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Centro Universitrio da FEI Modelo de relatrio cientfico

COMO REDIGIR UM RELATRIO CIENTFICO.*

Prof. Dr. Rodrigo Magnabosco#

* #

Atualizado em 22 de setembro de 2003. Engenheiro Metalurgista EPUSP 1993. Mestre em Engenharia EPUSP 1996. Doutor em Engenharia EPUSP 2001. Professor do Departamento de Engenharia Mecnica do Centro Universitrio da FEI

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RESUMO O presente trabalho procura enumerar e discutir os tpicos necessrios num relatrio cientfico de um projeto classificado como iniciao cientfica, iniciao didtica ou de aes sociais e de extenso. Inicialmente, so abordadas as metas gerais de um projeto de pesquisa, destacando a importncia dos relatrios como instrumento de divulgao do trabalho realizado. Na seqncia, os elementos essenciais composio de um relatrio so listados e discutidos; so eles: resumo, objetivos, reviso bibliogrfica, materiais e mtodos, resultados experimentais, discusso dos resultados, concluses e referncias bibliogrficas. Por fim, algumas sugestes para a edio e apresentao grfica dos relatrios so apresentadas.

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I. OBJETIVOS O principal objetivo deste texto relatar as caractersticas bsicas de um relatrio sobre um projeto de iniciao cientfica, particularmente na rea de Cincia e Engenharia de Materiais, alm de fornecer sugestes para edio e apresentao grfica.

II. INTRODUO Antes de definir as caractersticas bsicas de um relatrio cientfico interessante definir quais so as metas de um projeto de pesquisa (de iniciao cientfica ou didtica),. Resumidamente, pode-se citar:

1. Propiciar ao aluno que executa o projeto um primeiro contato com a metodologia cientfica: 1.1. 1.2. escolha de um tema para estudo; elaborao de pesquisa bibliogrfica que fornea as informaes necessrias para a compreenso dos fenmenos a estudar, sedimentando conceitos; 1.3. execuo de procedimento experimental (quando este se aplicar) para a obteno de dados que elucidem o tema escolhido; 1.4. discusso dos resultados obtidos luz das teorias desenvolvidas na reviso bibliogrfica;

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1.5.

elaborao de relatrio, fazendo o aluno praticar tcnicas para organizar fatos e formular concluses1.

2. Auxiliar o professor / orientador do trabalho na obteno de dados experimentais de projetos de pesquisa mais amplos. 3. Desenvolver tcnica ou procedimento para incrementar ou aperfeioar as atividades de um laboratrio ou disciplina. 4. Apoio didtico s disciplinas correlatas rea de pesquisa, fornecendo informaes para o uso em aulas. Todo o trabalho desenvolvido para atingir as metas anteriormente citadas, e os resultados por este obtidos, devem ser oferecidos comunidade acadmica em geral. O instrumento de divulgao mais eficiente , sem dvida, o relatrio cientfico, documento que alm de ser a documentao do trabalho realizado ser a base para a elaborao de trabalhos para publicao em peridicos ou eventos (como congressos de iniciao cientfica, sendo os mais importantes o CICTE e o SIICUSP [1], patrocinados pela Universidade de So Paulo USP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico CNPq).

Cabe ressaltar que a linha mestra de um relatrio cientfico (organizar fatos e formular concluses) pode e deve ser aplicada a qualquer documento que os alunos e futuros profissionais tero que elaborar durante sua vida profissional. O treinamento possibilitado por este trabalho, desse modo, no se resume apenas chamada vida acadmica.

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III. O RELATRIO A estrutura geral de um relatrio cientfico segue os modelos adotados pelas dissertaes de mestrado e teses de doutorado[2]. Tais modelos so tambm seguidos por peridicos e eventos, como se pode constatar em alguns trabalhos deste autor
[3,4]

. Com o

intuito de adequar os relatrios cientficos a estes modelos (o que facilitaria a produo de artigos em eventos e peridicos, alm de capacitar o aluno a organizar fatos, dados e concluses de maneira ordenada e lgica), pode-se dividir um relatrio deste tipo em oito itens principais:

Resumo Objetivos Reviso bibliogrfica Metodologia Resultados Discusso dos resultados Concluses Referncias bibliogrficas

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III.1. Resumo O resumo de um relatrio deve conter o objetivo do projeto, um breve comentrio sobre os tpicos tericos envolvidos, descrio dos experimentos, resultados e concluses principais. Idealmente, no deve ultrapassar 300 palavras, pois este um parmetro de aceitao de resumos para congressos, como se pode constatar em alguns trabalhos deste autor[3-6].

III.2. Objetivos Normalmente os objetivos j foram previamente estabelecidos pelo professororientador na elaborao do projeto de pesquisa. No entanto, o desenvolvimento da reviso bibliogrfica e do trabalho experimental podem levar modificao destes ou incluso de novas metas. Assim, no relatrio final todos os objetivos e metas a atingir devem ser esclarecidos neste item.

