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Quando eu te encontrar de novo não vou mais deixar você escapar

Summary:

Cinco anos após o fim do ensino médio, finalmente Jongin e seus amigos se reúnem novamente. Jongin ansiava aquele encontro mais do que tudo, não só por estar reencontrando seus amigos, mas porque Kyungsoo viria, e Jongin não aguentava mais esconder os sentimentos que tinha por ele desde o ensino médio. Aquele momento parecia perfeito para enfim revelar que o beijo que deram no último dia de aula não foi apenas uma coisa passageira.

Notes:

UARRR ADIVINHA SÓ? VOCÊ É MINHA AMIGA SECRETA, VIVIAN!! IUPI!!!

Eu fiquei super animada quando descobri que tinha tirado você ainda mais por ser uma grande coincidência que você quem me tirou ano passado e agora tenho a ilustre oportunidade de retribuir o seu presente!

Eu tinha prometido pra mim mesma que não ia pedir desculpas nessa nota, mas falhei, então peço desculpas se o enredo ficou meio raso ou acelerado. Eu acabei me afastando da escrita do meio de 2021 pra cá e no final me embananei com o desenrolar da fic pq acho q perdi o jeito da coisa, mas tentei ao máximo abafar essa gafe, entregando um presente decente pra você no final. Então meio que essa desculpa é só se você percebeu as discrepâncias da minha escrita, mas se não percebeu, faz de conta que eu não pedi desculpa.

Ah! E eu fiz uma playlistzinha pra dar um climinha, se quiser ouvir, é só clicar aqui.

É isso amoreco, espero que goste <3

Work Text:

Capitulo único

 


 

Jongin nunca esteve tão animado para pegar um trem lotado.

O Sol sequer havia saído completamente e Jongin já estava se dirigindo até a estação de trem onde viajaria por algumas horas até estar em Busan. Depois ainda iria precisar pegar outro transporte até estar de fato em seu destino.

Jongin estava indo encontrar seus amigos de escola, cinco anos após a formatura.

Ele estava particularmente empolgado com aquele evento. Sempre foi alguém apegado às pessoas que conhecia, e foi extremamente difícil para ele reaprender a viver sem os seis idiotas que costumavam estar no seu pé todos os dias. Mas com a faculdade e a nova rotina, as coisas foram mudando e Jongin pôde se readaptar. 

Durante os anos que se seguiram, Jongin ainda chegou a encontrar seus amigos algumas vezes, mas o grupo nunca estava completo. Todos tinham rotinas completamente diferentes e os horários raramente ficavam compatíveis para organizar um passeio ou um encontro em grupo. Haviam pessoas do grupo de amigos de Jongin que nunca apareceram durante todos esses anos após a formatura; pareciam até estar se escondendo.

Mas pela primeira vez, todos estavam livres, e ainda por cima aceitaram a ideia dada por Junmyeon de passarem um fim de semana em sua nova casa em Busan. Junmyeon estava trabalhando por lá agora e achou uma boa ideia juntar um chá de casa nova com uma reunião de velhos amigos. Jongin foi o primeiro a topar no chat em grupo, ele sempre se animava com qualquer insinuação de passeio. Chanyeol aceitou logo em seguida, ele era um dos mais participativos depois de Jongin e os dois se viam com muito mais frequência do que todos os outros. Com o passar dos dias após o anúncio de Junmyeon, os outros cinco integrantes foram concordando com a ideia e logo todos haviam confirmado em se encontrar na nova casa de Junmyeon e passar um fim de semana juntos, como nos velhos tempos.

E lá estava Jongin viajando para um de seus maiores objetivos desde que terminou o ensino médio: reencontrar todos os seus amigos, e em especial… ele .

Quando já estava no segundo veículo que o levaria até Busan se permitiu ficar mais empolgado. Estava enfim chegando e não fazia ideia do que lhe esperava, mesmo que tivesse se antecipado por esse momento muitas vezes. Jongin havia feito uma promessa a si mesmo que, assim que encontrasse ele , colocaria os pingos nos is sobre todas as coisas que não conseguiu falar quando os dois estavam no ensino médio. Depois de tanto tempo, Jongin finalmente o encontraria, e o frio na barriga já começava a se fazer presente ali mesmo, só pelo pensamento.

A segunda viagem demorou bem menos do que a primeira e logo Jongin estava parando na estação de ônibus onde iria descer. Para sua surpresa, quando já estava com os pés nos degraus, viu ao longe uma figura conhecida se aproximar de braços abertos.

— Pontual como sempre, meu caro Jongin! — Junmyeon comentou sorridente. 

— Nem um minuto a mais. — Jongin completou, retribuindo o sorriso. — Não sabia que iria me buscar.

— Pelo seu histórico, acho que iria se perder se tentasse descobrir onde é minha casa sozinho. 

Jongin fez um bico com a provocação mas não reclamou, afinal, Junmyeon estava certo, Jongin tinha um péssimo senso de direção.

Os dois se direcionaram até o carro de Junmyeon que estava estacionado do lado de fora da estação. O caminho até a casa foi tranquilo e Jongin usou aqueles minutos para tentar decorar a rota, mas as casas pareciam todas iguais e haviam muitas ruas e curvas. No final, só aproveitou a paisagem mesmo.

A casa de Junmyeon era uma construção de dois andares grande o bastante para uma pessoa morar. Havia uma grande sacada no segundo andar e uma área verde atrás, no quintal, se é que pode se chamar de quintal um campo enorme com um píer e uma lagoa.

