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"O ASSUNTO É MULHER": AS REPRESENTAÇÕES FEMININAS NA COLUNA DO JORNAL GAZETA DE PALMEIRA E AS POSSIBILIDADES DE USO NO ENSINO DE HISTÓRIA

2017, Congresso Internacional de História - UEM

Resumo O presente trabalho apresenta parte da pesquisa de mestrado que tem como tema central a imprensa e o ensino de História. A fonte da pesquisa é uma coluna intitulada "O assunto é Mulher", que fez parte do Jornal Gazeta de Palmeira entre os anos de 1976 a 1982, os jornais estão disponíveis na sede do mesmo periódico, que ainda é publicado atualmente. O objetivo é problematizar os papéis sociais femininos apresentados na coluna e analisar as representações de gênero expressas pelas autoras dos textos. A análise da coluna do Jornal é feita a partir da Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici. A fonte é um periódico semanal e local e a coluna foi escrita por duas mulheres ao longo da sua publicação, Ieda Matias e Myriam Freire de Freitas. O desenvolvimento da pesquisa, além da análise documental, prevê a elaboração de um material didático para o aluno da educação básica e para o professor de História, afim de apresentar a possibilidade de trabalho com a fonte histórica, a imprensa, nas aulas. A coluna "O assunto é Mulher" apresenta aos leitores temáticas variadas como: mulher e filhos, mulher e trabalho, mulher e beleza, mulher e casa, mulher e esposa, entre outros. Temáticas que permitem pensar o ensino de história geral, do Brasil e Local numa outra perspectiva, que inclui o debate de gênero. O material a ser produzido a partir da pesquisa fará uma reflexão sobre o papel da imprensa na criação de estereótipos, padrões de comportamento e beleza, além de papéis sociais de homens e mulheres. JCKO Visnieski; AR Ferreira. VIII CIH. 3157-3163

JCKO Visnieski; AR Ferreira. VIII CIH. 3157 - 3163 “O ASSUNTO É MULHER”: AS REPRESENTAÇÕES FEMININAS NA COLUNA DO JORNAL GAZETA DE PALMEIRA E AS POSSIBILIDADES DE USO NO ENSINO DE HISTÓRIA Doi: 10.4025/8cih.pphuem.3875 Juliana Cristine Kapp de Oliveira Visnieski, UEPG Angela Ribeiro Ferreira, UEPG Resumo Palavras Chave: Gênero; ensino de história; imprensa. O presente trabalho apresenta parte da pesquisa de mestrado que tem como tema central a imprensa e o ensino de História. A fonte da pesquisa é uma coluna intitulada “O assunto é Mulher”, que fez parte do Jornal Gazeta de Palmeira entre os anos de 1976 a 1982, os jornais estão disponíveis na sede do mesmo periódico, que ainda é publicado atualmente. O objetivo é problematizar os papéis sociais femininos apresentados na coluna e analisar as representações de gênero expressas pelas autoras dos textos. A análise da coluna do Jornal é feita a partir da Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici. A fonte é um periódico semanal e local e a coluna foi escrita por duas mulheres ao longo da sua publicação, Ieda Matias e Myriam Freire de Freitas. O desenvolvimento da pesquisa, além da análise documental, prevê a elaboração de um material didático para o aluno da educação básica e para o professor de História, afim de apresentar a possibilidade de trabalho com a fonte histórica, a imprensa, nas aulas. A coluna “O assunto é Mulher” apresenta aos leitores temáticas variadas como: mulher e filhos, mulher e trabalho, mulher e beleza, mulher e casa, mulher e esposa, entre outros. Temáticas que permitem pensar o ensino de história geral, do Brasil e Local numa outra perspectiva, que inclui o debate de gênero. O material a ser produzido a partir da pesquisa fará uma reflexão sobre o papel da imprensa na criação de estereótipos, padrões de comportamento e beleza, além de papéis sociais de homens e mulheres. JCKO Visnieski; AR Ferreira. VIII CIH. 3157 - 3163 tratar de um documento que representaria os interesses dos grupos que os manipulam, o jornal estaria excluído do rol de documentos oficiais. Introdução Este trabalho é a apresentação de parte da pesquisa de mestrado realizada no ProfHistória sobre gênero, imprensa e ensino de história. O objetivo do trabalho é o de problematizar papéis sociais femininos apresentados na coluna e analisar as representações de gênero expressas pelas autoras dos textos, para assim poder confeccionar, ao final