Griot : Revista de Filosofia, Amargosa - BA, v.22, n.1, p.279-289, fevereiro, 2022
ISSN 2178-1036
https://doi.org/10.31977/grirfi.v22i1.2765
Recebido: 17/12/2021 | Aprovado: 19/02/2022
Received: 12/17/2021 | Approved: 02/19/2022
TEMPORALIDADE EM HUSSERL
Everaldo Cescon1
Universidade de Caxias do Sul (UCS)
http://orcid.org/0000-0002-0401-7294
E-mail: ecescon@ucs.br
RESUMO:
O objetivo deste artigo é apresentar, na perspectiva de Edmund Husserl, os conceitos de consciência, de subjetividade
e de tempo. Para o desenvolvimento desse intento são utilizados, principalmente, os seguintes textos originais
husserlianos: Investigações Lógicas, Lições para uma Fenomenologia da Consciência Interna do Tempo e Meditações
Cartesianas. Neste texto, é apresentado, inicialmente, o conceito de consciência como unidade real-fenomenológica
das vivências do eu, como autoconsciência e como vivência intencional. A subjetividade é abordada a partir dos
conceitos de eu empírico e de eu puro. Já o tempo é exposto sob o viés fenomenológico. Por fim, no último item, é
abordada a relação intrínseca estabelecida entre os conceitos de tempo e de subjetividade, sendo evidenciado, assim,
o conceito de fluxo absoluto de vivências, que é ausente de tempo, que é o absoluto último e verdadeiro.
Paradoxalmente, é demonstrado que é no próprio fluxo que a temporalidade se origina, sendo na temporalidade, por
intermédio das vivências, que a vida subjetiva se efetiva e se consolida. Ou seja, é explicitado que o tempo é o
catalisador do desenvolvimento da subjetividade por intermédio das vivências temporais e que é nessa relação
autogênica essencial que são criadas as condições para o desenrolar da vida em unidade, cujo processo é caracterizado
pela abertura ao tempo, um fluir na perpetuidade viva do presente.
PALAVRAS-CHAVE: Husserl; Consciência; Subjetividade.
TEMPORALITY IN HUSSERL
ABSTRACT:
This paper aims to present, from the perspective of Edmund Husserl, the concepts of consciousness, subjectivity and
time. For the development of such purpose, the following husserlian original texts have been mainly utilized: Logical
Investigations, On the Phenomenology of the Consciousness of Internal Time and Cartesian Meditations. This text
initially presents the concept of consciousness as a real phenomenological unity of the ego’s experiences, as selfconsciousness and as intentional experiences will be exposed. Subjectivity is approached based on the concepts of
empirical self and pure self. Time, on the other hand, is explored from a phenomenological standpoint. Finally, the
last item shows the intrinsic relationship established between the concepts of time and subjectivity, thus
demonstrating the concept of the absolute flow of experiencing, which is timeless, and which is the ultimate and true
absolute. Paradoxically, it demonstrates that it is in the actual flow that temporality is originated, and it is in the
temporality, through experiences, that subjective life is put into effect and is consolidated; i.e.,,it clearly
demonstrates that time is the catalyst for the development of subjectivity through temporal experiences and that it
is in the essential autogenic relationship that conditions are created for the development of life in unity, whose process
is characterized by openness to time, a flow in the live perpetuity of the now.
KEYWORDS: Husserl; Consciousness; Subjectivity.
1 Doutor(a) em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (P.U.G), Itália.. Professor(a) da Universidade de Caxias do Sul
(UCS), Caxias do Sul – RS, Brasil..
CESCON, Everaldo. Temporalidade em Husserl. Griot : Revista de Filosofia, Amargosa – BA, v.22 n.1, p.279-289, fevereiro, 2022.
Artigo publicado em acesso aberto sob a licença Creative Commons Attribution 4.0 International License
Griot : Revista de Filosofia, Amargosa - BA, v.22, n.1, p.279-289, fevereiro, 2022
ISSN 2178-1036
Introdução
Neste texto serão analisados alguns dos principais conceitos trazidos à luz pelo filósofo
Edmund Husserl, quais sejam: a consciência, a subjetividade e o tempo. Sem dúvida, são conceitos
repetidamente discutidos por inúmeros filósofos no período anterior, contemporâneo e posterior a
Husserl; no entanto, esses conceitos são explicitados por esse pensador com peculiar originalidade
e complexidade.
