Antônio da Silva Prado
Antônio da Silva Prado | |
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Senador do Brasil por São Paulo | |
Período | 20ª Legislatura (senador vitalício) |
Ministro dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas | |
Período | 1885/87 e 1887/88 |
Ministro das Relações Exteriores do Brasil | |
Período | 1888 |
Deputado geral por São Paulo | |
Período | 1869/72 |
1.° Prefeito de São Paulo | |
Período | 7 de janeiro de 1899 até 15 de janeiro de 1911 |
Vice-prefeito | Pedro Vicente de Azevedo (1899-1907) Asdrúbal Augusto do Nascimento (1907-1911) |
Antecessor(a) | Cargo Criado |
Sucessor(a) | Raimundo da Silva Duprat |
Dados pessoais | |
Nascimento | 25 de fevereiro de 1840 São Paulo, SP |
Morte | 23 de abril de 1929 (89 anos) Rio de Janeiro, DF (hoje RJ) |
Progenitores | Mãe: Veridiana da Silva Prado Pai: Martinho da Silva Prado |
Cônjuge | Maria Catarina da Costa Pinto |
Partido | Partido Conservador, PRP, Partido Democrático |
Profissão | Advogado, Fazendeiro, Banqueiro e Empresário |
Serviço militar | |
Condecorações | Conselheiro e Cavaleiro grã-cruz da Real Ordem de Leopoldo I |
Antônio da Silva Prado, ou Conselheiro Antônio Prado (São Paulo, 25 de fevereiro de 1840 — Rio de Janeiro, 23 de abril de 1929) foi um advogado, agricultor, político e empresário brasileiro. Esteve diretamente envolvido na elaboração da Lei dos Sexagenários e da Lei Áurea.
Político do Segundo Reinado
[editar | editar código-fonte]Filho de Martinho da Silva Prado e de Veridiana Valéria da Silva Prado, membros da aristocracia cafeeira paulista; tinha o apelido de Antonico. Dona Veridiana era filha de Antônio da Silva Prado, o Barão de Iguape. O pai de Antônio da Silva Prado era tio de sua mãe.
Formado na Faculdade de Direito de São Paulo em 1861; cursou especialização em direito em Paris. Foi chefe de polícia em São Paulo. Deputado provincial de São Paulo (1862-1864). Foi deputado federal, na época se dizia "deputado geral", em 1869 e em 1872 pelo Partido Conservador. O conselheiro publicava suas opiniões no órgão do Partido Conservador, o Correio Paulistano, que foi de sua propriedade a partir de 1882, e que mais tarde se tornou o órgão do Partido Republicano Paulista, ao qual o conselheiro se filiou.
Em 1878, foi inspetor especial de terras e colonização da Província de São Paulo.[1]
Foi partidário da abolição, e, foi ministro da agricultura. Foi incentivador da imigração italiana no Brasil sendo um dos fundadores da "Sociedade Brasileira de Imigração". Foi também ministro das relações exteriores. Foi incentivador de ferrovias, tendo, no ministério da agricultura, autorizado a construção de muitas linhas férreas no Brasil.
Como ministro da agricultura, em 1885, (ver Gabinete Cotegipe), participou da elaboração e assinou, junto com a Princesa Isabel, a Lei Saraiva-Cotegipe, também chamada lei dos sexagenários, lei que previa a abolição gradual da escravatura negra no Brasil com indenização aos proprietários de escravos.
Tornou-se senador em 1886, e, conselheiro do Império do Brasil em 1888.
Em 1888, o conselheiro Antônio Prado fez parte do Gabinete João Alfredo que elaborou o projeto da Lei Áurea. Quando da Abolição dos escravos, o "Correio Paulistano" lembrou o trabalho de Antônio da Silva Prado em prol da Campanha Abolicionista: "O eminente estadista, glória imortal da Província do São Paulo, quando voltou das campanhas do parlamento brasileiro, tocou a rebate, reuniu o exército, e, como adestrado generalíssimo, da tribuna e da imprensa, deu começo ao assombroso combate, cuja vitória não tardou a se declarar logo em favor da hoste guerreira que na frente conduzia a bandeira branca da abolição. Honra, pois, ao sr. Conselheiro Antônio da Silva Prado."[2]
Quando faleceu no Rio de Janeiro, em 1929, seu filho Antônio da Silva Prado Júnior era o prefeito da cidade.