— Alguém já chegou? — Em frente a casa, Jongin perguntou curioso enquanto batia a porta do carro, ação que foi repetida por Junmyeon logo depois.

— Não. Você continua ganhando a disputa de quem chega primeiro em eventos do grupo. — Ele respondeu com bom humor e trancou seu veículo, andando tranquilamente até a porta de sua casa, sendo seguido por Jongin.

Quando entrou na casa de Junmyeon, Jongin apenas confirmou a impressão que havia tido ao ver sua fachada, era uma casa luxuosa, com espaço para uma grande família viver confortavelmente. Jongin sempre soube que Junmyeon tinha boas condições financeiras, mas não achou que ele fosse rico daquele jeito. O lugar parecia uma mansão.

— Os quartos ficam no segundo andar, é só subir e escolher o seu. — Junmyeon apontou. — Ah, mas o primeiro é meu, nem pense em fazer bagunça por lá.

— Quantos anos você acha que eu tenho? — Jongin perguntou em um falso tom ofendido. Os dois riram logo em seguida.

Junmyeon anunciou que voltaria para a estação para esperar e buscar outros amigos do grupo que já estavam chegando, deixando Jongin sozinho em sua casa.

Jongin subiu as escadas e começou a olhar os quartos. Fora os pequenos detalhes de decoração, eram todos iguais. Apenas o quarto de Junmyeon tinha uma cama de casal, os outros quartos tinham duas camas de solteiro cada, sendo ao total o número exato de pessoas que estariam ali mais tarde. Após sua vistoria por todos os quartos, Jongin decidiu pegar o último, que ficava mais próximo do banheiro no fim do corredor.

Depois de uns dez minutos sozinho, que foram preenchidos por andanças e explorações por todos os cômodos da casa de Junmyeon, o proprietário voltou com duas novas companhias: Chanyeol e Sehun. 

Os dois moravam juntos em um pequeno apartamento no centro de Seul. Jongin já havia visitado os dois muitas vezes e contestou que não mudaram nem um pouco com o passar dos anos. Certo que Chanyeol ficou mais musculoso e Sehun tinha agora uma postura mais confiante, diferente de como eram no passado. Contudo, o jeito atrevido e provocativo do casal continuava o mesmo.

— Se eu soubesse que o Junmyeon tinha ganhado na mega-sena teria aceitado esse encontro bem antes. — Chanyeol comentou sorridente assim que largou suas malas no meio da sala e se jogou em um comprido sofá.

Jongin estava sentado em uma poltrona ao lado do sofá, observando os recém chegados entrarem na casa e terem suas primeiras impressões.

— Você não tem medo de ser assombrado por algum espírito estando sozinho nessa casa imensa? — Sehun perguntou para Junmyeon enquanto olhava para todos os cantos do ambiente, ele era do tipo supersticioso em todo lugar que ia.

— Eu sou o primeiro morador daqui, não tenho esse medo. — Junmyeon respondeu tranquilo, se aproximando dos outros.

— Ah, que bacana! — Chanyeol ajeitou a postura rapidamente. — Então é você quem vai assombrar os próximos moradores.

— Então podemos morar aqui quando ele morrer, afinal, já conhecemos o fantasma. — Sehun completou e os dois deram um high-five .

— Não é porque conheço vocês que não eu vou puxar o pé de vocês toda noite. — Junmyeon deu um tapa na nuca de Chanyeol e se abaixou para pegar as malas que ele havia deixado no chão, se direcionando para as escadas logo depois. — E parem de ficar agourando minha morte. Ainda vou viver mais cem anos, tá bom? 

Chanyeol se levantou e correu atrás de Junmyeon, pronto para provocá-lo mais um pouco. Sehun quis se juntar aos outros dois, mas parou quando percebeu que Jongin continuou sentado na poltrona, inclinando um pouco o corpo como se quisesse ver melhor algo ao longe. Sehun virou para a mesma direção que Jongin olhava, curioso, mas tudo que viu foi a porta da casa aberta e um gramado bem aparado lá fora.

— O que você está procurando, Jongin? — Sehun perguntou, despertando Jongin de seu transe.

— Ahn… — Jongin levantou rápido, meio desconcertado. — Eu só estava olhando se os outros já vão chegar.

— O Baekhyun mandou avisar que só vai vir no fim da tarde. 

Jongin e Sehun ficaram se encarando por alguns segundos. Sehun sabia que Jongin ainda queria falar mais alguma coisa, então ficou esperando, no fundo, ele sabia exatamente o que Jongin diria, mas gostava de fingir desentendimento.

— O Kyungsoo vem com ele? — Jongin perguntou então.

— Não sei. Acho que sim, sei lá. — Sehun deu de ombros e começou a subir as escadas, de forma que Jongin não visse o sorriso travesso que deu enquanto saía.

Jongin ainda ficou encarando a porta aberta por algum tempo depois de ser deixado sozinho na sala por Sehun. Os dois que faltavam chegar eram os que menos apareciam nos encontros em grupo. Estavam sempre ocupados com o trabalho ou com suas próprias vidas. Jongin torcia para que eles aparecessem dessa vez.



(...)



Jongin passou boa parte do dia no quarto de Junmyeon com as costas no colchão e as pernas na parede, mexendo no celular.

Chanyeol e Sehun também estavam ali fazendo o mesmo, e apenas Junmyeon se movimentava com frequência, preparando lanches, atendendo ligações ou simplesmente perambulando pela casa. 

