Curtindo rock brasileiro
()
Sobre este e-book
Leia mais títulos de Alexandre Petillo
A mulher incrível Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCurtindo samba Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA ira de Nasi Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a Curtindo rock brasileiro
Ebooks relacionados
Dias de Luta: O rock e o Brasil dos anos 80 Nota: 5 de 5 estrelas5/5Martinho conta...: Cartola Nota: 0 de 5 estrelas0 notas100 anos de música Nota: 5 de 5 estrelas5/5Legião Urbana, Dois: Som do Vinil, entrevistas a Charles Gavin Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMPB - Compositores Pernambucanos: Coletânea bio-músico-fonográfica: 100 anos de história Nota: 0 de 5 estrelas0 notasElis: Uma biografia musical Nota: 5 de 5 estrelas5/5Cheguei bem a tempo de ver o palco desabar: 50 causos e memórias do rock brasileiro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRaul Seixas: Por trás das canções Nota: 5 de 5 estrelas5/5Contrapontos: uma biografia de Augusto Licks - lado A Nota: 4 de 5 estrelas4/5Beatles: Uma história gráfica completa da banda mais amada do planeta Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLado C: A trajetória musical de Caetano Veloso até a reinvenção com a bandaCê Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMPBambas - Volume 2: Histórias e Memórias da Canção Brasileira Nota: 0 de 5 estrelas0 notasThe Smiths: A light that never goes out, a biografia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDolores Duran: A noite e as canções de uma mulher fascinante Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSambalanço, a Bossa Que Dança - Um Mosaico Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNoites tropicais: Solos, improvisos e memórias musicais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEdnardo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJimmy Page no Brasil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMPBambas - Volume 1: Histórias e Memórias da Canção Brasileira Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAngela Maria: A eterna cantora do Brasil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNirvana: A verdadeira história Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCelly Campello - A Rainha Dos Anos Dourados Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJoão Bosco, Galos de Briga: Entrevistas a Charles Gavin, Som do Vinil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLô Borges e Milton Nascimento, Clube da Esquina: Entrevistas a Charles Gavin, Som do Vinil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Outubros de Taiguara Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDo Samba à Bossa Nova: Inventando um País Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNinguém pode com Nara Leão: Uma biografia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNunca é o bastante: A história do The Cure Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAnthem: Rush nos anos 70 Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Música para você
Curso Básico De Violão Nota: 4 de 5 estrelas4/5Kit Ritmos no Violão: Aprenda 33 Ritmos e 64 Batidas no Violão Nota: 5 de 5 estrelas5/5Aprenda Violão Facilmente Nota: 5 de 5 estrelas5/5Método rápido para tocar teclado - vol. 1: Com dicionário de acordes cifrados Nota: 5 de 5 estrelas5/5Dicionário de acordes cifrados: Harmonia aplicada à música popular Nota: 5 de 5 estrelas5/5Teoria Musical E Técnica Vocal Nota: 5 de 5 estrelas5/5Glossário de Acordes e Escalas Para Teclado: Vários acordes e escalas para teclado ou piano Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Livro Do Cantor Completo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDo Zero Aos Acordes, Escalas E Campos Harmônicos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTeclado Nota: 5 de 5 estrelas5/5A arte da técnica vocal: caderno 1 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTeoria Musical Avançada Nota: 5 de 5 estrelas5/5Curso De Teclado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasModos Gregos: Guitarra Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMétodo Solo - Iniciante Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAprendendo A Aprender Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tocando Piano (Traduzido): Com Piano Perguntas Respondidas Nota: 5 de 5 estrelas5/5A essência da verdadeira adoração: Descubra como adorar a Deus de todo coração Nota: 5 de 5 estrelas5/5Piano para Iniciantes Nota: 4 de 5 estrelas4/5O som dos acordes: Exercícios de acordes para piano de jazz Nota: 5 de 5 estrelas5/5Manual Do Cantor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSongbook Chico Buarque - vol. 2 Nota: 5 de 5 estrelas5/5Alfabetização Musical: Escalas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO som dos acordes 2: Novos desenvolvimentos Nota: 4 de 5 estrelas4/5Violão Nota: 5 de 5 estrelas5/5Leitura E Estruturação Musical Nota: 5 de 5 estrelas5/5Escalas para Guitarra I Nota: 5 de 5 estrelas5/5Ministério De Louvor Nota: 1 de 5 estrelas1/5Desvendando Seu Setup Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Avaliações de Curtindo rock brasileiro
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Curtindo rock brasileiro - Alexandre Petillo
rock6
Em 1955, Nora Ney já era uma cantora consagrada. Nesse mesmo ano já tinha emplacado dois sucessos: o samba Meu lamento, de Ataulfo Alves e Jacó do Bandolim; e o samba-canção Se eu morresse amanhã, grande clássico de Antônio Maria. Não passava pela cabeça de Nora Ney, portanto, dar uma guinada na carreira, se reinventar ou buscar modismos para se enturmar. Por isso, no dia 24 de outubro de 1955, quando gravou Ronda das horas, uma das grandes rainhas do nosso rádio não tinha maiores pretensões do que apenas experimentar um gostinho daquele novo ritmo que nascia nos Estados Unidos: o tal de rock and roll. Pretensão que foi alcançada em partes. Ronda das horas fez sucesso, mas não despertou uma febre roqueira nem inaugurou uma nova cultura jovem. Mas entrou para a história como o primeiro rock gravado no Brasil. Ronda das horas é uma versão de Rock around the clock, de Bill Haley & His Comets, também uma canção pioneira no cenário roqueiro mundial. O bicho só pegou por aqui quando Rock around the clock, o filme, passou no Brasil. Todo mundo ficou louco. Do jovem Raul Seixas ao jovem Tim Maia.
