Science & Mathematics > Earth Sciences">
Nothing Special   »   [go: up one dir, main page]

Bacia São Francisco

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 12

Revista Brasileira de Geocincias

27(3):283-294, setembro de 1997

ORIGEM E EVOLUO TECTNICA DA BACIA SANFRANCISCANA


JOS ELOI GUIMARES CAMPOS* & MARCEL AUGUSTE DARDENNE*
ABSTRACT ORIGIN AND TECTONIC EVOLUTION OF THE SANFRANCISCANA BASIN This paper presents data about the origin and tectonic evolution of the Phanerozoic cover of the So Francisco Craton, defmed as the Sanfranciscana Basin. The tectonic compartmentation allowed the subdivision in the Abaet (south portion) and the Urucuia sub-basins (middle-north portion). The stratigraphy and sedimentology of the Phanerozoic successions are as follows: Santa F Group (Permo-Carboniferous) - subdivided into the Floresta and Tabuleiro formations. Areado Group (Early Cretaceous) comprising the Abaet, Quiric and Trs Barras forraations. Mata da Corda Group (Late Cretaceous) composed by the Patos and Capacete formations. Urucuia Group (Late Cretaceous) composed by the Posse and Serra das Araras formations. Chapado Formation (Cenozoic) represents the sandy, unconsolidated, recent covers of talus, residual or alluvium origin. Paleozoic epyrogenesis characterized the onset of tectonism in the Sanfranciscana Basin. During the Mesozoic the basin has undergone tectonic reactivations fnishing with neotectonic activity in Cenozoic times. The origin of the basin, as well as its tectonic evolution had been controlled by the So Francisco Craton marginal fold-and-thrust belts (Braslia and Araua belts), by the South Atlantic opening (rift phase) and by transform oceanic fractures (drift phase). Keywords: Sanfranciscana Basin, tectonic evolution, Gondwana drift. RESUMO Este artigo apresenta dados sobre a origem e evoluo tectnica da Cobertura Fanerozica do Crton do So Francisco denominada de Bacia Sanfranciscana. Diferenas tectnicas, estratigrficas e ambientais permitem a diviso da bacia em dois compartimentos denominados de Sub-Bacia Abaet e Sub-Bacia Urucuia. A estratigrafia das sucesses fanerozicas inclui as seguintes unidades: Grupo Santa F (Permo-Carbonfero) composto pelas formaes Floresta e Tabuleiro; Grupo Areado (Eocretceo) constitudo pelas formaes Abaet, Quiric e Trs Barras; Grupo Mata da Corda (Neocretceo) composto pelas formaes Patos e Capacete; Grupo Urucuia (Neocretceo), sub-dividido nas formaes Posse e Serra das Araras e Formao Chapado (Cenozico), representando as coberturas arenosas inconsolidadas recentes, de carter eluvio-coluvionar ou aluvionar. A bacia foi iniciada a partir de uma tectnica de rearranjos isostticos no Paleozico, com reativaes no Mezosico e atividade neotectnica no Cenozico. Sua origem e evoluo tectnica foi controlada pelas faixas marginais do Craton do So Francisco (faixas Braslia e Araua) e pela abertura do Atlntico Sul, durante as fases pr- a ps-rifte e por fraturas transformantes na fase de mar aberto. Palavras-chaves: Bacia Sanfranciscana, evoluo tectnica, ruptura gondunica.

INTRODUO Estudos tectnicos, objetivando o entendimento da origem e evoluo estrutural da Bacia Sanfranciscana, so raros. Alguns aspectos de interesse local so geralmente referidos nos trabalhos de estratigrafia e sedimentologia. Apenas os artigos de Hasui & Haralyi (1991) e Sawasato (1995) discutem a tectnica formadora da bacia, enfatizando a Sub-Bacia Abaet. A forma geral da bacia, alongada segundo a direo nortesul (Fig. 1), e o seu paralelismo com o aulacgeno do Recncavo-Tucano-Jatob sugerem tratar-se de um rifte relacionado evoluo da margem continental brasileira. Entretanto, as caractersticas gerais da bacia mostram uma tectnica pouco pronunciada, contrariando a hiptese de evoluo por rifteamento continental sugerida pela sua disposio geral norte-sul. O conhecimento detalhado dos aspectos tectnicos da bacia permite a proposio de um modelo de preenchimento de calha tipo sag, ou seja, uma ampla bacia intracontinental com pequena subsidncia, apenas localmente afetada por incipientes processos tafrognicos. Os principais argumentos que corroboram o modelo de bacia tipo sag, compreendem: 1 Razo comprimento/largura da bacia da ordem de 3, em contraste com riftes cuja razo geralmente superior a 5. No rifte do Takutu esta razo superior a 6 e no Recncavo-Tucano-Jatob em torno de 5; 2 Espessura sedimentar reduzida (inferior a 500m nas pores mais espessas). As bacias do Takutu e Recncavo apresentam espessuras superiores a 7.000m; 3 Ausncia de compartimentao por falhas de bordas, caractersticas dos riftes continentais;

4 Ausncia de conglomerados de bordas falhadas e as constantes estruturas de transferncia e acomodao que frequentemente invertem a polaridade dos rifts, mudando as bordas de falhas para bordas flexurais; 5 Ausncia dos elementos estruturais tpicos de rifts tais como, antiformes, rotao de blocos, falhas de alvio, falhas inversas, etc. como os descritos por Arago & Perano (1994) e Arago (1994), respectivamente no sistema de riftes Tucano-Jatob e na Bacia do Recncavo;

6 Ausncia de recorrncia de pulsos de rejeito normal que causam intensa deformao, descontinuidades e at discordncias importantes no registro sedimentar; 7 Ausncia de depocentros junto s falhas de borda e de altos de embasamento junto s zonas de tranferncias. 8 Padro de contrastes gravimtricos distinto dos casos de rifts tpicos, com baixos valores das anomalias bouguer ao longo das calhas sedimentares, refletindo uma espessa coluna sedimentar. Embora a maior parte da evoluo da bacia seja ligada Margem Continental Brasileira, ativa principalmente entre o Aptiano e o Maastrichtiano, no existe uma correlao significativa entre as fases tectnicas sin-rifte, rifte e ps-rifte de Chang et al. (1990). Desde o Paleozico at o recente, vrios estgios tectnicos controlados por perodos de relativa estabilidade, rpidas inverses nos campos de tenso, extensivos/compressivos, e movimentos verticais de compensao isosttica marcaram a gnese e evoluo da bacia.

Departamento de Geoqumica e Recursos Minerais - Instituto de Geocincias, Universidade de Braslia, Braslia - DF -70910-900 - e-mail: eloi @guarany .unb.br

284

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 27,1997

Figura 1 - Bloco diagrama mostrando a situao da Bacia Sanfranciscana e a distribuio regional de seu embasamento. Localidades: 1 - Patos de Minas/MG; 2 - Canabrava/MG; 3 -Pirapora/MG; 4 - Posse/GO; 5 - So Domingos/GO e 6 -Gilbus/PI. Figure l - Block-diagram showing the situation of the Sanfranciscana Basin and the distribution of the regional basement. Localities: l - Patos de Minas/MG; 2 -Canabrava/MG; 3 - Pirapora/MG; 4 - Posse/GO; 5 - So Domingos/GO e 6 - Gilbus/PI.

Tectonicamente, importantes diferenas marcam o desenvolvimento das duas sub-bacias. Estas diferenas so observadas tanto na intensidade dos campos de stress quanto na ausncia de um evento na Sub-Bacia Urucuia, como ser descrito nos estgios tectnicos. Seis estgios evolutivos distintos ou parcialmente sincrnicos foram considerados para um melhor entendimento da histria tectnica da Bacia Sanfranciscana. Para os estudos tectnicos foram importantes: - os diversos conjuntos de estruturas do embasamento e das sucesses fanerozicas; - o padro de sedimentao, incluindo os sistemas deposicionais e paleocorrentes associadas; - o contexto global de separao gondunica durante o Mesozico. A estratigrafia integrada da bacia caracterizada por cinco sucesses separadas por importantes superfcies de eroso. A

unidade mais antiga, denominada de Grupo Santa F, posicionada no Permo-Carbonfero, representando um conjunto de sedimentos glaciognicos dividido nas formaes Floresta e Tabuleiro. A sucesso de idade paleocretcea designada de Grupo Areado a qual se subdivide nas formaes Abaet, Quiric e Trs Barras que representam uma sucesso de sedimentos fluviais, lacustres, elicos e deltaicos. Restrito ao segmento sul da Bacia ocorre o Grupo Mata da Corda dividido nas formaes Patos e Capacete, o qual consiste de um conjunto de lavas e piroclsticas e sedimentos epiclsticos de idade neocretcea. Tambm atribudos ao Neocretceo, ocorrem arenitos de sistemas desrticos do Grupo Urucuia que se distribuem principalmente na poro norte da bacia. Recobrindo todas as unidades citadas ocorre a Formao Chapado que compreende coberturas cenozicas aluvionares, coluvionares e eluvionares.