Eles não haviam feito uma programação para aquele momento, de fato, não era um passeio cheio de emoção, apenas era um encontro para suprirem a saudade de estarem no mesmo lugar fazendo nada, mas pelo menos, fazendo nada juntos.

Contudo, concordaram em serem mais animados e extrovertidos quando os dois últimos integrantes do grupo chegassem, afinal, a presença deles era rara e não poderiam simplesmente ficar entocados no quarto mexendo no celular com eles por perto.

Era por esse motivo que faziam aquilo naquele momento, enquanto Baekhyun e Kyungsoo ainda não estavam no raio de suas visões.

— Ei, Jongin, vê esse vídeo que eu te mandei. — Sehun disse contendo o riso de onde estava. Ele e Chanyeol estavam deitados no chão, um em cima do outro.

— Eu já vi. Fui eu que mandei pro Chanyeol que mandou pra você. — Jongin respondeu em tom de tédio. Estava vendo coletâneas de vídeos curtos há tanto tempo que nem esboçada mais reações.

— Ah… — Sehun murmurou do chão.

Naquele mesmo momento, Chanyeol, que estava deitado com a cabeça em cima da coxa de Sehun, se sentou, olhando para Jongin.

— Agora que percebi que você parece muito tranquilo hoje. — o Park apontou, com uma das sobrancelhas arqueadas.

De costas para os dois e ainda com os pés apoiados na parte, Jongin se sentiu um pouco tenso, mas decidiu não se mexer para não levantar suspeitas.

— Eu sempre fui tranquilo. — ele respondeu rápido.

— Ele ainda insiste em mentir pra gente, tsc, tsc ... — Chanyeol balançou a cabeça e olhou para o namorado. — Conta pra ele Sehun.

— O Kyungsoo está chegando. — Sehun atendeu ao pedido, dizendo.

— E daí? — Jongin continuou se fazendo indiferente, mesmo com sua voz falha quase o entregando.

— Jongin…

Jongin se ajeitou e virou para os dois no chão, com uma expressão séria.

— Já faz muito tempo, gente. Vocês acham que eu tô preso no passado? Superem! Ele não significa tanto assim pra mim. — Jongin disse, ríspido.

Chanyeol e Sehun ficaram em silêncio, olhando para Jongin enquanto ele os encarava de volta. Jongin não havia mentido sobre ser uma pessoa tranquila, ele realmente era. Apenas poucas coisas o desviavam do habitual. Uma delas era quando Jongin se sentia pressionado sobre algo que ele não queria contar ou fazer. Ele costumava gritar e inventar alguma coisa para encerrar o assunto.

Como havia feito no momento.

Seus amigos sabiam muito bem como Jongin ficava nervoso quando o pressionavam sobre algum assunto, principalmente sobre aquele assunto. Por isso, ao verem a reação de Jongin, se calaram.

Chanyeol olhou para Sehun e os dois pareciam estar tendo uma conversa telepática naquele momento, pois, mesmo sem falarem nada verbalmente, Sehun balançou a cabeça para os lados como se negasse algo e Chanyeol levantou os ombros em resposta. Depois, apoiou a mão no chão e se preparou para levantar.

— Bem… Vou ver se tem alguma coisa pra comer lá embaixo. — Chanyeol anunciou por fim, e saiu sem dizer mais nada.

Ficaram apenas Sehun e Jongin no quarto. Sehun olhava para Jongin, mas esse não retribuía o olhar, ele encarava as próprias mãos, como uma criança envergonhada.

Aqueles dois o conheciam muito bem para saberem que havia mentido sobre Kyungsoo não significar mais nada para si e Jongin não tinha coragem o suficiente para sustentar aquela mentira se precisasse olhar em seus olhos, então preferiu ficar em silêncio, parecia uma boa alternativa para fingir que nada havia acontecido.

Mas Sehun não pensava do mesmo jeito.

— Sabe que pode falar tudo pra gente, Jongin. A gente não vai zoar você. — Sehun cortou o silêncio, falando como uma mãe carinhosa.

— Eu sei… — Jongin suspirou, respondendo de cabeça baixa. 

Sehun deu um sorriso de onde estava mesmo que o outro não fosse ver, e se levantou para sair também, mas um pigarro de Jongin o fez olhar para trás antes de estar completamente fora do quarto.

— Você… — Jongin começou, tímido. — Você acha que ele lembra? — Ele olhou rapidamente para Sehun e voltou a encarar seus dedos, já arrependido de ter começado a falar, mas com uma súbita vontade de dizer tudo o que pensava. — Quer dizer… E se eu fizer um show por uma coisa que nem teve importância pra ele?

— Você só vai saber se falar com ele. — Sehun respondeu, simples. Era o tipo de encorajamento que Jongin não sabia se queria receber ou não, mas pelo menos não alimentava seus pensamentos negativos sobre o assunto. — Espero você lá embaixo.

Sehun deixou Jongin sozinho mais uma vez. Parecia que ele estava fazendo isso de propósito, saindo em momentos específicos para deixar Jongin e seus pensamentos conversarem. Jongin odiava aquela forma silenciosa que seu amigo agia para aconselhá-lo, pois sempre funcionava, e Jongin nem podia culpá-lo se algo desse errado e dizer que havia sido influenciado pelas suas palavras, afinal, ele não havia dito nada.

Jongin então respirou fundo, concordando que nunca saberia a verdade se não fosse atrás. Precisava se preparar para quando Kyungsoo chegasse. Como iria cumprimentá-lo, como iria conversar com ele, como iria chegar naquele assunto. Tinha muito o que pensar antes de colocar em prática.

