Fernão de Oliveira
Fernão de Oliveira | |
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Nascimento | 1507 Aveiro |
Morte | 1581 |
Cidadania | Reino de Portugal |
Ocupação | linguista, historiador, escritor, frade, filólogo, preceptor |
Empregador(a) | Universidade de Coimbra |
Fernão de Oliveira, algumas vezes dito Fernando de Oliveira ou Fernando Oliveira (Aveiro ou Santa Comba Dão,[1] 1507 — Aveiro, 1581), foi um frade, gramático, construtor bélico-naval renascentista, foi um dos expoentes renascentistas portugueses.[2]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Fernando Oliveira nasceu por volta de 1507, talvez em Aveiro ou em Santa Comba Dão, e estudou no convento dominicano de Évora, provavelmente ao longo da década de 1520, tendo em data incerta professado na Ordem de São Domingos. Por volta de 1532, Fernando Oliveira abandonou a vida conventual e partiu para Espanha, desconhecendo-se a que actividades se terá dedicado, mas mais tarde obteve autorização da hierarquia eclesiástica para passar a ser clérigo regular.[3]
Intelectual erudito, após regresso do misterioso exílio, publicou a reputada primeira gramática portuguesa, a conhecida Grammatica da lingoagem portuguesa, editada em Lisboa, em 27 de Janeiro de 1536, e que dedicou a D. Fernando de Almada, que terá costeado a sua publicação[4]. Nessa época desempenhou a função de preceptor dos filhos de personalidades influentes como do referido Fernando de Almada, capitão-mor da armada portuguesa, de D. Rodrigo Lobo, barão do Alvito e João de Barros, feitor da Casa da Índia.[3]
Por volta de 1541, Fernando Oliveira partiu para Itália, mas foi capturado pelos franceses no Mediterrâneo tendo sido recrutado para trabalhar nas galés da marinha francesa, donde se poderá deduzir que tenha obtido formação nesta área na sua primeira passagem por Espanha. Mais tarde, entre 1545 e 1547 esteve de novo emigrado, primeiro em França, mais uma vez a bordo de galés, e depois ao serviço de Inglaterra onde terá tido também actividades náuticas.[3]
Estava de novo em Lisboa em 1547 quando foi preso pela Tribunal da Santa Inquisição, em virtude de suas posições heterodoxas, e nomeadamente por ter apoiado a causa do recém-falecido Henrique VIII de Inglaterra no conflito com a Igreja de Roma, tendo permanecido preso nos três anos seguintes até ser ordenada a sua libertação em 1551 pelo Cardeal D. Henrique.[3]
Em 1552 tomou o cargo de capelão da Casa Real Portuguesa e participou na expedição organizada por D. João III em auxílio do rei de Velez, no Norte de África, onde ficou prisioneiro. No ano seguinte voltou a Lisboa.[5]
Em 1554, o mesmo rei de Portugal nomeou-o revisor tipográfico da Universidade de Coimbra e, com o título de licenciado, e aí ensinou a disciplina de Retórica.[5]
No final da sua vida, caiu de novo no desagrado do Tribunal da Inquisição. Com efeito, consta que, em 26 de outubro de 1555, entre tantas outras prisões, "[...] Deu entrada nas masmorras da Inquisição, em Lisboa, o insigne aveirense Padre Fernão de Oliveira, clérigo dominicano e diplomata, escritor e filólogo, marinheiro e soldado, aventureiro e perseguido, «o primeiro gramático da língua portuguesa e porventura o primeiro tratadista naval de todo o mundo» [...]".[6]
Trabalhou ainda em um variado conjunto de atividades, sobressaindo a de piloto. Foi ainda teórico da guerra e da construção naval. Precisamente nestas duas áreas — arte bélica e construção naval — destacou-se sobremaneira.
As suas contribuições aí, com efeito, deram as bases da hegemonia portuguesa em diversos oceanos no século XVI.
Em Arte da guerra do mar (Coimbra, 1555), além do texto teórico, tece considerações morais condenatórias sobre a escravidão, o comércio de escravos e sobre a invenção e utilização de armas de fogo, devido à sua capacidade de destruir vidas humanas.
