Sa vz. 23
CZ Modelo 25 | |
---|---|
Tipo | Submetralhadora |
Local de origem | Tchecoslováquia |
História operacional | |
Em serviço | 1948–presente |
Utilizadores | Ver Usuários |
Guerras | Invasão da Baía dos Porcos Guerra Colonial Portuguesa Guerra do Vietnã Guerra Civil do Camboja Guerra Civil da Nigéria Guerra Civil da Rodésia Guerra Civil Moçambicana Guerra sino-vietnamita Invasão de Granada[1] Guerra Civil de El Salvador Guerra Civil Libanesa Conflitos na Irlanda do Norte Guerra Civil Síria |
Histórico de produção | |
Fabricante | Česká zbrojovka Uherský Brod |
Período de produção |
1948–1968 |
Especificações | |
Peso | 3,27 kg vazia (modelos com coronha dobrável Sa 25, Sa 26) 3,5 kg vazia (modelos com coronha fixa de madeira Sa 23, Sa 24) |
Comprimento | 445 mm com coronha dobrada (Sa 25, Sa 26) 686 mm com coronha estendida ou fixa |
Comprimento do cano |
284 mm |
Cartucho | 7,62×25mm Tokarev 9×19mm Parabellum |
Sistema de suprimento | Carregador de 24 ou 40 tiros (Sa 23, Sa 25, em 9mm) Carregador de 32 tiros (Sa 24, Sa 26, em 7,62×25mm) |
Mira | Alça e massa de mira |
A CZ Modelo 25 (originalmente, Sa 25 ou Sa vz. 48b/samopal vz. 48b - samopal vzor 48 výsadkový, "submetralhadora paraquedista modelo 1948") foi talvez a mais conhecida de uma série de submetralhadoras projetadas pela Tchecoslováquia introduzidas em 1948. Havia quatro submetralhadoras geralmente muito semelhantes nesta série: a Sa 23, Sa 24, Sa 25 e Sa 26. O projetista principal foi Jaroslav Holeček (1923-1997), engenheiro-chefe da fábrica de armas Česká zbrojovka Uherský Brod.
Projeto
[editar | editar código-fonte]A série Sa 23 utiliza uma ação direta de recuo por gases, sem culatra travada, e dispara a partir da posição do ferrolho aberto. Elas também usam um gatilho progressivo para selecionar entre fogo semiautomático e fogo totalmente automático. Puxar levemente o gatilho irá disparar um único tiro. Puxar o gatilho mais para trás em um movimento contínuo disparará de forma totalmente automática, até que o gatilho seja liberado ou o carregador esteja vazio.
A série Sa 23 eram de submetralhadoras com um ferrolho telescópico, em que a parte dianteira do ferrolho móvel se estende para a frente além da extremidade traseira do cano, envolvendo esse cano. Esse recurso reduz significativamente o comprimento necessário da submetralhadora e permite melhor equilíbrio e manuseio. O manuseio foi aprimorado ainda mais usando uma única empunhadura vertical que abriga o carregador e o mecanismo de gatilho, aproximadamente centralizado ao longo do comprimento da arma. O receptor da arma era usinado a partir de um único tubo de aço circular.
O projeto das submetralhadoras da série Sa 23 é mais notável no Ocidente por ter inspirado o projeto de ferrolho telescópico, operado por recuo de gases e de ferrolho aberto da submetralhadora Uzi, um pouco posteriormente.[2]
Variantes
[editar | editar código-fonte]A submetralhadora CZ/Sa/vz teve algumas variações mas o sistema permaneceu basicamente o mesmo. Os primeiros modelos seguiam a norma internacional 9×19mm Parabellum enquanto os seguintes incorporariam o sistema do bloco soviético.
- O Sa 23 (vz. 48a) foi a primeira variante, usando uma coronha fixa de madeira e disparando munição padrão 9×19mm Parabellum. Tem um cabo de pistola vertical reto e um carregador de munição. Carregadores foram emitidos com capacidade de 24 e 40 tiros.
- O Sa 25 (vz. 48b) foi a segunda variante e talvez a mais conhecida, usando uma coronha de metal dobrável, ainda disparando munição 9×19mm Parabellum. Exceção à coronha dobrável, é idêntico à Sa 23 e usa os mesmos carregadores de 24 e 40 tiros.
