MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA DO AMBIENTE 2013/2014
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de
Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Elson All-Hakine Nomane Rodrigues
Dissertação submetida para obtenção do grau de
MESTRE EM ENGENHARIA DO AMBIENTE – RAMO DE GESTÃO
___________________________________________________________
Orientador académico: Adrián M. T. Silva
(Investigador Principal na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)
Coorientador académico: M. Fernando R. Pereira
(Professor Associado na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)
___________________________________________________________
Orientador na empresa: Sérgio Castro Silva
(Founder & Executive Manager da Adventech – Advanced Environmental Technologies)
outubro de 2014
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Editado por
FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
Rua Dr. Roberto Frias
4200-465 PORTO
Portugal
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Reproduções parciais deste documento serão autorizadas na condição que seja
mencionado o Autor e feita referência a Mestrado Integrado em Engenharia do
Ambiente – 2013/14 – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto,
Portugal, 2014.
As opiniões e informações incluídas neste documento representam unicamente o ponto
de vista do respetivo Autor, não podendo o Editor aceitar qualquer responsabilidade
legal ou outra em relação a erros ou omissões que possam existir.
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Agradecimentos
Ao Eng. Sérgio Silva, a disponibilidade, o incentivo, a motivação durante a realização desta tese.
Agradeço também a disponibilidade na instalação do piloto industrial, essencial para a realização
do trabalho prático.
Ao Doutor Adrián Silva, toda a disponibilidade e orientação à realização deste trabalho.
Ao Eng. Nuno Silva, toda a sua disponibilidade, constante incentivo, orientação, dedicação e
ajuda no planeamento da execução do trabalho, sendo parte fundamental para a minha
aprendizagem.
Ao Eng. Paulo Nunes, toda a sua disponibilidade por ter proporcionado as condições para a
montagem do piloto industrial.
Ao Professor Fernando Pereira, diretor do curso de MIEA, a compreensão pois só assim foi
possível a realização desta tese.
Aos meus pais e irmã, pela constante motivação e por todo o amor e compreensão demonstrado
ao longo da minha vida, porque sem eles nada disto seria possível.
À minha namorada, Mariana, por todo o apoio e motivação na elaboração deste trabalho mas
principalmente por ser uma parte fundamental na minha vida.
Aos meus amigos, eles sabem quem são, pois foram e irão continuar a ser importantes para mim
ao longo da minha vida.
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Resumo
O objetivo da presente dissertação foi o estudo do efeito de diferentes fatores que têm
influência na oxidação de efluentes vinícolas através do Processo de Fenton Homogéneo.
Esta tese foi elaborada de forma a avaliar o potencial deste processo, a uma escala piloto,
como pré-tratamento do efluente de modo a complementar uma Estação de Tratamento de
Águas Residuais Industriais (ETARI) subdimensionada, ou como alternativa suportar o
dimensionamento de uma ETARI para tratamento de efluentes com elevados picos de caudal
sazonal, estando sobredimensionada exclusivamente para esse efeito.
Efetuou-se um estudo da degradação do efluente usando peróxido de hidrogénio e sulfato
férrico como catalisador no Processo de Fenton, o qual permitiu uma boa separação de lamas
no tanque reator do piloto industrial.
Foram estudadas várias variáveis, entre as quais o pH, a quantidade de catalisador e a
concentração de peróxido de hidrogénio.
Verificou-se que estas variáveis têm influência na eficiência da degradação da matéria
orgânica através análise da carência química de oxigénio (CQO), tendo-se obtido concentrações
de CQO na ordem dos 700 mg O2/L para o efluente tratado, valor este abaixo do valor limite de
emissão (VLE) estipulado pelo regulamento municipal para descarga em coletor municipal,
sendo assim possível a descarga direta do efluente em coletor municipal.
Foram ainda realizados testes de biodegradabilidade através da determinação da carência
bioquímica de oxigénio (CBO5) sugerindo que este processo é eficiente na obtenção de um
efluente passível de ser tratado posteriormente através de um processo biológico, devido ao
valor da razão CBO5/CQO (aproximadamente 0,5), sendo possível a sua descarga diretamente
num meio hídrico após esse tratamento.
A razão Fe:H2O2 de 1:1 demonstrou ser a ideal na generalidade dos testes efetuados e os
resultados obtidos indicam que o Processo de Fenton poderá ser viável para o tratamento de
efluentes vinícolas durante a época de vindimas.
Palavras-chave: Biodegradabilidade; Carência Química de Oxigénio; Efluente Vinícola;
Carência Bioquímica de Oxigénio; Fenton Homogéneo; Sulfato Férrico; Peróxido de Hidrogénio
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Abstract
The aim of this thesis was to study the effect of operating parameters on the oxidation of a
winery waste water through the Homogeneous Fenton Process.
This dissertation was developed to evaluate the potential of this process at a pilot scale,
namely as pre-treatment of a waste water to supplement an undersized industrial waste water
treatment plant (IWWTP) or as an alternative to design a new IWWTP to treat high flow of effluents
during seasonal peaks, being oversized solely for this purpose.
The effluent treatment was studied using hydrogen peroxide and ferric sulfate as catalyst in
the Fenton Process, which allowed a good separation of sludge in the industrial pilot reactor.
Several variables, including pH, amount of catalyst and hydrogen peroxide concentration were
studied.
It was found that these variables have influence on the degradation efficiency of the organic
matter, as assessed by the chemical oxygen demand (COD) determination, COD concentrations
around 700 mg O2/L, being obtained for the treated effluent. This value is below that stipulated
by the Portuguese legislation for direct discharge of effluents in municipal collectors.
Biodegradability tests were also performed by determining the biochemical oxygen demand
(CBO5), suggesting that this process is efficient to obtain an effluent that can be further treated
by a biological process since the CBO5/CQO ratio is near 0,5.
The Fe:H2O2 ratio of 1:1 proved to be optimal in most of the tests performed, the obtained
results showing that the Fenton Process could be feasible for the treatment of winery waste
waters during the vintage season.
Keywords: Biodegradability; Chemical Oxygen Demand; Winery waste water; Biochemical
Oxygen Demand; Fenton Process; Ferric Sulfate; Hydrogen Peroxide
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Índice
1.
Introdução .............................................................................................................................. 1
1.1 Enquadramento Histórico e Cultural ................................................................................... 1
1.2 Enquadramento Mundial ..................................................................................................... 3
1.3 Caracterização do Sector em Portugal ............................................................................... 6
1.4 Caracterização da zona ...................................................................................................... 8
2.
Processo de vinificação e efluentes vinícolas (EVs) ........................................................... 10
2.1 Processo de Vinificação .................................................................................................... 10
2.2 Efluentes Vinícolas (EV’s) ................................................................................................. 12
2.2.1 Caracterização dos EV’s ............................................................................................ 13
2.2.2 Impactes Ambientais dos EV’s ................................................................................... 14
2.3 Legislação Portuguesa ...................................................................................................... 15
3.
Sistemas de Tratamento de Efluentes Vinícolas ................................................................ 17
3.1 Reação de Fenton Homogéneo ........................................................................................ 19
3.1.1 Aplicações .................................................................................................................. 21
3.1.2 Limitações do tratamento de Fenton .......................................................................... 21
3.2 Processo de coagulação ................................................................................................... 22
4.
Objetivos .............................................................................................................................. 23
5.
Metodologia ......................................................................................................................... 24
6.
Técnicas Analíticas.............................................................................................................. 27
6.1 CQO - Carência Química em Oxigénio ............................................................................. 27
6.2 CBO5 - Carência Bioquímica de Oxigénio ......................................................................... 27
6.3 pH ...................................................................................................................................... 28
6.4 Biodegradabilidade do Efluente ........................................................................................ 28
6.5 SST – Sólidos Suspensos Totais ...................................................................................... 28
7.
Resultados e Discussão ...................................................................................................... 29
7.1 Caracterização do Efluente Bruto e das Amostras ........................................................... 29
7.2 Ensaios Preliminares ......................................................................................................... 30
7.3 Influência das diferentes variáveis na coagulação e na reação de Fenton ...................... 31
7.3.1 Influência do pH na coagulação ................................................................................. 31
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
7.3.2 Influência do Ferro na coagulação ............................................................................. 32
7.3.3 Influência do peróxido de hidrogénio na reação de Fenton ....................................... 33
7.3.4 Biodegradabilidade ..................................................................................................... 35
8.
Conclusão ............................................................................................................................ 37
8.1 Sugestões de trabalho futuro ............................................................................................ 37
9.