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 27,1997

285

O embasamento da Bacia Sanfranciscana representado na maior extenso da bacia pelo Grupo Bambu, alm de rochas sedimentares paleozicas no extremo norte da bacia, rochas metassedimentares dos grupos Arax e Canastra no extremo sul, e restritas faixas granito-gnssicas no meio-norte da bacia. COMPARTIMENTAO DA BACIA O atual grau de conhecimento da bacia permite sua diviso nas sub-bacias: Abaet, a sul, e Urucuia, no centro-norte. A separao entre as duas sub-bacias se faz na regio do Alto do Paracatu, na poro meridional da bacia. A Bacia Sanfranciscana, como um todo, limitada a sul com a Bacia do Paran pela Flexura de Goinia/Soerguimento do Alto Paranaba. A norte, limita-se com a Bacia do Parnaba atravs do Arco do So Francisco. Os limites ocidental e oriental so respectivamente marcados pelas bordas externas das faixas Braslia e Araua/Espinhao Setentrional (Fig. 2). Limites longitudinais Os limites longitudinais da bacia so paralelos aos das faixas Braslia e Araua/Espinhao Setentrional, que representam extensos thmsts-and-folded belts brasilianos. A distncia entre as margens atuais da bacia e as faixas dobradas de mais de 150 km. Contudo, a presena de testemunhos isolados das coberturas fanerozicas nas regies de Montes Claros/MG (borda leste) e Buritis/MG (borda oeste) mostram que a bacia era mais larga do que atualmente observado. Apenas na borda oeste da Sub-Bacia Abaet, em seu segmento sul, os limites da bacia alcanam os lineamentos da Faixa Braslia. Dataes radiomtricas posicionam a maior parte da evoluo destas faixas no Neoproterozico, com pico de metamorfismo em torno de 600 Ma, e com granitognese de idade entre 800 e 450 Ma. Estudos regionais mostram que a deformao nas faixas gradativamente atenuada da poro interna para a poro externa. Assim, os empurres predominam nas pores internas, enquanto falhas de empurro de alto ngulo e falhas inversas so comuns na externa junto transio para o crton (Oliveira et al. 1989, Magalhes et al 1989, Alkimin et al 1989). Arco do Alto Paranaba Trata-se de feio tectnica/morfolgica reconhecida por vrios autores entre os quais (Costa 1963, Hasui 1968, Sad & Torres, 1968 e Sad 1970). A estrutura consensualmente aceita como um alto de embasamento, que expe rochas proterozicas e separa as bacias do Paran e Sanfranciscana. Esta estrutura funcionou como um alto desde os tempos mesoproterozicos, quando influenciou a sedimentao das formaes Canastra e Ibi. No Paleozico funcionou como barreira sedimentao da Bacia do Paran, tendo sempre marcado o limite NE daquela bacia. A partir do Meso/Neocretceo, esta estrutura sofreu uma reativao positiva denominada soerguimento do Alto Paranaba. Os efeitos desta reativao na sedimentao cretcea superior foram modelados por Hasui & Haralyi (1991) com base em argumentos lito-estratigrficos e geofsicos (gravimtricos e magnetomtricos). O perodo de atividade deste soerguimento pode ser inferido a partir do incio das intruses dos corpos alcalinos mais antigos, que certamente foram originados a partir das anomalias mantlicas causadas pelo uplift crustal. Segundo Bizzi et al (1991) e Bizzi et al (1993), existem dois grupos de idades para as rochas alcalinas (de filiao kimberlitide e carbonatticas) do Tringulo Mineiro. Os referidos autores apresentam idades Rb-Sr em flogopitas que variam de 117 a 119 Ma (mais antigas) e de 87 a 83 Ma (mais jovens), devendo o incio do soerguimento coincidir ou ser pouco mais antigo que o grupo de intruses mais antigas, ou seja Eoaptiano.

Figura 2 - Mapa das principais feies estruturais existentes no substrato da Bacia Sanfranciscana, SBA -Sub-Bacia Abaete. SBU - Sub-Bacia Urucuia. I - Arco do Alto Paranaba. II
- Alto do Paracatu. III - Arco do So Francisco. Traos dentados representam grandes planos de empurres e falhas inversas, traos contnuos representam falhas/fraturas regionais e os traos pontilhados representam anomalias geofsicas. Informaes extradas de Shobbenhaus et al 1984, cartas geolgicas ao milionsimo e imagens de satlite. Localidades: l - Patos de Minas/MG; 2 -Canabrava/MG; 3 - Pirapora/ MG; 4 - Posse/GO; 5 - So Domingos/GO e 6 - Gilbus/PI. Figure 2 - Map of the main structural features observed in the Sanfranciscana Basin basement. SBA - Abaet Sub-Basin. SBU - Urucuia Sub-Basin. I - Alto do Paranaba Arch. II -Paracatu High. III. So Francisco Arch. Serrated traces indicate inverse fault planes, continous traces indicate regional faults/ fractures and the dotted traces indicate geophysical anomaly. Information from Schobbenhaus et al. 1984, geological sheets and sate liteimages. Localities: l -Patos de Minas/MG; 2 - Canabrava/MG; 3 - Pirapora/MG; 4 -Posse/GO; 5 - So Domingos/GO e 6 - Gilbus/PI.

286
As caractersticas qumicas e isotpicas do magmatismo e a ausncia de estruturas rpteis associadas contribuem para considerar este soerguimento como o resultado de um mega domeamento, provocado por aquecimento mantlico, possivelmente relacionado a plumas no manto superior em profundidades superiores a 200km. Na regio do arco, o embasamento composto pelos metassedimentos dos grupos Arax, Canastra e Bambu, cujos contatos so marcados por falhas de empurro da tectnica Brasiliana de idade neoproterozica. Alto do Paracatu representado por uma elevao regional do embasamento. A magnitude desta estrutura muito menor que a registrada para o Arco do Alto Paranaba. Contudo foi responsvel pela segmentao da bacia em duas sub-bacias, as quais apresentam diferenas significativas em relao a sua evoluo. Esta estrutura foi identificada a partir das diferenas de altitude observadas no contato do Grupo Bambu com a cobertura fanerozica, de dados gravimtricos, das variaes de espessuras da sucesso sedimentar e das feies geomorfolgicas: - As cotas do contato entre a Formao Trs Marias e as unidades basais da bacia mostram elevao sistemtica em direo ao vale do Rio Paracatu, sendo superiores a 700m na poro mediana da bacia. Nas bordas da Sub-Bacia Urucuia este contato ocorre em geral em volta da cota de 600m. - A espessura de toda a seo fanerozica da ordem de 400 a 500m nas depresses de Abaet e Urucuia, sendo na regio do Alto do Paracatu no superior a 200m. - Os dados gravimtricos de Lesquer et al. (1981) e Ussami & S (1993), apesar da escala regional, mostram um aumento relativo das anomalias bouguer, que pode materializar este arqueamento crustal. - O aspecto geomorfolgico da regio, representando a poro da bacia com maior grau de exposio do embasamento (parte descontnua da cobertura), tambm auxilia na determinao desta feio estrutural. A origem deste alto pode estar relacionada a mecanismos de reequilbrios flexurais da litosfera em resposta a sobrecarga lateral associada tectnica Brasiliana (Faixas Araua e Braslia). Esta estrutura deve apresentar, em escala reduzida, uma evoluo similar do Alto de Sete Lagoas modelado por D'Arrigo & Alkimin (1995). Arco de So Francisco Identificado por Martins et al. (1993), representa um divisor entre a poro sul da Bacia do Parnaba e o segmento norte da Bacia Sanfranciscana. Hasui et al. (1991), estudando a borda sul da Bacia do Parnaba, tambm fazem referncia a esta estrutura como um bloco alto que separa as duas bacias. No existem estudos especficos que possibilitem a determinao dos limites e propores deste arco. Porm a continuidade dos estudos geofsicos realizados pela PETROBRS S, para fins de reconhecimento da estruturao da Bacia do So Francisco, sem dvida auxiliar no detalhamento desta feio do embasamento. ESTGIO TECTNICO PALEOZICO Corresponde a fase evolutiva da bacia durante a qual se acumularam os sedimentos glaciognicos neopaleozicos. considerada a fase de atividade tectnica pouco pronunciada da bacia onde a calha sedimentar foi gerada por uma depresso relativa entre duas cadeias de montanhas em fase de denudao. A movimentao vertical seria de pequena amplitude, sendo consequncia de rearranjos isostticos e flexurais e de uma pequena subsidncia trmica originada pelo lento resfriamento do ncleo cratnico. importante salientar que o crton se comportava como uma placa nica, somente afetada pelas