Primeiro Prefeito de São Paulo
[editar | editar código-fonte]Na República pertenceu ao PRP.
Tomou posse como intendente do município de São Paulo em 7 de janeiro de 1899, sendo o primeiro governante do município a receber o título de prefeito. Permaneceu doze anos no cargo de prefeito, até 15 de janeiro de 1911, o que o torna o prefeito de São Paulo que mais tempo ficou no cargo. Foi um dos fundadores do Automóvel Clube de São Paulo.
Procurou modernizar a cidade, através da construção de pontes e o aterramento de várzeas que, em período de chuvas, impediam a ligação entre as várias regiões da cidade de São Paulo.
Foi responsável, em seu mandato, pela implantação do sistema de energia elétrica na cidade de São Paulo, em 1900, graças a uma usina hidroelétrica construída em Santana de Parnaíba, através da empresa canadense The Sao Paulo Light & Power, que ocupava o atual centro comercial do mesmo nome. Com a energia elétrica instalada, a Light passou a operar, em 1900, bondes elétricos na cidade de São Paulo, substituindo o "bonde-a-burros" .[3]
Embora tivesse sido em sua gestão que ocorreu a construção do Teatro Municipal, deixou o cargo de prefeito em 15 de janeiro de 1911, sendo o Teatro Municipal inaugurado pelo então prefeito Barão Raimundo da Silva Duprat em setembro de 1911, ao lado do Viaduto do Chá. Antônio Prado inaugurou a Pinacoteca do Estado e a Estação da Luz Construiu a avenida Tiradentes onde se localizam as duas obras citadas.
Neste período em que foi prefeito de São Paulo, a população aumentava vertiginosamente: como consequência do fim da escravidão, grandes levas de imigrantes vieram para o Brasil, principalmente italianos (estima-se que na primeira década do século XX cerca de 900 mil deles chegaram ao país), fazendo a população da cidade saltar para quase 400 mil habitantes, e, em 1908, chegaram os primeiros japoneses. A maciça ocupação da cidade por estrangeiros ocorreu devido à rápida industrialização, com destaque para os setores têxtil e de alimentação.
Depois de deixar o cargo de Prefeito Municipal, o Conselheiro Antônio Prado deixou a política, só a ela retornando para fundar, em 1926, o Partido Democrático (1930), emprestando seu prestígio político à nova sigla. A reunião de políticos que fundou o Partido Democrático foi realizada em sua residência.
Cafeicultor, banqueiro e empresário
[editar | editar código-fonte]Antônio da Silva Prado e seu irmão Martinho Prado Júnior, (o Martinico Prado), foram colonizadores na região de Ribeirão Preto adquirindo a Fazendas São Martinho (na atual Pradópolis) e formando a Fazenda Guatapará que chegaram a possuir 20 milhões de pés de café. A Fazenda Guatapará recebeu o Rei da Bélgica, Alberto I da Bélgica, em setembro de 1920. Tal era o prestígio da família Silva Prado e do seu palacete que chegou a hospedar os reis da Bélgica.[4].
O conselheiro Antônio Prado também formou a fazenda Santa Veridiana, nome que homenageia sua mãe, que chegou a ter 4 milhões de pés de café, localizada no atual município de Santa Cruz das Palmeiras. Criou também o balneário do Guarujá, um empreendimento pioneiro para a época, o início do século XX.
