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PIBID de História/UFSM: Algumas reflexões.

2015

PIBID de História/UFSM Algumas Reflexões PorRoselene Moreira Gomes Pommer¹, Julio Ricardo Quevedo dos Santos², AndreLuis Ramos Soares³ Resumo Abstract O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, subprojeto História, na Universidade Federal de Santa Maria foi instituído em 2009, ampliado em 2011 e reorganizado em 2014. Objetivando o estímulo e a promoção da formação de professores em História para a Educação Básica e tendo como aporte metodológico a Interdisciplinaridade, esse subprojeto já ofereceu oportunidades de vivências e experiências no ensino da História há mais de setenta acadêmicos. Esse trabalho pretende relatar a importância assumida pelo PIBID na valorização da docência entre os acadêmicos do Curso de História – Licenciatura e Bacharelado da UFSM. The Institutional Program Initiation Grant to Teaching, subproject history at the Federal University of Santa Maria was established in 2009, expanded in 2011 and reorganized in 2014. Aiming at stimulating and promoting the training of teachers in History for Basic Education and having as methodological approach the Interdisciplinary, this subproject has offered opportunities for experiences and learning in teaching of history for more than seventy scholars. This paper aims to describe the importance assumed by PIBID in valuing teaching among scholars of History Course Degree and Bachelor of UFSM. Palavras-chave:Ensino de História, Interdisciplinaridade, Realidade Escolar, Formação Docente. Keywords:History of Education, Interdisciplinary, Reality School, Teacher Training. 1 Professora de História CTISM/UFSM Professor do Departamento de História da UFSM 3 Professor do Departamento de História da UFSM 2 Revista do Lhiste, Porto Alegre, num.3, vol.2, jul/dez. 2015|352 Introdução O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) foi implantado pelo Ministério da Educação em 12 dezembro de 2007, através da Portaria de nº 38, para ser operacionalizado pela Secretaria de Educação Superior (SESu), pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Em 2009, foi proposto e aprovado junto a essa instância, o subprojeto “História e Educação: meandros do ensino formal”, a primeira proposta integrante doPIBID para o Curso de História – Licenciatura e Bacharelado, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Desde então, foram executados mais doissubprojetos do tipo, os quais já proporcionaram vivências docentes acerca de setenta acadêmicos do curso, além de reaproximar dez professores da rede pública estadual de ensino, do cotidiano da Universidade. Atualmente, o PIBID História conta com 22 Bolsistas de Iniciação à Docência (Bolsista ID), 03 Bolsistas Supervisores de Escolas, 02 Coordenadores de Área, atuando em duas escolas públicas estaduais localizadas em áreas periféricas diferentes de Santa Maria: a Escola Básica Estadual Dr. Paulo Devanier Lauda, situada na Cohab Tancredo Neves – zona oeste de Santa Maria – e o Colégio Estadual Profª Edna May Cardoso, na Cohab Fernando Ferrari, localizada na área leste de Santa Maria, onde estão sendo desenvolvidas atividades com estudantes do Ensino Médio e das séries finais do Ensino Fundamental.Juntamente com outros 13 subprojetos de cursos de licenciatura, integra o Projeto Institucional PIBID UFSM, cujomote tem sido o aporteteórico, técnico e metodológicopara a promoção de ações interdisciplinares. Para tanto, o PIBID História tem buscado, através das intervenções em sala de aula, das oficinas desenvolvidas nos contra turnos, das produções de materiais didáticos como maquetes e jogos pedagógicos, permeados pelo planejamento e pelas discussões e avaliações coletivas, aproximar os bolsistas da dinâmica complexa que a realidade escolar apresenta, possibilitando-lhes estratégias de superaçãodos desafios apresentados por essa realidade. Dessa forma, osubprojeto perpassa os interesses da UFSM em interligar seus três eixos formadores: ensino, pesquisa