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 27,1997

pequenas descontinuidades maracadas pelos fraturamentos ligados fase rptil da tectnica Brasiliana, mostrando que no existiam grandes lineamentos ou zonas de suturas nas pores internas do crton. A relativa estabilidade tectnica, que prevaleceu durante o Paleozico, coincidiu com o perodo de estabilizao do continente Gonduana. Sabendo-se que no existem registros de magmatismo, como a presena de extensos corpos intrusivos no interior do Crton do So Francisco, no se pode considerar uma significativa subsidncia trmica para a formao da depresso inicial da bacia. Este fato, associado ausncia de importantes suturas no interior do crton e ausncia de uma deformao penetrativa em grandes reas do substrato da bacia, pode explicar porque a bacia Sanfranciscana no experimentou uma evoluo similar s das grandes bacias paleozicas como as do Paran e Parnaba. A atenuao dos esforos compressivos nas fases finais da orognese brasiliana (perodo de descompresso do orgeno) tambm deve ter contribudo com uma pequena subsidncia do conjunto para a formao da calha (proto-bacia) que receberia os sedimentos paleozicos da Bacia Sanfranciscana. Estudos geofsicos (ssmica de reflexo) preliminares na regio norte da bacia, aproximadamente ao longo do paralelo 12, indicam a presena de um rifte na calha central da Sub-Bacia Urucuia (Lemoel, inf. verbal, 1994). Ao que tudo indica, esta estruturao deve ser mais antiga e est ligada evoluo inicial do extremo sul da Bacia do Parnaba, cujos sedimentos paleozicos integram o embasamento deste setor da Bacia Sanfranciscana. Uma fase similar proposta por Zlan et al. (1990) para a deposio da seo neo-ordoviciana da Bacia do Paran (Formao Rio Iva). Como no ocorreu uma importante fase de subsidncia mecnica ou trmica, os sedimentos acumulados neste perodo, representados pelo Grupo Santa F, apresentam baixo potencial de preservao, sendo apenas encontrados atualmente em paleodepresses do embasamento. ESTGIO TECTNICO NEOPALEOZICO EOMESOZICO Tambm corresponde a uma etapa de relativa estabilizao tectnica, sendo marcada por apresentar uma importante fase de movimentao epirognica, seguida de intensa eroso da sucesso depositada no Carbonfero e Permiano Inferior. O movimento epirognico positivo ocorreu com o trmino da glaciao neopaleozica, devido ao reequilbrio isosttico aps a remoo da carga das capas de gelo. Estimativas com base nas espessuras erodidas dos sedimentos dos grupos Bambu e Santa F indicam que o soerguimento alcanou 150 a 200.metros na poro setentrional da bacia e foi progressivamente diminuindo para sul. Esta variao explica satisfatoriamente a distribuio do embasamento, expondo unidades do Grupo Bambu gradativamente mais basais, inclusive com a presena de rochas de embasamento granito-gnissico para norte. Os soerguimentos isostticos ps-glaciais so considerveis, sendo que, nos perodos logo aps a migrao das extensas e espessas geleiras, elevaes de 6 a 8mm por ano so reportadas prximo aos centros glaciais e de 2 a 3mm por ano nas regies peri-glaciais (Balling, 1980 e Vanicek & Nagy 1980 in Brown & Reilinger 1986) (ver Fig. 3). Estudos de paleocorrentes mostraram que os centros glaciais se encontravam a NNE, regio da bacia que sofreu maior soerguimento. Como no existiu um mecanismo de subsidncia eficaz (e.g. reativao de falhamentos), a eroso e retrabalhamento da sucesso paleozica foi responsvel pela maior descontinuidade sedimentar observada na bacia. O soerguimento deve ter sido cada vez menor rumo a Sub-Bacia Abaet onde as geleiras apresentavam volumes menores.

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 27,1997

287 A magnitude do fator de estiramento ( = Lf/Li ; Lf = comprimento final e Li = comprimento inicial) pode ser calculada: l - a partir do somatrio dos blocos basculados em perfis ssmicos, 2 - em funo das relaes angulares entre os blocos falhados, 3 -pelos clculos de ( conhecidos comparados s curvas de subsidncia obtidas por backstripping, 4 pelo balanceamento de reas e por outros mtodos. Para a Bacia Sanfranciscana, uma estimativa, considerando a espessura da seo cretcea inferior e o rejeito dos falhamentos, indica valores de referncia inferiores a l ,3, ou seja, extenses menores que 30%. Na poro norte da bacia, para um mesmo intervalo de tempo, o valor de foi ainda menor. A ausncia total de evidncias de associao magmtica (rochas vulcnicas e diques) tambm corrobora esta estimativa do valor de estiramento crustal. O registro de magmatismo se inicia quando os valores de extenso superam 400% ( = 4). Esta fase de evoluo tectnica na poro meridional da bacia, embora com pequena magnitude, caracteriza o primeiro registro de subsidncia mecnica da bacia, tendo sido responsvel pela gerao da depresso do Abaet que recebeu os sedimentos do Grupo Areado. Na poro setentrional, por ter sido uma regio submetida a um campo trativo de menor proporo, ocorreu apenas a reativao de estruturas locais, no ocorrendo o desenvolvimento de uma calha com caractersticas tafrognicas. Neste segmento da bacia, esta fase foi responsvel por uma subsidncia incipiente de comportamento flexural causada por um pequeno estiramento crustal. Este processo se desenvolveu a partir da resposta elstica da litosfera continental submetida a tenses (Karner et al. 1983). A origem da depresso do Abaet foi iniciada a partir da reativao dos lineamentos proterozicos presentes no embasamento, como j reconhecido por Hasui & Haralyi (1991) e Sawasato (1995). Os mecanismos de reativao normal de planos de fraqueza pr-existentes foram discutidos por Supe (1985), Magnavita (1993) e Sawasato (1995). Os principais parmetros, que controlam o comportamento da deformao sobre um substrato com anisotropias, esto abaixo listados: - um nmero de planos de falhas/fraturas, maior que o teoricamente esperado, geralmente produzido; - as tenses necessrias para provocar a ruptura so menores que as requeridas para desenvolver fraturas/faIhamentos em corpos homogneos; - o ngulo entre o plano de mergulho das anisotropias e o esforo principal mximo (1) influi diretamente na potencialidade de reativao, de forma que quanto maior seu mergulho, maior seu potencial de reativao. Geralmente, ngulos menores que 30 favorecem a reativao de planos existentes (Fig.4) - o ngulo entre a direo das anisotropias e o esforo mnimo (3) tambm um fator determinante para a reativao normal. ngulos maiores que 60 favorecem a reativao dos planos pr-existentes, enquanto ngulos menores determinam o desenvolvimento de novos planos (Fig. 4). - o comportamento reolgico do substrato tambm um fator importante. Existe uma tendncia de reativao de diversos planos em embasamentos mais rpteis (e.g. granticos) e apenas das principais descontinuidades nos embasamentos mais plsticos (e.g. xistos). No caso da Depresso do Abaet, a reativao dos principais lineamentos proterozicos foi favorecida, pois estes so, de forma geral, quase ortogonais direo da extenso mxima (1 aproximadamente vertical). A direo das estruturas pode ser observada na figura 2 ou, em maior detalhe, em Hasui & Haralyi (1991). Para a gerao da depresso, alm do ngulo entre extenso e descontinuidades favorveis, tambm foi relevante o fato da maior parte das anisotropias ser representada por falhas de alto

O soerguimento generalizado, que se iniciou logo aps a remoo das capas de gelo, favoreceu a ocorrncia de fcies glaciais ressedimentadas, comumente observadas em todas as localidades onde os sedimentos glaciais esto preservados.

Figura 3 - Reequilbrio isosttico ps-glacial da Fenoscndia. Contornos representam o soerguimento em milmetros por ano, medido por nivelamento preciso (reproduzido de Balling, 1980 in Brown & Reilinger, 1986). Figure 3 - Post-glacial isostatic uplift of Fennoscandia. Contours indicate the uplift in millimeters per year, measured by precise leveling (reprinted from Balling, 1980 in Brown & Reilinger, 1986).

