Departamento de Economia Politica
Escola de Ciências Sociais e Humanas
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Hugo Manuel Pinto Faria
Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Políticas de Desenvolvimento de Recursos Humanos
Orientador:
Doutor Nelson Ramalho, Professor Auxiliar
ISCTE- IUL Instituto Universitário de Lisboa
Setembro, 2014
Agradecimentos
Em primeiro quero expressar o meu agradecimento e gratidão ao Professor Nelson Ramalho pela
dedicação e generosidade da sua orientação nesta dissertação. Para além da sua dimensão
académica, para mim foi muito importante a sua dimensão humana, pois soube acreditar, ajudarme e deu toda a força para concretizar este trabalho.
Em segundo, uma palavra de agradecimento à Galp Energia e, em particular, ao Dr. Vasco
Ferreira, que sempre mostrou abertura em disponibilizar os meios para a realização desta
dissertação.
Por fim, mas não menos importante, agradeço à minha família que sempre me apoiou e motivou
a continuar. Especialmente os meus pais que no momento mais difícil, tudo fizeram para que
seguisse na conclusão deste objetivo.
Dedico este trabalho aos meus filhos, André e Rafael, por serem a minha inspiração diária.
ii
Resumo
A diversidade geracional é um assunto relevante no âmbito da formulação de políticas de
gestão de recursos humanos, pois às características de cada grupo geracional correspondem
modos de acção próprios no contexto laboral. Considerando essas diferenças, como podem as
organizações desenvolver políticas e práticas mais adequadas para adaptar melhor os seus
recursos humanos? Será plausível ter a mesma abordagem para estes grupos?
Neste quadro, a gestão do talento dentro das organizações torna-se mais complexa e
arrisca-se a não ser bem orientada, caso não se conheça esta realidade, nem se pondere formas de
atuação diferenciadas e ajustadas a cada coorte.
O presente estudo, conduzido empiricamente numa empresa portuguesa de grande
dimensão, propõe-se compreender, nesta realidade específica, quais as diferenças geracionais e
que tipo de atuações de GRH são mais adequadas, através da tipificação geracional da sua
população e do conhecimento da sua opinião face a algumas questões relevantes, nomeadamente
no que concerne à melhor forma de atrair, reter e desenvolver os colaboradores.
Os resultados mostram que existem diferenças geracionais a ter em conta, num contexto
de gestão estratégica de Recursos Humanos, na medida em que as necessidades e ambições
expressas pelos colaboradores necessitam de abordagens diferenciadas, nomeadamente ao nível
do desenvolvimento de competências e do estilo de liderança. Porém, também se verifica que
essas diferenças geracionais, na realidade em estudo, não se verificaram tão pronunciadas como
nos estudos anglo-saxónicos que são identificados na revisão de literatura.
Palavras-Chave: Diversidade geracional, práticas de recursos humanos, políticas de recursos
humanos
JEL Code: J62 Job, Occupational, and Intergenerational Mobility; J82 Labor Force
Composition; M54 Labor Management; O15 Human Resources; Human Development; Income
Distribution; Migration
iii
Abstract
Generational diversity is a critical issue within the elaboration of HRM policies, as each
generational group has specific modes of action within organizational contexts. Taking into
consideration these generational differences, one may ask how organizations can develop
suitable policies and practices to these groups? Is it plausible to have the same approach to these
groups?
Within this setting, organizational talent management becomes increasingly complex and
risks failure, in case this reality is not taken into consideration or in case a decision maker fails to
conceive differentiated practices, more adjusted to each cohort.
This study, empirically conducted in a large Portuguese company, is set to understand,
within the boundaries of this reality, which generational differences and which type of HRM
activities are more suitable to the cohorts, by means of typifying the generational groups in the
organization and collect their opinion as regards some critical issues, namely concerning the best
way to attract, retain, and develop employees.
The results show that there are generational differences to take into account, in the
context of strategic human resources management, as the needs and ambitions expressed by
employees require different approaches, especially in terms of competencies development and
leadership. However, it also appears that these generational differences, within the reality under
study, are not as pronounced as in Anglo-Saxon studies that are identified in the literature
review.
Keywords: Generational diversity, HRM practices, HRM policies
JEL code: J62 Job, Occupational, and Intergenerational Mobility; J82 Labor Force
Composition; M54 Labor Management; O15 Human Resources; Human Development; Income
Distribution; Migration
iv
v
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................................... ii
RESUMO ........................................................................................................................................ iii
Abstract .......................................................................................................................................... iv
Índice Geral .................................................................................................................................... vi
Índice de Quadros ......................................................................................................................... vii
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................9
CAPITULO I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO .......................................................................13
1
Enquadramento Teórico .....................................................................................................13
1.1
Diversidade Geracional ......................................................................................................13
1.2
Coortes Geracionais ..........................................................................................................17
1.2.1 Baby Boomers ....................................................................................................................22
1.2.2 Geração X...........................................................................................................................24
1.2.3 Geração Y...........................................................................................................................28
1.3
Coortes Nacionais ..............................................................................................................31
1.4
As Fases na Gestão de Recursos Humanos ........................................................................33
CAPITULO II - METODOLOGIA ...............................................................................................37
2.1
A organização e o seu contexto..........................................................................................38
2.2
A amostra ...........................................................................................................................40
2.3
Desenho da investigação ....................................................................................................41
2.4
Estratégia de análise de dados ............................................................................................41
2.5
Instrumentos de investigação .............................................................................................42
CAPITULO III – RESULTADOS .................................................................................................47
CAPITULO IV – DISCUSSÃO DE RESULTADOS ...................................................................61
CAPITULO V - CONCLUSÕES ..................................................................................................67
BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................................................71
vi
Índice de Quadros
Quadro 1.1 – Designações geracionais e respectivas datas em diferentes fontes (Reeves e Oh, 2008) ....................... 14
Quadro 1.2 – As diferenças geracionais de Lancaster e Stillman ................................................................................ 19
Quadro 2.1 – Designações geracionais e intervalo de datas ....................................................................................... 37
Quadro 2.2 – KMO e teste de esfericidade de Bartlett (feedback da chefia) .............................................................. 43
Quadro 2.3 – Análise ACP total das variâncias explicadas (feedback da chefia) ....................................................... 43
Quadro 2.4 – Análise da matriz de componentes (feedback da chefia) ...................................................................... 43
Quadro 3.1 – Análise ao perfil de valores da amostra (escalas ligadas ao item de Carreira e de Reconhecimento) .. 47
Quadro 3.2 – Análise ao perfil de valores da amostra (Baby Boomers) ...................................................................... 48
Quadro 3.3 – Análise ao perfil de valores da amostra (Geração X) ........................................................................... 49
Quadro 3.4 – Análise ao perfil de valores da amostra (Geração Y) ............................................................................ 49
Quadro 3.5 – Análise das descritivas (Desenvolvimento de competências) ............................................................... 50
Quadro 3.6 – Análise das descritivas (Mais importante no recrutamento) ................................................................. 50
Quadro 3.7 – Análise das descritivas (Mais valorizado nas ações de formação) ........................................................ 51
Quadro 3.8 – Análise das descritivas (Preferências pelo tipo de formação) ............................................................... 51
Quadro 3.9 – Análise das descritivas (Ambição Profissional) .................................................................................... 51
Quadro 3.10 – Análise das descritivas (Tempo dedicado à vida profissional: horas médias num dia) ....................... 52
Quadro 3.11 – Análise das descritivas (O mais valorizado na chefia) ........................................................................ 52
Quadro 3.12 – Análise das descritivas (Forma de feedback da chefia) ...................................................................... 53
Quadro 3.13 – Análise das descritivas (Relações profissionais e pessoais) ................................................................ 53
Quadro 3.14 – Análise das descritivas (Uma vida bem-sucedida)............................................................................... 53
Quadro 3.15 – Análise das descritivas (Preferência de distribuição da remuneração fixa e variável) ........................ 54
Quadro 3.16 – Estatística descritiva (Preferência de distribuição da remuneração fixa e variável) ........................... 54
Quadro 3.17 – Anova (Para mim, uma vida bem sucedida é…) ................................................................................. 55
Quadro 3.18 – Análise das variáveis (Para mim, uma vida bem sucedida é…) ......................................................... 55
Quadro 3.19 – Anova (Tempo dedicado à vida profissional) ..................................................................................... 56
Quadro 3.20 – Análise estatística (Tempo dedicado à vida profissional) .................................................................... 56
Quadro 3.21 – Anova (Mantenho melhores relações profissionais) ............................................................................ 57
Quadro 3.22 – Análise estatística (Mantenho melhores relações profissionais) .......................................................... 58
vii
viii
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
INTRODUÇÃO
O mundo mudou muito e rapidamente, no espaço temporal de uma geração. Desde as
evoluções tecnológicas, o surgimento da internet, das redes sociais, as novas formas de
comunicação exploradas pelos mass media, passando pelos acontecimentos políticos e sociais
que alteraram toda a forma como o mundo está organizado e se relaciona entre si,
provocaram mudanças profundas em toda a sociedade mundial.
Ao nível social deixou de estar concentrado numa dialética política entre dois blocos
que professavam claramente duas ideologias, com formas distintas para a organização da
sociedade. Indiferentemente a possíveis juízos de valor, o facto relevante para o caso é que a
consequência direta desta situação foi a predominância de uma economia mais aberta à
iniciativa privada, com uma dinâmica mundial orientada para uma sociedade de consumo.
Concomitantemente tornou-se mais global, mais alinhado com uma ideia de desenvolvimento
económico, baseado nas leis da oferta e da procura, com a globalização dos mercados, com
fusões, aquisições e alianças. O mercado de trabalho acabou por refletir essas próprias
mudanças, acompanhado por uma mudança demográfica.
Inclusive a forma de organização da sociedade ocidental mudou, com valores mais
focados na realização pessoal, conceitos diferentes de família, um papel mais preponderante
da mulher no mundo do trabalho, um maior número de emigrantes, o desenvolvimento de
interesses diversificados com vários nichos de mercado e a segmentação da tipologia dos
consumidores, a esperança média de vida aumentou, bem como deu-se o início da ruptura de
um Estado Social que progressivamente obriga a uma mais tardia idade de reforma (Webber e
Bezanson, 2004).
Com tudo isto formou-se o caldo da diversidade. A diversidade é um tema que ganhou
relevância nos finais dos anos 1960, com iniciativas governamentais dos EUA, pressionado
pelos movimentos dos direitos civis (Subeliani e Tsogas, 2005). Tratava-se de uma
abordagem mais inclusiva e com a preocupação de dotar as organizações de
representatividade social das minorias (quer fossem de natureza de género, étnico, racial)
assim respondendo a uma pressão fora das organizações para que essa situação fosse
acautelada, moldada pelas denúncias de injustiças, tratamentos estereotipados ou atitudes
racistas.
Atualmente, existe uma preocupação mais proativa e menos legalista face ao tema,
considerando a gestão da diversidade com vista a maximizar o potencial dos colaboradores.
9
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Existe na literatura evidência de que a diversidade é geradora de benefícios económicos, entre
os quais encontramos um melhor entendimento do mercados e dos consumidores locais,
melhor capacidade para atrair e reter as melhores pessoas, maior capacidade de criatividade,
resolução de problemas e flexibilidade (Subeliani e Tsogas, 2005).
Esta gestão da diversidade tem assumido uma crescente importância com o peso da
procura do talento e o ritmo da globalização e da internacionalização das empresas. Nesse
sentido, o interesse pela diversidade geracional tem ganho expressão desde o início de 1990,
mais concretamente após a publicação do livro de Douglas Coupland, intitulado Geração X,
que veio contribuir para a generalização do debate do assunto na comunicação social e na
sociedade em geral. Mais recentemente, devido a algumas iniciativas legislativas no Reino
Unido, houve também uma maior atenção para o estudo do tema por parte da comunidade
académica.
O assunto adquiriu maior importância quando consideramos a pressão demográfica na
Europa Ocidental que revela uma escassez e uma fragilidade evidente na detecção de talentos
em número suficiente para substituir os colaboradores que se retiram da vida ativa. Apesar de
existirem autores que contestam a importância dada à questão das gerações (e.g. Real,
Mitnick e Maloney, 2010) e que defendem que estas categorizações introduzem potenciais
conflitos e discriminações organizacionais, a literatura e as organizações têm mostrado um
interesse crescente. Este, está ancorado na acepção partilhada de que é crítico pensar
estrategicamente como gerir as pessoas numa organização, para preparar o futuro e tendo em
conta que o efeito geracional é algo importante a considerar.
É comumente aceite que existem quatro grupos geracionais, não obstante algumas
interpretações diferentes no que concerne ao intervalo de tempo que possa caracterizar cada
um destes ou mesmo o seu nome. Assim, podemos encontrar com mais regularidade a
nomenclatura de “Matures” (nascidos antes de 1945); “Baby Boomers” (nascidos entre 1945
e 1964); “Geração X” (nascidos entre 1965 e 1979); e os “Millennials” (nascidos em 1980 ou
mais tarde) (Lyons, Duxbury e Higgins, 2005).
Iremos analisar neste trabalho uma realidade específica de uma empresa portuguesa,
com base neste conceito dos grupos geracionais e tentar compreender se realmente existem
diferenças, nessa diversidade geracional, que sejam relevantes para integrarmos políticas de
recursos humanos que possam ir ao encontro das expectativas dos colaboradores.
10
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Sendo que cada indivíduo apresenta o seu quadro de valores relativamente à sua
atividade profissional, este trabalho parte do princípio que a cada geração poderá
corresponder um conjunto de valores semelhantes que possam caracterizar esses indivíduos
face ao trabalho, às expectativas e ambições.
O estudo empreendido nesta dissertação vai precisamente tentar identificar esses
valores relacionados com as gerações, tendo em consideração a adaptação à realidade
portuguesa, bem como identificar quais as práticas que poderão fazer mais sentido para esses
grupos geracionais.
A estrutura do presente trabalho está organizada para dar inicialmente um
enquadramento teórico à questão da diversidade geracional, reflectindo sobre a questão da
definição da geração e sobre se poderá ser relevante para a gestão de recursos humanos e
passar à apresentação do estudo empírico acima referido, com a sua posterior discussão e
análise dos resultados.
11
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
12
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
CAPITULO I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO
1. Enquadramento Teórico
1.1. Diversidade Geracional
Entende-se que a diversidade geracional “assenta num conceito em que identifica as
pessoas que nasceram num intervalo aproximado de 20 anos, partilharam um conjunto de
características comuns ao nível de experiências históricas, condições económicas e sociais,
avanços tecnológicos, bem como outras mudanças sociais que tenham em comum” (Oh e
Reeves, 2008, pp.295).
Tendo esta definição como ponto de partida, podemos verificar numa revisão de
literatura sobre o assunto que Auguste Comte orientou o primeiro estudo científico para
examinar as gerações entre 1830 e 1840, o qual verificava as influências que diferentes
gerações tinham na evolução histórica e social das sociedades (Radford e Shacklock, 2009),
no entanto o trabalho pioneiro na moderna teoria geracional deveu-se a Karl Mannheim que
em 1929 no seu ensaio The Problem of Generations, defende que pessoas nascidas em
diferentes períodos históricos que tivessem vivido contextos sociais únicos teriam diferentes
visões do mundo. Mais tarde, em 1970, Margaret Mead, lançou para a discussão académica o
termo de Generation Gap, referindo-se às diferenças nas crenças e atitudes da geração Baby
Boom com a que lhe precedia, no seu livro Culture and Commitment: A Study of the
Generation Gap. Mais recentemente, foi Douglas Coupland que em 1991, com o seu livro
Generation X veio alargar o debate na sociedade em geral, popularizando o tema nos meios
de comunicação social. (Lyons, Duxbury e Higgins, 2005).
Strauss e Howe (1992, in Radford e Shacklock, 2009) propõem que o conceito de
diferenças geracionais, seja considerado como o resultado do significado das experiências de
vida que cada geração partilha, embora de forma distinta, as referências, valores, atitudes e
traços. Assim, as pessoas que pertencem a uma geração tendem a desenvolver valores
pessoais e profissionais semelhantes, que moldam as suas atitudes, comportamentos e crenças
(Chen e Choi, 2008). No entanto, estes valores podem entrar em conflito com outras
gerações, causando conflito organizacional, bem como dificuldades na atração e retenção
destes recursos (Tresize-Brown, 2004). Consequentemente, os investigadores têm defendido
que se tornou imperativo para as organizações estarem atentas às possíveis diferenças de
13
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
valores, atitudes e crenças geracionais, por forma a maximizar o sucesso de atração e
retenção (Chen e Choi, 2008; Tresize-Brown, 2004).
