de expedies
arqueolgicas do sculo 19, e aparece em dois argumentos: um primeiro, relativo
ao tecido como objeto que deu origem arquitetura, pois seria o gesto de
proteo do corpo ligado construo das primeiras edificaes, enquanto o n
(Figura 2) seria o primeiro smbolo artstico. Essa argumentao toma a metade da
obra, no famoso primeiro volume exclusivamente dedicado ao txtil, enquanto os
contedos das outras trs artes so distribudos no segundo volume do livro. Um
segundo argumento se refere teoria que ele desenvolveu no ensaio de 1851,
intitulado Os quatro elementos da arquitetura13, o qual explica a arquitetura
primitiva pelo conjunto de quatro elementos, imagem da cabana caraba
(Figura 3), observada por ele na exposio universal de Londres no mesmo ano,
e que seria o prottipo original das formas arquiteturais clssicas. Esses quatro
elementos bsicos seriam o lar ou espao, o podium ou terra-pleno, o telhado e
o fechamento.
Em Der Stil, Semper explica que as tcnicas primitivas se originariam de
cada um destes elementos: a arte da cermica teria se originado do elemento lar,
devido presena do fogo e da lareira; a arte da alvenaria e da construo de
terraos seria decorrente do podium; a carpintaria (Figura 4) teria se desenvolvido
a partir do telhado; e a arte do txtil a partir do elemento fechamento, pois, para

Figura 2: Exemplos de
tecelagem mostrados no
primeiro volume de Der Stil
(1860), dedicado arte do
txtil. Para Semper, essa
arte se refere origem da
arquitetura, pois o primeiro
gesto de abrigar o corpo
seria, antes da construo,
a fabricao de
vestimentas. Segundo o
autor, ao longo da histria,
os motivos das tramas de
tecidos e tapetes teriam
adquirido um valor
simblico que teriam sido
incorporados arquitetura
Fonte: Domnio pblico

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Figura 3: Imagem da cabana caraba, na

edio de 1860 de Der Stil , a ilustrar o
argumento dos quatro elementos da
arquitetura (terra-pleno, lar, fechamento,
telhado), presentes em uma arquitetura
primitiva que estaria na origem de todas
as formas arquiteturais. Curiosamente,
essa mesma imagem no aparece no
texto de 1851, na qual Semper
apresentou esse argumento pela primeira
vez, afirmando ter visto uma rplica da
cabana na grande exposio de Londres
nesse mesmo ano
Fonte: Domnio pblico

Figura 4: Imagens ilustrando a arte da

tectnica (carpintaria), no segundo
volume da edio de 1860 de Der Stil .
Nesse captulo, o autor evoca as
propriedades da madeira, mostrando
algumas das diversas formas de
utilizao do material, a qual, por sua
flexibilidade, oferece mais
possibilidades de combinao do que
outros materiais como a pedra ou a
argila
Fonte: Domnio pblico

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Semper, os tapetes foram os primeiros elementos de definio do espao. Cada

uma dessas tcnicas teria como suporte ideal um material primitivo, classificado
pelo autor em quatro grandes categorias, de acordo com suas propriedades
fsicas. Assim, os tecidos correspondem ao txtil, como a argila corresponde
cermica, a madeira carpintaria e a pedra estereotomia. Esse contexto, a ligar
os quatro elementos s quatro artes tcnicas e s quatro categorias de materiais,
, para Semper, uma premissa do desenvolvimento formal da arquitetura. E, a
nosso ver, h um aspecto lgico dessa teoria que deveria ser ressaltado, pois se
trata de uma lgica combinatria, dentro da qual a noo de tectnica ocupa
um lugar especfico, mas no preponderante.

Uma teoria combinatria de 4 x 4 x 4: elementos, tcnicas e

materiais

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De acordo com o autor alemo, os materiais brutos, como a argila ou a

madeira, so os mais convenientes no domnio de formas de cada uma das
tcnicas primitivas, mas, ao longo do tempo, as formas foram se desenvolvendo
com outros materiais e a relao entre material e forma tornou-se mais complexa.
Semper cita o cesto como exemplo: sua forma a da cermica, mas sua tcnica
e seu material correspondem ao txtil. O tijolo outro exemplo interessante para
ilustrar as relaes cruzadas entre material e tcnica. O seu material o mesmo
da cermica, mas seu uso feito de acordo com as mesmas regras da
estereotomia (Figura 5).

Figura 5: Imagem da edio de 1860

de Der Stil , ilustrando a arte da
estereotomia, entendida como arte de
talhar e construir com pedras, que, a
partir de pequenos elementos
macios, d forma a estruturas como
muros, cpulas e abbadas
Fonte: Domnio pblico

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Figura 6: Esquema
grfico resumindo a
teoria da arquitetura
apresentada em Der
Stil , em que as quatro
artes tcnicas (ao
centro) so de valor
equivalente, cada uma
se associando a um
elemento da
arquitetura (ao alto) e
a um material primitivo
(embaixo). As linhas
tracejadas mostram as
possibilidades de
combinao entre
tcnicas e materiais.
Desenho: Autora

