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Manaus 1910-1940
Manaus 1910-1940
Manaus 1910-1940
MANAUS
2008
MANAUS
2008
B475
BANCA EXAMINADORA
Dedico:
Aos meus pais, Benedito de Souza Bentes e
Izabel Gomes dos Santos Bentes, pelo carinho e
dedicao.
Aos meus dois amores, Amarildo Rodrigues
Rolim, pelo incansvel apoio que me deu ao
longo desse trabalho e Helena dos Santos
Bentes Rolim, minha eterna princesinha.
AGRADECIMENTOS
Resumo
ABSTRACT
In this research, we analyze Manaus city history within the time 1910-1940, through
its physical structure, considering the buildings, the streets, the districts, the bridges, the
roads and others, as moments and parts of all the city is, because it only becomes
comprehensible by means of study about its several manifestations and behaviors. For
developing our investigation about the city, the theorical and methodological part more
adapted for our purposes was the new cultural history, because it is the history interpretation
perspective that enables the addition of other theorical standards, integrating the general and
the particular. Through this analysis, we intend give voice to official documentation issued by
municipal governors and councilmen, such as governmental message sent to State
Legislative Assembly, the Expositions sent to Federal Government, the Council reports sent
to Municipal Chamber and the municipal messages sent to State Government. We
appreciate the cross of these informations with the provided communications by other
origins: periodicals and yearbooks, albums and almanacs made within the investigated time
and the bibliography concerned to the subject. We conclude this research, noting Manaus
from 1910 to1940 was a city in boiling: small and large constractions, population growth, the
physical space of the city in expansion. And more, the public power, pressioned by different
social interests, no longer could hear only the elite, it was obliged, by virtue of economic
circumstances and socio cultural, to give answers to the demands of the residents of the
suburbs and agricultural areas of the city.
10
LISTA DE GRFICOS
11
LISTA DE PLANTAS
12
LISTA DE TABELAS
13
LISTA DE MAPAS
14
LISTA DE FOTOS
15
16
SUMRIO
INTRODUO ..........................................................................................................18
CAPTULO I O RITMO DA CIDADE NO PERODO DE 1910-1940.......................26
1.1 Cidade: construo do termo e do artefato......................................................26
1.2 A representao da cidade na Europa no final do sculo XIX e incio do
sculo XX.............................................................................................................31
1.3 As influncias europias nos estudos das cidades brasileiras.....................37
1.4 A intensificao das pesquisas sobre cidade no Amazonas.........................40
1.5 A cidade de Manaus de 1910 -1940...................................................................49
1.5.1
17
18
INTRODUO
LE GOFF. Por Amor s cidades. Trad. De Reginaldo Carmello Corra de Morais. So Paulo:
UNESP, 1988. p. 29.
19
ROSSI, Aldo. A Arquitetura da Cidade. Trad. De Eduardo Brando. So Paulo: Martins Fontes,
1995. p. 23.
20
cotidiano da cidade, esta que no se resume apenas aos seus aspectos visveis,
mas, a que respira, a que se admira, a que se frustra e se volta para o futuro em
busca de dias melhores.
Do ponto de vista acadmico, o presente trabalho corrobora com a abertura
de novos caminhos para analisar um perodo pouco privilegiado pela historiografia
regional, que tem concentrado seus estudos nos perodos entre 1850 a 1910, o
momento ureo de expanso da cidade de Manaus. Os estudos referentes ao
perodo de 1910-1940, realizados por diferentes linhas metodolgicas, consideramno como sendo uma fase de longa decadncia e letargia, mergulhado numa grande
crise, por isso, incapaz de produzir mudanas significativas na organizao da
cidade3.
Assim sendo, no reivindicamos para esse trabalho o pioneirismo da
pesquisa sobre a cidade de Manaus no recorte temporal por ns selecionado. Ele,
na verdade, espelha-se em outros estudos sobre essa mesma temtica. E segue os
caminhos abertos pelo professor Dr. Otoni Moreira de Mesquita,4 que aprofundou a
discusso sobre a histria da cidade por meio da arquitetura em sua dissertao de
Mestrado intitulada A Belle poque Manauara e sua Arquitetura Ecltica:
1852-1910. Estudo ao qual deu continuidade em sua Tese de Doutorado com o ttulo
La Belle Vitrine: O mito do progresso na refundao da cidade de Manaus
(1890/1900). Neste trabalho, ao analisar a histria da cidade do perodo entre 1890
a 1900, ele procurou demonstrar que o projeto de embelezamento de Manaus,
implementado pelo Governador Eduardo Ribeiro, por meio das polticas pblicas
estatais, modificou radicalmente a fisionomia da cidade. O presente trabalho se
prope a dar continuidade a essa investigao, no que se refere ao projeto de
embelezamento da cidade, verificando se ele abandonado ou readaptado s novas
condies econmicas vividas pela cidade no perodo entre os anos de 1910 a 1940.
Devido s caractersticas de nossa proposta temtica, optamos por investigar
a histria da cidade por meio de seus aspectos arquitetnicos e urbansticos, no
3
21
BURKE, Peter. Cultura Popular na Idade Moderna. Trad. Denise Bottmanam. 2. ed. So
Paulo:Companhia das Letras, 1995. p. 17-23.
6
Apud. BURKE, Peter. O que Histria Cultual? Trad: Sergio Ges de Paula. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2005.
22
Essa mudana de olhar no evidencia o abandono dos pressupostos tericometodolgicos anteriores, naquilo em que eles se sustentam. No se trata da
substituio de uma concepo metodolgica por outra, mas uma proposta de
interao entre o que geral e o que particular. Nesse sentido, a histria cultural
se prope a somar seus esforos aos modelos tericos generalizantes, e no os
excluir.
Sandra J. Pesavento tambm concorda em que a proposta da Nova Histria
Cultural no pretende esquecer o conhecimento acumulado ao longo do processo de
construo do conhecimento histrico, pois, se apia em anlises j produzidas. O
que seus tericos propem apenas uma mudana no enfoque do olhar.
A alternativa proposta se encaminha no sentido tanto de reconstruir uma
nova totalidade quanto de encontrar novas vias terico-metodolgicas para
realizar a anlise histrica. Um primeiro passo seria o entendimento de que
a cultura poderia ocupar este lugar de uma instncia mais central e
globalizante que reorientasse o olhar sobre o real. 8
Para esses tericos, preciso que, alm dos elementos sociais, as atenes
se voltem para os fatos culturais. Eles consideram que as clivagens culturais no
esto
forosamente
organizadas
segundo
um
recorte
social
previamente
CHARTIER, Roger. A Histria Cultural: Entre Prticas e Representaes. Trad. Maria Manuela
Galhardo. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil/ DIFEL Lisboa,1990. p.17.
8
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Muito Alm do Espao Urbano: por uma histria cultural do urbano.
Rio de Janeiro, vol 8, n 16, 1995.p. 280.
23
CHARTIER, Roger. A Histria Cultural: Entre Prticas e Representaes. Trad. Maria Manuela
Galhardo. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil/ DIFEL Lisboa,1990. p.17.
10
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Muito Alm do Espao Urbano: por uma histria cultural do urbano.
Rio de Janeiro, vol 8, n 16, 1995. p.. 281
24
11
ARGAN, Giulio Carlo. Histria da arte como Histria da cidade. Trad. Pier Luigi Cabra. 4. ed. So
Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 73.
25
recursos
financeiros,
cidade
continuou
em
plena
atividade,
12
MELO, Patrcia Maria Sampaio. Os fios de Ariadne: Tipologia de Fortunas e Hierarquias sociais
em Manaus; 1840-1880. Manaus: Editora da Universidade do Amazonas, 1997. p. 70-89.
26
27
BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Apologia da Histria: ou o ofcio de Histriador. Trad. Andr
Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.p. 60-68.
14
Lei Orgnica do Municpio de Manaus, promulgada em 05 de abril de 1990. Manaus AM.
28
afastamo-nos
das
anlises
deterministas
evolucionistas
que
15
BRESCIANI, Maria Stella. Cidade e Histria. In Cidade: Histria e Desafio. OLIVEIRA, Lucia Lippi
(org.) Rio de Janeiro: CNPq/FGV, 2002. 17-29.
16
LE GOFF, Jacques. Por Amor s cidades: conversaes com Jean Lebrun. Trad. Reginaldo
Carmello Correa de Moraes. So Paulo: UNESP, 1988. p. 12.
29
LE GOFF, Jacques. Por Amor s cidades: conversaes com Jean Lebrun. Trad. Reginaldo
Carmello Correa de Moraes. So Paulo: UNESP, 1988. p. 12.
18
Teoria econmica desenvolvida por Adam Smith na obra A Riqueza das Naes, pblicada pela
primeira vez em 1776.
19
BENEVOLO, Leonardo. Histria da cidade. Trad. Silvia Mazza. So Paulo: Perspectiva, 2007. p.
552.
30
reflexo, foi possvel o surgimento de uma nova maneira de ver a cidade, a qual
Benevolo denomina de cidade ps-moderna. Assim, a cidade deixa de ser vista
como um fenmeno espontneo e passa a ser entendida como resultado dos
interesses humanos. Pelo modelo ps-moderno, surgido das crticas feitas cidade
industrial, a cidade deve ser o lugar onde esteja presente a beleza e a salubridade, e
isso passa a ser funo do Estado desvinculado das proposies liberais.
A liberdade completa, concedida s iniciativas privadas, limitada pela
interveno da administrao que estabelece os regulamentos e executa
as obras pblicas mas garantida claramente dentro destes limites mais
restritos. Da cidade liberal se passa assim para a cidade ps-liberal.
Este modelo tem um sucesso imediato e duradouro: permite reorganizar as
grandes cidades europias (antes de todas as outras, Paris).20
20
BENEVOLO, Leonardo. Histria da cidade. Trad. Silvia Mazza. So Paulo: Perspectiva, 2007. p.
573.
21
LE GOFF, Jacques. (org.) Dicionrio Temtico de Histria Medieval. Bauru: EDUSC, 2004, p.
219.
31
32
modernidade. Por mais que se tenha escrito sobre o carter moderno da Idade Moderna, no
podemos esquecer que tambm os nominalistas medievais propuseram uma via moderna em
oposio tradicional via antiqua, nem tampouco que os humanistas se consideravam modernos, tal
como, no sculo XVII, se sentiam tambm modernos em duelo com os antigos. In. FALCON,
Francisco Jos Calazans e RODRIGUES, Antonio Edmilson M. Tempos Modernos: ensaios de
histria cultural. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2000.
25
MUMFORD, Lewis. A Cidade na Histria: suas origens, transformaes e perspectivas. Traduo
de Neil R. da Silva. 4..ed. So Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 514.
33
necessidade esttica, via de regra, isso implica uma preocupao maior com o
ambiente em que, inevitavelmente, as pessoas encontram-se inseridas.
O modelo de cidade que surgiu na Europa a partir da primeira metade do
sculo XIX foi implementado, sem muita resistncia, na Europa. Houve pases onde
a aceitao ocorreu de imediato, como na Frana, e outros em que a aceitao foi
lenta e gradual, como na Inglaterra. Esse novo modelo urbano influenciou, inclusive,
a fundao de cidades coloniais e continua, ainda hoje, influenciando a organizao
das cidades do mundo contemporneo26.
