Liberdade Perseguida: Do Sonho Americano a Alguns Meses em Uma Prisão Federal
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Liberdade Perseguida - Janaina Nascimento
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Aprendendo
Dia de compras
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Diário de uma presidiária
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Carta para mim
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Dias difíceis
Casa à vista
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Volta para casa
A dor foi tomando conta
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A vergonha não prospera na empatia
Renasci aos 40
Liberdade perseguida
Do sonho americano a alguns meses em uma prisão federal
Editora Appris Ltda.
1.ª Edição - Copyright© 2023 da autora
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.Catalogação na Fonte
Elaborado por: Josefina A. S. Guedes
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Editora e Livraria Appris Ltda.
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Curitiba/PR – CEP: 80810-002
Tel. (41) 3156 - 4731
www.editoraappris.com.br
Printed in Brazil
Impresso no Brasil
Janaina Nascimento
Liberdade perseguida
Do sonho americano a alguns meses em uma prisão federal
Escrevi para curar.
A todos que, mesmo no escuro absoluto da alma,
reencontraram sua luz!!!
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha mãe por estar sempre do meu lado, apoiando-me e abastecendo-me de força e palavras que não me deixaram desistir. Não só quero agradecer, mas também pedir desculpas por tê-la feito sofrer tanto, mesmo sem intenção: te amo, com todo meu coração!!!
À Joice Toledo que, sempre com palavras de amor e gestos de carinho, deixou meu caminho menos pesado e, sempre que podia, dirigia quatro horas para passar alguns dias comigo e me tirar do lugar sombrio que eu estava dentro de mim. Obrigada por não ter desistido de mim, mesmo quando eu não atendia ao telefone e dizia que não atenderia a ninguém.
Sandra Romero, obrigada por todas as vezes em que parou sua vida para falar comigo via vídeo quando eu estava no campo, era uma injeção de ânimo e foi extremamente importante na minha jornada lá dentro.
Luiza Lefosse, obrigada por ser uma amiga tão cuidadosa, atenciosa e carinhosa, meus olhos brilhavam quando estava no campo, e chegavam suas cartas e fotos. Eu sabia que aqueles envelopes estavam carregados de amor, palavras lindas. Você sempre escrevia coisas que me faziam olhar para dentro e lembrar quem eu era e quão forte podia ser.
Gilsa Messias, obrigada, amiga, por estar sempre por perto, mesmo estando superlonge, e ajudar a manter meu alicerce em pé.
Vocês todas foram superimportantes em todos os pontos, começo, meio e fim. Cada uma à sua maneira, mas todas essenciais, e sei que se não fosse por vocês eu não teria aguentado, obrigada por tanto amor, pelas noites e pelos dias de choros, nos quais, por muitas vezes, choramos juntas. A vida nos uniu pelo amor, mas a dor mostrou que nada nos separa, amo vocês!!!
Dr. João Bosco Millen, meu admirado terapeuta, você foi fundamental para que eu tomasse em mãos novamente minha existência e enxergasse que minha vida não tinha acabado após tudo, mas que apenas recomeçava.
PREFÁCIO
Caro leitor, desculpem-me começar prefaciando o livro de Janaina sem inicialmente muito me referir a ela. Proponho que me acompanhem em raciocínios que talvez sejam chaves para questões que se apresentarão nos desvelamentos dos seus futuros relatos. Compõe os processos psicodiagnósticos um teste denominado desiderativo. Significa deixar de ser
e a aplicação da testagem é relativamente simples. Direcionamos o candidato às seguintes perguntas: se voltássemos à Terra não mais como seres humanos, possivelmente como animais, como gostaríamos de voltar? E a pergunta se repetirá atravessando do reino animal para o vegetal e, finalmente, terminará no plano mineral.
Na sequência, traremos exemplos de questões relativas à natureza das plantas e à história específica de dois animais distintos, a saber, um gato e uma cachorra. As coisas
eternas são de fato as mais resistentes! Em oposição às sólidas edificações arquitetônicas dos corpos de concretos, das formações rochosas e dos nossos próprios invólucros, estão as energias e as propriedades que silenciosamente nos retirarão dos jogos da vida. Os elementos responsáveis pelas drásticas erosões, desaparecimentos e extermínios são de naturezas invisíveis? Sim, a resposta é afirmativa, pois nos impressiona a drasticidade somada à potência da água, dos aspectos temporais e do vento nas incumbências de esterilização e de destruição dos corpos terrestres. Nessa sequência de raciocínio, serão os sopros vitais, as luzes, as névoas e os aromas de frágeis naturezas? As energias de renovação, os fluidos vitais parecem-nos subjacentes a todas as coisas que paradoxalmente se exibem de forma invisível aos nossos olhos.
