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Júlio Mattos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Julinho da Mangueira

Julinho no barracão da Mangueira em 1986.
Informações pessoais
Nome completo Júlio Pereira Mattos
Data de nasc. 6 de abril de 1931
Local de nasc. Rio de Janeiro,  Brasil
Falecido em 19 de março de 1994 (62 anos)
Local da morte Rio de Janeiro,  Brasil
Informações profissionais
Escolas de samba

Júlio Pereira Mattos mais conhecido como Julinho da Mangueira (Rio de Janeiro, 6 de abril de 1931Rio de Janeiro, 19 de março de 1994) foi um carnavalesco e artesão autodidata brasileiro. Está entre os maiores vencedores do carnaval carioca, tendo conquistado cinco campeonatos pela Estação Primeira de Mangueira, sendo o carnavalesco que mais deu títulos à escola. Em outras seis ocasiões conquistou o vice-campeonato. Foi campeão outras duas vezes em grupos de acesso pela Paraíso do Tuiuti, escola que ajudou a fundar.[1]

De estilo simples e reservado, teve como marca de seus trabalhos a leveza, naturalidade. Também ficou marcado pelos enredo biográficos, dentre os quais foi campeão homenageando Monteiro Lobato (1967); Dorival Caymmi (1986); e Carlos Drummond de Andrade (1987). Julinho morreu em 1994, em decorrência de um câncer de esôfago.[2]

Filho de família humilde, Julinho morou no morro do Carujá e frequentava a escola de samba Paraíso das Baianas. Os moradores do morro, sem condições financeiras para acompanhar o carnaval das escolas de samba, preferiam participar de blocos carnavalescos, como o Bloco dos Brotinhos. Com o declínio do Paraíso das Baianas, um grupo de sambistas se reuniu, entre eles, Julinho e Nélson Forró, e resolveu terminar com o bloco e também com a Paraíso das Baianas e criar uma nova escola de samba. Os registros históricos e fontes de pesquisa apontam que em 5 de abril de 1954 foi fundado o Grêmio Recreativo Escola de Samba Paraíso do Tuiuti. Porém, a própria agremiação adota como data de fundação o dia 5 de abril de 1952. O primeiro desfile da escola foi no carnaval de 1955. Além de idealizador da escola, Julinho também confeccionou os primeiros desfiles da agremiação. Com poucas condições financeiras, a escola alternava acessos e rebaixamentos entre as divisões do carnaval. Em 1963 foi convidado para assinar o desfile da Estação Primeira de Mangueira. Em paralelo, continuou trabalhando na Paraíso do Tuiuti. Em sua estreia na Mangueira, conquistou o vice-campeonato do carnaval de 1963. Em 1967, Julinho conquistou seu primeiro título no carnaval com a Mangueira. No ano seguinte, em 1968, foi bicampeão com a Mangueira e campeão com a Paraíso do Tuiuti no Grupo 3. Em 1973, conquistou mais um título com a Mangueira com o enredo Lendas do Abaeté. Voltou a vencer o carnaval com a Mangueira em 1986, com um desfile em homenagem ao compositor baiano Dorival Caymmi. No ano seguinte, em 1987, conquistou seu quinto e último título pela Mangueira. A escola homenageou o poeta e cronista Carlos Drummond de Andrade. No mesmo ano foi campeão do Grupo 3 pela Paraíso do Tuiuti. Em 1988 realizou um desfile de crítica social com o enredo "100 Anos de Liberdade, Realidade ou Ilusão?". A Mangueira conquistou o vice-campeonato por um ponto de diferença para a Unidos de Vila Isabel, que apresentou o histórico "Kizomba, Festa da Raça". Em 1989 se despediu da Mangueira com o contestado enredo "Trinca de Reis", sobre os considerados "reis da noite carioca": Walter Pinto, Carlos Machado e Chico Recarey. Obteve a 11.ª colocação, seu pior resultado na Mangueira. Em 1990 se despediu do carnaval com o enredo "Eneida, o Pierrot Está de Volta", com o qual a Paraíso do Tuiuti conquistou o nono lugar do Grupo A.[1][3]

Julinho morreu em 19 de março de 1994, aos 62 anos, em decorrência de um câncer de esôfago.[2]