da pesquisa, um material paradidático, voltado para professores e alunos da Educação Básica, trazendo as discussões acerca de temática gênero ao contexto escolar, além de demonstrar aos alunos como a imprensa pode ser utilizada como fonte histórica. Já no século XX, com os historiadores ligados aos Annales, esta perspectiva passou por algumas alterações. A necessidade de se entender o cotidiano das pessoas, a partir da perspectiva do passado, fez com que estes historiadores passassem a buscar novas abordagens, identificassem novos problemas, e assim, consequentemente novas fontes para responder a estes novos questionamentos. O jornal passou a ser uma opção de fonte, mas ainda assim, deveria ser utilizado com cautela. A partir da década de 1970, com a Terceira Geração dos Annales, em especial com Jacques Le Goff e Pierre Nora, o jornal se tornou um grande meio de pesquisa, seja como fonte para se extrair informações do cotidiano de determinadas épocas, cotidiano este não só dos grandes nomes, mas de novos sujeitos históricos; e também como objeto, para se entender sua importância, seu alcance. As análises serão a partir da coluna “O Assunto é Mulher” do Jornal Gazeta de Palmeira, da cidade de Palmeira no Paraná, que teve seu início em maio de 1976 e circula até os dias atuais. O Jornal foi fundado por Ieda Matias, editora chefe e esposa de um militar da cidade, e tinha como objetivo trazer informações diversas para a população palmeirense, que no período contava apenas com as informações oriundas de uma emissora de rádio local. Nesta perspectiva, o passado passa a ser visto sob a ótica do tempo presente, e o cotidiano da sociedade um mar de possibilidades. Por se tratar de uma publicação que está presente neste contexto, a imprensa passa a ser encarada como algo vivo e cheio de informações, prontas para serem desbravadas. Capelato (1988, p. 21) ainda ressalta que no jornal “encontramos dados sobre a sociedade, seus usos e costumes, informes sobre questões econômicas e políticas”. O texto foi organizado da seguinte forma, na primeira parte apresentamos uma breve reflexão sobre a imprensa como fonte e objeto na pesquisa histórica. Na segunda parte a articulação possível entre a imprensa como fonte no ensino de história. Por último, as possibilidades de uso da coluna para o debate de gênero no ensino de história. Imprensa: fonte pesquisa histórica e objeto da No campo da Imprensa como objeto de pesquisa, Zicman (1985) destaca que ainda existe um longo caminho a ser percorrido, pois ainda existem problemas em conseguir material para análise, devido a quantidade limitada de dados e falta de fontes estatísticas. Situação esta que só passou a ser um pouco desmistificada a partir da década de 1970, com o surgimento de trabalhos que levavam os A imprensa escrita, o jornal, nem sempre foi utilizada pelos historiadores como fonte histórica. Os historiadores do século XIX acreditavam que a História era a disciplina que traria voz a verdade histórica, assim para ser usado como fonte o documento deveria ser oficial. Por se 3158 JCKO Visnieski; AR Ferreira. VIII CIH. 3157 - 3163 periódicos como objeto de pesquisa, como é o caso da tese de doutoramento de Arnaldo Contier em 1973 e as dissertações de Maria Helena Capelato e Maria Ligia Prado em 1974. (DE LUCA, 2005). problema de pesquisa a ser respondido, para que o pesquisador não se perca em meio a todas as informações presentes nas páginas do jornal. Estas informações são pertinentes, principalmente no que se refere ao entendimento do público ao qual o periódico foi produzido, e assim entender quais as intenções que o mesmo tinha e quais informações eram pertinentes para este público. Segundo a Teoria da Agenda, de Maxwell McCombs e Donald Shaw, os meios de comunicação, principalmente os de massa, tem o poder de influenciar a opinião pública, no que diz respeito aos temas considerados relevantes. Assim, caberia ao jornal, muitas vezes, entreter o público e tirar o foco de outros temas. Presente no dia a dia da sociedade, a imprensa permite acompanhar a história humana, através do tempo e do espaço, e apesar de um período em que o jornal fora visto com ressalvas, hoje ele é um grande aliado dos historiadores que buscam o entendimento do