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Queira-se ou no, embora exista um esforo terico de generalizao, as

quatro categorias de materiais propostas por Semper no conseguem dar conta
da variedade de materiais disponveis para a realizao arquitetnica. Esse limite
se explica, em parte, pelo desinteresse do autor pela construo metlica, ainda
emergente em sua poca. Mesmo tendo visto o Crystal Palace de Joseph Paxton,
que ele no considerava como obra de carter arquitetnico, sua ateno era
mais voltada para a arquitetura clssica, o que explicaria tambm seu
desinteresse pelo vidro como um importante material de construo, classificado
por ele como parte da cermica. Nisso ele seguia o que era a cultura
arquitetural da poca a qual, contrariamente a Viollet-le-Duc, desconsiderou, em
sua maioria, o ferro como material capaz de dar corpo a obras de valor esttico.
Independentemente do fato de cada uma das artes tcnicas ser tratada
dentro de suas nuances e do destaque dado arte do txtil como originria da
arquitetura, do ponto de vista lgico, essas quatro artes tcnicas so equivalentes
entre si. Inclusive, em termos textuais, todas as artes recebem o mesmo
tratamento analtico: cada descrio se estrutura em duas partes: uma primeira
dedicada aos aspectos gerais-formais e uma segunda dedicada aos aspectos
tcnico-histricos. Assim, se tomarmos a diviso das quatro artes tcnicas como o
ncleo central da teoria de Semper, podemos raciocinar em termos de trs
nveis, e acrescentar a esse ncleo mais dois outros quartetos, os quatro
elementos, que representam o nvel simblico da arquitetura, e as quatro
categorias de materiais. Em termos figurativos, pode-se pensar em um esquema
grfico (Figura 6) a mostrar as inter-relaes propostas por Semper: temos,
assim, a correspondncia de cada elemento da arquitetura a cada uma das artes
tcnicas, e, em seguida, a correspondncia de cada arte s categorias de
materiais. E ainda, dentro desse mesmo esquema, pode-se acrescentar as trocas
e inter-relaes entre as artes tcnicas (chamadas por Semper de transferncias
estilsticas), que acontecem, por exemplo, entre a argila e a estereotomia, no
caso da alvenaria de tijolos, e, dentro do esquema proposto, estariam
representadas pelas linhas diagonais, ligando o plano inferior ao plano mdio. E

nesse esquema tridimensional, ao menos do ponto de vista lgico, a arte da

tectnica no possui uma posio especial, e sim equiparvel s outras artes
tcnicas. O mesmo vlido para o tecido muitos autores destacam a teoria de
Semper. Dessa maneira, fica evidente o porqu de Semper argumentar sobre as
mltiplas possibilidades de combinao entre tcnicas e materiais. Como
podemos notar, esse esquema no vem explicar a noo de estilo, ttulo do livro,
e sim a arquitetura propriamente dita. Pois, para Semper, a noo de estilo
uma noo terica e, por conseqncia, reflexiva, diferentemente da tradio
historiogrfica que cunha o estilo a partir de elementos visuais e particularmente
decorativos. No caso da teoria de Semper, o que exite um esforo de teorizao
da arquitetura, a fim de tentar compreender os mecanismos internos a regerem
as relaes entre a forma material e a forma simblica.

Da arte da carpintaria expressividade da construo

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Em Der Stil, Semper considera a tectnica como um sinnimo de

carpintaria, uma associao que pode at parecer demasiado redutiva. Na
verdade, Semper tambm utilizou o termo tectnica com outro sentido, em curto
manuscrito no-publicado, intitulado Teoria da beleza formal (Theorie des
formell-schnen) 14 , no qual tectnica significava arte csmica de fabricao15 ,
mas considero pouco relevante em relao s mais de 130 pginas de Der Stil
a a tectnica se refere carpintaria, e temos muito a aprender. E, de fato, a
carpintaria vista como um paradigma da arquitetura e remete hiptese
segundo a qual o templo grego era a verso em pedra de uma arquitetura
primitiva de madeira, e marcou toda a histria da arquitetura, de Vitruvius
Renascena. No obstante, os aspectos levantados por Semper em torno da arte
da carpintaria contribuem para uma verdadeira teoria da expressividade da
construo.
Parece-nos importante reter da tectnica de Semper sua argumentao
sobre como a madeira, sendo um material de construo, possui uma
expressividade formal prpria, a qual, por suas propriedades fsicas e
possibilidades de construo, repercute de forma direta na expresso artstica da
obra arquitetnica. Para o autor alemo, a arte da carpintaria se desenvolve em
torno de quatro noes constitutivas, a representarem as principais
possibilidades de construo, tendo a madeira como material: (1) o quadro, com
seu preenchimento; (2) a trama ou trelia; (3) os apoios; e (4) a estrutura. De
todas essas, a noo de quadro a mais importante porque est na base das
estruturas arquiteturais simples. O quadro tem uma relao com as tramas
txteis, slido, possuindo em comum o elemento de moldura (o quadro
propriamente dito) e um preenchimento, correspondente a um fechamento sem
funo estrutural. A analogia com o tecido ocorre, principalmente, em razo da
relao quadro-preenchimento, recebendo influncias dos motivos txteis que
exploram a relao do tecido com a borda. Assim, a expressividade da arte da
tectnica se originaria, por um lado, a partir das caractersticas fsicas do
material (elasticidade, flexibilidade, leveza, possibilidade de ser recortado em
diferentes formatos), e, por outro lado, de referncias estticas externas que a
prpria tcnica pde incorporar.
De acordo com nossa compreenso, essa reflexo, englobando as
caractersticas fsicas dos materiais e as referncias externas, constitui uma

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verdadeira teoria da relao da arquitetura sua materialidade, e estaria no

centro de uma preocupao atual em torno do conceito de tectnica. Dentro do
esquema figurativo proposto, as possveis trocas entre as tcnicas, como no caso
que acabamos de citar, entre o txtil e a tectnica, estariam representadas pelas
linhas desenhadas no plano equatorial.