Esse novo contexto revelou a necessidade de se considerar a cidade como
tema de discusso. Dentre outros autores, destacamos os estudos de Denis Fustel
de Coulanges Numa (1830-1889), que segundo Ronald Raminelli 27, um dos
primeiros historiadores modernos a ter como objeto de estudo a cidade. A pesquisa
para elaborao da obra A Cidade Antiga, publicada em 1924, no estava voltada
especificamente para a cidade em si, mas para a organizao das cidades-estados
gregas nos seus diversos aspectos sociais, polticos e econmicos. No entanto, para
compreender melhor aquelas sociedades to complexas, fazia-se necessria a
incurso pelos valores da poca. Assim, agregam-se ao seu estudo, para melhor
apreenso de seu objeto, instituies como a religio e a famlia.
Coulanges28 compreendia tais instituies como constituintes de um processo
evolutivo linear. De estruturas simples, elas evoluam e tornavam-se complexas.
Podendo-se inferir que no aspecto religioso seria possvel traar uma linha evolutiva
direta do zoomorfismo ao antropomorfismo ou do politesmo ao monotesmo. J no
aspecto poltico, poder-se-ia dizer que, na raiz do Estado, estava a famlia, a fratria e
a tribo, emergindo da a formao das cidades; ou seja, numa linha evolutiva que
aponta para uma mesma origem e para um mesmo processo histrico. Como se
pode depreender no fragmento abaixo.
(...) Mas, assim como muitas fratrias se haviam unido em uma tribo, muitas
tribos puderam associar-se entre si, com a condio de que o culto de cada
26
BENEVOLO, Leonardo. Histria da cidade. Trad. Silvia Mazza. So Paulo: Perspectiva, 2007. p.
573-614.
27
RAMINELLI, Ronald. Histria Urbana. In: CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo (org.)
Domnios da Histria: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997. p. 185.
28
FUSTEL DE COULANGES, Numa Denis. A cidade antiga: estudos sobre o culto, o direito s
instituies da Grcia e de Roma. Trad. Jonas Camargo Leite e Eduardo Fonseca. So Paulo:
HEMUS, 1975. p. 101-112.
34
uma delas fosse respeitado. No dia em que se fez essa aliana nasceu a
cidade.29
29
FUSTEL DE COULANGES, Numa Denis. A cidade antiga: estudos sobre o culto, o direito s
instituies da Grcia e de Roma. Trad. Jonas Camargo Leite e Eduardo Fonseca. So Paulo:
HEMUS, 1975. p. 101-112.
30
GLOTZ, Gustave. A cidade grega. So Paulo: DIFEL, 1980.
31
Apud. GLOTZ, Gustave. La citt grega. In. DONNE, Marcella Delle. Teorias sobre a cidade: arte
& comunicao. Lisboa: Edies 70, 1983. p. 15-22.
35
36
35
MOSES. I. Finley. Histria Antiga: Testemunhos e modelos. Trad. Valter Lellis Siqueira So Paulo:
Martins Fontes, 1994. p. 117.
37
38
Por outro lado, a anlise proposta por Pirenne norteou as aes do Estado
Brasileiro, como confirma o estudo de Rinaldo J. Varussa sobre a cidade de Jundia,
onde afirma que:
Tal projeto beneficiava-se de um debate mais duradouro e, por certo , no
exclusivo daquela cidade, o qual relacionava o progresso indstria e a
estagnao agricultura: ningum pode ignorar que o futuro de Jundia
assenta-se exclusivamente no progresso das indstrias, visto que da
lavoura pouco ou quase nada se deve esperar. Esta perspectiva, alm de
propagandeada por publicaes que divulgavam as vantagens de Jundia
para a indstria (...)39
42
LANNA, Ana Lcia Duarte. Uma Cidade na Transio. Santos: 1870-1913. Ed. HUCITEC. p.
245-248.
39
VARSSA, Rinaldo Jos. Trabalhadores e Memria: disputas, conquistas e perdas na cidade. In:
FENELON, Da Ribeiro; MACIEL, Laura Antunes; ALMEIDA, Paulo Roberto de e KHOURY, Yara Aun
(orgs) . Muitas Memrias, Outras Histrias. So Paulo: Olho dgua, 2000.
40
BRESCIANI, Maria Stella. Graduao em Histria pela Universidade de So Paulo (1970),
doutorado em Histria Social pela Universidade de So Paulo (1976).
41
BRESCIANI, Maria Stella. Cidade e Histria. In Cidade: Histria e Desafio. OLIVEIRA, Lcia Lippi
(org.) Rio de Janeiro: CNPq/FGV, 2002. p. 23.
42
RAMINELLI, Ronald. Histria Urbana. In: CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo (org.)
Domnios da Histria: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997. p. 189.
39
43
RAMINELLI, Ronald. Histria Urbana. In: CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo (org.)
Domnios da Histria: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997. p. 189.
40
41
Mesquita analisa a cidade desde seus primrdios, no sculo XVII (1669), com
a fundao da Fortaleza da Barra de So Jos do Rio Negro, at as grandes obras
arquitetnicas construdas no perodo ureo da borracha, no final do sculo XIX e
incio do XX. Trata-se de uma pesquisa aprofundada e meticulosamente
sistematizada, pois possibilita a visualizao da cidade em sua longa trajetria de
quatro sculos de construo, delimitando os grandes marcos de mudanas das
estruturas fsicas da cidade.
Seguindo a linha temtica de sua dissertao de mestrado, Mesquita, em sua
tese de doutorado, mantm a cidade como objeto de investigao; e, com o cabedal
da pesquisa feita anteriormente, levanta a tese da refundao da cidade no perodo
entre 1890-1900, com o plano de embelezamento implementado pelo governador
Eduardo Ribeiro. Entretanto, isso no significa que ele desconsidere as
modificaes ocorridas na cidade em perodos anteriores, demonstra apenas que
nesse perodo a mudana na fisionomia da cidade foi to profunda que
descaracteriza quase por completo a cidade anterior.
Nessa verificao da trajetria da construo da cidade, Mesquita afirma ser
inquestionvel o fato de que o marco inicial da arquitetura europia no Amazonas foi
MESQUITA, Otoni Moreira de. Manaus: Histria e Arquitetura 1852-1910. 3. ed. Manaus: Valer,
2006. p. 20.
45
42
MARTIUS, Carl Friedrich e SPIX, Johan Baptist Von. Viagem pelo Brasil: 1817-1820. Prefcio
Mario Guimaraes Ferri; Traduo de Lcia Furquim Lahmeyer. V. 3. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; So
Paulo: Ed. Da Universidade de So Paulo, 1981.
47
BATTES, Henry Walter. Um Naturalista no Rio Amazonas. Traduo de Regina Rgis Junqueira.
Belo Horizonte: Itatiaia / So Paulo: EDUSP, 1979.
48
WALLACE, Alfred Russel. Viagens pelos rios Amazonas e Negro. Traduo de Eugnio Amado.
Belo Horizonte / So Paulo: Itatiaia / EDUSP, 1979.
49
GIBBON, Ladner e HERNDON, Lewis. Exploracin del Valle del Amazonas (Tomo I). Quito:
Monumenta Amaznica, 1991.
50
AGASSIZ, Louis e AGASSIZ, Elizabeth Cary. Viagem ao Brasil: 1865-1866. Traduo e notas de
Edgar Sussekind de Mendona. Braslia: Ed. Senado Federal, 2000.
51
AV-LALLEMANT, Robert. No Rio Amazonas (1859). Trad. Eduardo de Lima Castro. Belo
Horizonte: Editora Itatiaia; So Paulo: Ed. da Universidade de So Paulo, 1980.
43
Civilizada, no sentido atribudo por Norbert Elias, dos tipos de padres e comportamentos
considerados civilizados para o homem ocidental. Que se refere a uma grande variedade de fatos: ao
nvel da tecnologia, ao tipo de maneiras, ao desenvolvimento dos conhecimentos cientficos, as idias
religiosas e aos costumes. Pode se referir ao tipo de habitao ou maneira como homens e
mulheres vivem juntos, forma de punio determinada pelo sistema judicirio ou o modo como so
preparados os alimentos. Rigorosamente falando, nada h que no possa ser feito de forma
civilizada ou incivilizada. In. ELIAS, Norbert . O Processo Civilizador: uma histria dos costumes.
Trad. Ruy Jungamann. Vol. 1. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. P. 21-46
53
MESQUITA, Otoni Moreira de. La Belle Vitrine: O mito do progresso na refundao da cidade de
Manaus (1890/1900). Tese de Doutorado em Histria Contempornea pela Universidade Federal
Fluminense. Niteri, 2005. p. 112.
44
PINHEIRO, Maria Luiza Ugarte. A Cidade sobre os ombros: trabalho e conflito no porto de
Manaus de 1889-1925. Manaus: Ed. Universidade do Amazonas, 1999. p. 61-62.
45
46
COSTA, Francisca Deusa Sena da Costa. Quando viver ameaa a ordem urbana: Trabalhadores
urbanos em Manaus (1890-1915). Dissertao de Mestrado em Histria. Pontifcia Universidade
Catlica de So Paulo, 1997. p.90 e 91.
58
COSTA, Francisca Deusa Sena da Costa. Quando viver ameaa a ordem urbana: Trabalhadores
urbanos em Manaus (1890-1915). Dissertao de Mestrado em Histria. Pontifcia Universidade
Catlica de So Paulo, 1997. p.90.
47
Aps esse breve balizamento dos debates referentes temtica que estamos
nos propondo a discutir, optamos por investigar a arquitetura e o urbanismo na
cidade de Manaus no perodo de 1910-1940, orientados pelas pesquisas
desenvolvidas pelo professor Dr. Otoni Mesquita, no que se refere ao projeto de
embelezamento da cidade de Manaus implementado pelo governador Eduardo
Ribeiro, que tinha como objetivo transformar Manaus numa cidade moderna e
civilizada, com os recursos provindos da exportao da borracha. Nossa proposta
verificar, por meio das documentaes oficiais, se esse projeto foi abandonado
59
COSTA, Selda Vale da. Eldorado das Iluses. Cinema & Sociedade: Manaus 1897-1935.
Manaus: Editora da Universidade do Amazonas 1996. Outros pesquisadores vo no mesmo caminho
trilhado por Selda, dentre eles esto AGUIAR, Jos Vicente de Souza. Manaus: praa, caf, colgio
e cinema nos anos 50 e 60. Manaus: Valer /Governo do Estado do Amazonas, 2002. OLIVEIRA,
Jos Aldemir. Manaus de 1920-1967: A cidade doce e dura em excesso. Valer, Cultura e EDUA,
2003. E os que antecedem o perodo em estudo e vo at a dcada de 1920 como o caso de
PINHEIRO, Maria Luiza Ugarte. A Cidade sobre os ombros: trabalho e conflito no porto de Manaus
de 1889-1925. Manaus: Ed. Universidade do Amazonas, 1999. COSTA, Francisca Deusa Sena da
Costa. Quando viver ameaa a ordem urbana: Trabalhadores urbanos em Manaus (1890-1915).
Dissertao de Mestrado em Histria. Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo, 1997. DIAS,
Edina Mascarenhas. A Iluso do Fausto: Manaus 1890-1920. Dissertao de Mestrado em Histria.
Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo, 1988. MESQUITA, Otoni Moreira de. La Belle Vitrine:
O mito do progresso na refundao da cidade de Manaus (1890/1900) Tese de Doutorado em
Histria Contempornea pela Universidade Federal Fluminense. Niteri, 2005 e na sua dissertao de
mestrado intitulado Manaus: Histria e Arquitetura 1852-1910. 3. ed. Manaus: Valer, 2006.
60
OLIVEIRA, Jos Aldemir. Manaus de 1920-1967: A cidade doce e dura em excesso. Valer, Cultura
e EDUA, 2003. p. 19.
48
49
50
51
LOUREIRO, Antonio Jos Souto. A Grande Crise (1909-1916). Manaus: edio do autor, 1986. p.
117.
67
De acordo com Roberto Santos, aviar na Amaznia significa fornecer mercadoria a crdito.
SANTOS, Roberto. Histria Econmica da Amaznia: 1800-1920. So Paulo: T.A. Queiroz, 1980.
p. 155-174.
52
Isso se tornou evidente quando o produto que fazia funcionar esse sistema
estava em franca desvalorizao no mercado internacional e as grandes e pequenas
empresas entraram em processo de falncia. Esse fato fez com que a crise
econmica fosse discutida na apresentao feita pelo Governado do Estado,
Jonathas de Freitas Pedrosa, Assemblia Legislativa em 1915, quando afirmou
que os efeitos dessa depresso econmica estavam aos olhos de todos, a
manifestar-se por toda parte, em todas as atividades. E, apresenta uma sntese da
balana comercial do Estado no perodo de 1910-1914,
A simples e fcil comparao de alguns dados numricos definir a actual
situao econmica do estado melhor que a mais minuciosa descripo
pelo verbo.
Assim, durante, os annos de 1910,1911,1912,1913,1914 a exportao de
borracha amazonense montou s seguintes quantidades: 9.879,688,
8.765.427, 10.756.256, 8.264.316, 8.468.147 de kgs., correspondente
respectivamente, aos seguintes valores officiais:
1910................................85.752:449$199
1911................................58.710:378$958
1912................................57.458:582$855
1913................................32.504:549$899
1914................................27.310:691$83069
SANTOS, Roberto. Histria Econmica da Amaznia: 1800-1920. So Paulo: T.A. Queiroz, 1980. p.
154-175.
69
53
LOUREIRO, Antonio Jos Souto. A Grande Crise (1909-1916). Manaus: edio do autor, 1986.
p.116.
71
DAOU, Ana Maria Lima. A Cidade, o Teatro e o Paiz das Seringueiras: Prticas e
Representaes da Sociedade Amazonense na virada do sculo XIX. Tese de Doutorado
apresentada ao Programa de Ps-graduao em Antropologia Social do Museu Nacional da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1998. p. 346-356.
72
RELATRIO apresentado Intendncia Municipal de Manos em sesso de 14 de Julho de 1921
pelo Superintendente, Dr. Basilio Torreo Franco de S, Typographia de C E L Rua Joaquim
Sarmento, 12 Amazonas Manos,1921. p. XLIII- XLIV.
54
levante foi motivado por diversos fatores; dentre eles, destacam-se o problema
existente entre o Estado e a empresa responsvel pelo abastecimento de gua da
cidade e as demisses em massa da milcia policial, como se pode observar pela
nota do jornal em Tempo do dia 20 de junho de 1913, onde descreve a gravidade da
situao e a necessidade de apoio das foras federais para reverterem situao,
Os revoltosos no depunham as armas, e s 12 horas, isto , terminado o
prazo estabelecido para que se retirassem os moradores das imediaes do
quartel policial, entraram em ao. Estabeleceu-se a luta e os revoltosos
perderam posio batendo em retirada. Incendiaram os escritrios da
MANAOS IMPROVEMENTS, e empastelaram vrios jornais tanto da
situao quanto da oposio. Foram empastelados O TEMPO, FOLHA DO
AMAZONAS e a GAZETA DA TARDE. Em O TEMPO. Manaus, 20 jun., 1913.73
Apud. SANTOS, Elona Monteiro dos. A Rebelio de 1924: em Manaus. Manaus. Suframa Ed.
Calderaro, 1985. p. 40-41.
74
MENSAGEM lida perante a Assemblia Legislativa na abertura da terceira sesso ordinria da
oitava legislatura pelo Exmo. Sr. Dr. Jonathas de Freitas Pedrosa. Governador do Estado, em 10 de
julho de 1915. p. 10-11.
55
56
57
58
RELATRIO apresentado
1922 pelo Superintendente Dr.
1922. p. 38.
83
RELATRIO apresentado
1922 pelo Superintendente Dr.
1922. p. 38-39.
59
84
60
Dentre
as
alternativas
aplicadas
pelo
Poder
Pblico,
destaca-se
86
MENSAGEM apresentada Intendncia Municipal de Manos, pelo Dr. Jos Francisco de Araujo
Lima, Superintendente Municipal, em 1 de outubro de 1924. Amazonas Manos, Seco de Obras
da Imprensa Pblica. 97 Rua Municipal 97. 1924. p. 38-39.
87
RELATRIO apresentado Intendncia Municipal de Manos pelo Superintendente Dr. Basilio
Torreo Franco de S em sesso ordinria de 11 de maro de 1922. Typographia do C e L. Rua
Joaquim Sarmento, 12. Amazonas Manos,1922. p. IX.
88
MENSAGEM lida perante a Assemblia Legislativa, na abertura da Terceira Sesso Ordinria da
Dcima Legislatura, pelo Exmo. Sr. Desembargador Cesar do Rego Monteiro, Governador do Estado,
a 10 de julho de 1921. p. 17-20.
61
62
14 de julho de 1921,
e L. Rua Joaquim
14 de julho de 1921,
e L. Rua Joaquim
63
De acordo com Santos,93 os anos vinte foram marcados por conflitos polticos.
O clima de tenso em torno da partilha dos recursos do Estado no era uma
situao isolada do Amazonas. Ele estava presente em todo o Brasil. Por esse
motivo, havia um profundo desgaste do poder poltico das oligarquias. A Repblica
Oligrquica envelhecera, a corrupo havia tomado conta de suas estruturas. Essa
situao desagradava setores do Exrcito e da sociedade civil brasileira, como era o
caso de parte da oficialidade das foras armadas e do recm-criado Partido
Comunista do Brasil. Sendo que a parte da oficialidade das foras armadas
brasileiras, representada pelos tenentes, estava disposta a uma cruzada por
questes profissionais contra a corrupo e pela moralidade do pas.
Os tenentes se impunham o dever de resgatar os primrdios da Repblica
brasileira, quando os militares assumiram o governo do pas, imbudos desse
propsito. A partir de 1920, muitos oficiais brasileiros deram incio a uma srie de
revoltas em vrios pontos do Brasil.
No Amazonas, nesse perodo, houve um agravante a mais, alm das tenses
polticas presentes em todo o Brasil: a crise da borracha se fez acompanhar da
centralizao e do fortalecimento da faco da oligarquia liderada pela famlia Rego
Monteiro.
Nesse contexto de reorganizao dos grupos polticos no Estado, ocorreu a
transferncia de alguns tenentes dos grandes centros urbanos para o Amazonas,
com o objetivo de afast-los do centro dos movimentos rebeldes, considerando que
os mesmos eram vistos como uma verdadeira bomba relgio que poderia explodia a
qualquer momento, por isso, foram enviados, principalmente, para o 27 Batalho de
caadores em Manaus, no Estado do Amazonas. O governo central acreditava que
eles se acalmariam distantes do foco das rebelies. O que na verdade no
aconteceu, no Amazonas eles encontraram o solo frtil para possveis rebelies,
como se pode depreender do texto abaixo.
Os militares contestadores articulavam-se e preparavam-se desde 1923,
para deflagrar um movimento de mbito nacional contra o poder
estabelecido, o que deveria ocorrer em 1923. (...)
Especialmente em Manaus, a situao tornava-se crtica, porque estava
sendo indicada pelo grupo de Rego Monteiro, a candidatura Aristides
Rocha, para o governo do Amazonas, ao quatrinio 1925-1929. Isso
significava a continuidade oligrquica dos Rego Monteiro no poder.
93
SANTOS, Elona Monteiro dos. A Rebelio de 1924 em Manaus. Manaus. Suframa Ed. Calderaro,
1985. p. 35-69.
64
94
SANTOS, Elona Monteiro dos. A Rebelio de 1924 em Manaus. Manaus. Suframa Ed. Calderaro,
1985. p. 67-69.
65
95
LOUREIRO, Antonio Jos Souto. Tempos de Esperana. Manaus: Editora Srgio Cardoso, 1994.
p. 29.
96
MENDONA, Sonia Regina de. Estado e Sociedade: Consolidao da Repblica Oligrquica. In.
Histria Geral do Brasil. LINHARES, Maria Yedda (org).9 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1990.p.
316-326.
66
Os anos trinta e meado dos anos quarenta foram marcados pela interveno
do governo central no Estado do Amazonas. Durante esse perodo, os prefeitos
eram indicados pelo governador, o que ocasionou uma grande concentrao do
poder poltico no governo central. Como lvaro Maia caiu nas graas de Getlio
Vargas, exerceu o governo do Amazonas por mais de 15 anos, entre 1930 e 1954.
Com a inteno de tornar o Amazonas atrativo ao capital estrangeiro, o Poder
Pblico e a iniciativa privada investiram no cinema como instrumento de divulgao,
para o mundo, das possibilidades de investimentos no Amazonas98. Porm, no
conseguiram atingir o objetivo de atrair novos investimentos para a regio, por isso,
o Governador Dorval Porto99, na mensagem de 14 de julho de 1930, afirmou que a
reconstruo das atividades econmicas estaria diretamente ligada s plantaes
intensas da seringueira nativa, da castanha, do cacau e do guaran. A diversificao
dos produtos na pauta de exportao seria a alternativa para superao da crise,
isso demonstra que a administrao pblica vai continuar investindo no extrativismo
e no na industrializao, mas, nesse perodo, comeam a surgir pequenas
indstrias de gneros alimentcios em Manaus.
97
SANTOS, Elona Monteiro dos. Uma Liderana Poltica Cabocla. Manaus. Ed. da Universidade do
Amazonas, 1997. p.85-87.
98
COSTA, Selda Vale da. Eldorado das Iluses. Cinema & Sociedade: Manaus (1897-1935)
Manaus: Ed. da Universidade do Amazonas, 1996. p. 162.
99
DIRIO OFICIAL. Manaus segunda feira, 14 de julho de 1930.
67
68
69
70
71
72
73
CARVALHO, Jos Murilo de. Os Bestializados: O Rio de Janeiro e a Repblica que no foi. So
Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 24.
74
menos
duas
evidncias
apontam
para
certo
desvelo
das
PINHO, Rodrigo Cesar Rebello. Da organizao do Estado, dos poderes e histrico das
Constituies. So Paulo: Saraiva, 2006. p. 152-154. Ver tambm em SOUZA, Maira do Carmo
Campello. O Processo Poltico-Partidrio na Primeira Repblica. In. Brasil em Perspectiva. MOTA,
Carlos Guilherme (org.). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. p. 162-226. Ver tambm em
WEINSTEIN, Barbara. A Borracha na Amaznia: Expanso e decadncia (1850-1920). Traduo
Llio Loureno de Oliveira. So Paulo: HUCITEC: Editora da Universidade de So Paulo, 1993.
(estudos histricos). p.121-160.
