Grupo Itararé
Grupo Itararé
Distribuição estratigráfica: Carbonífero superior ao Permiano inferior | |
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Cabeça de camelo: Afloramento do Arenito Vila Velha no Parque Estadual de Vila Velha. | |
Tipo | Grupo de formações geológicas |
Unidade do(a) | Bacia do Paraná (Supersequência Gondwana I) |
Sucedida por | Formação Rio Bonito |
Precedida por | Formação Ponta Grossa |
Litologia | |
Primária | Arenitos, diamictitos, varvitos |
Outras | Conglomerados |
Localização | |
Homenagem | Itararé |
País | Brasil Paraguai |
O Grupo Itararé é um grupo de formações geológicas pertencentes à Bacia do Paraná. Este Grupo é um registro marcante da grande glaciação gondwânica que ocorreu entre 360 e 270 milhões de anos atrás e cujo pico ocorreu no Mississipiano (Carbonífero inferior). Esta glaciação é conhecida como Glaciação Karoo e durante sua ocorrência toda porção sul do antigo supercontinente Gondwana ficou coberto por espessas camadas de gelo. A deglaciação, do Westafaliano (Carbonífero superior) até o Permiano inferior, gerou extensos depósitos de rochas glaciais. Estes depósitos são constituídos principalmente por arenitos, diamictitos, conglomerados e rochas argilosas. São comuns fácies típicas de ambiente glacial como, por exemplo, os varvitos[1].
Estratigrafia e área de ocorrência
[editar | editar código-fonte]A coluna sedimentar da Bacia do Paraná foi subdividida por Milani (1997) em seis unidades alostratigráficas de segunda ordem ou supersequências. O Grupo Itararé pertence à Supersequência Godwana I[2].
O Grupo Itararé aflora em duas faixas alongadas, praticamente na direção norte-sul, uma na margem oeste da Bacia, do estado de São Paulo ao estado do Rio Grande do Sul e a outra na margem oeste, do estado do Mato Grosso ao Paraguai, sendo que seu nome deriva da cidade de Itararé, onde a mesma foi inicialmente estudada. Mesmo com a forte ação do gelo, o Grupo Itararé é rico em arenitos, especialmente na porção centro-norte da bacia, onde perfaz até 80% da coluna sedimentar[3].
Potencial Petrolífero
[editar | editar código-fonte]Os arenitos do Grupo Itararé são potenciais reservatórios de petróleo[4]. Em 1996 a Petrobras fez a primeira e, até o momento, única descoberta de gás natural comercial na bacia, o Campo de Barra Bonita, no município de Pitanga, estado do Paraná. A jazida possui cerca de 10 km² e situa-se a uma profundidade média de 3.500m, em arenitos flúvio-deltaicos da Formação Campo do Mourão, Grupo Itararé, de idade permo-carbonífera[5][6].
Sítios Geológicos
[editar | editar código-fonte]Diversos afloramentos de rochas do Grupo Itararé são importantes, pois registram a grande glaciação que atingiu todo sul do Supercontinente Gondwana. Estes afloramentos foram transformados em sítios geológicos pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos[7]:
Estrias Glaciais de Witmarsum: É um pavimento polido de arenito com estrias e sulcos de extensão métrica, causadas pelo movimento de geleiras. Situa-se na Colônia Witmarsum, BR-376, no município de Palmeira, Paraná. O afloramento foi tombado pela Secretaria da Cultura do Paraná;[8][9]
Parque Estadual de Vila Velha: O parque é constituído por esculturas naturais impressionantes causadas pela erosão em arenitos do Grupo Itararé, denominados de Arenito Vila Velha. Estas esculturas apresentam altura variável de até 30m com forte impacto paisagístico, atraindo visitantes do Brasil e do mundo. Localização: Rodovia BR-376, Ponta Grossa, Paraná;[10][11]
Parque do Varvito: Situa-se no Município de Itu, Estado de São Paulo. É a melhor exposição, na Bacia do Paraná, de varvito, rocha formada em corpos de água, como lagos glaciais, pela deposição rítmica de pares da lâminas claras, mais espessas e arenosas e escuras, mais delgadas e argilosas. Outra feição marcante são os clastos caídos, visíveis nas camadas de varvito. Possuem tamanho e composição diversos e são originários do degelo dos icebergs que flutuavam sobre os lagos;[12][13]
Pavimento Estriado Guaraú: Localizado no município de Salto, SP, são representados por pavimentos estriados sobre granitos, formados pelo movimentos de geleiras que originaram a deposição de depósitos de diamictitos do Grupo Itararé;[14]
Parque Rocha Moutonnée: Situado no município de Salto, São Paulo, é o único exemplar conhecido na Bacia do Paraná de estrutura de abrasão glacial denominada rocha moutonnée. Sua descoberta, por Marger Gutmans em 1946, foi um dos pontos mais importantes na comprovação da origem glacial das rochas do Grupo Itararé.[15]
- ↑ Milani, E. J.; Melo, J. H. G., Souza, P. A.; Fernandes, L. A. e França, A. B. (2007) Bacia do Paraná. IN: Cartas Estratigráficas. Boletim de Geociencias da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 265-287, mai/Nov. 2007.