ESTGIO TECTNICO BARREMIANO - APTIANO (Eocretceo) Essa etapa coincide com a fase extensiva principal da abertura do Atlntico Sul. Neste estgio todo o interior das placas sul americana e sul africana apresentavam um padro de tenses extensivas, isto porque toda a placa litosfrica submetida a rifteamento ativo sofre extenso at a total abertura e evoluo para margem passiva. Gibbs (1984) mostra como localmente pode ocorrer concentrao de tenses nas placas submetidas extenso, podendo gerar inclusive bacias tipo S AG adjacentes a riftes que evoluram para margem passiva. No caso da Bacia Sanfranciscana, a distribuio dos esforos se deu de forma anloga da margem sul-americana, com valores de extenso p progressivamente maiores de sul para norte. Chang & Kowsmann (1991) mostram que houve uma diferena de 14 Ma entre a gerao do assoalho ocenico (anomalia M4) a norte e a sul da cadeia So Paulo - Walvis, indicando maior abertura a sul e consequentemente maiores valores de extenso. Este dado foi previamente determinado por Asmus & Porto (1980), corroborando assim esta feio que explica porque a poro sul da bacia foi submetida a maiores valores de extenso.

288

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 27,1997

Figura 4 - A = relao angular entre a direo do esforo mximo e o mergulho das anisotropias. B - relao angular entre a direo da extenso mxima e a direo do plano das anisotropias. A regio l indica a condio que favorece a reativao dos planos de fraqueza. Na regio 2 existe a tendncia de gerao de novos planos e no reativao dos planos de fraqueza herdados. Figure 4 - A = angular relation between the maximum stress direction and the dipping of the anisotropies. B = angular relation between de raaximum extension direction and the anisotropies plane direction. The region l indicates the condition that favours the reactivation of the weakness planes. In the region 2 there is a trend to generates new planes instead of reactivate weakness planes.

ngulo. Embora a cinemtica das estruturas do embasamento na regio da depresso do Abaet ainda no seja totalmente conhecida, trabalhos mais recentes desenvolvidos em setores diferentes da falha de Joo Pinheiro (uma das mais importantes do contexto da bacia) indicam se tratar de uma falha transcorrente (Pinho & Dardenne, 1994) ou uma falha inversa de alto ngulo (Bacelar, 1989). Sawasato (1995), a partir de detalhado estudo altimtrico da discordncia basal (contato entre o Grupo Bambu e a Formao Abaet), ao longo da falha de Joo Pinheiro, colocou em evidncia as principais caractersticas das bacias extensionais, como basculamento e rotao de blocos entre falhas, rejeitos da ordem de 100 metros junto aos depocentros, escalonamentos de blocos e fraturas de trao. As direes das falhas de pequeno rejeito, que afetam os sedimentos do Grupo Areado, principalmente em sua seo basal, so bastante coerentes com as direes dos lineamentos do embasamento, inclusive mudando sua direo quando ocorrem inflexes das estruturas herdadas. Na Depresso de Urucuia, a maior parte da tenso trativa foi possivelmente acomodada por um pequeno estiramento crustal, provocando reduzida subsidncia regional. Este fato se deve ausncia de descontinuidades expressivas no interior do crton e pequena distenso a qual a placa foi submetida. O amplo predomnio de rochas pelticas pode ser tambm considerado como um fator secundrio contribuindo para a explicao da dissipao do stress extensivo sem a gerao de fraturas/falhamentos. Apenas localmente na Sub-Bacia Urucuia, ocorreram as condies favorveis que permitiram a formao de pequenos grabens ligados a esta fase. Borges et al. (1990) descrevem um exemplo relacionado a esta tectnica na poro norte da Faixa Braslia, na borda oeste da bacia, onde sobre os lineamentos N-S, N10W, N30E e N45E, impressos em terrenos granito-greenstone da regio de Dianpolis - Almas/TO, desenvolveram-se hemigrabens orientados segundo as direes das anisotropias do embasamento. Nestas estruturas, acumularam-se os sedimentos fluviais do Grupo Areado. O desenvolvimento destes grabens na Sub-Bacia Urucuia foi condicionado presena dos lineamentos do embasamento que, como na Sub-Bacia Abaet, eram estruturas original-

mente de alto ngulo (Borges et al. 1990) e quase ortogonais extenso mxima. Nos setores onde no existiam anisotropias no embasamento, como por exemplo na regio de Posse/GO, os sedimentos do Grupo Areado esto preservados em pequenas depresses atectnicas (paleovales) escavadas no Grupo Bambu ou sobre os sedimentos paleozicos. A sucesso estratigrfica, onde se nota a quase total ausncia de conglomerados acima da Formao Abaet (com exceo nas adjacncias da falha de Joo Pinheiro nas proximidades de Galena/MG), mostra que a tectnica formadora apresentou um grande pulso de subsidncia mecnica inicial, ou seja, um rpido estgio de abatimento e posteriormente apenas reajustes de blocos. Utilizando-se a frmula de McKenzie (1978) para a estimativa da subsidncia inicial:

onde: Si = subsidncia inicial, po= densidade do manto a 0C, pc = densidade mdia da crosta a 0C, pw = densidade da gua do mar, oc = coeficiente de expanso termal da crosta e do manto, (3 = coeficiente de extenso crustal, tc = espessura mdia da crosta, TI = temperatura da astenosfera Considerando uma crosta de 20km de espessura na poca da instalao da Sub-Bacia Abaet associada aos parmetros tabelados por Parsons & Sclater (in McKenzie, 1978), a subsidncia inicial para aquele setor da bacia foi da ordem de 0,108km, valor compatvel com as espessuras e caractersticas gerais dos sedimentos nos depocentros da bacia. A atividade tectnica sin-sedimentar marcada pela presena frequente, mas isolada, de estruturas de deformao penecontemporneas, interpretadas como sismitos. Este fato tambm evidenciado pelas pequenas falhas normais (rejeitos centimtricos) de direes variando de N30-40W a N30-40E observadas nos sedimentos dos grupos Areado e Santa F. As feies gerais da sucesso sedimentar, associadas ausncia de falhas de crescimento, falhas de transferncia,

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 27,1997

289
acumulou o maior volume de sedimentos na Bacia Sanfranciscana, correspondente Sub-Bacia Urucuia. O carter da superfcie, que separa a sucesso fanerozica do Grupo Bambu, caracterizada por uma discordncia regional e muito regular, tambm est de acordo com a compensao isosttica regional, que o tipo de compensao relacionada a este tipo de evoluo (Karner, 1986). A compensao isosttica local mais comum nas fases com subsidncia mecnica pronunciada. Este mesmo estgio foi responsvel, na Sub-Bacia Abaet, pela reativao inversa de falhas normais geradas no estgio anterior. Estas falhas inversas ocorrem com certa frequncia em toda a poro sul da bacia, sendo caracterizadas por pequenos rejeitos (centmetros a 3m) e acomodando a fase inicial de mudana do campo tensional, ou seja, imediatamente aps a total abertura ocenica e incio de gerao do assoalho ocenico. Na regio de Santa F de Minas/MG, existem exemplos destas falhas cortando a base do Grupo Santa F. No Tringulo Mineiro, as mesmas so comumente observadas cortando a base do Grupo Areado. Um timo exemplo deste tipo de estrutura est representado na rodovia entre Patos de Minas e Presidente Olegrio, prximo a ponte do Ribeiro da Mata, onde os sedimentos pelticos da Formao Quiric so afetados por uma falha de rejeito inverso de cerca de 3m. Reflexos de reativao por compresso durante a fase ps-rifte da evoluo das bacias da margem continental so registrados em algumas bacias costeiras brasileiras (e.g. Cremonini 1995, estudando a evoluo da Bacia Potiguar). ESTGIO TECTNICO C AM P AN l AN O - MAASTRICHTIANO (Neocretceo) Corresponde a fase denominada margem passiva da evoluo das bacias costeiras. Durante este episdio, o mecanismo de expanso contnua do fundo ocenico, com o desenvolvimento das fraturas transformantes associadas, se implantou definitivamente. Este estgio foi particularmente ativo no extremo sul da bacia, onde o reflexo das falhas transformantes da margem continental no interior do continente se traduz na forma de faixas transcorrentes, induzindo a formao de pequenas bacias transtrativas do tipo pull apart. A influncia das falhas ocenicas no interior do continente j foi assinalada por diversos autores (e.g. Asmus 1978). A instalao de um campo de tensores extensivos NE - S W foi necessria para a implantao do magmatismo neocretceo da Bacia Sanfranciscana, pois toda a distribuio dos diques, das rochas vulcnicas e do alinhamento de diatremas ocorre segundo faixas de direo N50-60W. A nica forma de se obter um arranjo distensivo NE - SW para a poro sul da bacia atravs da atuao de faixas transtrativas com a eventual gerao de grabens. Estas depresses so resultantes dos esforos oriundos da extenso por rotao das placas em torno dos plos de abertura e propagao da energia das falhas transformantes em zonas de fraqueza do embasamento para o interior do continente. Admite-se que tenha ocorrido uma refrao das direes gerais das falhas transformantes (de aproximadamente este-oeste na litosfera ocenica para N5060W na litosfera continental). Esta refrao ocorreu quando as falhas transformantes alcanavam um meio com contrastes de densidade, representado pela crosta continental. As descontinuidades associadas tambm desempenharam papel importante na localizao das zonas transtrativas no interior da litosfera continental. A hiptese proposta pode ser sustentada por diversos parmetros. Contudo, alguns dados no so disponveis devido ao fato das rochas vulcnicas (Formao Patos) e seu produto erosivo (Formao Capacete) recobrirem grande parte das feies tectnicas que marcam esta estruturao, dificultando a proposio de um modelo mais genrico. En-