Muitos autores e investigadores têm caracterizado de maneira diferente tanto a
designação dos grupos geracionais, como também os seus respectivos intervalos de anos. Oh
e Reeves (2008) identificam numa tabela comparativa as várias diferenças, consoante o seu
autor:
Fonte
Howe e Strauss
(2000)
Designação
Silent
Generation
(1925–1943)
Traditionalists
(1900–1945)
Boom Generation
(1943–1960)
13th Generation
(1961–1981)
Millennial Generation
(1982–2000)
-
Baby Boomers
(1946–1964)
Generation Xers
(1965–1980)
-
Baby Boomers
(1946–1960)
Generation X
(1965–1977)
Oblinger e Oblinger
(2005)
Silent
Generation
(1925–1942)
Matures
(<1946)
Millennial Generation;
Echo
Boomer; Generation Y;
Baby
Busters; Generation
Next
(1981–1999)
Millennials (1978–2000)
Baby Boomers
(1947–1964)
Gen-Xers
(1965–1980)
Gen-Y; NetGen;
Millennials
(1981–1995)
PostMillennials
(1995–
present)
Tapscott (1998)
-
Generation X
(1965–1975)
Digital Generation
(1976–2000)
-
Zemke et al. (2000)
Veterans
(1922–1943)
Baby Boom
Generation
(1946–1964)
Baby Boomers
(1943–1960)
Gen-Xers
(1960–1980)
Nexters (1980–1999)
-
Lancaster e Stillman
(2002)
Martin e Tulgan
(2002)
-
Quadro 1.1 – Designações geracionais e respectivas datas em diferentes fontes (Oh e Reeves, 2008)
Para estes autores a idade é o único factor considerado para a distinção entre gerações
e é relativamente o menos importante. Muitos especialistas têm argumentado que as gerações
são modeladas muito mais pela história do que pelas datas cronológicas. Como refere
Kupperschmidt (2000), a pertença a uma geração pode ser definida como sendo parte de um
grupo identificado que partilha a data de nascimento, idade e eventos significativos que
ocorreram durante o seu processo de desenvolvimento. Para Howe e Strauss (2000) existem
três atributos que identificam mais claramente a natureza de uma geração:
Sentimento de pertença – O auto percepção de pertença a uma geração que se inicia
durante a adolescência e que se forma enquanto jovem adulto
Crenças e comportamentos comuns – As atitudes (relativamente à família, carreira,
vida pessoal, política, religião, etc.) e comportamentos (escolhas feitas relativas aos
empregos, casamento, filhos, saúde, crime, sexo, drogas, etc.) que caracterizam uma
geração.
Pontos comuns de referência na história – Pontos de viragem nas tendências históricas
(por exemplo, das políticas liberais para as politicas conservadoras) e acontecimentos
significativos (por exemplo, uma guerra) que acontecem durante os anos de formação
de uma geração (adolescência e jovem idade adulta).
14
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
No entanto, existem mais duas questões que devemos ponderar relativamente a esta
questão. A primeira tem a ver com a limitação que nos é oferecida pelos vários estudos e
pesquisas existentes, que enfoca os respectivos universos de estudo em grupos
socioeconómicos limitados, sendo que não são tidos em conta segmentos da sociedade mais
baixos e os chamados blue-collars jobs, dado que este tipo de estudos são orientados apenas
para os white-collar, ou seja, tipicamente para profissões que impliquem uma formação
superior ou carreiras de trabalhadores do conhecimento.
A segunda situação está ligada a questões nacionais e culturais. A constituição de
coortes obedece na literatura existente aos estudos efectuados, nomeadamente nos Estados
Unidos da América e no Reino Unido, seja através de entidades oficiais que promovem
estudos nacionais sobre o tema, quer seja mesmo a nível académico, através dos autores que
vão sendo mencionados durante este trabalho. Nem sempre todos os eventos históricos
coincidem em todos os países, apesar de haver eventos a nível global que possam influenciar
as respectivas gerações. Num estudo levado a cabo por alguns autores (Susaeta et al., 2011), a
cultura do país tem impacto nas formação das gerações, através dos valores familiares, das
normas culturais e sociais, bem como das crenças religiosas. Embora, mais centrado na
identificação de valores de trabalho e as suas diferenças entre os países em estudo da
América Latina, incluindo a Espanha.
No estudo de Radford e Shacklock (2009), também encontramos que as diferenças
geracionais são influenciadas por questões culturais, sendo que é reflectida a realidade
nacional da Austrália na forma como esta impacta na formação desses grupos geracionais.
Por outro lado, alguns estudos de caracterização da diversidade geracional apontam os
valores do trabalho como ferramenta importante de aferição dessas diferenças. Os valores de
trabalho representam quais os factores que são importantes para os indivíduos no seu trabalho
e na sua vida profissional.
Twenge et al. (2010) definem os valores de trabalho como os resultados esperados
pelas pessoas e que estas sentem poder alcançar através do trabalho, considerando vários
autores recenseados. Complementam afirmando que os valores do trabalho moldam a
percepção que os indivíduos têm sobre as suas preferências no local de trabalho, exercendo
influência direta sobre as suas atitudes e comportamento, tomadas de decisão e processos de
resolução de problemas.
15
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Por outro lado, encontramos outra definição de valores de trabalho na pesquisa
publicada por Lyons, Duxbury e Higgins (2005) que se centra na crença generalizada acerca
da desejabilidade dos vários aspectos do trabalho (como são o salário, a autonomia ou as
condições de trabalho) e os resultados relativos ao trabalho (como o sucesso, realização e
prestígio), considerando autores como Dose (1997); Georgel e Jones (1997); Ros, Schwartz e
Surkiss (1999). Acrescentando ainda que os valores de trabalho representam expressões
cognitivas de várias necessidades ou objectivos que estão ligadas ao trabalho, identificando
segurança financeira, interação social, estímulo intelectual, estatuto social, auto-estima e
necessidades de desenvolvimento pessoal.
Ambos os autores (Twenge et al, 2010; Lyons, Duxbury e Higgins, 2005) concordam
que existem duas tipologias para os valores de trabalho: intrínsecas e extrínsecas. Os valores
de trabalho intrínsecos focam-se no processo de trabalho, ligados à satisfação psicológica e
cognitiva perante o trabalho, que representam a compensação intangível que reflete o
interesse por este, o potencial de aprendizagem, o desafio, a oportunidade de ser criativo, a
variedade e o estímulo intelectual. Relativamente aos valores extrínsecos do trabalho, estes
focam-se nas consequências ou resultados do trabalho, relacionando-se com os aspectos
materiais deste, representando a compensação externa para o indivíduo, como o salário, os
benefícios, a segurança do trabalho e o estatuto. Outros valores do trabalho incluem a
influência ou autonomia na tomada de decisão; valores altruísticos como a ajuda aos outros
ou o tipo de contribuição à sociedade; valores sociais, relacionados com as relações
interpessoais no trabalho; e o lazer que se refere à forma como é ocupado o tempo livre e
férias.
Tendo em conta estas tipologias, vamos utilizar mais à frente neste trabalho os
resultados obtidos na literatura identificada para que seja possível complementar a
caracterização de cada um dos grupos geracionais já mencionados e cujo trabalho empírico
irá incidir.
Ainda existe outra situação a ter em conta, que decorre da revisão de literatura sobre
as diferenças geracionais. Esta concerne aos indivíduos identificados como cuspers que se
caracterizam como sendo elementos que nasceram nas pontas dos intervalos geracionais
definidos e que acabam por estar entre dois grupos geracionais (Lancaster e Stillman, 2002).
Estas pessoas não podem ser caracterizadas como tendo as características definidas
para os grupos geracionais definidos, de facto divergem em larga medida aos traços e às
16
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
evidências apontadas a uma determinada geração. O que fica em causa são as assunções
generalistas que incluem os indivíduos com as mesmas características do seu grupo
geracional, não correspondendo à verdade, colocando a nu a mencionada falta de consistência
na designação e respectiva cronologia dos grupos estabelecidos. Assim, poderá não ser
possível assumir que uma pessoa nascida em 1985 tenha todas as características apontadas na
Geração Y, ou que alguém nascido em 1960 não possa acompanhar com a mesma facilidade
interesse as evoluções tecnológicas, tal como outra pessoa considerada na Geração X ou Y.
Desta forma, convém ter algum cuidado na forma como são assumidas algumas das
conclusões generalistas que constam na literatura. Nesse sentido, iremos dar atenção à
caracterização que podemos encontrar em todos os estudos e pesquisas relacionadas com as
várias gerações, bem como, no que concerne aos valores de trabalho mencionados. Porém,
este último ponto vem reforçar a necessidade de ponderar outros factores, para além da
designação e da idade, na constituição de grupos geracionais que correspondam às diferentes
realidades nacionais e culturais de onde provêm.
No seguimento desta constatação, iremos atentar na constituição dos respectivos
grupos funcionais, considerando a teoria das coortes, passando de seguida à análise das
características de cada um dos referidos grupos na literatura existente.
1.2 Coortes Geracionais
A teoria das coortes geracionais defende que eventos históricos nacionais
significativos têm impacto na existência de ordens sociais e de um sistema de valores que
proporcionam a formação de coortes geracionais (Inglehart, 2007). Esta teoria assume duas
bases na sua construção, em primeiro integra a informação proveniente da teoria do
construtivismo social, em que a realidade é socialmente construída pelos indivíduos e grupos
num processo dinâmico (Berger e Luckmann, 1966/1991), propondo que todo o
conhecimento, mesmo incluindo a realidade diária, é criado por interações sociais. Em
segundo, considera a teoria das dimensões culturais, que é impulsionada pelos estudos de
Hofstede (2001) nos quais procura explicar como as ações dos elementos organizacionais são
estabelecidas através de processos que já estão assumidos, com uma conformidade, por
vezes, inconsciente. Assim o comportamento das organizações é muito mais o reflexo do que
é “natural” e “intrínseco” a certos grupos culturais, do que propriamente de um
comportamento racional dos agentes económicos (Bae et al, 1998; Ngo et al, 1998). Não
obstante, de forma indirecta, estes autores também referem as duas tipologias dos valores do
17
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
trabalho
mencionadas
anteriormente,
embora
se
suportem
noutra
teoria
(teoria
antropológica), sendo que esta acrescenta outra dimensão, a transcendental, que não iremos
desenvolver.
Gursoy et al. (2008) apresentam no seu estudo algo que já ficou evidente neste
trabalho: que alguns autores usam o termo geração para referir as pessoas que nasceram num
mesmo intervalo de tempo e que partilham experiências históricas e sociais (Kupperschmidt,
2000; Smola e Sutton, 2002). Os efeitos dessas experiências em comum tendem a ser
relativamente estáveis no decurso das suas vidas (Smola e Sutton, 2002). Estes pontos em
comum ajudam a formar a personalidade de cada geração e determina em que sentido, cada
uma reage perante as organizações e se posiciona relativamente à forma como gere e aceita
ser gerido. Por exemplo, o impacto de uma guerra numa geração é extremamente
significativo e influência em muito a forma como pensa e age. A personalidade de uma
geração indica-nos de uma forma orientativa quais são os seus desejos, as suas ambições, as
suas expectativas e até o seu estilo de vida. Tendo em conta que entre gerações existem
diferentes interesses e diversas formas de encarar a vida em geral e a vida profissional em
específico, há potencial de conflito ou de entendimento mais difícil que tem que ser
compreendido e mediado.
Existem muitos estudos que atribuem designações e cronologias diferentes, contudo
seguindo o critério já mencionado para o presente trabalho, encontramos em Oh e Reeves
(2008) uma tabela que resume de forma sucinta as diferenças geracionais no local de trabalho
e as suas implicações no contexto da gestão das organizações, considerando as três gerações
que tínhamos assumido que fariam mais sentido ser objecto de estudo. Para o efeito, essa
tabela provém do contributo do trabalho de Lancaster e Stillman (2002).
18
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Factor
Atitude
Visão Geral
Baby Boomers
Otimista
Acreditam nas possibilidades e por vezes
têm uma orientação idealista para fazer
uma diferença positiva no mundo.
Também são competitivos e procuram
mudar o sistema para seguir em frente
Descrição
Nasceram entre 1946 e 1964. Foram
influenciados por Martin Luther King,
Gloria Steinem e pelos Beatles. Lugares
como Hanoi Hilton, Woodstock e Kent
State são relevantes para este grupo. A
televisão mudou o seu mundo de forma
significativa. Em geral, podem ser
descritos como sendo optimistas. Esta é a
geração que acreditou que tudo era
possível, que poderiam realmente mudar o
mundo.
Hábitos de
Trabalho
Têm uma aparência optimista. São muito
trabalhadores e pessoalmente querem o
reconhecimento pelo trabalho que
realizam. Acreditam no
autodesenvolvimento e no seu
crescimento.
Geração X
Céptico
Geração Y
Realista
Representam a geração mais
incompreendida. Têm muitos recursos e
são independentes, não apreciam
depender dos outros.
Apreciam a diversidade, preferem
colaborar em vez de serem
dirigidos. São muito pragmáticos
quando resolvem problemas.
Nascidos entre 1965 e 1980, este grupo
da força de trabalho relativamente
pequeno foi influenciado por Bill Gates,
Al Bundy e Dennis Rodman. A sua
visão do mundo foi formada com a
queda da União Soviética, os
acontecimentos de Lockerbie e pela
Internet. De facto esta geração, mais do
que qualquer outra, é definida pelo
impacto dos média e da tecnologia. Para
este grupo a palavra-chave é o
cepticismo, colocam mais confiança no
individual, em si próprios, mais do que
em qualquer instituição (desde o
casamento ao seu empregador).
Estão atentos à diversidade e pensam
globalmente. Pretendem equilibrar a sua
vida profissional com a sua componente
pessoal. Tendem a ser informais.
Confiam neles próprios. São práticos na
abordagem que fazem ao trabalho.
Gostam de se divertir no trabalho.
Gostam de trabalhar com a tecnologia
mais avançada.
São os elementos mais novos do
mercado de trabalho. Nasceram
entre 1981 e 2000. Apesar de
estarem apenas agora a entrar no
mundo do trabalho, cresceram com
todos os elementos dos grupos
anteriores e têm como algumas
referências o príncipe William,
Marilyn Manson, Venus e Serena
Williams e Britney Spears. Também
viveram o massacre de Colombine,
o desastre da missão espacial de
Columbia e o 11 de Setembro. São
descritos como realistas, confiantes
e pragmáticos.
Sentem-se com proactividade para
resolver de forma positiva, quando
algo corre mal.
Têm uma aparência optimista. São
orientados para os resultados e para
a auto-realização. Acreditam em
valores morais fortes e em servirem
a comunidade. Estão atentos à
diversidade.
Quadro 1.2 – As diferenças geracionais de Lancaster e Stillman
No que respeita aos valores do trabalho, o estudo desenvolvido por Twenge et al.
(2010), permite-nos verificar que o valor “dedicado ao lazer” é aquele que mais se alterou,
quando confrontado com outras variáveis de comparação com as várias gerações em causa.
Nesse sentido, tanto a Geração X como a Geração Y desejam um maior equilíbrio entra a
vida profissional e profissional do que o evidenciado pelos Boomers. De certo modo, esta
situação encontra alguma explicação com a realidade atual e os atuais ambientes de trabalho.
Como o seu estudo reflete a realidade norte-americana, constata que o número de horas de
trabalho tem aumentado, em contraste com outros países industrializados da Europa (embora,
como se sabe, o atual momento de crise que atravessa a Europa, tenha registado uma inflexão
nessa tendência). Ainda, com referência a este estudo, é referido que a Geração Y valoriza
mais os valores extrínsecos do que os Boomers, associando uma certa noção de crescimento
de traços de narcisismo a esta geração, dado que não apresenta uma vontade de trabalhar mais
tempo, mas querem manter os elementos de estatuto e de compensação, revelando um
desfasamento entre as expectativas e a realidade.
Quanto aos valores altruístas, de ajuda aos outros, como por exemplo de voluntariado,
não apresentam grandes variações. No entanto o autor regista que a Geração Y não é tão
19
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
mobilizada para este tema como são os elementos da Geração X ou como são, ainda mais, os
que constituem o grupo geracional dos Boomers.
Ao analisar os valores intrínsecos, Twenge et al. (2010) descobrem que estes foram
decrescendo ao longo das gerações que se sucedem, sugerindo que os colaboradores mais
novos não procuram necessariamente um significado relevante para o seu trabalho,
contrariando algumas afirmações feitas por outros autores e estudiosos do tema (por exemplo,
Howe e Strauss, 2000 ou mesmo Lancaster e Stillman, 2002). Contudo, entre as várias
características de trabalho este é um ponto com elevadas pontuações para a Geração Y,
apesar de encontrar nos Boomers os valores mais elevados para a questão da ética no
trabalho, inclusivamente para as questões ligadas ao valor psicológico associado ao seu
trabalho e da lealdade que confia à organização onde trabalha.
No que refere aos valores extrínsecos, o autor refere que a geração que mais valoriza
este ponto de análise é a Geração X, embora a Geração Y apresente valores superiores aos
Boomers. Avança que o contexto económico e as mudanças ocorridas durante estas gerações,
com o aumento dos custos de vida e as alterações no ambiente de trabalho (com o aumento
das horas de trabalho) são uma explicação para este efeito.
Os autores deste trabalho ainda referem que os valores sociais ligados ao trabalho não
diferem muito entre os Boomers e a Geração X. Porém os resultados desta pesquisa apontam
valores mais baixos para os elementos da Geração Y. Aqui os traços narcísicos estão
relacionados com a dificuldade que estes apresentam de fomentar relações mais próximas,
evitando mesmo situações de amizade. Uma das razões apontadas ancora no maior domínio
das tecnologias de informação e permite-lhes que possam estar mais constantemente em
contacto com a sua família e amigos, fora do ambiente de trabalho. Este ponto tem nexo
lógico com a correlação positiva encontrada entre a necessidade desta geração ter mais horas
dedicadas ao lazer e o número de horas trabalhadas. Porém, procuram fora do contexto
laboral a satisfação das suas necessidades relativas aos valores sociais.