Aqui assim como lá fora a juventude que assistia o filme parecia receber o capeta no corpo e subia nas cadeiras, batia uma vontade incontrolável de subir nas poltronas, quebrar tudo. As sessões de exibição em várias cidades do país invariavelmente acabavam em confusão e alguns sempre eram levados para a delegacia para esclarecer aquela possessão. A semente estava plantada e já começava a germinar. No mercado musical, nas rádios, por enquanto, pintavam apenas algumas gravações de ocasião. A RCA lançava o Elvis Presley brasileiro
, um jovem cantor de 22 anos chamado Cauby Peixoto e sua Rock and roll em Copacabana. A letra já ensinava o que era aquele ritmo louco: revira o corpo, estica o braço, encolhe a perna e joga para o ar / eu quero ver qual é o primeiro que essa dança vai alucinar / e continua a garotada na calçada a se desabafar. Basicamente é isso aí mesmo até hoje. Rock and roll em Copacabana se tornou o primeiro rock gravado em português no Brasil – já que Ronda das horas só tinha o título na língua de Romário, Nora Ney cantava a letra original em inglês.
Mas a paixão pelo rock nascia no coração dos jovens com sangue quente em diversas partes do país. Taubaté, interior de São Paulo, por exemplo. Quando um rock foi tocado numa festinha do Country Club local, os olhares de estranheza logo se transformaram em euforia e aquilo fez a cabeça de pelo menos um dos jovens ali presente: Tony Campello. O filho de Josué de Barros, o descobridor de Carmem Miranda, para desespero do pai, lustrou o topete e se tornou Betinho, talvez o primeiro verdadeiro rocker nacional, fazendo sucesso com a sua Enrolando o rock. De Minas Gerais, Carlos Gonzaga descobria o filão roqueiro romântico fazendo versões nacionais para canções de Neil Sedaka e dos Temptations.
Tony Campello estava a fim de levar a vida na música, aquela histeria que uma canção tinha causado no seu sistema nervoso não saía de sua cabeça. Deixou Taubaté e foi tentar a sorte em São Paulo e começou a trabalhar no conjunto de baile de Mario Gennari Filho. Esse trabalho o colocou no estúdio, para interpretar duas composições de Gennari: Forgive me e Handsome boy. A última, obviamente, tinha muito mais a ver com uma voz feminina, e ele teve uma brilhante ideia. Levou para interpretar a música sua irmã mais nova, que até se apresentava nas rádios de Taubaté, a Célia. O disco vendeu bem, a gravadora, Odeon, ficou feliz e nascia ali a carreira de novos ídolos da juventude: Tony e Celly Campello. O estouro veio em 1959, com Estúpido cupido, sucesso com mais de 100 mil cópias vendidas. De olho no novo filão que pintava, a TV Record lançou o primeiro programa voltado para o rock nacional que nascia: Crush em Hi-Fi.
Rock around the clock mexeu também com a cabeça de um tijucano de 16 anos, aluno do Colégio Lafayette, filho de doméstica e frequentador da Turma do Matoso. Um tal de Erasmo Carlos. O mesmo conta essa experiência na revista Rock: Aquela música me arrepiou inteiro, mexeu com os meus órgãos. Fiquei maluco
. Alguns anos depois, conheceu outro moleque também apaixonado pelo rock de Bill Haley, de apenas 15 anos, recém-chegado de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, gostava de cantar, tocava violão, já tinha se apresentado em programas de calouros no rádio. Roberto Carlos, manja? Ficaram amigos e como em toda parceria, projetos nasceram. Montaram a banda The Sputniks, que também contava com outro tijucano muito musical, Tim Maia. Um tempo depois a banda mudou de nome, virou The Snacks, em homenagem ao ponto de encontro dos fãs de rock em Copacabana.