102
LEI n. 582, de 5 de Setembro de 1850: In.ARQUIVOS: coletnea de documentos para a
Histria do Amazonas. Responsabilidade da Associao Comercial do Amazonas. Setembro de
1947. Ano I Manaus Amazonas volume 2.
103
BRAGA, Robrio. A escravatura negra no Amazonas. Acervo revista do arquivo nacional.
Separata do n de ACERVO- Revista do Arquivo Nacional. Fundao Loureno Braga. Manaus, 1991.
104
DIAS, Edina Mascarenhas. A Iluso do Fausto: Manaus 1890-1920. Dissertao de Mestrado
em Histria. Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo, 1988. p.2-30.
75
76
77
Entre os anos de 1910 e 1912, a crise econmica ainda no era sentida, pois
as receitas do Estado continuavam equilibradas. Mas, mesmo assim, de acordo com
as fontes pesquisadas,111 os recursos financeiros recebidos pela Municipalidade de
Manaus no eram suficientes para atender a todas as necessidades crescentes do
Poder Pblico, no que se refere s questes urbansticas e arquitetnicas da cidade.
Com essa justificativa, o Superintende Jorge de Moraes solicitou autorizao do
Conselho Municipal da Intendncia de Manaus para negociar emprstimos fora do
Brasil para equilibrar as dvidas internas e normalizar todos os servios.
A partir de 1912, um dos pontos de apoio da utopia dos administradores do
Amazonas comeou a sinalizar negativamente: a queda abrupta das exportaes da
borracha silvestre iniciou uma fuga generalizada de capitais do Estado do
Amazonas. A partir de ento, por aproximadamente mais de trinta anos, o Estado e
principalmente sua capital Manaus, experimentaram um profundo definhamento na
arrecadao de impostos. Porm, a fuga de capitais e a perda do crdito
internacional no desvaneceram o sonho da construo da cidade civilizada,
determinado pelos padres ocidentais.
Os servios de calamentos das principais ruas do centro da cidade
continuaram sendo executados pela equipe de calceteiros da Municipalidade. O
material utilizado para o calamento das principais ruas do centro da cidade era
paraleleppedo de granito importado da Europa, com uma tcnica de preparao do
terreno que consistia em colocar uma camada de pedra brita ou concreto no solo;
depois colocar uma camada de 15 a 20 centmetros de areia; e sobre essa
superfcie eram colocados os paraleleppedos que eram unidos por uma forte
camada de cimento112. Esse preparo do terreno e a finalizao encareciam ainda
mais esse trabalho de calamento. Pois, o material e a tcnica utilizada para esses
trabalhos demonstravam que a crise econmica ainda no era sentida com tanta
intensidade.
110
78
113
79
80
114
MENSAGEM apresentada ao Conselho Municipal de Manos pelo Superintendente do Municpio, Dr. Jorge
de Moraes, por occasio da abertura da sesso extraordinria de 26 de maio de 1913. Manos, Seco de
Obras do Commercio do Amazonas. 12, Rua Joaquim Sarmento, 1913. p. 9-10.
81
82
MENSAGEM lida perante a Assemblia Legislativa por occasio da Abertura da segunda sesso
ordinria da oitava legislatura em 10 de julho de 1914 pelo Exmo. Sr. Governador do Estado, Dr.
Jonathas de Freitas Pedrosa, acompanhada dos Relatrios dos Chefes de Reparties. Manos
Amazonas. Seco de Obras da Imprensa Pblica. 97 Rua Municipal 97, 1914. p. 34.
116
Equivale aos pedreiros que trabalham fazendo reparos nas ruas da cidade, funcionrios da
Secretaria de Obras SEMOSB.
83
117
84
85
ANO
1890
1900
Contos de ris %
C. de ris
53.953
8.114
37.914
7.896
50,8
7,7
35,7
7,4
181.040
20.833
141.484
18.723
548
___
145
401
0,5
___
0,1
0,4
6.222
___
3.054
3.168
Tercirio
51.721
Comrcio merc. 36.003
Governo
7.793
Outros serv.
7.925
Total
106.222
48,7
33,9
7,3
7,5
100,0
1910
%
C. de ris
48.8 218.287
5,6
9,593
38,1 197.811
5,1 10.883
1,7
___
0,8
0,9
19.605
___
15.684
3.921
1920
%
C. de ris
24.632
59
20.579
3.994
7.1
0,0
5,9
1,2
Esses dados demonstram, tambm, que mesmo sem grandes obras, a vida
na cidade de Manaus, no perodo de 1910 a 1920, continuava, e sua dinmica foi
redimensionada: da grandiosidade da Paris dos trpicos para a Manaus possvel.
Isso implicava dar continuidade ao sonho em suaves prestaes, pois, este deveria
ser o perodo das pequenas obras. Vale lembrar que as obras realizadas nesse
perodo, apesar de estarem diretamente influenciadas pelo pensamento europeu de
cidade, foram forosamente voltadas para o interesse da populao local, dado que
a degradao de suas condies internas de existncia no permitia ampliao dos
interesses do capital internacional, como menciona a historiadora Edina
Mascarenhas Dias121, no livro A Iluso do Fausto.
121
86
encontrava-se
impossibilitado
de
realizar
servios
regulares
de
122
87
88
governo, Rego Monteiro contava com apenas 400$000 de ris em caixa125. Com a
justificativa de reduzir os gastos do Estado, o novo governo efetuou demisses no
funcionalismo pblico em diversos setores importantes como a sade, a educao, a
agricultura e a indstria. Tal enxugamento da mquina administrativa visava
amenizar os efeitos da complicada situao econmica do Estado, ajustando-a a
sua nova capacidade de arrecadao. No entanto, vale ressaltar que essa troca de
pessoal, como mencionado anteriormente, era comum sempre que uma nova
administrao assumia o governo do Estado.
anlise feita por Rego Monteiro, acerca da situao complicada da
economia do Estado do Amazonas, foram acrescentados elementos pouco
comentados na historiografia sobre aquele perodo. Ele afirmou, por exemplo, que a
crise da exportao da Borracha silvestre no mercado internacional era apenas um
dos elementos que comprometeram a estabilidade econmica do Estado do
Amazonas, acrescenta a esse elemento os grandes emprstimos externos feitos
pelas
administraes
anteriores,
que
comprometeram
significativamente
Para justificar suas observaes, Rego Monteiro fez questo de citar trs
exemplos, considerados por ele, oportunamente esclarecedores: um deles foi o
125
89
Eis, de uma forma mais ampla, evidenciada pelo balano que o governador
Rego Monteiro produziu os horizontes das possveis explicaes da origem da crise
econmica que se abateu sobre o Estado do Amazonas.
127
90
realizados
pelas
administraes
anteriores
comprometeram
Arrecadao
01-12/1910
2.408:178$266
01-12/1920
1.111:752$752
01-01/1921
1.035:269$062
01-12/1922
1.335:652$843
01-12/1923
1.167:310$434
01-12/1934
3.543:943$053
01-12/1937
4.721:856$400
FONTE: Elaborada pela mestranda por meio das informaes contidas no RELATRIO
apresentado ao Conselho Municipal em sesso de 15 de fevereiro de 1910, pelo
Superintendente Agnello Bittencourt. Manos Amazonas Seco de obras da Imprensa
Official - 97 Rua Municipal 97, 1910. p. 20 e MENSAGEM lida perante o Conselho
Municipal, pelo Superintendente Sr. Dr. Edgard de Rezende do Rego Monteiro, por occasio da
abertura da sesso ordinria daquelle corpo legislativo, em 1 de abril de 1924. Manos, p. 23.
RELATRIO apresentado ao Exmo. Sr. Dr. Getlio Vargas, Presidente da Repblica, pelo
interventor Federal no Amazonas, capito Nelson de Mello. Outubro de 1933 a Dezembro de 1934.
1935 Imprensa Pblica. Manos Amazonas. p. 2-3.
91
municipal foi reduzida em mais de 50%. A partir dos anos vinte, a arrecadao ficava
oscilando, como ocorreu nos anos de 1922 e 1923, quando a arrecadao de 1923
foi menor que a do ano anterior. Na dcada de 1930, a arrecadao foi se
recuperando. J no final dos anos trinta, at a metade dos anos quarenta, a
economia municipal teve um relativo aumento. Como se pode depreender pela
tabela acima.
Os emprstimos foram to comprometedores ao errio estadual que, em
1934, o vulto da dvida externa era de Rs. 636:200$020, equivalente a
177.272.400,04 francos. No entanto, isso no era tudo, o fim desse contrato estava
previsto para 1957, isso significa que pelos vinte e quatros anos seguintes o
oramento do estado estava comprometido com o pagamento de emprstimos
externos. Calculando-se os juros referentes ao perodo restante, o montante da
dvida ficaria aproximadamente em 2.507:390$625 anuais130, por isso, o interventor
solicitava do governo central providncias emergenciais para evitar um colapso
ainda maior na regio, no decorrer dos prximos anos.
interessante registrar que, mesmo com o passar dos anos, os
administradores pblicos amazonenses continuavam exigindo do governo central
solues para os problemas locais, no entanto, eles mesmos no traavam novas
perspectivas para solucionar os seus problemas, pelo menos at o final do governo
de lvaro Maia.131
Essa retrospectiva da situao econmica do Estado do Amazonas e do
municpio de Manaus faz-se necessria em decorrncia da anlise qual nos
remete Roger Chartier132, de que a representao da cidade construda a partir das
prticas sociais onde elas esto inseridas. Ora, a cidade que estamos analisando
vivia um momento de grande reduo de suas arrecadaes, tanto estaduais como
municipais, por isso, as obras nela realizadas tinham que se adequar ao sonho de
uma cidade moderna no estilo europeu, a partir das condies objetivas de
capacidade de realizao dessa sociedade.
130
RELATRIO apresentado ao Exmo. Sr. Dr. Getlio Vargas, Presidente da Repblica, pelo
interventor Federal no Amazonas, capito Nelson de Mello. Outubro de 1933 a Dezembro de 1934.
1935 Imprensa Pblica. Manos Amazonas.p. 1-5.
131
ROLIM, Amarildo Rodrigues. Do Sonho Realidade: os ideais trabalhistas de desenvolvimento
Econmico para o Amazonas nas dcadas de 1950-1960 do sculo XX. Dissertao de mestrado
Universidade Federal do Amazonas - Instituto de Cincias Humanas e Letras, 2006.
132
CHARTIER, Roger. Beira da Falsia: a histria entre incertezas e inquietude. Trad. De Patrcia
Chittoni Ramos. Porto alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2002. p. 61-79.
92
133
BENEVOLO, Leonardo. A cidade na Histria da Europa. Trad. Maria Jorge Vilar de Figueiredo.
Coleo dirigida por LE GOFF, Jacques. Lisboa. Editora Presena, 1995. p. 175-207.
93
BENEVOLO, Leonardo. Histria da cidade. Trad. Silvia Mazza. So Paulo: Perspectiva, 2007. p.
551-615.
135
HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revolues: 1798-1848. Trad. Maria Tereza Lopes Teixeira e
Marcos Penchel. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. p. 326
94
grandes
construes
que,
segundo
Eduardo
Ribeiro,
haviam
95
139
96
97
98
99
100
101
141
102
142
103
continuaram
sendo
executadas
pela
Superintendncia.