Constata-se pelas inúmeras interpretações expostas na bibliografia que expõe esses
conceitos conforme o entendimento husserliano que esse tema é de difícil enfrentamento,
especialmente devido às inúmeras divergências, as quais chegam, muitas vezes, a ser
contraditórias. Assim, este texto propõe-se a explorar esses três conceitos de forma simples e
didática, com suporte na bibliografia de Husserl e em alguns de seus comentadores, com o intuito
de investigar, valendo-se do método hermenêutico, como a subjetividade e a consciência se
constituem a partir da temporalidade.
O texto será desenvolvido em três partes. A primeira versará sobre a consciência, a
subjetividade e o tempo. Conforme apreciado pelo pai da fenomenologia, a consciência será
apresentada em três diferentes conceitos: 1) Como unidade real-fenomenológica das vivências do
eu; 2) Como autoconsciência; 3) Como vivência intencional. Quanto à subjetividade, será efetuada
uma abordagem a partir dos conceitos de “eu empírico” e de “eu puro”. Esses conceitos, que são
essenciais no entendimento da teoria fenomenológica, principalmente o conceito de consciência
que perpassa a todo instante pelos outros dois, subsidiarão a feitura da terceira parte, que, por
fim, abordará a relação intrínseca entre os conceitos de tempo e de subjetividade.
Conforme será explicitado nesta pesquisa, em uma filosofia rigorosa, é necessária a
descrição da autogênese do absoluto último e verdadeiro. Essa descrição do absoluto só é possível
pela investigação da relação constitutiva entre a subjetividade absoluta e o tempo, que implica a
compreensão do fluxo constitutivo do tempo como subjetividade absoluta.
Tempo
A grande questão que cativava o filósofo ora estudado em relação ao tempo, era,
justamente, investigar a sua origem primeira. A gênese do tempo revela que a temporalidade é
originada no fluxo absoluto de vivências, como possibilitadora das vivências temporais. Ressaltase que esse fluxo absoluto não é essencialmente temporal, pelo contrário, é ausente de tempo, é o
local onde o tempo se origina. É o absoluto último e verdadeiro.
Para entrar nesse terreno árduo da busca pela origem do tempo, Husserl indica o processo
de redução do tempo objetivo, ou seja, a suspensão do entendimento natural, empírico, do tempo.
Deve, portanto, ser realizada uma purificação do objeto de estudo para que se possa desenvolver
uma análise rigorosa e frutífera.
É indicado, então, começar a investigação pelas estruturas primitivas da consciência do
tempo, pelas estruturas dos atos que temporalmente visam objetos. Para tanto, Husserl inicia a
sua tarefa, na obra Lições para uma fenomenologia da consciência interna do tempo, expondo o
pensamento de Brentano2 para, em seguida, criticá-lo e dar um passo adiante.
Primeira seção da obra de Husserl: On the Phenomenology of the Consciousness of Internal Time (1893 - 1917), capítulo: Brentano’s
theory of the origin of time.
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Segundo Brentano (apud HUSSERL, 1991), a origem do tempo está nas associações
originárias fundadas sobre as representações mnemônicas que se conectam imediatamente às
representações perceptivas. Para ele, quando algo é percepcionado, esse algo permanece presente
à consciência devido a uma modificação. Por exemplo, em uma música instrumental, para que
possamos apreciar a sua melodia é necessário que se perceba o encadeamento dos sons, ou seja, é
preciso que o som ouvido no presente não seja esquecido logo que cesse, pois:
Quando uma melodia soa, por exemplo, o som individual não desaparece totalmente com
a cessação do estímulo, ou do movimento neural excitado, quando o novo som está
soando, os sons precedentes não desapareceram sem deixar marcas, se assim fosse nós
seríamos incapazes de perceber a relação entre os sucessivos sons 3 (HUSSERL, 1991,
p.11).
No entanto, Brentano (apud HUSSERL, 1991) sustenta que a permanência do som já
passado deve ser mantida na consciência de forma modificada, pois, se todos os sons
permanecessem com o mesmo status, teríamos um amontoado de sons simultâneos. É necessário,
então, que o som permaneça na consciência de um modo modificado temporalmente. Assim, o
som percebido num momento anterior não deve ser percebido como algo vivido no presente, mas
como uma representação do som percebido como pertencente ao passado. Ou seja, é necessária
uma modificação peculiar que se desenvolve, momento a momento, arranjando a experiência
como hierarquizada numa escala do mais passado ao menos passado.