Bibliografia ........................................................................................................................... 38
Anexos ......................................................................................................................................... 41
Anexo I – Fotografias do Piloto Industrial ............................................................................... 41
Anexo II – Amostras do efluente bruto, sobrenadante (SBN) após adição de sulfato férrico e
oxidado (Oxi) após 3 horas de tratamento .............................................................................. 46
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Lista de tabelas
Tabela 1.1 - Produção de vinho por região vitivinícola em Portugal (em Mhl) (Instituto da Vinha e
do Vinho, 2014) ............................................................................................................................. 6
Tabela 2.1 - Produtos poluentes das várias fases do processo de vinificação. ......................... 14
Tabela 2.2 - VLE de alguns parâmetros de descarga de águas residuais, de acordo com o Anexo
XVIII do Decreto-Lei 236/98 de 1 de Agosto. .............................................................................. 16
Tabela 2.3 - VLE máximos admissíveis para descarga de efluentes em coletor municipal para o
concelho de Armamar. ................................................................................................................ 16
Tabela 3.1 - Tipos de tratamento de efluentes (Adaptado de Guillaut et al., 2000; Pirra, 2005,
Rochard et al., 2000 e Vieira 2009). ........................................................................................... 17
Tabela 3.2 - Tratamento Primário (Adaptado de: Mano, 2005; Martín et al., 2002, citado por
Benitez et al., 2000 e Melamane et al., 2007; Metcalf & Eddy, 2003 e Vieira, 2009). ................ 18
Tabela 3.3 - Tratamento Secundário (Adaptado de: Benitez et al., 2000; Canler et al., 1998a e
1998b; Charmot et al., 1997; Coetzee et al., 2004; Daffonchio et al., 1998; Fumi et al., 1995;
Metcalf & Eddy, 2003; Moletta et al., 1992; Monteiro, 1996; Najafpour et al., 2005; Pirra, 2005;
Rodrigues et al., 2006; Vieira, 2009; Wilderer et al., 2001). ....................................................... 18
Tabela 7.1 - Valor médio das propriedades físico-químicas do efluente bruto em estudo. ........ 29
Tabela 7.2 - Valores obtidos dos parâmetros analisados para os diferentes ensaios. .............. 30
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Lista de figuras
Figura 1.1 - Principais produtores mundiais de vinho em 2009 (OIV, 2014). ............................... 4
Figura 1.2 - Principais consumidores mundiais de vinho em 2009 (OIV, 2014). .......................... 4
Figura 1.3 - Principais importadores mundiais de vinho em 2009 (OIV, 2014). ........................... 5
Figura 1.4 - Principais exportadores mundiais de vinho em 2009 (OIV, 2014). ........................... 5
Figura 1.5 - Principais países importadores de produtos vínicos nacionais em 2009 (Instituto da
Vinha e do Vinho, 2014). ............................................................................................................... 7
Figura 1.6 - Principais países importadores de produtos vínicos nacionais em 2009 (em Euros)
(Instituto da Vinha e do Vinho, 2014). ........................................................................................... 7
Figura 1.7 - Região Demarcada do Douro (IVDP, 2014). ............................................................. 8
Figura 5.1 - Diagrama do processo de oxidação avançada do efluente em estudo (Adaptado de:
WineBioAOP) .............................................................................................................................. 26
Figura 7.1 - Influência do pH na remoção de CQO e SST. ........................................................ 31
Figura 7.2 - Evolução da CQO (mg O2/L) e percentagem removida para o estágio de coagulação
inicial para os diferentes efluentes. ............................................................................................. 32
Figura 7.3 - Valor de SST (mg/L) antes e depois da adição de ferro. ........................................ 33
Figura 7.4 - Percentagem máxima da CQO removida em função do tempo (horas) e da dosagem
de H2O2 para os três ensaios. ..................................................................................................... 34
Figura 7.5 - Percentagem da CQO removida em função da dosagem de H 2O2 e da
biodegradabilidade para o tempo de duas horas de reação. ...................................................... 34
Figura 7.6 - Evolução da CQO (mg O2/L) ao longo do tempo de reação para os três ensaios. . 35
Figura 7.7 - Resultados obtidos para a CQO e Biodegradabilidade dos ensaios realizados. .... 36
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Lista de Anexos
Anexo I.1 - Quadro de Controlo. ................................................................................................. 41
Anexo I.2 - Tanques de armazenamento. ................................................................................... 41
Anexo I.3 - Tanque reator ........................................................................................................... 42
Anexo I.4 - Bombas doseadoras. ................................................................................................ 42
Anexo I.5 - Tanque SBR. ............................................................................................................ 43
Anexo I.6 - Tanque de Lamas. .................................................................................................... 43
Anexo I.7 - Agitador do tanque de lamas. ................................................................................... 44
Anexo I.8 - Agitador do tanque reator. ........................................................................................ 44
Anexo I.9 - Controlador de pH e bombas doseadoras. ............................................................... 45
Anexo I.10 - Piloto Industrial. ...................................................................................................... 45
Anexo II.1 - Efluente Bruto. ......................................................................................................... 46
Anexo II.2 - Sobrenadante. ......................................................................................................... 47
Anexo II.3 - Oxidado após 3 horas de tratamento. ..................................................................... 47
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
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Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
"Fruto da videira e do trabalho do Homem"
(Instituto da Vinha e do Vinho, 2014)
1. Introdução
1.1 Enquadramento Histórico e Cultural
Desde os tempos longínquos, o vinho tem vindo a desempenhar um papel relevante em quase
todas as civilizações.
Repleto de simbologia, impregnado de religiosidade e de misticismo, o vinho surge desde muito
cedo na nossa literatura, tornando-se fonte de lendas e inspiração de mitos.
Crê-se que a primeira vinha terá sido cultivada na Península Ibérica em 2000 a.C. pelos
Tartessos, dos mais antigos habitantes desta zona, que já naquela altura realizavam
negociações comerciais com outros povos, utilizando o vinho como moeda de troca no comércio
de metais.
No séc. X a.C. os Fenícios apoderaram-se do comércio dos Tartessos, trazendo com eles
algumas castas de videiras que viriam a ser introduzidas na Lusitânia.
Os Gregos, no séc. VII a.C. instalaram-se na Península Ibérica, desenvolvendo a viticultura,
dando especial atenção à arte de produzir vinho.
Posteriormente os Celtas, já no séc. VI a.C., familiarizados com a arte de produzir vinho e das
videiras, terão trazido para a Península as variedades que cultivavam, trazendo também as suas
técnicas de tanoaria.
A invasão dos Romanos, em 194 a.C., que culminou com a sua vitória dois séculos depois,
contribuiu para a modernização da vinha, nomeadamente com a introdução de novas variedades
e o aprimoramento de técnicas de cultivo como a poda.
Nesta altura, a vitivinicultura teve uma evolução notável, dada era a necessidade de se enviar
regularmente vinho para Roma, onde a procura e o consumo aumentavam face à oferta.
Nesta época dá-se a expansão do Cristianismo (já depois das invasões bárbaras e da
decadência do Império Romano), tornando-se o vinho indispensável para o ato sagrado da
comunhão. A utilização do vinho era “obrigatória” na missa por se achar que era um produto “não
corrompido”, como evidenciavam os documentos canónicos da época.
Mais tarde, já com a invasão dos Árabes no séc. VIII, a vitivinicultura Ibérica entrava num
novo período: o Corão proibia o consumo de bebidas fermentadas, onde o vinho estava incluído.
No entanto o emir que governava a Lusitânia, mostrou-se indulgente para com os cristãos, não
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Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
proibindo a cultura nem a produção de vinho, porque a agricultura era extremamente importante.
Durante o domínio Árabe sempre se produziu vinho mas apenas era utilizado para exportação.
Entre os séc. XII e XIII, o vinho passou a ser o principal produto exportado. Doações, livros e
documentos existentes na altura confirmam a importância do vinho no território, numa altura em
que já se tinha iniciado a Reconquista Cristã.
Já depois da fundação de Portugal, em 1143, foram criadas Ordens Religiosas com o intuito
de colonizar a agricultura, alargando, deste modo, as áreas de cultivo da vinha. Como tal o vinho
passou a fazer parte da dieta do homem medieval, começando a ser conhecido até no norte da
Europa.
Na segunda metade do séc. XIV a produção de vinho teve uma grande evolução, aumentando
a sua exportação.
No período dos Descobrimentos, já nos séc. XV e XVI, as naus que partiram rumo à Índia e
ao Brasil já transportavam vinho como um dos produtos de comércio. Foi nessas viagens que se
descobriu que o vinho, dentro das barricas, expostas ao sol, melhoravam consideravelmente a
sua qualidade. Esse envelhecimento era proporcionado pelo calor, aquando da passagem pelo
Equador, tornando o vinho um bem precioso e, como tal, vendido a preços exorbitantes. Desta
maneira teve-se conhecimento de um certo tipo de envelhecimento, que posteriormente viria a
ser desenvolvido. Por esta altura Lisboa já era considerada o maior centro de consumo e
distribuição mundial.
No séc. XVIII, Portugal e Inglaterra assinaram o Tratado de Methwen, que se traduziria na
regulamentação das trocas comerciais entre os dois países. Com esta regulamentação a
exportação de vinho conheceu um novo aumento, fomentada pelo regime especial estabelecido
por esse mesmo tratado.
Durante essa altura, e visto que o vinho desempenhava um papel fundamental nas
exportações, a região do Alto Douro beneficiou de uma série de medidas protecionistas. A
procura do famoso Vinho do Porto era tal que os produtores apenas se preocuparam com a
quantidade de vinho produzido e não com a qualidade, dando início a uma grave crise.
Para combater esta crise, o Marquês de Pombal criou a Companhia Geral da Agricultura das
Vinhas do Alto Douro, que visava disciplinar a produção e o comércio dos vinhos dessa região,
sendo necessária demarcá-la. Crê-se, então, que tenha sido a primeira região demarcada
oficialmente no mundo.
O séc. XIX foi o pior período da história da vitivinicultura. A filoxera, que apareceu na região
do Douro, rapidamente se espalhou por todo o país, destruindo a maioria das regiões vinícolas.
Foram disponibilizados novos esforços com base em estudos onde eram avaliados os centros
vinícolas e os processos que adotavam. Foram regulamentadas várias outras denominações
como os vinhos da Madeira, Moscatel de Setúbal, Carcavelos, Dão, Colares e Vinho Verde, isto
já durante o séc. XX.
Durante o Estado Novo, foi criada a Organização Corporativa e de Coordenação Económica
com o objetivo de orientar e fiscalizar as atividades e organismos envolvidos na vitivinicultura.
Neste contexto, criou-se a Federação do Vinicultores do Centro e Sul de Portugal que visava a
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Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
regularização do mercado. Para fazer face às variações do nível de produção anual e ao
armazenamento de excedentes e à disparidade entre a oferta e a procura, foi criada a Junta
Nacional do Vinho.
Com a adesão de Portugal à União Europeia, a Junta Nacional do Vinho veio a ser substituída,
mais tarde, pelo Instituto da Vinha e do Vinho, já adaptado às estruturas impostas pela mesma
organização.
Nesta altura, o conceito de Denominação de Origem foi adicionado à legislação comunitária,
criando-se também uma nova classificação “Vinho Regional” para os vinhos de mesa com
indicação geográfica. Para uma melhor gestão na preservação da qualidade e da notoriedade
dos vinhos portugueses, foram criadas Comissões Vitivinícolas Regionais.
Atualmente, no território português, estão reconhecidas e protegidas 33 Denominações de
Origem e 8 Indicações Geográficas.
Antigamente, o ato de vindimar era visto como uma celebração, onde familiares e amigos se
reuniam no dia designado para as vindimas e o trabalho começava bem cedo, de tesoura na
mão e cestos de vime. Como se tratava de uma celebração, as vindimas decorriam ao som de
ranchos que seguiam para os terrenos em ritmo de cortejo, utilizando trajes típicos que davam
mais cor ao cenário das videiras repletas de uvas. Depois de uma manhã inteira a vindimar, um
almoço prolongado era merecido, sempre em ambiente de festa. Ao anoitecer os homens, de
calções ou calças subidas, formavam uma roda, davam os braços e cantavam, pisando as uvas
colhidas de manhã ao ritmo da sua música.
Atualmente as vindimas continuam a juntar uma forte componente de confraternização ao seu
trabalho exaustivo. A recolha dos cachos de uvas continua a fazer-se numa manhã de fim-desemana, onde família e amigos se reúnem neste ritual. Os carros de bois deram lugar a tratores
e depois de colhidas as uvas, dantes levadas para a pisa em lagares, seguem para adegas onde
recorrem a equipamentos mecânicos para transformarem as uvas em vinho.