blocos altos e de vrios depocentros, (as quais representam caractersticas gerais dos riftes), indicam que, apesar de terem ocorrido reativaes das estruturas herdadas do embasamento, esta fase gentica no representa a evoluo de um rifte, mas apenas o reflexo do rifteamento que culminou com a separao gondunica. Indicadores cinemticos da deformao, baseados nas atitudes das fraturas trativas e no campo de stress do contexto da ruptura do Gonduana, mostram um elipside de tenses com ai vertical, as (horizontal) N60-70W/S60-70E e 3 (horizontal) N20-30E/S20-30W. As concentraes mximas de atitudes das fraturas abertas, que afetam o Grupo Areado, so N60E/75SE e N30W/85SW, as quais concordam com o elipside de tenses proposto. ESTGIO TECTNICO CENOMANIANO (MesoNeocretceo) Corresponde ao estgio que marca a passagem da fase rifte para a fase ps-rifte na margem continental com a consequente gerao de assoalho ocenico durante a fase de mar aberto (poca de deposio da megasseqncia marinha). Neste estgio ocorreu a inverso do campo de tenso, que passou de extensivo a compressivo no interior das placas sul americana e africana. Zoback et al. (1989), a partir de medidas globais de stress, efetuadas por meio de variaes de dimetro de poos, mecanismos focais de terremotos e diques quaternrios, mostraram que, no interior da placa sul americana, a tenso compressional mxima paralela direo das falhas transformantes (aproximadamente E-W). Assumpo et al. (1985), a partir de estudos de mecanismos focais de terremotos, obtiveram o mesmo resultado. Essa direo, atribuda ao ai, deve ter sido mantida desde os tempos albianos, pois a placa sul americana no sofreu rotao significativa durante sua migrao e esteve situada sempre entre a zona de convergncia andina (contexto geotectnico compressivo) e a cadeia meso atlntica (contexto geotectnico distensivo), que geram esforos diametralmente opostos. Karner (1986) modelou e mostrou, a partir de argumentos matemticos (teoria elstica) e geolgicos (relao de onlap nas bordas das bacias intracratnicas), que a litosfera continental pode sofrer subsidncia ou soerguimento quando submetida a tenses intraplaca (lithospheric in-plane stress). As concluses de Karner (1986) e Karner et al (1983) indicam que uma bacia sedimentar desenvolvida sobre placa continental, em regime extensivo, sofre soerguimento na poro central e subsidncia na poro lateral. Quando sob compresso, responde com subsidncia central e soerguimento nas bordas da bacia. A magnitude do movimento vertical funo da magnitude do esforo, da espessura elstica da placa e do seu comportamento trmico, atingindo facilmente vrias dezenas de metros no caso de litosfera submetida a poucos kilobares de tenso compressiva (equivalente ao peso da pilha sedimentar que gera subsidncia flexural por carga -Cloetingh et al. 1985). Dessa forma, esta fase da evoluo da Bacia Sanfranciscana foi marcada pela subsidncia originada pela compresso a qual o Crton foi submetido aps a fase rifte, conforme hiptese j considerada por Chang et al. (1992). Neste caso, as tenses intra-placa seriam responsveis pelo aumento da subsidncia flexural gerada na fase anterior, principalmente na Sub-Bacia Urucuia. As bordas da bacia, que sofreram soerguimento, apresentavam pequenas espessuras de sedimentos e correspondiam as pores atualmente erodidas ao longo da Serra Geral de Gois (a oeste) e ao longo do Vale do Rio So Francisco (a leste). Este estgio formador da bacia, embora aparente uma fase tectnica pouco enrgica, com pequena subsidncia de carter flexural, foi responsvel pela formao da depresso onde se

290 tretanto, vrias caractersticas desta fase evolutiva so reconhecidas por Sawasato (1995). Os argumentos principais da atuao da tectnica transtrativa esto abaixo listados: - presena de grabens de direo geral N60 - 70 W, preenchidos por sedimentos do Grupo Mata da Corda. A seo entre Presidente Olegrio e Patos de Minas ilustra a existncia destas estruturas, onde as espessuras mximas de lavas e tufos ocorrem no vale do Ribeiro da Mata, tornando-se mais delgadas para NE e SW (figura 5). Devido ao fato da ocorrncia de rochas vulcnicas e vulcanoclsticas ser amplamente distribuda (e.g. regies de So Gotardo e de Carmo do Paranaba/MG), provvel que ocorram outros grabens semelhantes, paralelos a esta direo; - falhas e diclases de direo geral NE, que cortam os sedimentos do Grupo Areado, so descritas por Sawasato (1995) como a "tectnica modificadora da bacia". Nos afloramentos, a observao de estruturas en echelon, caractersticas deste tipo de tectnica (Sylvester & Smith, 1976), relativamente frequente; - presena de pequenas estruturas em flor esporadicamente observadas, afetando os arenitos do Grupo Areado. Belos exemplos, em pequena escala, deste tipo de estrutura podem ser observados na estrada Areado - Pindabas e na estrada de ligao entre Areado e a BR - 365; - presena de barras de arenitos calcferos, exibindo estrias longitudinais e fraturas transversais escalonadas, de direo geral N50W. - presena de falhas antitticas. A movimentao de blocos, um dos critrios utilizados para reconhecimento de feies transcorrentes (Zlan, 1986 a e b), no caso da Bacia Sanfranciscana, deve ter sido pouco pronunciada, com movimentao lateral de pequena amplitude. A evoluo abortada da zona de cisalhamento no permitiu o desenvolvimento de falhas inversas, dobras e pares de transcorrncias, tipo Riedel e anti-Riedel, caractersticas da tectnica transtrativa. As falhas principais atingiram grandes profundidades, sendo responsveis pela conduo dos magmas explosivos que preencheram as depresses nas zonas de transtenso. A gerao dos lquidos magmticos foi facilitada pela diminuio de presso (Bailey, 1974). A despressurizao crustal, neste caso, foi causada pela faixa submetida a movimentos

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 27,1997

verticais positivos, correspondente rea do Soerguimento do Alto Paranaba, que deve ter sido acompanhada de subida da astenosfera. Zonas de fraqueza no embasamento, como durante a evoluo Aptiana, devem ter tambm influenciado o desenvolvimento e a localizao das faixas transtensionais. Um exemplo, que representa em menor escala este evento tectnico, foi descrito por Saadi et al. (1991a) no sul do estado de Minas Gerais, entre os municpios de Oliveira e Santo Antnio do Amparo. A estrutura representada por um graben de direo N50W, com cerca de 10 X l km de dimenso mdia, preenchido por sedimentos fluviais grossos a finos (conglomerados com seixos subarredondados, arenitos e lamitos) e rochas piroclsticas alcalinas (similares s do Grupo Mata da Corda). Do ponto de vista estrutural, so registrados todos os parmetros para a definio da tectnica transtensiva, como falhas de borda do graben, falhas inversas, falhas transcorrentes de Riedel e anti-Riedel, alm de diciases transtrativas. As feies, que marcam a tectnica geradora do graben, so facilmente observveis, pois o mesmo ocorre encaixado em gnaisses e granitos do Complexo Barbacena, sendo apenas sua raiz preservada da eroso, que eliminou parte dos sedimentos mais jovens. Na Bacia Sanfranciscana as rochas epiclsticas da Formao Capacete, cujas reas de ocorrncia ultrapassam os limites dos grabens, recobrem grande parte das feies tectnicas associadas. ESTGIO TECTNICO TERCIRIO Corresponde fase de reativao neotectnica registrada por toda a bacia, especialmente na sua poro setentrional, onde um padro de drenagem retangular bem marcado em qualquer escala de observao menor que 1:100.000. O termo "neotectnica", como por referido por Hasui (1990), ser utilizado neste trabalho como a tectnica ressurgente, que atua desde o Tercirio. Este conceito mais amplo que a proposio de Mrner (1993), o qual restringe esta designao para os fenmenos tectnicos globais ocorridos no curto perodo correspondente aos ltimos 2,5 a 3,0 Ma, isto , restritos ao Quaternrio. Este estgio foi importante, pois condicionou grande parte do sistema de drenagem atual, como j mostrado por Saadi et al. (l991b) na poro sul da bacia. Na regio norte, o sistema

