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Quase-guerra

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Quase-guerra

USS Constellation vs L'Insurgente
Data 7 de julho de 179830 de setembro de 1800
(2 anos, 2 meses, 3 semanas e 2 dias)
Local Oceano Atlântico, Caribe, Oceano Índico e Mediterrâneo
Casus belli
Desfecho
  • Convenção de 1800
  • Assinatura do Tratado de Mortefontaine
Beligerantes
Estados Unidos França
Comandantes
John Adams
Benjamin Stoddert
Thomas Truxtun
Silas Talbot
William Bainbridge
Stephen Decatur
Paul Barras
Napoleão Bonaparte
Edme Desfourneaux
Victor Hugues
André Rigaud
Forças
Pelo menos 9 fragatas, 4 corvetas, 2 brigues, 3 escunas
5 700 marinheiros e fuzileiros, 365 corsários
Quantidade desconhecida de homens e navios
Baixas

Militares: 82+ mortos, 84+ feridos
Civis: desconhecidas

Navios: 22 navios corsários, mais de 2 000 navios mercantes capturados

Militares: 20+ mortos, 42+ feridos, 517 capturados
Civis: desconhecidas

Navios: 1 fragata, 2 corvetas, 1 brigue; 118 navios corsários afundados ou capturados

A Quase-guerra (Quase-guerre em francês), foi um período de conflitos marítimos envolvendo Estados Unidos e França, entre 1798 e 1800, que se deflagrou durante a presidência de John Adams, o termo “quase” se deve ao fato de nunca ter sido declarado um confronto entre os dois países, apesar de algumas batalhas navais terem sido travadas. Nos Estados Unidos, o conflito é chamado de Quasi-War, Guerra não-declarada com a França ou Meia-guerra. Os combates navais tiveram lugar na costa oriental da América do Norte, no Mar das Antilhas e no Mar do Caribe. A quase-guerra terminou com a assinatura do Tratado de Mortefontaine.

Depois que a Monarquia francesa foi abolida em 1792, os Estados Unidos se recusaram a continuar pagando sua dívida com a França, que tinha dado suporte ao país durante a Guerra Revolucionária, os americanos passaram a alegar que sua dívida era com o antigo regime do país. Ao mesmo tempo a França se sentiu ultrajada após a assinatura do tratado de Jay, que ampliou as relações comerciais entre Estados Unidos e a Grã-Bretanha, mesmo com os franceses em guerra com os britânicos. O governo francês então autorizou que seus corsários atacassem embarcações mercantes dos Estados Unidos, que por sua vez começou a retaliar os ataques da mesma forma.

Combate naval entre fragatas da França e dos Estados Unidos na quase-guerra

A história por trás da Quase-guerra remonta o processo de independência dos Estados Unidos da América, quando o Reino da França em 1778, passou a ser um grande aliado dos colonizadores rebelados que buscavam a ruptura das relações com a Grã-Bretanha, um tratado de aliança seria assinado entre os dois países, firmando uma cooperação durante a Guerra Revolucionária Americana. [1] Contudo o rei da França Luís XVI seria deposto em 1792, junto com a abolição da monarquia francesa, o que faria com que o tratado entre os dois países começasse a ruir.[2]

Em 1794 o governo americano assina um acordo com a Grã-Bretanha, chamado de tratado de Jay, que seria ratificado nos anos seguintes. O novo acordo resolveu vários problemas entre os dois países, problemas esses que vinham desde o processo de independência americano. O novo acordo encorajou o comércio bilateral, potencializando as relações econômicas entre os países, o que foi extremamente benéfico principalmente para os Estados Unidos, que viram sua receita com exportação crescer de 33 milhões de dólares, para 94 milhões de dólares, entre 1794 e 1801.[3]

Os Estados Unidos declararam neutralidade durante o conflito entre a Grã-Bretanha e a França Revolucionária, ao mesmo tempo o país passou a se recusar a continuar pagando a dívida que havia contraído durante a guerra de independência, dizendo que aqueles valores eram devidos ao antigo regime francês. A França se sentindo ultrajada, autorizou que navios americanos que estivessem realizando comércio com a Grã-Bretanha fossem tomados e levados aos portos para que fossem vendidos. Além disso o governo francês se recusou a aceitar que o novo ministro americano Charles Cotesworth Pinckney, fosse até Paris em dezembro de 1796, cortando relações diplomáticas.[4]

O presidente americano John Adams em sua mensagem anual ao congresso no fim de 1797, informou que o governo francês se recusava a aceitar negociações com o governo americano, e que temia que um confronto poderia acontecer entre as duas nações. Adams ofereceu o cargo de tenente-general do exército à George Washington que seria o comandante-em-chefe do exército criado para o possível conflito, Washington aceitaria a oferta e assumiria o posto.[5] Enquanto isso a marinha francesa vinha infligindo grandes perdas aos americanos. Em 1797 a França havia capturado um total de 316 navios mercantes americanos, que não tinham a mínima capacidade de se defender dos ataques, já que sua marinha de guerra tinha sido abolida ao fim da guerra revolucionária.

O aumento das depredações dos corsários franceses levou o governo, em 1798, a estabelecer o Departamento da Marinha e o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA para defender a crescente frota mercante americana. Benjamin Stoddert foi apontado como Secretário da Marinha. O Congresso autorizou o presidente a adquirir, armar e equipar no máximo doze navios de até vinte e dois canhões cada.