Ainda, expondo as idéias de Brentano, Husserl (1991) afirma que as representações
temporais são cunhadas pela fantasia e que esta é a origem daquelas. A fantasia extrai um
fantasma dos estímulos sensíveis percebidos logo após estes cessarem, uma representação
imaginária temporalmente modificada: “Temos, portanto, descoberto a origem da representação
do tempo na região da fantasia”4 (HUSSERL, 1991, p.12). Nota-se que fantasia, no sentido aqui
apresentado, assume o significado preconizado por Aristóteles, ou seja, é o poder de suscitar
representações, imagens, de coisas que já não mais estão presentes às sensações. (MORA, 2001)
É fato que um estímulo sensível qualquer, per se, não pode oferecer uma noção de duração,
porquanto para tal é necessária uma sucessão, um desenrolar de acontecimentos. A ferramenta
que Brentano (apud HUSSERL, 1991) sugeriu ser capaz de permitir o encadeamento que organiza
uma sucessão das sensações, pela modificação do passado ao associar a sensação já percebida à
nova sensação que a sucede, é, precisamente, a fantasia.
Ao processo de constante conexão das representações temporalmente modificadas, é dado
o nome de associação originária. Ou seja, a fantasia é tida, paea Brentano, como a origem do
tempo. Como conseqüência, a percepção ocorre ao se constatar um estímulo situado
temporalmente no presente. Todos os outros processos de associações, conexões entre passados e
entre passado e presente pertencem à fantasia: “Acreditamos ouvir uma melodia e, portanto, que
ainda ouvimos o que recém passou, mas isto é apenas uma ilusão procedente da vivacidade da
associação originária”5 (HUSSERL, 1991, p.14).
“When a melody sounds, for example, the individual tone does not utterly disappear with the cessation of the stimulus or of the
neural movement it excites. when the new tone is sounding, the preceding tone has not disappeared without leaving a trace. If it
had we would be quite incapable of noticing the relation among the successive tones”.
4 “We have therefore discovered the origin of the representation of time in the region of phantasy”.
5 “We believe that we hear a melody and therefore that we still hear what is just past, but this is only an illusion proceeding from
the vivacity of the original association”.
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Dessa forma, no exemplo da música, a apreensão de uma melodia (mais de uma nota
musical em seqüência) é uma ilusão, pois é o produto de uma associação originária do que é e do
que não é, do real e do irreal. Igualmente, a noção de futuro é dada pela fantasia. A partir do já
vivido, ou seja, a partir do representado como passado, é fantasiada uma modificação
perspectivista que possibilita a criação de uma expectativa.
Conclui-se, pela exposição da teoria Brentaniana (apud HUSSERL, 1991), que tempo
passado e futuro são irreais, visto que real é somente o percebido agora. Esse presente surge para
logo se tornar um novo irreal. Ao que tudo indica, o filósofo não logrou demonstrar como se dá a
passagem do que agora é percebido para a representação modificada temporalmente desse
percebido, assim como também não demonstrou como se dá a ligação entre as memórias e o
presentemente percebido. Logo, o modo como se produz essa passagem do agora real para a
irrealidade e a própria união do real do e do irreal permanecem não solucionadas por Brentano.
Após a breve exposição dos estudos de Brentano, Husserl (1991) passa a demonstrar suas
falhas. Segundo ele, é uma teoria sobre a origem psicológica da representação de tempo, pois a
análise brentaniana utiliza pressupostos transcendentes e empíricos, isto é, ele assume que existem
objetos temporais que provocam sensações em nós, algo de fora para dentro, compartilhando,
portanto, da visão positivista de mundo reinante na Europa à época.
O que fica comprometida na exposição brentaniana é a distinção entre um tempo
originariamente intuído e um produzido pela fantasia:
Se a intuição originária de tempo já é uma criação da fantasia, então o que distingue esta
fantasia do temporal daquela em que estamos conscientes de algo temporal que pertence
ao passado mais remoto de algo, portanto, que não pertence a esfera da associação
originária e não é combinada numa consciência com a percepção atual, mas que
anteriormente esteve combinada com uma percepção passada?6(HUSSERL, 1991, p.17).
A falha, apontada por Husserl (1991) na teoria de Brentano, foi indicar a fantasia como a
origem do tempo, sem distinção, tanto para o que é relembrado como para a própria intuição
perceptiva. Assim sendo, a intuição perceptiva de um momento presente é, desde já, um fantasma,
e o que é relembrado é um fantasma de um fantasma.