Em síntese, podemos encontrar nas pesquisas lideradas por Twenge et al. (2010),
quatro grandes conclusões:
1. O trabalho é menos central para os colaboradores das gerações mais novas do que das
gerações mais velhas.
2. Os colaboradores das gerações mais antigas têm uma ética de trabalho maior
comparada com os mais novos.
20
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
3. Os colaboradores das gerações mais novas dão mais valor ao lazer do que os mais
antigos.
4. Os colaboradores das gerações mais novas atuam com maior individualismo do que os
colaboradores relacionados com as gerações mais antigas.
É de salientar que alguns autores refutam estas conclusões, associando-as a
estereótipos e a assunções pouco fiáveis dadas as limitações que existem nos estudos deste
tipo, levando a comportamentos organizacionais discriminatórios e restritivos através de
políticas pouco adequadas (Real, Mitnick e Maloney, 2010). Os estudos são apontados como
sendo limitados porque confundem idade e geração, fazendo com que seja impossível dizer se
as diferenças geracionais em questão, não serão apenas resultado da diferença individual de
idade. Exemplificam dizendo que um colaborador com 60 anos, atualmente conservador e
orientado apenas para o cumprimento de regras, pode ter sido liberal e rebelde 35 anos antes.
Estes autores reforçam a ideia que o trabalho se torna cada vez mais central consoante
a pessoa vai envelhecendo. Referem inclusivamente que as pessoas nas organizações agem e
pensam, embora inconscientemente, conforme os estereótipos que são associados a cada uma
das gerações em causa.
Assim é possível que dentro das organizações possam ser frequentes comportamentos
associados a esses estereótipos, como por exemplo:
Colaboradores mais novos têm a percepção que realizam mais eficientemente variadas
tarefas, com mais criatividade do que os mais velhos.
Colaboradores mais velhos têm a percepção que têm um conjunto de valores éticos
mais fortes do que os mais novos e que estes exigem mais reconhecimento para a
realização do trabalho do que eles.
É um facto que os estudos apresentados nas diversas pesquisas referem algumas
limitações e, por vezes, questões de ordem metodológica, contudo as pesquisas de Twenge,
Lancaster e Stillmann, entre outros, têm conseguido encontrar alguns pontos em comum que
ajudam a compreender melhor esta problemática, à parte de alguma literatura mais
jornalística que tem vindo a explorar o tema com pouco critério e rigor científico.
Convém, por isso, ainda poder detalhar um pouco mais em pormenor as características
de cada um destes grupos. Passando individualmente por cada grupo, temos em Lancaster e
Stillman (2002), mais informação para a sua melhor compreensão.
21
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
1.2.1 Baby Boomers
Os Baby Boomers resultam da explosão da natalidade após a 2.ª Grande Guerra
Mundial, usufruindo de uma prosperidade económica que advém após um período de
devastação e grande sacrifício em que a prioridade focou-se nas famílias.
Foi marcante para esta geração, sobretudo nos Estados Unidos da América, a Guerra
do Vietnam. Este conflito durou oito anos e envolveu cerca de 2,8 milhões de americanos,
durante 1965 e 1973, tendo perdido 57 000 homens e vitimizando 2 milhões de vietnamitas,
quer pró-capitalistas quer comunistas. Os Americanos encetaram o seu combate ao
movimento de guerrilha comunista (Vietcong) apoiado pelo governo norte vietnamita para
manter a divisão do país e preservar o sul da influência chinesa e soviética, contudo as baixas
infligidas pelos Vietcongs às forças americanas causaram um desgaste muito grande e
originaram um forte pressão social na América para parar essa guerra. Os Estados Unidos da
América acabariam por não conseguir ganhar esse conflito e encetarem negociações para
efetuarem a retirada do território Vietnamita.
Igualmente, como referências para esta geração houve o escândalo de Watergate, bem
como os protestos e os movimentos pelos direitos humanos.
O presidente norte-americano Richard Nixon em 1974 preconizou um escândalo
político ao estar envolvido num caso de escutas à sede de campanha do Partido Democrata
(localizada no edifício Watergate), durante a campanha eleitoral de 1972. A situação foi
despoletada por uma investigação jornalística que originou uma acção do senado para forçar
o presidente à renúncia do cargo.
Falar dos movimentos pelos direitos humanos nesta geração está marcadamente ligado
ao aparecimento de Martin Luther King. Assumiu-se como o líder do movimento a favor dos
direitos civis da América Negra nos anos 50 até ao seu assassinato em 1968. Defendeu
sempre uma estratégia não violenta para a declaração de inconstitucionalidade da segregação
racial dos negros, conseguindo o apoio de muitos negros e de brancos liberais em todas as
partes do país, tendo estas ações contado com o apoio da administração Kennedy. O autor da
frase frase "I have a dream", conseguiu juntar em 1963, numa marcha pacífica em
Washington pelos direitos humanos, mais de 200 000 pessoas e conseguiu sensibilizar o
mundo para mundo a importância de resolver os problemas raciais. Em 1964 foi aprovada a
lei que acabaria com a segregação racial e acabaria por receber nesse mesmo ano o prémio
Nobel da Paz.
22
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Na sociedade deste período a que corresponde a Geração Baby Boomer, surgiram de
forma impactante as questões da sexualidade, das drogas e o rock´n ´roll estilo iniciado pelo
grupo americano Billy Haley and The Comets em 1954 e que refletia um certo espírito de
mudança e confiança no progresso e no futuro inerente às duas culturas anglófonas nesta
época, usando também as letras para exercer a crítica social e exprimir os sentimentos da
juventude. Elvis Presley foi um ícone desta geração e do american dream, a par (mais tarde)
dos Beatles, dos Doors e dos Rolling Stones. Foi um período marcado por correntes literárias,
como a "geração perdida", cujos grandes representantes (Tom Wolfe, Ernest Hemingway,
John Steinbeck, Scott Fitzgerald e John dos Passos) influenciaram sobremaneira a literatura
europeia com temática centrada no Homem e a perda de confiança face ao mundo, sempre
buscando a felicidade. Para esta geração a cultura anglo-saxónica, considerando a influência
inglesa e americana, foi preponderante e centrada no ser humano, nas suas dúvidas, medos e
necessidades e nos valores sociais.
Também relativo a esta geração, foi marcante o aparecimento do fenómeno dos
subúrbios que representam a existência de cidades satélites acopladas às grandes metrópoles,
dado o grande fluxo migratório para as grandes cidades que obrigou que uma grande parte da
população tivesse que encontrar a sua casa a uma distância relativamente próxima, embora
afastada, dessas cidades. Por outro lado, o papel da mulher na sociedade sofreu uma alteração
significativa, proporcionando a sua gradual entrada no mercado de trabalho gerando duas
fontes de rendimento aos casais, mas também a mudança de um certo modelo de família em
que a mulher era iminentemente doméstica e criava os seus filhos em casa.
No que concerne ao trabalho, os Baby Boomers desejam deixar o seu cunho pessoal
nas organizações, caracterizados como sendo “workaholics” (trabalhando muitas horas e
assumindo grandes cargas de trabalho) com vista a atingir o sucesso e o alcance dos seus
objectivos. As carreiras profissionais representam o valor central das suas vidas, dando-lhes
significado e realização pessoal. A principal razão para estarem na sua vida profissional é
para marcar a diferença.
Como principais traços, esta geração é identificada como sendo idealista, optimista e
altamente competitiva. Dessa forma assumem uma grande necessidade de atingir o sucesso,
mas alguma dificuldade em lidar com a autoridade. A nível social é identificada como sendo
a “sandwich-Generation” com preocupação com os elementos mais idosos e com os novos da
sociedade, também demonstram preocupação pelos assuntos dos cuidados de saúde e são
confrontados pelo aparecimento cada vez maior dos casos de divórcio, bem como sobre a
23
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
educação dos filhos. Demonstram dificuldade em assumir que alguma coisa possa estar mal e
não gostam de pedir ajuda, por isso muitos ficam em risco de burnout. Considerados,
também, como pessoas experientes, lidam bem com trabalhos de equipa e com capacidade
para prestar mentorado (Lancaster e Stillman, 2002).
Como estereótipos negativos são identificados como sendo materialistas; trabalham
muito, mas com pouca inteligência; vendem as suas ideias; altamente endividados; não são
leais. Contudo os seus valores revelam que procuram organizações com integridade, são
politicamente correctos e são ansiosos por colocar a sua marca pessoal no que fazem. É
identificado, igualmente, nos seus valores como sendo cumpridores dos seus deveres e
envolvidos com a comunidade.
Para a gestão destes elementos da geração Baby Boomer dentro das organizações, é
necessário ter em atenção a sua natureza competitiva, reconhecer os seus contributos e poder
ter em conta como poderão estes produzir impacto. É preciso considerar que apreciam a
oportunidade de ter formação continua.
Relativamente ao local de trabalho como instituição, 43% dos Baby Boomers dizem
que lhe falta oportunidade de mentoring e 30% diz que isso contribui para insatisfação no
trabalho. Apreciam que lhes sejam dados dias suplementares de gozo de férias ou folgas,
dado que 75% assumem como um grande prémio ou compensação. Apenas 35% afirmam que
é bom ter a carreira centrada numa única empresa (Lancaster e Stillman, 2002).
Apreciam ter pelo menos uma vez por ano, um feedback para o seu desenvolvimento,
de forma formal e documentada. Quanto à componente de mecanismos de reconhecimento
por parte das organizações, esta geração valoriza o dinheiro ganho, o estatuto, ter mais tempo
livre, mas pago, mas também, possibilidades de carreira e de desenvolvimento pessoal.
1.2.2 Generation X
A Geração X cresceu num período em que diminuíam as taxas de natalidade, cresciam
o número de divórcios e existiu uma recessão económica, com altas taxas de desemprego e
também com modelos fiscais mais restritivos. Estes factos contribuíram muito para a sua
formação e para a argumentação de alguns autores que a caracterizou como pessimista e
virada para si própria.
24
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Dois grandes acontecimentos mundiais marcaram esta geração: a crise dos anos 70 e a
queda do regime soviético da U.R.S.S..
No início dos anos 70 iniciou-se uma crise económica que travou o ritmo de
crescimento dos países industrializados, por causa de uma desregulamentação do sistema
monetário internacional e dois choques petrolíferos.
Richard Nixon a 15 de Agosto de 1971 decretou a desvalorização, para além da sua
paridade em relação ao ouro, este facto veio alterar o sistema monetário internacional, o qual
estava assente nos acordos de Bretton-Woods de 1944 e com os quais se fundou o Fundo
Monetário Internacional (FMI). A consequência desta decisão foi a flutuação das moedas
mais representativas e uma instabilidade no comércio internacional. Em 1973, os países
árabes membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) aumentaram
significativamente o preço do petróleo, numa altura em que estavam em guerra com Israel, e
nacionalizaram as instalações ocidentais.
Dado que a produção industrial já se encontrava a diminuir desde o início dos anos 70,
este conjunto de acontecimentos veio agravar a crise em setores que estiveram na base da
revolução industrial. O que gerou várias falências e multiplicou o desemprego, sobretudo nos
jovens sem formação especializada, mulheres, trabalhadores imigrantes e operários das
indústrias tradicionais. Em 1979 houve novo choque petrolífero com o aumento dos preços
do petróleo, por parte dos países da OPEP.
Na economia assiste-se à conjugação de uma estagnação com a inflação, o que gera
preços mais elevados, mas também a um aumento dos salários. Por outro lado, existe um
reforço dos sistemas de protecção social em alguns países da Europa Ocidental,
nomeadamente com o subsídio de desemprego e da manutenção do poder de compra.
Por essa altura, o Estado Providência começou a ser posto em causa com o surgimento
de uma ideologia neoliberal que defendia a iniciativa privada, em vez do intervencionismo
social do estado, pois os pesados encargos fiscais pagos por particulares e empresas para
sustentar esta política social provocavam a descida dos lucros e a quebra dos investimentos
das empresas.
De facto, nos anos 70, os gastos com as políticas sociais contribuíram para o
agravamento da recessão económica, dado que os governos do Ocidente impuseram um
elevado aumento de impostos para permitir a realização desses programas, o qual demonstrou
ser adverso para os investimentos e poupanças. Neste cenário, os neoliberais avançaram
25
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
como propostas a diminuição do papel do estado na economia, a privatização das empresas
públicas e a redução de despesas com a segurança social. Ideias que viriam a ser aplicadas
por alguns governos na década seguinte, como por exemplo do governo de Ronald Reagan
nos Estados Unidos da América e dos chefes do executivo Margaret Thatcher, no Reino
Unido, e Jacques Chirac, na França.
A queda do regime Soviético da U.R.S.S. concretizou-se no final dos anos 80, início
dos anos 90, contudo as suas causas começaram a sentir-se na década de 70. Apesar de terem
passado ao lado da crise económica, com a sua taxa de emprego inalterada, tendo recursos
energéticos próprios e a independência da sua moeda de referência, o rublo soviético,
contudo o bloco de países de leste padecia de problemas como o seu atraso técnico e a baixa
produtividade das suas indústrias. A juntar a isso existia um regime repressivo e pouco
flexível em torno da sua ideologia marxista-leninista, gerando contestações e insatisfação
generalizada, bem como, constituindo-se como bloqueio a uma modernização necessária das
suas instituições e causador de iniquidades entre a classe dirigente e os operariados.
A situação económica e social agravou-se nos anos 80 nos países de leste, no entanto
com a eleição de Mikhail Gorbatchev assistiu-se a uma abertura do regime, com reformas
importantes, intituladas de Perestroika.
Em 1991 um golpe militar afasta Gorbatchev e é substituído por Boris Ieltsin à frente
da Federação Russa, assistindo-se ao desmembramento da U.R.S.S. em países bálticos
independentes e as Comunidades de Estados Independentes. Todos estes acontecimentos
tiveram repercussões nos países do bloco de Leste, tendo, muitos deles, aliás, mudado para
um regime democrático. O momento mais emblemático, dá-se em 1989 com a queda do muro
de Berlim, que dividia desde 1961 a Alemanha ocidental da Alemanha de leste,
definitivamente reunificadas em 1990.
Muito relevante para esta geração foi o aparecimento dos computadores pessoais e da
internet, bem como o início do desenvolvimento dos meios de comunicação. Este facto veio
originar uma verdadeira revolução ao nível dos relacionamentos entre as pessoas e a forma
como é visto o mundo, ajudando ao aparecimento da era informação e da globalização.
Influenciados por uma cultura pop, em que pontificava a MTV e para os mais novos
existia a Rua Sésamo, a televisão veio dar uma dimensão muito grande a uma cultura onde a
difusão da informação e da produção cultural se torna mais rápida, mas também um pouco
mais limitada aos produtos televisivos. Uma geração que nasce e/ou cresce com muitos pais
26
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
divorciados, convivendo com essa realidade e com as consequências ao nível da constituição
familiar e do próprio conceito de família que isso acarreta.
Igualmente com muito relevante existe o surgimento do VIH, mais comumente
identificado como SIDA. Uma doença associada a grupos de risco, como sendo os
toxicodependentes ou a pessoas com uma vida sexual ativa com vários parceiros, mas pouco
segura. O impacto social desta doença foi muito grande, dado o número de mortes que
provocou, mas também por afetar um conjunto de pessoas com um estilo de vida que acabaria
por estereotipar e estigmatizar todas as vítimas desta doença, durante um largo período de
tempo.
A visão da Geração X perante as instituições é céptica, mas a primeira razão para estar
num determinado emprego é para construir uma carreira (Lancaster e Stillman, 2002).
Os traços característicos desta geração estão intimamente ligados a uma certa rebeldia
e vontade de romper com as tendências passadas, gerando alguns atritos com gerações
anteriores. Em geral, são considerados eclécticos, criativos, confortáveis com a mudança,
resilientes, adaptáveis, cépticos relativamente aos relacionamentos e têm falta de confiança
nas instituições. Existem nesta geração grandes taxas de divórcios. São considerados
pioneiros
nas
tecnologias
de
informação
e
assumem-se
como
empreendedores,
independentes, inovadores, com muita energia e gostam de se divertirem no trabalho. É
também associada a ideia que é uma geração que gosta de pensar “fora da caixa.
Como estereótipos negativos, dada a sua atitude face a outras gerações, por vezes,
existem alguns autores que referem que estes elementos ainda não cumpriram as suas
obrigações com a comunidade e são ainda muito novos para a gestão. Têm ainda a percepção
negativa de dizerem tudo o que pensam, serem preguiçosos, agressivos, aborrecidos e gostam
de serem vistos (Lancaster e Stillman, 2002).
Como valores principais têm o espírito empreendedor e a procura incessante por
novas oportunidades. Ficando para trás o ambiente de equipa ou o trabalho em equipa.
Para a gestão destes elementos da geração X dentro das organizações, é necessário ter
em atenção o respeito pelo seu cepticismo, apresentando uma base de confiança com base em
experiência e credenciais. São elementos que apreciam o bom humor e necessitam de saber
que gostam deles. A formação deve ser aplicada e orientada para as suas carreiras e não
somente para os seus trabalhos atuais
27
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Relativamente ao local de trabalho como instituição, 30% dos elementos da geração X
deixou o seu trabalho por falta de oportunidades de formação. E 80% do género masculino
desta geração põe o tempo com a família acima de um trabalho desafiante ou de um salário
superior. Apenas 17% pensa em realizar a sua carreira numa única empresa (Lancaster e
Stillman, 2002).
