Educação a distância na transição paradigmática
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Sobre este e-book
Contudo, a introdução de sofisticados recursos tecnológicos em velhas práticas educacionais não representa, por si só, uma inovação pedagógica. Assim, os critérios para analisar as propostas de EaD não devem estar voltados para a mediação tecnológica, mas para a concepção didático-pedagógica subjacente ao suporte tecnológico e à sua utilização.
Nessa perspectiva, esse livro tem como propósito buscar, nos paradigmas emergentes que delineiam as mudanças da contemporaneidade, diretrizes para analisar e orientar propostas alternativas de EaD. A autora investiga, nessa obra, a relação entre as rupturas e os avanços no uso da tecnologia, representada pela Internet, e os da pedagogia, na construção do conhecimento. - Papirus Editora
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Educação a distância na transição paradigmática - Elsa Guimarães Oliveira
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA TRANSIÇÃO PARADIGMÁTICA
Elsa Guimarães Oliveira
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COLEÇÃO MAGISTÉRIO:
FORMAÇÃO E TRABALHO PEDAGÓGICO
Esta coleção que ora apresentamos visa reunir o melhor do pensamento teórico e crítico sobre a formação do educador e sobre seu trabalho, expondo, por meio da diversidade de experiências dos autores que dela participam, um leque de questões de grande relevância para o debate nacional sobre a educação.
Trabalhando com duas vertentes básicas – magistério/formação profissional e magistério/trabalho pedagógico –, os vários autores enfocam diferentes ângulos da problemática educacional, tais como: a orientação na pré-escola, a educação básica: currículo e ensino, a escola no meio rural, a prática pedagógica e o cotidiano escolar, o estágio supervisionado, a didática do ensino superior etc.
Esperamos assim contribuir para a reflexão dos profissionais da área de educação e do público leitor em geral, visto que nesse campo o questionamento é o primeiro passo na direção da melhoria da qualidade do ensino, o que afeta todos nós e o país.
Ilma Passos Alencastro Veiga
Coordenadora
Sabemo-nos a caminho
mas não exactamente
onde estamos na jornada.
Boaventura de Sousa Santos
AGRADECIMENTOS
Pela paciência, carinho e colaboração:
Celso, meu nego
,
Flávia, Alessandro, Emílio e Dorothéa, meus filhos queridos.
Pelo incentivo, convencimento e orientação: Regina Feltran.
Pela orientação segura e carinhosa: Ilma Veiga.
Pelas sugestões valiosas: Selva Fonseca e Sandra Vidal.
Pela revisão atenta e preciosa: Beatriz Vilela.
Pela gentileza e oportunidade de aprender com o outro
:
Maria Luíza Angelim, Leda Fiorentini,
Elizabeth Danziato, Amaralina Miranda, Ruth Gonçalves,
Carmenísia Gomes, Maria Regina Vergueiro,
alunos distantes e demais autores e atores do
3º Curso de Especialização em Educação Continuada e a
Distância da Faculdade de Educação – UnB.
Este trabalho tem um pouco de cada um de vocês!
E a Deus: por estar no mundo e viver mais esta escolha.
SUMÁRIO
PREFÁCIO
Ilma Passos Alencastro Veiga
INTRODUÇÃO
1. UMA REDE TEÓRICO-METODOLÓGICA DOS NOVOS TEMPOS, ESPAÇOS E PARADIGMAS
Os privilégios e os desafios dos novos tempos e espaços
Transição de paradigmas: Do conservador ao emergente
Educação a distância (EaD) e tecnologias de informação e de comunicação (TICs) na transição paradigmática
EaD na formação continuada de professores
2. AS MALHAS DA TRAMA DO 3 º CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO CONTINUADA E A DISTÂNCIA
DA UnB
Puxando os fios da memória da trama
Enfatizando a voz dos interlocutores/atores
Procurando estabelecer uma teia de relações
Compreendendo o emaranhado de fios da trama do 3º Curso
Comunidade de Trabalho e Aprendizagem em Rede (CTAR): Síntese da proposta pedagógica
3. PONTOS E NÓS
DA TRAMA ANALISADA
Analisando a mediação pedagógica
Reconfigurando a rede: A Comunidade de Trabalho e Aprendizagem em Rede (CTAR)
CONCLUSÃO: UMA TESSITURA EMERGENTE PARA (E NA) EaD
A rede no 3º Curso: Tecendo considerações
Pontos altos/avanços
Pontos baixos, nós
/obstáculos e desafios
Entrelaçando pontos altos do 3º Curso na formação continuada de professores
Malhas ausentes na rede da vida
BIBLIOGRAFIA
SOBRE A AUTORA
OUTROS LIVROS DA AUTORA
REDES SOCIAIS
CRÉDITOS
PREFÁCIO
Tive a grata satisfação de conhecer Elsa Guimarães Oliveira, primeiro, como colega na equipe de Didática do então Departamento de Pedagogia da Universidade Federal de Uberlândia e, depois, quando assumi a orientação acadêmica para elaboração da sua dissertação de mestrado. Desde então, tivemos a oportunidade de estreitar nossos laços amistosos e acadêmicos.