No andar de baixo, Jongin conseguia ouvir os murmúrios de Chanyeol e Junmyeon falando, eles provavelmente haviam entrado em mais uma briga interna. Jongin tinha que admitir que sentia falta dessas pequenas coisas, só do simples fato de conseguir ouvir de onde estava um furdunço acontecendo por perto. Sua vida atualmente era composta de um marasmo tão grande que às vezes tinha vontade de gritar sem motivo algum só para ter algo diferente acontecendo no recinto.

Se viu sorrindo minimamente, voltando ao humor alegre, o qual trazia consigo quando chegou. Colocou na cabeça que independentemente de Kyungsoo estar ali ou não, o que verdadeiramente importava naquela viagem era ver todos os seus amigos juntos depois de tantos anos.

Levantou-se da cama e se dirigiu até as escadas, querendo se juntar aos outros. Pelo som que vinha da sala, era claro que Chanyeol liderava a conversa, ele era ótimo em falar pelos cotovelos. Descendo as escadas, Jongin percebeu que mais vozes se misturavam. Curioso, desceu mais rápido para descobrir o que estava acontecendo.

E quando chegou no último degrau, mal conseguiu entender o que acontecia, pois uma voz gritou seu nome, captando rapidamente sua atenção.

— Jongin, meu amor! — A exclamação veio de Baekhyun, que correu de onde estava assim que viu Jongin e o apertou em um abraço.

Jongin foi pego de surpresa, mas sorriu e abraçou Baekhyun de volta. 

— O-oi, Baek. — Jongin respondeu em meio à uma risada. Baekhyun era do tipo que gostava de comprimentos exagerados e abraços apertados, fazia tempo que Jongin não sentia os braços de Baekhyun apertando seu pescoço, o obrigando a dar alguns tapinhas no braço do outro para não acabar sendo sufocado sem querer.

Foi quando Baekhyun afrouxou o abraço e começou a se afastar que os pensamentos de Jongin voltaram aos eixos, e ele percebeu que os últimos esperados a chegar na casa de Junmyeon já estavam ali. Então, junto de Baekhyun com certeza estava…

— Oi, Jongin. — Kyungsoo . Ele surgiu atrás de Baekhyun com um tímido aceno.

Jongin já esperava vê-lo, mas não conseguiu conter o sorriso no rosto quando seus olhos de fato o encontraram à sua frente. Fazia tanto tempo que não via Kyungsoo assim, ao vivo; Era impossível não sorrir.

— Oi… Kyungsoo. — Jongin se esforçou o máximo para agir naturalmente. Não sabia se havia conseguido.

Atrás dele, Baekhyun cruzou os braços e franziu as sobrancelhas.

— Precisava deixar tão óbvio que você gostou mais da presença do Kyungsoo do que da minha? — Baekhyun resmungou pelas costas de Jongin, trazendo risadas para os outros.

Assim, Jongin percebeu que não conseguiu esconder suas impressões muito bem.

Ele coçou a cabeça e sorriu envergonhado por ter sido tão transparente logo de primeira. Seus amigos, porém, atravessaram sobre esse assunto rapidamente e logo estavam enchendo Baekhyun e Kyungsoo de perguntas sobre a viagem e sobre o que eles estavam fazendo durante todos os cinco anos afastados.

Apenas Jongin continuava parado no momento em que Kyungsoo apareceu e o cumprimentou. 

Quem iria enganar?  Aquela história de “ele não significa nada pra mim” havia ido para as cucuias. Era só ver Kyungsoo novamente que Jongin se sentia com dezessete anos novamente, quando era doidinho pelo garoto com sorriso de coração mas jurava de pé junto que o sentimento era só de amizade.

Jongin assistiu Baekhyun puxar Chanyeol pelo pescoço até ele estar do seu tamanho, e viu Kyungsoo se juntar a Sehun e Junmyeon, conversando sobre o jantar. Tendo de longe a visão que mais esperava daquela viagem: todos os seus amigos de escola reunidos novamente.

Jongin queria convencer a si mesmo de que esse momento era muito mais importante do que esclarecer uma dúvida no passado, que já estava tão distante e quase não fazia sentido. Mas sua mente ainda o infernizava sobre o ocorrido e a rara oportunidade de colocar um ponto final naquilo tudo pois Kyungsoo havia finalmente aparecido.

Jongin sentia que não iria aproveitar nada daquela viagem importante por causa dessa estúpida implicância sua com o passado.

Precisava dar um fim nisso de uma vez por todas.



(...)



Jongin estava no quarto de hóspedes que escolheu para dormir, deitado em uma das camas. Baekhyun e Kyungsoo ficaram no quarto vazio ao lado, então Jongin oficialmente dormiria sozinho durante sua estadia em Busan, já que Chanyeol e Sehun também compartilhavam um quarto e Junmyeon havia deixado claro que seu quarto não acomodaria mais ninguém além do proprietário.

Por isso, Jongin não esperava nenhuma visita naquela noite. E até achava que fosse melhor assim, pois queria dormir cedo e começar logo o dia seguinte, quando iria enfim falar com Kyungsoo e tirar um peso da mente.

Mas talvez ele não fosse entrar no mundo dos sonhos tão cedo naquela noite, pois ouviu algumas batidas na porta, e após alguns segundos, lá estava Kyungsoo entrando sorrateiramente em seu quarto, como uma criança curiosa.

— Boa escolha de quarto. — Kyungsoo disse enquanto caminhava pelo cômodo com os braços cruzados. Parecia algum tipo de crítico de quarto de hóspedes. — Se eu tivesse chegado mais cedo também escolheria esse.

