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Hammamet

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Tunísia Hammamet

الحمّامات

 
  Município  
Rotunda perto da praça do Mártires, vista do alto do Casbá
Rotunda perto da praça do Mártires, vista do alto do Casbá
Rotunda perto da praça do Mártires, vista do alto do Casbá
Localização
Hammamet está localizado em: Tunísia
Hammamet
Localização de Hammamet na Tunísia
Coordenadas 36° 24′ N, 10° 37′ L
País Tunísia
Província Nabeul
Delegação Hammamet
Prefeito Habib Ben Salem
Características geográficas
Área total 36 km²
População total (2004) [1] 63 116 hab.
 • População urbana 40 197
Densidade 1 753,2 hab./km²
Código postal 8050
Sítio www.commune-hammamet.gov.tn

Hammamet (em árabe: الحمّامات) é uma cidade costeira do nordeste da Tunísia, capital da delegação (espécie de distrito) homónimo, o qual faz parte da província (gouvernorat) de Nabeul. O município tem 36 km² de área e em 2004 tinha 63 116 habitantes (densidade: 1 753,2 hab./km²), dos quais 40 197 viviam na cidade.[1] Juntamente com Nabeul, constitui uma conurbação com 185 000 habitantes.

É umas das estâncias balneares mais concorrida da Tunísia e situa-se na costa sul do cabo Bon, 12 km a sudoeste de Nabeul, 70 km a sudeste de Tunes e 90 km a sul de Sousse. É conhecida desde a segunda metade do século XX pelas suas praias extensas ao longo do golfo de Hammamet, mais recentemente, desde meados da década de 1990, pela marina Yasmine Hammamet.

O relevo local compreende duas pequenas planícies costerias de pouca altitude: uma um pouco maior a oeste e outra mais estreita a leste. Estas duas planícies terminam no mar, em praias de areia que se estendem por 20 km. A noroeste, no interior, elevam-se algumas colinas que dominam a cidade, cujo ponto mais alto não ultrapassa os 250 metros.

O núcleo de Hammamet é a sua almedina (centro histórico), que mede cerca de 200 por 200 metros. A oeste da almedina encontra-se a casbá (kasbah; castelo), e a norte a praça dos Mártires, onde se ergue um monumento semelhante à torre Eiffel que recorda os mártires da guerra da independência. A praça dos Mártires é o centro da cidade moderna e de lá partem os dois principais eixos urbanos: as avenidas Habib Bourguiba e da República. No centro moderno, os restaurantes e serviços concentram-se sobretudo nas proximidades dessas artérias. A chamada zona turística, onde se concentram os principais hotéis divide-se em duas partes a partir do centro, Hammamet Norte, e Yasmine Hammamet (a sul). A primeira, que se estende para o lado de Nabeul, é mais pequena e mais antiga, enquanto que a segunda é maior e mais recente e situa-se alguns quilómetros para oeste, na direção de Bouficha. A três quilómetros do centro situa-se um centro cultural, instalado na antiga villa do milionário romeno George Sebastian, onde todos os verões se realiza o Festival international de Hammamet, de música e arte.

Na época púnica, a região tornou-se rapidamente uma das partes mais férteis dos domínios agrícolas cartagineses. Durante o período romano surge a primeira aglomeração urbana — Pupput — a qual conhece um desenvolvimento notável: de simples vico, ascendeu ao estatuto de colónia honorária (Colonia Aurelia Commoda) durante o reinado do imperador Cómodo entre 185 e 192, no contexto da romanização de África. Fazendo parte da província de Bizacena, Pupput encontrava-se no cruzamento de dois eixos rodoviários: um que ligava a costa oriental à planície cerealífera de Thuburbo Majus, e outro que ligava Cartago a Léptis Magna pela costa. Desde aí, a cidade é dotada de instituições municipais romanas e decorada com monumentos caraterísticos das cidades romanas. No entanto, «a maior parte do sítio jaz doravante sob as fundações dos grandes hotéis que invadem a costa. Os raros vestígios arqueológicos salvaguardados pelo Instituto nacional do património não conseguem em caso algum dar uma ideia, mesmo que aproximada, da topografia geral do sítio». Entre esses vestígios encontram-se canalizações de água, reservatórios, habitações e outros edifícios pavimentados em geral de mosaicos, e sobretudo de termas. Estas últimas estão na origem do nome atual da cidade, já que hammamet é o plural de hammam (balneário ou termas) em árabe, que corresponde à utilização tinham feito desde a Antiguidade e que foi continuada pelos sucessivos habitantes que se lhes seguiram. As termas e restantes vestígios atestam o grau de civilização que a cidade atingiu no seu auge. A descoberta recente em Pupput da maior necrópole romana de África atenua a raridade de fontes escritas e lança uma nova luz sobre o passado da cidade.