cotidiano, da visão pública sobre determinados fatos, entre tantas outras abordagens. Quando se trata da História do Brasil, o jornal sempre esteve presente, sendo muitas vezes decisivo em processos de nossa história. Imprensa, gênero e ensino de História A nação brasileira nasce e cresce com a imprensa. Uma explica a outra. Amadurecem juntas. Os primeiros periódicos iriam assistir à transformação da colônia em Império e participar intensamente do processo. A imprensa é a um só tempo, objeto e sujeito da história brasileira. (MARTINS E DE LUCA, 2008, p. 8) Ao juntarmos a Imprensa com o Ensino de História, o terreno se torna profícuo, pois é possível trazer para o cotidiano escolar o trabalho do historiador, já que para a construção do saber científico, o uso de fontes históricas em sala de aula, se torna indispensável, uma vez que assim, os alunos possam analisar e compreender as construções sociais através da História, como as histórias foram construídas. E também, entender o porquê de determinados padrões de comportamento da sociedade. A quantidade de informações que podem ser extraídas das fontes, justifica seu uso para o enriquecimento da prática pedagógica, contribuindo para um melhor aprendizado dos alunos, que poderão contextualizar o conteúdo com a prática. (VALLE; ARRIADA & CLARO, 2010). Como objeto de pesquisa, o trabalho de Nelson Werneck Sodré, “História da Imprensa no Brasil”, publicado pela primeira vez em 1966, teve um grande destaque ao trazer informações sobre a imprensa brasileira de 1808 até os anos de 1960. Até hoje esta obra é referência para quem se aventura nos caminhos desta temática. Para aqueles que resolverem desbravar as páginas dos periódicos para realização de suas pesquisas, Capelato (1988) orienta que é necessário, antes do começo dos trabalhos, contextualizar o jornal analisado. Deve-se levar em conta: ‘quem produziu o jornal”, “para que”, “quais seus objetivos”, “como e quando foi produzido”, “qual seu público alvo”, entre outras questões, afim de entender o posicionamento da fonte. Outra dica importante estaria na delimitação nítida do Cerri & Ferreira (2010) discorrem também sobre a importância da fonte, ao pensarmos em uma História que dá condições para que o aluno tenha um pensamento crítico, quer perceba, através do documento, que o conhecimento histórico não está pronto e acabado, mas que pode participar desta construção. Essa 3159 JCKO Visnieski; AR Ferreira. VIII CIH. 3157 - 3163 reflexão é válida para o uso da fonte histórica de maneira geral, inclusive para o jornal. presentes no dia a dia da sociedade, trazendo diversos conceitos e ideologias das mais diversas. Andrade (2013, p. 110) ressalta que existe “pedagogia em qualquer espaço em que se efetua educação, em que se ensina aos indivíduos modos de proceder, de viver, de fazer, de comprar, de comer, de vestir, de falar […]”. Assim, a imprensa estaria diretamente ligada a esta visão de educação ao trazer normas de conduta e comportamentos esperados para o seu público, moldando o mesmo de acordo com seus interesses. O texto jornalístico traz várias vantagens, conforme a escolha feita e a utilização desenvolvida pelo professor: pode ser capaz de dar visibilidade ao cotidiano, ao registro contemporâneo do evento estudado, ao tipo de atenção ou análise que tal evento despertou em sua época. Permite acompanhar dados ausentes na “grande história”, como o acompanhamento do cotidiano, a parcialidade e a velocidade das mudanças, o desenrolar das polêmicas e seu esquecimento. Por ser uma fonte relativamente acessível, o jornal pode aproximar a história ensinada da história local, ajudando a relativizar a ideia de processos históricos amplos (nacionais) submetidos a apenas uma lógica. Permite algum acesso à opinião pública, pois, apesar das seleções operadas pela linha editorial do jornal, o sucesso de vendas está ligado a atender os interesses de informações da população – seja a polêmica, os crimes ou as mudanças políticas e econômicas. (op. cit., p. 53) Trazer esta discussão para a sala de aula, aproxima os alunos de sua realidade e faz, também, com que estes passem a ter um olhar mais crítico ao mundo em que estão inseridos. A coluna “O assunto é mulher” para o debate de gênero no ensino