e extensão e ainda, atende osobjetivosapresentados no Plano Pedagógico do Curso de História, qual seja, proporcionar aos seus acadêmicos, maiores oportunidades para o desen- Revista do Lhiste, Porto Alegre, num.3, vol.2, jul/dez. 2015|353 volvimento de experiências e vivências em espaços escolares. A partir do exposto, esse trabalho pretenderefletirsobre a importância do PIBID para a valorização das atividades docentespor parte dos acadêmicos do Curso de História – Licenciatura e Bacharelado da UFSM.Para tanto, tomaremos como estudo de caso as ações pedagógicas desenvolvidas pelo subprojeto iniciado em 2014, tendo em vista a institucionalização do Programa na UFSM, a partir daquele ano. Considerações sobre o Subprojeto PIBID História 2014 A proposta do PIBID História ao pretender estimular e promover a formação de educadores para a Educação Básica tomoucomo aporte metodológico a Interdisciplinaridade, contemplandoos diferentes níveis de atuaçãopara apromoção de uma educação pública inovadora e de qualidade. Para que esse objetivo e essa proposta metodológica sejam efetivados, oferecendo diversas alternativas para os vários níveis de ensino (fundamental ou médio, levando em consideração legislação e embasamento), o subprojeto PIBID/Licenciatura em História busca se apresentar como um complemento amplo à formação didática e pedagógica dos licenciados, já que em suas atividades, tem procurado interagir com os vários atores do espaço escolar – alunos, professores, equipe diretiva, pais e bolsistas. Na percepção dos Bolsistas Supervisores, O que se percebe e diferencia o Projeto PIBID é a preocupação de que a vivência de situações de docência mais precoces instrumentalize o acadêmico para a experiência e o gosto de ser professor, que mostre o quão árdua é essa atividade, mas que pode ser também prazerosa por tratar do ser humano em formação (CAVALHEIRO e PEREIRA: 2013, p. 231). Para tanto,foi imprescindível remetermos os bolsistas às orientações contidas na legislação, desde aquelas constantes nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), níveis de ensino médio e fundamental, como as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN/96. Essas agem como norteadoras de propostas educativas, principalmente a partir de abordagens sobre temas transversais e leis que regulamentam o ensino da história e das culturas indígena, afro-brasileira e africana nas escolas. Revista do Lhiste, Porto Alegre, num.3, vol.2, jul/dez. 2015|354 Por isso, é necessário que durante o primeiro semestre de atividades do subprojeto, ocorra a preparação do grupo. Essa preparação envolve estudos, leituras e discussões sobre questões didáticas e pedagógicas relativas ao conhecimento histórico, com vistas ao amadurecimento das concepções de ensino e de aprendizagem e de sua importância nos espaços escolares. O fundamento da aliança entre teoria e prática no ensino da história,reside na possibilidade de aproximação entre pesquisa, ensino e função docente, pois, as relações entre “o saber acadêmico e o saber popular necessitam dialogar para que possam contribuir com a formação inicial dos futuros professores” (RAMOS e SARTURI: 2013, p.99). Assim, de março a junho de 2014 os bolsistas fundamentaram suas concepções teóricas através de discussões em seminários, tendo por base as leituras dos textos de Fernando Nicolazzi, Helena Mollo e Valdei Lopes de Araújo em Aprender Com a História? o Passado e o Futuro de uma questão (2012); Selva Guimarães Fonseca e Marcos Silva em Como ensinar História no século XXI: em busca do tempo entendido(2007); Dermeval Saviani e Newton Duarte em Pedagogia histórico-crítica e luta de classes na educação escolar (2012) e Ana Lúcia Faria em Ideologia no Livro Didático (1984). A importância desse momento inicial reside, também, na possibilidade de o grupo iniciar o processo de integração e interação, oqual resulta na organização de subgrupos para o planejamento e aplicação das atividades. Nesse aspecto, o planejamento das atividades pedagógicas se apresenta