O Congresso rescindiu os tratados com a França em 7 de julho de 1798, e dois dias depois o congresso aprovou uma legislação que autorizava o uso de força militar contra navios de guerra franceses nas águas americanas. Para fazer o uso mais eficaz de seus recursos limitados, o secretário Stoddert estabeleceu uma política em que as forças americanas se concentrariam em ataques contra as forças francesas no Caribe, onde a França ainda possuía colônias, embora às vezes ele tivesse que conceder pedidos de escolta de navios mercantes.[6]

Disputas navais

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Os confrontos navais durante a quase-guerra primariamente consistiram em pequenas operações na costa dos Estados Unidos e do Caribe, no inicio dos conflitos os Estados Unidos contavam em sua marinha com 25 navios, que patrulhavam as áreas ao sul da costa do país e também procuravam por navios franceses no Caribe. Os corsários franceses geralmente resistiam as prisões, como o navio La Croyable, que foi capturado em 7 de julho de 1798. Em 20 de novembro a escuna USS Retaliation, foi capturada pelas fragatas francesas Insurgente e Volontaire, porém o USS Retaliation seria recapturado em 1799. Em 9 de fevereiro de 1799, a fragata Constellation capturou o navio francês L’Insurgente e infligiu grandes danos ao La Vengeance.[7]

Em meio aos embates que se sucederam, no começo de maio de 1799 o capitão Silas Talbot, organizou uma expedição com destino à Puerto Plata na ilha de Hispaniola, a expedição de Talbot capturou o forte costeiro espanhol em Puerto Plata e uma corveta francesa. Após a invasão francesa de Curaçao em julho, as corvetas americanas USS Patapsco e USS Merrimack começaram um bloqueio da ilha em setembro que levou à retirada francesa. Em 12 de outubro, a fragata Boston capturou a corveta Le Berceau. Em 25 de outubro, a USS Enterprise derrotou o brigue francês Flambeau perto da ilha de Dominica, no mar do Caribe. A Enterprise também capturou oito corsários e libertou onze navios mercantes dos EUA que se encontravam em cativeiro, enquanto a Experiment capturou os corsários franceses Deux Amis e Diane e libertou vários navios mercantes americanos.[8]

As perdas navais americanas durante os confrontos foram pequenas, porém os franceses conseguiram até o fim dos confrontos em 1800, capturar segundo algumas fontes, mais de 2000 navios mercantes americanos, o que representou um grande prejuízo ao governo do país.

Envolvimento da Marinha Real Britânica

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A Grã-Bretanha também se encontrava em conflito com os franceses na época da quase-guerra, porém não houve uma ação conjunta entre os ingleses e americanos durante o conflito, no entanto, os britânicos venderam uma grande quantidade de armas e munições navais ao governo dos Estados Unidos, e as duas marinhas compartilharam um sistema de sinais para que pudessem reconhecer os navios de guerra do outro no mar e permitir que seus mercadores se juntassem aos comboios um do outro por segurança.[9]

Fim das hostilidades

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No final de 1800, a Marinha dos Estados Unidos e a Marinha Real, passaram a apresentar uma postura diplomática mais conciliatória pelo governo do Primeiro Cônsul Napoleão Bonaparte, que havia reduzido a atividade dos corsários e navios de guerra franceses. A Convenção de 1800, assinada em 30 de setembro, encerrou a quase-guerra. Afirmou os direitos dos americanos como neutros no mar e revogou a aliança com a França de 1778. No entanto, não conseguiu indenizar os 20 milhões de dólares que eram reivindicados pelo governo francês. O acordo entre as duas nações garantiu implicitamente que os Estados Unidos permaneceriam neutros em relação à França nas guerras de Napoleão e encerraram a antiga aliança com o país europeu, aliança essa que só havia sido benéfica para os americanos entre 1778 e 1783, durante a Guerra Revolucionária Americana.[10]

Referências
  1. «The Quasi-War». American Battlefield Trus. Consultado em 18 de junho de 2020. Cópia arquivada em 18 de junho de 2020 
  2. «República Francesa». TodaMatéria. Consultado em 18 de junho de 2020. Cópia arquivada em 18 de junho de 2020 
  3. «Causas e Efeitos da quase-guerra». GreeLane. Consultado em 20 de junho de 2020. Cópia arquivada em 20 de junho de 2020 
  4. «Quasi-war». American History Central. Consultado em 20 de junho de 2020. Cópia arquivada em 21 de junho de 2020 
  5. «Quasi War». Mount Vernon. Consultado em 20 de junho de 2020. Cópia arquivada em 21 de junho de 2020 
  6. «Summary of the U.S. Quasi-War With France». ThoughtCo. Consultado em 20 de junho de 2020. Cópia arquivada em 21 de junho de 2020 
  7. «Causa e efeito da quase guerra dos EUA com a França». Causa e efeito da quase guerra dos EUA com a França. 14 de maio de 2019. Consultado em 20 de outubro de 2021 
  8. «The Quasi-War». American Battlefield Trust (em inglês). 11 de março de 2019. Consultado em 20 de outubro de 2021 
  9. «Informal Alliance: Royal Navy And U.s. Navy Co-Operation Against Republican France During The Quasi-War And Wars Of The French Revolution». University of North Dakota. Consultado em 20 de junho de 2020. Cópia arquivada em 21 de junho de 2020 
  10. «Treaty-of-Mortefontaine». Philadelphia Encyclopedia. Consultado em 20 de junho de 2020. Cópia arquivada em 21 de junho de 2020