III.3. Reviso bibliogrfica A reviso bibliogrfica , sem dvida, um dos pontos vitais de um trabalho cientfico. Em primeiro lugar, trar ao aluno executante do projeto de pesquisa o conhecimento necessrio para a compreenso dos fenmenos que sero estudados. Alm disso, ser o suporte para a explicao dos resultados experimentais obtidos e permitir a discusso destes, j que na reviso bibliogrfica se encontram informaes consolidadas

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no universo em questo (no caso dos projetos de iniciao cientfica, este universo compreende as pesquisas cientficas e tecnolgicas j desenvolvidas). Baseada na literatura, deve trazer informaes que possam ser acessadas pelos leitores, atravs da citao das referncias bibliogrficas. No trecho que segue, extrado de um trabalho deste autor[6], tem-se exemplos de como interligar as informaes e as referncias2 (o nmero entre colchetes e sobrescrito indica o nmero da referncia bibliogrfica que contm a informao anterior).

... Nas curvas de polarizao, um indcio da ocorrncia de reaes eletroqumicas a presena de mximos de densidade de corrente andica em determinados potenciais [1-3]. Estes mximos podem estar associados aos seguintes fatores:
1.

Enriquecimento da superfcie metlica em algum elemento, resultante da dissoluo

prvia de outros elementos no potencial de corroso. No potencial associado ao mximo de densidade de corrente ocorre, ento, reao eletroqumica associada ao elemento no qual a superfcie est enriquecida[2]. ...

As referncias do trecho mostrado sero exemplos no item III.8. deste texto.

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III.4. Metodologia

III.4.1. Materiais Neste item, deve-se apresentar o material em estudo, quando cabvel, indicando as condies iniciais da pesquisa, quando tal informao for pertinente.

III.4.2. Mtodos Por mtodos, entenda-se todos os procedimentos adotados e a forma de tratamento dos dados obtidos (variveis estatsticas, ferramentas de clculo, e outros que no meream ateno especial na reviso bibliogrfica). No caso de utilizar procedimentos definidos em normas tcnicas, estas devem ser numeradas como referncias bibliogrficas.

III.5. Resultados Os resultados dos procedimentos experimentais j processados devem ser apresentados neste item. O uso extensivo de tabelas e figuras sempre recomendado para facilitar a compreenso dos dados expostos, permitindo a rpida localizao destes.

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III.6. Discusso dos resultados A discusso dos resultados outro item importante num relatrio cientfico, uma vez que pela correta e profunda anlise dos resultados luz da reviso bibliogrfica proposta pode-se avaliar a relevncia do trabalho executado e inferir sobre o real aproveitamento do aluno / autor. Alm disso, na discusso de resultados que so mostrados os progressos obtidos pelo trabalho na elucidao dos fatos em estudo. Muitas vezes, durante a discusso dos resultados, pode existir a necessidade da realizao de experimentos complementares, ou de se buscar novas informaes na literatura, para uma melhor explicao dos dados obtidos: nestes casos, as referncias bibliogrficas continuam a numerao j adotada, e os materiais e mtodos dos ensaios complementares devem ser descritos de maneira contnua, durante a discusso.

III.7. Concluses A forma de sedimentar as informaes e resultados obtidos com o projeto de pesquisa a redao das concluses, focando esforos em mostrar como os objetivos e metas propostos foram alcanados.

III.8. Referncias bibliogrficas As referncias bibliogrficas devem ser numeradas de acordo com a ordem de citao no texto, seguindo os modelos aqui apresentados3:
3

As referncias citadas acima se referem ao trecho de trabalho do autor[6] utilizado como exemplo no item III.3. deste texto.

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1. STANSBURY, E. E. Potentiostatic etching. IN: METALS Handbook 9. ed. Metals Park : ASM, 1985. V. 9: Metallography and microstructures p. 143-7. 2. MAGRI, M; ALONSO, N. Interpretaes para o surgimento do segundo mximo de corrente andica durante a polarizao do ao AISI 410. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE CORROSO, 17, Rio de Janeiro, 1993. Anais ... Rio de Janeiro, ABRACO, 1993, v.1, p.129-39. 3. WEST, J. M. Electrodeposition and corrosion processes. 1970. P. 100-2. ... London : VNR 2. ed.,

Existem normas nacionais para a apresentao de referncias bibliogrficas, devidamente discutidas no trabalho de KUAE et alli[2]. sempre recomendvel utilizar estas normas, uma vez que a maioria dos eventos e publicaes nacionais as adotam como padro[1,3-6]. A norma mais recente para elaborao de listas de referncias bibliogrficas a NBR 6023/2002[7].