como elemento fundamental para a compreensão acerca da necessidade de organização que a função docente exige. Por fim, ainda como parte da preparação dos bolsistas para a proposição e aplicação das atividades, é promovida a cartografia dos espaços escolares. Essa é composta pelo reconhecimento espacial e estrutural das escolas e suas comunidades epelo levantamento de dados e informações a partir de pesquisas e entrevistas sobre as demandas e necessidades das mesmas. Seus objetivos são: possibilitar aos bolsistas elementos para a produção de conhecimentos acerca das realidades que envolvem as comunidades nas quais as escolas de atuação estão inseridas, permitindo-lhes embasamentos para a proposição e planejamento de atividades, além da compreensão acerca das relações entre as diversidades culturais e os processos históricos que envolvem os diferentes grupos sociais. A cartografia das escolas atendidas pelo PIBID História, realizada em 2014, possibilitou o contato inicial com as comunidades, apresentação dos Coordenadores de Área e Bolsistas IDs às equipes gestoras, bem como a organização e planejamento das primeiras atividades e serem deRevista do Lhiste, Porto Alegre, num.3, vol.2, jul/dez. 2015|355 senvolvidas, com base nas demandas escolares. A partir de então, foi possível iniciar a aplicação dos trabalhos propostos. Considerações sobre atividades desenvolvidas As atividades pedagógicas que o grupo integrante do PIBID História desenvolve desde 2014 se constituem de propostas aplicáveis em sala de aula a partir das realidades de cada escola, como: oficinas lúdicas para a discussão e a reflexão de temáticas trabalhadas nas aulas de história, exposições e reflexões a partir de maquetes em três dimensões, intervenções com jogos pedagógicos emateriais paradidáticos. Essas atividades demandam estudo, pesquisa e elaboração e, ao serem realizadas, recebem contribuições de conhecimentos construídos por outros componentes curriculares, como Filosofia, Sociologia, Geografia e/ou outras áreas do conhecimento, como a de Linguagens e suas Tecnologias. As maquetes tridimensionais são desenvolvidas para atuarem como alternativas didático-pedagógicas, com vistas a auxiliar e potencializar a capacidade de abstração espaço-temporal dos alunos e educadores, bem como, servir de instrumento facilitador na construção dos conceitos históricos e na melhoria da escrita, fundamentadas nas necessidades e realidade das comunidades escolares. São aplicadas a partir de métodos interdisciplinaresde aprendizagem e/ou, a partir de temáticas ligadas à transversalidade da educação patrimonial e/ou histórica. Revista do Lhiste, Porto Alegre, num.3, vol.2, jul/dez. 2015|356 Aplicação de atividade com maquetes. Fonte www.facebook.com/photo.php?fbid Durante os meses de janeiro e de fevereiro de 2015, os integrantes do PIBID História produziram quatro maquetes. Duas delas– espaço colonial e espaço da campanha – se somaram a maquete representativa das charqueadas, anteriormente produzida, para integrarem atividades relativas ao estudo da organização sócio econômica dos espaços do Rio Grande do Sul, no século XIX. Outra maquete representou a dinâmica social do Antigo Egito, para servir de apoio aos estudos sobre as primeiras sociedades de regadio, enquanto a quarta maquete buscou representar a organização espacial de um quilombo, no Brasil do século XVII, enfocando a dinâmica de Palmares, esta serviu para subsidiar os trabalhos relativos a estudos sobre a cultura afro-brasileira. Revista do Lhiste, Porto Alegre, num.3, vol.2, jul/dez. 2015|357 Aplicação de atividade com maquetes. Fonte www.facebook.com/photo.php?fbid As oficinas temáticas devidamente fundamentadas e referendadas, sobre temas diversificados, desde usos múltiplos de materiais didáticos pedagógicos, até a aplicabilidade de determinadas leis e diretrizes curriculares, acontecem em diferentes espaços, no contra turno das aulas regulares. Essas objetivampossibilitar o contato com diversas dinâmicas de funcionamento, com variados e