Figura 5 - Seo esquemtica mostrando a variao de espessura das rochas vulcnicas e sedimentos epiclsticos do Grupo Mata da Corda entre Patos de Minas e Presidente Olegrio em Minas Gerais. A estruturao do graben ortogonal seo com direo geral N50W - 60W.
Figure 5 - Schematic section showing the thickness variation of the volcanics and epiclastic sedimente of the Mata da Corda Group between Patos de Minas and Presidente Olegrio in the Minas Gerais State. The graben structuration is orthogonal to the section, showing N50 - 60W trends.

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 27,1997

291 Nas demais regies da bacia, esta discordncia representada por uma superfcie extremamente regular, marcando o contato do Grupo Urucuia diretamente sobre o embasamento, sobre o Grupo Santa F ou sobre o Grupo Areado. Apenas na regio do Alto do Paracatu, existe o contato direto do Grupo Mata da Corda sobre o Grupo Urucuia, mostrando a interdigitao lateral de parte destas unidades. Superfcies limitantes internas so observadas dentro das grandes unidades (e.g. pavimento deflacionrio caracterizado pela presena de ventifactos no topo da Formao Abaet), contudo estas descontinuidades so locais sem continuidade lateral, no podendo ser consideradas na escala da bacia. A evoluo da sedimentao no tempo, analisada a partir dos dados de paleocorrentes, apresenta o seguinte quadro: # Sedimentao axial no Neopaleozico, com deposio de nordeste para sudoeste a partir do Espinhao Setentrional; # Sedimentao transversal no Eocretceo, com reas fontes localizadas nas bordas elevadas da bacia. De sul para norte, a partir da regio soerguida do Alto Paranaba, aproximadamente de oeste para leste a partir da Faixa Braslia (regies de Brasilndia e Garapuava), e de leste para oeste a partir da Serra do Cabral; # Novamente sedimentao axial no Neocretceo, com desenvolvimento da sedimentao Mata da Corda a partir dos centros vulcnicos localizados no extremo sul da bacia e deposio elica do Grupo Urucuia de nordeste para sudoeste a partir da Cordilheira do Espinhao Setentrional. CONCLUSES A origem da bacia foi marcada por uma evoluo que, de forma geral, envolveu pequenas taxas de deformao. subsidncia que gerou a calha sedimentar foi produzida por reequilbrios isostticos, extenso e compresso crustais, ligados glaciao neopaleozica e ruptura gondunica. Seis estgios sintetizam os processos envolvidos na sua origem e evoluo tectnica: Paleozico - fase de tectnica pouco pronunciada, onde a calha sedimentar era representada por um "baixo relativo" entre as faixas Braslia e Araua/Espinhao Setentrional; Eomesozico - fase de reequilbrios isostticos ps-glaciais; Eocretceo -corresponde fase extensiva relacionada a abertura sul-atlntica, este estgio foi responsvel pela gerao da Sub-Bacia Abaet; Mesocretceo - inverso tectnica da bacia, correspondente fase ps-rifte da margem continental, foi responsvel pela gerao da Sub-Bacia Urucuia; Neocretceo influncia das falhas ocenicas em zonas de fraqueza continentais, responsvel pela implantao do magmatismo alcalino da Sub-Bacia Abaet; Cenozico - fase neotectnica, responsvel pela origem do sistema paralelo de drenagem na Sub-Bacia Urucuia. No existe uma correlao perfeita entre a evoluo das bacias da margem continental brasileira e a Bacia Sanfranciscana. Dados de paleocorrentes e provenincia mostram que a evoluo da sedimentao foi controlada essencialmente pelas regies elevadas adjacentes bacia, tendo o maior volume de massa sido transportado ao longo do eixo norte-sul. No Neopaleozico, o afluxo de massa foi de nordeste para sudoeste (S20W). No Eocretceo, ocorreram contribuies das bordas da bacia, mas o principal transporte se deu de sul-sudoeste para norte-nordeste (N20E). A sedimentao Cretcea Superior da Formao Capacete evoluiu de sul para norte (a partir da regio soerguida do Alto Paranaba), enquanto o Grupo Urucuia apresentava reas fontes localizadas na poro nordeste do Crton do So Francisco, com sedimentao de NE para SW.

retangular de drenagem de baixa densidade (0,l a 0,2 km/km2) foi condicionado pela alta capacidade de infiltrao dos arenitos do Grupo Urucuia e pela cobertura arenosa residual da Formao Chapado. Como para os outros estgios da evoluo da bacia, foram importantes as zonas de fraqueza existentes no embasamento, para a reativao neotectnica. A incipiente magnitude dos esforos provocou apenas um fraturamento espaado ou falhamentos com pequenos rejeitos normais (no superiores a 10 - 15m). Esta reativao foi resultante de pequena movimentao, principalmente do fraturamento N50-60E, bem representado no Grupo Bambu, sob um campo compressivo com 01 equatorial. Neste sistema, as fraturas reativadas correspondem a fraturas de cisalhamento, sendo seu par conjugado menos desenvolvido, pois esta direo no apresenta um padro ntido no embasamento. A sequncia de figuras, de 6A a 6F, sintetiza esquematicamente a gnese e evoluo tectnica da bacia. EVOLUO PALEOGEOGRFICA A evoluo paleogeogrfica da Bacia Sanfranciscana foi fortemente controlada pelos estgios tectnicos que condicionaram os perodos de deposio e de eroso. O balano deposio/eroso foi responsvel pelo desenvolvimento de trs grandes descontinuidades reconhecveis por toda a extenso da bacia. A primeira superfcie limitante representada por uma discordncia erosiva, localmente angular que separa os estratos glaciognicos neopaleozicos das rochas do embasamento. Aps o trmino da sedimentao do Grupo Santa F, todo o pacote foi submetido a sucessivos retrabalhamentos, atuantes principalmente no incio do Mesozico, em resposta aos reequilbrios isostticos ps-glaciais. A preservao de sedimentos do Grupo Santa F foi possibilitada em funo de presena de depresses no embasamento, em grande parte resultantes da geomorfologia glacial. A distribuio das fcies glaciais e sua relao com exposies do embasamento mostra que o paleo relevo poca glacial foi arrasado, contudo preservando reas elevadas isoladas. A segunda descontinuidade importante representada pela superfcie que separa as unidades do Cretceo Inferior (formaes Abaet, Quiric e Trs Barras) do Grupo Santa F e do embasamento. representada por uma discordncia erosiva e localmente angular. Na Sub-Bacia Abaet esta superfcie irregular, apresentando topografia com desnveis de at l00m, sendo condicionada pelas falhas precursoras desta sub-bacia. Na Sub-Bacia Urucuia e no Alto do Paracatu, esta discordncia representada por um plano mais regular, sendo apenas mais escavada sobre os sedimentos glaciais, onde a Formao Abaet pode alcanar dezenas de metros de espessura. A terceira importante superfcie limita as unidades do Cretceo Superior de todas as unidades mais antigas da bacia. Representa uma discordncia erosiva e localmente paralela. Esta superfcie limitante pode ser dividida em dois segmentos: um no extremo sul da Sub-Bacia Abaet e outro no resto da bacia. A Figura 7 mostra de forma comparada a evoluo das bacias do Paran e Sanfranciscana. Na Sub-Bacia Abaet, esta discordncia pouco exposta em virtude de seu recobrimento por fcies epiclsticas. Contudo seu aspecto escalonado evidenciado pelas variaes de espessura de Grupo Mata da Corda. Neste segmento, esta discordncia separa as rochas vulcnicas e epiclsticas de arenitos do Grupo Areado e, apenas localmente, separa rochas epiclsticas de metapelitos do Grupo Bambu.

