Lúcio Cornélio Cipião Barbato
Lúcio Cornélio Cipião Barbato | |
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Cônsul da República Romana | |
Gravura do Sarcófago de Lúcio Cornélio Cipião Barbato por Piranesi (séc. XVII). | |
Consulado | 298 a.C. |
Nascimento | 337 a.C. |
Morte | 270 a.C. (67 anos) |
Lúcio Cornélio Cipião Barbato ou Lúcio Cornélio Cipião Barbado (em latim: Lucius Cornelius Scipio Barbatus) foi um político da gente Cornélia da República Romana eleito cônsul em 298 a.C. com Cneu Fúlvio Máximo Centumalo. Cneu Cornélio Cipião Asina, cônsul em 260 e 254 a.C., e Lúcio Cornélio Cipião, cônsul em 259 a.C., eram seus filhos.
Barbato ficou famoso por seu papel como oficial militar patrício durante um período crucial da Terceira Guerra Samnita, quando Roma finalmente derrotou a coalizão de estados vizinhos que a ameaçava: os etruscos, úmbrios e samnitas, ajudados pelos gauleses sênones, o que permitiu a extensão de sua soberania e dominância por quase toda a península Itálica.
Carreira
[editar | editar código-fonte]Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Antes de 298 a.C., a guerra já havia irrompido entre Roma e a Etrúria quando os etruscos decidiram invadir Roma apoiados por mercenários gauleses, uma violação do tratado anterior. Os gauleses abandonaram a aliança e os etruscos se viram sozinhos para enfrentar um exército liderado pelo cônsul Tito Mânlio, que, contudo, morreu depois de cair do cavalo numa demonstração de suas habilidades equestres. A eleição para substituí-lo elegeu Marco Valério Corvo como cônsul sufecto. Ele seguiu para a Etrúria e começou a devastar o território tentando atrair os etruscos para uma batalha campal, o que eles lhe negaram.[1]
Terceira Guerra Samnita
[editar | editar código-fonte]Consulado (298 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Em 298 a.C., Ápio Cláudio Cego e Públio Sulpício se tornaram interreges por razões desconhecidas. Sulpício realizou uma eleição, que elegeu Lúcio Cornélio Barbato e Cneu Fúlvio Máximo Centumalo.[2] Os lucanos falaram perante o Senado para reclamar que os samnitas estavam devastando seu país e pediram a proteção de Roma em troca de um tratado e reféns. O Senado concordou depois de algumas deliberações e enviou embaixadores para pedir que os samnitas se retirassem da Lucânia. Encontrando o exército samnita, os embaixadores foram informados que se levassem essa demanda até Sâmnio sairiam com vida; consequentemente, o Senado declarou guerra. No sorteio para decidir qual o cônsul que lideraria qual a campanha, Barbato foi o escolhido para ir para a Etrúria e Centumalo deu início às hostilidades da Terceira Guerra Samnita.[3]
Os etruscos imediatamente perante a cidade de Volterra. Uma batalha de um dia não levou nenhum dos lados à vitória, mas, durante a noite, os etruscos se retiraram para suas cidades fortificadas deixando seu acampamento e equipamentos para os romanos. Acampando seu exército na fronteira etrúria, Barbato liderou uma coluna de infantaria leve para devastar o território inimigo.[1]
Batalha de Tiferno (297 a.C.)
[editar | editar código-fonte]No ano seguinte, os etruscos pediram a paz. Os recém-eleitos cônsules para 297 a.C., Quinto Fábio Máximo Ruliano e Públio Décio Mus lideraram seus exércitos contra Sâmnio, com Barbato atuando como legado de Fábio Máximo. Conforme avançavam devastando o território samnita, os samnitas esperavam surpreendê-los numa emboscado num vale em Tiferno[a]. Com uma força acampada ali para atrair os romanos, eles esconderam seu exército principal nas colinas atrás. Fábio percebeu o estratagema e levou seu exército numa formação quadrangular até o "esconderijo" dos samnitas, que foram forçados a descer para lutar uma batalha convencional.
