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Rosemunho

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O rosemunho [1] (ou remoinho)[2] é um ser mítico do folclore popular português. Este ser está relacionado com o mito solar[3], que aparece ao meio-dia, ou nas horas abertas (também chamadas Trindades)[4] e é tido como um ser maléfico.

Analogias mitológicas

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Dentro do rol do folclore tradicional português, o balborinho assemelha-se ao rosemunho, manifestando-se ambos sob a forma de redemoinho e causando estragos na vida das pessoas. Porém, diferem em diversos pontos, por um lado, o balborinho tem uma etiologia clara, tratando-se, geralmente, da alma penada de um camponês que tenha cometido algum tipo de crime agrário[6] ou do disfarce de alguma bruxa ou do próprio diabo[7][8]; ao rosemunho não é atribuída qualquer etiologia conhecida.[9] Por outro lado, no que toca à hora da sua ocorrência, o rosemunho está intimamente ligado à hora do meio-dia[3][2] e com a hora das Trindades[4], ao passo que o balborinho não goza de uma associação horária específica tão nítida.[10]

Ainda nesta análise, vale salientar a forma de se dissipar ou afastar cada um dos dois, que é semelhante, mas mesmo assim não é rigorosamente igual.[6] No caso do rosemunho é afastado por um punhado de contas, que se lancem ao redemoinho[2], ao passo que no balborinho já é uma navalha ou faca,[11] ou o recurso a determinadas orações[12][13]

O autor Miguel Abrantes entende que ambas são mesma entidade folclórica, apenas com nomes diferentes[14], ao passo que Teófilo Braga, por seu turno, as entendia como duas entidades distintas.[2]

Referências
  1. Abrantes, Miguel Carvalho (2023). Monstros da Mitologia Popular Portuguesa. Lisboa: Amazon. p. 261. 821 páginas 
  2. a b c d Braga, Teófilo (1885). O povo portuguez nos seus costumes, crenças e tradições, Volume 2. Porto: .Livraria Ferreira. pp. 151–155. «À hora do meio dia encontram pelas estradas, nas encruzilhadas, umas cousas más, que se chamam rosemunhos (remoinhos). O resemunho é como uma poeirada: leva paus, pedras, e se apanha alguma pessoa no meio, leva-a também pelos ares, mas se a pessoa trouxer umas contas na algibeira e as atirar à tal cousa má, não lhe acontece mal algum.» 
  3. a b Braga, Teófilo (1885). O povo portuguez nos seus costumes, crenças e tradições, Volume 2. Porto: .Livraria Ferreira. p. 155. (...) o Rosemunho, o Secular das Nuvens e o Pretinho de barrete encarnado, só podem ser comprehendidos na fórma demoníaca pela sua relação com o Sol que declina. 
  4. a b Leite de Vasconcelos, José (1882). Tradições populares de Portugal. Porto: Typographia Occidental. p. 301. 350 páginas. O meu amigo, o snr. Pedroso estudou, sob a designação provisória «O homem das sete dentaduras», um certo número de crenças relativas à hora do meio-dia (...) como o Diabo ás soltas ( cf. este livro , $ 187- 6), o gallo ao meio-dia (hora de jantar na aldeia ) e o Rosemunho ( cf. § 104 d 'este livro ); parece -me tambem que o A . devia ter posto em connexão com o meio - dia , à meia -noute e as Trindades (horas abertas). 
  5. Braga, Teófilo (1885). O povo portuguez nos seus costumes, crenças e tradições, Volume 2. Porto: .Livraria Ferreira. p. 151 
  6. a b Gandra, Manuel J. (2007). Portugal Sobrenatural: Deuses, Demónios, Seres Míticos, Heterodoxos, Marginados, Operações, Lugares Mágicos e Iconografia da Tradição Lusíada. Barreiro: Ésquilo. p. 476. 538 páginas. ISBN 978-989-809-218-2  «Alma penada de camponês que tenha cometido qualquer delito agrário»
  7. Leite de Vasconcelos, José (1882). Tradições populares de Portugal. Porto: Typographia Occidental. p. 47. 350 páginas  «Quando se produz um redomoinho de vento, a que o povo na Beira-Alta e noutras partes chama borborinho, acredita-se que então anda no ar o Diabo , ou Bruxas ou qualquer cousa má .»
  8. Leite de Vasconcelos, José (1882). Tradições populares de Portugal. Porto: Typographia Occidental. p. 47. 350 páginas  «(...) ou atira -se -lhes com um canivete aberto , - e nesse caso sae do borborinho uma Feiticeira (talvez Bruxa ). (Moncorvo)»
  9. Braga, Teófilo (1885). O povo portuguez nos seus costumes, crenças e tradições, Volume 2. Porto: .Livraria Ferreira. p. 151-155 
  10. Gandra, Manuel J. (2007). Portugal Sobrenatural: Deuses, Demónios, Seres Míticos, Heterodoxos, Marginados, Operações, Lugares Mágicos e Iconografia da Tradição Lusíada. Barreiro: Ésquilo. p. 490. 538 páginas. ISBN 978-989-809-218-2 
  11. Braga, Teófilo (1885). O povo portuguez nos seus costumes, crenças e tradições. Lisboa: Livraria Ferreira - Editora. p. 170. 558 páginas  «Muitos fenómenos naturais acham-sepersonificados, como o vento no Balborinho, ao qual se atiracom um canivete aberto (Minho);»
  12. Leite de Vasconcelos, José (1882). Tradições populares de Portugal. Porto: Typographia Occidental. p. 47. 350 páginas  «Em S. Pedro do Sul dizem ao balborinho, para elle fugir: Bolborinho do peccado/Vae-te co Santigo;/Bolborinho do demonho/Vae-te co Sant'Antonho.»
  13. Leite de Vasconcelos, José (1882). Tradições populares de Portugal. Porto: Typographia Occidental. p. 47. 350 páginas  «(...) ou atira -se -lhes com um canivete aberto , - e nesse caso sae do borborinho uma Feiticeira (talvez Bruxa ). (Moncorvo)»
  14. Abrantes, Miguel Carvalho (2023). Monstros da Mitologia Popular Portuguesa. Lisboa: Amazon. p. 261. 821 páginas 
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