Necessitam sempre de feedback regular, imediato e de forma direta, por isso requerem
que a sua chefia esteja disponível e que o permitam estar focado no seu desenvolvimento e na
sua carreira. Quanto à componente de mecanismos de reconhecimento por parte das
organizações, esta geração veio baralhar estes mecanismos, pois como são cépticos
relativamente ao trabalho e às organizações, preferem terem tempo com a família e com
outros interesses fora do trabalho. Apreciam que lhe sejam dadas oportunidades de
desenvolvimento pessoal e profissional.
1.2.3 Generation Y
A Geração Y é muito influenciada pelos acontecimentos da década de 90 do Século
XX, nomeadamente a dissolução da União Soviética, a reunificação alemã e a queda das
repúblicas socialistas na Europa Oriental.
Na passagem dos anos 80 para os anos 90 e durante essa década, registou-se uma
consolidação do consumismo, com taxas de crédito baixas e uma grande pressão social para a
aquisição de bens e serviços em abundância, o que gerou uma percepção de prosperidade.
Uma sociedade com uma mudança de valores que preferia recorrer ao crédito do que efectuar
a poupança, influenciada pelas grandes marcas de empresas multinacionais, com um
marketing agressivo que começou a segmentar o mercado de consumo, criando vários nichos
explorando os interesses específicos de cada consumidor.
A economia internacional beneficiou de alguma expansão e atuação global, contudo
não cresceu como em outros períodos de igual abertura de mercados. Por outro lado, os
países emergentes focam-se na produção intensiva, com custos com o trabalho muito abaixo
das condições praticadas no resto do mundo.
Politicamente, os anos 90 foram de democracia expansiva. Os antigos países do Pacto
de Varsóvia efectuaram a sua transição de regimes totalitários para governos eleitos. O
mesmo ocorreu com países em desenvolvimento, como foram os casos de Taiwan ou Ilha
28
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Formosa, Chile, Indonésia. Mas o facto mais relevante, está no fim do regime de apartheid na
África do Sul e a transição pacífica para uma democracia com a eleição de Nelson Mandela.
A nível social a cultura jovem continuou a impor-se na produção e massificação
artística. Nesse sentido, ficaria para trás a preponderância dos ritmos pop dos anos 80, para
passar a uma maior diversificação de várias outras expressões musicais, onde se destaca o
Grunge em que a sua banda de referência são os Nirvana. Contudo a diversidade vem originar
fenómenos de grupos e “tribos” com orientações diferentes na sua interpretação da vida, num
universo social muito complexo que foi desde o superficialismo e consumismo até a
militância ambientalista e anti globalizante.
Existem nos grandes meios urbanos uma cada vez mais penetrante violência, muitas
vezes baseada na questão da droga e do aparecimento de gangs criminosos. É, igualmente,
um período em que aumenta as desigualdades sociais, havendo um crescimento da imigração
e das diferenças culturais, com algumas tensões raciais e étnicas.
Para esta geração, um dos factos mais relevantes será sempre a expansão da
tecnologia e dos meios de comunicação. Situação que os torna diferentes de todas as outras
gerações anteriores, porque a esmagadora maioria já nasce num contexto em que as
tecnologias de informação e comunicação já existem. Logo, condicionam desde o início da
sua vida a forma como interagem com o mundo e com os outros.
A geração Y julga as instituições pelo seu próprio mérito e a primeira razão para estar
num determinado emprego é o significado que atribuem ao seu trabalho (Lancaster e
Stillman, 2002).
Como principais traços, esta geração demonstra ter uma preocupação global e
integrada com o mundo onde vive. São indivíduos “ciber-letrados”, competentes nas
tecnologias de informação e comunicação. Tem como expectativa ter acesso a informação a
qualquer hora do dia, portanto disponíveis para estar sempre bem informados. São realistas e
provavelmente têm muita informação para poder gerir. São tolerantes e admitem a
diversidade, esperando que os outros também tenham esse comportamento. Têm uma
consciência ambiental e estão dispostos a experimentar sempre tudo o que possa ser
novidade.
Como estereótipos negativos são associados a esta geração que os seus elementos
desconhecem que têm falta de competências e que requerem uma informação excessiva.
Demonstram, também, uma grande dependência pelos meios de comunicação.
29
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Relativamente aos seus valores, são reconhecidos como valorizando a educação e um
equilíbrio no seu estilo de vida, sendo que o trabalho não é o mais importante para si.
Procurando sempre por novas oportunidades, apreciando tecnologias de ponta. Por isso, são
inovadores e representam uma força de trabalho muito diversificada. Igualmente, são
empreendedores e tendem a preconizar projetos pessoais na sua vida profissional (Lancaster e
Stillman, 2002).
Para a gestão destes elementos da geração Y dentro das organizações, é necessário
reconhecer que nem todos estão ao mesmo nível de formação, por isso é preciso ter em conta
a eventualidade de ter que formar alguns destes elementos. Contudo, devem ser formados em
módulos pequenos para captar melhor a sua atenção, com alguns testes de conhecimentos
para monitorizar a apreensão de informação, bem como, a necessidade desta passagem de
conhecimentos ser praticada de forma ligeira e divertida, por forma a ser mais efectiva a
respectiva aprendizagem. Há necessidade de os ajudar a visualizar como a formação poderá
ser aplicada no âmbito laboral e é necessário compreender que estes necessitam de aprender
numa base colaborativa.
Relativamente ao local de trabalho como instituição, esta geração tem como
expectativa a diversidade, tanto ao nível dos temas de trabalho, como na constituição das
equipas. A segurança pessoal é a principal característica valorizada, bem como, tudo o que
envolva a ligação com as tecnologias de informação.
Apreciam serem eles a ter a iniciativa de gerar um feedback de desenvolvimento e
consideram as ligações electrónicas (como os emails) e as newsletters para o efeito,
baseando-se que a informação deve ser muito visual. Sentem a necessidade de ter um papel
ativo na formulação dos seus planos de trabalho e desenvolvimento. Quanto à componente de
mecanismos de reconhecimento por parte das organizações, esta geração apenas aprecia que
lhe dêem um trabalho com um significado relevante, contudo são também caracterizados
como materialistas, particularmente interessados no estatuto e no prestígio das suas carreiras.
Consideram a mudança como algo positivo e desejável, por isso não demostram querer ficar
muito tempo com o mesmo trabalho e disponíveis para mudar frequentemente de empresas
para seguir as suas carreiras (Lancaster e Stillman, 2002).
Lancaster e Stillman assumem-se, como já tinha sido referido, como os autores de
referência nesta fase do trabalho, contudo fica evidente ao longo do trabalho que houve
confrontação com outras fontes. Pese, embora, este uso excessivo dos autores nomeados a
30
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
justificação encontra-se na importância que estes representam na abordagem seguida neste
estudo.
1.3 Coortes Nacionais
Considerando as coortes já assumidas, com as respectivas designações e períodos
temporais definidos, convém atentarmos à realidade portuguesa, na caracterização das
influências culturais das referidas gerações, dado que as situações económico-sociais e
políticas foram significativamente diferentes face às realidades já identificadas a nível
internacional.
Em Portugal, a geração Baby Boomer não resulta do fim da Segunda Grande Guerra
Mundial. De facto é uma geração muito marcada pelo regime político do Estado Novo, uma
ditadura pessoal, personalizada na figura de António Oliveira Salazar que orientou o país com
grande controlo, censura e repressão face a todas as opiniões e pensamentos divergentes. É
um período marcado por uma população jovem (a mais jovem da Europa), mas com grande
mortalidade infantil e com grandes índices de analfabetismo. Um país marcadamente isolado
da comunidade internacional, com um império colonial em África, na India e em Timor.
Sociedade rural, com grande influência da Igreja Católica, com famílias numerosas e
que se regista um fluxo migratório para as grandes cidades, nomeadamente Lisboa e Porto.
Sublinha-se nos anos 60 uma grande intensidade emigratória para os países europeus de mãode-obra não qualificada, sobretudo para França.
Em 1961 inicia-se a guerra colonial que durará 13 anos, representando cerca de
cinquenta por cento da despesa pública e mobilizando cerca de 200.000 de soldados em
armas por ano. Seria o princípio do fim do último império colonial (Barreto, 2002).
A geração X, em Portugal, será marcada pela revolução de Abril de 74. Um ponto de
viragem importante na vida política, com enorme influência na componente económica,
social e cultural. A democracia abre caminho para a liberdade de expressão e a condução de
um regime aberto à comunidade internacional, sobretudo com a entrada do País na
Comunidade Económica Europeia.
O fim da guerra colonial e o processo de independência das respectivas colonias, vem
trazer o fim de uma relação económica em que esses países contribuíam para a balança
comercial do país, mas a nível social representa um fluxo migratório para Portugal de um
grande número de pessoas que se chamariam “retornados” (cerca de 650.000 expatriados,
31
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
nomeadamente de Angola e Moçambique), que são os portugueses ou seus descendentes que
viviam nas províncias ultramarinas. A integração destas pessoas no seio da população
portuguesa veio causar alguma perturbação e conflitualidade, mas também ajudar a modificar
algumas das suas características, nomeadamente o empreendedorismo e um certo dinamismo
cultural.
Após o período revolucionário, marcado com grande efervescência social e política,
marcado por um período de alguma instabilidade, começou uma fase de normalização. Neste
período inicia-se um forte investimento nos campos da saúde, educação e em infra-estruturas.
Denotando-se a evolução de alguns índices de desenvolvimento, como um aumento da
esperança média de vida, uma menor taxa de mortalidade infantil, maior índice de
escolaridade, maior número de casas com esgotos, água e luz, bem como, um progressivo
aumento de estradas e transportes.
O papel da mulher na sociedade, também, se altera, aumentando a sua participação no
mercado de trabalho, começando a romper a hegemonia masculina em alguns setores de
actividade profissional. Regista-se um progressivo aumento da escolaridade feminina e
acesso a várias atividades sociais e culturais que estavam muito restringidas à presença
masculina (Barreto, 2002).
Os elementos da geração Y representam os filhos do 25 de Abril de 1974. São
portugueses que já nascem num regime democrático e que assistem a um período com
alguma prosperidade, nomeadamente com ciclos económicos favoráveis, mas também pelo
favorecimento que advém da entrada dos fundos europeus da Comunidade Europeia.
Socialmente inicia-se uma transformação significativa, através do surgimento de uma
classe média, com mais poder de compra, com mais instrução e, indubitavelmente com maior
acesso a informação.
Gradualmente o país passa a acompanhar o que se passa a nível internacional, tanto a
nível tecnológico, económico, como cultural. É um período do tempo em que a economia de
consumo começa a instalar-se, com todas as suas características.
As famílias passam a ser menos numerosas, crescem os divórcios e a diversidade
cultural também se faz sentir com fluxos migratórios de pessoas oriundas de outras partes do
mundo que fixam residência em Portugal, nomeadamente dos PALOPs, Brasil e países do
leste europeu.
32
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Portugal consolida a sua democracia e as suas instituições, passa a ter uma população
mais envelhecida, com índices menores de natalidade (Barreto, 2002).
Regista-se um aumento da população com mais escolaridade, havendo uma camada
jovem qualificada com formação superior que aproveita o programa Erasmus da União
Europeia para estudar fora do país. Existe mais interação com outros países na formação
destes jovens, proporcionando experiências e intercâmbios culturais no espaço europeu.
Esta abertura ao mundo vem proporcionar uma nova vaga de imigração de jovens à
procura de trabalho no estrangeiro, acentuando-se com o decurso da crise económica iniciada
em 2008, contudo desta feita o perfil do emigrante é bem diferente do que aconteceu no
passado, agora trata-se de jovens altamente qualificados. Esta situação está associada a ideia
de fuga de cérebros para fora do país, como resposta a um mercado de trabalho fechado e sem
grandes perspectivas.
Paralelamente são cada vez mais os portugueses a terem carreiras de sucesso a nível
internacional, comprovando a evolução social que foi possível durante os últimos 40 anos. O
próprio país revela uma dinâmica e uma transformação elevada nesse período de tempo,
deparando-se atualmente com um desafio sério para ultrapassar a crise económica que afeta
de forma generalizada a Europa, mas mais concretamente Portugal, Grécia e a Irlanda,
embora este última num patamar diferente de recuperação.
De facto, este é o cenário que impacta de forma relevante todas as gerações portuguesas no
imediato.
1.4. As Fases na Gestão de Recursos Humanos
Na sequência desta revisão bibliográfica, é conveniente no contexto desta dissertação
enquadrar a própria evolução da função de gestão de recursos humanos, identificando as suas
fases de evolução, no sentido de compreendermos que esta pode estar mais sensível ou não ao
tema em questão da diversidade geracional e a forma como pode usá-lo na adopção de
práticas adequadas para fazer face a esta situação.
Besseyers des Horts (1987) e Neves (2000) situam temporalmente a fase inicial da
função de recursos humanos entre o final do século XIX e os anos 60 do século XX,
identificando-a como “Administração do Pessoal”. Corresponde à necessidade das grandes
organizações em terem serviços especializados para tratar as questões sociais, como o caso
das remunerações ou as questões disciplinares. A sua atuação centra-se no cumprimento de
33
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
regras internas e da legislação, sendo que as suas práticas estavam limitadas ao recrutamento
à formação, numa lógica taylorista/fordista qualificação de mão-de-obra. Neste período os
trabalhadores
são
considerados
como
qualquer
matéria-prima,
numa
perspectiva
contabilística, como acontecia com qualquer outro recurso (Bilhim, 2004).
Uma nova fase impõe-se entre 1960 e 1980, com a função a entrar numa fase de
“Gestão do Pessoal”, em que os seus profissionais já não são tão ligados a perfis como exmilitares ou juristas, para começar a haver um interesse crescente na integração de psicólogos
e outros elementos com formação nas ciências sociais. A função adquire outro estatuto e o
seu âmbito torna-se mais generalista, com o intuito de promover a produtividade global da
empresa (minimizando os custos) e a desenvolver os trabalhadores, apostando na sua
motivação para que contribuam de forma decisiva para o desempenho da empresa, nesse
sentido as práticas dominantes são a formação e a promoção da participação (Besseyers des
Horts, 1987). Mas também, é neste período que se levam à prática a gestão de carreiras, o
aconselhamento profissional e se começa a ter outros critérios de recrutamento.
No início dos anos 80, a função evolui para “Gestão dos Recursos Humanos” ou
também designada “fase da gestão integrada” (Bilhim, 2004), como resposta a um contexto
macroeconómico claramente marcado pela era da globalização, das culturas de excelência e
de uma gestão mais focada no cliente. Segundo Tavares e Caetano (1999) a Gestão dos
Recursos Humanos distingue-se por “ colocar a ênfase na gestão da cultura, ao invés de se
centrar nas regras e nos procedimentos, e, ainda, pelo facto de se entenderem os Recursos
Humanos, e a vinculação destes à organização, como um dos principais factores da vantagem
competitiva”. Nesta fase os trabalhadores são encarados como um investimento e não como
um custo, passando a função de RH a ser partilhada entre os seus especialistas e os gestores
de linha, com vista a uma maior implicação e autonomia dos colaboradores. As políticas
adotadas neste período privilegiam para além da implicação, o desenvolvimento de
competências, o foco numa estratégia assente em valores organizacionais e a procura de uma
eficácia organizacional. As práticas reflectem uma abordagem centrada na flexibilidade e
polivalência dos papéis, na confiança, no envolvimento e num planeamento previsional de
recursos humanos proactivo e estratégico (Neves, 2000). Mas, também, através da gestão de
mobilidades, recrutamento e internacionalização dos recursos humanos para fazer face às
novas exigências de mercado, existindo uma crescente preocupação pela detecção de
potenciais na seleção de dirigentes.
34
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
A atual fase, “Gestão de Estratégica de Recursos Humanos, inicia-se com a entrada
nos primeiros anos de 1990, segundo Besseyre des Horts, correspondendo a novos desafios
impostos a uma sociedade em mudança, onde se destaca o crescente papel das tecnologias e
as alterações económicas e sociais. As pessoas são agora consideradas como um recurso e um
ativo estratégico que urge mobilizar e desenvolver, sendo que a função assume um estatuto
estratégico. A noção de competência torna-se central e as práticas são adaptadas a uma certa
personalização da relação entre o indivíduo e a organização, com vista a conciliar
expectativas e aspirações do pessoal com os condicionalismos da empresa, tendo por base “a
avaliação das pessoas, dos comportamentos e dos resultados e a detecção dos potenciais”
(Peretti,1998). Existe a preocupação de estabelecer, por parte desta função, uma parceria
estratégica com as diversas áreas de negócio que corresponda à necessidade estratégica de
desenvolver as pessoas com as competências necessárias para fazer frente aos desafios e,
assim, conseguir contribuir para a criação de valor no negócio. Tanto nas suas políticas, como
nas suas práticas, como observam Tavares e Caetano (1999), as perspectivas que dominam
nesta actual fase de recursos humanos são designadamente:
- Ligação entre os processos estratégicos da organização e o planeamento dos
recursos humanos;
- Desenvolvimento das políticas e da gestão dos processos de mudança;
- Identificação das capacidades e competências individuais e organizacionais;
- Identificação de relações contingências entre as estratégias da organização e as
práticas de Gestão de Recursos Humanos.