1.2 Enquadramento Mundial
No ano de 2009, a área total de vinha a nível mundial era de 7633 Mha, das quais cerca de
4429 Mha pertencem à área europeia, o que corresponde a 58% de área de vinha (OIV, 2014).
Nesse mesmo período, a produção de vinho mundial situou-se nos 272 098 Mhl, sendo que na
Europa foram produzidos cerca de 183 318 Mhl de vinho (67% da produção mundial) (OIV, 2014).
Através da Figura 1.1 verifica-se que em 2009 os maiores produtores de vinho da Europa foram
a Itália, a França e a Espanha, perfazendo em conjunto cerca de 71% da produção europeia. Já
Portugal ocupa o décimo primeiro lugar no ranking.
3
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Brasil
2720
Grécia
3366
Roménia
6703
Portugal
5868
Alemanha
8228
África do Sul
9986
Chile
10093
Argentina
12135
Austrália
11784
China
12800
EUA
21965
Espanha
36093
França
46269
Itália
47314
Total Mundial
272000
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
Unidade: Mhl
Figura 1.1 - Principais produtores mundiais de vinho em 2009 (OIV, 2014).
Em relação ao consumo, Figura 1.2, a Europa também é líder. No ranking dos principais
consumidores, Portugal ocupa o décimo primeiro lugar.
Brasil
3508
Roménia
4035
Canadá
4121
Portugal
4515
Austrália
5120
Argentina
10342
Russia
10368
Espanha
11271
Reino Unido
12680
China
14514
Alemanha
20224
Itália
24100
EUA
27250
França
30215
Total Mundial
243000
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
Unidade: Mhl
Figura 1.2 - Principais consumidores mundiais de vinho em 2009 (OIV, 2014).
4
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Na Figura 1.3, pode-se verificar que Portugal ocupava o décimo quarto lugar no ranking dos
principais países importadores de vinho a nível mundial.
Itália
1461
Portugal
1606
China
1729
Japão
1807
Suíça
1892
Suécia
1952
Dinamarca
2077
Bélgica
3061
Canadá
3284
Holanda
3668
Rússia
4520
França
5897
EUA
9219
Reino Unido
11859
Alemanha
14110
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
Unidade: Mhl
Figura 1.3 - Principais importadores mundiais de vinho em 2009 (OIV, 2014).
Na Figura 1.4 apresenta-se o ranking dos principais países exportadores a nível mundial,
onde Portugal ocupava o nono lugar.
Reino Unido
545
Ucrânia
667
Macedónia
684
Áustria
696
Hungria
722
Moldávia
963
Portugal
2309
Argentina
2831
Alemanha
3557
África do Sul
3956
EUA
3983
Chile
6935
França
12556
Espanha
14607
Itália
19519
0
5000
10000
15000
20000
25000
Unidade: Mhl
Figura 1.4 - Principais exportadores mundiais de vinho em 2009 (OIV, 2014).
5
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
1.3 Caracterização do Sector em Portugal
Em 2009, Portugal tinha uma superfície agrícola utilizável de 3 668 145 ha (INE, 2014), dos
quais cerca de 243 000 ha (OIV, 2014) correspondiam à área de produção de vinha. Nesse
mesmo ano, e segundo o Instituto da Vinha e do Vinho, foram produzidos cerca de 5.688,56 Mhl
de vinho, dos quais 1.379,05 Mhl apenas na região do Douro. Na tabela 1.1 apresenta-se a
produção de vinho por região vitivinícola onde se pode verificar que cerca de 40% da produção
se encontra na região norte.
Tabela 1.1 - Produção de vinho por região vitivinícola em Portugal (em Mhl) (Instituto da Vinha e do Vinho,
2014)
Região Vitivinícola
2009
%
Minho
784,028
14
T. Montes
105,075
2
Douro
1.379,051
24
Beiras
736,728
13
Beira Atlântico
211,669
4
Terras do Dão
251,863
4
Terras da Beira
194,365
3
Terras de Cister
78,831
1
Tejo
518,989
9
Lisboa
932,736
16
P. Setúbal
337,139
6
Alentejo
811,690
14
23,698
5.629,135
0,4
Madeira
49,925
84
Açores
Subtotal ilhas
9,500
59,426
16
5.688,560
100
Algarve
Subtotal continente
Total Geral
99
1
Em Portugal, o sector de exportação de vinho representou um volume de negócios anual
(2009) de cerca de 569 M€, que corresponde a 2.398 Mhl de vinho exportado (42% do total de
vinho produzido).
Na Figura 1.5 e Figura 1.6 apresentam-se os principais países importadores de produtos
vínicos nacionais para o ano de 2009 em Mhl e em euros, respetivamente.
6
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Holanda
25,9
Bélgica
31,9
Guiné Bissau
34,9
Cabo Verde
38,9
Suécia
44,2
Brasil
52,0
Espanha
53,2
Canadá
57,9
Moçambique
58,4
Suíça
61,7
EUA
84,4
Reino Unido
105,8
Alemanha
144,7
França
184,0
Angola
459,1
0
100
200
300
400
500
Unidade: Mhl
Figura 1.5 - Principais países importadores de produtos vínicos nacionais em 2009 (Instituto da Vinha e do
Vinho, 2014).
Macau
3,8
Holanda
4,2
Luxemburgo
4,7
Noruega
4,8
Bélgica
6,8
Espanha
7,4
Suécia
10,4
Brasil
14,1
Suíça
14,3
Canadá
15,8
Alemanha
17,1
França
18,2
EUA
19,5
Reino Unido
19,7
Angola
59,6
0
10
20
30
40
50
60
70
Unidade: M€
Figura 1.6 - Principais países importadores de produtos vínicos nacionais em 2009 (em Euros) (Instituto da
Vinha e do Vinho, 2014).
7
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
1.4 Caracterização da zona
Como o projeto em questão situa-se na região do Douro, é relevante fazer uma breve
introdução à região em si.
Já durante a ocupação romana o cultivo da vinha e a produção de vinho eram feitos nos vales
do Alto Douro. A história desta região sempre foi caracterizada pela sua violência e esforço, que
se foi amenizando e progredindo, sendo hoje uma das mais belas paisagens do país,
reconhecida como Património Mundial pela UNESCO.
Na Figura 1.7 ilustra-se a região, com um terroir único, que se divide em três sub-regiões:
Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior, onde a produção de vinhos brancos, tintos e rosés,
espumantes, licorosos e aguardentes ganham uma qualidade única, com características
distintas.
A área total desta região é de 250 000 ha (IVDP, 2014), ocupando a vinha uma área efetiva
de 19% da área total.
A área de vinha é mais expressiva na região do Baixo Corgo, onde tem uma taxa de ocupação
de 30%, estendendo-se desde Barqueiros na margem Norte e Borrô na margem Sul até à
convergência dos rios Corgo e Ribeiro de Temilobos com o Douro.
Já o Cima Corgo, com uma área de vinha de cerca de 22%, estende-se até ao Cachão da
Valeira, sendo a área de vinha cultivada menor. O Douro Superior, por sua vez, tem uma área
de vinha de 10%, estendendo-se até à fronteira com Espanha.
Figura 1.7 - Região Demarcada do Douro (IVDP, 2014).
A maior parte da Região Demarcada é composta por solos xistosos, com inclusões graníticas
na sua envolvência. Relativamente ao clima, esta região sofre grande influência das serras do
Marão e de Montemuro, que servem de barreira à passagem de ventos húmidos de oeste. Por
se situar em vales profundos, protegidos por montanhas, a região beneficia de invernos muito
frios e verões muito quentes e secos.
Da totalidade de vinho produzido nesta região, cerca de 50% destina-se à produção do “Vinho
do Porto”, sendo o restante destinado à produção de vinhos de mesa, denominados “Douro”, que
utilizam a denominação de origem controlada.
8
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
O “Vinho do Porto” tem características que o distinguem dos restantes vinhos nomeadamente
a intensidade de aromas e a sua persistência, aliada a um teor alcoólico elevado (entre 18 a
22%), fruto da junção de aguardente vínica durante a fermentação. A adição da aguardente faz
com que a fermentação pare, deste modo o vinho preserva a doçura das uvas.
9
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
2. Processo de vinificação e
efluentes vinícolas (EVs)
Antigamente a qualidade do vinho era diferenciada pelos aspetos enológicos e higiénicos das
adegas mas devido ao aumento das preocupações ambientais o tratamento de efluentes gerados
na vinificação passou a ser importante no projeto das adegas (Muller, 1998b e Jourjon et al.,
2001). Estimativas apontam para uma produção nacional de efluentes vinícolas com uma carga
poluente equiparada à gerada por 2 milhões de habitantes (Morais e Oliveira, 1994).
Pode-se comparar a transformação de uvas em vinho como um fluxo de materiais (Pirra,
2005). Como tal, se tivermos em atenção ao fluxo de entrada (uvas, água, produtos enológicos
e produtos de limpeza e desinfeção, entre outros), deduzimos que os produtos finais serão o
vinho mas também o efluente gerado e os subprodutos resultantes da vinificação.
Citados por Pirra, (2005), Airoldi et al (2004) estimam que a produção de resíduos seja cerca
de 1,3 a 1,5 kg (por cada litro de vinho produzido), sendo 75% EVs, 24% de subprodutos de
vinificação e 1% de resíduos sólidos.
2.1 Processo de Vinificação
a) Receção das uvas
A receção das uvas é feita em contentores de grande dimensão ou em caixas de 20-30 kg,
sendo despejada no tegão de receção ou diretamente no esmagador-desengaçador (Peynaud,
1981).
Existem diversas maneiras de fazer chegar a uva à adega, sendo sempre necessária
particular atenção, devendo ser evitada a contaminação microbiana que pode ocorrer devido ao
esmagamento parcial das uvas e à exposição a temperatura elevada (Pirra, 2005).
b) Esmagamento / Desengace
O esmagamento é visto como a rutura da pelicula e a extração do mosto sem esmagar a
grainha, podendo ser parcial (pisa a pés) ou total.
Já o desengace consiste em retirar a parte lenhosa (engaço) do cacho. Esta técnica é
importante pois favorece a diminuição do volume das massas, o aumento do grau alcoólico e de
acidez, a diminuição da taxa de taninos, o aumento da intensidade de cor, entre outros, sendo já
introduzida dum modo geral nas tecnologias de vinificação a grande ou pequena escala. O
engaço resultante deste processo é utilizado como composto no fabrico de corretivos orgânicos
(Pirra, 2005).