292
Figura 6A - Estgio tectnico Paleozico. Um baixo relativo entre duas cadeias de montanhas representou a calha que definiu a Proto Bacia Sanfranciscana. As cadeias de montanhas (faixas Braslia, Araua e Espinhao Setentrional) foram soerguidas durante o ciclo brasiliano. Os sedimentos glaciais se depositaram ao longo da poro central desta calha.

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 27,1997

Figure 6A - Paleozoic tectonic stage. A relative low between two mountains range represented the trough that defmed the Sanfranciscana Protobasin. The mountain ranges (Braslia, Araua and Northern Espinhao belts) were raised during the brasiliano cycle. The glacial sediments deposited the central portion of this trough. Figura 6B - Estgio tectnico Neopaleozico/Eomesozico. Corresponde a importantes reequilbrios isostticos ps-glaciais. Os soerguimentos regionais foram responsveis pelo intenso retrabalhamento dos sedimentos depositados no Paleozico. O tamanho dos crculos proporcional magnitude do soerguimento.
Figure 6B - Neopaleozoic/Eomesozoic tectonic stage. It corresponds to important post glacial reequilibration. The regional uplift was responsible for intense reworking of the sediments deposited in the Paleozoic. The circle size indicates the uplift magnitude.

Figura 6C - Estgio tectnico Barremiano/Aptiano. Corresponde fase principal de estiramento crustal da ruptura gondunica. No segmento sul, este processo reativou estruturas brasilianas presentes no emba-samento, enquanto na poro norte a dissipao do stress se deu no domnio elstico no desenvolvendo efeitos tafrognicos. A dimensso das setas indica a magnitude da extenso. Figure 6C - Barremian/Aptian tectonic stage. It corresponds to the main stretching phase of the Gondwana drift. In southern portion this process reactivated neoproterozoic lineaments present in the basement, while in the northern portion the energy dissipation was in the elastic domain and do not developed tafrogenic structures.

Figura 6D - Estgio tectnico Albo/Cenomaniano. Equivalente fase ps-rifte da margem continental Este evento foi responsvel pela inverso do campo de tenses que passou de extensivo a compressivo. A atuao de tenses intra-placa amplificou a subsidncia flexural, sendo responsvel pela criao da grande calha rasa na qual se depositou o Grupo Urucuia. Figura 6E - Estgio tectnico Campaniano/Maastrchtiano. Apenas registrado na Sub-Bacia Abaet. Se desenvolveu a partir da atuao das falhas transformantes no incio da formao do assoalho ocenico, na fase de mar aberto da margem continental. Este estgio foi responsvel pelo desenvolvimento de grabens e pela implantao do magmatismo relacionado ao Grupo Mata da Corda. Figura 6F - Estgio tectnico Tercirio. Esta fase caracterizada pela reativao neotectnica da bacia, produzindo um padro retangular de drenagens (muito bem representado na Sub-Bacia Urucuia). As estruturas reativadas so bem desenvolvidas no embasamento, sendo sua gerao resultado da atuao de um elipside de tenso com esforo mximo compressivo aproximadamente equatorial.
Figure 6F - Tertiary tectonic stage. This phase is characterized by the neotectonic reactivation of the basin, producing a retangular dranaige pattern (evident in the Urucuia Sub-Basin). The reactivated structures are well developed in the basement, and were originated by an equatorial stress elipsoid. Figure 6E - Campanian/Maastrichtian tectonic stage, observed only in the Abaet Sub-Basin. It developed after the activity of the transform faults in the beginning of the oceanic floor generation in the open sea phase, of the South Atlantic evolution. This stage was responsible for the development of grabens and alkaline magmatism in the Mata da Corda Group. Figure 6D - Albian/Cenomanian tectonic phase. This phase is equivalent to the South Atlantic post rift stage. This tectonic event was responsible for the compressive stress field inversion. The activity of in-plane stress magnified the flexural subsidence, creating the great trough where the Urucuia Group was deposited.

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 27,1997

293

Figure 7 - Regional palaeogeographic evolution of the Sanfranciscana Basin. 1 Late Paleozoic - Santa F Group deposition from the north portion of the basin. 2 Early Mesozoic - intense erosive processes reworked the Santa F Group. 3 Early Cretaceous - Grupo Areado deposition and development of tafrogenic features in the Areado Sub-Basin. Beginning of the Alto Paranaba uplift. 4 Late Cretaceous - main phase of the Alto Paranaba uplift. Deposition of the Urucuia Group and alkaline magmatism in the uplifted area. 5 Cenozoic - Acumulation of the Chapado Formation, and onset of the present geomorphological surface and incision of the mesas and plateau land forms (Modified from Hasui & Haraliy 1991).

Figura 7 - Evoluo paleogeogrfica regional da Bacia Sanfranciscana. l Neopaleozico - deposio do Grupo Santa F a partir do norte da bacia. 2 Eomesozico -intensos processos erosivos so responsveis pelo retrabalhamento de grande parte da sucesso Santa F. 3 Eocretceo - deposio do Grupo Areado e desenvolvimento de feies tafrogenticas na Sub-Bacia Abaet. Incio do soerguimento do Alto Paranaba. 4 Neocretceo - fase principal do Soerguimento do Alto Paranaba. Deposio do Grupo Urucuia e desenvolvimento do magmatismo alcalino na rea afetada pelo soerguimento. 5 Cenozico - Acumulao da Formao Chapado, desenvolvimento da atual superfcie de relevo e inciso das formas geomorfolgicas de mesetas e extensas chapadas. (Modificado de Hasui & Haraliy 1991).

REFERENCIAS
Alkmin, F.F.; Chemale, F.; Bacellar, L.A.P.; Oliveira, J.R.P. & Magalhes, P.M. 1989. Arcabouo estrutural da poro sul da Bacia do So Francisco. In: Simpsio de Geologia de Minas Gerais, 5. Anais...Belo Horizonte, SBG. 281288. Arago, M.A.N.F. 1994. Arquitetura, estilos tectnicos e evoluo da Bacia do Recncavo, Brasil. In: Simp. sobre o Cretceo do Brasil, 3. Boletim...... Rio Claro. SBG. p. 165-167. Arago, M.A.N.F. & Perano, A.A. 1994. Elementos estruturais do rifte Tucano/Jatob. In: Simpsio sobre o Cretceo do Brasil, 3. Boletim...... Rio Claro. SBG. p. 161-164. Asmus, H,E. & Porto, R. 1980. Diferenas nos estgios iniciais da evoluo da margem continental brasileira: Possveis causas e implicaes. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 31. Cambori, 1980. Anais...Cambori. SBG. p. 225-239.