Deu-se
144
104
146
105
149
Receita
138.899.945,14
Despesa
133.454.381,74
Saldo oramentrio
6.445.563,40
Despesa fixa
Despesas paga
104.924.662,71
133.454.381,74
106
150
107
154
108
109
110
111
acaso, o Poder Pblico na dcada de vinte, sem outra opo que no fosse
continuar dando suporte expanso do espao urbano de Manaus, forado pelo
crescimento da populao, passou a empregar seus parcos crditos e recursos na
manuteno e abertura de diversas ruas, como o que aconteceu na rea da Colnia
Campos Sales, onde foi construda uma estrada de rodagem que ligava essa colnia
ao igarap do Passarinho.
Um aspecto importante a ser destacado que a abertura de novas estradas
de rodagem, ligando o centro da cidade aos bairros mais distantes, tinha um objetivo
claro: facilitar a chega dos produtos neles produzidos para o abastecimento da
cidade, como um mecanismo alternativo para manter a dinmica da economia local.
Como afirmou o superintendente Antonio Ayres de Almeida Freitas, em 1918.
Nesse sentido, usando da autorisao que outorgantes ao Poder Executivo,
cogitei desde logo de approsimar os pequenos agricultores e criadores dos
centros populosos do Municipio, no s melhorando e rectificando vias de
communicaes, como estabelecendo centros eventuais de consumo.
Assim que, alm do incentivo de outras vias de communicao de outros
pontos com esta capital e constante em Relatrios anteriores, cogitei de
ligar e facilitar as communicaes entre as zonas suburbanas de Flores e
Villa Municipal, conseqentemente, a de Campos Salles; tornando
carroveis os caminhos, alias estreitas veredas, pelas quaes com
immensas difficuldades se communicavam aquelles subrbios sobre tudo na
estao das chuvas.160
160
112
113
163
114
164
115
116
117
169
118
pode concluir pelas afirmaes da historiadora Elona Monteiro dos Santos, em sua
obra Uma Liderana Poltica Cabocla: lvaro Maia, no fragmento abaixo.
Durante a interventoria de lvaro Maia, foram unificados os servios
pblicos na Secretaria do Estado, a qual foi entregue a Francisco Pereira da
Silva, poltico da aliana Liberal. Assumiu a Polcia Civil e Militar o Capito
Francisco Tvora, alheio poltica estadual, mas irmo de Juarez Tvora. O
interventor tornou sem efeito aposentadorias, disponibilidades remuneradas
e reformas de funcionrios administrativos do estado, civis e militares.
Publicou alguns atos visando reestruturar as atividades extrativas que
enfrentavam uma desvalorizao constatada pela baixa arrecadao do
imposto de exportao. Conclumos que a ao governamental desta
interventoria, pautada pela prioridade de equilibrar o oramento, respaldouse no pressuposto de que a situao econmico-financeira do Amazonas
era resultado de dvidas acumuladas e da desvalorizao dos produtos de
exportao.170
lvaro Maia ficou um curto perodo como interventor, devido aos problemas
enfrentados no processo de reforma do poder judicirio do Amazonas, que levaram
sua deposio, mas isso no abalou sua carreira poltica, ao contrrio, ele logo se
articulou para as eleies da Assemblia Constituinte de 1933.
Alm de lvaro Maia, que mais tempo passou no comando do Estado, foram
indicados outros interventores para o Amazonas, no entanto, todos os seus
mandatos tiveram vida curta. De acordo com Elona Santos, a dissoluo do
Tribunal de Justia do Amazonas, por lvaro Maia, gerou uma certa instabilidade
poltica, o que provocou a constante mudana dos interventores do Estado, que
oscilavam entre civis e militares, num total de cinco no perodo que se estendeu de
1931 a 1935. Como se pode observar na tabela abaixo:
TABELA 3: Relao dos interventores do Municpio de Manaus no
perodo de 1930-1935
Interventores
Incio
Trmino
lvaro Botelho Maia
21/11/1930
10/07/1931
Tenente Emanuel de Moraes
10/07/1931
05/08/1931
Tenente Antonio Rogrio Coimbra (*)
05/08/1931
10/10/1933
Waldemar Pedrosa
14/06/1932
10/10/1932
Capito Nelson Melo
10/10/1933
19/02/1935
Tenente Paulo Cordeiro de Melo
06/01/1934
02/03/1934
Capito Nelson Melo
02/03/1934
19/02/1935
(*) Tenente Antonio Rogrio foi substitudo interinamente pelo secretrio geral
Waldemar Pedrosa.
(**) Capito Nelson de Melo foi substitudo pelo Tenente Paulo Cordeiro de Melo. A 4
de fevereiro de 1935, foi eleito pela Assemblia Estadual Constituinte, para
Governador do Amazonas, lvaro Maia.
170
SANTOS, Elona Monteiro dos. Uma Liderana Poltica cabocla: lvaro Maia. Manaus: Ed. da
Universidade do Amazonas, 1997. p.85-87.
119
FONTE: SANTOS, Elona Monteiro dos. Uma Liderana Poltica cabocla. Manaus: Ed. da
Universidade do Amazonas, 1997. p. 94.
RELATRIO apresentado ao Exmo. Sr. Dr. Getlio Vargas, Presidente da Repblica, pelo
interventor Federal no Amazonas, capito Nelson de Mello. Outubro de 1933 a Dezembro de 1934.
1935 Imprensa Pblica. Manos Amazonas. p. 9-10.
172
MENSAGEM apresentada pelo Prefeito de Manos, Agrnomo Antonio Botelho Maia Cmara
Municipal na sua sesso de 15 de abril de 1936. Typographia PHENIX de Srgio Cardoso. Rua
Joaquim Sarmento N.78. Manos, p. 6-7.
120
173
MENSAGEM apresentada pelo Prefeito de Manos, Agrnomo Antonio Botelho Maia a Cmara
Municipal na sua sesso de 15 de abril de 1936. Typographia PHENIX de Srgio Cardoso. Rua
Joaquim Sarmento N.78. Manos, p. 11-12.
121
122
MENSAGEM apresentada pelo Prefeito de Manos, Agrnomo Antonio Botelho Maia Cmara
Municipal na sua sesso de 15 de abril de 1936. Typographia PHENIX de Srgio Cardoso. Rua
Joaquim Sarmento N.78. Manos, p. 12-14.
178
RELATRIO apresentado ao Exmo Sr. Interventor Federal no Estado do Amazonas, pelo Dr.
Pedro Severiano Nunes. Prefeitura Municipal Manos , Amazonas-Brasil, 1934. p. 4-6
123
179
RELATRIO apresentado ao Exmo Sr. Interventor Federal no Estado do Amazonas, pelo Dr.
Pedro Severiano Nunes. Prefeitura Municipal Manos , Amazonas-Brasil, 1934. p.38.
124
detalhes e outras apenas indicando o nome das ruas onde a Prefeitura realizou
obras.
Rua Silva Ramos Trecho comprehendido entre Avenida Nhamund e
Praa S. Joo Calamento a pedra tosca sobre lastro de areia e
reajuntamento com aguada de cimento, numa rea de 2.069,m.97;
construdos 168,m,20 de valetas e 320,m.70 de bordaduras, importando
na quantia de Rs. 24:394$670.
Rua Tapajs Trecho entre a Praa S. Sebastio e Praa Benjamim
Constant Calamento a pedra tosca sobre lastro de areia e reajuntamento
com aguada de cimento, numa rea de de 546,m37; construdos 187,m.30
de valetas e 69,m,90 de bordaduras na importncia de Rs. 6:401$540.
Rua Ferreira Penna Trecho comprehendido entre as ruas Leonardo
Malcher e Silva Ramos Calamento a pedra tosca sobre lastro de areia
com reajuntamento de cimento, numa rea de 67,5m.81; construdos
67,m.00 de valetas e bordaduras, na importncia de Rs. 7:080$430.
Rua Visconde de Mau trecho comprehendido entre as praas 15 e 9 de
Novembro Calamento pedra tosca sobre lastro de areia e
reajuntamento com aguada de cimento, numa rea de 545,m.94;
construdos 201,m.00 de sargetas e reconstruidos 106,m.00 de
bordaduras, na importncia de Rs. 6:079$320, Praa 9 de Novembro
Calamento a paralelepipedes, numa rea de 411,m.87 na importncia de
Rs. 2:702$000.
Calamento da Rua 10 de julho Chamados por Edital, concorrentes para o
calamento da Rua 10 de Julho, apresentaram-se dois, sendo elles os srs.
David Novoa e Lucio de Souza.180
180
RELATRIO apresentado ao Exmo Sr. Interventor Federal no Estado do Amazonas, pelo Dr.
Pedro Severiano Nunes. Prefeitura Municipal Manos , Amazonas-Brasil, 1934. p. 21-35.
125
Praa Oswaldo Cruz, onde foram colocados, na entrada da Manos Harbour, cinco
postes de cimento armado, contendo cada um cinco focos de luz.
Com o objetivo de aproximar Manaus do modelo europeu de cidade, o Cdigo
de Postura deste Municpio, promulgado em 22 de outubro de 1920, continuou,
como previa a verso anterior de 1910, determinando que o arruamento do centro
da cidade e dos subrbios deveria seguir minuciosamente as orientaes tcnicas
traadas pela 3 Seco da Superintendncia, dando continuidade ao processo de
alinhamento e nivelamento das ruas da cidade, iniciado no final do sculo XIX e
inicio do XX. Nesse perodo, o servio de alinhamento das ruas da cidade iniciou-se
primeiramente pela Av. Joaquim Nabuco, onde foi necessria, para realizar o
referido trabalho, a demolio das fachadas das casas de madeira e reedificao
das mesmas em alvenaria, obedecendo-se ao alinhamento, como indicado pelo
Cdigo de Postura de 1920, nos artigos de 15 a 17.
Art. 15 Os arruamentos quer da cidade e subrbios, quer dos povoados do
interior do Municipio, sero feitos segundo os alinhamentos geraes
existentes e de accordo com as plantas organizadas pela seco technica
da Secretaria da Superintendencia, sendo que os prdios afastados desses
alinhamentos geraes devero avanar ou recuar por occasio de serem
reconstrudos, no se dando permisso para quaesquer obras que importem
o prolongamento da durao ou a valorisao desses prdios.
Art. 16 O estudo do alinhamento de uma rua comprehender
forosamente o nivelamento da mesma.
Art. 17 Quando para regularidade do alinhamento das vias publicas for
necessria a desapropriao, o Superintendente proceder amigavelmente
entrando em accordo vantajoso para o Municipio com o proprietrio do bem
que deve ser desapropriado, ou judicialmente, pela forma que as leis civis
determinam.181
181
126
RELATRIO apresentado ao Exmo Sr. Interventor Federal no Estado do Amazonas, pelo Dr.
Pedro Severiano Nunes. Prefeitura Municipal Manos , Amazonas-Brasil, 1943. p. 23-25.
127
183
128
de
56m.
Na
Rua
Costa
Azevedo,
realizaram-se
servios
de
FONTE: RELATRIO que o agrnomo Antonio Botelho Maia, Prefeito Municipal de Manaus,
dirigiu ao Exmo. Sr. Interventor Federal no Amazonas, Dr. lvaro Botelho Maia. Exerccio de
1937 e perodo de 1. de Janeiro a 28 de Fevereiro de 1938.1938.TYP.PHENIX de Sergio
Cardoso Rua J. Sarmento, 78 Manaus. p. 44.