O sculo 20: do ostracismo onipresena

Tectnica perde para espao

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O termo tectnica continuou a ser utilizado pelos arquitetos do sculo 20,

mas de maneira menos presente, e, aparentemente, em descontinuidade com a
tradio do sculo anterior, tal como o termo apareceu no livro Construtivismo, a
obra manifesto escrita por Alexei Gan, um dos principais artistas integrantes do
famoso movimento russo. Gan desenvolve uma teoria da arte e uma redefinio
da arquitetura baseada em trs disciplinas: tektonika, faktura e konstruktsiia.
Segundo o autor, a noo de tektonika deveria ser interpretada no mbito da
reorganizao proposta pelo grupo construtivista, na qual cada ao deveria ser
informada por uma reestruturao violenta das camadas inferiores. Com o termo,
o autor propunha uma analogia com a cincia da geologia, uma idia que
parecia pouco clara mesmo, para os outros integrantes do grupo16 .
Aparentemente, a tectnica proposta por Alexei Gan no se referia
materialidade da arquitetura e no levava em conta o sentido que o termo tomou
no contexto alemo, seja por uma possvel recusa em reaproveitar as
contribuies alems, seja por uma recusa poltica. De todo modo, o sentido
dado por Gan ao termo tectnica no parece ter tido grande repercusso devido,
possivelmente, s tradues do livro, que at hoje no incluem a ntegra do
texto.
Vale a pena ressaltar que, no caso dos construtivistas, a concepo
arquitetnica era muito audaciosa, de acordo com o carter vanguardista das
artes plsticas da poca, principalmente nos meios europeus, dos quais os
russos eram grandes conhecedores. Nesse caso, o descompasso entre entre
prtica projetual e concepo marcado por uma audcia em relao aos meios
construtivos disponveis, ainda que do ponto de vista terico no se procurasse
um aprofundamento das relaes entre a materialidade da construo e a
arquitetura.
Lembremos que a teoria da arquitetura do sculo 20 considerou a
discusso em torno da construo, e, por conseqncia, sobre a materialidade
da arquitetura, como um debate secundrio, a exemplo dos discursos clssicos da
arquitetura moderna, como os de Bruno Zevi, Siegfired Giedion, e o prprio Le
Corbusier, que deram preferncia noo de espao arquitetnico, e, em
segundo lugar, a de funo, ofuscando, assim, a de tectnica. Temos tambm de
considerar que, no senso comum da poca, era desnecessrio dizer que os
meios construtivos deveriam ter uma relao direta com a forma, as tcnicas e a
fsica da construo. Como evidncia disso, lembremos de Le Corbusier, que
recomenda a esttica do engenheiro porque ela obedece s leis naturais da
economia, da eficcia, e deveria oferecer balizas concepo arquitetnica17 .

Crise do modernismo e a volta da tectnica

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Como lembra Kate Nesbitt18 , a tectnica aparece na crtica da arquitetura

do fim do perodo modernista, e vem constituir um dos principais temas do
debate contemporneo, ao lado da semitica, da fenomenologia, do
deconstrutivismo, do regionalismo crtico, designadamente. Aquela autora afirma
que o termo tectnica tambm utilizado na crtica da arquitetura historicista
ps-moderna, particularmente na contribuio de Kenneth Frampton, a qual
vamos ver em seguida.
A crise do movimento moderno deu espao a uma importante retomada
das discusses sobre os aspectos simblicos da arquitetura, como as de Aldo
Rossi e Robert Venturi. Enquanto isso, duas contribuies que ficaram margem
dos discursos mais conhecidos procuraram sustentar uma crtica do modernismo
a partir de uma reflexo sobre os aspectos construtivos da arquitetura. dessa
forma que pode ser compreendido o debate especfico levantado por Peter
Collins em 1960, em seguida por Eduard Sekler em 1965, e por Stanford
Andersen em 1968, que retomam o termo tectnica.
Peter Collins19 aborda a questo da tectnica exatamente a partir dos
limites que separam as profisses de arquiteto e engenheiro, a noo de
tectnica participando do contexto das colaboraes e trocas disciplinares, como
uma soluo aos impasses normalmente existentes no contexto interdisciplinar.
Apesar de seu texto ter sido um ensaio curto e de pouca repercusso, Peter
Collins props a noo de tectnica como uma nova disciplina, at mesmo uma
cincia, a ser ensinada nas escolas de arquitetura.
O texto de Eduard Sekler20 participa de um debate em torno da noo de
estrutura nas artes e na arquitetura, o que se insere, indubitavelmente, na
continuidade das preocupaes levantadas no sculo das luzes. Para o autor, a
tectnica denota uma relao inseparvel entre a expresso artstica e a lgica
construtiva e deveria ser recolocada no centro do debate arquitetnico. A
discusso de Sekler comea pela distino dos termos estrutura e construo.
Ele define, em seguida, o termo tectnica como o nico adequado a descrever
uma expresso das relaes entre forma e fora esttica da construo:
Estrutura como conceito mais geral e mais abstrato designa um
sistema ou um princpio da prescrio com o objetivo de dominar as
foras que agem no edifcio, como o esqueleto, os arcos, a abbada,
etc. Construo designa em contrapartida a realizao efetiva atravs
de diversos materiais e mtodos de montagem. () Em resumo
podemos dizer: A estrutura como princpio e ordem imanente
realiza-se pela construo, mas apenas o arquitetnica que torna
a visveis a estrutura e construo e confere-lhes uma expresso
artstica. (Op. cit.)
Mais que uma expresso artstica, Sekler utiliza o termo expresso
tectnica para definir o domnio da criao do esprito puro cujo objetivo
provocar emoes plsticas de acordo com a expresso do inventor. Ele denota,
assim, uma relao inseparvel entre a expresso artstica e a lgica construtiva.
A esse respeito, afirma:
() a expresso tectnica e o sua relao com a estrutura e a
construo merecem, na minha opinio, tanta ateno quanto alguns