A dissertação de mestrado que analisou a teia de relações que simboliza a complexidade de uma trama de educação a distância foi elaborada na linha de pesquisa Saberes e Práticas Escolares, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia.
Agora transformada em livro, é uma versão modificada da pesquisa Educação a Distância na transição paradigmática
. Com muita seriedade e persistência, Elsa expõe e elucida a trama do 3º Curso de Especialização em Educação Continuada e a Distância
, desenvolvido pela Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), em parceria com a Cátedra Unesco de Educação a Distância.
A pesquisadora apresenta uma análise de cunho sociológico e situa como pontos altos da experiência analisada: o protagonismo do sujeito como pessoa, autor e ator do mundo; o saber da experiência – autoconhecimento, conhecimento autobiográfico; a articulação do conhecimento local e global; a adoção da pluralidade metodológica e tecnológica; a preocupação com o trabalho coletivo por meio da participação/intervenção de todos os protagonistas da ação pedagógica; a gestão colegiada do curso; enfim, ressalta lições que podem ser assumidas em propostas de educação a distância como alternativa para enfrentar os desafios da formação continuada de professores e especialistas de diferentes áreas do conhecimento.
Este livro se reveste de significado tanto para a educação como para a utilização da tecnologia na educação, em geral, e na educação a distância, de modo especial, tendo em vista que discute os avanços de uma experiência sem cair apenas nos nós
da trama.
Desde o sumário, o que mais chama a atenção do leitor é a linguagem metafórica empregada. Inteiramente comprometida com o discurso da teia de relações, Elsa concebe o trabalho como uma trama e busca novas tessituras para a educação a distância nos fios teóricos, nas malhas da trajetória metodológica que tecem novos tempos, espaços e paradigmas.
Ilma Passos Alencastro Veiga
INTRODUÇÃO
A educação a distância (EaD) no Brasil é, atualmente, um campo em visível crescimento, mas repleto de polêmicas e desafios. Num passado bem recente, a EaD era considerada uma modalidade educacional de segunda categoria, desprestigiada, encarada com desconfiança, especialmente no ensino superior. Hoje, o desenvolvimento das tecnologias avançadas de informação e de comunicação impulsiona o crescimento da EaD, reduzindo os preconceitos em relação a ela.
A introdução das tecnologias de informação e de comunicação (TICs) na educação pode não representar uma inovação pedagógica, pois a utilização de sofisticados recursos tecnológicos em velhas práticas educacionais não é garantia de uma nova educação. Assim sendo, o critério para analisar uma proposta de EaD parece não estar na mediação tecnológica, mas na concepção didático-pedagógica que subjaz tanto ao suporte tecnológico como à sua utilização na mediação pedagógica.
Assim, a EaD necessita de proposta pedagógica diferente da educação presencial e ao mesmo tempo tem de ser igual e até mais exigente do que um curso desenvolvido face a face. Como a EaD é antes de tudo educação, o que é válido na educação presencial deve ser implementado na modalidade a distância. As potencialidades que as TICs oferecem podem tornar aquela modalidade mais próxima da presencial, no que se refere à interação pessoal, e preservar a situação de distância entre professor e aluno, para aperfeiçoar o processo de comunicação mediada, de orientação sistemática e acompanhamento constante voltados para a formação de competências e atitudes que possibilitem, ao sujeito aprendiz, autonomização do processo de aprender sempre, numa autoformação contínua.
O desafio que se apresenta é buscar novos referenciais e novas mediações que possam atender a espaços e tempos diferentes, submetidos também a contextos diferentes. Esse novo jeito de conceber o processo de ensinar/aprender a distância deve afastar-se do modelo estandartizado e massificado de EaD, pertinente à racionalidade técnica, para compor projetos de caráter mais local e destinados a determinados contextos, tomando por base as condições e as possibilidades concretas das instituições e clientelas que deles venham a participar.
