Batalha de Gol-Zarrium
Batalha de Gol-Zarrium Batalha de Bucara | |||
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Guerras perso-heftalitas | |||
Data | c. 560 | ||
Local | Gol-Zarrium, perto de Bucara, na Soguediana (atualmente no Usbequistão) | ||
Coordenadas | |||
Desfecho | Vitória decisiva perso-turca; desaparecimento do Império Heftalita, que se fragmentou em vários reinos menores | ||
Mudanças territoriais | A região a norte do rio Oxo foi anexada pelos goturcos e a região a sul pelos sassânidas | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Localização de Bucara no Usbequistão. A batalha ocorreu perto destacidade. |
A Batalha de Gol-Zarrium[1] ou Batalha de Bucara foi um confronto militar ocorrido c. 560 entre o Império Heftalita e uma coligação do Império Sassânida e do Primeiro Canato Turco em Gol-Zarrium, na Soguediana, perto da cidade de Bucara (atualmente no Usbequistão).
Contexto
[editar | editar código-fonte]Em 484, o xá sassânida Perozes I, avô de Cosroes I (r. 531–579), foi morto em combate na Batalha de Herate contra os heftalitas e estes anexaram grande parte da província persa de Coração. Após ter chegado a um acordo de paz estável com o Império Bizantino, a ocidente, Cosroes pôde virar a sua atenção para o Império Heftalita, na frente oriental, e vingar a morte do seu avô. Não obstante o crescimento do poderio militar sassânida devido à reformas militares de Cosroes, os persas continuavam a não se sentir à vontade para atacar os heftalitas sozinhos, pelo que procuraram aliados. A resposta aos seus anseios surgiu com a incursão dos goturcos na Ásia Central. O movimento de povos turcos na Ásia Central tornou-os rapidamente em inimigos naturais e competidores dos heftalitas.[2]
Os heftalitas tinham bastante poder militar, mas não tinham organização para lutar em várias frentes. Os sassânidas e os turcos fizeram uma aliança e lançaram um ataque em duas frentes contra os heftalitas, tirando vantagem de sua desorganização e desunião. No final da guerra, com os heftalitas derrotados, os turcos conquistaram o território a norte do rio Oxo (Amu Dária) e os sassânidas anexaram as terras a sul do rio.[3]
Consequências
[editar | editar código-fonte]O Império Heftalita desmoronou-se após a batalha, fragmentando-se em vários reinos menores, como o do governado pelo príncipe heftalita Faganixe, em Chaganiã (em usbeque: Chagʻoniyon; a sul de Samarcanda). Gadefar, o monarca heftalita derrotado em Gol-Zarrium, retirou com o que restava dos seus homens para sul, em território sassânida, onde se refugiou.[4] Entretanto, o grão-cã goturco Sizábulo (Istämi ou Sinjibu) chegou a acordo com a nobreza heftalita e nomeou Faganixe como o novo rei heftalita.[5]
A nomeação de Faganixe desagradou muito a Cosroes, que considerou que a colaboração entre os turcos e os heftalitas punha em perigo o seu domínio a leste, pelo que marchou para a fronteira sassânido-turca em Gurgã. Quando lá chegou encontrou-se com um enviado de Sizábulo, que lhe ofereceu presentes.[5] Cosroes afirmou a sua autoridade e poder militar e persuadiu os goturcos a fazerem uma aliança. Esta passou pela assinatura dum tratado que estabeleceu que Faganixe fosse enviado para a corte sassânida em Ctesifonte para convencer Cosroes a aprovar o seu estatuto de rei heftalita.[5] Faganixe tornou-se assim um vassalo do Império Sassânida, o que fixou o Oxo como fronteira oriental entre os sassânidas e os goturcos.[6][7]
Contudo, as relações amigáveis entre os goturcos e os sassânidas deterioram-se rapidamente depois disso, nomeadamente porque ambas as potências disputavam o domínio da Rota da Seda e do comércio entre o Ocidente e o Extremo Oriente.[3] Em 568, os goturcos enviaram um embaixador ao imperador bizantino Justino II para propor uma aliança e um ataque em duas frentes contra o Império Sassânida, mas nada se concretizou.[8]
Notas e referências
[editar | editar código-fonte]- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Battle of Gol-Zarriun», especificamente desta versão.
- ↑ Rezakhani 2017, p. 141.
- ↑ Drayage 2009, p. 30.
- ↑ a b Frye 1984.
- ↑ Rezakhani 2017, pp. 141-142.
- ↑ a b c Rezakhani 2017, p. 142.
- ↑ Litvinsky, Dani et al. 1996, pp. 176-177
- ↑ Bivar 2003, pp. 198-201.
- ↑ Dingas & Winter 2007, p. 115.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Bivar, A. D. H. (2003), «Hephthalites», Londres, Encyclopædia Iranica, edição online iranicaonline.org (em inglês), XII Fasc. 2: 198–201, consultado em 8 de novembro de 2020
- Dingas, Beate; Winter, Engelbert (2007), Rome and Persia in Late Antiquity, Cambridge University Press
- Frye, Richard Nelson (1984), The History of Ancient Iran, ISBN 9783406093975, C.H.Beck, pp. 1–411
- Howard-Johnston, James (2000), «Ḵosrow II», Londres, Encyclopædia Iranica, edição online iranicaonline.org (em inglês), consultado em 8 de novembro de 2020
- Litvinsky, B. A.; Dani, Ahmad Hasan; Guang-da, Zhang; Samghabadi, R. Shabani, eds. (1996), History of Civilizations of Central Asia. Volume III: The crossroads of civilizations, A.D. 250 to 750, ISBN 9789231032110, Paris: UNESCO
- Rezakhani, Khodadad (2017), ReOrienting the Sasanians: East Iran in Late Antiquity, ISBN 9781474400305, Edinburgh University Press, pp. 1–256
- Shahbazi, A. Sh. (1988), «Bahrām VI Čōbīn», Londres, Encyclopædia Iranica, edição online iranicaonline.org (em inglês), III Fasc. 5: 514–522, consultado em 8 de novembro de 2020
- Sims-Williams, Nicholas (2009), «Kadagistān», Londres, Encyclopædia Iranica, edição online iranicaonline.org (em inglês), XV Fasc. 3: 324–325, consultado em 8 de novembro de 2020