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outros conceitos como o espao e a funo aos quais tm-se

interessado-se at agora de maneira preponderante.
J a tese de doutorado de Stanford Anderson21 analisa a obra do arquiteto
alemo Peter Behrens, retomando o termo tectnica como parte de sua formao
acadmica, a qual incluiu o contato com as obras de Carl Btticher e Gottfried
Semper. A partir das noes desses dois autores, Anderson tenta demonstrar
como o arquiteto repensou a relao entre os processos industriais e as novas
tcnicas de construo dentro de seus projetos, tomando partido desses aspectos
para colaborar com o desenvolvimento da esttica moderna.

Kenneth Frampton e a difuso da tectnica

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Aps os anos 60, o termo tectnica retomado por Kenneth Frampton em

trs ocasies: a primeira em 1983 com o texto Towards a critical regionalism: Six
points for an architecture of resistance 22 , a segunda em 1990 com seu texto
Rappel lordre: The case for the tectonic 23 . Nesses dois primeiros textos, o
autor insiste na dimenso material, construtiva e ttil da arquitetura,
representada pelo conceito de tectnica, como uma forma de oposio
abordagem cenogrfica do ps-modernismo. A terceira vez que Frampton faz uso
do termo tectnica em sua mais importante obra, Studies in tectonic culture de
1995, na qual o autor comea por uma reviso da etimologia do termo, para, em
seguida, analisar as tradies construtivas francesa e alem, e depois aplicar o
conceito de tectnica ao estudo das obras de seis mestres da arquitetura
moderna: Frank Lloyd Wright, Auguste Perret, Mies van der Rohe, Louis Kahn,
Jorn Utzon e Carlo Scarpa. Esse livro de repercusso internacional at hoje
considerado a mais importante obra sobre a noo de tectnica, o grande
responsvel pela popularizao do conceito hoje em dia.
Como nos fala Rjean Legault24 , existe uma evoluo da noo de
tectnica ao longo desses primeiros 12 anos da reflexo qual se dedicou
Frampton; inclusive, depois da publicao de Studies , o autor respondeu s
crticas ao livro que apontavam, principalmente, para a pouca coerncia quanto
ao uso da noo, aparecendo em seu discurso cinco diferentes significados:
Num primeiro sentido, a palavra tectnica descreve geralmente a
idia da construo considerada de modo artstico. Num segundo
sentido, o termo se refere principalmente ossatura leve tencionada
[light tensile skeleton frame], um sentido derivado da prpria
etimologia do termo tectnica. Num terceiro sentido, mais genrico, o
termo utilizada para designar toda forma construda, incluindo
assim a categoria do estereotmico que remete idia de peso, da
compresso de uma alvenaria portante. Num quarto caso, tectnica
utilizada para descrever o modo de trabalhar e de montar um
material, como nas expresses tectnica do metal ou tectnica da
madeira. Enfim, num ltimo caso, Frampton faz uso do termo
atectnico, uma noo tomada de emprstimo a Edward Sekler, e
que faz referncia a um modo de expresso no qual a lgica
estrutural de uma obra escondida ou suprimida. Face confuso
engendrada pelo uso do termo, uma clarificao semntica da parte
de Frampton ser bem-vinda.

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162

Por um lado, esses mltiplos sentidos que o termo tomou na obra de

Frampton complicam a interpretao de seu discurso, e, por outro lado,
tornaram a noo de tectnica mais complexa. Para esse autor, o termo opera
tanto como uma categoria abstrata, comparvel a um instrumento de anlise,
quanto um qualificativo, e, por conseguinte, um instrumento de descrio. Isso
pode ser facilmente identificado pela prpria funo sinttica que o termo toma
no texto, sendo ora um substantivo, ora um adjetivo. E ainda por cima, em seu
discurso, o significado de tectnica mistura-se, freqentemente, com uma
reflexo sobre a prpria noo de arquitetura.
Frampton situa o debate da arquitetura em torno da dimenso da
topografia e da noo de lugar, em que inclui o papel do corpo na percepo do
ambiente e a arquitetura. Para Frampton a tectnica se refere, no unicamente
estrutura, mas pele da construo (o envelope), e, assim, ao seu aspecto
representacional, demonstrando que a construo uma complexa montagem
de elementos diversos. A arquitetura, para Frampton, encontra-se suspensa entre
uma condio de realizao humana e o desenvolvimento da tecnologia,
exprimindo certos estados e condies, como a durabilidade, a
instrumentalidade ou a condio mundana do homem. A tectnica, de acordo
com uma (e talvez, principal) definio de Frampton, um modo pelo qual se
podem exprimir esses diferentes estados e um meio para acomodar as
diferentes condies pelas quais as coisas aparecem e realizam-se. Dessa forma,
o autor ressalta a importncia do aspecto material da arquitetura como um
fenmeno que participa da complexa experincia do homem na Terra, uma
postura a qual gerou repercusses, mais particularmente entre aqueles ligados
arquitetura de concepo digital e que relativizam a importncia da experincia
material diante das experincias de realidade virtual e das novas potencialidades
construtivas intermediadas pelas tecnologias de computao25 . Crticas parte, o
fato que o legado de Kenneth Frampton continua sendo uma contribuio
inegvel sobre a imbricada relao da arquitetura com a materialidade da
construo e foi o responsvel pela renovao de um dos debates mais
importantes da disciplina arquitetnica26.