Antônio da Silva Prado foi banqueiro proprietário do Banco do Comércio e Indústria do Estado de São Paulo, conhecido posteriormente como Banco Comind, da Vidraria Santa Marina e dono de um frigorífico em Barretos e fundador, proprietário e presidente da Companhia Paulista de Estradas de Ferro por 36 anos.[5] A Paulista, ficou conhecida mundialmente por sua eficiência e pontualidade e, se dedicou principalmente ao transporte de café e carnes. Foi também um dos pioneiros em reflorestamento no Brasil, plantando bosques para abastecer de lenha a Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Em dezembro de 1921, Antônio da Silva Prado enviou uma carta ao Presidente da República Nilo Peçanha protestando contra o projeto de lei de valorização do café. A carta teve grande repercussão na imprensa, e, em janeiro de 1930, a carta foi citada, por Getúlio Vargas, no discurso de lançamento de sua candidatura à presidência da República.[6] Antônio Prado escreveu ao Presidente da República Nilo Peçanha que a política de valorização do café (financiamento do Governo Federal para se reter sacas de café tentando aumentar seus preços) é desconhecer o mercado. O que era preciso, segundo Antônio da Silva Prado era se conseguir mais braços para a lavoura, diminuir os custos de produção e os custos de transportes, e, o governo fornecer mais capital, ensino profissionalizante, entre outras medidas.[7]
Chácara do Carvalho
[editar | editar código-fonte]Recebida por herança, a Chácara do Carvalho, foi onde residiu com sua família, a esposa Maria Catarina da Silva Prado e seus oito filhos, no período de 1893 a 1929.
Seu enterro saiu da propriedade, sendo acompanhado a pé pela população até o Cemitério da Consolação, na capital de São Paulo.
Família
[editar | editar código-fonte]Casou-se com Maria Catarina da Costa Prado, com quem teve:
- Paulo da Silva Prado
- Maria Nazaré da Silva Prado
- Marina da Silva Prado que foi casada com Luís Augusto de Queiroz Aranha
- Antonieta da Silva Prado que foi casada com Afonso Arinos de Melo Franco
- Antônio da Silva Prado Júnior que foi casado com Eglantina Penteado
- Hermínia da Silva Prado
- Luís da Silva Prado que foi casado com Eudóxia da Cunha Bueno
- Sílvio da Silva Prado que foi casado com Guiomar Penteado
Homenagens
[editar | editar código-fonte]No ano de seu falecimento, 1929, foi lançado um extenso livro de mais de 800 páginas contendo os discursos e ensaios de Antônio Prado, livro este organizado por sua filha Nazaré Prado.[8]
Em 1940 foram realizados, em São Paulo e no Rio de Janeiro, vários eventos comemorativos do centenário de seu nascimento, tendo sido lançado um livro contendo os discursos e trabalhos feitos alusivos à data.[9]
O Almanak Laemmert, de 1887, menciona o Conselheiro Antônio da Silva Prado como Grão-Cruz da Real Ordem de Leopoldo.
É homenageado com a Praça Antônio Prado localizada no Distrito da Sé, na área central da cidade de São Paulo.[10]
No município de Barretos, a praça da estação ferroviária recebeu o nome de "Praça Conselheiro Antônio Prado", em uma grata homenagem pela contribuição do mesmo viabilizando a implantação da estrada de ferro no município, onde foi dado o nome de "Via Conselheiro Antônio Prado", a uma importante avenida que liga o Shopping Barretos e a Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB), à zona sul da cidade, onde estão localizados a sede do 33º Batalhão de Polícia Militar do Interior e o antigo Frigorífico Anglo (hoje, JBS - Friboi).
No estado do Rio Grande do Sul, na região da Serra Gaúcha, existe o município de Antônio Prado que surgiu de uma colônia italiana, é tida como a cidade mais italiana do Brasil, e o homenageia adotando seu nome. O nome foi posto em homenagem a Antônio Prado quando ele ocupava o cargo de Ministro da Agricultura e devido aos esforços empenhados em expandir a colonização italiana no Rio Grande do Sul. [11]
No estado do Paraná, no município de Colombo, existe a Colônia Antônio Prado, criada em 1886, recebendo imigrantes italianos e poloneses[12]. Época em que o Conselheiro era Ministro dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Brasil.