— Você pode dormir aqui se quiser. — Jongin disse enquanto se sentava na cama. — Tem duas camas e eu não me importo em dividir o quarto.

— Sério? — Kyungsoo sorriu com a proposta e pareceu mais radiante quando viu Jongin balançar a cabeça confirmando.

Kyungsoo correu para buscar suas malas e se acomodar no seu novo quarto. E enquanto estava ocupado com sua mudança, Jongin o observava com um sorriso no rosto. Kyungsoo estava de costas, já havia colocado um livro, um aromatizante na cabeceira, e agora vasculhava sua mala para encontrar seu pijama. 

— Você continuou bonzinho, Kim Jongin. Gosto disso. — Kyungsoo disse de repente, enquanto ainda mexia em suas coisas.

— Ora, só porque deixei você dormir no mesmo quarto que eu?

— Sim. Se fosse o Chanyeol, ele iria se exibir por ter um quarto só pra ele e não dividiria com mais ninguém.

Jongin riu da resposta.

— Não tenho muita certeza disso. Atualmente ele divide até as meias com o Sehun.

— Bem, talvez ele tenha mudado sobre isso. — Kyungsoo ponderou e virou para Jongin, apontando para ele. — Mas você não, o que é melhor pra mim.

Os dois se encararam por um momento, calados. Jongin não sabia se Kyungsoo havia falado aquilo unicamente pelo fato dele ter conseguido o quarto que queria com facilidade. Mas de qualquer forma, Jongin se sentiu tocado pelo comentário. E a forma como Kyungsoo lhe olhava naquele momento o fazia pensar se talvez houvesse mais algum significado para sua fala.

Entretanto, não pode perguntar sobre isso, pois, após escancarar a porta de repente, Baekhyun apareceu com seu grande sorriso travesso.

— O que vocês estão fazendo? — ele disse entre pulinhos para dentro do quarto. Kyungsoo e Jongin não responderam, mas Baekhyun também não queria realmente saber, e continuou falando. — Me deu uma baita vontade de comer picolé. Podem ir lá fora comprar?

Jongin cruzou os braços.

— E por que você mesmo não vai? — perguntou desconfiado.

— Porque eu vou estar ocupado esperando vocês voltarem com os picolés. 

Baekhyun olhava para os dois com olhos inocentes, mas claramente falsos. 

Jongin não gostou de ter sido escolhido para ir comprar picolés entre todos os outros presentes da casa. Ele nem sabia onde estaria vendendo picolés a essa hora da noite, iria negar, principalmente por saber que Kyungsoo não gostava de sair à noite, mas antes de dizer alguma coisa, Kyungsoo tomou à frente da resposta. 

— Tudo bem, a gente vai. Mas vamos colocar tudo na sua conta. — Kyungsoo decretou, e Baekhyun pareceu aceitar as condições, saindo do quarto em seguida.

Jongin já estava olhando para Kyungsoo naquele momento, curioso, e quando Kyungsoo virou para ele, esperou receber alguma explicação para aquela ação, mas só recebeu um sorriso em resposta.

Jongin se perguntava o que aquilo significava.

(...)



Havia uma pequena loja no final da rua onde Junmyeon morava e por sorte vendiam picolés por lá, então Jongin e Kyungsoo não precisaram andar muito para atender ao pedido de Baekhyun. Sabe-se lá porque Baekhyun queria comer picolé quando já eram quase onze da noite em meio a uma brisa congelante. 

Jongin estava com metade do corpo enfiado no refrigerador da loja, pescando os picolés. Ao lado dele, Kyungsoo organizava os picolés que já havia sido resgatados, os colocando em ordem de gostosura: os mais gostosos bem ajeitados perto de suas mãos e os menos gostosos jogados de qualquer jeito na tampa do refrigerador.

— Vê se acha mais um de morango. — Kyungsoo sugeriu enquanto tentava olhar para Jongin, acabando por só conseguir encarar suas costas.

— Eu tô procurando! — Jongin respondeu com a voz meio encaixotada de quem está com a cara dentro de um refrigerador. — Acho que só tem de milho verde agora.

— Já tem milho verde aqui em cima. — Kyungsoo respondeu, encarando uma embalagem escrita “milho verde” largada na tampa do refrigerador. — Nenhum sabor bom por aí?

— N-não… — Jongin respondeu em um grunhido, pois estava se reerguendo novamente, percebendo como a gravidade pode ser dolorosa. Novamente de pé e com as orelhas vermelhas, olhou para Kyungsoo com a sobrancelha arqueada, como se tivesse acabado de perceber algo. — E que história é essa de "sabor bom"? Milho verde é bom sim, tá legal?

— Mas você concordou quando perguntei se não tinha nenhum sabor bom. — Kyungsoo ergueu os ombros.

— Meu cérebro estava congelando, não pensei direito.

— Certo, senhor milho verde. Vai lá no caixa pagar. — Kyungsoo disse enquanto entregava a pilha de picolés na mão de Jongin. Antes que ele reagisse, Kyungsoo agarrou seus ombros e o virou em direção ao caixa e o empurrou em seguida. Jongin quase tropeçou, mas fingiu que nada havia acontecido e continuou andando. Em suas costas, Kyungsoo riu da cena.



(...)

 

 

Kyungsoo ficou esperando por Jongin do lado de fora da loja. E quando ele apareceu com uma sacola cheia de picolés nas mãos, Kyungsoo chutava uma pedrinha na calçada.

