RESUMO
O texto é baseado na transcrição, revista pelo autor, de A. R. Ciamara de parte de um seminário ministrado pelo autor, no ano de 2000, na Universidade de Roma "La Sapienza". O texto se articula a partir de questões respondidas por Biagini sobre temas importantes para a compreensão do trabalho do Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards. Trata-se a questão do legado de Grotowski, problematiza-se a questão do trabalho sem público e o conceito de ação física. O texto discute, ainda, a função dos cantos vibratórios no trabalho de Grotowski e do Workcenter e discorre sobre a dificuldade de definir e colocar em palavras determinadas dimensões do trabalho. Por fim, o texto se pergunta sobre as relações entre quem faz e quem estuda teatro e sobre o sentido do ofício de ator.
Palavras-chave:
Grotowski; Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards; Ação Física; Ator; Teatro
ABSTRACT
The text is based on the transcript, revised by the author, of A. R. Ciamara of part of a seminar given by the author in 2000 at the University of Rome "La Sapienza." The text is constructed on the basis of the author's answers to questions on important themes for understanding the work of the Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards. It deals with the issue of Grotowski's legacy, problematising work without audience and the concept of physical action. The text also discusses the function of vocal vibration in the work of Grotowski and the Workcenter and discusses the difficulty in defining and putting into words certain dimensions of their work. Finally, the text questions the relationship between those who work with theatre and those who study it, and the meaning of working as an actor.
Keywords:
Grotowski; Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards; Physical Action; Actor; Theatre
RÉSUMÉ
Ce texte s'appuie sur la transcription de A.R. Ciamara, revue par l'auteur, d'une partie d'un séminaire animé par l'auteur à l'Université de Rome "La Sapienza" en 2000. Le texte s'articule à partir de réponses de l'auteur à des questions portant sur des thématiques importantes pour la compréhension du travail du Workcenter de Jerzy Grotowski et Thomas Richards. Il s'interroge sur l'héritage de Grotowski et analyse la question du théâtre sans public et du concept d'action physique. Le texte propose encore une réflexion sur la fonction des chants vibratoires dans le travail de Grotowski et au sein du Workcenter et exprime la difficulté de définir et de traduire en mots certaines dimensions du travail. Pour finir, il est question des relations entre celui qui fait et celui qui étudie le théâtre et, aussi, du sens du métier d'acteur.
Mots-clés:
Grotowski; Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards; Action Physique; Acteur; Théâtre
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Referências
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O presente texto, baseado na transcrição de Anna Rita Ciamarra dos últimos dois dias de um seminário apresentado por Mario Biagini na Università degli Studi di Roma "La Sapienza", entre 28 e 30 de novembro de 2000, foi publicado originalmente em Biagini (2000). A versão final italiana, revisada pelo autor, foi publicada em Atisani; Biagini (2007). Este versão foi traduzida da versão inglesa escrita pelo autor e considerada por ele como versão final.
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Nota da tradutora da versão inglesa: em 1986, Grotowski foi convidado, por Roberto Bacci e Carla Pollastrelli, a estabelecer seu Workcenter em Pontedera, apoiado pelo "Centro per la Sperimentazione e la Ricerca Teatrale" (atualmente: "Fondazione Pontedera Teatro - Un laboratorio internazionale").
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Nota da tradutora da versão inglesa: uma versão revisada e ampliada das palavras de Grotowski nesta conferência pode ser encontrada em Grotowski (1997).
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Nota da tradutora da versão inglesa: para uma análise deste assunto, veja Carnicke (1998).
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Devo esta informação a Franco Ruffini (1998-199). O seu artigo contém muitas informações e reflexões interessantes. Eu, pessoalmente, discordo de suas conclusões, sobretudo de todas as hipóteses levantadas pelo autor para as razões dos cortes que Grotowski realizou em seus textos do Em busca de um Teatro Pobre. Para apresentar resumidamente, a suposição do autor é de que Grotowski eliminou todos os elementos técnicos de seus textos que se referiam a seu trabalho aprofundado com Ryszard Cieślak, trabalho este que culminou com a criação do papel do Príncipe Constante. Cito de seu artigo: "Todas as técnicas experimentadas e elaboradas para ativar o 'processo', a corrente viva dos impulsos, foram omitidas. Não o que aconteceu no período entre 1963 e 1965, mas como chegar até aí na prática. {...} Em um texto, cuja supervisão atenta e contínua por parte de Grotowski é documentada até o momento da publicação, a parte concernente aos 'exercícios de concentração', que visam descobrir a pesarosa e calma verdade de si mesmo' tinha sido riscada. Os outros cortes, que são numerosos, giram, de fato, ao redor desta exclusão estratégica" (Ruffini, 1998-1999, p. 478). O autor presume identificar, sem sombra de dúvida, tais "exercícios de concentração" com o trabalho desenvolvido por Cieślak e Grotowski. Ele presume, além disso, identificar essas omissões como uma estratégia que, se examinada de perto, permanece inexplicada. Ao que parece, uma vontade de esconder técnicas secretas. Nenhuma destas conclusões possui qualquer fundamento nos textos que foram cortados, nem naquilo que Grotowski disse ou escreveu a respeito de O Príncipe Constante. De modo que é, talvez, menos intelectualmente excitante, embora mais de acordo com a trajetória de Grotowski e de seu trabalho, mais lógico inferir que Grotowski simplesmente cortou as passagens onde encontrou problemas metodológicos, erros no caminho descobertos naquele período - referentes precisamente a estes exercícios de concentração - e, talvez, também imprecisões terminológicas. Sobre o fato de que O Príncipe Constante não nasceu de tais exercícios há certeza absoluta.
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Sobre este assunto, ver, por exemplo, o que Grotowski (1995b, p. 115-135) diz sobre a "raiz".
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Abr 2013
Histórico
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Recebido
03 Out 2012 -
Aceito
12 Dez 2012