Conforme Brentano (apud HUSSERL, 1991), a corrente do tempo dá-se por uma soma de
fantasmas. Assim sendo, o que compromete a percepção de uma seqüência de passado, presente e
futuro é a ausência de distinção entre o objeto temporal e o modo pelo qual este é doado na
percepção, na recordação e na expectativa. Isso é conseqüência da indistinção entre ato, conteúdo
de apreensão e objeto apreendido. O caráter decisivo dessa indistinção fica claro quando
atentamos ao modo como é produzido o momento temporal. Momento que é produzido pela
associação originária quando esta agrega uma seqüência continuada de representações à
respectiva percepção.
Para Husserl, diferentemente de Brentano, não se encontram caracteres temporais,
sucessão e duração somente nos simples conteúdos primários, mas também nos objetos
“If the original intuition of time is already a creation of phantasy, then what distinguishes this phantasy of the temporal from
the one in which we are conscious of something temporal that belongs to the more remote past- of something, therefore, that does
not belong in the sphere of original association and is not combined in one consciousness with the current perception, but that at
one time was combined with a perception that is now past?”.
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apreendidos e nos atos de apreensão. É por isso que a análise brentaniana sobre o tempo é limitada
e impotente, não atentando a todos os estratos da constituição temporal (THOMÉ, 2008).
O cerne da crítica husserliana é a ausência da separação entre a constituição de conteúdos,
dos objetos temporais e dos atos que doam tempo, pois para Brentano o momento de tempo era
algo posto a partir da fantasia – fora do ato da percepção, da recordação e da expectativa – como
um acréscimo dado na forma de um momento, ao nível de um momento de conteúdo.
Todavia, Husserl também viu méritos na teoria de Brentano, no que se refere à
compreensão de que para que haja duração, sucessão e alteração é necessária uma modificação
temporal, ou seja, um caráter sucessivo da consciência do tempo: “No entanto, um núcleo
fenomenológico repousa nessas considerações”.7 (HUSSERL, 1991, p.16).
Enfim, Brentano fez uma análise psicológica do tempo, valendo-se do conceito de fantasia.
Diversamente, Husserl optou por uma análise puramente fenomenológica, almejando a distinção
entre objeto e objeto temporal imanente, para aí sim questionar, a partir do campo
fenomenológico reduzido, os objetos temporais imanentes nos seus modos de aparecer. A
modificação temporal não é algo externo que doa aos atos constituidores de tempo nas vivências.
Para ele, os objetos temporais e os atos de doação temporal possuem temporalidade na sua própria
estrutura (THOMÉ, 2008).
Husserl (1991) entende que a consciência e o tempo são conceitos intimamente ligados, é
uma relação de constituição. A temporalidade é imanente à consciência. Logo, não é possível
compreender o tempo como um lapso percebido a partir de uma consciência que observa desde
fora, concatenando o recordado e o esperado com o presente percebido para, então, formar um
objeto temporal.
Desse modo, houve um distanciamento de Brentano nesse aspecto, tendo em vista que,
para Husserl, o próprio perceber, enquanto doador de objetidade temporal, e os próprios objetos
temporais possuem já em si, na sua estrutura, temporalidade: “Por objetos temporais no sentido
específico entendemos objetos que não são somente unidades de tempo, mas que, também, contêm
extensão temporal em si mesmos”.8 (HUSSERL, 1991, p. 24).
Fica evidente, assim, a inovação trazida por Husserl: o objeto temporal alarga a noção de
objeto, visto que o objeto é sempre uma unidade doada no tempo. Os objetos temporais são os
dados e as apreensões de tempo imanentes à consciência.
Com efeito, há dois tipos de objeto temporal: os imanentes e os transcendentes. Estes
(transcendentes) são constituídos pelos dados e apreensões imanentes que constituem a unidade e
a identidade do objeto que transcende à consciência para se efetivar no nível perceptivelmente
constituído. É nesse território que o tempo objetivo aparece, se manifesta. Para que de fato haja
uma investigação fenomenológica é necessária uma redução às vivências fenomenologicamente
reduzidas, do percebido à percepção, da unidade do objeto constituído à esfera constituinte de
toda e qualquer unidade temporal, qual seja: a dos objetos temporais imanentes (THOMÉ, 2008).