No fundo, esta fase está imbuída do conceito que a obtenção de vantagens
competitivas só é possível através das pessoas (Bilhim, 2004).
Em síntese, a função de recursos humanos evoluiu desde o final do século XIX até
hoje, passando pelas quatro fases anteriormente mencionadas. A atual fase da gestão de
recursos humanos, tendo em conta o papel que assumiu nas organizações tem em
consideração o tema da diversidade geracional, em particular, mas todo o tema da
diversidade, em geral, com muita atenção dado que este ponto está no cerne de todas as
mudanças sociais, económicas e tecnológicas vividas nas últimas décadas. De facto, a criação
de respostas a este tema estão na agenda de muitos gestores e dirigentes das organizações em
todo o mundo, sobretudo porque a identificação de práticas que sejam adequadas passam
35
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
sobretudo pela adaptação, mobilização, partilha e antecipação aos desafios que a diversidade
veio introduzir no contexto laboral.
Esses desafios são notórios na gestão previsional das competências, mas também a
outros níveis nomeadamente: no recrutamento e seleção; formação; gestão do desempenho e
desenvolvimento de carreiras; reconhecimento e padrões de trabalho; e estilo de gestão e
liderança. Estes são os temas em que precisamente vamos incidir a nossa pesquisa.
36
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
CAPITULO II - METODOLOGIA
A secção metodológica versa sobre a estratégia de análise de dados, as medidas
adotadas bem como o processo de constituição da amostra e escolha da organização para a
condução do estudo empírico. Previamente exporemos as opções de desenho da investigação.
Para efeitos deste trabalho iremos considerar as seguintes designações e respectivos
intervalos de anos, tal como consta na tabela 3.
Designação
Data
Matures
Baby Boomers
Generation X
Generation Y
Generation Z
1925–1945
1946–1964
1965–1980
1981–2000
2001–data atual
Quadro 2.1 – Designações geracionais e intervalo de datas
O presente trabalho irá incidir a sua atenção nas gerações que estão ativas no mercado
de trabalho, assim por razões diferentes tantos para os “Matures”, como para a “Geração Z”
optámos por não desenvolver a sua análise.
Para os efeitos deste estudo, vamos identificar para cada um destes grupos
geracionais, as suas expectativas e atitudes face:
Ao recrutamento e seleção;
À formação e o desenvolvimento de competências;
À gestão do desempenho e o desenvolvimento de carreira;
Ao reconhecimento e padrões de trabalho;
Ao estilo de gestão e liderança.
Ainda neste estudo é aferido como é gerido o conflito ou o potencial conflito
resultante da diferença de idades ou do efeito geracional dentro da organização.
A escolha dos referidos temas segue como referência um estudo publicado pela CIPD
(Chartered Institute of Personnel and Development), da autoria de Ema Parry e Peter Urwin,
em 2009, intitulado “Tapping into talent – The age factor and generations issues”.
Iremos trabalhar empiricamente um questionário a ser distribuído a uma amostra
representativa dos grupos geracionais numa empresa portuguesa do setor da energia, com
mais de 7000 colaboradores. A análise destes dados poderá proporcionar melhor
caracterização da população em causa, mais concretamente dentro de cada grupo geracional.
Respondendo às necessidades específicas de cada um deles.
37
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
2.1 A organização e o seu contexto
A Galp Energia é hoje o único grupo integrado de produtos petrolíferos e gás natural
de Portugal, com atividades que se estendem desde a exploração e produção de petróleo e gás
natural, à refinação e distribuição de produtos petrolíferos, à distribuição e venda de gás
natural e à geração de energia elétrica.
A empresa encontra-se focada nas suas atividades de exploração e produção,
nomeadamente após as descobertas de classe mundial no pré-sal da bacia de Santos, no
Brasil, e na bacia do Rovuma, em Moçambique. Com efeito, a atividade do negócio de
Exploração & Produção (E&P), o vetor de crescimento da Empresa, está centrada naqueles
países e em Angola, não obstante o facto de ter um portefólio diversificado por 10 países, que
inclui atualmente mais de 50 projetos. Com base em descobertas já realizadas, a Galp Energia
prepara-se para apresentar um crescimento de produção ímpar na indústria, e tem o objetivo
de produzir 300 mil barris de petróleo equivalente por dia (kboepd), ou seja, uma produção
mais de 10 vezes superior à atual.
O negócio de Refinação & Distribuição (R&D) está centrado na Península Ibérica,
apesar de a Empresa continuar a expandir a sua atividade de distribuição de produtos
petrolíferos em África. A Galp Energia detém duas refinarias com capacidade para processar,
no total, 330 mil barris de petróleo por dia (kbopd). A atividade de distribuição de produtos
petrolíferos posiciona a Empresa como um dos mais importantes players ibéricos.
A Galp Energia distribui e comercializa gás natural na Península Ibérica, e tem vindo
a consolidar a sua atividade no negócio de power. Através do negócio de comercialização de
gás natural, a Empresa conseguiu já posicionar-se como o segundo maior player no mercado
ibérico. A Galp Energia tem vindo também a apostar na atividade de trading de gás natural
liquefeito (GNL), tirando partido da atual dinâmica deste mercado a nível global.
Trata-se de uma empresa complexa com três grandes Unidades de Negócio e uma
estrutura de Serviços Corporativos transversais a estas, proporcionando o suporte necessário
às suas diversas atividades.
Mintzberg (2001, 2003) desenvolveu uma teoria que permite identificar como
funcionam as estruturas organizacionais, considerando a consistência entre parâmetros de
design e de fatores situacionais. Enquanto os parâmetros de design têm a ver como a
organização dispõe os seus meios, determinando como são divididas as tarefas e a sua
coordenação (o autor utiliza quatro agrupamentos para caracterizar este parâmetro: design das
38
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
posições; design da superestrutura; design dos vínculos laterais; design do sistema de tomada
de decisão), por outro lado, os fatores situacionais incluem quatro aspectos: idade e tamanho,
sistema técnico, ambiente e poder.
A consistência entre estes dois parâmetros determina qual o tipo de mecanismo de
coordenação adoptada pela organização e qual o seu ponto-chave. Dentro dos mecanismos de
coordenação, Mintzberg (2001) identifica seis configurações (ajuste mútuo, supervisão direta,
padronização dos processos de trabalho, padronização dos outputs, padronização das
habilidades e padronização das normas) e decompondo uma organização, defende a
existência de seis partes constituintes (cúpula estratégica, núcleo operacional, tecnoestrutura,
linha intermediária, assessoria de apoio e cultura).
Uma organização não é estática e para manter a sua consistência deverá saber adaptarse às diversas contingências com que se depara. O mecanismo de coordenação é a unidade
que lhe permite manter a sua unidade e poderá evoluir conforme as suas necessidades, o
mesmo acontecendo com o sistema de tomada de decisão, estando o poder em determinada
parte constituinte da organização. Nesse sentido, Mintzberg (2001) preconiza a existência de
cinco estruturas organizacionais básicas: estrutura simples, burocracia mecanizada,
burocracia profissional, estrutura divisionalizada e a adhocracia.
Caracterizando a estrutura organizacional da Galp Energia à luz da teoria de
Mintzberg podemos verificar que se aproxima mais de uma estrutura de Burocracia
Divisionada do que de uma Burocracia Mecanicista.
Isto porque a Burocracia Divisionalizada é composta por unidades semi-autónomas
que se encontram acopladas mediante uma estrutura administrativa comum.
Caracteriza-se por ser uma estrutura incompleta, porque cada unidade tem a sua
própria estrutura. Usualmente as unidades assumem a configuração da Burocracia Mecânica.
A sede é responsável, de entre outras coisas, pela coordenação das diferentes divisões, o que
possibilita a extensa amplitude do vértice estratégico.
A estandardização de resultados é o principal mecanismo de coordenação presente
nesta estrutura. Apresenta como chave da organização a linha hierárquica. O agrupamento
das unidades na base dos mercados, o sistema de controlo da realização e descentralização
vertical limitada são os principais parâmetros de concepção. Como contingências apresenta
os mercados diversificados, a idade da organização e dimensão, as necessidades que os
quadros têm em adquirir poder, e por fim, ser uma estrutura que se encontra na moda.
39
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Como esta estrutura, apresenta vários departamentos com grande autonomia, uns em
relação aos outros. Cada unidade apresenta o seu conjunto de regras e regulamentos para o
seu correcto funcionamento, sem contudo estar sujeita a regras, regulamentos, estratégia e
objectivos impostos pela administração central. A administração, de forma a assegurar um
bom desempenho das divisões, fornece serviços de apoio e faz avaliações constantes ao
desempenho de cada unidade.
A principal vantagem da Estrutura Divisionalizada, reside no facto da administração
se encontrar liberta dos problemas diários, permitindo à organização concentrar-se
essencialmente nos problemas de médio, longo prazo. Tal vantagem, surge da estrutura se
encontrar dividida por unidades que não representam mais do que outras pequenas
organizações.
Outra das grandes vantagens, surge das diversas unidades da organização, o que
permite caso alguma das unidades seja pouco produtiva ou eficiente ser “disfarçada”, no
conjunto, pelo desempenho de todas as unidades.
Como desvantagem, a Estrutura Divisionalizada apresenta elevados custos
organizacionais devido a possibilidades de duplicação de funções, o que inerentemente
diminui a eficiência da organização. Como existem várias unidades, esta estrutura tem
tendência a gerar conflitos entre as unidades que a constituem.
2.2 A amostra
Para o presente estudo aplicado à empresa referida, o processo de amostragem
contemplou 2834 colaboradores, sendo que o critério seguido foi utilizar o questionário a
todos os colaboradores abrangidos pelo processo de avaliação de desempenho, com correio
electrónico e retirando todos os colaboradores que não tenham naturalidade portuguesa.
Esta amostra abrange todas as Unidades de Negócio e Serviços Corporativos, não
fazendo qualquer distinção face à função e categoria dos colaboradores. Convém, referir que
o Sistema de Gestão de Desempenho abrange neste universo apenas os colaboradores
efectivos das Unidades Organizativas da Galp Energia. Exceptuam-se as Empresas com
modelos próprios de gestão de desempenho. Considera-se o período de 6 meses em
desempenho efectivo de funções como período mínimo para avaliação.
40
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Foi enviado um e-mail a todos os referidos colaboradores convidando-os a
colaborarem com este estudo, estando previsto um reforço de comunicação para proporcionar
uma boa taxa de resposta.
2.3 Desenho da Investigação
A natureza idiossincrática das gerações nas várias sociedades, não nos permitiu
admitir confortavelmente um paralelismo entre a realidade portuguesa e aquela que tem sido
mais estudada na literatura de raiz anglo-saxónica. Isto porque a construção dos valores que
definem as gerações e um processo eminentemente histórico-cultural, e a história portuguesa
moderna difere muito substancialmente da de outras sociedades estudadas neste contexto.
Nesse sentido, e assumindo que seria um risco maior adotar indiscriminadamente os
parâmetros e medidas disponíveis do que construi-las de raiz, adotamos neste estudo um
procedimento hibrido que encetou pela realização de entrevistas em profundidade para daí
derivar as medidas quantitativas.
Na fase qualitativa, optamos pela realização de entrevistas em profundidade com o
objetivo de cobrir os aspetos essenciais da GRH que pudessem refletir diferenciais de valores
geracionais. Utilizamos os resultados da análise de conteúdo destas, nomeadamente as
categorias relevantes inferidas, para informar a construção de um questionário. Ambos os
instrumentos de recolha de dados (guião de entrevista e questionário) serão caracterizados na
secção “instrumentos”.
2.4 Estratégia de análise de dados
Na fase qualitativa, a análise de dados consistiu numa análise de conteúdo, como
técnica de tratamento de informação, seguindo os preceitos de entrevistas do tipo semi
directivas. Nomeadamente, contemplando um conjunto de categorias como elementos-chave
para decifrar as várias cambiantes de linguagem de linguagem de pensamento dos
entrevistados, ajudando dessa forma a aplicar-lhe um filtro que possa fazer sentido,
encontrando uma explicação e apreensão do material obtido (Flick, 2005, p.193).
Na fase quantitativa, as análises de dados devem, por um lado, permitir o teste de
hipóteses bem como a avaliação da qualidade psicométrica das medidas usadas no estudo
empírico e, por outro, cumprirem com os seus requisitos de validade. Considerando a
natureza ipsativa de algumas escalas (Eijnatten, Ark & Holloway, 2014) não se afigura
41
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
recomendável o recurso a análise fatorial com o propósito de avaliar a sua validade de
constructo ainda que fossem identificadas soluções factoriais aparentemente válidas (Loo,
1999). Pese embora esta aparente fragilidade metodológica, a natureza das escalas ipsativas
permite atenuar vários enviesamentos nas respostas tais como o efeito de halo, o de
aquiescência ou a desejabilidade social (Bowen et al, 2002), omnipresente em estudos que
versem sobre valores. Em acréscimo, a natureza conceptual de “geração” tende a remeter
para valores, o que conforme desenvolvido na revisão de literatura, se prende com o
diferencial de escolhas de valores, ordenados numa escala de “mais prioritário” a “menos
prioritário”, e sempre tendo por base uma análise comparada. Desta forma a adopção de
escalas ipsativas oferece maiores garantias de qualidade psicométrica do que uma de Likert,
por exemplo porque ao forçar a resposta diferenciada entre os itens, promove-se uma maior
autenticidade dos valores realmente perfilhados pelo respondente (Meglino e Ravlin, 1998).
2.5 Instrumentos de Investigação
Guião de entrevista
Para estruturar os aspetos da GRH relevantes no quadro do estudo da diversidade
geracional, adotámos as dimensões do estudo Parry e Urwin (2009) validado pela CIPD
inglesa e que constitui o estudo de maior abrangência que encontramos. Nesse sentido, a
constituição do guião de entrevista cobriu os seguintes aspetos: a) Recrutamento e seleção; b)
Formação e desenvolvimento de competências; c) gestão do desempenho e desenvolvimento
de carreira, d) Reconhecimento e padrões de trabalho; e) Estilo de gestão e liderança e f)
perceção de diferenças geracionais.
Questionário
Competências – A variável “competências” foi medida por intermédio de sete itens,
todos salientes na análise de conteúdo das entrevistas. Nomeadamente, Liderança, Visão
estratégica, Trabalho em equipa, Comunicação, Autoconhecimento e desenvolvimento
pessoal, Competências técnicas e Competências em TIC. Esta escala tem a natureza ipsativa.
Feedback da chefia – Esta variável foi medida com base numa escala de Likert
compreendendo seis itens originais e que, após análise factorial devolveu uma solução
unifactorial de 4 itens com bons indicadores de validade (KMO=.743; teste de esfericidade de
Bartlett X2=537,189, 6, p<.000; .701<MSA<.800) e que explica 60.9% da variância total.
42
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Dois dos itens foram recodificados invertendo a escala para preservar o sentido logico da
resposta no bloco.
KMO and Bartlett's Test
Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy.
Approx. Chi-Square
Bartlett's Test of Sphericity
df
Sig.
,743
537,189
6
,000
Quadro 2.2 – KMO e teste de esfericidade de Bartlett (feedback da chefia)
Total Variance Explained
Initial Eigenvalues
Extraction Sums of Squared Loadings
Total
% of Variance
Cumulative %
Total
% of Variance
Cumulative %
1
2,439
60,981
60,981
2,439
60,981
60,981
2
,731
18,278
79,259
3
,482
12,042
91,301
4
,348
8,699
100,000
Extraction Method: Principal Component Analysis.
Component
Quadro 2.3 – Análise ACP total das variâncias explicadas (feedback da chefia)
Component Matrixa
10 - O feedback da minha chefia acontece: De forma direta e regular
Feedback da chefia dado de forma espontanea
10 - O feedback da minha chefia acontece: Sempre que eu preciso
Chefia tem tempo dedicado ao feedback
Extraction Method: Principal Component Analysis.
a. 1 components extracted.
Component
1
,858
,809
,755
,692
Quadro 2.4 – Análise da matriz de componentes (feedback da chefia)
Recrutamento – A variável “Recrutamento” foi medido por intermédio de treze itens,
todos salientes na análise de conteúdo das entrevistas. Nomeadamente, Formação técnica e
académica, Atividades extracurriculares, Multidisciplinaridade, Orientação para resultados,
Pensamento inovador, Trabalho em equipa, Potencial de liderança, Saber comunicar,
Confiança em si mesmo, Projectar uma boa imagem de si, Valores éticos alinhados com a
empresa, Equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, e Humildade. Esta escala é de
natureza ipsativa.
Formação – A variável “Formação” foi medida por intermédio de oito itens, todos
salientes na análise de conteúdo das entrevistas. Nomeadamente, Atualização técnica,
Desenvolvimento de competências comportamentais, Componente técnica aplicada à prática,
Desenvolvimento pessoal, Conteúdos pedagógicos atractivos, Interacção com tecnologias de
43
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
informação, Relevância para a função, e Definição clara dos objetivos. Esta escala é de
natureza ipsativa.
Modalidade de formação – A variável “Modalidade de formação” foi medida por
intermédio de quatro itens, todos salientes na análise de conteúdo das entrevistas.
Nomeadamente, em Sala, E-learning, B-learning e Outdoor. Esta escala tem a natureza
ipsativa.