10
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
c) Depuração
Após o esmagamento e durante a decantação, é necessário adicionar corretores de pH e/ou
acidez, desinfetantes e/ou clarificantes com a capacidade de formar flocos que sedimentam,
arrastando as partículas responsáveis pela turvação do vinho. Deste modo consegue-se que o
mesmo clareie, podendo-se chamar a este método como “colagem” dos vinhos (Pirra, 2005)
A adição de desinfetantes também tem o objetivo de favorecer a dissolução dos ácidos
orgânicos presentes no mosto e retardar o desenvolvimento de bactérias (Vieira, 2010)
d) Fermentação alcoólica / Maceração
Quando o processo de depuração termina, coloca-se o mosto (já desinfetado e corrigido) em
cubas de fermentação, sendo a adição de leveduras e/ou enzimas facultativa. Seguidamente
inicia-se a fermentação, cuja duração pode variar (15 dias ou mais).
O processo de maceração é apenas feito nos vinhos tintos. É este processo que vai
diferenciar o vinho tinto do vinho branco, nomeadamente nas suas características visuais, no seu
paladar e no seu odor (Pirra, 2005).
e) 1ª Trasfega / Decantação / Prensagem
Findada a fermentação segue-se a trasfega para as cubas de decantação. Esta decantação
vai originar borras que são constituídas por resíduos de uva, leveduras e bactérias, podendo
representar até cerca de 20% do volume total da cuba. Já a prensagem é necessária para
remover o mosto residual, exercendo uma pressão sobre as uvas esmagadas, originando assim
o enxugamento do bagaço.
No final o mosto residual é enviado, juntamente com as borras, para uma central de
recuperação de subprodutos do vinho (Pirra, 2005).
f)
Fermentação maloláctica
Este processo ocorre na maioria das vezes depois da fermentação alcoólica, quando os
vinhos já “limpos” são transportados para as cubas de armazenamento.
Como tal são adicionadas bactérias láticas que vão transformar o ácido málico em ácido lático
com o objetivo de limitar a acidez do vinho, transformando uma parte dele num ácido carbónico
volátil que posteriormente evapora-se.
Esta fermentação também tem a função de “amaciar” os vinhos (Papo de Vinho, 2012).
11
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
g) Clarificação / Estabilização / Filtração / Acabamento
A clarificação ocorre por colagem que significa adicionar ao vinho um produto clarificante
(principalmente bentonite, entre outros) que tem uma carga oposta ao elemento que será
clarificado. Quando adicionado, o clarificante coagula com as partículas responsáveis pelos
taninos, levando ao aumento do peso e deposição no fundo da cuba. Se o teor em taninos do
vinho for baixa pode ocorrer uma sobre colagem, levando à não-formação de flocos. Se tal
ocorrer, o vinho é engarrafado com o produto adicionado, podendo flocular na própria garrafa se
estiver sujeito a baixas temperaturas.
Em seguida procede-se à estabilização, que ocorre a baixas temperaturas, ajudando na
limpidez. Este processo é responsável pela precipitação de cristais (sais tartáricos de potássio e
cálcio) e a precipitação de coloidais como as matérias corantes do vinho. Submete-se o vinho a
uma temperatura baixa (na ordem dos 5 graus negativos) levando à precipitação rápida dos
compostos.
Imediatamente após a estabilização ocorre a filtração que não é nada mais que filtrar o vinho
para que este possa chegar ao consumidor o mais “limpo” possível, eliminando assim as
partículas em suspensão as que se depositaram no fundo do tanque (Papo de Vinho, 2012).
A produção de efluentes vinícolas durante estas fases finais é significativa, fruto da lavagem
dos equipamentos utilizados nestes processos, incluindo os produtos filtrados (Pirra, 2005).
h) Engarrafamento
Esta é a última etapa do processo de vinificação e que consiste em adicionar um volume
exato de vinho numa garrafa, posteriormente rotulada e fechada com uma rolha (Vieira, 2010).
2.2 Efluentes Vinícolas (EV’s)
Como referido anteriormente, estima-se que 75% dos resíduos produzidos na produção de
vinho sejam EV’s.
Os EV’s em muito se assemelham ao vinho, particularmente à sua composição química. São
constituídos por açúcares, álcool, esteres, ácidos orgânicos, compostos fenólicos, leveduras,
bactérias e compostos biodegradáveis (à exceção dos polifenóis) (Rodrigues et al. 2004,
Melamane et al. 2007), podendo ser compostos por duas fases distintas (Rochard e Viaud, 2000;
Jourjon et al., 2001 e Desenne et al., 2003):
- Fase Solúvel: alto índice de biodegradabilidade (com exceção dos polifenóis), constituída
por compostos orgânicos e minerais vindos da uva, do vinho e dos produtos usados na
vinificação e na limpeza;
- Fase Insolúvel: baixo índice de biodegradabilidade, composta por partículas orgânicas e
minerais originárias da uva, do vinho e seus produtos. Poderão ainda ser encontrados, nesta
fase, vestígios de óleos e lubrificantes utilizados na maquinaria.
12
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
2.2.1 Caracterização dos EV’s
Nunca se chegou a um consenso quanto à caracterização dos EV’s. Contudo, após a
elaboração de vários estudos de caracterização, a nível mundial, foi possível definir valores
médios globais para a sua composição físico química, utilizando os seguintes parâmetros (Muller
et al., 1999):
- Carência Química de Oxigénio (CQO) – Representa a quantidade total de matéria oxidável
presente no efluente e corresponde à quantidade total de oxigénio essencial para oxidar a
matéria orgânica e mineral presentes no mesmo (Pirra, 2005).
- Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO5) – Representa a quantidade total de matéria
biodegradável existente no efluente e corresponde à quantidade de oxigénio que os
microrganismos necessitam para oxidar compostos carbónicos biodegradáveis presentes no
mesmo (Pirra, 2005).
- Sólidos Suspensos (SST e SSV) – Representam os constituintes não solúveis do efluente,
sendo referidos como Sólidos Suspensos Totais (SST), que correspondem à totalidade das
frações orgânica e inorgânica em suspensão e como Sólidos Suspensos Voláteis (SSV), que
correspondem à fração orgânica em suspensão (Pirra, 2005).
- pH – O pH define a acidez do meio. Em geral os EV’s têm um pH ácido (Duarte et al., 2004a).
- Turbidez – Representa o grau de opacidade à luz do EV, podendo ser estimada visualmente
na adega ou através de aparelhos específicos para tal (turbidímetros) (Pirra, 2005).
- Azoto Total (Nt) – O Azoto Total pode ser estimado pelo Azoto de Kjeldahl, correspondendo
ao teor em azoto orgânico e amoniacal presente nos efluentes. É relevante considerar também
os nitritos e nitratos quando se pretende determinar o Nt (Pirra, 2005).
- Fósforo Total (P) – Avalia o teor em fósforo orgânico e mineral dos EV’s (Pirra, 2005).
Para além destes parâmetros, existem outros que possibilitam uma melhor avaliação do
efluente: matéria oxidável, condutividade, testes biológicos de toxicidade e a biodegradabilidade
(calculada a partir da razão entre a CBO5 e a CQO). Neste trabalho apenas iremos falar da CQO,
CBO5, SST, pH e biodegradabilidade.
Assim, e tendo em conta estes parâmetros, os efluentes vinícolas podem ser caracterizados
por um alto teor em matéria orgânica (CQO = 500 – 20 000 mg O2/L, CBO5 = 500 – 15 000 mg
O2/L), serem ácidos (pH entre 3 e 5), ricos em SST (100 – 15 000 mg SST/L) e carentes em
azoto e fósforo (Vieira, 2009).
13
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Sazonalidade e Picos de Caudal
Os EV’s gerados durante um ciclo anual apresentam um caráter sazonal (concentrando-se
nos meses de Setembro a Dezembro) e grande variabilidade no tempo devido aos diferentes
processos de produção (que variam de adega para adega) e à variabilidade da matéria-prima.
Algumas operações, como a vindima, são realizadas durante um período muito particular,
consumindo elevados volumes de água e originando efluentes muito poluentes. Por outro lado
existem outras operações que se prolongam por alguns meses produzindo poucos efluentes,
podendo até existir alturas do ano em que a produção de efluentes é quase nula (Pirra, 2005).
Mesmo durante a época das vindimas o caudal de EV’s varia no tempo, ocorrendo picos de
caudal entre as 15 e as 19 horas, sendo reduzidas nos restantes períodos (Caetano e Berardino,
1998 e Berardino et al., 2001).
Constata-se, de um modo geral, que a maioria da carga poluente e do volume de EV’s (cerca
de 60%) é gerado nas 5 semanas posteriores ao início da vindima (0,8-1,4 L EV’s por litro de
vinho produzido), sendo 40% do total correspondente à vindima em si e o restante às trasfegas
(Rochard e Viaud, 2000; Pirra, 2005).
2.2.2 Impactes Ambientais dos EV’s
Para se avaliar os impactes ambientais resultantes da vinificação é essencial identificar os
resíduos sólidos e os efluentes produzidos ao longo de todo o sistema de fabricação do vinho.
Em seguida, na tabela 2.1, são exibidos os produtos poluentes resultantes em cada fase do
processo de vinificação.
Tabela 2.1 - Produtos poluentes das várias fases do processo de vinificação.
Receção das uvas:
Esmagamento/Desengace:
Decantação/Prensagem:
Estabilização/Clarificação:
Engarrafamento:
Efluente proveniente da lavagem de contentores,
caixas e tegões de receção.
Efluente proveniente da lavagem do chão da
adega, das máquinas e das perdas de uvas ou
mosto;
Resíduos sólidos como folhas e engaço.
Efluente proveniente da lavagem dos tanques, prélavagem dos tanques de estabilização, limpeza da
prensa e perdas de vinho durante a decantação;
Borras constituídas por resíduos de uvas,
leveduras, bactérias e substâncias desconhecidas.
Efluente proveniente da lavagem dos tanques, prélavagem dos tanques de armazenamento, limpeza
dos filtros, transporte das bombas, lavagem dos
armazéns e perdas de vinho durante a filtração;
Resíduos sólidos como terras de filtração.
Efluente proveniente da lavagem das cubas, das
máquinas de engarrafamento e dos armazéns.
14
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
É de salientar que, devido aos vários outputs identificados nas etapas do processo de
vinificação, o impacte ambiental resultante desta atividade é considerável, não estando
associado à produção dos vinhos em si mas sim à lavagem dos equipamentos envolvidos nessas
operações.