Voltando ao exemplo da música, reduzindo-se todo o âmbito transcendente, tem-se o dado
puro. Pode ser feito um estudo do próprio som, enquanto algo que surge e passa, movendo-se cada
vez mais para o passado. Mediante o instituto da retenção, o som mantém sua temporalidade
própria, garantindo a unidade do som que dura.
“However, a phenomenological core does lie hidden in these considerations”.
“By temporal objects in the specific sense we understand object that are not only unities in time but also contain temporal
extension in themselves”.
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Pode-se também visar o som nos seus modos de doação e de aparecimento na consciência
temporal, por intermédio de um fluxo constante. O tempo fenomenológico constitui-se nos
fenômenos de fluxo. O objeto temporal imanente surge com a doação do modo agora: “O som é
dado, ou seja, eu estou consciente dele como um agora. Mas estou consciente dele como agora
‘enquanto’ qualquer de suas fases estiver sendo concebida como agora”.9 (HUSSERL, 1991, p.26).
O desenvolver do fluxo é uma continuidade constantemente modificada que se amplia com
passados cada vez mais profundos. O agora perceptivo, que é a doação atual da percepção,
funciona como uma âncora para as fases passadas. É importante destacar que o agora perceptivo
não é entendido como o momento agora percebido, na medida em que ele é a forma do
aparecimento que se relaciona com a percepção pura. Destarte, o agora percebido não é o
percebido agora, nem a percepção, mas justamente uma relação entre percepção e consciência que
permite a aparição do objeto temporal. Ele se desdobra constantemente numa fluência temporal.
Para Brentano, a modificação temporal ocorre nos conteúdos das representações,
enquanto para Husserl essa modificação refere-se às modificações das apreensões como
modificações dos modos de aparições dos objetos imanentes à consciência, aparição como o que
aparece no seu como, a vivência propriamente imanente.
Na percepção, o que é propriamente percepcionado é o ponto da duração caracterizado
como agora. Na extensão do que decorre, a retenção ocorre com clareza decrescente em relação à
fase do agora atual. No caso de uma música, é possível perceber a melodia encadeada na medida
em que a consciência visa o decurso total da duração da melodia. O som, à medida em que fica
temporalmente mais distante, vai constantemente modificando-se em seu modo de aparição (mais
ou menos passado), ou seja, o objeto som é sempre o mesmo, o que se altera é o seu modo de
aparição. Nesse sentido, um mesmo objeto no seu modo de decorrer é sempre um novo outro:
“Então as séries de modos de decurso que já não incluem um agora começam; a duração não é
mais presente, mas passado, e continuamente afundando cada vez mais para o passado”.10
(HUSSERL, 1991, p.30).
Há um modo de decurso que se liga ao agora atual e tem nele o seu ponto final, como a
música, por exemplo. Há também uma continuidade que já não está em ligação com o agora atual,
que são as memórias passadas, lembranças remotas. De todo modo, o agora atual, o presente, é
sempre a origem de qualquer passado. É a partir desse ponto-fonte original que se dá início a um
obscurecimento contínuo do objeto temporal em direção ao passado.
O agora atual não é algo estático, mas a mola mestra do fluxo que propicia o viver, em
constantes agoras que se abrem para o passado e para o futuro, de modo que todo agora mesmo
passado vivido aponta para um agora anterior de onde ele já fluiu, como também todo agora
esperado vivido aponta para um agora posterior, para onde ele ainda fluirá. A vida é a unidade
dessa perpétua fluência que emerge numa consciência originária como consciência do tempo
(THOMÉ, 2008).
Conforme Maldonato (2008), Husserl questiona o conceito de tempo no próprio ponto de
sua origem e de sua constituição. Na medida em que é manancial primário, o tempo sempre é
irrupção de algo e não já uma composição. Foi essa ideia que levou o filósofo a introduzir a noção
“The tone is given; that is, i am conscious of it as now. But I am conscious of it as now “as long as” any of its phases is intended
as now”.
10 Then the series of running-off modes that no longer include a now begins; the duration is no longer actually present but past,
and continuously sinking deeper into the past”.