Nessa perspectiva, a EaD está sendo apontada como uma alternativa para enfrentar o desafio de formação docente, no momento em que uma das linhas de ação do governo brasileiro é ampliar os programas de formação – inicial e continuada – dos professores, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação no país, já que estes vêm sendo considerados, cada vez mais, importantes agentes de mudanças. Além disso, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBen (lei 9.394/1996) – exige que, até 2007, todos os professores da educação básica tenham formação superior. Entretanto, dados divulgados pelo MEC (Falcão 1999, p. 6) mostram que 801,8 mil vagas são ocupadas por professores sem diploma universitário. Isso significa um grande desafio para a União, Estados e Municípios, que terão de colocar a formação de professores como prioridade na área educacional e adotar alternativas para potencializar suas ações a fim de ampliar o acesso à universidade e ensejar um sistema de formação continuada para os professores que já têm grau superior.
O principal desafio das instituições de ensino superior, nesse contexto, superado o questionamento da EaD como forma preponderante de educação do futuro, consiste em tentar viabilizá-la, mediante projetos acadêmicos que possibilitem uma educação de qualidade para todos. Para tal, as mudanças trazidas pelo avanço tecnológico precisam ser absorvidas como conquista da humanidade e utilizadas para propiciar os mesmos avanços no campo da educação.
Diante da teia de relações que simboliza a complexidade de uma trama de EaD, nem todas as propostas de cursos têm a mesma preocupação, tampouco os mesmos princípios educacionais que norteiam a concepção, o desenvolvimento e a avaliação de um curso. Existem desde propostas que retratam um modelo de educação de massa, de cunho transmissivo e condutivista, até aquelas mais abertas, que enfatizam o processo de construção de conhecimento, a autonomia e o desenvolvimento de competências exigidas pela contemporaneidade. O fato é que a educação a distância, muitas vezes, reproduz a educação presencial tal como vem sendo, em geral, desenvolvida – de forma obsoleta para os dias atuais, mas em uma embalagem nova, sofisticada, no formato veiculado pelas avançadas tecnologias. Geralmente são cursos que disponibilizam na rede uma grande variedade e quantidade de informações, esperando que isso seja suficiente para a aprendizagem do aluno. Desenvolver um curso a distância nesses moldes acaba empobrecendo e obscurecendo as potencialidades da EaD e das TICs como um meio para desenvolver uma proposta formativa baseada numa rede de aprendizagem colaborativa.
Na trajetória investigativa de construção do objeto de pesquisa, inicialmente, percebi que a questão mais densa recaía no aspecto tecnológico da EaD, notadamente a utilização das TICs, pois esse era o enfoque predominante dos eventos – nacionais e até mesmo internacionais – que discutiam o tema em questão. Continuando nos caminhos e meandros da aventura investigativa, fui elegendo outros pontos, como as diversas e variadas formas de dinamizar a utilização dos meios eletrônicos: pesquisa, estudo de casos, resolução de problemas, construção de projetos etc. Um novo fio passou a entremear minhas inquietações: a análise de ambientes de aprendizagem, virtuais ou presenciais, que possibilitassem a troca, o diálogo, a colaboração, a elaboração conjunta, dimensões que podem ser sintetizadas na questão da interatividade. Outro impasse surgiu: quem garante a interatividade – a ferramenta de trabalho ou a orientação constante e sistemática do professor ou orientador acadêmico? Ainda sem decidir que ponto focalizar, outros nós
foram sobressaindo na trama da EaD, como, por exemplo, a questão do conhecimento: que tipo de conhecimento priorizar – o científico ou o saber prático da experiência – e qual a maneira mais adequada de organizá-lo – em disciplinas ou temas e projetos interdisciplinares, multidisciplinares ou transdisciplinares?
Considerando a mediação pedagógica como ponto relevante na EaD para superar os desafios da relação indireta e mediada entre professor e aprendizes distantes, o grande nó
da EaD parece não ser a dimensão tecnológica. Por isso, o fio condutor dessa investigação é: O que qualifica uma proposta, um projeto ou um programa de formação a distância: a proposta pedagógica que o(a) sustenta ou a utilização das avançadas tecnologias de informação e de comunicação (TICs)? Desse fio desenrolaram-se outros: a) Como se dá a mediação pedagógica de uma experiência de EaD com base nos paradigmas conservador e emergente? b) Qual é o espaço das TICs na mediação pedagógica a distância? c) Como se evidenciam, numa experiência de EaD, avanços que possam contribuir para a construção de propostas alternativas de formação a distância?
Diante desses impasses multidimensionais ou incertezas colocados em confronto com a literatura que discute as marcas da contemporaneidade – um tempo/espaço de crise de paradigmas interpretativos da realidade –, no