129
FONTE: RELATRIO que o agrnomo Antonio Botelho Maia, Prefeito Municipal de Manaus,
dirigiu ao Exmo. Sr. Interventor Federal no Amazonas, Dr. lvaro Botelho Maia. Exerccio de
1937 e perodo de 1. de Janeiro a 28 de Fevereiro de 1938. TYP.PHENIX de Srgio Cardoso
Rua J. Sarmento, 78, Manaus,1938. p. 46
130
RELATRIO que o agrnomo Antonio Botelho Maia, Prefeito Municipal de Manaus, dirigiu ao
Exmo. Sr. Interventor Federal no Amazonas, Dr. lvaro Botelho Maia. Exerccio de 1937 e
perodo de 1. de Janeiro a 28 de Fevereiro de 1938. TYP.PHENIX de Srgio Cardoso Rua J.
Sarmento, 78, Manaus,1938. p. 45.
185
RELATRIO que o agrnomo Antonio Botelho Maia. Prefeito Municipal de Manaus, dirigiu ao
Exmo. Snr. Interventor Federal no Amazonas, dr. lvaro Botelho Maia. Exerccio de 1937 e perodo
de 1. de Janeiro a 28 de Fevereiro de 1938.1938.TYP.PHENIX de Srgio Cardoso Rua J. Sarmento,
78 Manaus. p. 49
131
Fonte: RELATRIO que o agrnomo Antonio Botelho Maia, Prefeito Municipal de Manaus,
dirigiu ao Exmo. Sr. Interventor Federal no Amazonas, Dr. lvaro Botelho Maia. Exerccio de
1937 e perodo de 1. de Janeiro a 28 de Fevereiro de 1938.1938.TYP.PHENIX de Sergio
Cardoso Rua J. Sarmento, 78 Manaus. p. 50.
132
tosca sobre lastro de areia com juntas tomadas com aguada de cimento de
987m,32; a construo de bordaduras de concreto na extenso de 106m,70; alm
da modificao de outras numa extenso de 131m,30, bem como a construo de
257m,35 de sarjetas. Para captar guas pluviais, foi feito o assentamento de 38
tubos, efetuando-se ainda, com o objetivo de uniformizar o terreno, a escavao de
228m.
Na Estrada Epaminondas, no trecho compreendido entre as ruas Simo
Bolvar e Leonardo Malcher, foi feito o descalamento de 1.825m,60 e calamento
pedra tosca com rejuntamento de cimento numa rea de 1.766m,81. Construiu-se
uma extenso de 153m,50 de bordaduras a concreto, tendo sido modificadas outras
numa extenso de 19,m,50. Foram construdos 231m,75 de sarjetas, o que custou
a importncia de 33:749$315.
FOTO 11: Estrada Epaminondas, entre as ruas Simo Bolvar e Leonardo
Malcher
Fonte: RELATRIO que o agrnomo Antonio Botelho Maia, Prefeito Municipal de Manaus,
dirigiu ao Exmo. Sr. Interventor Federal no Amazonas, Dr. lvaro Botelho Maia. Exerccio de
1937 e perodo de 1. de Janeiro a 28 de Fevereiro de 1938.1938.TYP.PHENIX de Sergio
Cardoso Rua J. Sarmento, 78 Manaus. p. 50.
133
que fosse apenas para o ano em curso, mas isso indica que se vislumbrava uma luz
no horizonte. Porm, tudo, visceralmente ligado utopia de uma cidade aos moldes
europeus. Como se pode depreender do texto abaixo.
Faz parte do plano administrativo de obras para o ano corrente a
continuao dos servios de calamento dessa artria urbana. Attendendo a
motivos de ordem sanitria e de urbanismo, j determinamos Diretoria de
Obras Pblicas da Secretaria da Prefeitura o estudo dos servios a realizarse.
Restaurao de Esgotos Diversas restauraes foram realizadas na rede
de esgotos da cidade nas partes correspondentes s ruas, praas e
avenidas discriminadas abaixo:
Mundurucs, Bars, Jos Clemente, Monsenhor Coutinho, Ramos Ferreira,
Tapajs, Dr. Almno, Taquerinha, Barrozo, Saldanha Marinho, Fre Jos dos
Inocentes, Lauro Cavalcante, Baro de So Domingos, Dr. Moreira,
Comendador Alexandre Amorim, Pedro Botelho, Dez de Julho, Luiz Anton,
Quintino Bocaiva, 24 de Maio, Comendador Clementino, Marclio Dias,
Marechal Deodoro, Itamarac, Miranda Leo, Leonardo Malcher, Silva
Ramos, Xavier de Mendona, Henrique Martins, Joaquim Sarmento, Lobo
dAlmada, Guilherme Moreira, Lima Bacur, Demtrio Ribeiro, Leovegildo
Coelho, Andradas, Jos Paranagu e So Vicente General Osrio,
Tamadar, 15 de Novembro, Osvaldo Cruz e So Sebastio; Joaquim
Nabuco, Eduardo Ribeiro, 7 de Setembro, 13 de Maio, Floriano Peixoto,
Major Gabriel, Joo Coelho e Epaminondas; Vila Municipal e Matadouro
Pblico.186
186
RELATRIO que o agrnomo Antonio Botelho Maia, Prefeito Municipal de Manaus, dirigiu ao
Exmo. Sr. Interventor Federal no Amazonas, Dr. lvaro Botelho Maia. Exerccio de 1937 e perodo de
1. de Janeiro a 28 de Fevereiro de 1938. TYP.PHENIX de Srgio Cardoso Rua J. Sarmento, 78
Manaus, 1938. p 50-51.
134
Fonte: RELATRIO que o agrnomo Antonio Botelho Maia, Prefeito Municipal de Manaus,
dirigiu ao Exmo. Sr. Interventor Federal no Amazonas, Dr. lvaro Botelho Maia. Exerccio de
1937 e perodo de 1. de Janeiro a 28 de Fevereiro de 1938. TYP.PHENIX de Sergio Cardoso
Rua J. Sarmento, 78 Manaus,1938. p. 58-59.
135
187
136
Fonte: RELATRIO que o agrnomo Antonio Botelho Maia, Prefeito Municipal de Manaus,
dirigiu ao Exmo. Sr. Interventor Federal no Amazonas, Dr. lvaro Botelho Maia. Exerccio de
1937 e perodo de 1. de Janeiro a 28 de Fevereiro de 1938. TYP.PHENIX de Sergio Cardoso
Rua J. Sarmento, 78 Manaus,1938. p. 63.
137
190
RELATRIO que o agrnomo Antonio Botelho Maia, Prefeito Municipal de Manaus, dirigiu ao
Exmo. Sr. Interventor Federal no Amazonas, Dr. lvaro Botelho Maia. Exerccio de 1937 e perodo de
1. de Janeiro a 28 de Fevereiro de 1938. TYP.PHENIX de Srgio Cardoso Rua Joaquim Sarmento,
78 Manaus, 1938. p. 62-64.
138
RELATRIO que o agrnomo Antonio Botelho Maia, Prefeito Municipal de Manaus, dirigiu ao
Exmo. Sr. Interventor Federal no Amazonas, Dr. lvaro Botelho Maia. Exerccio de 1937 e perodo de
1. de Janeiro a 28 de Fevereiro de 1938. TYP.PHENIX de Srgio Cardoso Rua Joaquim Sarmento,
78 Manaus, 1938. p. 73-75.
192
RELATRIO que o agrnomo Antonio Botelho Maia, Prefeito Municipal de Manaus, dirigiu ao
Exmo. Sr. Interventor Federal no Amazonas, Dr. lvaro Botelho Maia. Exerccio de 1937 e perodo de
1. de Janeiro a 28 de Fevereiro de 1938. TYP.PHENIX de Srgio Cardoso Rua J. Sarmento, 78
Manaus, 1938. p.69-71.
193
RELATRIO que o agrnomo Antonio Botelho Maia, Prefeito Municipal de Manaus, dirigiu ao
Exmo. Sr. Interventor Federal no Amazonas, Dr. lvaro Botelho Maia. Exerccio de 1937 e perodo de
139
140
196
1948, pelo
Amazonas.
1949, pelo
Amazonas.
141
142
200
143
Fiz ainda collocar trs novas boccas de lobo, tendo duas o encanamento de
alvenaria de pedra com argamassa 1X3, na extenso de 58,m00,
continuando com tubos de grs de 10, na extenso de 21,m00.
Foram ainda construdos 5 boccas de lobo debaixo dos passeios;
levantados 2 muros de arrimo, um na extenso de 50,m00 e outro na
24,m00, afim de poder sustentar o calamento em questo.
Como falei na minha ultima MENSAGEM conseguir, vencendo grandes
difficuldades, tornar um ponto de accesso aos pequenos lavradores a rampa
chamada dos Remdios.
Foram ainda collocadas 4 boccas de lobo, com escoamento de tubos de 8,
numa extenso de 12,m60 e de alvenaria de pedra com argamassa de 1x3.
Nos trabalhos de alargamento, calamento e recalamento do segundo
trecho da rua Ramalho Junior, outra viella agora transformada numa bella
artria da cidade, foi necessrio construir um muro de alvenaria de pedra
com argamassa 1x3 na extenso de 79,m00, afim de servir de arrimo ao
aterro feito, que de 355,m075 metros cbicos..202
144
205
145
146
moradores das proximidades, por isso, entrou com uma ao judicial contra a
colocao do forno na regio do centro da cidade.
O prdio construdo para abrigar o forno localizava-se no bairro de So Jos,
no lado sul da rua Ramos Ferreira, e tinha sido autorizado pela Lei n 614, de 26 de
agosto de 1910 e inaugurado em 1911208. Diante da citao judicial, o Municpio
chegou a ventilar que, caso perdesse a ao na justia, seria obrigado a encontrar
um novo local para colocar o referido material. Mas, alertava que o novo local tinha
que atender s necessidades da coleta do lixo, pois, para percorrerem os subrbios
para colet-lo, os veculos utilizados e as pssimas condies das vias desses locais
no permitiam mais de uma vigem por dia, prejudicando a higiene da cidade, porque
no seria possvel coletar todo o lixo de uma s vez.
Durante as dcadas de 1920209 e 1930210, as questes de saneamento e
limpeza pblica foram apresentadas como um dos grandes problemas a serem
solucionados pelo Poder Pblico, questo que j se arrastava aproximadamente a
meio sculo. O maior problema, portanto, encontrava-se na limpeza pblica e na
coleta de resduos slidos dos bairros.
No final dos anos 40 do sculo passado, precisamente em 1948, o Poder
Pblico destacou que o servio de limpeza da cidade, na sua parte urbana, estava
sendo realizado sob contrato por concorrncia pblica, e a limpeza dos bairros
estava sendo feita administrativamente e atendendo apenas aos bairros de S.
Raimundo, Constantinpolis, Adrianpolis, Cachoeirinha, Boulevard Amazonas e
Portugal211.
Isso significa que a maioria dos bairros suburbanos no tinha coleta de
resduos slidos regular, apenas em momentos espordicos.
2.8 Obras de embelezamento: paisagismo, praas e jardins
208
147
148
215
MESQUITA, Otoni Moreira de. La Belle Vitrine O mito do progresso: na refundao da cidade de
Manaus, (1890-1900). Tese de doutorado. Rio de Janeiro Niteri, 2005. p. 210.