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de retenção: um ponto originário que liga os momentos do fluxo como a duração, o fluir e assim
por diante. Não há nenhuma intenção que não esteja vinculada a uma “segunda intenção”
(retenção) que a integra e a torna possível. Isso indica que a consciência não é consciência interna
ao fluxo, mas no que ela conserva o conteúdo percebido, mesmo quando já não mais o é. Husserl
(1991) propõe a tese de que a consciência é uma unidade em si, que é estruturalmente fluxo e não
uma unidade ligada a outras unidades. Essa unidade é constitutiva da pluralidade da consciência
e revela, ainda, a natureza da sequência e dos nexos entre os instantes reais que faz com que
digamos que um determinado evento tem uma duração.
A origem do começo absoluto da temporalidade é a proto-impressão que, por sua vez, não
é uma produção da consciência. Ela irrompe como fonte primitiva através de uma geração
originária que permite as sensações de. O ponto-fonte é retido e constantemente modificado num
movimento de retrotração ao passado. No exemplo da melodia, o som agora atual iniciado na
proto-impressão passa à retenção e a retenção da proto-impressão é um agora. Frisa-se que esse
som não é retido sem modificação, mas retido como algo que já passou. No entanto, a retenção
em si é atual, enquanto atual retenção do som que foi.
Dessa forma, há sempre dois movimentos possíveis: um em direção à atualidade da
retenção (visar) e outro em direção ao conteúdo da retenção (o que é visado). É essa duplicidade
que permite distinguir o ato de perceber e o conteúdo percebido. É ela, igualmente, que possibilita
pensar sobre a ocorrência do fluxo contínuo constantemente em mutação nas sucessivas retenções.
Se a proto-impressão é a origem do agora fluente, a retenção é a consciência originária do
passado. Essa consciência originária que aglutina e combina presente, passado e futuro organiza
e dispõe o protoproduzido temporalmente através do fluxo, ou seja, é a espontaneidade da
consciência que promove e permite a fluência do protoproduzido. Destarte, a consciência do
passado, do presente e do futuro ocorre numa unidade fluente e incindível. É a unidade temporal
na qual operam atos que não podem atuar independentemente: a duração só é possível na relação
entre agora mesmo passado e agora atual.
É possível distinguir entre a visada e o que é visto temporalmente. Não se pode, então,
sequer pensar em modificações e fases de fluxo que constituem o contínuo do campo temporal. As
retenções que ocorrem continuamente se dão de forma organizada, sendo que cada retenção atual
modifica todas as retenções que a precederam. Assim, ocorre a modificação em toda a cadeia de
retenções que propriamente já ocasionaram outras modificações. Ou seja, a partir de um pontofonte, todo um fluxo de retenções é continuamente modificado. Uma modificação temporal
produz constantemente uma nova modificação, de modo que a consciência passa da impressão a
retenções sempre novas.
É importante destacar que as retenções têm começo e fim, ao contrário do próprio fluxo
de vivências. A fluência da corrente temporal do passado é infinita e é constante abertura que
permite a unidade da própria vida. A retenção, relação entre um visar e um visado, não é uma
atividade ativa do ego, mas uma modificação intencional exercida na esfera da pura passividade.
Giza-se que com o desenrolar da temporalidade ocorre o constante aprofundamento do passado,
a ponto de se chegar à completa escuridão, em oposição à luminosidade do momento presente.
Mas, enfim, como se pode perceber algo como passado, mais passado, ou mais presente? A
diferença é intencional. É uma diferença de visada do objeto que modifica o próprio conteúdo
visado. Quando ocorre uma recordação, está presente uma certa vivacidade, pois a recordação é
possível por ela ter sido retida. Essa recordação primária, agora mesmo passado, é diferente de
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um objeto semelhante percebido no agora atual. De todo modo, ambas são efetuadas no momento
agora, pois agora percebo e agora recordo: “para o ponto-agora da percepção corresponde um
ponto-agora da recordação”.11 (HUSSERL, 1991, p. 37). Do mesmo modo, a expectativa de uma
percepção futura, protensão, igualmente, ocorre no presente. Não se trata, portanto, de uma
comparação entre uma memória e uma imagem do momento presente e, a partir dessa
comparação, o surgimento da noção de dimensão do tempo.
