O rei legítimo de Dahaar
De Tara Pammi
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Sobre este e-book
Ele era um príncipe com uma nação para governar, mas quando um coração partido o leva à imprudência, Azeez quase perde tudo. Ele precisa de tomar uma decisão: passar o resto da vida imerso nas sombras do passado ou abraçar o seu futuro como o verdadeiro rei de Dahaar.
A doutora Nikhat Zakhari deixara Azeez por não poder dar-lhe o que ele precisava para reinar. Agora o único homem que já amou necessita mais uma vez da ajuda dela e Nikhat não terá forças para recusar.
Tara Pammi
Tara Pammi can't remember a moment when she wasn't lost in a book, especially a romance which, as a teenager, was much more exciting than mathematics textbook. Years later Tara’s wild imagination and love for the written word revealed what she really wanted to do: write! She lives in Colorado with the most co-operative man on the planet and two daughters. Tara loves to hear from readers and can be reached at tara.pammi@gmail.com or her website www.tarapammi.com.
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O rei legítimo de Dahaar - Tara Pammi
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2014 Tara Pammi
© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
O rei legítimo de Dahaar, n.º 2144 - noviembre 2016
Título original: The True King of Dahaar
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin
Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-9237-8
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Epílogo
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Capítulo 1
A doutora Nikhat Zakhari seguiu o guarda uniformizado pelo corredor atapetado do palácio de Dahaar, atormentada pelas lembranças agridoces. Há oito anos, conhecera cada centímetro daqueles corredores, cada arco, cada parede. Aquele palácio, a família real, tudo fizera parte de um sonho que tecera, quando fora uma rapariga ingénua de vinte e dois anos. Antes de as coisas terem ruído, deixando-a arrasada. Entrou no escritório e o guarda fechou a porta, retirando-se. Os sapatos de salto alto que escolhera, em vez das habituais sandálias rasas, afundaram-se na carpete espessa.
Estivera naquele escritório, numa noite, quando o príncipe regente era o homem que amava. E os dois tinham-se escapulido para ali, como dois ladrões, a meio da noite. Tudo porque ela manifestara o desejo juvenil de ver aquele lugar. O casaco grosso de seda, de manga comprida, não foi o bastante para dispersar o frio que a lembrança lhe provocou. Atraída pelo enorme retrato da família real, situado atrás da mesa escura de sândalo, entregou-se à nostalgia. O rei Malik e a rainha Fatima, Ayaan e Amira. Todos os membros da família real sorriam na foto, exceto Azeez. E isso por causa daquilo que Nikhat lhe dissera naquele dia, há oito anos.
Uma ansiedade imensa invadiu-a. Mesmo a milhares de quilómetros de distância, sentira-se como se tivesse perdido a sua própria família, quando soubera do ataque. Um nó formou-se na garganta e a visão ficou toldada. Deslizou os dedos trémulos pelo rosto de Azeez, na foto. Recostou a cabeça na parede. Ver aquele lugar que lhe era tão familiar, sem ele, era algo que estava a abalar os seus alicerces, que construíra resolutamente para si mesma. E não podia dar tanto poder a uma lembrança. Não daria. Não podia desfazer tudo o que conquistara.
– Como tens passado, Nikhat?
Virou-se e olhou para o novo príncipe regente, Ayaan bin Al Sharif, o jovem a quem dera aulas de química, no passado.
Os olhos castanho-claros continham um brilho caloroso. Os traços, tão semelhantes aos de Azeez, deixaram-na sem fôlego. Ficara chocada, no dia em que ouvira falar do ataque terrorista. Rever Ayaan, tantos anos depois, era algo que a enchia de uma alegria que não podia conter. Estendeu as mãos para ele e abraçou-o. Era um gesto que não teria ousado fazer há oito anos.
Um riso suave reverberou pelo corpo atlético dele. Dando um passo atrás, Nikhat lutou contra a vontade de se desculpar pelo seu gesto impulsivo. A sua compostura estava abalada pelo facto de estar ali, mas não ruiu por completo. Uma mulher, especialmente uma que não tinha qualquer ligação com a família real, jamais teria abraçado o príncipe regente. Mas já não era uma mulher comum de Dahaar, presa a tradições e costumes.
– É bom ver-te, Ayaan.
Ele inclinou a cabeça e estudou-a abertamente.
– Também é bom ver-te, Nikhat.