216
MENSAGEM apresentada Intendncia Municipal de Manos, pelo Dr. Jos Francisco de Araujo
Lima, Superintendente Municipal, em 1 de outubro de 1924. Amazonas Manos, Seco de Obras
da Imprensa Pblica. 97 Rua Municipal 97. 1924.p. 32-33.
149
217
MENSAGEM apresentada pelo Prefeito de Manos, Agrnomo Antonio Botelho Maia Cmara
Municipal na sua sesso de 15 de abril de 1937. Typographia PHENIX de Srgio Cardoso. Rua
Joaquim Sarmento N.78. Manos, p. 5-10.
218
MENSAGEM apresentada Assemblia Legislativa, em sua sesso ordinria de 1948, pelo
Governador do Estado, Dr. Leopoldo Amorim da Silva Neves. Imprensa Oficial. Manaus Amazonas,
1948. p. 32.
150
ROSSI, Aldo. A Arquitetura da Cidade. Trad. De Eduardo Brando. So Paulo: Martins Fontes,
1995. p. 193.
151
ARGAN, Giulio Carlo. Histria da arte como Histria da cidade. Trad. Pier Luigi Cabra. 4. ed.
So Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 243.
221
RELATRIO apresentado ao Conselho Municipal em sesso de 15 de Maio de 1910, pelo
Superintendente Agnello Bittencourt. Manos Amazonas Seco de obras da Imprensa Official 97 Rua Municipal 97,. 1910. p. 3-6.
152
muito
tempo
se
criticavam
os
mtodos
utilizados
pela
153
slidos produzido pela cidade, caso contrrio, isso provocaria graves problemas s
futuras geraes. O crescimento da populao da cidade entre os anos de 1890 a
1910 foi muito expressivo225, devido vinda de pessoas do Brasil e do mundo para
se instalarem na cidade de Manaus. Se esse crescimento populacional continuasse
nesse ritmo e o problema do lixo no fosse solucionado, isso comprometeria
significativamente a qualidade da gua do rio Negro.
Objetivando atender a essas novas exigncias higinicas impostas pela nova
viso de cidade europia, a Superintendncia de Manaus, em 31 de Maro de 1911,
iniciou a construo de um galpo para montar o forno crematrio da cidade,
localizado no bairro de S. Jos, ao lado sul da Rua Ramos Ferreira, em terreno
prprio, doado pelo Estado para esse fim, ocupando uma rea de 223m,12,
autorizado pela lei n. 614, de 26 de Agosto de 1910226.
FOTO 13: Forno Crematrio
OLIVEIRA, Jos Aldemir. Manaus de 1920-1967: A cidade doce e dura em excesso. Valer, Cultura
e EDUA, 2003. p. 116.
226
RELATRIO apresentado Intendncia Municipal de Manos, em sesso de 1. de Outubro de
1922, pelo Superintendente, Dr. Basilio Torreo Franco de S. Typ do C E L. Manos,1922. p. X.
154
1938, no artigo 355 proibiam o despejo de qualquer tipo de resduos slidos nas
ruas, terrenos incultos ou cultivados, nas pontes, cais e rampas ou em qualquer rio,
lago, furo ou igarap que banhasse a cidade. A prtica desses atos incorreria em
multa.
A partir de 12 de abril de 1912, o prdio construdo pelo municpio para
instalao do forno crematrio ficou sob a guarda, conservao e custeio do
contratante do servio da limpeza pblica, durante a vigncia do respectivo contrato.
Com o fim do contrato, em 26 de fevereiro de 1921227, o referido prdio retornou aos
cuidados do municpio. Aps a retomada pelo municpio, foram reconstrudos dois
teros dos galpes, a troca do telhado, a reconstruo das fornalhas e os consertos
nas mquinas, como se pode depreender pelo texto abaixo.
Reforma do forno crematrio do lixo, pela restaurao de suas fornalhas,
substituio do telhado de zinco por telhas de typo Marselha, construco
de sentinas e banheiros para uso do pessoal incumbido daquelle servio, e,
finalmente, de um grande quarto de alvenaria de tijolo para depsito do
material de uso dirio.228
227
155
156
157
234
158
236
159
160
161
162
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Uma Outra Cidade: o mundo dos excludos no final do sculo XIX.
So Paulo: Companhia editora Nacional, 2001. p. 25-125.
163
Adolfo Lisboa era o espao da elite, e no o espao dos excludos que viviam nos
subrbios. O fracasso de tal empreitada pode ser compreendido como uma atitude
unilateral: os administradores da cidade no atingiram as metas de arrecadao
esperada ou pode tambm ser compreendido como um ato de resistncia entre
centro e periferia devido formao cultural do povo manauara, pois, alm do
mercado Adolfo Lisboa, outros espaos de sociabilidade entre elite e suburbanos
continuavam a existir, como era o caso da igreja Matriz e do porto.
Sobre essa interpretao da cidade, importante lembrar o posicionamento
de Aldo Rossi acerca do tema, afirmando que esses diversos olhares que so
construdos sobre um mesmo fato urbano242 esto ligados s relaes que os
indivduos tm com a cidade. Como as relaes que os diversos moradores que
utilizavam aquelas feiras para suas compras tinham com elas e com outras partes
da cidade, relaes que impediam sua funcionalidade da forma pensada pelo Poder
Pblico, na medida em que determinados lugares so freqentados no somente
por sua funcionalidade, de acordo com a racionalidade dada a eles pelo poder
pblico o mercado e a feira como lugares de compras - mas, para alm disso,
deve-se considerar o smbolo de status agregado ao ato de freqentao desses
espaos, imperceptvel na racionalidade do poder pblico.
Essa lgica de pensar a representao da cidade a partir de suas prticas
sociais eixo central da nova histria cultural243, na qual esse trabalho est
embasado.
No incio da dcada 1910, a crescente reduo da arrecadao municipal e o
desejo de manter os moradores dos subrbios afastados do centro da cidade
motivaram a Superintendncia Municipal para a criao dessas feiras, mas no final
da dcada de 1910 e incio da dcada de 1920, com o crescimento da populao
suburbana e o surgimento de novas feiras sazonais, surgiram novas necessidades
e, como essas feiras no tinham atingido as expectativas esperadas pela
242
Esse termo foi elaborado por Aldo Rossi, no livro Arquitetura da Cidade, onde define fato urbano
como uma obra arquitetnica qualquer que seja construda na cidade, e acrescenta a essa definio
as relaes que os indivduos estabelecem com esse fato urbano ao longo do tempo, analisando a
cidade a partir das relaes sociais que possibilitaram a construo, a manuteno e ou modificao
desse fato urbano, ao longo do tempo.
243
CHARTIER. Roger. beira da Falsia: A histria entre certezas e inquietude. Porto Alegre: Ed.
Universidade/UFRGS, 2002. p. 61-79.
164
165
244
166
FONTE: Elaborado pela mestranda com base nos mapas produzidos por Alfredo da Matta no
livro Geografia e Topographia Mdica de Manos: Escoro de um Estudo apresentado ao
Superintendente Municipal de Manos, Dr. Dorval Pires Porto. Typ da livraria Renaud. Rua
Municipal, n 93 Manos 1916 e no MAPA DE SANEAMENTO de 1906.
Esse mapa mostra os novos rumos da cidade com a construo das trs pontes da
Av. Sete de Setembro, antiga rua Municipal. Essa obra anterior ao perodo aqui
investigado, mas de extrema importncia para demonstrar os novos rumos que a
246
BENCHIMOL, Samuel. Manaus O Crescimento de uma Cidade no Vale Amaznico: In. Razes
da Amaznia. Ano I V.1 n1. Manaus- Amazonas - Brasil. Ed. INPA/ Ministrio da Cincia e
Tecnologia, 2005. p. 137-159.
167
168
169
251
170
171
172
253
173
255
RELATRIO apresentado ao Exmo. Sr. Dr. Getlio Vargas, Presidente da Repblica, pelo
interventor Federal no Amazonas, capito Nelson de Mello. Outubro de 1933 a Dezembro de 1934.
1935 Imprensa Pblica. Manos Amazonas. p. 58.
174
175
FONTE: Elaborado pela mestranda, embasada no mapa do RELATRIO que o Agrnomo Antonio
Botelho Maia, Prefeito de Manaus, dirigiu ao Exmo. Sr. Interventor Federal no Amazonas, Dr. lvaro
Botelho Maia. 1938. Manaus Amazonas. Brasil e na planta de Manaus.
176
que ampara o aterro entre a rua dr. Alminio e a avenida Sete de Setembro,
estende-se um pontilho de sessenta metros denominados passagem
Cabral que serve de palanque aos apreciadores dos treinos de regatas
promovidas pelo Clube do Remo. Todos, entretanto, pontes e pontilhes,
tendem a total desaparecimento, no porque estejam imprestveis, velhos
ou insubstituveis, mas porque o desenvolvimento da cidade forando o
aterro dos cursos dagua que eles transpem, vai exigindo o sacrifcio de
sua demolio, considerando um perigo a proteo dos seus parapeitos,
tornado intil o fastgio de sua tradio.256
256
177
257
178
179
Esse plano citado por Djalma Batista, como um efmero surto de riqueza na regio Amaznica.
In: BATISTA, Djalma. O Complexo da Amaznia Anlise do processo de desenvolvimento. 2 ed.
Manaus: Valer, EDUA e INPA, 2007. p.181.
260
MENSAGEM do Presidente Ephigenio Ferreira de Salles Assemblia Legislativa na abertura de
Sua primeira sesso ordinria da dcima terceira legislatura, em 14 de julho de 1926. 1926. Typ. da
Imprensa Pblica. Manos, p. 30-35.
261
MENSAGEM do Presidente do Estado do Amazonas Assemblia Legislativa, lida na abertura da
1. Sesso Ordinria da 14. Legislatura. Amazonas Manos, 1929. p. 43-51.
262
O Amazonas e a Revoluo. O ex. Presidente Ephigenio Salles perante a Junta de Sances. Rio
de Janeiro. Imprensa Nacional, 1931.
180
181
RELATRIO apresentado ao Exmo. Sr. Dr. Getlio Vargas, Presidente da Repblica, pelo
interventor Federal no Amazonas, capito Nelson de Mello. Outubro de 1933 a Dezembro de
1934. 1935 Imprensa Pblica. Manos Amazonas. p. 7.
263
182
RELATRIO apresentado ao Exmo. Sr. Dr. Getlio Vargas, Presidente da Repblica, pelo
interventor Federal no Amazonas, capito Nelson de Mello. Outubro de 1933 a Dezembro de
1934. 1935 Imprensa Pblica. Manos Amazonas. p. 82.
183
Fonte: RELATRIO apresentado ao Exmo. Sr. Dr. Getlio Vargas, Presidente da Repblica,
pelo interventor Federal no Amazonas, capito Nelson de Mello. Outubro de 1933 a
Dezembro de 1934. 1935 Imprensa Pblica. Manos Amazonas. p. 85.
184
MENSAGEM apresentada pelo Prefeito de Manos, Agrnomo Antonio Botelho Maia a Cmara
Municipal na sua sesso de 15 de abril de 1936. Typographia PHENIX de Srgio Cardoso. Rua
Joaquim Sarmento N.78. Manos.