294
Asmus, H.E. 1978. Hipteses sobre a origem dos sistemas de zonas de fratura ocenicas/ alinhamentos continentais que ocorrem nas regies sudeste e sul do Brasil. In: Projeto REMAC, no. 4. Petrobrs. Rio de Janeiro. p. 39-75. Assumpo, M.; Suarez, G. & Veloso, J.A.V. 1985. Fault plane Solutions of intraplate earthquakes in Brazil: some constraints on the regional stress feld. Tectonophysiscs, 113:283-293. Bacellar, L.A.P. 1989. Geologia estrutural do Supergrupo So Francisco ao longo da seo regional Coromandel-Trs Marias-Conselheiro Mata, M.G. UFOP Dissertao de Mestrado (indita). Ouro Preto, 129p. Bailey, D.R. 1974. Continental rifting and alkaline magmatism. In: Sorensen, H. (Ed.). The Alkaline Rocks. John Willey & Sons. New York. p. 148-159. Bizzi, L.A.; De Wit, M.J.; Smith, C.B. & Armstrong, R.A. 1993. Caractersticas isotpicas e origem dos kimberlitos e vulcnicas alcalinas relacionadas em Minas Gerais. In: Simpsio Brasileiro sobre a Geologia do Diamente, Brasil. Geol. Diamante. 1. Anais...Cuiab. UFMT Publ. Esp. 2/93. p. 141-151. Bizzi, L.A.; Smith, C.B.; Meyer, H.O.H.; Armstrong, R. & De Wit, MJ. 1991. Mesozoic kimberlites and related rocks in southwestern So Francisco Craton, Brazil: A case for local mantle reservoirs and their interaction. Sth International Kimberlite Conference. Extended Astracts. Brazil. p. 17-19. Borges, M.S.; Igreja, H.L.S.; Costa, J.B.S. & Hasui, Y. 1990. Investigaes tectnicas no Mesozico do estado do Tocantins: Formao Urucuia. In: Simpsio sobre o Cretceo do Brasil, 1. Boletim...... Rio Claro. SBG. p. 25-26. Brown, L.D. & Reilinger, R.E. 1986. Epeirogenic and intraplate movements. Active Tectonics, Studies in Geophysiscs, National Academic Press, Washington DC. p. 30-44. Chang ,H.K.; Bender, A.A & Kowsmann, R.O. 1992. O papel das tenses intraplaca na evoluo de bacias sedimentares: exemplo da Formao Urucuia. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 37. So Paulo, 1992. Anais...So Paulo, SBG. Vol. 2,. 568 e 569. Chang, H.K. & Kowsmann, R.O. 1991. Significado dos diques do arco de Ponta Grossa na abertura diferencial do Atlntico sul. In: Simpsio Nacional de Estudos Tectnicos, 3, Boletim Resumos Expandidos.... Rio Claro. SBG. p77-78. Chang, H.K.; Kowsmann, R.O. & Figueiredo, A.M.F. 1990. Novos conceitos sobre o desenvolvimento das bacias marginais do leste brasileiro. In: Raja Gabaglia, G.P. & Milani, E.J. (Coord.). Origem e evoluo de bacias brasileiras. Petrobrs Rio de Janeiro, p. 269-289. Cloething, S.; McQueen, G. & Lamberk, K. 1985. On a tectonic mechanism for regional sea level variations. Earth & Plan. Sc. Letters, 75:157-166. Costa, M.T. 1963. Estrutura geolgica dos cerrados. Departamento de Pesquisas e experincias Agropecurias, MIN. AGRIC, Bol. 15. Cremonini, O.A. 1995. A reativao tectonica da Bacia Potiguar no Cretceo Superior. In Simpsio Nacional de Estudos Tectnicos, 5, Gramado, SBG, p.277-280. D'Arrigo, H.B.P. & Alkmin, F.F. 1995. O Alto de Sete Lagoas e sua reativao. In Simpsio Nacional de Estudos Tectnicos, 5, Gramado. SBG. p.21-22. Gibbs, A.D. 1984. Structural evolution of extensional basin margins. Jour. Geol. Socie. London, 141:1137-1152. Hasui, Y. 1968. A Formao Uberaba. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 22. Belo Horizonte, 1968. Resumo das Comunicaes. Belo Horizonte. SBG. Vol., p. 167-179. Hasui, Y. 1990. Neotectnica e aspectos fundamentais da tectonica ressurgente no Brasil. In: 1. Workshop sobre neotectnica e sedimentao Cenozica continental no sudeste brasileiro. SBG Ncleo Minas Gerais. Belo Horizonte Boi. 11. p. 1-31. Hasui, Y. & Haralyi, N.L.E. 1991. Aspectos lito-estruturais e geofsicos do soerguimento do Alto Paranaba. Geocincias, So Paulo, 10:57-77. Hasui, Y.; Sena Costa, J.B.; Borges, M.S.; Assis, J.F.P.; Pinheiro, R.V.L.; Bartorelli, A.; Pires Neto, A.G. & Mioto, J.A. 1991. A borda sul da Bacia do Parnaba no Mesozico. In: Simpsio Nacional de Estudos Tectnicos. 3. Boletim Resumos Expandidos...Rio Claro. SBG. p.93-98. Karner, G.D. 1986. Effects of lithospheric in-plane stress on sedimentary basin stratigraphy. Tectonics, 5:573-588. Karner, G.D.; Steckler, M.S. &Thorne, J.A. 1983.Long-term-thermo-mechanical properties of the continental lithosphere. Nature, 304:250-253.

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 27,1997


Lesquer, A.; Almeida, F.F.M.; Davino, A.; Lachaud, J.C. & Maillard, P. 1981. Signifcation structurale des anomalies gravimtriques de Ia partie sud du Craton de So Francisco (Brsil). Tectonophysics, 76:273-293. Magalhes, L.M.; Chemale Jr, F.; Alkmin, F.F. 1989. Estilo tectnico da poro sudoeste da Bacia do So Francisco. Simpsio de Geologia de Minas Gerais, 5, Belo Horizonte, 1979. Atas...Minas Gerais, Belo Horizonte, SBG. p.284-288. Magnavita, L.P. 1993. Reativao do embasamento pr-cambriano durante a abertura cretcea do rifte do Recncavo-Tucano-Jatob, NE Brasil. In: Simpsio do Craton do So Francisco, 2. Anais... Salvador. SBG. p. 227-229. Martins, M.; Teixeira, L.B. & Braun, O.P.G. 1993. Bacia do So Francisco: uma fronteira exploratria na pesquisa de petrleo do Brasil. In: Simpsio de Geologia de Minas Gerais, 7. Anais... Ouro Preto, SBG. p. 55-57. McKenzie, D. 1978. Some remarks on the development of sedimentary basins. Earth and Plan. Sc. Let., 40:25-32. Mrner, N.A. 1993. Neotectonics, the New Global Tectonic Regime During the Last 3 Ma and the Initiation of Ice Ages. Anais Academia brasileira de Cincias, 65:295-301. Oliveira, J.R.P.; Alkmin, F.F & Chemale Jr., F. 1989. Comportamento estrutural do Supergrupo So Francisco na regio de Montes Claros/MG. In: Simpsio de Geologia de Minas Gerais, 5. Anais...Belo Horizonte, SBG. p. 281288. Pinho, J.M. & Dardenne, M. A. 1994. Comportamento da Falha Joo Pinheiro na regio homnima, MG. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 38. Camboriu, 1994. Boletim de Rresumos Expandidos. ...Cambori, SBG. Vol. l.p.249-250. Saadi, A.; Valado, R.C. & Silveira, J.S. 1991a. Vulcanismo extrusivo e tectonica Cretceos no centro-sul de Minas Gerais. In: Simpsio Nacional de Estudos Tectnicos, 3. Boletim Resumos Expandidos.... Rio Claro. SBG. p. 88-92. Saadi, A.; Hasui, Y. & Magalhes, F.S. 1991b. Informaes sobre a neotectnica e morfognese de Minas Gerais. In: Simpsio Nacional de Estudos Tectnicos, 3. Boletim Resumos Expandidos....Rio Claro. SBG. p. 105-106. Sawasato, E.Y. 1995. Estruturao da poro meridional da Bacia Alto-Sanfranciscana - Cretceo do oeste de Minas Gerais. Dissertao de Mestrado. UFOP. Ouro Preto. 127pp. (indita). Schobbenhaus, C.; Campos, D.A.; Derze, G.R. & Asmus, H.E. 1984. Geologia do Brasil. Texto explicativo do mapa geolgico do Brasil e da rea ocenica adjacente incluindo depsitos minerais (escala 7.-250.000J.MME/DNPM Braslia. 501p. Supe, J. 1985. Principies of Structural Geology. Prentice-Hall, Inc. Englewood Cliffs. Sylvester, A.G. & Smith, P.R. 1976. Tectonic transpression and basement-controlled deformation in San Andreas fault zone, Salton Trough, Califrnia. AAPG Bull., 60:2081-2102. Ussami, N. & S, N.C. 1993. Digital (10' X 10') gravity maps of the So Francisco Craton and marginal fold/thrust belts. In: Simpsio do Craton do So Francisco 2. Anais... Salvador. SBG. p. 137-139. Zlan, P.V. 1986a. A tectonica transcorrente na explorao de petrleo: uma reviso. Revista Brasileira de Geocincias, 16:245-257. Zlan, P.V. 1986b. Identificao de falhas transcorrentes em sees ssmicas. Revista Brasileira de Geocincias, 16:257-265. Zlan, P.V., Wolff, S.; Conceio, J.C.J.; Marques, A.; Astolfi, M.A.M.; Vieira, I.S.; Appi, Z.P. & Zanotto, O.A. 1990. Bacia do Paran. In: Raja Gabaglia, G.P. & Milani, E.J. (Coord.). Origem e evoluo de bacias brasileiras. Petrobrs, Rio de Janeiro, p. 135-168. Zoback, M.L.; Zoback, M.D.; Adams, J.; Asssmpo, M.; Bell, S.; Bergman, E.A.; Blumling, P.; Brereton, N.R.; Denham, D.; Ding, J.; Fuchs, K.; Gay, N.; Gregersen, S.; Gupta, H.K.; Gvishiani, A.; Jacob, K.; Klein, R.; Knoll, P.; Magee, M.; Mercier, J.L.; Muller, B.C.; Paquin, C.; Rajendran, K.; Stephansson, O.; Suarez, G.; Suter, M.; Udias, A.; Xu, Z.H. & Zhizhin, M. 1989. Global patterns of tectonic stress. Nature, 341:291-298.

MANUSCRITO A-919 Recebido em 04 de junho de 1997 Reviso dos autores em 20 de setembro de 1997 Reviso aceita em 10 de outubro de 1997

Você também pode gostar