Se o rock já fazia a cabeça de jovens pelo país, claro que já se tornava um bom negócio no Brasil e merecia espaço cada vez maior na TV. Sempre esperto com as tendências, Carlos Imperial comandava dois programas na TV Continental: Clube do Rock e Os brotos comandam. Os Snacks se apresentaram nos programas e logo ficaram amigos de Imperial, que mais tarde levou Roberto Carlos para apresentar seu trabalho em algumas gravadoras. Se no Rio tinha os Snacks, entre outros, na capital paulista também pintavam novos nomes dando mordidas no rock, como Sérgio Murilo, Ed Wilson, The Jordans, Jerry Adriani e, principalmente, Ronnie Cord. Em 1963, Cord estourou no Brasil inteiro com Rua Augusta, um belo rock composto em português. O barulho de Rua Augusta fez os executivos abrirem os ouvidos para aquela turma roqueira que estava surgindo. O rock passou a tocar sem parar com uma fileira de sucessos de Roberto e Erasmo, com a voz de Wanderléa, com Renato e Seus Blue Caps, com a Jovem Guarda. A TV Record levou aqueles jovens e bonitos ídolos para a telinha e tudo virou histeria.
Vendo essa bagunça de longe e louco para entrar na história, um soteropolitano chamado Raul Seixas. Outro que pirou quando ouviu Rock around the clock e nutria uma paixão ferrenha por Elvis Presley. Disposto a fazer história no rock, montou Os Panteras, como manda o figurino: uma potente banda de rock. Logo fizeram sucesso na Bahia e quando vieram tentar a sorte no Rio de Janeiro, convidados por Jerry Adriani, a festa já estava no fim. A Jovem Guarda já apresentava sinais de desgaste, seus expoentes já procuravam outros caminhos. Mas Raul era brasileiro e roqueiro, não desistiu. Teve a grande sacada, sacou que Chuck Berry tinha muito a ver com Luiz Gonzaga. Foi o ponto de partida para Raul se tornar o que sempre quis: ser um dos maiores nomes da história do rock nacional.
Pegue esses mesmos ingredientes que moldaram Raul Seixas, troque a paixão de Elvis pelos Beatles, e coloque tudo numa linda gatinha paulistana chamada Rita Lee. Apaixonada pelo rock, montou um grupo com amigas em meados dos anos 1960, mas tudo mudou quando ela foi aprender a tocar baixo com Arnaldo Baptista. Junto com o irmão de Arnaldo, Sérgio Dias, os três formaram a essência dos Mutantes. Talvez a maior banda de rock brasileiro da história. Figura fundamental da revolução tropicalista. Também tiveram uma bela sacada: misturar a psicodelia em voga, com as próprias pirações, o seu rock com clássicos do cancioneiro brasileiro. Influenciaram todo mundo, de Gilberto Gil a Kurt Cobain, do Nirvana. Os Mutantes só não conquistaram o mundo por um acaso do destino. Chegaram a namorar uma distribuição de seus discos em mercados estrangeiros e tiveram uma elogiada passagem pela França.
Mesmo com nossos roqueiros revelando e utilizando suas influências nacionais, a música que faziam era rotulada de americanizada pelos representantes mais conservadores da nossa música. Até mesmo uma passeata contra a guitarra elétrica na música brasileira foi organizada em São Paulo por gente como Elis Regina e Edu Lobo. Não adiantou nada, eles não estavam entendendo nada do que acontecia. O rock com muito sotaque verde e amarelo já estava incrustado no cérebro daqueles jovens bem criativos. O Tropicalismo, Secos & Molhados, Novos Baianos, Clube da Esquina, o rock rural de Sá, Rodrix & Guarabyra, as violas elétricas de Alceu Valença, Zé Ramalho, Belchior, já estavam prontas para tomar os rádios e corações jovens. Tomaram.
A década de 1970 foi prodigiosa para Raul Seixas, que apresentou seus melhores trabalhos. Lançou clássicos e discos fundamentais do nosso rock como Krig-ha, Bandolo!, Novo Aeon, Gita, emplacou sucessos arrebatadores como Mosca na sopa, Ouro de tolo, Sociedade Alternativa, Metamorfose ambulante… Conheceu Paulo Coelho, mergulhou nos mistérios espirituais, foi a voz de uma juventude de cabeça aberta. Até hoje.
Fora dos Mutantes, Rita Lee também lançou discos espetaculares. Afastou-se um pouco da psicodelia mutante e chegou junto num rock mais pesado, mais para Rolling Stones do que Beatles. Com a banda Tutti Frutti, do lendário guitarrista Luiz Carlini, gravou discos obrigatórios como Atrás do porto tem uma cidade, Fruto proibido, Entradas e bandeiras. Já os Mutantes sem Rita enveredaram para o rock progressivo, bebendo na fonte de Emerson, Lake & Palmer, Yes, King Crimson. Uma faixa de campo bem explorada na década de 1970, com outras bandas como Módulo 1000, O Terço, Veludo Elétrico, Casa das Máquinas e o Vímana, que chegou a contar na sua formação com Lobão, Lulu Santos e Ritchie. Por outro lado, o Made in Brazil puxava o coro do rock pesado, feito com cara de bandido.
Aí chegaram os anos 1980. E não existiu período mais interessante, polêmico, frutífero para