Carreira – A variável “Carreira” foi medida por intermédio de oito itens, todos
salientes na análise de conteúdo das entrevistas. Nomeadamente, Salário, Benefícios,
Incentivos, Autonomia, Satisfação, Trabalho com sentido, Equilíbrio vida pessoal e
profissional e Flexibilidade de horários. Esta escala é de natureza ipsativa.
Ambição – A variável “Ambição” foi medida por intermédio de cinco itens, todos
salientes na análise de conteúdo das entrevistas. Nomeadamente, Posição de liderança,
Reconhecimento da competência, Manter a posição, Aumentar o nível salarial, Nenhuma
(dado que já atingiu o que desejava). Esta escala é de natureza ipsativa.
Tempo dedicado ao trabalho – A variável “Tempo dedicado ao trabalho” foi medido
por intermédio de uma escala de frequência de 0 a 24 horas, com vista a identificar o número
médio de horas trabalhadas num dia.
Reconhecimento – A variável “Reconhecimento” foi medido por intermédio de sete
itens, todos salientes na análise de conteúdo das entrevistas. Nomeadamente, Remuneração,
Elogios por parte da chefia, Autonomia, Dias de folga concedidos, Desafio, Benefícios e
incentivos, Promoção ou progressão na carreira. Esta escala é de natureza ipsativa.
Chefia – A variável “Chefia” foi medida por intermédio de treze itens, todos salientes
na análise de conteúdo das entrevistas. Nomeadamente, capacidade de liderança, visão de
negócio, saber comunicar, saber fazer juízos de valor, ética e valores, feedback,
disponibilidade, autonomia, responsabilizar, conseguir emergir novos talentos, motivar,
pessoa amiga, pessoa empática. Esta escala é de natureza ipsativa.
Relações profissionais – A variável “relações profissionais” foi medida por intermédio
de três itens, todos salientes na análise de conteúdo das entrevistas. Nomeadamente,
mantenho melhores relações com colegas mais velhos, com colegas da mesma idade ou com
colegas mais novos. Esta escala é de natureza ipsativa.
44
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Relações pessoais – A variável “relações pessoais” foi medida por intermédio de três
itens, todos salientes na análise de conteúdo das entrevistas. Nomeadamente, mantenho
melhores relações com colegas mais velhos, com colegas da mesma idade ou com colegas
mais novos. Esta escala é de natureza ipsativa.
Vida bem-sucedida – A variável “Vida bem-sucedida” foi medida por intermédio de
quatro itens, todos salientes na análise de conteúdo das entrevistas. Nomeadamente, sucesso
profissional, família constituída, autonomia financeira, fazer o que apetece. Esta escala é de
natureza ipsativa.
Remuneração – A variável “Remuneração” foi medida por intermédio de uma escala
de frequência dividida entre a componente de remuneração fixa e variável, com vista a
identificar a preferência da sua distribuição, tendo em conta que o total deverá totalizar
100%.
45
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
46
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
CAPITULO III - RESULTADOS
Considerando as abordagens revistas na literatura, as gerações têm sido definidas quer
por intermédio do período de nascimento quer dos valores que perfilham e que são
distintivos. Ambas as variáveis têm sido utilizadas de forma emparelhada embora isso possa
ser alvo de crítica (Real, Mitnick e Maloney, 2010). Face ao exposto, optámos por não
assumir o pressuposto de associação entre idade e perfil de valores mas sim por testar esta
associação, pelo que passamos a diferenciar conceptualmente “geração cronológica” de
“geração ontológica”.
A variável “geração cronológica” foi operacionalizada por intermédio de intervalos
correspondentes aos predominantes na literatura, e tendo em consideração a natureza
histórico-cultural da sociedade Portuguesa, nomeadamente: Geração Baby Boomer ]19451963]; Geração X [1964-1978]; Geração Y [1979-2000].
A variável “geração ontológica” foi operacionalizada através de um critério teóricoempírico que consiste na atribuição do perfil de valores que, de acordo com a literatura, é
característico de cada geração. A variável adoptada para operacionalizar estes valores
consistiu na escala relativa à valorização do que constitui sinal de reconhecimento por parte
da organização bem como a que remete para o que é importante em termos de carreira.
Os perfis-típicos das gerações são então (a tabela assinala com o um X os que deverão
obter valores de ordenação superiores):
Variáveis das escalas C e R
Salário (C)
Remuneração (R)
Benefícios (C)
+ Benefícios e incentivos (R)
Incentivos (C)
+ Benefícios e incentivos (R)
Autonomia (C)
+ Autonomia (R)
Satisfação (C)
Trabalho com sentido (C)
Equilíbrio vida pessoal e profissional (C)
Dias de folga (R)
Flexibilidade de horários (R)
Desafio (R)
Promoção ou progressão na carreira (R)
Elogio da chefia (R)
Baby Boomers
]1945-1963]
N=139
X 2.64b (33%)
X 2.47a (35,3%)
X 3.73 b (46,6%)
4.49 (64,1%)
4.64 (58%)
4.49 (64,1%)
4.31 (53,9%)
3.23 (46,1%)
X 3.02 a (37,8%)
4.47 a (55,9%)
5.96 b (74,5%)
6.97 (99,6%)
7.23 (90,4%)
3.47 (49,6%)
X 3.39 b (48,4%)
X 4.38 (62,6%)
Geração X
[1964-1978]
N=194
X 3.12 (39%)
X 2.87a (41%)
X 4.88 (61%)
4.67 (66,7%)
X 5.36 b (67%)
4.67 (66,7%)
X 4.59 (57,4%)
3.28 (46,9%)
X 2.36 a(29,5%)
3.82 a (47,8%)
4.93 (61,6%)
6.70 (95,7%)
6.93 (86,6%)
3.43 (49%)
2.76 (39,4%)
4.29 (61,3%)
Geração Y
[1979-2000]
N=115
2.84 (35,5%)
2.64 (37,7%)
X 4.69 (58,6%)
4.57 (65,3%)
4.64 (58%)
4.57 (65,3%)
5.18 b (64,8%)
3.97 b (56,7%)
X 2.47 (30,9%)
X 4.15 (51,9%)
X 4.94 (61,8%)
X 6.45 a (92,1%)
X 6.87 (85,9%)
X 3.74 (53,4%)
2.57 (36,7%)
4.05 (57,9%)
ANOVA
F (2, 445)=3.359, p<.05
F(2,445)=3.273, p<.05
F (2, 445)=19.267, p<.01
F (2, 445)=8.097, p<.01
F (2, 445)=7.495, p<.01
F (2, 445)=7.753, p<.01
F (2, 445)=5.145, p<.01
F (2, 445)=3.158, p<.05
F (2, 445)=12.381, p<.01
F (2, 445)=3.154, p<.05
n.s.
n.s.
F (2, 445)=8.695, p<.01
n.s.
Quadro 3.1 – Análise ao perfil de valores da amostra (escalas ligadas ao item de Carreira e de Reconhecimento)
Nota: a escala C contém 8 itens para ordenar enquanto a escala R contém 7.
Post hocs: a = diferem entre si; b= difere dos restantes valores
47
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Ponderados todos os casos, procederemos à análise descritiva das gerações. Esta
análise, por um lado, deve contemplar os valores médios absolutos para cada variável no
quadro dos itens que os respondentes tiveram de ordenar nas duas escalas. Salienta-se que os
valores mais baixos representam os itens mais valorizados. De forma complementar,
considerando o objetivo de diferenciar as gerações entre si, afigura-se necessária a análise das
estatísticas de teste ANOVA que compararam as médias entre gerações para cada um destes
itens.
Para todas as células constantes no quadro anterior (quadro 3.1) nota-se uma
amplitude de respostas balizada inferiormente e superiormente para a escala C entre os
valores 2.36 e 7.23, e para a escala R entre 2.47 e 6.97, respetivamente numa amplitude de 18 e 1-7. Tal significa que nenhum dos valores tende a ser único dominante para nenhuma das
gerações (caso em que a média coincidiria com o valor 1) até porque os mais valorizados
situam-se a dois terços da escala. Em acréscimo, nem estes valores são consistentemente
desconsiderados pelas gerações (caso em que o seu valor médio rondaria o 14).
Para os baby boomers, os valores mais fortemente considerados (dentre as três
primeiras posições do ranking) foram a remuneração e salário, seguidos da satisfação e da
promoção/progressão na carreira.
Em termos lógicos, os valores que constituem marcadores geracionais (assinalados
com um x) devem posicionar-se tendencialmente mais perto do pólo de maior importância
(portanto, com valores médios de ranking mais baixos). A reordenação de cada uma das
gerações tomando por base este ranking permite apreender até que ponto esse pressuposto se
reflectiu em termos empíricos (vide quadros 3.2, 3.3 e 3.4).
Baby Boomers
]1945-1963] N=139
Variáveis / Gerações
Remuneração (R)
Salário (C)
Satisfação (C)
Promoção ou progressão na carreira (R)
Desafio (R)
Benefícios (C) +
Benefícios e incentivos (R)
X
X
X
X
X
Autonomia (C) +
Autonomia (R)
Elogio da chefia (R)
X
Trabalho com sentido (C)
Incentivos (C) +
Benefícios e incentivos (R)
Equilíbrio vida pessoal e profissional (C))
Dias de folga (R)
Flexibilidade de horários (R)
a
2.47 (35,3%)
b
2.64 (33%)
a
3.02 (37,8%)
b
3.39 (48,4%)
3.47 (49,6%)
b
3.73 (46,6%)
4.49 (64,1%)
4.31 (53,9%)
3.23 (46,1%)
4.38 (62,6%)
a
4.47 (55,9%)
4.64 (58%)
4.49 (64,1%)
b
5.96 (74,5%)
6.97 (99,6%)
7.23 (90,4%)
Quadro 3.2 – Análise ao perfil de valores da amostra (Baby Boomers)
48
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
11/13 pontos de match = 85% de posicionamentos observados iguais aos previstos
Geração X
[1964-1978] N=194
Variáveis / Gerações
Satisfação (C)
Promoção ou progressão na carreira (R)
Remuneração (R)
Salário (C)
Autonomia (C) +
Autonomia (R)
Desafio (R)
Trabalho com sentido (C)
Elogio da chefia (R)
Incentivos (C) +
Benefícios e incentivos (R)
Benefícios (C) +
Benefícios e incentivos (R)
Equilíbrio vida pessoal e profissional (C))
Dias de folga (R)
Flexibilidade de horários (R)
X
X
X
X
X
X
X
2.36 a (29,5%)
2.76 (39,4%)
2.87a (41%)
3.12 (39%)
4.59 (57,4%)
3.28 (46,9%)
3.43 (49%)
3.82 a (47,8%)
4.29 (61,3%)
5.36 b (67%)
4.67 (66,7%)
4.88 (61%)
4.67 (66,7%)
4.93 (61,6%)
6.70 a (95,7%)
6.93 (86,6%)
Quadro 3.3 – Análise ao perfil de valores da amostra (Geração X)
10/13 pontos de match = 77% de posicionamentos observados iguais aos previstos
Variáveis / Gerações
Satisfação (C)
Promoção ou progressão na carreira (R)
Remuneração (R)
Salário (C)
Desafio (R)
Autonomia (C) +
Autonomia (R)
Elogio da chefia (R)
Trabalho com sentido (C)
Incentivos (C) +
Benefícios e incentivos (R)
Benefícios (C) +
Benefícios e incentivos (R)
Equilíbrio vida pessoal e profissional (C))
Dias de folga (R)
Flexibilidade de horários (R)
X
X
X
X
X
X
X
Geração Y
[1979-2000] N=115
2.47 (30,9%)
2.57 (36,7%)
2.64 (37,7%)
2.84 (35,5%)
3.74 (53,4%)
5.18 b (64,8%)
3.97 b (56,7%)
4.05 (57,9%)
4.15 (51,9%)
4.64 (58%)
4.57 (65,3%)
4.69 (58,6%)
4.57 (65,3%)
4.94 (61,8%)
6.45 a (92,1%)
6.87 (85,9%)
Quadro 3.4 – Análise ao perfil de valores da amostra (Geração Y)
3/13 pontos de match = 23% de posicionamentos observados iguais aos previstos
Descritivas
Para as variáveis sob análise importa caracterizar os grupos de respondentes,
nomeadamente para as ordenações médias nos perfis de competências a desenvolver, na
importância de determinadas práticas de recrutamento e selecção, na valorização da
formação, na preferência pelo tipo de acção de formação, na valorização da carreira e na
ambição profissional.
49
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Variáveis
Liderança
Visão estratégica
Trabalho em equipa
Comunicação
Auto-conhecimento e
desenvolvimento pessoal
Técnicas
Informática e Tecnologias de
Informação
Baby Boomers
]1945-1963]
N=139
3.11 (.167)
2.83 (.148)
3.35 (.129)
3.68 (.128)
Geração X
[1964-1978]
N=194
2.98 (.127)
2.90 (.115)
3.43 (.105)
3.47 (.105)
Geração Y
[1979-2000]
N=115
3.47 (.178)
3.18 (.171)
3.51 (.138)
3.43 (.148)
4.01 (.163)
3.65 (.147)
3.77 (.197)
5.20 (.148)
5.38 (.113)
4.62 (.178)
5.81 (.135)
6.18 (.098)
6.02 (.141)
Quadro 3.5 – Análise das descritivas (Desenvolvimento de competências)
Considerando as variáveis de desenvolvimento de competências, podemos verificar
que todas as gerações valorizam a Visão Estratégica, enquanto a geração Baby Boomer e a
geração X têm em consideração a componente de Liderança. Por seu lado, a geração Y realça
a competência de comunicação. Em todas as gerações, também se encontra um ponto em
comum, quando todas classificam as competências de Informática e Tecnologias de
Informação em último lugar do ranking.
Variáveis
A sua formação técnica e académica
As suas atividades extra-curriculares
A sua multidisciplinaridade
O ter orientação para resultados
O seu pensamento inovador
A sua capacidade de trabalho em
equipa
O seu potencial de liderança
O saber comunicar
A confiança em si mesmo
O saber projetar uma boa imagem de
si
O ter valores e ética alinhados com a
empresa
O seu equilíbrio entre a vida pessoal
e profissional
A sua humildade
Baby Boomers
]1945-1963]
N=139
3,14 (,209)
9,42 (3,14)
5,42 (,249)
5,17 (,230)
5,20 (,227)
Geração X
[1964-1978]
N=194
3,81 (,234)
9,99 (,257)
5,10 (,221)
5,28 (,187)
6,19 (1,92)
Geração Y
[1979-2000]
N=115
3,33 (,289)
9,18 (,353)
5,14 (,293
4,82 (,233)
6,69 (,271)
4,27 (,206)
3,96 (,177)
4,36 (,216)
7,53 (,266)
6,33 (,225)
7,35 (,234)
7,74 (,211)
5,91 (,196)
7,59 (,215)
8,23 (,242)
5,86 (,247)
7,93 (,267)
10,70 (,179)
11,05 (,143)
11,03 (,174)
6,56 (,311)
6,21 (,260)
6,71 (,354)
10,41 (2,34)
9,70 (,236)
9,76 (,299)
9,51 (,319)
8,46 (,256)
7,97 (,386)
Quadro 3.6 – Análise das descritivas (Mais importante no recrutamento)
Na análise das variáveis de recrutamento, podemos constatar que todas as gerações
valorizam aproximadamente as mesmas situações expostas, ou seja, todas valorizam em
primeiro a sua formação técnica e académica e em último aparece a característica pessoal
quanto ao saber projetar uma boa imagem de si.
50
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Variáveis
A atualização técnica
O desenvolvimento de competências
comportamentais
A componente técnica aplicada à
prática
O desenvolvimento pessoal
Ter conteúdos pedagógicos atractivos
A interação com as tecnologias de
informação
A relevância para a minha função
A definição clara dos objetivos a
atingir
Baby Boomers
]1945-1963]
N=139
3,47 (,147)
Geração X
[1964-1978]
N=194
3,73 (,134)
Geração Y
[1979-2000]
N=115
3,36 (,163)
3,90 (,160)
3,92 (,140)
4,41 (,179)
3,86 (,156)
3,81 (,130)
3,29 (,159)
3,56 (,165)
5,63 (,148)
3,39 (,136)
5,55 (1,36)
3,92 (,197)
5,37 (,177)
6,90 (,111)
7,12 (,049)
7,17 (,113)
3,47 (,183)
3,08 (,142)
3,38 (,197)
5,22 (,218)
5,40 (,174)
5,11 (,228)
Quadro 3.7 – Análise das descritivas (Mais valorizado nas ações de formação)
No que concerne às variáveis de acções de formação mais valorizadas, a geração Baby
Boomer, realça ex aequo a “Atualização técnica” e a “A relevância para a minha função”. A
geração X partilha com a geração anterior a variável “A relevância para a minha função”,
mas destaca por sua vez o “Desenvolvimento pessoal”. Igualmente a geração Y, valoriza “A
relevância para a minha função”, no entanto valoriza mais a “A componente técnica aplicada
à prática”. Todas as gerações colocam em último lugar das preferências as ações relacionadas
com “A interação com as tecnologias de informação”.