De semper a frampton, de estilo tectnica,

de crtica e doutrina teoria
Uma vez colocadas as principais linhas do histrico do debate sobre a
noo de tectnica, ou seja, sobre a materialidade da arquitetura, podemos
agora destacar os pontos comuns entre as contribuies de Gottfried Semper e
Kenneth Frampton. Em primeiro lugar, independentemente da evoluo do uso
do termo tectnica, essas contribuies apareceram em momentos de crise
disciplinar da arquitetura e de polmica no meio cultural, respectivamente o
sculo 19 e final do sculo 20. E, por isso, nas obras de Semper e Frampton, a
noo de tectnica situa-se em um debate crtico, respectivamente, do ecletismo
e do ps-modernismo. No centro da argumentao desses dois tericos
encontra-se a preocupao com as relaes legtimas da forma arquitetural
sua matria fsica
fsica. Relaes essas que ambos confirmam pertencer tanto a uma

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De ambigidades a novas perspectivas

No h dvidas que a variedade de sentidos associados ao termo tectnica
durante os dois ltimos sculos levou a uma grande ambigidade de aplicao,
existindo, de um lado, sua compreenso como sistema construtivo, como
arquitetura de sistemas construtivos leves (principalmente em referncia
madeira), como uma arquitetura na qual a lgica do sistema construtivo
deixada aparente, e, em aplicao mais geral, associada arquitetura como arte
da fabricao, na qual a construo veculo de sua expresso artstica. O
importante que, apesar da polissemia e das contradies, Frampton, com a
questo da tectnica, forneceu munio para novas perspectivas analticas,
ultrapassando a discusso centrada quase exclusivamente na noo de espao,
tpica do modernismo, bem como as discusses sobre a imagem e o
significado, tpicas do ps-modernismo.
Atualmente, na medida em que um discurso de resistncia ao psmodernismo j no se faz mais necessrio, o alcance analtico da tectnica tem
se deslocado para novos focos. No mbito brasileiro, vemos, por um lado, uma
ressonncia do trabalho de Frampton, como o caso dos excelentes textos de
Roberto Conduru 27 e Bruno Santa Ceclia28 , a interpretarem a arquitetura
moderna brasileira luz do conceito de tectnica como sinnimo da expresso
artstica da construo, particularmente relacionado questo dos meios de
fabricao e exposio da lgica estrutural do edifcio. Seguindo o exemplo de
Frampton, esses autores mostram como os arquitetos brasileiros desenvolveram

artigo s p. 148-167

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163

esfera material e tcnica quanto a uma esfera simblica. Em suas dmarches

tericas eles concedem valor a produes nas quais a relao da arquitetura
sua matria era considerada de maneira artstica: a arquitetura grega para
Semper e a dos mestres modernos para Frampton. Esses autores elegem como
termos centrais de suas reflexes, respectivamente, a noo de estilo e a prpria
noo de tectnica.
Para ambos os tericos, o processo de explicar e compreender a
arquitetura se confunde com a enunciao de uma doutrina, sutilmente
embutida nas entrelinhas do texto, referente s caractersticas que a arquitetura
deveria ter, e, por fim, terminam por formar autnticas teorias da arquitetura.
Assim, ambos os autores se referem questo da qualidade arquitetnica, e do
que o bom fazer arquitetnico, no qual a esttica deve ser vista como um
compromisso tico com a matria construtiva. Para aprofundar suas explicaes,
esses autores se apiam em noes fundadoras da disciplina, particularmente a
distino entre arquitetura e construo. No caso de Semper, a cabana primitiva
e as quatro artes tcnicas so apresentadas como elementos formadores da
arquitetura. No caso de Frampton, o debate em torno de questes mais
contemporneas, como a topografia, a metfora corporal, a etnografia e a
tipologia. Em resumo, pode-se dizer que na evoluo do pensamento do sculo
19 ao final do sculo 20, a reflexo sobre a materialidade da arquitetura passa
primeiro pela discusso sobre a noo de estilo, e, depois, renasce do debate
moderno que privilegiou a discusso sobre a noo de espao, tendo como
palavra-chave a noo de tectnica.