Conduziu-a para uma sala de estar, onde um serviço de chá de prata os aguardava. Sentando-se no lado oposto ao dele, Nikhat abanou a cabeça, quando ele lhe perguntou se queria alguma coisa. O Ayaan que conhecera sempre tivera um brilho de pura alegria no olhar. O príncipe regente que agora a observava tinha o manto de Dahaar a pesar-lhe nos ombros. Havia dor nos seus olhos, uma dureza que tinha encontrado um lugar permanente na sua fisionomia.
Chegara à capital de Dahaar há um dia, quando fora convocada para uma reunião particular com o príncipe regente. Não era algo que pudesse ter recusado, mesmo que quisesse.
– Como soubeste que eu estava de volta a Dahaar? – perguntou, indo direta ao assunto.
Ele encolheu os ombros. Uma expressão de hesitação surgiu nos seus olhos, antes de dizer:
– Tenho uma oferta para ti.
Nikhat franziu o sobrolho. Depois de oito anos sem uma palavra do pai, ficara bastante empolgada ao ouvir a sua voz. Mas agora…
– Deste ordens ao meu pai, para que me chamasse de volta a casa – a inquietação que sentira, no minuto em que recebera essa solicitação, aumentou. – Sabias como ficaria ansiosa para ver a minha família. Foi um golpe baixo, Sua Alteza.
Ayaan esfregou a testa. Não havia sinais de culpa no seu olhar firme.
– É o preço que tenho de pagar por este título.
As palavras foram simples, mas o peso da responsabilidade que continham atingiu Nikhat. Reprimindo a raiva, permaneceu sentada.
– Muito bem, estou aqui. Porém, devo avisar-te que não sou um génio, para te conceder um desejo de imediato.
Um sorriso curvou os lábios de Ayaan e um brilho caloroso apareceu nos seus olhos. A imagem rápida de um outro rosto, a sorrir daquela forma, parecido mas ainda assim diferente, surgiu diante dos olhos dela. O peito ficou extremamente apertado e obrigou-se a respirar fundo. Haveria coisas que a lembrariam de Azeez, por toda a parte, em Dahaar. E recusava-se a entrar num turbilhão emocional, cada vez que se deparasse com algo. Fizera isso durante bastante tempo, quando partira, há oito anos.
– Vejo que não mudaste nada. O que é bom para mim.
– Nada de enigmas, Ayaan – obrigou-se a dirigir-se a ele como o rapaz que conhecera.
– O que me dizes de dirigir uma clínica feminina de alto nível, aqui, em Dahaar? Terás autoridade total na sua administração. Até tomarei providências para que o ministro assine um programa de aconselhamento de saúde para mulheres. É algo que já tinha em mente e, sem dúvida, és a melhor candidata para isso. Perplexa, Nikhat estava sem palavras. Todos os sonhos que tivera de deixar de lado durante oito anos e a solidão que a angustiara vieram à tona. Tinha sido o que quisera, quando implorara ao pai que a deixasse estudar medicina. Fora a única meta que se tornara o seu foco e alicerce quando tudo o resto desmoronara, o sonho impossível que a levara de volta a Dahaar, deixando um cargo de prestígio em Nova Iorque. Preparara-se para uma batalha difícil, contra preconceitos que mascaravam as tradições. A sua incredulidade deve ter transparecido, porque Ayaan segurou-lhe na mão.
– Podes ter um lar aqui, em Dahaar. Estar perto da tua família, outra vez.
Abanou a cabeça, eternamente agradecida pela compreensão dele. Ayaan sempre fora o mais bondoso dos dois irmãos. Ao passo que Azeez… Nunca havia um meio-termo com ele. Nikhat apertou a mão que envolvia a sua.
– É tudo o que eu sempre quis.
Uma expressão de inquietação marcou o olhar dele.
– Porém, há algo que te peço em troca. Um favor pessoal para a família real.
Nikhat abanou a cabeça.
– Devo a minha profissão ao teu pai. Sem a ajuda e o apoio do rei Malik, o meu pai nunca me teria deixado acabar o ensino médio, quanto mais estudar medicina. Não tenho de ser manipulada ou receber a oferta de incentivos, se precisas de mim. Tudo o que tens de fazer é pedir. Ayaan assentiu com a cabeça, mas a cautela no olhar não se dissipou.
– Esse cargo… Quero que seja teu… Era o que o meu pai queria para ti, quando apoiou a tua educação. Mas, o que estou prestes a pedir vai além dos limites da gratidão.