185
265
186
Alm das obras realizadas nos vrios edifcios estaduais, notadamente nas
escolas, prosseguiu-se lentamente, dentro das possibilidades oramentrias, a
construo e a readaptao de antigos prdios nova realidade vivencia pelo
Estado. Nesse processo, foi readaptado o antigo prdio onde funcionava a higiene
pblica, na Rua Barroso, para a instalao da Escola Solon de Lucena.
O palcio Rio Branco, situado na avenida Sete de Setembro, foi construdo no
terreno onde anteriormente funcionava a cadeia pblica, a construo do prdio do
Palcio Rio Branco foi iniciada no perodo do interventor Nelson de Melo (1933
-1934) e foi concludo no perodo na interventoria de lvaro Maia, e, inaugurado em
7 de setembro de 1938. Para o intelectual, membro da Academia de Letras e do
Instituto Geogrfico e Histrico do Amazonas, Mavigner de Castro, esse prdio era
uma obra primorosa, como se pode observar pelo texto abaixo.
um edifcio bastante espaoso, de linha harmnicas, formando um
conjunto distinto e bem adequado ao destino para que foi levantado: - o
funcionamento das diversas seces da Secretaria Geral do Estado. O
custo de sua construo no foi alm de setecentos contos revestindo-se a
decorao interna de distinta elegncia e de aprimorada escolha o
mobilirio. Dispe, tambm, de moderno e rpido ascensor. Numa das suas
amplas dependncias trreas instalou-se a grande coleo numismtica
pertencente ao Estado e classificada em quarto lugar entre as congneres
mundiais. 266
266
187
267
EXPOSIO, ao Exmo. Sr. Dr. Getlio Vargas, Presidente da Repblica, por lvaro Maia,
Interventor Federal. (Outubro de 1939 Maio 1940). Manaus Amazonas, 1940. p.25-26
188
189
268
190
CONSIDERAES FINAIS
Escrever sobre a Manaus do perodo entre 1910 e 1940 foi, antes de tudo,
uma oportunidade de discusso acerca de alguns paradigmas sobre a histria
regional que, por algum tempo, nortearam nossa compreenso sobre essa cidade. O
primeiro deles tem a ver diretamente com a abordagem metodolgica da
historiografia sobre a regio, quando voltada para o aspecto poltico, econmico e
para os grandes vultos ou monumentos da histria; o segundo, de carter mais geral
no mbito das cincias humanas, refere-se concepo sobre a construo da
cidade cujo estudo geralmente estava associado a um fenmeno espontneo e o
terceiro voltou-se, especificamente, questo da dinmica interna do funcionamento
da cidade de Manaus, negando qualquer possibilidade de compreend-la, nem por
um momento, como algo possvel de estagnao.
Pela historiografia regional, pautada na perspectiva dos grandes eventos
como catalisadores do processo histrico da humanidade, criou-se a idia de que o
estado do Amazonas passou por grandes perodos de transformaes, tais como: o
perodo colonial que se estendeu das primeiras dcadas do sculo XVI at as
duas primeiras dcadas do sculo XIX; o processo de independncia; a abolio da
escravido; o processo de emancipao poltica no contexto regional, datados na
segunda metade do sculo XIX; o perodo da Belle poca no final do sculo XIX e
incio do sculo XX; a decadncia nas dcadas de 10 a 40 do sculo XX e, o
advento da Zona Franca, a partir de 1967.
Como resultado dessa periodizao do processo histrico local, a produo
historiogrfica regional, at a dcada de 1980, aponta o perodo de decadncia, que
se estendeu entre 1910 e 1940 como um momento de estagnao e esse termo
191
192
perodo mais intenso de sua crise econmica. Apesar da inverso sobre o construtor
da Manaus-aldeia em cidade moderna, a cidade que foi construda teve por base a
utopia de Eduardo Ribeiro e, durante todo o perodo pesquisado, no houve um s
ano sem que se fizessem obras no sentido de aproximar a cidade real da cidade
ideal.
O perodo entre 1910 e 1940 uma prova inconteste de que a cidade uma
obra humana e, neste sentido, resultante dos conflitos e das tramas inerentes a cada
grupo social responsvel por sua construo. A cidade, por isso, reflete tais conflitos,
tais tramas. Assim, a utopia da Paris dos Trpicos pertencia elite manauense,
essa elite pensava a cidade enquanto o espao por ela ocupado, ou seja, o centro
de Manaus. O projeto de modernizao correspondia ao centro da cidade. No
entanto, a crise do comrcio da borracha, juntamente com os grandes emprstimos
mal elaborados, endividaram sobremaneira a municipalidade e o estado, fato que
forou a migrao dos habitantes do interior para a capital do estado. A crise e a
migrao alteraram a dinmica interna da cidade de Manaus, forando o Poder
Pblico a redimensionar seus propsitos e, incluir os subrbios como reas de
investimentos prioritrios, pois deles esperava-se recursos.
Foi a partir dessa nova conjuntura econmica, poltica, cultural e social que a
cidade de Manaus foi construda. A elite foi obrigada a construir pontes fsicas e
sociais para lig-la periferia. Algumas pontes foram construdas sobre os igaraps,
outras tomaram forma de escolas, feiras e saneamento bsico, criando-se o palco
do monumental teatro imperceptvel pela historiografia tradicional, mas onde a trama
da vida dos construtores da cidade se desenrolou magistralmente.
A crise econmica existiu de fato, suas causas e a profundidade de seus
efeitos que so questionados. Pelos dados aqui apresentados, a grande vil da
histria no foi somente a queda, no mercado internacional, da borracha silvestre, a
falta de investimentos no plantio ordenado, beneficiamento e industrializao da
borracha, mas, alm desses, elementos acrescentamos os emprstimos externos
feitos no perodo imediatamente anterior crise econmica. Isso significa que no
foi apenas um desses elementos que intensificaram a crise mais o seu conjunto.
Apesar do drstico efeito da crise sobre a economia do estado e da cidade de
Manaus, ela no chegou a causar a letargia, a desacelerao da economia da
cidade, ao contrrio, deu-lhe outra dinmica de espacialidade e de relaes scio-
193
culturais. A Manaus de antes de 1910, pensada para ser a Paris dos trpicos no
chegou a se concretizar literalmente. Nos anos que se seguiram, ela se tornou
menos fruto de um modelo exgeno e bem mais a sntese de sua prpria dinmica,
resultante das contradies entre, pelo menos, duas grandes foras em luta: a elite e
sua ao para tornar real sua utopia e a ao dos moradores dos subrbios em sua
luta diria pela vida e pelo direito cidade.
A construo dos monumentos de concreto, dos traados de ruas, estradas,
pontes e vielas no nos revelam unicamente suas formas ou a rigidez de suas
estruturas, tais artefatos so depositrios das flexibilidades das tramas a partir das
quais so alinhavadas as estruturas das histrias dos grupos humanos que
constroem cidades, pois, a cidade , por definio, um artefato social.
194
REFERNCIAS
FONTES
MENSAGENS MUNICIPAIS
MENSAGEM lida perante a Intendncia Municipal de Manos em sesso de
abertura da 4 reunio a 15 de novembro de 1910, pelo superintendente,Coronel
Adrio Ribeiro Nepomuceno. Manos Amazonas. Seco de Obras da Imprensa
Official. 97, Rua Municipal 97, 1910.
MENSAGEM
apresentada
ao
Conselho
Municipal
de
Manos,
pelo
Sr.
195
apresentada
ao
Conselho
Municipal
de
Manos,
pelo
Sr.
196
RELATRIOS MUNICIPAIS
RELATRIO apresentado ao Conselho Municipal de Manos, pelo Superintendente
Coronel Adrio Ribeiro Nepomuceno, em 3. reunio ordinria do corrente anno.
Manos Amazonas. Seco de Obras da Imprensa Official. 97 Rua Municipal
97, 1910.
RELATRIO, apresentado ao Conselho Municipal em sesso de 15 de fevereiro de
1910 pelo Superintendente Agnello Bittencourt. Manos Amazonas. Seco de
Obras da Imprensa Official. 97 Rua Municipal 97. 1910.
RELATRIO apresentado ao Conselho Municipal em sesso de 15 de maio de
1910, pelo Superintendente Agnello Bittencourt. Manos Amazonas. Seco de
Obras da Imprensa Official. 97 Rua Municipal 97, 1910.
RELATRIO apresentado a Intendncia Municipal de Manos em sesso
extraordinria de 10 de janeiro de 1911, pelo Superintendente Coronel Adrio
Ribeiro Nepomuceno. Manos Amazonas. Seco de Obras da Imprensa Official.
97 Rua Municipal 97, 1911.
RELATRIO apresentado Intendncia Municipal de Manos pelo Superintendente
Dorval Pires Porto em sesso ordinria de 5 de setembro de 1914. Typ. Da Livraria
RENAUD. Rua Municipal, 93. Manos.
RELATRIO, apresentado Intendncia Municipal de Manos pelo Superintendente
Dorval Pires Porto em sesso ordinria de 5 de setembro de 1915. Typ. da Livraria
RENAUD. Rua Municipal, 93 Manos,
RELATRIO,
apresentado
Intendencia
Municipal
de
Manos,
pelo
apresentado
Intendncia
Municipal
de
Manos,
pelo
197
RELATRIO
apresentado
Intendncia
Municipal
de
Manos,
pelo
apresentado
Intendncia
Municipal
de
Manos
pelo
apresentado
Intendncia
Municipal
de
Manos,
pelo
198
199
200
201
202
ARQUIVOS DIGITAIS:
ANNURIO DE MANAUS -1913-1914. Organizado por Heitor de Figueiredo. SEC
com o acervo da Biblioteca Pblica. Manaus, 2001.
O Amazonas e a Revoluo. O ex. Presidente Ephigenio Salles perante a Junta de
Sances. Rio de Janeiro. Imprensa Nacional, 1931.
ALMANAQUES
ALMANACH: Administrativo, histrico, estatstico, commercial e litterario do
Amazonas para 1896. Com o retrato e biographia do Dr. Eduardo Gonalves Ribeiro,
eleito governador do Amazonas em 21 de abril de 1892. Organizado por Augusto
Celso de Menezes. Manaus Impresso nas officinas do Diario Official.
LBUNS
MANAUS, lbum organizado na administrao do Prefeito Antonio Botelho Maia.
Manaus- Amazonas Brasil, 1938.
MANAUS -1848-1948.
LEIS
LEI n. 582 de 5 de Setembro de 1850: In.ARQUIVOS: coletnea de documentos
para a Histria do Amazonas. Responsabilidade da Associao Comercial do
Amazonas. Setembro de 1947. Ano I Manaus Amazonas volume 2.
LEI n. 639, de 13 de setembro de 1910. Promulgado o Cdigo de Posturas do
Municpio de Manos,
203
ESTUDOS
204
205
206
207
208
ANEXOS
ANEXO I
Mapa da Cidade de Manaus 1915
Mapa da Cidade de Manaus - 1937
ANEXO II
LEI n. 639, de 13 de setembro de 1910. Promulgado o Cdigo de Posturas do
Municpio de Manos,
LEI n. 1.059, de 22 de outubro de 1920. Promulgado o Cdigo de Postura do
Municpio de Manos, Livraria Clssica de J.J. da Cmara, rua Guilherme Moreira,
1 e 3. Canto da rua Theodoureto Souto, 11. Manos Amazonas. 1920.
ATO N 44, de 29 de julho de 1938. Outorgado o novo Cdigo de Postura do
Municpio de Manos, Amazonas Manaus Imprensa Pblica. 1939.