Papers by Nereida Martins
Este artigo se dedica a analise da construcao de um modelo de feiticeira na Idade Moderna que enc... more Este artigo se dedica a analise da construcao de um modelo de feiticeira na Idade Moderna que encontra referencias em concepcoes misoginas que se estendem ao longo da historia intelectual ocidental. Um conjunto de comportamentos e atitudes femininas consideradas divergentes daqueles socialmente estabelecidos deram forma a um arquetipo que e a base de um modelo de mulher extremamente perigosa: a feiticeira. O temor a este tipo de mulher subversiva, capaz de causar desordens ao mundo natural, deu vez a atitudes ambiguas, que variavam entre a adoracao e repressao. E se e verdade que a antiguidade deu vida a varias deusas feiticeiras, deu tambem inicio a perseguicao e punicao das mortais que apresentassem elementos deste perfil, numa pratica que se acentuou com o desenvolvimento do cristianismo ocidental. Um dos mecanismos mais eficientes para tal foi a perseguicao promovida pelo Tribunal da Santa Inquisicao que, apos devassar a Europa, estendeu seus dominios ao Novo Mundo. Uma das hera...
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Este artigo se dedica à análise da construção de um modelo de feiticeira na Idade
Moderna que enc... more Este artigo se dedica à análise da construção de um modelo de feiticeira na Idade
Moderna que encontra referências em concepções misóginas que se estendem ao
longo da história intelectual ocidental. Um conjunto de comportamentos e atitudes
femininas consideradas divergentes daqueles socialmente estabelecidos deram forma
a um arquétipo que é a base de um modelo de mulher extremamente perigosa: a
feiticeira. O temor a este tipo de mulher subversiva, capaz de causar desordens ao
mundo natural, deu vez a atitudes ambíguas, que variavam entre a adoração e
repressão. E se é verdade que a antiguidade deu vida a várias deusas feiticeiras, deu
também início a perseguição e punição das mortais que apresentassem elementos
deste perfil, numa prática que se acentuou com o desenvolvimento do cristianismo
ocidental. Um dos mecanismos mais eficientes para tal foi a perseguição promovida
pelo Tribunal da Santa Inquisição que, após devassar a Europa, estendeu seus
domínios ao Novo Mundo. Uma das heranças materiais legadas aos historiadores
destas ações são os processos inquisitoriais e é de um deles que me valho neste artigo
para analisar o modelo de feiticeira estabelecido na Idade Moderna. Uma análise de
caso que trata de Antônia Maria, mulher que fazia da feitiçaria seu ofício e meio de
vida e que, após condenada e degredada por este crime no Reino, se viu às voltas
com as mesmas práticas e a mesma perseguição no Brasil Colonial.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Papers by Nereida Martins
Moderna que encontra referências em concepções misóginas que se estendem ao
longo da história intelectual ocidental. Um conjunto de comportamentos e atitudes
femininas consideradas divergentes daqueles socialmente estabelecidos deram forma
a um arquétipo que é a base de um modelo de mulher extremamente perigosa: a
feiticeira. O temor a este tipo de mulher subversiva, capaz de causar desordens ao
mundo natural, deu vez a atitudes ambíguas, que variavam entre a adoração e
repressão. E se é verdade que a antiguidade deu vida a várias deusas feiticeiras, deu
também início a perseguição e punição das mortais que apresentassem elementos
deste perfil, numa prática que se acentuou com o desenvolvimento do cristianismo
ocidental. Um dos mecanismos mais eficientes para tal foi a perseguição promovida
pelo Tribunal da Santa Inquisição que, após devassar a Europa, estendeu seus
domínios ao Novo Mundo. Uma das heranças materiais legadas aos historiadores
destas ações são os processos inquisitoriais e é de um deles que me valho neste artigo
para analisar o modelo de feiticeira estabelecido na Idade Moderna. Uma análise de
caso que trata de Antônia Maria, mulher que fazia da feitiçaria seu ofício e meio de
vida e que, após condenada e degredada por este crime no Reino, se viu às voltas
com as mesmas práticas e a mesma perseguição no Brasil Colonial.
Moderna que encontra referências em concepções misóginas que se estendem ao
longo da história intelectual ocidental. Um conjunto de comportamentos e atitudes
femininas consideradas divergentes daqueles socialmente estabelecidos deram forma
a um arquétipo que é a base de um modelo de mulher extremamente perigosa: a
feiticeira. O temor a este tipo de mulher subversiva, capaz de causar desordens ao
mundo natural, deu vez a atitudes ambíguas, que variavam entre a adoração e
repressão. E se é verdade que a antiguidade deu vida a várias deusas feiticeiras, deu
também início a perseguição e punição das mortais que apresentassem elementos
deste perfil, numa prática que se acentuou com o desenvolvimento do cristianismo
ocidental. Um dos mecanismos mais eficientes para tal foi a perseguição promovida
pelo Tribunal da Santa Inquisição que, após devassar a Europa, estendeu seus
domínios ao Novo Mundo. Uma das heranças materiais legadas aos historiadores
destas ações são os processos inquisitoriais e é de um deles que me valho neste artigo
para analisar o modelo de feiticeira estabelecido na Idade Moderna. Uma análise de
caso que trata de Antônia Maria, mulher que fazia da feitiçaria seu ofício e meio de
vida e que, após condenada e degredada por este crime no Reino, se viu às voltas
com as mesmas práticas e a mesma perseguição no Brasil Colonial.