Algumas vegetações perseveram em se proliferar nos lugares mais inusitados. Comumente as vemos vivíssimas nas fendas dos asfaltos quentes, e em geografias áridas e inóspitas. Estabeleço aqui um paralelo entre as dores psíquicas, o sofrimento, com a insistente sobrevivência das vegetações. A exemplo de muitos outros exibidos na própria exuberância da flora, compreendemos que ambos os fenômenos, dor versus resistência, podem se exibir de onde não poderíamos imaginar... A surpresa da resistência está presente nas menores frestas de se tornarem saudáveis, viçosas e potentes! A existência humana, por muitas vezes, aponta-nos para sentidos deploráveis, ruins, análogos a esses hábitats asfálticos
citados. São imposições doloridas, imperativas aos nossos desejos; túneis nos quais nos alojamos
em detrimento das agradáveis moradias amplas, confortáveis e ensolaradas. Em uma noite de inverno, passamos de carro por cima, e não em cima, de um gatinho que nos parecia morto, pois estava estirado ensanguentado no asfalto. Ao passarmos, vimos que o bichano virara de lado a cabeça. Paramos o carro e o envolvemos em um pano. Levamos o animal para casa, não imaginando que pudesse sobreviver — eram só fortes gemidos de dor. Havia uma pequena fagulha
de energia vital, todavia, ela se expandiu para o dia seguinte e Nietzsche, o gato, sobreviveu a todas as doloridas cirurgias às quais teve de se submeter, viveu por muitos anos e se tornou um amigo fidelíssimo.
Noutra madrugada fria de outro inverno, estava na curva do rio Paraíba um rapaz pronto para se desfazer de uma ninhada de cachorrinhos, os jogaria criminosamente na água. Pegamos os filhotes e os tomamos para adoção. Eis que surge na nossa vida uma cadelinha de 20 dias batizada de Iole. A prova da amizade entre humanos, eu a delineei aqui. Agora, eis uma amiga incontestavelmente fiel. Se as memórias são significativas para alguma extração e composição das histórias, a não mais mocinha Iole testemunhou ao meu tempo o muito de gostos e desgostos. Sempre me surpreendo com seu vigor. Talvez agora, inversamente, saiba de mim mesmo o que ainda não conhecia. Serei mais atencioso em aprender, em ouvi-la atentamente em seus latidos, em ler o que ela escreve em seus gestos.
Mas o que essas histórias de vegetais, cachorros e gatos têm a ver com o que nos conta Janaina? A ressurreição e o fluido vital dessa moça são absolutamente sincrônicos aos destinos dos seres sobreviventes. Janaina é uma sobrevivente do sistema, do asfalto, do atropelamento e, sobretudo, da covardia dos grandalhões. A moça de Bragança Paulista em tenra idade deixou a família e partiu — pegou a estrada e alçou voo para a América do Norte. Posteriormente, viu-se atropelada por pequenos artifícios impiedosos da lei que lhe imputaram covardemente o encarceramento e a restrição da liberdade. Esses sujeitos ocultos ou indeterminados da sociedade são aqui similarmente comparados aos párias que ignoraram o que há de humanidade nas vidas descritas anteriormente, a fim de condenar o outro à mais dilacerante crueldade. Conheci-a murcha, desvitalizada e deprimida, como obviamente haveria de ser; vê-la naquela tarde me mobilizou de forma semelhante como me mobilizou o gato Nietzsche. Nutri sérias expectativas de revê-la e ansiosamente esperava que as minhas palavras lhe produzissem algum alento. Ao revê-la, pude constatar que Janaina carregava consigo as marcas das vegetações resistentes e dos animais sobreviventes. Superação é uma característica marcante da sua personalidade. Janaina se renova a cada dia e, como toda pessoa bem lograda, deixa de lado o que necessita esquecer. Costumo lhe dizer que o seu ímpeto no caso anda mais rápido do que a pessoa — quando esperamos vê-la passar na estrada, ela já chegou voando ao lugar desejado.
O livro de Janaina não é só instigante por nos apresentar uma ótima história de superação, mas é também sensacional por apontar nuances deliciosas das redes da existência à qual estamos amalgamados. Janaina será sempre lembrada por mim como um ramalhete do asfalto, uma gata atropelada, uma cachorrinha fiel. Para esse grande ser humano, dedico todo o meu afeto e admiração.
Dr. João Bosco de Camargo Millen
Psicanalista
Hoje eu prefiro coragem ao invés de conforto!