— Você sempre foi engraçadinho assim? — Jongin perguntou, entregando a sacola com certa agressividade para Kyungsoo.

— Do que você está falando? — Kyungsoo riu da reação de Jongin e se fez de desentendido.

Jongin colocou as mãos no bolso de seu casaco, se sentindo completamente congelado depois de ter passado vários minutos com a cabeça dentro de um refrigerador e agora com o corpo inteiro entregue ao vento congelante de Busan.

— Não lembro de você ter resposta para tudo. Acho que você está andando demais com o Baekhyun.

— Não vejo Baekhyun há anos, Jongin. — Kyungsoo balançou a cabeça, um pouco mais sério. — Não posso ter mudado por conta própria?

A expressão chateada de Jongin sumiu rapidamente com a resposta de Kyungsoo. Jongin virou para o outro, vendo que agora quem parecia chateado era Kyungsoo.

— Ahn… claro, pode. — ele respondeu desconcertado. — Me desculpe.

Kyungsoo olhou para Jongin de forma séria, e então riu. De início, tentou disfarçar, mas então riu mais ainda, deixando Jongin com um enorme ponto de interrogação na cabeça.

— O que foi? — Jongin perguntou, confuso.

— Acho que me enganei sobre você. — Kyungsoo disse enquanto ainda ria. — Você mudou sim. Agora está todo tímido.

— Claro que não! É só que… 

— Só que…? 

Jongin se calou, e encarou Kyungsoo que o encarava de volta, esperando o resto da resposta.

— Tem razão. — ele decidiu dizer, dando-se por vencido. — Talvez eu tenha ficado tímido.

Kyungsoo juntou as sobrancelhas e riu novamente, dessa vez um pouco confuso, mas decidiu não dizer mais nada.

Os dois começaram a caminhar de volta para a casa de Junmyeon. A rua era íngreme e eles estavam andando um pouco mais devagar do que quando vieram por estarem agora no sentido de uma subida. 

Apenas se ouvia o barulho do solado de seus sapatos se arrastando no asfalto, um silêncio quase brutal. O tipo de silêncio que Jongin não suportava mais em sua vida, aquele que ele fazia questão de gritar de repente, para quebrá-lo.

E naquela situação, sentiu vontade de gritar também.

— Mas é sua culpa. — Jongin disse de repente, em um tom neutro, não gritado, mas dentro de sua mente a fala já havia retumbado bastante.

— Minha? — Kyungsoo olhou para Jongin, primeiramente distraído, mas logo entendeu sobre o que o outro estava falando, e se viu confuso. — Como pode ser minha culpa?

Jongin então parou de andar, e Kyungsoo parou logo depois dele. Os dois se encaravam com sentimentos diferentes no rosto. Kyungsoo estava confuso e indiferente, Jongin estava chateado e ansioso.

— Você nunca respondeu minhas mensagens depois da formatura. — Ele disse, finalmente disse. Após cinco anos, era a conversa que tanto ansiava. Agora não poderia mais voltar atrás, então inflou o peito e continuou falando. — E agora tenho vergonha de falar com você porque acho que você me achou um idiota naquele dia e tem me evitado desde então.

Quando terminou, ficou encarando Kyungsoo, completamente extasiado pela adrenalina que correu pelas suas veias, esperando que sua angústia pudesse ser acalmada quando Kyungsoo explicasse tudo.

Mas sua resposta foi diferente do esperado.

— E por causa disso você virou tímido?

— Eu não sou tímido! — Jongin exclamou, impaciente. — Eu fico tímido perto de você.

Kyungsoo ficou calado novamente, não parecia mais indiferente, estava apenas confuso.

— Do que você está falando, Jongin?

Jongin respirou fundo, já se arrependendo de ter começado aquela conversa.

— Realmente não significou nada pra você, né?

— O quê?

— Nosso beijo. — Jongin olhou bem nos olhos de Kyungsoo, e os viu se agitarem. — Nosso beijo embaixo da escada do auditório, no dia da formatura.

Se não havia significado nada para Kyungsoo, provavelmente não se lembrava que foi daquele mesmo jeito que ele ficou quando estava em frente a Jongin há cinco anos atrás, pouco antes de se beijarem, mas Jongin lembrava muito bem.




Cinco anos antes.

 

Jongin respirava ofegante debaixo da escada do auditório. Havia fugido de sua mãe que estava com uma horrenda gravata borboleta nas mãos. Estava todo desgrenhado. A camisa com o terceiro botão dentro do segundo buraco, e as mechas de cabelo completamente rebeldes, indo para todas as direções.

Planejava ficar ali até o início da cerimônia de formatura e torcia para ninguém encontrá-lo antes disso. Mas seus planos não costumavam dar certo sempre, e ele foi pego por Kyungsoo, que também veio correndo e parou bruscamente quando viu Jongin escondido no seu esconderijo.

— O que você está fazendo aí? — ele perguntou ofegante, colocando as mãos no joelho por um momento.

Jongin sabia que Kyungsoo não estava colaborando com sua mãe para encontrá-lo, eram melhores amigos, Kyungsoo não o trairia assim, sem mais nem menos. Então não teve medo de revelar seus motivos de estar ali, sentado em um caixote atrás da escada. 

— Me escondendo da minha mãe. E você?

— Me escondendo da diretora. Ela quer que eu faça o discurso pra turma.

— Meu deus, você está pior do que eu.

— Tem certeza? — Kyungsoo riu, e com isso Jongin olhou para si mesmo, confuso. Ele ainda não havia notado o estado caótico em que se encontrava.