Nikhat inclinou a cabeça, tentando controlar a ansiedade que as palavras dele lhe causaram.
– Azeez está vivo.
Por instantes, não assimilou o significado daquelas palavras. Foi como se o mundo à sua volta girasse em câmara lenta e esperou que o zunido nos ouvidos passasse. O aperto no peito transformou-se num nó na garganta, enquanto via a verdade nos olhos dele. Um forte tremor percorreu-a, enquanto lutava para manter a compostura, para resistir à vontade de fugir do palácio e nunca mais voltar. Quantas vezes iria fugir? Tinha trabalhado tanto para realizar o seu sonho, esperara todos aqueles anos para rever a família. Não podia deixar que ninguém a detivesse agora. Nem mesmo o homem que amara no passado, com todo o seu coração e alma. Respirou fundo para vencer o pânico e obrigou-se a falar pausadamente:
– Não ouvi uma única palavra a esse respeito.
– Porque só alguns criados de confiança o sabem. Até que eu possa ter certeza de que a revelação de que ele está vivo não terá um efeito negativo em Dahaar, devo mantê-la em segredo.
A voz dele tremeu um pouco e Nikhat pegou-lhe na mão, enquanto lidava com o seu próprio abalo. «Como é possível que Azeez esteja vivo, depois de todos estes anos? Como estará agora?», pensou.
– Encontrei-o há quatro meses no deserto e ainda não faço ideia de como sobreviveu, o que fez nos últimos seis anos. Recusa-se a ver os nossos pais. Mal tolera as minhas visitas na sua ala. O verdadeiro príncipe de Dahaar é agora meu prisioneiro – a completa desolação permeava as palavras de Ayaan. – Consegui manter tudo isso em segredo, até agora. O povo de Dahaar ficaria arrasado, ao vê-lo desta forma. Todos…
– Todos o veneravam, eu sei.
Azeez fora o príncipe de ouro do seu povo, arrogante mas charmoso, corajoso, nascido para governar o país. E amara Dahaar com uma paixão que se manifestara em tudo o que fizera. O amor, a sua paixão… Tinham sido como uma tempestade no deserto, consumindo, transformando.
– Esperei que ele ficasse melhor e que, mais cedo ou mais tarde, decidisse juntar-se ao mundo dos vivos – havia uma expressão de impotência no olhar de Ayaan e as suas palavras eram tristes. – Mas, a cada dia que passa, ele…
«Azeez está vivo». Aquelas palavras martelavam sem parar na cabeça de Nikhat. Mas com o redemoinho das suas emoções também estava presente o controlo que desenvolvera, a fim de ter êxito na sua carreira.
– Ayaan? O que há de errado com ele? – perguntou, esquecendo-se do protocolo.
– Ele é pouco mais do que um cadáver que respira. Recusa-se a falar, a consultar um médico. Recusa-se a viver… E não posso perdê-lo outra vez.
Uma onda de medo tomou conta de Nikhat.
– Que favor é esse que me queres pedir?
– Passa algum tempo com ele.
«Não», a palavra reverberou por ela. Abanando a cabeça, deu um passo atrás, afastando-se de Ayaan.
– Sou obstetra. Não sou psiquiatra. Não há nada que eu possa fazer por ele, que todos os teus especialistas não possam.
– Ele não permite que ninguém o veja. Mas, tu… Tu… Não se vai recusar a ver-te.
Nikhat sentiu o corpo rígido, como se a sua calma fosse uma fachada. Mas não podia desmoronar. Recusava-se a deixar que a dor e o nervosismo voltassem a abalá-la.
– Não sabes o que o teu irmão fará, se me vir.
– Qualquer coisa é melhor do que a forma como está agora.
– E o preço que eu terei de pagar? – a pergunta escapou, antes que se desse conta do que dizia.
Ayaan ergueu a cabeça, estudando-a. Nikhat desviou o olhar. No ar, pairaram inúmeras perguntas que ele não fez. Depois, inclinou-se na direção dela. Tinha o maxilar apertado, revelando determinação. Agora, não havia dor, nem uma reconfortante familiaridade no seu rosto. Era o homem que lutava contra as adversidades, todos os dias, para cumprir o seu dever para com Dahaar.
– Seria um preço assim tão alto? Tudo o que peço é alguns meses. Estou a ficar sem alternativas. Tenho de