O Sa 24 e o Sa 26 foram introduzidos depois que a Tchecoslováquia se juntou ao Pacto de Varsóvia e foram redesenhados para disparar a munição de pistola do tipo soviético padrão de 7,62×25mm Tokarev.
- O Sa 24 (vz. 48a/52) corresponde ao Sa.23, usando uma coronha fixa de madeira e disparando munição 7,62×25mm Tokarev. Pode ser visualmente diferenciada da Sa.23, pois tem um cabo de pistola e um compartimento de munição ligeiramente inclinados para a frente, embora o receptor principal e outros componentes sejam visivelmente idênticos. Foi emitido com carregadores de 32 tiros.
- O Sa 26 (vz. 48b/52) corresponde ao Sa.25, com uma coronha de metal dobrável, mas de resto idêntico ao Sa.24, usando os mesmos carregadores de 32 tiros.
Histórico operacional
[editar | editar código-fonte]Os modelos Sa 23 e 25 foram adotados por Cuba pouco depois da revolução, armando principalmente a Milícia Revolucionária.[3] O primeiro teste das Sa 23/25 foi a invasão da Baía dos Porcos,[3] onde os milicianos sofreram pesadas baixas contra os brigadistas contra-revolucionários mas emergiram vitoriosos ao lado dos regulares.[3] As Forças Armadas Revolucionárias (FAR) estavam no processo de absorver os equipamentos legados da era Batista, os quais incluíam material velho das guerras mundiais e até mesmo fuzis e carabinas obsoletos Krag–Jørgensen que foram supridos à milícia, junto com a compra dos fuzis FAL realizadas pelo exército de Fulgêncio Batista e com lotes ainda em processo de importação que agora eram utilizados pelo exército revolucionário.[3] Estas armas foram foram suplementadas por lotes do bloco soviético, em sua maioria submetralhadoras PPSh-41/43, fuzis tchecos Vz 52/57 e as submetralhadoras Sa 23/25;[3] estes dois últimos principalmente para a milícia, a qual travou o grosso dos combates.[3] As armas usadas na batalha estão expostas no Museu da Praia Girón.[4][5]
Ainda no início da década de 1960, estas submetralhadoras foram fotografadas quando Alberto Korda fotografou milicianas na Plaza de la Revolución em Havana, durante a sua documentação da Cuba revolucionária.[6][7][8] Dessas fotos, o retrato mais famoso envolvendo a submetralhadora Sa 23/25 foi a fotogria "La Miliciana" da cubana Idolka Sánchez, tirada em 1962.[6][9][10]
Depois que a Sa 25 foi declarada obsoleta em 1968, muitas das armas de 9mm foram vendidas em todo o mundo. As armas excedentes foram exportadas para outros países comunistas, incluindo o Vietnã do Norte. Uma cópia um tanto modificada do modelo 9×19mm Parabellum foi produzida na Rodésia no início dos anos 1970 como LDP e recebeu o apelido de "Rhogun".[11] A fabricação foi posteriormente transferida para a África do Sul, onde foi brevemente comercializado como a Sanna 77 apenas em fogo semiautomático. Algumas também foram usadas pelo Exército Republicano Irlandês (IRA) durante a guerra civil na década de 1980 e início de 1990, provavelmente fornecidos pelo Líbano.
Usuários
[editar | editar código-fonte]- África do Sul[12][13]
- Biafra: Aquisições de CZ-23 e C-25 em 1967.[14]
- Camboja[15]
- Cabo Verde[16][17]
- Chile[12]
- Cuba[3][6]
- Tchecoslováquia[15]
- Granada: Usada pelo Exército Revolucionário Popular.[1][16][17]
- Guiné[15]
- Guiné-Bissau[15]
- Irlanda: Exército Republicano Irlandês (IRA)
- Líbano[12]
- Líbia[12][18]
- Lituânia: Usada pelos guerrilheiros lituanos anti-soviéticos.[19][20]
- Moçambique[15]
- Nicarágua[15]
- Nigéria[15]
- Polônia: Usado por Biuro Ochrony Rzadu em meados dos anos 90.