Percebendo isso, Kyungsoo se aproximou e sentou ao lado de Jongin. Virou para ele e colocou as mãos em sua camisa, mas foi impedido rapidamente pelas mãos do outro.

— O que você está fazendo!?

— Calma, idiota. Sua camisa está toda torta. — Kyungsoo explicou entre risos e Jongin lentamente soltou as mãos de Kyungsoo, deixando que ele ajeitasse sua camisa.

— Então era por isso que as meninas estavam rindo quando eu cheguei? — Jongin perguntou genuinamente preocupado, o que fez Kyungsoo rir mais ainda.

— Talvez. — Kyungsoo respondeu em meio ao seu processo de desabotoar a camisa de Jongin e abotoa-la novamente. — Ou estavam rindo porque você fica bonito mesmo bagunçado.

— Você acha?

— É o que dizem.

— E você concorda? — Jongin perguntou, mas Kyungsoo não respondeu. Estava de cabeça baixa, terminando de abotoar a camisa. — Soo?

— Hm? — Kyungsoo levantou a cabeça rapidamente, parecendo avoado. Jongin percebeu isso.

— Quer que eu amarre sua gravata? 

Kyungsoo acenou com a cabeça e Jongin pegou a gravata que descansava nos ombros de Kyungsoo para amarrá-la em volta do pescoço. 

Enquanto Jongin estava concentrado em fazer o nó da maneira certa, Kyungsoo ficou o encarando. Observando suas sobrancelhas de juntarem e os olhos estreitarem. Então, de forma quase inconsciente, levou as mão até o cabelo de Jongin e começou a passear com os dedos em sua cabeça para colocar as mechas revoltadas de volta no lugar.

— Meu cabelo está bagunçado também?

— Uh-huh. — Kyungsoo murmurou a resposta e riu, sendo acompanhado por Jongin, que riu também.

Ficaram algum tempo assim, não só porque Jongin amarrou a gravata errado e teve que refazer, mas porque no fundo não queriam que aquele momento acabasse. Jongin e Kyungsoo costumavam aproveitar bem os momentos que estavam sozinhos, sem outras pessoas para perceber os toques discretos, ou os olhares que trocavam e que permanecia por um bom tempo.

Mas assim como outras vezes, os momentos sempre acabavam quando estavam prestes a descobrir que precisavam mais daquilo. E antes que Jongin se perdesse no perfume de Kyungsoo, ele soltou sua gravata, sentindo as mãos do outro lentamente deixarem seus cabelos pouco depois.

— Pronto. Agora está tão bonito quanto eu.

Kyungsoo riu e o empurrou para o lado, fazendo com que Jongin se afastasse, também rindo.

— Como você é convencido!

— Você quem disse que eu era bonito!

Kyungsoo parou de rir.

— E-eu nunca disse isso…

— Não? — Jongin parou de rir também, observando Kyungsoo ficando inquieto à sua frente. — Certo… — Ele balançou a cabeça. — Isso me magoa um pouco.

Os dois se encararam em silêncio por um momento, um desconfortável silêncio. Até que Kyungsoo riu, como se estivesse esse tempo todo segurando a risada e finalmente a deixou escapar, Jongin fez o mesmo. 

— Mas não quer dizer que seja mentira. — Kyungsoo disse enquanto ainda ria.

Apenas Jongin parou de rir por um momento, surpreso.

— Então você me acha bonito?

Jongin se aproximou novamente.

— Você é muito bonito, Jongin. 

Kyungsoo respondeu baixinho, mas Jongin estava perto o suficiente para ouvir.

Houve outros momentos em que os dois quase se beijaram, entretanto, nenhum teve coragem de dar o primeiro passo. Mas dessa vez, era a última vez que se veriam na escola, sequer sabiam se continuariam amigos depois disso, era a melhor chance que tinham.

Então Jongin não pensou duas vezes quando quebrou a distância e beijou Kyungsoo.

Kyungsoo também não pensou muito quando retribuiu o beijo, agarrando Jongin pela nuca, e acabando com todo o trabalho que havia feito em seu cabelo.



(...)



Kyungsoo estava sem palavras, encarando Jongin. Jongin parecia magoado, mas ao mesmo tempo estava aliviado de finalmente ter falado sobre o beijo dos dois, que parecia até ter sido um delírio depois de cortarem completamente o contato dias depois.

— Eu… eu achei que era você quem tinha me ignorado depois da formatura.

— O-o quê? — Jongin arregalou os olhos, surpreso.

— É! — Kyungsoo exclamou, ele também parecia surpreso. — Eu esperei uma mensagem sua, mas nunca recebi. 

— Eu mandei mensagens pra você. Tipo… umas cem mensagens! — Jongin balançou os braços no ar, gesticulando apressado. — Então me senti completamente estúpido de continuar escrevendo pra você quando você claramente não estava nem aí pra mim.

— Não é verdade! — Kyungsoo quase gritou, mas se conteve na metade da frase.  — Eu… eu… eu não sei o que aconteceu!

— Nem eu! — Jongin também quase gritou.

— E você se mudou poucos dias depois, eu nunca consegui te visitar! Sequer sabia onde você morava em Seul.

— Se você tivesse lido minhas mensagens, saberia.

— Já disse que não recebi suas mensagens!

Os dois então pararam de falar, se encarando ofegantes, como se tivessem corrido. Ficaram se encarando por segundos que pareceram horas, perdidos nos próprios pensamentos e também nos olhos um do outro. Era muita informação para uma noite só.

— Então… 

— Então…?