(Brené Brown)
Como o sonho americano aconteceu na minha vida
Em Bragança Paulista, uma cidade pequena a mais ou menos 80 quilômetros da capital de São Paulo, em uma casa muito simples de chão de cera vermelho lustrado, que poderia refletir como um espelho, com cômodos bem pequenos, lá estávamos nós, uma grande parte da família reunida, sentada na sala, assistindo a uma fita VHS em um videocassete comprado por mim com o dinheiro do meu trabalho, aos 16 anos. Olhávamos atentamente o vídeo mágico que era um universo desconhecido para todos de uma viagem a Disney que uma amiga havia feito há pouco tempo. Meus olhos ficaram vidrados, coração batendo acelerado e com todo o ímpeto que sempre me foi peculiar, toda efusiva, eu disse: um dia irei lá!!
. Um parente friamente responde e me diz onde eu estava com a cabeça em pensar algo assim, se meus pais estavam com dificuldade até para pagar a luz e pôr comida na mesa, imagine bancar uma viagem internacional. Senti-me talvez afrontada, mas eu sabia que com esforço e muito trabalho poderia conseguir o que queria. Comecei a trabalhar desde muito cedo, aos 14 anos, para ajudar em casa, e estava obcecada para quebrar o ciclo de pobreza que existia desde sempre por gerações e gerações. Obviamente, ele não queria estragar meus sonhos, mas suas crenças limitantes socioeconômicas não o deixavam sonhar ou pensar mais além, como dizem hoje, pense fora da caixa
. Ainda bem que desde muito pequena eu sabia muito bem onde gostaria de chegar e em minha cabeça, com um olhar irônico, pensei: então veremos!!
.
Nessa época, eu não era uma menina nada normal para a idade, era muito além do meu tempo em todos os sentidos. Desde muito nova já tinha foco para conseguir tudo que queria e tinha um dom para a venda inquestionável. Imagine você que por volta de meus 11 anos de idade, quando a situação financeira era bem melhor do que a citada anteriormente, meu pai me deu um computador infantil que se chamava Pense Bem: era o que tinha de mais tecnológico no mercado e era caríssimo, foi comprado com muito sacrifício. Mas o que eu queria mesmo era um par de patins, vivia nessa época numa rua cheia de lojas e sempre passava por uma em que via um par de patins laranja com rodas verdes fluorescentes, mas não ganhei, pois meus pais tinham medo que eu me matasse, já que me comportava muito mais como menino do que menina; cresci rodeada de primos e numa família de nove irmãos por parte de mãe, na qual fui a primeira menina. Quando ganhei o presente, que foi tão difícil de comprar, mostrei uma insatisfação genuína e quando meus pais saíram para trabalhar, peguei o computador infantil, fui ao centro da cidade e comecei a oferecer a todos que passavam na rua, naquele mesmo dia conseguir vender e comprar meu desejado patins. Obviamente, levei uma grande bronca e me colocaram de castigo, mas até aí eu já havia chegado ao meu objetivo e estava feliz da vida, praticando como andar nos patins num longo corredor com uma porta que dava para uma funerária: era a única passagem para chegar à casa dos fundos onde eu morava. Não era legal morar no fundo de uma funerária e eu não gostava, mas era que os meus pais podiam pagar na época e tinha um moço lindo que trabalhava lá, acho que hoje ele seria considerado meu primeiro crush (LOL). Eu até olhava a loja semanalmente para ver os novos caixões que chegavam e sabia qual gostaria de ter, hoje acho macabro, mas era só uma criança me adaptando à realidade. Voltando aos patins, em pouco tempo eu já andava na cidade inteira, pegava rabeira em ônibus, e isso se tornou meu meio de transporte e uma dor de cabeça gigante aos meus pais que, vez ou outra, me viam parada no farol para pegar uma carona com um ônibus, carro e moto para explorar a minha nada plana cidade.
