Cultura do Grupo-A
O Grupo-A desenvolveu-se na Núbia entre 3800-2 900 a.C.[1] entre Assuã e a Segunda Catarata, tendo ela sido considerada como a cultura mais importante da Baixa Núbia durante o milênio IV a.C.[2] Foi sucessora das culturas Abkana e Cartum Variante, desenvolvendo-se contemporaneamente com a Cultura de Nacada que tendeu a influenciá-la: artefatos do Alto Egito foram importados ou imitados e os cemitérios do grupo-A continham rico espólio tumular.[3] Entre o espólio tumular pode-se citar tigelas e pratos com superfície ondulada e incisões, vasos de paredes finas com padrões geométricos pintados em vermelho, tigelas e jarros egípcios para vinho, joias (pulseiras de marfim, plugues labiais, amuletos), seixos do Nilo, conchas de moluscos do Mar Vermelho, espelhos de mica, ferramentas (pedra, cobre e osso), cabeças de clava e queimadores de incenso, ovos de avestruz incisos, paletas de quartzito, almofarizes, moedores e estatuetas de cerâmica e lápis-lazúli femininas, selos e impressões de selos;[4] queimadores de incenso de arenito localizados em Qustal continham cenas em baixo relevo que aparentam ilustrar faraós egípcios (os líderes utilizam a coroa do Alto Egito e aparecem ao lado de Hórus), contudo, na atualidade, supõe-se que tais líderes nada mais são que líderes locais núbios que, possivelmente, influenciaram os póstumos faraós do Egito.[5]
Os túmulos eram ovais, circulares ou retangulares com um ou dois nichos laterais e foram tampados com grandes lajes de pedra; há exemplos de peculiares túmulos em forma de colmeia com duas câmaras, uma sobreposta a outra; o interior dos túmulos eram revestido com barro ou tapetes.[6] Há presença de inumações múltiplas, assim como de inumações animais (cães, ovinos, caprinos, bovinos, gazelas);[7] os corpos eram depositados de forma contraída para a esquerda com a cabeça voltada para o sul e foram envoltos em peles animais, linho ou esteiras.[6]
A população total foi estimada em cerca de 20000 pessoas que viviam a base de caça, pesca, coleta, agricultura (trigo, cevada, leguminosas), pecuária (cães, ovinos/caprinos, bovinos), importação (queijo, grãos, azeite, cerveja, faiança, vasos de alabastro, cornalina) e exportação (marfim, madeira, ébano, incenso, pedras preciosas, ouro, animais exóticos e possivelmente gado) de produtos.[4][6][8][9][10] Muitos exemplares de cerâmica produzida localmente tinham como finalidade imitar cestas (trançados) e cabanas (estrutura), tendo estes, muitas vezes sido revestidos com ocre ou tinta, incisos ou perfurados, polidos e suavizados; há exemplos de vasos com o interior negro, assim como exemplares completamente enegrecidos.[11]
- ↑ Bianchi 2004, p. 2
- ↑ Trigger 1989, p. 42
- ↑ «Nubia: A-Group» (em inglês). Consultado em 21 de fevereiro de 2012. Arquivado do original em 14 de maio de 2012
- ↑ a b «The Nubian A-Group» (em inglês). Consultado em 10 de março de 2012. Arquivado do original em 31 de março de 2012
- ↑ «Lower Nubia's Mystery People: The "A-Group"» (em inglês). Consultado em 10 de março de 2012. Arquivado do original em 3 de março de 2012
- ↑ a b c Gatto 2006c, pp. 68-70
- ↑ «Hunting for the Elusive Nubian A-Group People» (em inglês). Consultado em 10 de março de 2012
- ↑ «Ancient Nubia: A-Group 3800–3100 BC» (em inglês). Consultado em 10 de março de 2012. Arquivado do original em 12 de março de 2012
- ↑ «Objects imported from Egypt were found in Nubian A-Group tombs» (em inglês). Consultado em 10 de março de 2012
- ↑ Fage 1982, p. 539
- ↑ «Ancient Nubia: A-Group Pottery» (em inglês). Consultado em 10 de março de 2012
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Bianchi, Robert Steven (2004). Daily life of the Nubians. Estados Unidos: [s.n.] ISBN 0-313-32501-4
- Trigger, B. G. (1989). A History of Archaeological Thought. [S.l.]: Cambridge University Press
- Fage, J. D.; R. A. Oliver (1982). The Cambridge History of Africa. [S.l.]: Cambridge University Press
- Gatto, Maria C. (2006c). The Nubian A-Group: a reassessment. [S.l.: s.n.]