Ano Escola de samba Colocação Divisão Enredo Ref.
1955 Paraíso do Tuiuti 11.º lugar Grupo 1 Apoteose a Edgar Roquete Pinto [1][3]
1956 Paraíso do Tuiuti 12.º lugar Grupo 1 O Circo, a Grande Parada [1][3]
1957 Paraíso do Tuiuti 17.º lugar
(Rebaixada)
Grupo 1 Meus Sonhos de Criança [1][3]
1958 Paraíso do Tuiuti 3.º lugar
(Promovida)
Grupo 2 Homenagem às Forças Armadas [1][3]
1959 Paraíso do Tuiuti 15.º lugar
(Rebaixada)
Grupo 1 Batalha do Tuiuti [4][5]
1960 Paraíso do Tuiuti 11.º lugar Grupo 2 Exaltação a Villa Lobos [6][7]
1961 Paraíso do Tuiuti 14.º lugar
(Rebaixada)
Grupo 2 Exaltação a Pedro Américo, Castro Alves e Rui Barbosa [8][9]
1963 Estação Primeira de Mangueira Vice-campeã Grupo 1 Exaltação à Bahia [10][11]
Paraíso do Tuiuti 18.º lugar Grupo 3 Glória a Villa-Lobos
1964 Estação Primeira de Mangueira 3.º lugar Grupo 1 História de Um Preto Velho [12][13]
Paraíso do Tuiuti 3.º lugar
(Promovida)
Grupo 3 Uma Formatura nas Agulhas Negras [1][3]
1965 Estação Primeira de Mangueira 4.º lugar Grupo 1 Rio Através dos Séculos [1][3]
Paraíso do Tuiuti 8.º lugar Grupo 2 Quatro Séculos de Glória
1966 Estação Primeira de Mangueira Vice-campeã Grupo 1 Exaltação à Villa-Lobos [1][3]
Paraíso do Tuiuti 15.º lugar
(Rebaixada)
Grupo 2 Sonho de Uma Noite de Carnaval [1][3]
1967 Estação Primeira de Mangueira Campeã Grupo 1 O Mundo Encantado de Monteiro Lobato [14][15]
1968 Estação Primeira de Mangueira Campeã Grupo 1 Samba, Festa de Um Povo [16][17]
Paraíso do Tuiuti Campeã
(Promovida)
Grupo 3 São Cristóvão, Bairro Imperial
1969 Estação Primeira de Mangueira Vice-campeã Grupo 1 Mercadores e Suas Tradições [18][19]
Paraíso do Tuiuti 3.º lugar Grupo 2 O Mundo da Poesia de Olavo Bilac
1970 Estação Primeira de Mangueira 3.º lugar Grupo 1 Um Cântico à Natureza [20][21]
Paraíso do Tuiuti 7.º lugar Grupo 2 Alencar, Patriarca da Literatura Brasileira
1971 Estação Primeira de Mangueira 4.º lugar Grupo 1 Os Modernos Bandeirantes [22][23]
Paraíso do Tuiuti 6.º lugar Grupo 2 Rio, Carnaval e Batucada
1972 Estação Primeira de Mangueira Vice-campeã Grupo 1 Carnaval dos Carnavais [24]
Paraíso do Tuiuti 3.º lugar Grupo 2 Sempre Brasil
1973 Estação Primeira de Mangueira Campeã Grupo 1 Lendas do Abaeté [25][26]
Paraíso do Tuiuti 5.º lugar Grupo 2 Os Imortais da Música Brasileira
1974 Estação Primeira de Mangueira 4.º lugar Grupo 1 Mangueira em Tempo de Folclore [27][28]
Unidos da Ponte 13.º lugar Grupo 2 Rio em Festa - Tradição e Folclore
1975 Paraíso do Tuiuti 7.º lugar Grupo 2 Obra e Vida de Cecilia Meirelles [29][30]
1976 Unidos de São Carlos 10.º lugar Grupo 1 Arte Negra na Legendária Bahia [31][32]
Paraíso do Tuiuti 8.º lugar Grupo 2 Cobra Norato
1977 Estação Primeira de Mangueira 7.º lugar Grupo 1 Parapanã, o Segredo do Amor [33][34]
Unidos da Tijuca 9.º lugar Grupo 2 Paraíso dos Sonhos
1978 Estação Primeira de Mangueira Vice-campeã Grupo 1 Dos Carroceiros do Imperador ao Palácio do Samba [35][36]
Paraíso do Tuiuti 6.º lugar
(Rebaixada)
Grupo 3 Carnaval de Ontem e de Hoje
1979 Estação Primeira de Mangueira 4.º lugar Grupo 1 Avatar… e a Selva Transformou-se em Ouro [37][38]
Paraíso do Tuiuti 6.º lugar Grupo 2B
(quarta divisão)
Orlando Silva
1986 Estação Primeira de Mangueira Campeã Grupo 1 Caymmi Mostra ao Mundo o que a Bahia e a Mangueira Têm [39][40]
1987 Estação Primeira de Mangueira Campeã Grupo 1 No Reino das Palavras, Carlos Drummond de Andrade [41][42]
Paraíso do Tuiuti Campeã
(Promovida)
Grupo 3 Força Viva do Samba, Pagode
1988 Estação Primeira de Mangueira Vice-campeã Grupo 1 Cem Anos de Liberdade, Realidade ou Ilusão? [43][44]
Paraíso do Tuiuti 6.º lugar Grupo 2 Filho de Branco É Menino, Filho de Negro É Moleque; Moleque Taí? Vem Cá Moleque, Vem Cá Apanhar
Unidos do Viradouro Vice-campeã Grupo 4 A Contribuição do Negro ao Folclore Brasileiro
1989 Estação Primeira de Mangueira 11.º lugar Grupo 1 Trinca de Reis [45][46]
Paraíso do Tuiuti 6.º lugar Grupo 2 Folclore, Tradição Popular
União de Vaz Lobo 5.º lugar Grupo 3 Raça Brasileira
1990 Paraíso do Tuiuti 9.º lugar Grupo 2 Eneida, o Pierrot Está de Volta [47][48]
Em Cima da Hora 5.º lugar Grupo 3 Saudades do Rio

