Paládio (mitologia)
Paládio (em grego clássico: Παλλάδιον; romaniz.: Paládion), na mitologia greco-romana, era uma estátua de madeira associada a Minerva, correspondente à Atena (na mitologia grega). Que representava Palas [Nota 1] e ficava em Troia. Apolo havia previsto que o Troia não cairia enquanto o Paládio se encontrasse dentro de suas muralhas.[1]
Havia duas outras estátuas, na Antiguidade Clássica, também chamadas de Paládio: uma delas ficava em Roma, no templo de Vesta, e estava ligada ao destino de Roma, e outra ficava na cidadela de Atenas, e havia sido colocada lá por Nícias.[1][Nota 2]
Pseudo-Apolodoro
[editar | editar código-fonte]A estátua era uma representação de Palas, filha de Tritão. Quanto a deusa Atena nasceu, ela foi criada por Tritão, e praticava exercícios de guerra com sua filha, chamada Palas. Em uma luta, quando Palas estava para atingir Atena, Zeus interveio, interpôs a Égide, e distraiu Palas. Atena, então, feriu mortalmente Palas. Triste com isto, Atena fez uma imagem em madeira de Palas, colocando a Égide no peito da estátua. Zeus honrou a imagem, porém quando Electra, para não ser violentada por Zeus, pediu refúgio na estátua, Zeus jogou a estátua no território de Troia.[2]
Ilo havia fundado uma cidade, chamada Ílio (Troia) e pediu a Zeus um sinal. O sinal foi o Paládio, que caiu do céu. Ilo pegou a estátua, e construiu um templo para ela. A estátua tinha três cúbitos de altura, com seus pés unidos. Trazia uma lança na mão direita, uma roca e um fuso na esquerda e tinha o peito coberto por um escudo.[2]
Dionísio de Halicarnasso
[editar | editar código-fonte]A estátua foi um presente de casamento de Atena para Chrysê, filha de Palas, quando esta se casou com Dardano.[3] Quando Dardano foi para a Ásia, levou as estátuas dos deuses e o Paládio, e recebeu a profecia de que a cidade que ele tinha fundado duraria para sempre, desde que as estátuas fossem adoradas com sacrifícios. [4]
Quando Ilo fundou Troia, levou para lá as estátuas, e lá construiu um templo e santuário.[5] Durante a Guerra de Troia, Odisseu e Diomedes, à noite, roubaram algumas das estátuas, e quando a parte baixa de Troia estava sendo saqueada, Eneias pegou as demais estátuas e levou com ele, até a Itália.[6]
Dionísio de Halicarnasso comenta uma versão, atribuída a Actino, de que o verdadeiro Paládio havia sido dado a Dardano por Zeus, e este ficava oculto; a estátua, roubada pelos aqueus, era uma cópia idêntica, que ficava em exibição.[7]
As imagens dos deuses, trazidas por Enéas, eram guardadas pelas virgens do templo de Vesta, onde havia um fogo perpétuo.[8]
Após [Nota 3] a Primeira Guerra Púnica, o templo de Vesta pegou fogo, e as virgens vestais fugiram das chamas. Lúcio Cecílio Metelo, um dos pontífices e que havia sido cônsul,[Nota 4] entrou no templo em chamas, e resgatou os objetos sagrados,[9] dentre os quais o Paládio,[10] pelo qual ele foi honrado com uma estátua no Capitólio.[9]
- ↑ Não fica claro, pelo texto de Caleb Fleming, se ele quer dizer Palas Atena ou Palas, a filha de Tritão.
- ↑ Smollett explica porque a metáfora do Paládio: assim como a estátua impedia a queda de Troia e Roma, a Grã-Bretanha e a Irlanda também tinham o seu paládio, que era a liberdade religiosa.
- ↑ O texto de Dionísio de Halicarnasso fala "depois" da Primeira Guerra Púnica, mas logo em seguida ele diz o incêndio ocorreu após Metelo ter celebrado seu triunfo.
- ↑ Em 251 a.C. e 247 a.C.
- ↑ a b Caleb Fleming, The Palladium of Great Britain and Ireland, Or Historical Strictures of Liberty, citado por Tobias George Smollett, The Critical Review: Or, Annals of Literature, Volume 15 (1763), Art. XI. The Palladium of Great Britain and Ireland. p.59 [google books]
- ↑ a b Pseudo-Apolodoro, Biblioteca, 3.12.3 [em linha]
- ↑ Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas, 1.68.3 [em linha]
- ↑ Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas, 1.68.4
- ↑ Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas, 1.69.1
- ↑ Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas, 1.69.2
- ↑ Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas, 1.69.3
- ↑ Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas, 1.69.4
- ↑ a b Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas, 2.66.4 [em linha]
- ↑ Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas, 2.66.5