de história A coluna “O Assunto é Mulher” acompanhou os seis primeiros anos do Jornal Gazeta de Palmeira, da cidade de Palmeira no Paraná. Sua primeira publicação foi na segunda edição, de 04 a 15 de maio de 1976, findando na edição número 305, de 29 de abril a 05 de maio de 1982. Durante seu período de vigência, a coluna teve a autoria da primeira editora chefe do Jornal, Ieda Matias, porém sem assinatura e, a partir da edição número 100, quem passou a assinar foi Myriam Freire de Freitas. Ao analisar fontes jornalísticas é possível abrir um leque de possibilidades, com informações e abordagens variadas, enriquecendo o trabalho em sala de aula e trazendo a prática histórica para os alunos, a imprensa possibilita “ultrapassar os limites da pesquisa em História que privilegiam questões em detrimentos de outras, ampliando assim os horizontes do conceito de fonte”. (ZANLORENZI, 2010, p. 65) Na chamada inicial a Coluna se propunha a trazer assuntos e curiosidades destinados a homens e mulheres, focalizando moda, culinária e etiqueta, trazendo temas variados para casa, marido e filhos. Ao mudar de autoria, na chamada com o título “Às senhoras e senhoritas de Palmeira” da edição número 100, a autora procurou criar uma ‘colmeia’ entre as leitoras e a coluna, abrindo espaço para que as primeiras pudessem participar com sugestões através de cartas enviadas ao Jornal. A coluna assim traria assuntos variados, mas tinha como foco as Desta forma, o Ensino de História se tornaria acessível e prazeroso, enriquecendo o aprendizado dos alunos, que passariam a entender os processos de construção do conhecimento histórico. Outro fator relevante, no que diz respeito a Imprensa, é na questão das Pedagogias Culturais. Estas estão 3160 JCKO Visnieski; AR Ferreira. VIII CIH. 3157 - 3163 “perfeitas donas de casa e senhoritas que são espelho de mães tão prendadas”. (Ed. nº 100, 1978) subordinada a esta História excludente, invisível do processo de construção do passado, silenciada. Ao analisar algumas edições, foi possível iniciar um processo de catalogação destas colunas, separando-as em categorias, que ficaram organizadas da seguinte forma: Relações e tarefas entre homens e mulheres, mulher e artesanato, mulher e beleza, mulher e casa, mulher e casamento, mulher e culinária, mulher e etiqueta, mulher e filhos, mulher e literatura, mulher e moda, mulher e saúde e mulher e trabalho, além de dicas diversas e receitas culinárias. Em referência ao conteúdo destas edições, observou-se que o público ao qual a coluna se dirigia seria o de mulheres casadas de classe média alta e classe alta. Para justificar esta hierarquia social, inúmeras teorias foram adotadas, teorias que colocam o sexo biológico como determinante do gênero, utilizadas para definir os papéis ideais para homens e mulheres, e colocando, assim, o homem como progenitor da sociedade. Porém, quando analisamos as relações cultuais presentes ao nosso redor, que englobam as lutas por direitos e que produzem diversos sentidos para masculinidades e feminilidades, é nítido o quão falho esta teoria se torna (MEYER, 2013). É neste sentido que entra o papel da escola e da educação. Côrte-Real (2011) indica que a educação é a atividade que “procura o desenvolvimento de todas as capacidades do indivíduo, assim como sua inclusão na cultura atual, e que se deverá estender ao longo de toda a vida da pessoa” (p. 21). Assim se pensarmos na questão de gênero, verificamos que a educação deve ter o papel de incluir os diversos sujeitos para que estes possam se educar e se desenvolver em plenitude. Por mais que o foco da pesquisa fosse a coluna, observou-se nas demais páginas do jornal, que outros assuntos relacionados a mulher também foram abordados, sendo estes uma mescla tanto para mulheres da classe média e alta, como também mulheres de classe social baixa. A utilização destas colunas em sala de aula, tem o objetivo de levar aos alunos a discussão sobre gênero, analisando os papéis sociais atribuídos a homens e mulheres, e também de que forma a imprensa participa na construção e manutenção destes papéis, pois conforme ressalta Colling (2015) falar sobre as relações gênero no ensino de história é algo totalmente importante, com a finalidade de modificar a