Jongin limpou a garganta.

— Você ainda não respondeu minha pergunta.

Kyungsoo revirou os olhos, meio ofendido.

— É claro que significou pra mim, Jongin! Eu era louco por você!

Jongin ficou calado, piscando atordoado. Kyungsoo aproveitou o momento para colocar sua respiração apressada de volta no lugar.

Até que a mente de Jongin voltou a funcionar.

— Eu também. — ele revelou. — Senti que tinha conquistado o mundo inteiro quando beijei você. E então, o perdi por cinco anos inteiros…

— Mas eu estou na sua frente agora. — Kyungsoo deu um passo para frente, se aproximando de Jongin. — Como você se sente?

Jongin pareceu pensar um pouco, então também deu um passo à frente, diminuindo mais a distância.

— Sinto que posso ter meu mundo de volta. — Jongin disse baixinho, em um tom que só Kyungsoo poderia escutar.

E ele sorriu quando a resposta de Jongin chegou em seus ouvidos.

— Eu estou ansioso para ser o seu mundo.

Kyungsoo deu o último passo que faltava para que a ponta dos sapatos dos dois se encontrassem. Era como se tivessem dezessete anos novamente, embaixo da escada do auditório da escola. Um olhando para o outro de maneira quase hipnotizada, se aproximando lentamente, como se houvesse algum imã que os atraísse. Até que finalmente os lábios se encontraram, e como há cinco anos atrás, era como se nada mais importasse além daquele momento. 

Os toques, as respirações, os corações acelerando, era o que mais importava.

A presença de Kyungsoo nos lábios de Jongin.

A presença de Jongin nos lábios de Kyungsoo.

O tempo não importava se Jongin e Kyungsoo estivessem juntos como estavam no momento, e o tempo que perderam longe um do outro não parecia mais tão doloroso, pois finalmente havia virado apenas uma parte do passado. 

O beijo dos dois ficava cada vez mais barulhento. Era difícil manter a compostura quando um desejo reprimido por anos estava finalmente sendo saciado. Jongin queria que o gosto de Kyungsoo ficasse e impregnasse de uma forma que ele nunca mais o esquecesse. Era o mesmo para Kyungsoo. 

Foi difícil para que se largassem daquele beijo. Sequer sabiam quanto tempo ficaram se beijando, e poderiam muito bem continuar a noite toda. 

Mas não no meio da rua, claro.

Kyungsoo foi quem tomou a difícil atitude de começar a se afastar. Porém, Jongin não parecia querer deixá-lo sair de seus braços, e o apertou contra si. Kyungsoo riu e deu um último selinho em Jongin, tentando um tipo de acordo velado para que ele o soltasse, que por sinal, funcionou.

De volta a realidade, Jongin e Kyungsoo voltaram a caminhar lado a lado, em um silêncio confortável.

— Então quer dizer que você mandou cem mensagens pra mim? — Kyungsoo perguntou de repente, relembrando a conversa de alguns minutos atrás.

— Ah, vamos esquecer essa parte, por favor. — Jongin revirou os olhos, enfiando as mãos nos bolsos.

Kyungsoo sorriu travesso.

— Você estava desesperado?

— Cala a boca! — Jongin empurrou Kyungsoo para o lado, envergonhado. Kyungsoo riu alto da atitude.

— Já pensou que você poderia estar mandando mensagem pra outra pessoa? — ele voltou a provocar, não se contendo nas risadas. — Imagina só um desconhecido recebendo um monte de mensagem de um adolescente apaixonado!

— Ahhh!! Lá, lá, lá, lá! Não estou ouvindo!

Kyungsoo gargalhava enquanto via Jongin tampar os ouvidos e apressar o passo. Estava adorando aquele jeito envergonhado que Jongin havia adotado.

Ele correu para estar de volta ao lado de Jongin, sendo recebido por uma chave de braço. Os dois riam da situação, e enquanto caminhavam, se empurravam com o ombro de um lado para o outro.

Até que foi a vez de Jongin fazer perguntas.

— E por que você não mandou mensagem pra mim? Você tinha meu número.

Kyungsoo limpou a garganta, trocando a mão que segurava a sacola de picolés.

— Bem, eu… eu não sei.

Jongin sorriu.

— Você tinha medo que eu rejeitasse você, né?

— O quê? Claro que não!

— Por que eu acho que você está mentindo?

— Ai, Jongin, fazem cinco anos! Vamos esquecer essa parte. — Kyungsoo reclamou.

Jongin riu satisfeito com seu contra-ataque e voltou a se aproximar de Kyungsoo, colando seus ombros com os do outro. Estavam andando em passos lentos, tentando atrasar ao máximo o fim do percurso.

As provocações se encerraram e apenas caminhavam tranquilamente pela rua vazia. Com os braços bem próximos, Kyungsoo esticou seu mindinho até que ele tocasse o de Jongin, então se afastou. Jongin percebeu o que o outro fez e deixou um sorriso escapar dos lábios. Ele se aproximou de novo e tocaram os mindinhos mais uma vez, os entrelaçando por um momento, para então soltar.

Na terceira vez, Jongin não deixou que Kyungsoo se afastasse e agarrou sua mão. Kyungsoo virou o rosto para o outro, surpreso, mas sorriu quando viu que ele fez isso apenas para conseguir entrelaçar seus dedos, por fim, guardando a mão que segurava no bolso de seu casaco.

Jongin sorriu para Kyungsoo.

Kyungsoo sorriu de volta. 

E eles caminharam assim até chegarem à casa de Junmyeon.