A Ars nautica (1570 [?]) é o primeiro tratado enciclopédico mundial de matérias referentes à navegação, guerra naval e construção de embarcações. Tendo o último tema sido substancialmente desenvolvido na obra seguinte, "Livro da fábrica das naus" (1580 [?]),[7] em que fornece regras teóricas para a construção de navios e sublinha, sempre em diálogo com os autores clássicos, nomeadamente Plínio, as significativas contribuições lusitanas para o progresso nos métodos de construção naval.
Desempenhou ainda algumas funções relevantes de carácter diplomático em Inglaterra.[8]
Pouco antes de falecer, em (1580), defendeu António I de Portugal, Prior do Crato, contra Filipe II, com duas obras historiográficas a sustentarem a legitimidade do candidato português e contestarem a solução da Monarquia Dual, aprovada nas Cortes de Tomar (1581).
Ver também
[editar | editar código-fonte]- ↑ Loureiro, Vanessa (2006). «O Padre Fernando Oliveira e o Liuro da Fabrica das Naos» (PDF). Revisa Portuguesa de Arqueologia
- ↑ Microsoft do Brasil. Enciclopédia Encarta 2001. São Paulo: Microsoft do Brasil, 2001.
- ↑ a b c d Rui Loureiro, «Quem ler os livros que eu li» - Aproximações à biblioteca de Fernando Oliveira, folheto da exposição com o mesmo título na Biblioteca Nacional.
- ↑ Terminando no verso da última folha com a seguinte subscripção: Acabouse demprimir esta premeira anotação da lingoa portuguesa, por mandado do muy magnifico senhor Dom Fernando Dalmada. - Diccionario bibliographico portuguez: (1-6 do supplemento), por Innocencio Francisco da Silva, Na Imprensa Nacional, 1870, pág. 221
- ↑ a b Gramatica da lingoagem portuguesa de Fernão de Oliveira, por Margarida Silva Pinto : Biblioteca Nacional
- ↑ Rangel de Quadros, Aveirenses Notáveis, I, fl. 9.«Fernão de Oliveira (1507-c.1581), por Rangel de Quadros, Aveirenses Notáveis. Aveiro, 1ª edição, Aveiro, Câmara Municipal de Aveiro, 2000, Aveirenses Ilustres»
- ↑ O Livro da fábrica das naus no contexto da construção naval oceânica do século XVI (Fernando Oliveira: um humanista genial), por Filipe Vieira de Castro, 2010
- ↑ Livro da fabrica das naos, por Ana Cristina de Santana Silva : Biblioteca Nacional
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Livro da fabrica das naos, 1580, na Biblioteca Nacional de Portugal
- «Fernão de Oliveira, por Elisabeta Mariotto, Instituto Camões»
- «Fernão de Oliveira, in Artigos de apoio Infopédia (em linha). Porto: Porto Editora, 2003-2018. (consult. 2018-11-06 08:14:12)»
- Morfossintaxe em Fernão de Oliveira (1536), por Henrique Barroso, Revista Diacrítica, 29(1), págs 379-393, Universidade do Minho. Centro de Estudos Humanísticos (CEHUM), ano 2015
- Actualidade do pensamento de Fernão de Oliveira: léxico e morfologia da língua portuguesa, Graça Rio-Torto, (Universidade de Coimbra, CELGA), in Fernando Oliveira: um Humanista genial., Universidade de Aveiro, Centro de Línguas e Culturas, 2009, p. 261-285.
- Fernão de Oliveira. Gramática da Linguagem Portuguesa, Fac-simile, introdução e edição actualizada e anotada por: José Eduardo Franco e João Paulo Silvestre, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 2012. 247 pgs, por Sónia Duarte, Revista de Estudos Linguísticos da Univerdade do Porto - Vol. 8 - 2013 - 249 - 253
- A gramática de Fernão de Oliveira: anotações críticas sobre a edição de uma obra do final da Idade Média portuguesa, por Jane Keli Almeida da Silva, André Luís de Alcântara Santos, Américo Venâncio Lopes Machado Filho, Atas do V 6º Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa, Etimologia e linguística histórica da língua portuguesa, 157-181
- O Livro da Fábrica das Naus de Fernando Oliveira. Princípios e procedimentos de construção naval, por Carlos Manuel Montalvão de Sousa, Departamento de História, faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2019
- O ABC das Línguas Castelhana e Portuguesa: Antonio de Nebrija e Fernão de Oliveira, por Sérsi Bardari
- Obras de Fernão de Oliveira na Biblioteca Nacional Digital
- Nascidos em 1507
- Mortos em 1581
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