cultura vigente no que diz respeito aos papéis sociais de ambos os sexos, e a escola, por ser o local no qual as desigualdades de gênero são criadas ou reafirmadas e terreno profícuo para iniciar o processo de mudança. Vivemos em um mundo heterogêneo, com uma ampla diversidade de sujeitos, de costumes, de culturas, entre outros. Desta forma, a escola deve fazer parte desta interface, trazendo para seu cotidiano estes diversos sujeitos e respeitando estas diversidades. Problematizar sobre a história das mulheres, as lutas, as conquistas, enfim, a participação das mesmas na formação desta realidade é essencial, pois isto se torna imprescindível para a superação da violência através de discursos preconceituosos e homofóbicos. A reflexão de gênero deve fazer parte do cotidiano escolar, do cotidiano de todas as áreas de ensino, e não somente em datas marcadas em calendário, que servem apenas para tirar o peso das costas de nossos representantes, afirmando que estas são trabalhadas no cotidiano escolar e que não ficam de fora do currículo, não Considerações finais A História sempre foi marcada pela presença de grupos dominantes, normalmente homens da classe média e alta, brancos e heterossexuais. Neste panorama a Mulher ficou a margem, 3161 JCKO Visnieski; AR Ferreira. VIII CIH. 3157 - 3163 são menosprezadas e esquecidas (MEYER, 2103 e LOURO, 2013). refere a representação, para que seja possível uma análise e uma discussão sobre as mesmas, pois É neste sentido que este trabalho se propõe, através da análise da fonte jornalística, fazer uma análise de gênero e problematizar com os alunos qual o papel destinado as mulheres na sociedade, identificando as diferenças no tratamento de homens e mulheres, presentes até os dias atuais, refletindo como estas foram construídas, qual o processo histórico na qual as mesmas foram afirmadas, e assim, entender e reconhecer estas não como algo natural, e sim como algo que foi se transformando e solidificando em nossa sociedade. ZARBATO (2015) afirma que para isto é necessário historicizar gênero, apresentando para os alunos os significados, as contradições, o processo de construção destes significados e a interligação dos conceitos homem e mulher. […] representações são prescritivas, isto é, ela se impõe sobre nós com uma força irreversível. Essa força é uma combinação de uma estrutura que está presente antes mesmo que nós comecemos a pensar e de uma tradição que decreta o que deve ser pensado. (MOSCOVICI, 2007, p. 36) Ou seja, devemos buscar juntos aos nossos alunos o real respeito a diversidade, a valorização do papel feminino na história, entendendo que a formação do mundo não se deu apenas pelo masculino, e sim, através da relação do feminino e do masculino, sempre interagindo entre si. Referências É imprescindível uma discussão sobre o natural e o construído como um mecanismo que possibilite uma reflexão sobre as fronteiras estabelecidas, geralmente por relações arbitrárias de poder dos homens e das mulheres. (SALVA, RAMOS e OLIVEIRA, 2014, p.229) ANDRADE, Sandra dos Santos. Mídia impressa e educação de corpos femininos. In: LOURO, G. L.; FELIPE, J.; GOELLNER, S. V. Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo. 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Na utilização da Imprensa para os estudos de Gênero, é possível identificar que a história das mesmas está estritamente ligada, seja pela representação feita das mulheres no decorrer da História, como também na questão das publicações realizadas pelos movimentos feministas, assim a união destas duas temáticas faz uma complementação essencial no que se DE LUCA, Tania Regina. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, C. B. (Org.). Fontes Históricas. São Paulo; Contexto, 2005. p. 111-153. LOURO, Guacira Lopes. Currículo, gênero e sexualidade: O “normal”, o “diferente” e o “excêntrico”. In: LOURO, G. L.; FELIPE, J.; GOELLNER, S. V. Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo. 3162 JCKO Visnieski; AR Ferreira. VIII CIH. 3157 - 3163 Petrópolis: Vozes, 2013. jan-jun, 2014.p.217-240. MACHADO, Liliane Maria Macedo; STRONGEN, Fernando Figueiredo. O Agendamento da Greve nas páginas de A Plebe (1917). Rev. Comum. 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