Vista das muralhas da almedina

Em 678, com a conquista do cabo Bon pelos muçulmanos, Pupput não é mencionada pelas fontes árabes. A cidade despovoa-se e cai em ruínas pois os Árabes, por razões estratégicas, preferem instalar uma nova cidade no que é hoje a almedina, um pequena cabo ao norte de Pupput.

O nome árabe de Hammamet é mencionado pela primeira vez pelo geógrafo árabe Dreses no século XII num a obra que ele teria escrito cerca de 1154 por ordem do rei normando Rogério II da Sicília. A cidade é apresentada como um forte ou castelo (Alcácer): «no cabo de El Hammamat encontra-se um castelo edificado sobre um promontório que avanço mar dentro por cerca de uma milha». Este forte, cuja construção possivelmente remontará a 893-914, faz parte duma série de arrábitas (ribats) similares que tinham como função defender o litoral das razias. É provável que Hammamet tivesse servido como um posto avançado litoral até 1186-1187, data em que a cidade é destruída impiedosamente pelos Banu Gania vindos da ilhas Baleares.

Em volta do forte desenvolve-se uma aglomeração urbana, com a fundação duma mesquita no século XII, numa época crítica da história da Ifríquia: além da invasão normanda ocorreram também a invasão hilália e o desabamento do estado zírida. A partir do século XIII, mais do que apenas um forte, é já uma cidade. Em 1289, um viajante marroquino fala da pequena cidade de Hammamet e das suas muralhas caiadas de branco. Durante a era haféssida, são construídas as muralhas, que seriam completadas em meados do século XIII, e que reforçavam o sistema de defesa do litoral. Em seguida é ordenada a construção da Grande Mesquita de Hammamet. Como muitos outros, estes dois monumentos, são construídos com materiais retirados dos sítios antigos vizinhos. A cidade ganha então alguma importância e torna-se a residência dum cádi.

Panorâmica da almedina

Aparentemente a localidade conhece uma relativa prosperidade económica durante algum tempo, que explica em parte as incursões e os assaltos ferozes lançados contra ela ao longo do século XIV por parte dos piratas pisanos e catalães. As fortificações e restauros levados a cabo nos séculos XIV e XV, que incluíram a consolidação as muralhas e a construção da casbá no local onde se encontrava um forte do século XII, não lograram pôr fim às incursões e às razias mortíferas. No século XVI, o declínio acentua-se. Segundo Leão, o Africano «ela é habitada por gentes muito pobres. Todos são pescadores, barqueiros, carvoeiros e lavadores de tecidos. Esta cidade é de tal forma taxada pelos reis [Haféssidas] que as pobres gentes são quase mendigos.». Presa tentadora, doravante passa a sofrer com a rivalidade entre Otomanos e Espanhóis. Estes últimos acabam por se impor, sendo a cidade conquistada e a população sujeita a atrocidades devido à sua neutralidade no conflito turco-espanhol.[carece de fontes?]

Idade Moderna

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Casbá
Aguarela de Hammamet pintada em 1914 por August Macke

A seguir a conquista de 1574, a cidade é confiada aos Otomanos. OS jazízaros instalam-se na casbá e o número de Otomanos, de origem ou de adoção, cresce regularmente. A população local é relegada para segundo plano face aquela minoria privilegiada, mas este fenómeno não dura muito, pois os Otomanos sofrem influências dos autóctones e acabam por ser assimilados. Este processo tem na sua origem o aparecimento dos Kouloughlis, filhos das uniões entre Otomanos e mulheres locais. Hammamet sofre também com a concorrência entre os estados cristãos e as regências barbarescas, que estiveram na origem, por exemplo de duas razias levadas a cabo pela marinha dos Cavaleiros de Malta, em 1602 e 1605. A primeira é um êxito para os atacantes, mas a população vinga-se durante a segunda expedição, que se salda numa derrota para os Cavaleiros. O nome de Hammamet, deturpado nas línguas latinas como Maometta, Mahomette ou Emmamette, torna-se célebre na Europa Ocidental.