Se não forem alvo de um tratamento prévio estes efluentes vão provocar um excesso de
matéria orgânica na zona onde foram descarregados que irá posteriormente ser degradada pelos
microrganismos que por sua vez vão consumir oxigénio presente na água. Esse consumo
desmesurado vai fazer com que haja uma falta de oxigénio para a fauna em geral. De igual forma,
o azoto e o fósforo irão ser consumidos pelas algas microscópicas para se multiplicarem,
provocando um aumento de sólidos em suspensão na água, dificultando a entrada de luz solar
na água que por sua vez é necessária para as plantas aquáticas fotossintéticas renovarem o
oxigénio na água. Este processo, também conhecido como eutrofização, provoca o
empobrecimento do meio devido à falta de oxigénio, podendo conduzir à morte de algumas
plantas e peixes por asfixia, com libertação de substâncias tóxicas e odores desagradáveis
(Almeida, 2008).
Tal como dito anteriormente, a poluição dos EV’s está sujeito a picos de carga poluente que
coincidem com o final do Verão, quando os rios e ribeiros apresentam níveis de caudais baixos,
diminuindo assim o efeito de diluição do meio e aumentando o impacte provocado no ambiente
(Pirra, 2005).
2.3 Legislação Portuguesa
Em Portugal, tal como no resto dos países industrializados, houve uma crescente
preocupação com a preservação do meio ambiente, levando assim à regulamentação das
atividades industriais.
Assim, uma série de Leis e Diretivas assume um papel preponderante no que se refere à
proteção das águas, como a Diretiva Quadro da Água, o Decreto-Lei 74/90 de 7 de Março, o
Decreto-Lei 23/95 de 23 de Agosto e o Decreto-Lei 236/98 de 1 de Agosto.
A Diretiva Quadro da Água aborda a gestão dos recursos hídricos, tendo como base a
minimização dos consumos e a manutenção da qualidade das águas superficiais e subterrâneas
durante o seu uso (Vieira, 2009).
O Decreto-Lei 74/90 de 7 de Março compila a legislação existente até esse momento no
âmbito da qualidade da água, integrando as Diretivas comunitárias, de modo a que o tipo de
utilização da água obedeça a uma série de características mínimas (fixadas previamente),
definindo limites para os diferentes parâmetros de qualidade das mesmas. Uma dessas
características é o Valor Máximo Admissível – VMA, referente à concentração de substâncias
poluidoras ou indesejáveis presentes nas águas residuais aquando da sua descarga (Pirra,
2005).
15
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
O Decreto-Lei 23/95 de 23 de Agosto, referente às águas residuais das indústrias alimentares,
de fermentação e de destilaria, vem introduzir condicionantes específicas, sendo que o efluente
gerado por essas indústrias só pode ser admitido nos coletores públicos se não for necessário
um pré-tratamento (Pirra, 2005).
O Decreto-Lei 236/98 de 1 de Agosto veio substituir o Decreto-Lei 74/90 de 7 de Março,
introduzindo o conceito de Valor Limite de Emissão (VLE), outrora denominado VMA. O VLE
pode ser entendido como a concentração ou nível de um parâmetro que não deve ser
ultrapassado pela instalação durante um ou mais períodos de tempo por uma instalação na
descarga no meio hídrico e no solo (Vieira, 2009). Na tabela 2.2 apresentam-se os VLE
relativamente aos parâmetros pH, CQO,CBO5, SST, Fenóis, Fósforo Total e Azoto Total.
Tabela 2.2 - VLE de alguns parâmetros de descarga de águas residuais, de acordo com o Anexo XVIII do
Decreto-Lei 236/98 de 1 de Agosto.
Parâmetros
Unidade
VLE
pH
CQO
CBO5
SST
Fenóis
Fósforo Total
Escala de Sorensen
mg/L O2
mg/L O2
mg/L
mg/L C6H5OH
mg/L P
Azoto Total
mg/L NO3
6–9
150
40
60
0,5
10 (3 – afluentes a lagoas ou albufeiras; 0,5
– lagoas ou albufeiras)
15
Para que as águas residuais industriais e similares sejam admitidas nos sistemas públicos de
drenagem, devem satisfazer os valores máximos admissíveis definidos no Decreto-Lei nº 236/98,
de 1 de agosto ou outra legislação em vigor, assim como os valores máximos admissíveis
definidos no quadro seguinte (Tabela 2.3):
Tabela 2.3 - VLE máximos admissíveis para descarga de efluentes em coletor municipal para o concelho de
Armamar.
Parâmetros
pH
CQO
CBO5
SST
Azoto Amoniacal
Azoto Total
Unidade
Escala de Sorensen
mg O2/L
mg O2/L
mg/L
mg N/L
mg/L NO3
VLE
6–9
1000
500
1000
60
90
16
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
3. Sistemas de Tratamento de
Efluentes Vinícolas
O objetivo de um sistema de tratamento de águas residuais é remover as substâncias
poluentes da água residual, de forma a poder ser descarregada num meio recetor sem provocar
danos (Vieira, 2009).
Nestes sistemas de tratamento de águas residuais, os sólidos suspensos são removidos por
tratamento físico, como grades, tamisadores, desarenadores, flotadores e decantadores. Por
outro lado a remoção de substâncias dissolvidas têm que sofrer um tratamento químico e/ou
biológico (Najafpour, et al., 2005).
A remoção de fenóis e polifenóis presentes nas águas residuais provenientes da produção
vínica são removidos de forma eficaz através de processos biológicos (Benitez et al., 2000).
Em seguida irão ser abordados alguns tipos de tratamento para estes efluentes, Tabela 3.1,
Tabela 3.2 e Tabela 3.3.
Tabela 3.1 - Tipos de tratamento de efluentes (Adaptado de Guillaut et al., 2000; Pirra, 2005, Rochard et al., 2000
e Vieira 2009).
Pré-Tratamento
Gradagem/Tamisação
Armazenamento/Equalização/Neutralização
Retirar os resíduos sólidos de maiores
dimensões
que
podem
provocar
entupimentos nas tubagens e danificar o
equipamento mecânico; São classificados
tendo em conta o espaçamento da grade e o
tipo de limpeza; A remoção dos sólidos é
importante pois consegue-se diminuir o nível
de contaminação orgânica.
O armazenamento permite evitar o
sobredimensionamento
dos
reatores
biológicos, adiando o tratamento durante as
épocas de ponta de produção para épocas
de reduzida ou nula produção de efluentes;
É útil também para homogeneizar o efluente
e corrigir o pH; É promovida também a
homogeneização e o arejamento do efluente,
evitando assim a ocorrência de fermentação
anaeróbia que gera odores desagradáveis.
Dentro dos pré-tratamentos também se incluem os tratamentos de oxidação avançada como
por exemplo o Fenton Homogéneo e o Fenton Heterogéneo. Iremos fazer uma abordagem mais
profunda ao processo de Fenton Homogéneo no final deste capítulo pois será o processo que
irá ser utilizado como base para todo este estudo.
17
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Tabela 3.2 - Tratamento Primário (Adaptado de: Mano, 2005; Martín et al., 2002, citado por Benitez et al., 2000 e
Melamane et al., 2007; Metcalf & Eddy, 2003 e Vieira, 2009).
Tratamento Primário
Remover substâncias coloidais e partículas finas
em suspensão quando não são passíveis de
serem removidas por sedimentação; Os
coagulantes mais utilizados são os sais de ferro
e alumínio e dependem da eficiência da
desestabilização da natureza da suspensão, da
dose de coagulante utilizado, pH, temperatura,
etc.
Consiste em submeter o efluente vinícola a um
tratamento por ozono, fazendo variar outros
fatores como a temperatura, pH, radiação UV e a
presença de H2O2; Seguidamente é tratado
aerobiamente fazendo-se variar a quantidade de
substrato orgânico inicial; Finalmente é
submetido à oxidação por ozonização; Elimina a
maior parte da matéria orgânica biodegradável e
alguns compostos fenólicos.
Coagulação/Floculação
Ozonização
Tabela 3.3 - Tratamento Secundário (Adaptado de: Benitez et al., 2000; Canler et al., 1998a e 1998b; Charmot et
al., 1997; Coetzee et al., 2004; Daffonchio et al., 1998; Fumi et al., 1995; Metcalf & Eddy, 2003; Moletta et al.,
1992; Monteiro, 1996; Najafpour et al., 2005; Pirra, 2005; Rodrigues et al., 2006; Vieira, 2009; Wilderer et al.,
2001).
Tratamento Secundário
Lamas Ativadas
Composto por um reator dotado de um sistema
de arejamento que tem como função fornecer
oxigénio necessário e manter a biomassa em
suspensão, um decantador secundário para
remoção de lamas secundárias em excesso e um
sistema de recirculação de lamas secundárias
para garantir a concentração ideal de biomassa
no reator; Poderá dispor de um decantador
primário, no caso do efluente ter uma elevada
carga hidráulica, onde ocorre a formação de
lamas primárias; É uma solução económica por
não necessitar de agentes coagulantes nem
floculantes, corretores de pH, é uma operação
automatizada e ocupa uma área reduzida,
produzindo baixas quantidades de lamas e tendo
baixos custos de gestão; É sensível a
substâncias tóxicas e variações abruptas de
carga orgânica, é necessária constante
monitorização.
Reator Descontínuo Sequencial - SBR
Está incluído no tratamento por lamas ativadas e
alimentação descontínua; São alimentados
descontinuamente e são compostos apenas por
um reator de crescimento microbiano em
suspensão, onde ocorrem todas as fases da
18
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Reatores de Discos Biológicos - RBC
Filtro Anaeróbio
técnica de lamas ativadas; Em ETAR's de grande
dimensão recorre-se à utilização de vários
reatores em funcionamento paralelo e em
diferentes fases; É necessária uma extração
regular de lamas pois a sua produção vai
aumentando; A sua principal vantagem é o
controlo
de
crescimento
de
bactérias,
favorecendo a seleção e manutenção da
biomassa com boas características de
decantabilidade.
Utilizado na remoção de CBO em pré-tratamento
de águas residuais industriais; Consiste na
utilização de um biofilme que se desenvolve
sobre discos montados num eixo horizontal,
estando 40% dos discos submersos no efluente;
São sujeitos a um movimento rotativo que
proporcional ao biofilme um contato com o ar e
com a água residual permitindo a remoção de
carga orgânica e o crescimento do biofilme;
Consiste num reator cilíndrico alimentado pelo
topo, que contém no seu interior uma matriz de
suporte para biomassa, estando o reator ligado a
um coletor de biogás; A matriz tem que ter uma
grande porosidade e superfície específica para
potenciar o contato entre o substrato e a
biomassa;
Existem outros tipos de tratamentos aeróbios como por exemplo Reatores de Biofilme, Leito
de Macrófitas Emergentes, Lagunagem Arejada; e anaeróbios, como por exemplo o CSTR
(Reator de Contato), ASBR (Reator Descontínuo Sequencial Anaeróbio), Bacia de
Metanização/Lagunagem Anaeróbia, UASB (Leito de Lamas de Fluxo Ascendente), AFBBR
(Reator Anaeróbio de Leito Fluidizado) e AHF (Digestor Híbrido).
