Não faça isso, por favor.
Não precisamos de você aqui. Nós queremos você aqui, cara. Sei que tudo que julga amar desmoronou bem na sua frente. Talvez o suicídio seja a única saída que você enxerga, mas acredite, ainda há outro jeito.
Você suportou quando seus pais se separaram. Você suportou quando abriu mão dos seus sonhos pra constituir sua família. Você, e mais ninguém, aguentou firme o processo de se tornar responsável desde muito cedo.
Sou seu amigo, cara. Eu estava lá com você, ainda que não me notasse. Eu vi o seu desespero. Eu enfrentei todas as noites de solidão que você teve, mesmo rodeado de amigos. Não faz isso com a gente.
A morte pode ser a solução imediata, mas isso acabará apenas com os seus problemas. E os seus filhos? Me diz, porra, o que vai ser do psicológico daqueles dois pequenos?
E sua esposa? Ela passou por isso tudo por e com você. Achas que ela merece não conseguir mais olhar no espelho por não suportar sua ausência?
Sua mãe batalhou pra caralho, mano, pra fazer de você um sujeito forte. E ela conseguiu, até agora.
A dor da alma é frustrante, mas será ainda mais frustrante as pessoas que o amam (5, no máximo 6 pessoas e o seu gato) precisarem de ti e você não estar mais aqui.
E o principal. Não faça isso comigo. Ainda tenho tantos planos pra gente. Não é tarde demais. Muito pelo contrário. Uma nova ponte pode se erguer aqui e agora, bem diante desse abismo. Mas enquanto olhar pra baixo for o seu foco, as oportunidades virão e passarão por você, sem que se note.
Vamos recomeçar juntos, cara. Como uma nova vida. Aprender a falar novamente, a engatinhar, a andar, andar de bicicleta, a ler, a escrever. Tudo de novo. Mas agora, já sabemos o que dói, já sabemos o que fazer quando algo der errado. E se o resultado for o erro, vamos tentar de novo.
A gente vai zerar esse game, mano. Juntos.
Te amo cara, não faz isso com a gente.