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outras sensibilidades alm de nossas to exaltadas qualidades plsticas e

espaciais. Por outro lado, vemos com freqncia, nas principais revistas de
arquitetura do pas, o termo tectnica como simples sinnimo de sistema
construtivo ou exclusivamente associado s construes de madeira ou s
propriedades construtivas de um material mostrando como, entre os diversos
autores brasileiros, os mltiplos significados da palavra tectnica tambm
persistem.
No mbito internacional, o termo tectnica tambm perdeu seu sentido de
discurso crtico e passou a ter uma abrangncia bastante diversa. Podemos
mencionar o uso do termo em relao a uma reflexo sobre os meios digitais de
concepo arquitetnica, a exemplo de Greg Lynn29 , William Mitchell30 , Neil
Leach et al31 ; ou em uma continuidade terica da reflexo de Frampton, como
nos trabalhos de Anne Beim 32 e Anne-Marie Schmidt33 , ou ainda como forma
de promover trabalhos profissionais, como no caso do grupo Reiser +
Umemoto 34 ou do escritrio francs Tectoniques35 . O termo tem sido usado
tambm para promover um discurso ambiental como o concurso Environmental
tectonics36 , ou no contexto de ensaios monogrficos que investigam a
materialidade construtiva de diferentes produes arquitetnicas, como os livros
de Annette LeCuyer37 e Xavier Costa38 .
Mas o fato mais importante que tectnica pode guardar, acima de tudo,
uma abordagem preferencialmente terica e pedaggica, como demonstram
duas importantes contribuies recentes. O livro coletivo Le projet tectonique 39
a primeira obra escrita em lngua francesa dedicada ao tema da tectnica e
conta com uma traduo para o portugus, ainda em curso40 . Na introduo41 ,
o prprio Kenneth Frampton mostra sua viso mais atual sobre o tema, enquanto
os outros autores apontam desde os aspectos histricos e filosficos da questo,
como fenomenologia e semitica, at a nova relao da arquitetura com sua
materialidade na era da concepo assistida por computador. J o congresso
realizado em Eindhoven, na Holanda, intitulado Tectonics 2007: Making
Meaning42 trouxe uma abordagem multidisciplinar, envolvendo tanto arquitetos
quanto engenheiros e empreendedores para discutir a questo43 . Na ocasio, foi
realizado um concurso estudantil, no qual os futuros arquitetos eram convidados
a elaborar projetos para expressar uma tectnica da tranqilidade, do
relaxamento, da biomecnica, da prepotncia, entre outros temas que ningum
jamais pensaria associar tectnica. Essas duas grandes contribuies
reconhecem o peso histrico dos legados de Btticher, Semper e Frampton, e, o
mais importante no deixam de abrir o campo para novas possibilidades de
aplicao do termo. Nesse sentido, elas convocam discusses mais aprofundadas
quanto ao estudo dos mecanismos internos concepo do projeto, a regerem
as relaes entre a forma material e a forma simblica. Remetem, ainda, s
questes de desmaterializao, concepo digital, do design de novos materiais
e das novas tecnologias de construo. No entanto, ainda nos resta saber at
que ponto a tectnica poder se manter como carro-chefe da anlise e crtica.
Enfim, que apaream os novos tericos da arquitetura para responder a essa
questo.

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Notas
(1) FRAMPTON, Kenneth. Studies in tectonic culture : The
poetics of construction in nineteenth and twentieth century
architecture. John Cava (E.). Cambridge: MIT Press, 1995, 430
p. il.
(2) PICON, Antoine. Architectes et ingnieurs au sicle des
Lumires. Marselha: Parenthses, 1988, 317p. il.
(3) Traduo da autora a partir de: GERMANN, Georg. La
doctrine de la tectonique de Btticher, Faces , Genebra,
n. 47, p. 11, 2000.
(4) A noo de Kernform , presente na edio de 1844,
substituda pela de Werkform na edio de 1874. Conf. JONES,
Susan. The evolving tectonics of Karl Btticher: from concept
to formalism. In: TECTONICS 2007: MAKING MEANING, 2007,
Eindhoven. Anais Eindhoven: TU/e Technische Universiteit,
dez. 2007.

(6) SEMPER, Gottfried (1860, 1863). Style in the technical and

tectonic arts , or, practical aesthetics . Introduo de Harry
Francis Mallgrave; traduo de Harry Francis Mallgrave e
Michael Robinson. Ttulo original: Der Stil in den technischen
und tektonischen Knsten; oder, Praktische Aesthetik: Ein
Handbuch fr Techniker, Knstler und Kunstfreunde. Los
Angeles: Getty Research Institute, v. 2, 2004, 980p.
(7) MALLGRAVE, Harry Francis. Introduction . In: SEMPER,
Gottfried, op. cit.
(8) Semper believed that the relatively new field of aesthetics
should be more practical and provide theoretical guidelines for
the artist, and he regarded any abstract theorizing in a
Hegelian or speculative sense as essentially irrelevant for art.
This was the practical underpinning of Sempers conception of
an empirical theory for art, but again his explanation is
somewhat weak and presented in a negative way. Despite its
subtitle, Style is not so much handbook for the creation of art
but for addressing its becoming, for teaching the factors that
condition form. It is not a history of art or a history of style;
rather; it seeks to reveal the inner necessity of style
historically in its constituent principles. The book is not an
abstract theory of beauty but a concrete theory of style, that
is, an examination of the material, technical, and ideal
preconceptions of style. (MALLGRAVE, Harry Francis. In:
SEMPER, 2004, p. 18)
(9) MALLGRAVE, Harry Francis. The idea of style: Gottfried
Semper in London, a dissertation in architecture. 1983. Tese
(Doutorado) University of Pennsylvania, Pensilvnia, 1983,
375p.
(10) Perhaps the guiding premise of Sempers theory was that
the four technical motives of weaving, ceramics, carpentry,
and masonry (originally moulding) had preceded the formal
development of architecture (which was for him synonymous of
monumental architecture), and thus the laws of architectural
style could be more easily discerned and applied by
considering these simpler arts. On the basis of this premise,