3.1 Reação de Fenton Homogéneo
A legislação está mais exigente no que concerne à toxicidade dos efluentes industriais para
descarga sobretudo devido à crescente contaminação do meio ambiente e à degradação dos
seus recursos naturais. Estes efluentes com altas concentrações em compostos orgânicos
tóxicos (bastante frequente nas industrias químicas) têm apresentado, invariavelmente, elevados
valores de TOC.
A oxidação química é um processo demonstrativo do grande potencial de tratamento de
efluentes contendo compostos tóxicos dificilmente biodegradáveis. Como tal, através de reações
químicas de oxidação, consegue-se degradar esses componentes, diminuindo assim a CQO e a
intensidade de cor dos efluentes.
19
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Os processos oxidativos avançados baseiam-se na formação de radicais hidroxilo (HO),
tendo estes um potencial de oxidação bastante elevado (E0= 2,3V), sendo capazes de reagir com
quase todas as classes de compostos orgânicos (Higarashi et al., 2000).
Um dos processos de oxidação avançada atualmente mais utilizados no tratamento de
efluentes é o Processo de Fenton Homogéneo, já utilizado no tratamento de efluentes
agroindustriais. Este processo caracteriza-se por ter uma velocidade de reação elevada,
podendo ser executado à temperatura ambiente, minimizando assim os custos operacionais
envolvidos neste tipo de tratamento (Martins e Quinta-Ferreira, 2007; Monem et al., 2009).
A maior vantagem deste processo está na simples manipulação dos reagentes utilizados,
nomeadamente NaOH, H2SO4, FeSO4 (Fe III) e H2O2, por serem reagentes não tóxicos, de fácil
armazenamento e transporte e por terem curtos tempos de reação.
O mecanismo geral do processo de Fenton pode ser descrito como a formação de radicais
hidroxilo que são produzidos em pH ácido, onde a presença de um catalisador, usualmente ferro,
juntamente na presença de um oxidante, nomeadamente peróxido de hidrogénio, promove uma
série de reações redox de acordo com a equação (1).
Fe2+ + H2O2 → Fe3+ + HO + HO-
(1)
Fe3+ + H2O2 → Fe — OOH2+ + H+
(2)
Fe — OOH2+ → HO2 + Fe2+
(3)
Fe3+ + HO2 → Fe2+ + H+ + O2
(4)
Nas equações (2)-(4), também denominado por Fenton-modificado, os iões férricos (Fe3+)
reagem com o H2O2, regenerando os iões ferrosos (Fe2+) que vão conduzir o processo de Fenton
(Dantas et al., 2005; Pérez et al., 2002; Ramirez et al., 2008).
Por outro lado o H2O2 pode reagir com os radicais hidroxilo, originando radicais hidroperóxido
(HO2) (equação (5)), atuando como um “scavenger”, ou seja, um produto de reação vai reagir
com um reagente, traduzindo-se num gasto maior de reagentes para o processo (o mesmo
acontece na equação (4) onde o Fe3+ reage com um produto (HO2)). Para além disso os radicais
hidroperóxido podem reagir também com os iões de ferro, segundo as equações (6) e (7):
HO + H2O2 → HO2• + H2O
(5)
Fe2+ + HO2• → Fe3+ + HO2-
(6)
Fe3+ + HO2• → Fe2+ + H+ + O2
(7)
Toda esta sequência de reações forma um esquema complexo do Processo de Fenton,
estando simplificada na equação (8):
20
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
2 Fe2+ + H2O2 + 2 H+ → 2 Fe3+ + 2 H2O
(8)
Para ocorrer a decomposição do H2O2 é necessário que o meio seja ácido (pH entre 3 e 6)
para que a produção de radicais hidroxilo seja a maior possível. De acordo com vários autores,
o valor de pH próximo de 3 é aquele que é mais consensual (Dantas et al., 2005).
Este processo pode ser utilizado como um pré-tratamento, diminuindo a toxicidade a
montante de um processo biológico convencional, quando este último não consegue tratar o
efluente devido ao elevado nível de carga orgânica e/ou baixa biodegradabilidade (Castro et al.,
2001).
3.1.1 Aplicações
O reagente de Fenton é aplicado no tratamento de águas residuais quando se quer produzir
os seguintes efeitos:
- Diminuição da toxicidade;
- Aumento de biodegradabilidade;
- Diminuição da CBO, CQO e TOC;
- Remoção de cor e de odor.
3.1.2 Limitações do tratamento de Fenton
Como já foi referenciado anteriormente, existem várias limitações intrínsecas à utilização do
reagente de Fenton como por exemplo a difícil oxidação de alguns compostos orgânicos. A
formação de outros compostos com potencial tóxico e que podem comprometer a aplicabilidade
do tratamento também é outra limitação deste processo. As lamas produzidas requerem
tratamento apropriado se se quiser fazer um aproveitamento das mesmas. Caso contrário serão
simplesmente colocadas em aterros.
21
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
3.2 Processo de coagulação
A coagulação é o processo onde partículas coloidais e sólidos suspensos muito finos,
presentes no efluente, são interligados para criar aglomerados que podem ser separados por
sedimentação, floculação, filtração, centrifugação ou outros meios de separação. Este processo
é alcançado adicionando diferentes tipos de químicos (coagulantes) ao efluente para promover
uma desestabilização dos coloides resultando numa aglomeração dos mesmos.
Um dos benefícios inerentes à coagulação é a adição de alguns coagulantes ao efluente que
não só provoca uma coagulação como também resulta na precipitação de alguns compostos
solúveis, como os fosfatos, que podem estar presentes no efluente.
Os efeitos no tratamento de efluentes são a aglomeração e eventual remoção de coloides
(principais responsáveis pela turbidez do efluente) e a precipitação de algumas espécies
químicas em solução.
22
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
4. Objetivos
O principal objetivo desta tese é descrever e avaliar um método de tratamento de efluentes,
realizado a uma escala piloto, numa quinta com produção vinícola, compreendendo as seguintes
etapas: Coagulação (adição de sulfato férrico ao efluente e a sua homogeneização); Oxidação e
Neutralização.
Assim será possível reduzir os picos de carga poluente dos efluentes produzidos durante a
época das vindimas para valores médios existentes fora desse período. Este estudo à escala
piloto vai ser vantajoso para o tratamento desses efluentes na medida em que vai permitir um
dimensionamento apropriado das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de
acordo com as necessidades existentes fora da época das vindimas, reduzindo assim os custos
operacionais e de investimento, como também vai possibilitar uma rápida atuação, de forma
simples, em ETAR’s existentes que apresentem deficiências ao nível da eficiência do tratamento
dos efluentes em questão.
Para tal é necessário fazer um estudo e analisar o processo de tratamento através da variação
de determinados fatores como a concentração de H2O2 e o pH e também através da variação do
tempo da reação após a adição de H2O2.
23
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
5. Metodologia
Fotografias do piloto industrial (Figuras AI.1 a AI.10) e das amostras de efluente (Figuras AII.1
a AII.3) são apresentadas respetivamente nos Anexos I e II.
Todo o processo é controlado no quadro de controlo, sendo feito de modo manual.
1. No quadro de controlo (Figura AI.1) ativa-se a bomba hidráulica 1 (BH1), bombeando
efluente vinícola real proveniente dos tanques de armazenamento (Figura AI.2) para o
tanque reator (Figuras AI.3 e AI.8), com a denominação (TR), até perfazer o volume
desejado.
2. Aquando do enchimento do TR é retirada uma amostra de efluente, denominada por
“Bruto” (Figura AII.1), desligando-se a BH1 e fecha-se o seu passador para evitar
possíveis fugas de efluente.
3. Seguidamente prossegue-se à adição de sulfato férrico a 35% até ao pH desejado (3,5)
contabilizando-se o tempo de dosagem. Esta adição é feita através de uma bomba
peristáltica, denominada bomba doseadora 4 (BD4) (Figuras AI.4 e AI.9). Neste
momento é também ativado o agitador do tanque reator (ATR) (Figura AI.3), a velocidade
constante, de modo a homogeneizar o efluente.
4. No final da adição de sulfato férrico, e estando o pH a 3,5 retira-se uma amostra do
efluente do TR, com a denominação “Coagulado”. Recorrendo a um medidor de pH e a
um agitador portáteis, vai-se adicionar hidróxido de sódio à amostra até o pH atingir o
valor de 10,5 de modo a cessar a reação que ocorre na mesma. Neste momento desligase também o ATR, por forma a promover a decantação das lamas formadas.
5. Após um tempo de espera de aproximadamente 30 minutos, recolhe-se uma nova
amostra do efluente no TR, identificando-se esta amostra como “Sobrenadante” (Figura
AII.2).
6. Seguidamente liga-se a bomba hidráulica 2 (BH2) para retirar 5% (em volume) de lamas
formadas. Esta bomba vai bombear as lamas para um tanque de lamas (TL) (Figuras
AI.6 e AI.7), que serão posteriormente enviadas para uma centrífuga para serem
desidratadas.
7. De seguida volta-se a ligar o ATR e liga-se a bomba doseadora 2 (BD2), bomba esta
que vai bombear o peróxido de hidrogénio para o TR. Nesta altura é também
contabilizado o tempo de dosagem, que será de acordo com a razão Fe:H2O2 estipulada
antecipadamente.
8. Após o tempo de dosagem estipulado desliga-se a BD2 e retira-se uma amostra à qual
terá o nome de “Oxidado 0 horas”. Em seguida adiciona-se novamente hidróxido de
sódio para parar a reação que ocorre na amostra retirada. Um exemplo da amostra após
tratamento é apresentado na Figura AII.3.
24
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
9. Após 1, 2 e 3 horas de reação serão sempre retiradas novas amostras, que serão
identificadas por “Oxidado 1 hora”, “Oxidado 2 horas” e “Oxidado 3 horas” (no final de
retirar cada amostra é feita a adição de hidróxido de sódio para terminar a reação que
decorre na mesma).
10. No final das 3 horas, liga-se a bomba doseadora 5 (BD5) para iniciar a adição de
Hidróxido de Sódio para aumentar o pH até 10,5 de forma a parar a reação que ocorre
no TR. O ATR é também ligado de modo a facilitar a homogeneização. Todo o efluente
tratado é, então, deixado a decantar no interior da TR.