- Rodésia
- Romênia[15]
- Somália[15]
- Síria[15]
- Tanzânia[15]
- Vietnã[16][17]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b Russell, Lee E. (1985). Grenada 1983. Col: Men-at-Arms (em inglês). M. Albert Mendez. Oxford: Osprey Publishing. p. 45. ISBN 9780850455830. OCLC 12477300
- ↑ Hogg, Ian V. (1979). Guns and How They Work (em inglês). Nova York: Everest House. p. 157. ISBN 0-89696-023-4. OCLC 5716535
- ↑ a b c d e f g De Quesada, Alejandro (2009). The Bay of Pigs: Cuba, 1961. Col: Elite (em inglês). Stephen Walsh. Oxford: Osprey Publishing. p. 60, 62. ISBN 978-1846033230. OCLC 260208882
- ↑ Krott, Rob (19 de junho de 2015) [Abril de 2000]. «The Bay of Pigs Museum: Playa Giron, Cuba». Chipotle Publishing. Small Arms Review (em inglês). Vol. 3 (Nº 7). Consultado em 5 de abril de 2023
- ↑ Krott, Rob (23 de abril de 2022). «Museu da Baía dos Porcos: Playa Girón, Cuba». Warfare Blog. Tradução Filipe do A. Monteiro. Small Arms Review. Consultado em 6 de abril de 2023
- ↑ a b c Do Amaral, Filipe (27 de abril de 2022). «Milicianas cubanas com submetralhadoras tchecas». Warfare Blog. Consultado em 6 de abril de 2023
- ↑ Chang, Richard (12 de agosto de 2011). «Getty offers photographic views of Cuba». Orange County Register (em inglês). Consultado em 6 de abril de 2023
- ↑ Bunyan, Dr Marcus. «Cuban revolution». Art Blart (em inglês). Consultado em 6 de abril de 2023
- ↑ Morales, Manuel (5 de junho de 2015). «Alberto Korda's Women's Portraits at Madrid's Cerralbo Museum». Repeating Islands (em inglês). El País. Consultado em 6 de abril de 2023
- ↑ Elizalde, Alejandra García (25 de outubro de 2018). «La miliciana de Korda». Granma.cu (em espanhol). Consultado em 6 de abril de 2023
- ↑ Anorak (11 de novembro de 2013). «On This Day In Photos - Rhodesia In Crisis: Ian Smith Issues A Unilateral Declaration of Independence». Flashbak (em inglês). Consultado em 6 de abril de 2023
- ↑ a b c d Popenker, Maxim (27 de outubro de 2010). «Sa. 23». Modern Firearms (em inglês). Consultado em 5 de abril de 2023
- ↑ McCollum, Ian (19 de junho de 2019). «Sanna 77: A Czech SMG Turned South African Carbine». YouTube (em inglês). Forgotten Weapons. Consultado em 5 de abril de 2023
- ↑ Jowett, Philip (2016). Modern African Wars (5): The Nigerian-Biafran War 1967-70. Col: Men-at-Arms (em inglês). Raffaele Ruggeri. Oxford: Osprey Publishing. p. 22. ISBN 978-1472816092. OCLC 933722215
- ↑ a b c d e f g h i j k Jones, Richard D.; Ness, Leland S., eds. (27 de janeiro de 2009). Jane's Infantry Weapons 2009/2010 (em inglês) 35ª ed. Coulsdon: Jane's Information Group. ISBN 978-0-7106-2869-5. OCLC 769660119
- ↑ a b c Bonn International Center for Conversion; Bundeswehr Verification Center. «SA vz 23 / 25». SALW Guide: Global distribution and visual identification
- ↑ a b c Bonn International Center for Conversion; Bundeswehr Verification Center. «SA vz 24 / 26». SALW Guide: Global distribution and visual identification
- ↑ Grey Tiger. «World Infantry Weapons: Libya». World Inventory (em inglês). Consultado em 5 de abril de 2023. Arquivado do original em 5 de outubro de 2016
- ↑ Thomas, Nigel (2002). Germany's Eastern Front Allies (2): Baltic forces. Col: Men-at-Arms (em inglês). Darko Pavlovic, Carlos Caballero Jurado. Oxford: Osprey Publishing. p. 40. ISBN 9781841761930. OCLC 48153528
- ↑ Do Amaral, Filipe (20 de agosto de 2021). «FOTO: Guerrilheiros anti-soviéticos na Lituânia». Warfare Blog. Centro de Pesquisa do Genocídio e Resistência da Lituânia. Consultado em 6 de abril de 2023