(11) Whenever an attentive observer comes across

monumental traces of extinct social organisations, he will
encounter certain basic forms or types of art that in some
cases can be clearly and distinctly seen but in others only dimly
so in a secondary or tertiary transformation. But they are
always the same, which makes them older than all social
organisms of which monumental traces have survived or of
which we have other evidence relating to their art. These
types were borrowed from the various technical arts, where
they were seen as the primeval protectors of hearths holy
flame (the oldest symbol of society in general), whether in their
most primitive application or in advanced stages of
development. They acquired symbolic values at a very early
state (partially hieratic-tendentious, partially aesthetic-formal)
but at the same time were never completely detached from
their earliest technical and spatial application. In this sense
they continued to serve as important agents for the later
transformations of architectural form. It is not possible to
understand architecture without considering this most ancient
influence of the technical arts on the emergency of its
traditional forms and types. (SEMPER, 2004, p. 106)
(12) RIEGL, Alois. Problems of style: Foundations for a history
of ornament . Princeton, NJ: Princeton University Press, 1993,
406p. il.
(13) SEMPER, Gottfried (1. ed. 1851). The four elements
of architecture: a contribution to the comparative study of
architecture. In: SEMPER, Gottfried. The four elements
of architecture and other writings . Traduo de Harry Francis
Mallgrave e Wolfgang Herrmann; introduo de Harry Francis
Mallgrave. Cambridge; Nova York: Cambridge University Press,
1989.
(14) SEMPER, Gottfried (1 e 2 ed. 1856-1959). Attributes of
Formal Beauty. In: HERRMANN, Wolfgang. Gottfried Semper:
In search of architecture . Cambridge; Mass: MIT Press, 1984,
320p. il.
(15) Nesse texto em particular, Semper prope uma
classificao geral das artes, que ele considera artes
tectnicas, a arquitetura sendo assim classificada com a
msica e a dana, e no com as artes plsticas. Tectnica se
refere, dessa forma, a uma cosmogonia das artes a
celebrarem o homem em relao ao universo, por meio da
manipulao de seus elementos, no sentido mais geral do
termo decorao. Tectnica considerada, nesse caso, uma
arte csmica de fabricao a qual permeia tambm todas as
artes que se expressam por meio do material, como a pintura e
a escultura.

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(5) GERMANN, op. cit.

the architect felt, a theory of style could also offer very

positive guidelines for the modern designer. But it is also
important to see how this connection became manifest in
practice. On the one hand, motives could be technical in origin
but symbolic in application, that is, easily transferable from
one art to another. () On the other hand, forms could be
directly transposed without symbolism or with a different kind
of symbolism. This was a very important point for Semper that is
found when ceramic and architectural forms are compared.
(MALLGRAVE, Harry Francis. In: SEMPER, 2004, p. 44)

(16) COOKE, Catherine. Russian avant-garde: Theories of art,

architecture and the city . Londres: Academy Editions, 1995,
208p. il.
(17) LE CORBUSIER. Vers une architecture . Apresentao de
Jean-Louis Cohen. Paris: Flammarion, 2005, 243p. il.
(18) NESBITT, Kate. Theorizing a new agenda for architecture :
An anthology of architectural theory 1965-1995 . Nova York:
Princeton Architectural Press, 1996.
(19) COLLINS, Peter. Tectonics . Canadian Architecture,
primavera, 1960.
(20) SEKLER, Edward. Structure, construction, tectonics. In:
KEPES, Gyorgy (Org.). Structure in art and in science . Nova
York: George Braziller, 1965, p. 89-95.

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(21) ANDERSON, Stanford. Peter Behrens and the new

architecture of Germany , 1900-1917 . 1968. Tese (Doutorado)
Columbia University, Colmbia, 1968, 616p. Ver tambm:
ANDERSON, Stanford. Peter Behrens and a new architecture
for the twentieth century . Cambridge; Mass.: MIT Press, 2000,
429p. il.
(22) FRAMPTON, Kenneth. Towards a critical regionalism: Six
points for an architecture of resistance. In: FOSTER, Hal (Dir.).
The anti-aesthetic: Essays on postmodern culture . Port
Townsend (Washington): Bay Press, 1983, p. 16-30.
(23) FRAMPTON, Kenneth. Rappel lOrdre : The Case for the
Tectonic. Architectural Design , Londres, v. 60, n. 3-4, p. 1925, 1990.
(24) LEGAULT, Rjean. La trajectoire tectonique. In: CHUPIN,
Jean-Pierre ; SIMONNET, Cyrille (Orgs.). Le projet tectonique.
Introduo de Kenneth Frampton. Gollion: Infolio, 2005,
p. 25-42.
(25) Refiro-me, mais precisamente, ao livro de Greg Lynn,
Animate form (1999) e ao de Neil Neich, Digital tectonics
(2004), que podem ser, em parte, considerados como reaes
ao trabalho de Frampton. E ainda sobre a relao da
materialidade da arquitetura com a concepo digital, cito
tambm os artigos de Antoine Picon e Jean-Pierre Chupin no
livro Le projet tectonique (2005).
(26) As primeiras reaes ao trabalho de Frampton aparecem
nos nmeros dedicados tectnica da revista Any
Architecture, Nova York (n. 14, 1996) e da revista sua Faces
(n. 47, 1999-2000). Para uma viso completa da recepo do
trabalho de Frampton, ver LEGAULT (2005).
(27) CONDURU, Roberto. Tropical Tectonics. In: ANDREOLI,
Elisabetta; FORTY, Adrien. Brazils modern architecture.
Londres: Phaidon, 2004, 239p. il.