múltiplos saberes, construídos pela e com a participação de estudantes com idades e turmas diferenciadas, através da abordagem de temas extraídos da Cartografia Escolar, pois, “oficinas e intervenções tem essa característica: provocar ideias, sendo um terreno fértil para novas práticas pedagógicas e dialógicas” (OLIVEIRA: 2013, p. 48). Uma dessas oficinas foi intitulada "Nascemos da mistura, então por que o preconceito?" e foi composta por três momentos. No primeiro, foi interpretada e discutida a música "Racismo é burrice" do cantor Gabriel, O pensador.No segundo momento, foi enfocado o preconceito como produto do senso comum, a partir de análises do processo histórico envolvendo o trabalho africano no Brasil Colônia. Para tanto, utilizou-se a maquete "Navio Negreiro", facilitando a compreensão, por parte dos estudantes, de referências acerca do cotidiano dos grupos africanos durante as viagens para a América e o processo de resistência decorrente da imposição das relações de trabalho escravo.Por fim, foi discutida a situação das crianças nos navios negreiros e a habilidade das mães em confeccionarem as bonecas Abayomi durante as viagens, encerrando com os estudantes produzindo alguns exemplares. Revista do Lhiste, Porto Alegre, num.3, vol.2, jul/dez. 2015|358 Aplicação de atividade. Fonte www.facebook.com/photo.php?fbid Já as intervenções sobre Patrimônio/Memóriautilizam as metodologias desenvolvidas pelaEducação Patrimonial e visam sensibilizar os educandos para a importância de seus bens pessoais e para a compreensão da memória coletiva como uma herança cultural. Acredita-se que a partir dos patrimônios locais, é possível problematizar a conservação, preservação e construção da autoestima de comunidades em situações de vulnerabilidade socioeconômica. Também é possível, a partir de atividades desse tipo, construir ações de valorização e cuidado para consigo, com a escola e com a comunidade, através do levantamento de saberes e festividades que integram o patrimônio intangível. Um exemplo de intervenções sobre a temática patrimonial foi a atividade “Meu querido diário: agentes históricos em sala de aula” que pretendeu estimular a valorização da história pessoal dos estudantes, bem como de suas representações, além de possibilitar estratégias para o aprimoramento da escrita, da leitura e da interpretação. Para tanto, foram realizados leituras e reflexões de trechos de diários de diferentes períodos históricos, produzidos por diferentes sujeitos. Na sequência, os alunos redigiram textos sobre o seu dia-a-dia. Por fim, foi realizada a confecção de diários. Revista do Lhiste, Porto Alegre, num.3, vol.2, jul/dez. 2015|359 Atividade de produção de diários. Fonte: www.facebook.com/groups Os jogos pedagógicospensados e produzidos pelos próprios bolsistas são instrumentos didáticos positivos no processo de construção de conhecimentos históricos. Baseados em textos sobre jogos como alternativa didática, esses se constituem de objetos lúdicos de aprendizagem que consideraram a faixa etária e nível de abstração dos alunos e possibilitam atividades interdisciplinares sobre temáticas relacionadas ao cotidiano dos estudantes. Um desses jogos, intitulado “Osmanlis: um jogo para entender o Oriente Médio”, oferece elementos para que os estudantes compreendam as relações entre as diversidades culturais e os processos históricos que envolvem os diferentes grupos humanos no Oriente Médio, bem como a importância das referências do passado para a produção de identificações sociais. A aplicação do jogo teve início com abordagens sobre a religiosidade no Oriente Médio. Foram discutidos os preceitos fundamentais das três religiões monoteístas: cristianismo, judaísmo e islamismo. Em seguida, abordou-se o surgimento do Império Otomano, sua expansão, vida palaciana e a política dos haréns. Concluiu-se a primeira parte com a extinção do império, após o fim da Primeira Guerra mundial, bem como a divisão do mesmo entre os vencedores, o que provocou o aumento das tensões políticas na área. Na