Husserl (1994) descreve um tipo de memória que se refere a um passado mais distante do
agora atual que é a recordação secundária ou iterativa. Trata-se de uma modificação reprodutiva
do agora mesmo. O objeto recordado é presentificadamente reproduzido, de modo que se tem aí
uma intenção passada como que presente. Diferencia-se, assim, da recordação primária, por nela
haver tão-somente a retenção e a doação de caráter agora mesmo passado, sem haver produção
de uma objetividade duradoura. Na recordação secundária, entretanto, há a reprodução, o
reavivamento de uma unidade temporal duradoura que acrescenta elementos que não estavam
presentes na impressão. É uma fantasia. A reiteração ocorre de forma completa não quando se
relembra de um retalho ou de algum elemento estanque do passado, mas, sim, quando o objeto é
reconstituído integralmente num fluxo de presentificações, ou seja, quando é como que
percepcionado de novo.
A compreensão da estrutura da recordação iterativa foi insuficientemente explicitada por
Brentano, pois ele não percebeu que a fantasia nunca é por si mesma, que ela não pode doar
originalmente o objeto temporal, porque já é sempre fundada em percepções e retenções. O dado
presentificado deve necessariamente remeter ao originalmente dado na vivência, o objeto
temporal doado na percepção, visto que, caso a apreensão do tempo residisse exclusivamente na
fantasia, não haveria propriamente um decurso temporal, mas somente fantasias de fantasias,
isto é, a fantasia produziria apenas fases da duração sem qualquer posição original, sem relação
ao agora atual (THOMÉ, 2008).
Segundo Husserl (1991), há a primazia hierárquica do ato da percepção no ato de
constituição do tempo, pois é pela percepção que ocorre a doação do presente. A apreensão de
algo, seja como presente, passado ou futuro, sempre ocorre num ponto agora percepcionado, haja
vista que é pela percepção que ocorre a noção da continuidade de objetos apreendidos. É a partir
do agora atual que ocorre a organização e a noção de passado, futuro e presente.
Em síntese, a estrutura do passado é exposta mediante um agora mesmo passado, na
recordação primária, ou um como que agora na recordação iterativa, enquanto o futuro é exposto
segundo a forma de um ainda-não-agora. A doação originária da expectativa não é um produto
da consciência, uma fantasia, tendo em vista que essa doação ocorre sempre no presente vivo. É
basilar na compreensão da protensão a noção de horizonte, o que aponta para uma abertura: tudo
o que é visto desde o limite do presente vivo. Os limites de visibilidade e constituição do futuro se
dão no presente vivo.
Na abertura do horizonte de futuro como possibilidades ocorre o preenchimento de uma
intenção vazia que modifica toda a cadeia de preenchimentos possíveis. É justamente essa a
condição possibilitadora da irrupção do fluxo temporal, é o horizonte vazio que possibilita o
aparecimento do presente vivo. A compreensão do horizonte do futuro como fundo não
preenchido garante ao objeto temporal pura possibilidade para fluir. Isso significa ao mesmo
tempo que ele pertence a um único infinito fluxo de vivido. É essa dinâmica de um futuro sentido
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“To the now point of the perception corresponds a now-point of the memory”.
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CESCON, Everaldo. Temporalidade em Husserl. Griot : Revista de Filosofia, Amargosa – BA, v.22 n.1, p.279-289, fevereiro, 2022.
Griot : Revista de Filosofia, Amargosa - BA, v.22, n.1, p.279-289, fevereiro, 2022
ISSN 2178-1036
de fundo, de um presente vivido e de um passado que possibilita, num constante fluxo, as
condições para uma unidade da consciência do tempo (THOMÉ, 2008).
Todas as vivências têm duração enquanto momento de continuidade do fluxo. O que se
vive pode, com o decorrer do tempo, findar-se, porém o fluxo em si não tem início ou fim, ele
engloba a totalidade de vividos.
Destaca-se que esse tempo fenomenológico não se confunde com o tempo natural,
científico, tratando-se aqui do tempo imanente ao eu puro. A vivência pode ser visada, portanto,
de forma natural, real, ou como tempo pessoal, imanente, no seu modo como aparece
temporalmente:
A forma fundamental desta síntese universal, que faz possível todas as sínteses restantes
da consciência, é a consciência imanente do tempo, que engloba tudo. Seu correlato é a
própria duração imanente, em virtude da qual todos os estados do eu, acessíveis à
reflexão, têm que se apresentar como temporalmente ordenados, começando e acabando
no tempo, simultaneamente e sucessivamente, no horizonte constante e infinito do tempo
imanente (HUSSERL, 1986, p. 91).
A percepção de uma multiplicidade de vivências relacionadas surge de uma atividade de
síntese, de momentos isolados, da consciência:
Cada experiência isolada é um emergir à consciência, já sempre pressuposta como unitária
em relação a seus momentos constituintes, os quais não criam a consciência, mas se
desenvolvem nela, dando lugar à sua unidade (MALDONATO, 2008, p.43).