Incapaz de conseguir a vitória, Fábio recuou os hastados de sua primeira legião da linha e enviou-os furtivamente, sob o comando de Barbato, por trás do flanco inimigo até o alto das colinas atrás deles, de onde eles haviam descido. Barbato recebeu ordens de coordenar um ataque pela retaguarda com uma carga de cavalaria especialmente vigorosa à linha de frente samnita. O plano deu completamente errado: a carga veio cedo demais e foi repelida. Um contra-ataque começava a romper a linha romana quando os homens de Barbato apareceram na colina e foram confundidos com um segundo exército romano, liderado por Décio Mus, o que seria um desastre para os samnitas se fosse verdade. Eles abandonaram o campo de batalha apressadamente deixando para trás 23 estandartes, 3 400 mortos e 830 prisioneiros. Na realidade, Décio Mus estava muito longe, no sul de Sâmnio.[5]
Tendo derrotado o exército samnita, os dois cônsules começaram a sistemática destruição de Sâmnio pelos cinco meses seguintes enquanto não se realizava a nova eleição. Décio Mus marchou pelo território samnita conduzindo a partir de 45 acampamentos enquanto Fábio Máximo utilizou outros 86.[6]
Campanhas com Cláudio e Flama (296 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Depois que Ápio Cláudio Cego e Lúcio Volúmnio Flama Violente foram eleitos, eles ordenaram que Fábio Máximo e Décio Mus continuassem em Sâmnio por mais seis meses com poderes proconsulares. Cornélio Barbato continuou atuando como legado de Quinto Fábio Máximo.[7]
Ponto de inflexão (295 a.C.)
[editar | editar código-fonte]As eleições de 295 a.C. precisavam ser realizadas e Flama foi convocado a Roma para conduzi-las. Fábio Máximo e Décio Mus foram eleitos novamente e Ápio Cláudio recebeu a função de pretor. Fábio Máximo insistiu em comandar as ações na Etrúria sem esperar o resultado do sorteio e, depois de intenso debate, o Senado cedeu ao seu pedido.[8] Ele logo seguiu para lá, liberou Cláudio de seu comando e enviou-o de volta alegando que ele era um comandante que nada fazia por permitir que seus homens sentassem o dia todo no acampamento sem sequer exercitá-los com marchas para patrulhas e treino. Graças a Cláudio, Máximo foi logo reconvocado por causa de sua conduta na campanha etrusca e receber novas ordens. Cornélio Barbato aparece novamente no relato, indicando que ele permaneceu sob o comando de Fábio Máximo o tempo todo: ele é nomeado propretor da Legio II por Fábio, estacionada temporariamente em Clúsio e segue para Roma;[9]
Censor (280 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Quase na época de sua morte, Cornélio Barbato foi eleito censor, em 280 a.C., juntamente com Cneu Domício Calvino Máximo. Seu mandato foi notável por ser o primeiro para o qual há um registro confiável, embora a posição em si já fosse muito antiga.
Sarcófago e epitáfio
[editar | editar código-fonte]O Sarcófago de Lúcio Cornélio Cipião Barbato foi descoberto na Tumba dos Cipiões (o único a sobreviver completo no local) e está hoje nos Museus Vaticanos. Nele está preservado seu epitáfio, escrito em latim antigo em métrica saturniana, provavelmente um trecho de sua "laudatio funebris", gravado na base. Está presente ainda uma segunda inscrição no fastígio, por cima de uma inscrição anterior, que foi rasurada[10]:
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Além do elogio, a outra inscrição é o patronímico do defundo: "[L(UCIOS) CORNELI]O(S) CN(EI) F(ILIOS) SCIPIO".
Árvore genealógica
[editar | editar código-fonte]Ver também
[editar | editar código-fonte]Cônsul da República Romana | ||
Precedido por: Marco Fúlvio Petino com Marco Valério Corvo VI (suf.) |
Lúcio Cornélio Cipião Barbato 298 a.C. |
Sucedido por: Quinto Fábio Máximo Ruliano IV com Públio Décio Mus III |
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b Lívio, Ab Urbe condita X, 10-12
- ↑ Lívio, Ab Urbe condita X, 11
- ↑ Lívio, Ab Urbe condita X, 12, 3; 9
- ↑ Cramer, John Anthony (1826). A Geographical and Historical Description of Ancient Italy: With a Map and a Plan of Rome. [S.l.]: Clarendon Press. p. 231
- ↑ Lívio, Ab Urbe condita X, 14
- ↑ Lívio, Ab Urbe condita X, 15
- ↑ Lívio, Ab Urbe condita X, 16-19
- ↑ Lívio, Ab Urbe condita X, 24.
- ↑ Lívio|Ab Urbe condita X, 21, 22, 24.
- ↑ CIL VI, 1284
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Broughton, T. Robert S. (1951). The Magistrates of the Roman Republic. Volume I, 509 B.C. - 100 B.C. (em inglês). I, número XV. Nova Iorque: The American Philological Association. 578 páginas
- Este artigo contém texto do artigo «Lucius Cornelius Scipio Barbatus» do Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology (em domínio público), de William Smith (1870).
- Ramsay, William (1859). A Manual of Latin Prosody (em inglês) 2 ed. London and Glasgow: Richard Griffin and Company