Variáveis
Em sala
Em formato de e-learning
Em formato de b-learning (blended /
misto em sala + e-learning)
Em outdoor
Baby Boomers
]1945-1963]
N=139
1,68 (,075)
3,35 (0,68)
Geração X
[1964-1978]
N=194
1,69 (0,62)
3,39 (,053)
Geração Y
[1979-2000]
N=115
1,90 (,084)
3,41 (0,71)
2,62 (,076)
2,60 (,068)
2,63 (,085)
2,36 (,099)
2,32 (,083)
2,06 (,111)
Quadro 3.8 – Análise das descritivas (Preferências pelo tipo de formação)
Quanto às preferências pelo tipo de formação, não encontramos diferenças entre
gerações na forma como ordenam as suas preferências. Apenas que a geração Baby Boomer
apresenta uma maior valorização da formação em sala do que as demais gerações e a geração
Y apresenta maior preferência para as formações em outdoor dos que as outras gerações.
Variáveis
Assumir uma posição de liderança
Alcançar o reconhecimento da minha
competência
Manter a minha posição
Baby Boomers
]1945-1963]
N=139
2,78 (,102)
Geração X
[1964-1978]
N=194
2,43 (,075)
Geração Y
[1979-2000]
N=115
2,14 (,085)
1,67 (,077)
1,54 (,057)
1,65 (,072)
3,35 (,078)
3,65 (,049)
3,85 (,035)
2,48 (,081)
2,43 (,062)
2,36 (,080)
Nenhuma (já atingi o que desejava)
4,73 (,076)
4,94 (,024)
*
Quadro 3.9 – Análise das descritivas (Ambição Profissional)
Aumentar o meu nível salarial
51
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
* Para a geração Y todos os respondentes colocaram a resposta (Já atingi o que desejava, não
tenho qualquer ambição profissional) em último lugar.
Abordando as variáveis da ambição profissional, podemos compreender que todas as
gerações pretendem “Alcançar o reconhecimento da minha competência” e estão também
alinhadas com a vontade de “Aumentar o meu nível salarial”. No final do ranking também
estão em concordância, quando colocam a preferência de “Nenhuma (já atingi o que
desejava)”, sendo mais expressiva, como salientámos, na geração Y.
Variáveis
Num dia típico da semana útil, o
tempo que dedico ao trabalho,
independentemente do local, é cerca
de....
Baby Boomers
]1945-1963]
N=139
Geração X
[1964-1978]
N=194
Geração Y
[1979-2000]
N=115
9,06 (,136)
9,63 (,115)
9,44 (,140)
Quadro 3.10 – Análise das descritivas (Tempo dedicado à vida profissional: horas médias num dia)
No tempo dedicado ao trabalho conseguimos distinguir que a geração X é aquela que
mais tempo empreende, seguido da geração Y e em último temos a geração Baby Boomer.
Embora todos admitam dedicar, em média, à volta de 9 horas de horas de trabalho.
Variáveis
A capacidade de liderança
A visão de negócio
Saber comunicar
Saber fazer juízos de valor (diferenciar
bem o que é bom ou mau)
Ter ética e valores
Baby
Boomers
]1945-1963]
N=139
2,25 (,176)
4,20 (,262)
4,23 (,192)
Geração X
[1964-1978]
N=194
Geração Y
[1979-2000]
N=115
2,07 (,114)
4,91 (,237)
4,27 (,163)
2,68 (,230)
5,58 (,308)
4,74 (,256)
6,51 (,231)
6,69 (,207)
6,67 (,260)
4,41 (,211)
4,44 (,198)
4,77 (,271)
7,51 (,218)
7,58 (,188)
6,45 (,270)
Ter disponibilidade
8,17 (,195)
8,76 (,167)
7,87 (,236)
Dar autonomia
6,58 (,228)
6,49 (,198)
6,85 (,261)
Responsabilizar e não culpabilizar
7,92 (,239)
7,58 (,197)
7,47 (,258)
Conseguir fazer emergir novos talentos
9,91 (,203)
9,84 (,183)
9,17 (,272)
Saber motivar
6,30 (,265)
5,98 (,228)
5,67 (,319)
Ser uma pessoa amiga
11,56 (,180)
11,30 (,165)
11,54 (,210)
Ser uma pessoa empática
11,45 (,206)
11,09 (,198)
11,54 (,242)
Quadro 3.11 – Análise das descritivas (O mais valorizado na chefia)
Dar feedback permanente
Nas variáveis que descrevem o que é mais valorizado numa chefia, as três gerações
confluem sobre “A capacidade de liderança”, sendo que a geração Y destaca-se por valorizar
de uma forma mais expressiva o “Dar feedback permanente”. No final do ranking encontra-se
novamente uma concordância intergeracional quanto ao que respeita às variáveis “Ser uma
pessoa amiga” e “Ser uma pessoa empática”.
52
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Quadro 8 – Forma de feedback da chefia
Variáveis
De forma direta e regular
De modo formal
De modo informal
Chefia tem tempo dedicado ao
feedback
Sempre que eu preciso
Feedback da chefia dado de forma
espontanea
Baby Boomers
]1945-1963]
N=139
4,06 (,123)
3,38 (,105)
4,03 (,115)
Geração X
[1964-1978]
N=194
3,90 (,102)
3,37 (,093)
4,03 (0,91)
Geração Y
[1979-2000]
N=115
3,84 (,134)
3,16 (,121)
4,19 (110)
4,16 (,116)
4,12 (,092)
4,16 (,118)
3,81 (,114)
3,61 (0,99)
3,50 (,137)
4,01 (,145)
4,25 (,109)
4,15 (,137)
Quadro 3.12 – Análise das descritivas (Forma de feedback da chefia)
Como forma de dar feedback, a variável “De modo formal” encontra a preferência de
todas as gerações em estudo, contudo destaca-se que a geração Y demonstra valorizar um
pouco mais as variáveis que versam sobre “Sempre que eu preciso”, bem como, “De forma
direta e regular”. Neste último ponto também a geração X aproxima-se da geração mais
jovem.
Mantenho melhores relações
profissionais (11)
e pessoais (12) com...
Baby Boomers
Geração X
Geração Y
]1945-1963]
[1964-1978]
[1979-2000]
N=139
N=194
N=115
11- mais velhos
2,32 (,063)
1,92 (,057)
1,67 (,072)
11- da mesma idade
1,64 (,060)
1,59 (,049)
1,70 (0,62)
11- mais novos
2,02 (,072)
2,47 (,050)
2,61 (,057)
12- mais velhos
2,27 (,057)
2,18 (0,53)
2,15 (,066)
12- da mesma idade
1,41 (0,54)
1,37 (,043)
1,29 (,052)
12- mais novos
2,30 (,066)
2,43 (,048)
2,54 (,056)
Quadro 3.13 – Análise das descritivas (Relações profissionais e pessoais)
Na análise das relações profissionais, constata-se que as gerações Baby Boomer e X,
preferem colegas da mesma idade, sendo por sua vez a geração Y a preferir as relações
profissionais com os mais velhos. No que respeita às relações pessoais, encontra-se uma
concordância em todas as gerações ao valorizarem mais os colegas da mesma idade.
Baby Boomers
Geração X
Geração Y
]1945-1963]
[1964-1978]
[1979-2000]
N=139
N=194
N=115
Ter sucesso profissional
2,25 (,079)
2,24 (0,63)
2,30 (,082)
Ter uma família constituída
1,90 (0,80)
1,75 (,060)
1,82 (,094)
Ter autonomia financeira
2,25 (,072)
2,23 (,060)
2,39 (,073)
Fazer o que me apetece
3,57 (,079)
3,62 (,065)
3,47 (,099)
Quadro 3.14 – Análise das descritivas (Uma vida bem-sucedida)
Variáveis
No quadro de valores sobre o que é uma vida bem-sucedida temos a variável “Ter
uma família constituída” em todas as gerações, assim como a menos valorizada está “Fazer o
que me apetece”, para todas as três gerações.
53
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Baby Boomers
Geração X
Geração Y
]1945-1963]
[1964-1978]
[1979-2000]
N=139
N=194
N=115
% Remuneração Fixa
80,00 (,962)
79,65 (,851)
81,20 (1,23)
% Remuneração Variável
20,00 (,962)
20,34 (,851)
18,79 (1,23)
Quadro 3.15 – Análise das descritivas (Preferência de distribuição da remuneração fixa e variável)
Variáveis
Descriptive Statistics
ger_etaria_2
1,00 14- % Remuneração fixa
N
Minimum
Maximum
Mean
Std. Deviation
139
40,00
100,00
80,1439
11,39830
14- % Remuneração variável
138
,00
60,00
20,0000
11,31242
Valid N (listwise)
138
194
50,00
100,00
79,6546
11,85532
14- % Remuneração variável
194
,00
50,00
20,3454
11,85532
Valid N (listwise)
194
115
35,00
100,00
81,2087
13,28203
14- % Remuneração variável
115
,00
65,00
18,7913
13,28203
Valid N (listwise)
115
2,00 14- % Remuneração fixa
3,00 14- % Remuneração fixa
Quadro 3.16 – Estatística descritiva (Preferência de distribuição da remuneração fixa e variável)
No que concerne à distribuição da remuneração fixa e variável, podemos constatar
que todas as gerações preferem ter uma maior fatia do seu rendimento como fixo, embora se
identifique que a geração X será aquela que está mais predisposta a ter um percentual maior
na sua remuneração variável. Esta situação é verificável tanto nos quadros dos médios por
geração, como na análise dos valores mínimos e máximos da avaliação das respostas por
geração.
Considerando agora as hipóteses formuladas, podemos passar agora ao respectivo
tratamento da informação.
Hipótese 1: As gerações diferem entre si quanto à concepção individual de uma vida
bem-sucedida
54
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Da aplicação de uma ANOVA tomando como variável de comparação a geração,
identificámos para cada um dos itens que caracteriza a concepção de sucesso na vida
estatísticas não significativas.
ANOVA
Para mim, uma vida bem sucedida é...
Sum of Squares
Between Groups
13- Ter sucesso profissional
,243
,121
Within Groups
361,148 445
,812
Total
361,391 447
1,795
13- Ter uma família constituída Within Groups
2
397,919 445
Total
F
Sig.
,150 ,861
,897 1,004 ,367
,894
399,714 447
Between Groups
1,402
2
Within Groups
307,346 445
Total
308,748 447
Between Groups
13- Fazer o que me apetece
Mean Square
2
Between Groups
13- Ter autonomia financeira
df
1,531
,701 1,015 ,363
,691
2
,765
Within Groups
412,183 445
,926
Total
413,714 447
,826 ,438
Quadro 3.17 – Anova (Para mim, uma vida bem sucedida é…)
Para mim, uma vida bem sucedida é... ger_etaria_2 Statistic Std. Error
13- Ter sucesso profissional
13- Ter uma família constituída
13- Ter autonomia financeira
13- Fazer o que me apetece
1,00 BB
2,2590
,07932
2,00 X
2,2474
,06374
3,00 Y
2,3043
,08209
1,00
1,9065
,08098
2,00
1,7577
,06447
3,00
1,8261
,09428
1,00
2,2590
,07245
2,00
2,3711
,06011
3,00
2,3913
,07379
1,00
3,5755
,07974
2,00
3,6237
,06527
3,00
3,4783
,09985
Quadro 3.18 – Análise das variáveis (Para mim, uma vida bem sucedida é…)
55
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Hipótese 2: Esta hipótese respeita o ambiente de trabalho quanto à carga de trabalho
reportada bem como as relações preferenciais intergeracionais. Assim sendo hipotetizase que:
Hipótese 2.1: A geração Y é a que reporta menor número de horas trabalhadas
enquanto a geração X é a que reporta maior número de horas trabalhadas.
Hipótese 2.2: Há diferenças geracionais quanto às preferências de relação
intergeracional.
Resultados H2.1:
ANOVA
7- Num dia típico da semana útil, o tempo que dedico ao trabalho, independentemente do local, é cerca de....
Tempo dedicado à vida profissional (horas médias num dia)
Sum of Squares
Between Groups
Within Groups
Total
df
Mean Square
F
25,481
2
12,741
1041,663
433
2,406
1067,144
435
Sig.
5,296
,005
Quadro 3.19 – Anova (Tempo dedicado à vida profissional)
Multiple Comparisons
Dependent Variable: 7- Num dia típico da semana útil, o tempo que dedico ao trabalho, independentemente do local, é cerca
de.... Tempo dedicado à vida profissional (horas médias num dia)
Scheffe
(I) ger_etaria_2
(J) ger_etaria_2
Mean Difference
Std. Error
Sig.
(I-J)
95% Confidence Interval
Lower Bound
Upper Bound
2,00 X
-,569*
,176
,006
-1,00
-,14
3,00 Y
-,378
,198
,162
-,86
,11
1,00 BB
*
,569
,176
,006
,14
1,00
3,00 Y
,191
,184
,584
-,26
,64
1,00 BB
,378
,198
,162
-,11
,86
-,191
,184
,584
-,64
,26
1,00 BB
2,00 X
3,00 Y
2,00 X
*. The mean difference is significant at the 0.05 level.
Num dia típico da semana útil, o tempo que dedico ao trabalho,
N
Min-Max
Mean
independentemente do local, é cerca de.... Tempo dedicado à vida
Std.
Deviation
profissional (horas médias num dia)
1,00 BB
133
5 - 13
9,06
1,566
2,00 X
189
6 - 16
9,63
1,575
114
5 - 14
9,44
1,494
3,00 Y
Quadro 3.20 – Análise estatística (Tempo dedicado à vida profissional)
56
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Resultados H2.2:
A ANOVA mostrou existirem diferenças significativas para preferências relacionais
de carácter profissional entre gerações.
ANOVA
Mantenho melhores relações profissionais (11) / pessoais (12) com...
Between Groups
11- Colegas mais velhos
Total
297,920 447
Within Groups
214,314 445
,482
Total
215,141 447
Within Groups
237,421 445
Total
262,748 447
,534
,497
Within Groups
228,114 445
,513
Total
229,107 447
2
,476
Within Groups
165,277 445
,371
Total
166,230 447
Between Groups
12- Colegas mais novos
,993
,953
3,627
2
1,813
Within Groups
217,943 445
,490
Total
221,569 447
Quadro 3.21 – Anova (Mantenho melhores relações profissionais)
57
,859 ,424
12,663 23,735 ,000
2
Between Groups
12- Colegas da mesma idade
2
Sig.
,608
,414
25,327
F
13,701 22,539 ,000
2
Between Groups
12- Colegas mais velhos
,827
Mean Square
2
270,517 445
Between Groups
11- Colegas mais novos
27,403
df
Within Groups
Between Groups
11- Colegas da mesma idade
Sum of Squares
,969 ,380
1,282 ,278
3,703 ,025
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Multiple Comparisons
Scheffe
Dependent Variable
(I)
(J)
ger_etaria_2
ger_etaria_2
Mean
Std.
Sig.
Difference (I-
Error
J)
profissionais com... Colegas mais
Upper
Bound
Bound
,08664 ,000
,1831
,6087
3,00
*
,64548
,09828 ,000
,4041
,8869
1,00
-,39591*
,08664 ,000
-,6087
-,1831
3,00
*
,24957
,09176 ,026
,0242
,4749
1,00
-,64548*
,09828 ,000
-,8869
-,4041
2,00
*
,09176 ,026
-,4749
-,0242
*
,08117 ,000
-,6448
-,2461
*
,09207 ,000
-,8148
-,3625
1,00
*
,44545
,08117 ,000
,2461
,6448
3,00
-,14316
,08596 ,251
-,3543
,0680
1,00
*
,58861
,09207 ,000
,3625
,8148
2,00
,14316
,08596 ,251
-,0680
,3543
2,00
-,12879
,07777 ,255
-,3198
,0622
3,00
-,23847*
,08822 ,027
-,4551
-,0218
1,00
,12879
,07777 ,255
-,0622
,3198
3,00
-,10968
,08236 ,413
-,3120
,0926
1,00
*
,23847
,08822 ,027
,0218
,4551
2,00
,10968
,08236 ,413
-,0926
,3120
3,00
-,24957
2,00
-,44545
1,00
3,00
-,58861
11- Mantenho melhores relações
profissionais com... Colegas mais
Lower
,39591*
2,00
velhos
Interval
2,00
1,00
11- Mantenho melhores relações
95% Confidence
2,00
novos
3,00
1,00
12- Mantenho melhores relações
2,00
pessoais com... Colegas mais novos
3,00
*. The mean difference is significant at the 0.05 level.
ger_etaria_2
Mean
Std. Deviation
11- Mantenho melhores relações profissionais com... Colegas mais velhos 2,3237
,74421
1,00 BB N=139 11- Mantenho melhores relações profissionais com... Colegas mais novos
2,0288
,85077
2,3094
,78803
11- Mantenho melhores relações profissionais com... Colegas mais velhos 1,9278
,80475
11- Mantenho melhores relações profissionais com... Colegas mais novos
2,4742
,69926
12- Mantenho melhores relações pessoais com... Colegas mais novos
2,4381
,68196
11- Mantenho melhores relações profissionais com... Colegas mais velhos 1,6783
,77853
11- Mantenho melhores relações profissionais com... Colegas mais novos
2,6174
,61534
12- Mantenho melhores relações pessoais com... Colegas mais novos
2,5478
,61049
12- Mantenho melhores relações pessoais com... Colegas mais novos
2,00 X N=194
3,00 Y N=115
Quadro 3.22 – Análise estatística (Mantenho melhores relações profissionais)
Mínimo e máximo cobriram os 3 pontos de ranking da escala ipsativa.
58
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Hipótese 3: Práticas de RH: Há diferenças geracionais quanto à importância dada às
práticas de RH.