- ↑ INDICADOR DE SÃO PAULO PARA O ANO DE 1878, Abilio A. S. Marques, 1878.
- ↑ "Correio Paulistano", primeira página, 15 de maio de 1888, edição número 9.511
- ↑ https://www.america.org.br/site/personalidade---conselheiro-antonio-da-silva-prado/4GabzK0AnLw-3/atr.aspx
- ↑ https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=5950
- ↑ «Conselheiro Antonio Prado:Faleceu no Rio o venerado paulista». Correio Paulistano, edição 23535, página 4/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 24 de abril de 1929. Consultado em 11 de outubro de 2021
- ↑ Vargas, Getúlio, A Nova Política do Brasil, Volume I, páginas 50 a 52, Editora José Olympio, Rio de Janeiro, 1938.
- ↑ ________, Antônio Prado no Império e na República - Seus Discursos e Atos Coligidos e apresentados por sua filha Nazaré Prado, páginas 804 a 808, com a íntegra da carta, F. Briguiet & Cia. Editores, Rio de Janeiro, 1929.
- ↑ ________, Antônio Prado no Império e na República - Seus Discursos e Atos Coligido, organizado por Nazaré Prado, F. Briguiet & Cia. Editores, Rio de Janeiro, 1929.
- ↑ ________, Centenário do Conselheiro Antônio Prado, Gráfica Revista dos Tribunais, São Paulo, 1946
- ↑ Dicionário de Ruas - História das Ruas de São Paulo
- ↑ «Prefeitura Municipal de Antônio Prado - Cidade - Histórico». www.antonioprado.rs.gov.br. Consultado em 15 de junho de 2019
- ↑ Cidades, IBGE (Janeiro de 2014). «Colombo». IBGE Cidades Paraná Colombo. Consultado em 31 de março de 2022
Biografia
[editar | editar código-fonte]- ________, Antônio Prado no Império e na República - Seus Discursos e Atos Coligidos e apresentados por sua filha Nazaré Prado, F. Briguiet & Cia. Editores, Rio de Janeiro, 1929.
- ________, Centenário do Conselheiro Antônio Prado, Gráfica Revista dos Tribunais, São Paulo, 1946.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Biografia do Conselheiro Antônio da Silva Prado na página do Senado Federal
- Lei dos Sexagenários assinada pelo Conselheiro Antônio da Silva Prado
- Fazenda Santa Veridiana
- Visita do Rei da Bélgica, Alberto I, ao Brasil, em 1920
Precedido por — |
Prefeitos de São Paulo 1899 — 1911 |
Sucedido por Raimundo da Silva Duprat |
Precedido por João Ferreira de Moura |
Ministro dos Transportes do Brasil e Ministro da Agricultura do Brasil 1885 — 1887 |
Sucedido por Rodrigo Augusto da Silva |
Precedido por Rodrigo Augusto da Silva |
Ministro dos Transportes do Brasil e Ministro da Agricultura do Brasil 1887 — 1888 |
Sucedido por Rodrigo Augusto da Silva |
Precedido por João Maurício Wanderley |
Ministro das Relações Exteriores do Brasil 1888 |
Sucedido por Rodrigo Augusto da Silva |
- Nascidos em 1840
- Mortos em 1929
- Ministros do Império do Brasil
- Ministros das Relações Exteriores do Brasil (Império)
- Ministros da Agricultura do Brasil (Império)
- Ministros dos Transportes do Brasil (Império)
- Deputados do Império do Brasil
- Prefeitos da cidade de São Paulo
- Senadores do Império do Brasil por São Paulo
- Cafeicultores do Brasil
- Naturais da cidade de São Paulo
- História de Antônio Prado
- Irmão Mesário da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
- Antônio da Silva Prado
- Políticos do estado de São Paulo do século XX