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IV. EDIO E FORMATO FINAL DOS TRABALHOS

Alguns padres contribuem com a esttica do relatrio a apresentar. Deve-se procurar utilizar espaamento duplo entre linhas (facilitando a reviso dos textos pelo orientador), e adotar recuo de 12,5 mm na primeira linha dos pargrafos. O papel, preferivelmente de tamanho A4, deve apresentar margens nas laterais de 3 cm, e de 2,5 cm no topo e base (com isso, a encadernao facilitada). A numerao das pginas deve estar localizada no rodap, direita, sendo a pgina 1 ocupada pelo item resumo . As figuras devem ser numeradas com algarismos arbicos, e suas legendas devem ser escritas abaixo das figuras correspondentes. A Figura 1 um exemplo tpico de formatao de figura e legenda. As fotografias devem ser tratadas como figuras, com o especial cuidado de conterem uma barra indicando a escala da situao em questo. J as tabelas devem ser numeradas com algarismos romanos, e suas legendas devem ser escritas acima da tabela correspondente. Os itens anteriormente discutidos devem ser numerados com algarismos romanos, e os subitens com algarismos arbicos precedidos do algarismo romano que identifica o item principal em questo. Se existirem divises de subitens, estas devem ser numeradas tambm com algarismos arbicos, como por exemplo III.4.1. Os itens resumo e referncias bibliogrficas no devem ser numerados. Na Tabela I encontram-se sugestes de formatos de fontes e pargrafos de vrios elementos de um relatrio de iniciao cientfica. Deve-se notar que este texto procura

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seguir todas as recomendaes aqui realizadas, servindo de modelo dos formatos sugeridos.

| i| ( A/cm2)

Figura 1: exemplo de como figuras devem ser formatadas no texto. A legenda original da figura apresentada : Figura 1: Curva de polarizao para o corpo-de-prova O1REC, em soluo 9,8 N NaOH.[6]

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Tabela I: sugestes de formatos para fontes e pargrafos de elementos de um relatrio de iniciao cientfica.
fonte elemento ttulo geral ttulo de item ttulo de subitem texto corrido legenda de figura ou tabela texto em lngua estrangeira nota de rodap Resumo tamanho 16 12 12 12 12 itlico? no no no no sim negrito? sim sim no no no
todas maisculas?

pargrafo (alinhamento) centralizado centralizado esquerda justificado centralizado

sim sim no no no

entre aspas, em itlico, com tamanho de fonte e alinhamento de pargrafo utilizados no trecho em que se insere

10 12

no no

no no

no no

justificado justificado

V. CONCLUSES

O relatrio cientfico a consolidao das informaes de um projeto de pesquisa, e se for organizado de maneira criteriosa pode trazer fatos de grande importncia comunidade acadmica e servir como precioso arquivo de pesquisa e desenvolvimento de uma instituio.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 1. CURY, M. S.; ALONSO, N.; MAGNABOSCO, R. Determinao de potenciais de eletrodo para ataques metalogrficos potenciostticos para o ao AISI M2 em NaOH. XV Congresso de iniciao cientfica da USP - rea de exatas - IV Simpsio de iniciao cientfica em cincias matemticas e da computao, CICTE 96 (CNPq), Escola de engenharia de So Carlos da USP, 10 a 12 de dezembro de 1996, So Carlos, p. 308. 2. KUAE, L. K. N.; BONESIO, M. C. M.; VILLELA, M. C. O. Diretrizes para apresentao de dissertaes e teses. Escola Politcnica da USP Servio de Bibliotecas. So Paulo, 1991, 50 p. 3. CURY, M. S.; MAGNABOSCO, R.; ALONSO, N. Investigao sobre o comportamento eletroqumico do ao AISI M2 em NaOH visando ataques metalogrficos potenciostticos. In: CONGRESSO ANUAL DA ABM, 51. Porto Alegre, 1996. v. 3 p. 689-700. 4. MAGNABOSCO, R.; ALONSO-FALLEIROS, N. Ataques potenciostticos uma ferramenta auxiliar para a observao da microestrutura de metais e ligas. BOLETIM TCNICO DA EPUSP, BT/PMT/9617. 5. MAGNABOSCO, R.; ALONSO, N.; CESCON, T. Ataques potenciostticos para exame da microestrutura do ao-ferramenta AISI O1. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CINCIA DOS MATERIAIS, 11. guas de So Pedro, 1994. Anais ... v. 1, p. 391-4. 6. MAGNABOSCO, R.; ALONSO, N. Comparao das curvas de polarizao dos aos AISI 01 e AISI M2 em soluo 9,8 N NaOH. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CINCIA DOS MATERIAIS, 12. guas de Lindia, 1996. Anais ... v. 2, p. 731-4. 7. CRUZ, A. C.; PEROTA, M. L. L. R.; MENDES, M. T. R. Elaborao de referncias (NBR 6023/2002) Intercincia. Rio de janeiro, 2002, 2 ed., 89 p.

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