Meu segundo trabalho, aos 14 anos de idade (o primeiro foi com a mesma idade sendo office-girl de uma empresa de contabilidade), foi na melhor loja da minha cidade, não sei por que me contrataram nem me lembro como cheguei até lá, mas comecei a trabalhar e vendia muito bem, a dona da loja estava muito contente comigo, porém sabia que eu era um diamante a ser lapidado e que o meu potencial era incrível. Eu tinha pena de ver as pessoas gastarem tanto dinheiro em peças tão caras e isso inibia um pouco as minhas vendas. Então, um dia ela me levou a São Paulo, cidade onde havia estado poucas vezes porque o dinheiro não sobrava, na época eu nem sabia o que era Gucci, Armani, Prada etc., e o carro-chefe da loja era a marca Ellus. Foi então que em São Paulo fomos a um shopping só de magnata, como meu pai dizia, e ela me levou nessas lojas caríssimas e me mostrava o valor de suas peças e qualidades. Logo após esse passeio ao shopping, que foi maravilhoso porque vi uma vida, pessoas, lugares que nunca tinha visto antes, fomos à fábrica da Ellus, e o representante da marca me levou para conhecer todo o processo de fabricação e qualidade. Aquilo para mim foi um divisor de águas e vi que podia entregar grande qualidade por um preço muito menor, passei a vender horrores na loja e ninguém batia as minhas vendas, aí nascia uma grande vendedora. Após um determinado tempo, a cidade de interior foi ficando muito pequena para mim e lá não poderia dar início e seguir em direção aos meus sonhos, precisava voar e voar, significava que eu precisaria me mudar e abrir meus horizontes. Aos 17 anos, passei para uma seleção da Tam Airlines e, aos 18, já estava contratada para trabalhar no maior aeroporto do país. Ah! Que delícia me lembrar dos meus 18 anos: a primeira coisa que fiz quando os cumpri foi correr para tirar a carteira de motorista para poder dirigir meu carro, que eu já havia comprado mesmo antes de ter a carteira e não via a hora de sair com o meu possante
, um Ford KA cinza, na época. Assim que tirei minha carteira, já comecei ir de carro para São Paulo, me sentia desbravando o mundo. Nesse princípio, eu contava com o meu pai que me levava a São Paulo para trabalhar. Eu começava às 16hrs, ele ficava no aeroporto sentado até meia-noite esperando eu sair para voltarmos para nossa cidade. Ele fez isso várias e várias vezes, até que eu pudesse ir e voltar sozinha me sentindo segura. Sim, eu sei, ele era demais, depois de todo esse ato de amor eu já estava pronta para ir sozinha e passei a morar em Guarulhos.
No aeroporto, eu passei a me questionar sobre o quanto o mundo era grande e como eu queria mais, também sobre meu sonho de conhecer o Mickey. Foi então que após quase dois anos trabalhando no aeroporto, decidi que iria para os Estados Unidos. Dei início ao processo de documentação para tirar o visto, minha intenção era de passar um mês, trabalhar e, na minha cabeça, trabalhando um mês já seria o suficiente para ganhar dinheiro e terminar de pagar meu carro. Obviamente que as coisas não foram assim, começaria uma longa jornada até os dias de hoje.
Chegando e partindo da terra do Tio Sam
Aos 19 anos, quando cheguei aos Estados Unidos na cidade de Miami, o frio na barriga começou quando saí do avião e olhei aquele aeroporto imenso rumo à temida imigração americana. Lá fui eu gastar meu pobre inglês e explicar que estava viajando de férias. Eu imaginava que eles me dariam uma estadia de seis meses, mas me deram um mês. Então, fui em busca da minha mala, trazia comigo esperança, entusiasmos, excitação e na bagagem alguns pertences para supostamente ficar um mês, além de cinco quilos de feijão, isso mesmo, cinco quilos de feijão! Imagine você que isso aconteceu há mais ou menos 20 anos, não tínhamos todas as facilidades de comunicação e informação que temos hoje e ficar sem feijão para mim, decididamente, não era uma opção. Então, na dúvida e sem saber que isso poderia ter me trazido problemas, lá fui eu e entrei feliz no país.
Saindo do aeroporto, tinha uma pessoa me esperando com uma plaquinha com o meu nome. Era a pessoa encarregada de me levar ao apartamento que havia alugado no centro da cidade, mas tarde viria a ser meu marido.
Chegando ao apartamento, um prédio histórico muito bonito, mas de apartamentos muito simples, eu dividiria esse lugar com outras duas meninas. Com colchões no chão, ajustamo-nos nesse local minúsculo; dormíamos uma praticamente em cima da outra. Instalada, passei a caminhar todos os dias no centro em busca de um trabalho. Os dias foram passando, eu não encontrava emprego e o pouco de dinheiro que tinha estava acabando, na época não comprava nada na rua, cozinhava em casa, o dólar equivalia a R$ 3,70 que, na época, era considerado um valor altíssimo, até para comprar um cachorro-quente eu fazia as contas. Até que um dia, na minha busca por trabalho, vi uma mulher falando português e perguntei se ela sabia de alguém que precisava de uma pessoa para trabalhar, ela literalmente me agarrou pela mão e me disse: vou te arrumar um trabalho
, e saiu me arrastando
, até que entramos em uma loja de relógio. Ela me apresentou ao dono como sendo uma grande amiga do Brasil e ele, em inglês, disse que eu estava contratada. Eu, sem entender o que ele tinha dito, só concordando com a cabeça, aceitei o emprego e depois a mulher explicou tudo que ele havia me falado. Meu trabalho era vender relógios para o público brasileiro e eu começaria ganhando 1.250 dólares por mês, com uma rotina de