11. Finalizado o processo de decantação, liga-se a BH2 para retirar as lamas para o TL.
Depois de retiradas, liga-se a bomba doseadora 3 (BD3) para bombear ácido sulfúrico
de modo a neutralizar o sobrenadante remanescente (pH entre 6,5 e 8,5). Atingido esse
pH, liga-se a bomba hidráulica 3 (BH3) para bombear o sobrenadante para o tanque
biológico (SBR) (Figura AI.5).
25
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Em seguida encontra-se o layout do piloto industrial:
Figura 5.1 - Diagrama do processo de oxidação avançada do efluente em estudo (Adaptado de: WineBioAOP)
26
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
6. Técnicas Analíticas
6.1 CQO - Carência Química em Oxigénio
A determinação deste parâmetro foi realizada através de Closed Reflux Colorimetric Standard
Method 5220D (Greenberg et al., 1985), que recorre à digestão de uma amostra em meio ácido
durante duas horas na presença de um oxidante forte, o dicromato de potássio (K2Cr2O7),e
sulfato de mercúrio como catalisador. No decorrer da reação, os compostos orgânicos são
oxidados e o dicromato de tom alaranjado (Cr2O7-) é reduzido a cromato (Cr3+) tendo uma cor
verde, sendo analisado através da colorimetria. A relação entre a absorvância do cromato e a
CQO é obtida pela calibração interna do aparelho, que é regularmente verificada com uma
solução standard de hidrogenoflalato de potássio.
Como digestor foi usado o termo reator HANNA HI 839800 COD REACTOR e o fotómetro HI
83224 para a análise de excesso de dicromato.
6.2 CBO 5 - Carência Bioquímica de Oxigénio
Este parâmetro foi determinado pela diferença da quantidade de oxigénio entre a fase de
preparação e após o período de incubação. Foi preparada uma solução mineralizada,
denominada “água de diluição” composta por cloreto de ferro, sulfato de magnésio e cloreto de
cálcio. A esta “água” foi introduzido ar de forma a oxigenar o máximo possível, por um período
de 24 horas. Seguidamente preparou-se o inóculo, com organismos oriundos de terra de jardim
segundo o procedimento descrito no Standard Methods (Greenberg et al., 1985). A cada balão
de Erlenmeyer de 300 ml (V) foi introduzido 0,3 ml de inóculo, a “água de diluição”, um
determinado volume de amostra (Vs), dependendo do seu valor de CQO, e mediu-se o oxigénio
dissolvido inicial (ODi) através de um medidor de OD HANNA HI 4421. De seguida perfez-se o
volume do balão de Erlenmeyer e fechou-se para não haver formação de bolhas de ar no interior,
sendo cada ensaio realizado em duplicado. Após o período de incubação mediu-se o oxigénio
dissolvido final (ODf) e através da diluição realizada determinou-se a CBO5 recorrendo à equação
(6.1). Esta metodologia foi também aplicada com um frasco sem amostra (B), de forma a saber
o valor de O2 consumido do inóculo por respiração endógena.
𝐶𝐵𝑂5 =
(𝑂𝐷𝑖 −𝑂𝐷𝑓 )−(𝑂𝐷𝑖 −𝑂𝐷𝑓 )𝐵
𝑉𝑠
𝑉
(6.1)
27
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
6.3 pH
O pH foi determinado através do método potenciómetro, usando um medidor de pH HANNA
HI 4532, previamente calibrado com uma solução tampão de pH 4,0 e 7,0.
6.4 Biodegradabilidade do Efluente
A biodegradabilidade de um efluente é importante para se definir, dimensionar ou controlar
os processos de tratamento, assim relacionando este parâmetro com a CBO e com a CQO
obtém-se a biodegradabilidade de um efluente pela razão da CBO com a CQO:
𝐶𝐵𝑂5
= 𝐵𝑖𝑜𝑑𝑒𝑔𝑟𝑎𝑑𝑎𝑙𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
𝐶𝑄𝑂
Quando a biodegradabilidade de um efluente tende para zero, significa que é difícil o seu
tratamento biológico, por outro lado se o valor tender para 1 é um efluente que pode ser tratado
biologicamente (Esplugas et al.,2004).
6.5 SST – Sólidos Suspensos Totais
Este parâmetro foi analisado através de Total Suspended Solids Dried at 103-105 oC Standard
Method 2540D (Greenberg et al., 1985). Os sólidos suspensos totais presentes na amostra foram
determinados pela filtração desta, usando filtros de 0,45 µm cujas impurezas foram retiradas
filtrando água destilada. Posteriormente os filtros foram colocados na estufa a 105 oC (para
evaporação), seguindo-se um processo de arrefecimento no exsicador. Após este processo, os
filtros foram pesados e procedeu-se à filtração de 40 ml de cada amostra. De seguida foram
sujeitos novamente à evaporação em estufa a uma temperatura de 105 oC e no exsicador para
arrefecerem sendo pesados a seguir. A determinação dos SST foi realizada da diferença entre o
peso final e inicial do filtro.
28
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
7. Resultados e Discussão
7.1 Caracterização do Efluente Bruto e das Amostras
O efluente bruto usado proveio da Quinta do Sol, situada na Região Demarcada do Douro,
resultante da combinação de efluentes de lavagem de cubas, cujas propriedades químicas e
físicas se apresentam na tabela 7.1.
Tabela 7.1 - Valor médio das propriedades físico-químicas do efluente bruto em estudo.
CQO mg O2/L
CBO5 mg O2/L
SST mg/L
CBO5/CQO
pH
2994 ± 209
917 ± 164
150 ± 6
0,31 ± 0,03
4,48 ± 0,05
O efluente em estudo apresenta uma carga orgânica elevada, com valores de CQO de 2994
mg O2/L e uma biodegradabilidade baixa (CBO5/CQO) = 0,31, sendo que um efluente é
considerado biodegradável quando a razão anterior é superior a 0,4 (Esplugas et al.,2004).
Relativamente aos SST verifica-se que o valor está muito acima do valor legislado, 60 mg/L
(Decreto-Lei 236/98 de 1 de Agosto).
Foram realizados três ensaios onde se recolheram e definiram amostras de efluente bruto
(Bruto) do sobrenadante (SBN) e do oxidado (Oxi) sendo a primeira referente ao efluente à
entrada do tanque reator, sem qualquer tipo de tratamento, a segunda alusiva à amostra do
efluente após adição de sulfato férrico e decantação e a terceira relativa à amostra do efluente
após adição de peróxido de hidrogénio e depois de 1 hora, 2 horas e 3 horas de reação. No
ensaio 1 a razão de Fe:H2O2 escolhida foi 1:1, no ensaio 2 foi escolhida a razão de 1:1,5 e para
o ensaio 3 a razão escolhida foi de 1:0,5 (em tempos de dosagem dos reagentes). Os resultados
obtidos apesentam-se na tabela 7.2.
29
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Tabela 7.2 - Valores obtidos dos parâmetros analisados para os diferentes ensaios.
SBN E1 pH 3,5
CQO
(mg O2/L)
2836
CBO5
(mg O2/L)
n.d.
SST
(mg/L)
80
Oxi E1 1H
732
n.d.
n.d.
n.d.
Oxi E1 2H
670
248
n.d.
0,37
Oxi E1 3H
n.d.
n.d.
n.d.
n.d.
SBN E2 pH 4
2473
n.d.
47,5
n.d.
SBN E2 pH 3,5
2345
n.d.
32,5
n.d.
Oxi E2 1H
731
n.d.
n.d.
n.d.
Oxi E2 2H
670
295
n.d.
0,44
Oxi E2 3H
666
340
n.d.
0,51
SBN E3 pH 3,5
1818
n.d.
27,5
n.d.
Oxi E3 1H
1109
n.d.
n.d.
n.d.
Oxi E3 2H
1149
n.d.
n.d.
n.d.
Oxi E3 3H
1182
686
n.d.
0,58
Amostra
Ensaio 1 (Fe:H2O2 = 1:1)
Ensaio 2 (Fe:H2O2 = 1:1,5)
Ensaio 3 (Fe:H2O2 = 1:0,5)
CBO5/CQO
n.d.
n.d. – não definido
7.2 Ensaios Preliminares
O efluente vinícola é caracterizado por um pico de caudal e concentração muito inferiores ao
longo do ano, quando comparados com o período de vindima. Este facto implica que as Estações
de Tratamento de Águas Residuais Industriais (ETARI) destinadas ao tratamento deste tipo de
efluentes sejam dimensionadas para o período de pico de vindima, ficando assim
sobredimensionadas para o resto do ano.
A técnica apresentada nesta tese, visa facilitar o dimensionamento de futuras ETARI´s e
permite nas já existentes, neste caso subdimensionadas, corrigir o problema da falta de eficácia
de tratamento dos efluentes a tratar.
Como tal, antes de se proceder ao arranque deste piloto, foram realizados vários ensaios em
laboratório, simulando o mesmo processo mas a uma escala mais pequena.
30
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
7.3 Influência das diferentes variáveis na coagulação e na reação de
Fenton
7.3.1 Influência do pH na coagulação
Um dos parâmetros que mais influencia a reação de Fenton é o pH. A eficiência do processo
de Fenton aumenta com a diminuição de pH mas esta diminuição também pode ter um efeito
negativo, pois vai inibir a reação entre o ferro e o peróxido de hidrogénio, se o pH diminuir para
valores inferiores a 3. Por outro lado, a subida de pH para valores próximos da neutralidade vai
decompor o H2O2 mais rapidamente, produzindo oxigénio sem formar radicais hidroxilo,
prejudicando desta forma o processo de degradação (Ramirez et al.,2006).
A Figura 7.1 é representativa da influência do pH na remoção de CQO e SST.
90
% Remoção de CQO e SST
80
70
60
50
40
30
20
10
0
SBN E2 pH 4
% Remoção CQO
SBN E2 pH 3,5
% Remoção SST
Figura 7.1 - Influência do pH na remoção de CQO e SST.
Como é sabido, o pH é um parâmetro fundamental quer na coagulação quer na oxidação.
Como se pode observar na Figura 7.1 o pH tem influência numa coagulação eficiente, uma vez
que existe uma subida da eficiência em cerca de 7% para pH diferentes. Sendo assim, pelos
resultados apresentados podemos constatar que à medida que se diminui o pH aumenta a
remoção de CQO e SST, com remoções de CQO de aproximadamente 11% para pH 4 e 17%
para pH 3,5.
Este facto verifica-se porque o pH é diretamente proporcional à quantidade de sulfato férrico
adicionado, pelo que existe maior teor de ferro para pH mais baixo.
Em relação aos SST, vemos que a eficiência a pH diferentes é alta (68% e 78%
aproximadamente) uma vez que o ferro é função da SST, ou seja, quanto mais ferro
adicionarmos, mais lamas se produzirão.