Títulos e estatísticas

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Júlio Mattos é um dos maiores vencedores do carnaval do Rio de Janeiro, com cinco conquistas na primeira divisão e outras duas na terceira.

Divisão
Campeonato
Ano
Vice
Ano
Terceiro lugar
Ano

Grupo 1
5 1967, 1968, 1973, 1986 e 1987 6 1963, 1966, 1969, 1972, 1978 e 1988 2 1964 e 1970

Grupo 3
2 1968 e 1987 0 - 0 -
Referências
  1. a b c d e f g h i j «Júlio Mattos, o Julinho da Mangueira». Site Sambario Carnaval. Consultado em 17 de abril de 2018. Cópia arquivada em 9 de agosto de 2016 
  2. a b FabatoGaspariniMeloMagalhães 2016, p. 150.
  3. a b c d e f g h i «Júlio Mattos: um artista verde-e-rosa». Site Carnavalize. Consultado em 22 de abril de 2019. Cópia arquivada em 22 de abril de 2019 
  4. «Resultado 1959». Site Galeria do Samba. Consultado em 17 de abril de 2018. Arquivado do original em 24 de março de 2014 
  5. «Resultado 1959». Site Sambario Carnaval. Consultado em 29 de abril de 2018. Cópia arquivada em 18 de março de 2017 
  6. «Resultado 1960». Site Galeria do Samba. Consultado em 17 de abril de 2018. Arquivado do original em 14 de abril de 2015 
  7. «Resultado 1960». Site Sambario Carnaval. Consultado em 29 de abril de 2018. Cópia arquivada em 18 de março de 2017 
  8. «Resultado 1961». Site Galeria do Samba. Consultado em 17 de abril de 2018. Arquivado do original em 14 de abril de 2015 
  9. «Resultado 1961». Site Sambario Carnaval. Consultado em 29 de abril de 2018. Cópia arquivada em 18 de março de 2017 
  10. «Resultado 1963». Site Galeria do Samba. Consultado em 17 de abril de 2018. Arquivado do original em 15 de abril de 2015 
  11. «Resultado 1963». Site Sambario Carnaval. Consultado em 29 de abril de 2018. Cópia arquivada em 18 de março de 2017 
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  • Fabato, Fábio; Gasparini, Gustavo; Melo, João Gustavo; Magalhães, Luis Carlos; Simas, Luiz Antonio (2016). As Matriarcas da Avenida - Quatro grandes escolas que revolucionaram o maior show da Terra 1.ª ed. Rio de Janeiro: Novaterra. ISBN 978-85-61893-61-3