No global, esta hipótese cobre cinco aspectos fundamentais para caracterizar as
políticas e práticas de GRH com um foco no desenvolvimento dos RH, nomeadamente as
preferências sobre que tipo de competências desenvolver, que enfoque na formação, que
perfis privilegiar em fase de recrutamento e selecção, que papeis de liderança e qual a
avaliação que fazem do feedback por parte das chefias. Para cada uma destas testámos os
valores entre as três gerações identificadas.
Hipótese 3.1: Há diferenças geracionais quanto às práticas de desenvolvimento de
competências.
Considerando os sete itens em separado, as ANOVAS evidenciaram diferenças apenas
para o grau de importância atribuída às competências técnicas [F(2, 447)=7,234, p<.01] (Y
difere de BB e X) (Y=4,62 mais valorizado do que BB=5,20 e x=5,38).
Hipótese 3.2: Há diferenças geracionais quanto às práticas de recrutamento e selecção.
A ANOVA evidenciou diferenças para o grau de importância atribuída aos seguintes
factores do recrutamento e selecção: “O seu pensamento inovador” (F(2, 447)=10,038, p<.01)
(BB=5,20 maior do de X= 6,19 e de Y= 6,69) e para “A sua humildade” F(2, 447)=5,676,
p<.01 (BB=9,51 menor de X=8,46 e de Y= 7,97).
Hipótese 3.3: Há diferenças geracionais quanto às práticas de formação.
A ANOVA evidenciou diferenças para o grau de importância atribuída à “A
componente técnica aplicada à prática” na formação (F(2, 447)=3,980, p<.05) (Y=3,36 maior
de BB=3,47 e X=3,73).
Hipótese 3.4: Há diferenças geracionais quanto às práticas de liderança
Resultados: A ANOVA indicou existirem diferenças significativas para a
“Capacidade de Liderança” (F(2, 447=3,363, p<.05) (BB=2,25 maior que X=2,7) “A visão de
negócio” (F(2, 447)=5,765, p<.01 (BB=4,22 maior que Y= 5,58), Dar feedback permanente”
59
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
F(2, 447)= 7,186, p<.01 (Y=6,45 maior que BB=7,51 e de X=7,58); “ter disponibilidade”
F(2, 447)=5,649, p<.01 (Y=7,87 maior que X=8,76).
Hipótese 3.5: Há diferenças geracionais quanto às percepções de feedback da chefia.
A ANOVA indicou não existir qualquer diferença estatisticamente significativa entre
os grupos etários (F (2, 447 = 0,238, p>.05) (X =3,97 Y=3,94 BB= 4,00).
Os testes das sub-hipóteses mostraram globalmente uma tendência para se
encontrarem diferenças significativas entre gerações com excepção das percepções de
feedback da chefia, e que mereceram equivalente avaliação dos respondentes.
60
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
CAPITULO IV – DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Tendo em conta a análise e o tratamento da informação obtida, cumpre reflectir sobre
as relações encontradas e os resultados nos vários quadros das hipóteses formuladas e o seu
respectivo enquadramento teórico.
A análise separada dos resultados previstos face aos observados por geração, e
tomando por referencial os marcadores, mostra claramente uma forte convergência entre os
dados e os resultados teorizados para a geração de BB, e que vai sendo menor à medida que
transitamos para a geração X e Y. Em termos reais tal mostra que, tomando por referência a
literatura e as caracterizações geracionais, afigura-se mais homogénea e consolidada a
caracterização de gerações mais antigas, até porque a Geração Y pode ainda não apresentar o
grau de homogeneidade axiológico que a permita identificar como uma entidade singular mas
sim uma entidade plural.
Hipótese 1: As gerações diferem entre si quanto à concepção individual de uma vida
bem-sucedida
Os resultados indicam que não há variações assinaláveis quanto à concepção de
sucesso na vida entre gerações.
Desta forma, podemos afirmar haver uma transversalidade na concepção do que é
uma vida bem-sucedida sendo que os resultados indicam ser a constituição de uma família o
critério mais valorizado, seguido do sucesso profissional, da autonomia financeira e no final,
muito distanciado, a liberdade para fazer o que apetecer. Isto, de alguma forma corrobora o
papel central que à família é atribuído (Lancaster e Stillman, 2002).
Hipótese 2.1: A geração Y é a que reporta menor número de horas trabalhadas
enquanto a geração X é a que reporta maior número de horas trabalhadas.
Os resultados corroboram parcialmente a H2 já que foram detectadas diferenças
significativas entre pelo menos duas gerações [F(2; 433)= 5.296, p<.01], sendo a geração X a
que efectivamente apresentou maior valor médio para horas de trabalho (X=9.6h/dia;
Estatística Scheffe = -.569, p<.01) quando comparada com a geração BB embora a geração Y
não tenha apresentado o valor relativamente mais baixo (manteve-se equivalente ao BB).
61
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Hipótese 2.2: Há diferenças geracionais quanto às preferências de relação
intergeracional.
As ANOVAS evidenciaram diferenças estatisticamente significativas para os casos de
ordenação de preferências na relações profissionais com colegas mais velhos [F(2,
445)=22,539, p<.01], com colegas mais novos [F(2, 445)=23,735, p<.01] e, nas relações
pessoais, com colegas mais novos [F(2, 445)=3,703, p<.05].
Da aplicação dos post hocs a cada um destes casos detectaram-se diferenças
significativas entre as três gerações para as preferências relacionais de carácter profissional
com mais velhos tendo o maior valor (maior preferência) ocorrido na geração Y (x=1.7) e o
menor na geração BB (x=2.3). Conclusão: À medida que se transita de uma geração mais
velha para outra mais nova, assim a preferência em trabalhar profissionalmente com alguém,
mais velho aumenta.
Em contrapartida, os resultados relativos aos testes post hoc aplicados à preferência
em trabalhar (profissionalmente) com alguém mais novo evidenciam diferenças entre a
geração BB e as restantes tendo esta obtido um valor médio mais elevado (maior preferência
em trabalhar com mais novos, x=2.0).
Para as relações pessoais, apenas foram detectadas diferenças no caso das relações
pessoais com colegas mais novos entre as gerações BB e Y. Neste caso é a geração BB a que
evidencia valores superiores assim mostrando em média maior preferência em relacionar-se
pessoalmente com colegas mais novos (x=2.3 para BB face a x=2.5 para Y).
Globalmente, estes resultados encontram eco no estudo de Parry e Urwin (2009) já
que defendem que a idade é um factor relevante nas relações entre pares em contexto de
trabalho.
Hipótese 3.1: Há diferenças geracionais quanto às práticas de desenvolvimento de
competências.
Os dados obtidos revelam que as diferenças geracionais, no que concerne às práticas
de desenvolvimento de competências são mínimas. No entanto, no que se relaciona com as
competências técnicas a geração Y destaca-se das demais. Esta situação corresponde com o
que defendem os autores (Lancaster e Stillman, 2002), pois esta geração valoriza a aquisição
de competências técnicas, no sentido da sua própria empregabilidade e pelo valor que dá ao
conhecimento contínuo.
62
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Hipótese 3.2: Há diferenças geracionais quanto às práticas de recrutamento e selecção.
Nas práticas de recrutamento, os itens que evidenciam diferenças geracionais têm a
ver com a existência de critérios de seleção que passem pelo pensamento inovador e pela
humildade do candidato. Em ambas, a geração Baby Boomer destaca-se das outras gerações
valorizando-as de forma diferenciada do que os restantes. Apesar de não estar claro na
bibliografia consultada, consegue-se inferir no trabalho de Lancaster e Stillman (2002) que
estes resultados podem estar em linha com pesquisas anteriores, se considerarmos que a
geração Y apresenta valores morais fortes, logo a humildade parece ser um destes pontos em
destaque, por outro lado, os mesmos autores apresentam a geração baby boomer como uma
das mais orientada para os seus resultados, mas que aprecia dedicar o seu tempo ao coaching
e a tutoria dos mais jovens elementos da organização. Nesse sentido levam em conta que as
gerações mais novas possam aportar valor com os seus novos conhecimentos e a capacidade
de gerar novas ideias perante paradigmas antigos.
Hipótese 3.3: Há diferenças geracionais quanto às práticas de formação.
Quanto às práticas de formação, apenas se regista uma diferença no que se aplica às
componentes de formação técnica aplicada à prática. Sendo que neste caso é a geração Y que
mais a valoriza perante as demais. Este resultado é coerente com o obtido na questão do
desenvolvimento de competências onde também a geração Y se destacou na procura de
competências técnicas. Nesse sentido, estes resultados corroboram a importância dada por
esta geração às questões técnicas, numa visão instrumental de início da sua carreira onde
aparentemente o mérito se equaciona pela competência técnica. No entanto e face aos
resultados da hipótese 3.2 há uma falta de correspondência entre esta premissa da
competência técnica e a maior valorização do pensamento inovador que a geração Baby
Boomers faz dos colaboradores da geração Y à entrada na organização. Alguns autores (e.g.
Twenge et al., 2010) afirmam que esta é uma geração mais preguiçosa e que não procura o
conhecimento, contudo estes resultados vêm ao encontro daqueles como Stillman (2002) que
defendem que se trata de uma geração nascida na era do conhecimento, o que encontra
correspondência nos resultados.
63
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Hipótese 3.4: Há diferenças geracionais quanto às práticas de liderança
Considerando as diferenças geracionais quanto às práticas de liderança, denota-se que
a geração Baby Boomer valoriza mais as capacidades de liderança que a geração X, assim
como existe semelhante diferença entre Baby Boomers e geração Y quanto à visão de
negócio, sendo que os primeiros a valorizam mais. No entanto, quanto ao feedback
permanente a geração Y valoriza mais do que as outras gerações. Por fim, quanto à variável
da disponibilidade é também a geração Y que valoriza mais do que a geração X. Estes
resultados são coerentes com a revisão de literatura no sentido em que identifica uma geração
Baby Boomer mais preocupada com a visão de negócio e com a capacidade de liderança
(Lancaster e Stillman, 2002), uma vez que as posições de liderança estão ocupadas
maioritariamente por elementos da geração Baby Boomer, enquanto se assiste a um maior
foco da geração Y nos pontos que concernem o feedback e a disponibilidade da chefia, que é
situação transversal a todos os autores citados na revisão bibliográfica dado que esta geração
precisa mais desta ferramenta do que os restantes.
Hipótese 3.5: Há diferenças geracionais quanto às percepções de feedback da chefia.
Todos os grupos geracionais confluem na percepção das práticas de feedback da
chefia, assim mostrando que existe uma política de feedback da chefia (ou uma cultura)
transversal na organização percebida por todas as gerações como equivalente. No entanto era
previsível, segundo a revisão de literatura, que a diferença entre a geração Y e as demais
fosse mais pronunciada (Lancaster e Stillman, 2002). Esta situação pode encontrar explicação
na aculturação da própria empresa, dado que a amostragem se centrou apenas numa única
realidade empresarial e deve-se considerar igualmente a maior valorização que a geração Y
realizou do valor de humildade. Assim ficando por esclarecer se este valor não estará
embutido por altura da socialização.
No global, a geração Y evidencia maior importância das competências e formação de
carácter técnico, assim como maior dependência da chefia. Em contrapartida, a geração mais
experiente valoriza a visão de negócio e o pensamento inovador, assim posicionando-se a um
nível supra-instrumental. Operam aparentemente duas subculturas com expectativas
divergentes quanto aos papéis das gerações mais extremadas. De salientar ainda, apesar de
não constituir objecto de estudo específico das hipóteses, que o valor médio das práticas de
feedback das chefias pode não ter variado entre gerações mas posiciona-se no ponto 4 de uma
64
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
escala de Likert de 6 pontos, o que evidencia confluência também no reconhecimento tácito
de oportunidades de melhoria.
65
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
66
A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
CAPITULO V - CONCLUSÕES
O presente estudo foi motivado por um lado pela contrastante diferença de
disponibilidade de literatura sobre a GRH enquadrada na diversidade geracional e a literatura
genérica sobre esta temática emergente e, por outro, pela possibilidade de conduzir um estudo
empírico que confronte as várias teses divergentes que sobre este assunto têm surgido na
literatura.
O estudo foi desenhado para testar empiricamente, de forma quantitativa, um conjunto
de hipóteses derivadas da revisão de literatura mas que careceu de uma análise prévia para
efeitos de ajustamento à realidade portuguesa. Ou seja, muita da literatura gerada, a quase
totalidade, tem-no sido no âmbito de países anglo-saxónicos, que têm instituídas políticas de
gestão da diversidade francamente diferenciadas da realidade portuguesa. Essas diferenças
ancoram nos diferentes percursos históricos e das sensibilidades geradas aquando da
integração de imigrantes de inúmeras proveniências.
Estas hipóteses dizem respeito a várias dimensões centrais na GRH com o enfoque no
desenvolvimento de RH. A saber, todos os aspectos que tipicamente são designados como
atrair, desenvolver e reter os recursos humanos de uma organização e que estão ligados a uma
fase de desenvolvimento da GRH como descrita anteriormente, citando o autor Besseyer des
Horts, como “Gestão Estratégica de Recursos Humanos”, aonde uma componente integrada
de práticas concorrem para o desenvolvimento e apoio do negócio.
No global, estas hipóteses espelham dois eixos centrais: um relativo ao
desenvolvimento dos recursos humanos (competências, formação, recrutamento e selecção),
outro relativo às práticas de liderança (feedback da chefia)
Não obstante, a diversidade na sua expressão etária, constitui um elemento cada vez
menos negligenciável, fruto não só do envelhecimento demográfico e do retardamento da
reforma como da maior heterogeneidade nos processos de socialização, decorrentes da
exposição da mass media ou outras fontes de socialização de carácter globalizado.
Desta forma, o estudo encetou com um conjunto de entrevistas para identificar dentro
das suas categorias, quais os itens que os colaboradores mais valorizavam para
posteriormente se encontrar, dentro deste contexto, quais as variáveis que interessavam
avaliar.
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A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
Com base nos resultados da análise de conteúdo destas, desenhámos um inquérito que
cobriu a avaliação de valores intergeracionais, tentando dessa forma averiguar o que cada
uma valorizava mais tendo em conta a sua percepção sobre cada assunto apresentado.
Os testes de hipóteses permitiram retirar três grandes conclusões.
Em primeiro, podemos constatar que de uma forma geral, não existem grandes
diferenças geracionais, na realidade em estudo face ao que encontrámos descrito na literatura
de cariz anglo-saxónica. Consideramos, por um lado, que o estudo terá como limitação a
realidade de se debruçar apenas numa empresa, podendo ficar refém de uma cultura
organizacional que poderá estar a aculturar todas as gerações num determinado padrão de
comportamento. Por outro lado, verificamos que o conceito de geração, per se, não representa
uma explicação para os comportamentos e preferências manifestadas, podendo ser explorado
melhor a questão da idade e das suas etapas de vida.
Como segunda conclusão, verifica-se que entre a geração Baby Boomer e a geração Y
existe maior proximidade, de uma forma reciproca, ao contrário do que existe com a geração
X, face às outras duas gerações. Contudo, existe um quadro de valores partilhados pelas três
gerações o qual não permite uma diferenciação entre as gerações em causa.
Por fim, a terceira conclusão, tem a ver com o fato que é possível fomentar políticas
de desenvolvimento com uma mesma abordagem para as três gerações, apenas considerando
algumas particularidades, como se verifica no caso do desenvolvimento de competências
técnicas para a geração Y e correspondentes acções de formação nesse sentido. De igual
modo, considerando as práticas de gestão, a terceira conclusão corre no sentido em que a
geração Baby Boomer valoriza mais a orientação para o negócio e os resultados, enquanto as
gerações mais novas vão valorizando cada vez mais a componente relacional, que permite
obter feedback e acompanhamento por parte dos superiores hierárquicos. Em suma, as
diferenças encontradas remetem para uma vertente instrumental de base que a geração Y
carece a par de uma maior relevância da dimensão social, mormente, fonte de aprendizagem
por via do feedback.
Existem, ainda, duas ilações que se podem retirar aquando da análise dos resultados.
Por um lado, os valores baixos de práticas de feedback, dado que este ponto acaba por ser
identificado transversalmente pelas três gerações, como elemento cuja recorrência
transgeracional pode denunciar uma falha permanente que se constitui, pelo seu padrão, como
um elemento estrutural organizacional. Adicionalmente, constitui resultado de relevo, a
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A Diversidade Geracional na Gestão de Recursos Humanos
geração mais velha (Baby Boomer) estar disponível para corresponder a uma das
necessidades da geração mais nova, ou seja, dar coaching e mentoring. Esta é uma ideia que
se encontra expressa neste estudo e poderá ser um bom desafio para motivar uma política
específica para as gerações mais experientes da organização, assim aproveitando um
momento geracional para alavancar o desenvolvimento dos recursos humanos.
Desta forma, não contrariando os estudos nos países anglo-saxónicos, consideramos
que a realidade portuguesa poderá justificar um enquadramento diferente face às
características descritas nas várias obras recenseadas no presente estudo. Consideramos
pertinente um estudo mais profundo à realidade portuguesa, envolvendo um maior número de
empresas e colaboradores, com uma representatividade geográfica para que seja possível uma
melhor compreensão da extensão dos fenómenos geracionais em contexto organizacional, em
ambientes culturais e profissionais diferentes. Por esta via cremos haver ainda muito
potencial de descoberta e desenvolvimento teórico.
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