31
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
7.3.2 Influência do Ferro na coagulação
A formação de radicais hidroxilo não se verifica sem a presença de ferro, sendo este o
catalisador para a reação de Fenton com H2O2. Por outro lado, a presença de ferro promove uma
diminuição natural do pH para valores de pH considerados como ótimos no processo de Fenton
(entre 3 e 4), atuando também como um coagulante, i.e. criando lamas, que vão aumentar de
peso e que podem ser posteriormente sedimentáveis e facilmente decantáveis.
Na figura seguinte, Figura 7.2, apresenta-se a evolução da CQO (mg O2/L) ao longo dos
3500
40
3000
35
30
2500
25
2000
20
1500
15
1000
10
500
% Remoção de CQO
CQO (mg O2/L)
vários ensaios.
5
0
0
Bruto E1 SBN E1 Bruto E2 SBN E2
pH 4
CQO
SBN E2 Bruto E3 SBN E3
pH 3,5
% Remoção de CQO
Figura 7.2 - Evolução da CQO (mg O2/L) e percentagem removida para o estágio de coagulação inicial para os
diferentes efluentes.
Pela análise dos resultados obtidos na Figura 7.2, verifica-se que a percentagem de remoção
de CQO nos vários ensaios efetuados, aquando da adição de sulfato férrico, é baixa,
nomeadamente cerca de 11% para o ensaio 1, 11,5% e 16% para o ensaio 2 (a pH diferentes) e
33% para o ensaio 3. Em relação ao ensaio 3, a percentagem de CQO removida é superior
quando comparada com os restantes ensaios por causa da variabilidade do efluente. Isto
acontece devido à sedimentação dos sólidos existentes no tanque de armazenamento. Como o
passador encontra-se um pouco acima do fundo do tanque, ao retirar efluente para ensaio
também se está a retirar SST. E como os SST e a CQO estão relacionados entre si, ao remover
SST durante o tratamento também se está a remover CQO.
32
180
90
160
80
140
70
120
60
100
50
80
40
60
30
40
20
20
10
% Remoção SST
SST (mg/L)
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
0
0
Bruto E1
SBN E1
Bruto E2
SST (mg/L)
SBN E2
pH 4
SBN E2
pH 3,5
Bruto E3
SBN E3
% Remoção SST
Figura 7.3 - Valor de SST (mg/L) antes e depois da adição de ferro.
Em relação à Figura 7.3 e sabendo que a quantidade de ferro adicionada ao efluente é
inversamente proporcional ao pH constata-se que a eficiência na remoção de SST é mais baixa
para um pH de 4 (ensaio 2) quando comparado com a eficiência na remoção de SST para um
pH de 3,5 (do mesmo ensaio). Verifica-se, no ensaio 3, que houve uma melhor eficiência de
remoção de SST.
7.3.3 Influência do peróxido de hidrogénio na reação de Fenton
A análise do efeito do peróxido de hidrogénio foi feita variando a concentração deste durante
os diferentes ensaios e mantendo a quantidade de ferro (Fe:H2O2 = 1:0,5, 1:1 e 1:1,5). Nos
ensaios com razão de 1:1 e 1:1,5 verificou-se que após o período de reação ainda existia H 2O2
em excesso no meio, dificultando assim a sua eliminação.
33
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
90
% CQO Removida
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1,0
2,0
3,0
Tempo (Horas)
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Figura 7.4 - Percentagem máxima da CQO removida em função do tempo (horas) e da dosagem de H2O2 para os
três ensaios.
Na Figura 7.4, apresenta-se a percentagem máxima da CQO removida em função do tempo
e da dosagem de peróxido de hidrogénio. Verifica-se que tempo ideal da reação é de
aproximadamente 2 horas, o que demonstra uma percentagem elevada da CQO removida.
90
0,7
80
0,6
0,5
60
50
0,4
40
0,3
30
CBO5/CQO
% Remoção CQO
70
0,2
20
0,1
10
0
0
0,5
1,0
1,5
Dosagem de H2O2 (horas)
% Remoção CQO
CBO5/CQO
Figura 7.5 - Percentagem da CQO removida em função da dosagem de H2O2 e da biodegradabilidade para o
tempo de duas horas de reação.
Através Figura 7.5 constata-se que a dosagem ideal de peróxido de hidrogénio é de
aproximadamente 1:1 de ferro. Um aumento da concentração de peróxido de hidrogénio não vai
aumentar a eficiência do processo, uma vez que ocorre o efeito de scavenger – uma série de
reações competitivas com o processo de Fenton Homogéneo onde reagentes consomem
produtos das reações anteriores – diminuindo a eficiência do processo. Relativamente à
34
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
biodegradabilidade, deduz-se que para o ensaio 3 houve uma oxidação total, traduzindo-se num
valor de remoção de CQO baixo mas, por outro lado, num valor alto de biodegradabilidade. Para
o ensaio 1 a biodegradabilidade é baixa, fruto de uma menor extensão da oxidação parcial, pois
a diminuição da CQO é superior. De qualquer das formas o valor obtido encontra-se muito
próximo dos valores aceitáveis para poder ser tratado por um sistema biológico.
100
90
% CQO Removida
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
Tempo (horas)
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Figura 7.6 - Evolução da CQO (mg O2/L) ao longo do tempo de reação para os três ensaios.
Na Figura 7.6 é possivel verificar a eficiência deste processo no tratamento de efluentes com
elevada CQO, uma vez que decorridas duas horas de reação (após a adição de peróxido de
hidrogénio e para uma dosagem de 1:1 e 1:1,5) o valor da CQO desce para valores abaixo dos
valores limite de emissão legislados para descarga de efluentes em colector municipal. Desta
forma, pode-se usar este processo como um tratamento primário sendo de seguida o efluente
descarregado em coletor sem necessitar de passar por um tratamento biológico.
7.3.4 Biodegradabilidade
Para avaliar a biodegradabilidade deste processo optou-se a razão CBO5/CQO como
indicador, pois um aumento da CBO5 da água residual irá traduzir-se numa maior facilidade de
biodegradação (Bressan et al.,2004).
35
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
CQO (mg O2/L)
3500
1:1
1:1,5
1:0,5
0,7
3000
0,6
2500
0,5
2000
0,4
1500
0,3
1000
0,2
500
0,1
0
0
Bruto E1 Oxi E1 2H Bruto E2 Oxi E2 2H Oxi E2 3H Bruto E3 Oxi E3 3H
CQO
CBO5/CQO
Figura 7.7 - Resultados obtidos para a CQO e Biodegradabilidade dos ensaios realizados.
Pela análise da Figura 7.7, verifica-se uma descida acentuada do valor da CQO nos três
ensaios. Tal deve-se ao facto de os mesmos terem sido submetidos a um processo de otimização
(filtração) de modo a remover o excesso de ferro ainda existente na amostra, aquando da sua
neutralização. Deste modo é possível descarregar o efluente diretamente no coletor municipal
sem necessitar de tratamento biológico prévio. A razão CBO5/CQO que apresenta um valor
médio de 0,5, representativa da biodegradabilidade, indica-nos que após a aplicação do
processo de Fenton é possível alcançar uma eficiente depuração da água residual através de
um processo biológico.
36
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
8. Conclusão
O presente trabalho foi desenvolvido para contribuir para a avaliação do tratamento de um
efluente vinícola através da reação de Fenton a uma escala piloto, de forma a determinar as
melhores condições de operação do mesmo.
Pela análise dos resultados obtidos conclui-se que a razão ideal ferro:peróxido de hidrogénio
é de 1:1 pois é aquela que permite um tratamento mais eficiente. Obteve-se, neste caso uma
remoção da CQO na ordem dos 76% após 120 minutos de reação.
Fez-se variar as condições operatórias, nomeadamente a concentração de peróxido de
hidrogénio e de ferro no meio, que influenciam diretamente a eficiência do processo estudado.
Isto deve-se ao efeito de “scavenger” onde a presença em excesso de qualquer um destes dois
reagentes origina reações competitivas especialmente entre os radicais hidroxilo e as diferentes
espécies de ferro presentes no efluente. Estes radicais vão reagir também com o peróxido de
hidrogénio em excesso levando à formação de radicais hidroperóxido (menos reativos devido ao
seu baixo potencial de oxidação) provocando uma diminuição na taxa de remoção da CQO. Se
por um lado a eficiência da reação aumenta com a diminuição do pH, a um pH ótimo entre 3 e 4,
a pH mais elevados ocorre a decomposição do peróxido de hidrogénio impossibilitando a
formação de radicais hidroxilo e prejudicando o processo de degradação pretendido.
A realização deste trabalho permitiu concluir que a reação de Fenton Homogéneo com uma
razão de 1:1 revela-se ideal na degradação rápida de efluentes vinícolas, podendo ser
descarregados diretamente no coletor municipal sem necessitar de tratamento biológico.
Se, por outro lado, o objetivo final for tratar o efluente para posterior tratamento biológico,
então a dosagem ideal deixaria de ser 1:1 e passaria a ser 1:0,5, pois é aquela que apresenta o
maior valor de biodegradabilidade.
8.1 Sugestões de trabalho futuro
Com base nos resultados obtidos neste trabalho, sugere-se para trabalhos futuros:
Tratamento e espessamento de lamas decantadas;
Avaliação do tratamento biológico após o processo químico;
Avaliação de custos;
Otimização da concentração de peróxido de hidrogénio;
Adição de um novo catalisador (Fe2+) para melhorar a eficiência da remoção de lamas;
Utilização de um filtro de areias de forma a melhorar a depuração do efluente.
37
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
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40
Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Anexos
Anexo I – Fotografias do Piloto Industrial
Anexo I.1 - Quadro de Controlo.
Anexo I.2 - Tanques de armazenamento.
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Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Anexo I.3 - Tanque reator
Anexo I.4 - Bombas doseadoras.
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Anexo I.5 - Tanque SBR.
Anexo I.6 - Tanque de Lamas.
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Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Anexo I.7 - Agitador do tanque de lamas.
Anexo I.8 - Agitador do tanque reator.
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Anexo I.9 - Controlador de pH e bombas doseadoras.
Anexo I.10 - Piloto Industrial.
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Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Anexo II – Amostras do efluente bruto, sobrenadante (SBN) após adição de
sulfato férrico e oxidado (Oxi) após 3 horas de tratamento
Anexo II.1 - Efluente Bruto.
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Processo de Fenton Homogéneo para Tratamento de Efluentes Vinícolas – Piloto Industrial
Anexo II.2 - Sobrenadante.
Anexo II.3 - Oxidado após 3 horas de tratamento.
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