Para Maldonato (2008), seu fundamento, portanto, é a temporalidade imanente, o fluxo
de vida que se constitui em si e por si, no qual se articula a consciência originária do tempo, isto
é, daquela consciência, já sempre pressuposta, que assume a forma das objetividades do mundo.
É possível também uma visada mais profunda que enfoca o modo de doação temporal, na
percepção do agora atual, na retenção do ainda há pouco e na protensão do ainda não. Vislumbrase a vivência em três direções: do antes, do depois e do agora. Porém, em toda vivência atual estão
embutidas as vivências passadas e as esperadas. Logo, nas vivências, há uma comunhão dos três
horizontes de tempo sempre em simultaneidade, e é nesse horizonte triplo que se efetiva a fluência
infinita.
Alves resume de modo exemplar os principais elementos da dinâmica de tempo exposta
por Husserl ao destacar dois aspectos da intuição do tempo por referência a um objeto temporal:
A doação da fluência (a consciência de sucessão) e a configuração das modalidades da
orientação temporal do presente, passado e futuro – a descrição da conexão entre
protoimpressão, constitutiva do ‘agora’, e a recordação fresca (mais tarde alterada na
teoria da retenção), bem como a relação entre a percepção e os actos reprodutivos da
recordação iterativa, enquanto actos que visam o presente e o passado, realizam,
respectivamente, uma descrição fenomenológica da doação da fluência e de um tempo
orientado, por referência aos pontos zero do ‘presente’ e do par.(ALVES, 2008, p. 164).
Apresentados os conceitos de consciência, subjetividade e tempo sob o viés
fenomenológico, passar-se-á, no próximo capítulo, a um estudo investigativo de como a
subjetividade se constitui a partir da temporalidade.
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CESCON, Everaldo. Temporalidade em Husserl. Griot : Revista de Filosofia, Amargosa – BA, v.22 n.1, p.279-289, fevereiro, 2022.
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Considerações finais
No presente trabalho foi efetuada a exposição, no primeiro capítulo, do itinerário filosófico
de Edmund Husserl. No segundo, foram apresentados os conceitos de consciência, subjetividade
e de tempo, sob o ponto de vista husserliano. No terceiro capítulo, com suporte nos conceitos
explicitados no capítulo anterior, foi exposta a relação originária estabelecida entre subjetividade,
consciência e tempo.
De fato, investigar o tempo em sua origem primeira foi um tema que despertou grande
interesse em Husserl. A sua apresentação da gênese do tempo revelou que a temporalidade é
originada no fluxo absoluto de vivências que, consequentemente, como possibilitadora das
vivências temporais, é a origem da subjetividade.
Dessa forma, a subjetividade é possível pela (e por intermédio da) temporalidade que, por
sua vez, dá início à vida subjetiva e permite a sua expansão pelas vivências temporais. Frisa-se
que esse fluxo absoluto não é essencialmente temporal. Pelo contrário, é ausente de tempo, é o
local onde o tempo se origina. Em síntese, é o absoluto último e verdadeiro.
Observou-se também que é nessa relação autogênica essencial que são criadas as condições
para o desenrolar da vida subjetiva em unidade, cujo processo é caracterizado pela abertura ao
tempo, que não se dá no futuro ou no passado, sendo um fluir na perpetuidade viva do presente.
Por fim, cabe destacar que este trabalho visou tão somente apresentar alguns dos
principais conceitos expostos por Husserl. A apresentação foi desenvolvida de forma simples, não
sendo apontadas falhas ou incongruências que porventura o filósofo tenha apresentado, por ser
essa uma tarefa que ultrapassaria os limites do objetivo deste texto. No entanto, pode ser
facilmente constatado o surgimento, nos anos que sucederam a sua morte, de inúmeras críticas às
teorias de Husserl.
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CESCON, Everaldo. Temporalidade em Husserl. Griot : Revista de Filosofia, Amargosa – BA, v.22 n.1, p.279-289, fevereiro, 2022.
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Autor(a) para correspondência / Corresponding author: Everaldo Cescon. ecescon@ucs.br
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CESCON, Everaldo. Temporalidade em Husserl. Griot : Revista de Filosofia, Amargosa – BA, v.22 n.1, p.279-289, fevereiro, 2022.