- ↑ Milani, E. J. (1997). Evolução tectono-estratigráfica da Bacia do Paraná e seu relacionamento com a geodinâmica fanerozoica do Gondwana sul-ocidental. 2 vol. Il. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Curso de Pós-Graduação em Geociências, Porto Alegre.
- ↑ Vesely, F.F. (2007) Sistemas suaquosos alimentados por fluxos hiperpicnais glaciogênicos: modelo deposicional para arenitos do Grupo Itararé, Permocarvonífero da Bacia do Paraná. IN: Boletim de Geociências da Petrobras. Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 7-25, Nov. 2006/maio/2007.
- ↑ Milani, E. J., França, A. B. E Medeiros, R. Á., – Roteiros Geológicos, Rochas geradoras e rochas-reservatório da Bacia do Paraná. In: Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 135-162, Nov. 2006/maio/2007.
- ↑ Zanotto, O.A.; Becker, C.R.; Durães, E.M. (2008) Barra Bonita - Primeiro Campo de Gás na Bacia Do Paraná, IN: 44º Congresso Brasileiro de Geologia – Anais; Curitiba, Brasil.
- ↑ Agência Nacional do Petróleo (2008). Barra Bonita: a primeira acumulação comercial de hidrocarbonetos da Bacia do Paraná.
- ↑ «Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos». Consultado em 12 de outubro de 2010. Arquivado do original em 18 de fevereiro de 2010
- ↑ Mineropar (2003). «Estrias Glaciais de Witmarsum, PR». Consultado em 12 de outubro de 2010
- ↑ Guimarães, G.B. (2010). «Estrias Glaciais de Witmarsum, PR». Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. Consultado em 12 de outubro de 2010. Arquivado do original em 28 de agosto de 2009
- ↑ Melo,M.S.; Bosetti,E.P.; Godoy,L.C.; Pilatti,F. «Vila Velha, PR - Impressionante relevo ruiniforme.» (PDF). Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil 029. Arquivado do original (PDF) em 11 de dezembro de 2009
- ↑ Mineropar (2003). «Parque Estadual de Vila Velha, PR». Consultado em 12 de outubro de 2010
- ↑ Rocha-Campos, A.C. (2002). «Varvito de Itu, SP - Registro clássico da glaciação neopaleozoica». Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil - 062. Consultado em 12 de outubro de 2010. Arquivado do original em 12 de março de 2009
- ↑ «Parque do Varvito». Consultado em 12 de outubro de 2010
- ↑ Annabel Pérez-Aguilar e outros (2008). «Pavimento Estriado Guaraú, Salto, SP Marcas de geleira neopaleozoica no sudeste brasileiro» (PDF). Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil - 35. Consultado em 28 de dezembro de 2014
- ↑ Rocha-Campos, A.C. (2002). «Rocha moutonnée de Salto, SP - Típico registro de abrasão glacial do Neopaleozoico». Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil 021. Consultado em 12 de outubro de 2010. Arquivado do original em 17 de abril de 2009
Bibliografia complementar
[editar | editar código-fonte]- Bartoszeck, M.K.; Rostirolla, S.P.; Campos, A.F.; Machado, A.M.L. (2008) Modelagem volumétrica e simulação de fluxo em arenitos análogos a reservatórios profundos: exemplo da Formação Campo Mourão, Bacia do Paraná. IN: Revista Brasileira de Geociências. São Paulo, Vol. 38 – nº 1 (suplemento) – março 2008. ISSN 0375-7536.
- Castro, J.C.; Weinschütz, L.C.; Castro, M. R.. (2005) Estratigrafia de sequências das formações Taciba e Rio Bonito (Membro Triunfo) na região de Mafra/SC, leste da Bacia do Paraná. IN: Boletim de Geociências da Petrobras. Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 27-42, Nov. 2004/maio/2005;
- Trzaskos, B.; Rostirolla, S.P.; Bocardi, L.B. (2007) Bandas de deformação em arenitos permocarboníferos da Bacia do Paraná. IN: Boletim de Geociências da Petrobras. Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 27-43, Nov. 2006/maio/2007.