(28) SANTA CECLIA, Bruno Luiz Coutinho. Tectnica moderna e

construo nacional. Minimo denominador comum Mdc Revista
da Arquitetura , Belo Horizonte, v. 1, p. 6-9, 2005. Disponivel
> . Acesso
em: <htpp://www.mdc.arq.br/mdc/txt/mdc01-txt02>
em: 10 nov. 2008.
(29) LYNN, Greg. Blobs: Why tectonics is square and topology is
groovy?. In: LYNN, Greg. Folds, bodies & blobs: Collected
essays . Bruxelas: La Lettre vole, 1998, 236p. il.
(30) MITCHELL, William J. Antitectonics: The poetics of
virtuality. In: BECKMANN, John (E.). The virtual dimension:
Architecture, representation, and crash culture . Nova York:
Princeton Architectural Press, 1998.
(31) LEACH, Neil; TURNBULL, David, WILLIAMS, Chris (E.).
Digital tectonics . Chichester: West Sussex, U.K.; Hoboken, NJ:
Wiley-Academy, 2004, 152p.
(32) BEIM, Anne. Tectonic visions in architecture .
Copenhague: Kunstakademiets Arkitekskoles Forlag, 2004,
188p. il.
(33) SCHMIDT, Anne Marie Due. The tectonic practice in the
transition from pre-digital to digital era . 2007. Tese
(Doutorado) Department of Architecture and Design, Utzon
Centre, Aalborg University, Aalborg, 2007.
(34) REISER, Jesse; UMEMOTO, Nanako. Atlas of novel
tectonics . Nova York: Princeton Architectural Press, 2006.
(35) VADROT, Olivier (E.). Tectoniques architectes: Unplugged .
Dijon: Presses du Reel, 2007, 252p. il.
(36) HARDY, Steve. Environmental tectonics: Forming climatic
change . Londres: AA Publication, c2008, 160p. il.
(37) LECUYER, Annette. Radical tectonics. Londres: Thames &
Hudson, 2001, 128p. il.
(38) COSTA, Xavier et al. Habitats, tectonics, landscapes:
Contemporary spanish architecture . Fotografias de Jordi
Bernad. Madri: Ministerio de Fomento; Instituto Espaol de
Comercio Exterior: Barcelona, Distribuio ACTAR, 2001,
222p. il.
(39) Esse livro fruto do evento Grands Ateliers de lle
dAbeau, realizado em Lyon em 2001. Temos de ressaltar, aqui,
as contribuies de Rjean Legautl e Cyrille Simonnet sobre a
histria do conceito de tectnica; Pierre Boudon sobre a
dimenso filosfica da tectnica e a filosofia da natureza; Chris
Youns sobre as relaes entre tectnica e fenomenologia; e
os textos de Jean-Pierre Chupin e Antoine Picon, que tratam da
relao entre arquitetura, virtualidade e materialidade. In:
CHUPIN, Jean-Pierre; SIMONNET, Cyrille (Orgs.). Le projet
tectonique. Introduo de Kenneth Frampton. Gollion: Infolio,
2005, 222p.

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(40) Organizada pela professora Sonia Marques, ainda sem

editora.
(41) FRAMPTON, Kenneth. La tectonique revisite. In: CHUPIN,
Jean-Pierre; SIMONNET, Cyrille (Orgs.). Le projet tectonique.
Introduo de Kenneth Frampton. Gollion: Infolio, 2005,
p.15-24.
(42) Tectonics 2007: Making Meaning. Eindhoven:
TU/e Technische Universiteit, Eindhoven, dez. 2007.
(43) It is a word that covers the co-evolution of the production,
or making of buildings and their design with reference to the
purpose for which they are built and the technology employed in
their making. Within the framework of the conference this
concept was used to focus on the close cooperation of the
various disciplines within the building industry, from the planner
to architect and from the structural engineer to the project
developer. A major theme was the considered production of
buildings within the fast changing context of our social and
natural environment. Disponvel em: <http://
tectonics2007.com>. Acesso em: 15 dez. 2008.

Obs.:
O presente artigo corresponde a uma parte de minha tese de doutorado, em
andamento, intitulada Tensions tectoniques du projet darchitecture: Etudes
comparatives de concours canadiens et brsiliens (1965-2005).

Nota do Editor
Data de submisso: janeiro 2009
Aprovao: julho 2009

Izabel Amaral
arquiteta e urbanista (UFPE, 2000), com mestrado em Histria e Teoria da
Arquitetura (PPGAU-UFRN, 2004), doutoranda no programa de Ph.D. em
Amnagement da Universidade de Montreal, Canad, bolsista da Capes e assistente de
pesquisa no Leap Laboratoire dtude de larchitecture potentielle.
5578 Decelles # 5, Montreal-QC, H3T 1W5, Canad
1 514 574 9291
izabelamaral@gmail.com

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