Buraco negro BTZ
O buraco negro BTZ, nomeado em homenagem a Máximo Bañados, Claudio Teitelboim e Jorge Zanelli, é uma solução de buraco negro para duas dimensões espaciais e um temporal (dimensões 2+1), e com uma constante cosmológica negativa.
História
[editar | editar código-fonte]Em 1992, Bañados, Teitelboim e Zanelli descobriram a solução do buraco negro BTZ (Bañados, Teitelboim & Zanelli 1992). Quando a constante cosmológica é zero, uma solução de vácuo de dimensões 2+1 é necessariamente plana (o tensor de Weyl desaparece em três dimensões, enquanto o tensor de Ricci desaparece devido às equações de campo de Einstein, então o tensor de Riemann completo desaparece), e pode ser demonstrado que não existem soluções de buraco negro com horizontes de eventos.[1] No entanto, graças à constante cosmológica negativa no buraco negro BTZ, é possível obter propriedades semelhantes às soluções de buracos negros de Schwarzschild e Kerr de 3+1 dimensões, que modelam buracos negros mais realísticos.
Propriedades
[editar | editar código-fonte]As semelhanças com os buracos negros comuns em dimensões 3+1:
- Admite um teorema da calvície, que caracteriza completamente a solução através da sua massa, momento angular e carga.
- Apresenta as mesmas propriedades termodinâmicas que as soluções tradicionais de buracos negros, como os buracos negros de Schwarzschild ou Kerr, por exemplo, a sua entropia é capturada por uma lei análoga ao limite de Bekenstein em dimensões (3+1), com a área da superfície substituída pela circunferência do buraco negro BTZ.
- Assim como o buraco negro de Kerr, um buraco negro BTZ rotativo contém um horizonte interno e um externo, análogo a uma ergosfera.
Como a gravidade dimensional (2+1) não tem limite newtoniano, acredita-se que o buraco negro BTZ não é o estado final de um colapso gravitacional. No entanto, foi demonstrado que esse buraco negro poderia surgir do colapso da matéria e podemos calcular o tensor de energia-momento do BTZ da mesma forma que buracos negros (3+1) (Carlip 1995, section 3 Black Holes and Gravitational Collapse).
A solução BTZ é frequentemente discutida no campo da gravidade quântica de dimensões (2+1).
Caso sem carga
[editar | editar código-fonte]A métrica na ausência de carga é dada por
onde são os raios do buraco negro e é o raio do espaço AdS3. A massa e o momento angular do buraco negro são dados, respectivamente, por
Os buracos negros BTZ sem carga elétrica são localmente isométricos ao espaço anti-de Sitter. Mais precisamente, corresponde a uma orbivariedade do espaço de cobertura universal de AdS3.[2]
Um buraco negro BTZ rotativo admite curvas temporais fechadas.
Ver também
[editar | editar código-fonte]- ↑ Karakasis, Thanasis; Papantonopoulos, Eleftherios; Tang, Zi-Yu; Wang, Bin (2021). «Black holes of ( 2+1 )-dimensional f(R) gravity coupled to a scalar field». Physical Review D. 103 (6): 064063. Bibcode:2021PhRvD.103f4063K. arXiv:2101.06410. doi:10.1103/PhysRevD.103.064063
- ↑ Kraus, Per (20 de setembro de 2006). «Lectures on Black Holes and the AdS3/CFT2 Correspondence». Springer Publications. 3
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Bañados, Máximo; Teitelboim, Claudio; Zanelli, Jorge (28 de setembro de 1992), «The Black hole in three-dimensional space-time», Phys. Rev. Lett., 69 (13), pp. 1849–51, Bibcode:1992PhRvL..69.1849B, PMID 10046331, arXiv:hep-th/9204099v3, doi:10.1103/PhysRevLett.69.1849
- Carlip, Steven (2005), «Conformal Field Theory, (2+1)-Dimensional Gravity, and the BTZ Black Hole», Classical and Quantum Gravity, 22 (12), pp. R85–R123, Bibcode:2005CQGra..22R..85C, arXiv:gr-qc/0503022v4, doi:10.1088/0264-9381/22/12/R01
- Carlip, Steven (1995), «The (2+1)-Dimensional Black Hole», Classical and Quantum Gravity, 12 (12), pp. 2853–2879, Bibcode:1995CQGra..12.2853C, arXiv:gr-qc/9506079, doi:10.1088/0264-9381/12/12/005
- Bañados, Máximo (1999), «Three-dimensional quantum geometry and black holes» (PDF), Trends in Theoretical Physics II, AIP Conference Proceedings, 484, pp. 147–169, Bibcode:1999AIPC..484..147B, arXiv:hep-th/9901148v3, doi:10.1063/1.59661
- Ida, Daisuke (30 de outubro de 2000), «No Black Hole Theorem in Three-Dimensional Gravity», Phys. Rev. Lett., 85 (18), pp. 3758–60, Bibcode:2000PhRvL..85.3758I, PMID 11041920, arXiv:gr-qc/0005129, doi:10.1103/PhysRevLett.85.3758