Com o afluxo de refugiados andalusinos perseguidos em Espanha no início do século XVII, a agricultura de hortícolas e de fruta conhecem um desenvolvimento notável durante os séculos XVII e XVIII. Hussein I Bei, fundador da Dinastia Husseinita, visitou a cidade em 1727 e ordena a construção duma nova mesquita e a restauração da antiga Grande Mesquita e das muralhas da almedina. No reinado de Hammuda Paxá (r. 1782–1814), o artesanato têxtil conhece um grande desenvolvimento. Mas o século XIX é um período de dificuldades durante o qual a população sofre cada vez mais com os pesados impostos dos beis e com a pressão europeia.

Em 1881 a cidade e ocupada sem grande resistência pelos franceses da Compagnie franche de Tunisie, comandada por Désiré Bordier. Bordier encanta-se com o lugar e fixa ali residência até à morte. A cidade sobre então o "choque da modernidade": a almedina com os seus diferentes polos e estruturas é progressivamente marginalizada em favor do novo núcleo extramuros. São inauguradas várias novas infraestruturas, como o caminho de ferro (1899), eletricidade, telefone, escola francesa, igreja católica (1884), etc.[carece de fontes?] A criação do município em 19 de novembro de 1942[2] contribuiu também para o desenvolvimento. Célebre pelos seus limões, até 1930 Hammamet era juntamente com Nabeul a principal zona de produção de citrinos da Tunísia.[carece de fontes?]

Numerosos escritores-viajantes em busca de exotismo e pitoresco descreveram a beleza de Hammamet em imagem e em texto, o que contribuiu para a fama da cidade. Desde cedo Hammamet tornou-se uma estância de férias de inverno, bastante concorrida no início do século XX. O pintor Paul Klee, aquando da sua passagem na cidade em 1914, ficou ofuscado pela sua luminosidade, cores e formas. Igualmente antes da Primeira Guerra Mundial, August Macke, Gustave Flaubert, Guy de Maupassant, André Gide e Oscar Wilde também ficaram seduzidos pela localidade. A seguir ao crash de Wall Street em 1929, é a vez do milionário romeno Georges Sebastian descobrir Hammamet, onde constrói uma villa de sonho, para onde convida os seus amigos. Alguns destes adquirem casas na almedina e tranformam-nas ao seu gosto, enquanto outros constroem sumptuosas villas no campo imitando o estilo árabe-muçulmano da villa de Sebastian.

Teatro ao ar livre onde decorre o Festival Internacional de Hammamet
Uma das praias de Hammamet

Nessa época Hammamet atraía outras celebridades, como Jean Cocteau, Wallis Simpson e o duque de Windsor. A Segunda Guerra Mundial foi uma dura prova para a população local. Em 1943, o marechal Rommel requisitou o palácio de Sebastian para ali instalar o seu quartel-general. Durante a guerra, Hammamet foi lugar de passagem frequente Winston Churchill, os generais von Arnim, Montgomery e Eisenhower e o rei Jorge VI. Depois da guerra a cidade tornou-se um lugar de paz e acolheu de tempos a tenpos outros hóspedes famosos, como Bettino Craxi, Sophia Loren, Adamo ou Frédéric Mitterrand. Hammamet tornou-se assim uma verdadeira cidade cosmopolita, preparando as condições para o desenvolvimento turístico depois da independência (1956). Sebastian vendeu o seu palácio ao estado tunisino em 1962, que a transformou num centro cultural, cujo teatro ao ar livre, construído nos jardins em 1964, acolhe todos os verões o Festival Internacional de Hammamet, o segundo maior da Tunísia a seguir ao de Cartago.

Cidade gémeas

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França Nevers (França), desde 1985
Jordânia Aqaba (Jordânia), desde 1981
França Valence (França)

Notas e referências

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  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Hammamet», especificamente desta versão.
  • Boukraa, Ridha (2008), Hammamet : études anthropologie touristique (em francês), Tunes: Centre de publication universitaire 
  • Mansouri, Mohamed Tahar (2010), Hammamet : histoire d'une cité méditerranéenne (em francês), Tunes: MED Maison d'édition 
  1. a b «Population, ménages et logements par unité administrative : Gouvernorat : Nabeul». www.ins.nat.tn (em francês). Instituto Nacional de Estatística da Tunísia. 2004. Consultado em 18 de outubro de 2012 
  2. «Présentation de la mairie». www.commune-hammamet.gov.tn (em francês). Site oficial do município de Hammamet. Consultado em 8 de dezembro de 2012. Cópia arquivada em 1 de janeiro de 2012 

Ligações externas

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