sequência, foi feito um breve histórico do moviRevista do Lhiste, Porto Alegre, num.3, vol.2, jul/dez. 2015|360 mento sionista, com destaque para a criação do Estado de Israel e a partilha da região entre árabes e judeus, o que acirrou os conflitos na área. Nesse momento, foram trabalhadosconceito de identidade e a importância da liberdade de expressão para a afirmação dos indivíduos. O estudo foi concluído com a aplicação do jogo “Osmanlis”, criado para essa atividade, em formato de tabuleiro, com três equipes tentando chegar primeiro à Jerusalém, para reivindicarem a posse sobre o território. Com a chegada a essa, o jogador é levado a concluir a partilha da região entre os povos, a fim de garantir-se a paz na área. A atividade resultou no interesse dos estudantes pelo tema, conhecido através das mídias, mas não suficientemente compreendido. Além disso, o estudo da temática possibilitou a superação de ideias preconcebidas e, por vezes, preconceituosas acerca dos elementos culturais dos povos do Oriente Médio, estimulou a produção autônoma do conhecimento, através da pesquisa, reflexão e análise de textos e uma maior participação, por parte dos estudantes, na produção de novos conhecimentos. Já a intervenção “Da Pré-História à História: a importância da Cerâmica” pretendeu relacionar as técnicas de produção da cerâmica com o processo de sedentarização dos seres humanos, domesticação de plantas, aumento dos excedentes alimentares e a complexidade da vida social ocorrida ao longo do processo histórico, apontando para as modificações ocorridas nos padrões alimentares humanos e as transformações que tal processo causou nas relações interpessoais.Em primeiro momento foi realizada uma aula expositiva para a introdução breve sobre os materiais cerâmicos Guarani, transformações nos padrões de vida provocados pelo desenvolvimento da agricultura e dasedentarização, com apresentação de imagens relacionadas. Após, desenvolveu-se uma atividade prática, mais especificamente, uma oficina visando à confecção de peças cerâmicas. Sobre a possibilidade de construção do conhecimento histórico a partir das oficinas, os Bolsistas Supervisores analisam que a estratégia é adequada já que: O número menor de participantes, que em uma sala de aula, aliado a maior flexibilidade e dinâmicas mais atraentes, que se contrapõem ao que vimos nas salas de aula, onde além do número maior de alunos, há o horário longo, compartimentado entre as disciplinas, o regramento, as rotinas que engessam, o professor que tem que atender diversas turmas nos seus turnos (...) A mistura de alunos de diferentes idades dentro dos critérios de não seriação, rompeu com os formalismos da linearidade que o ensino formal propõe, trazendo ganhos de conteúdos e conhecimentos” (CAVALHEIRO e PEREIRA: 2013, p. 236) Revista do Lhiste, Porto Alegre, num.3, vol.2, jul/dez. 2015|361 Oficina de produção cerâmica. Fonte:www.facebook.com/groups Os estudantes mostraram-se entusiasmados pela atividade que uniu ações práticas a momentos de reflexões teóricas. Como forma de avaliação foram apresentadas imagens com elementos do período Neolítico, a partir das quais os alunos deveriam apontar as principais características e aspectos do período histórico analisado. As relações entre elementos representativos dos diversos tempos e espaços puderam ser identificadas, demonstrando a importância da aplicação de atividades lúdicas, para a construção do conhecimento histórico. Atividades como as relatadas são anualmente divulgadas e publicizadas através dos seminários institucionais que reúnem bolsistas de diferentes subprojetos. Como momentos de profícuas trocas de experiências, possibilitam aos participantes não somente a divulgação do que fora realizado,como também o acesso às sugestões e críticas que contribuem para o aprimoramento de seus trabalhos. Considerações sobre os resultados alcançados O PIBID/História tem se mostrado uma oportunidade importante para a formação docente dos licenciados, Revista do Lhiste, Porto Alegre, num.3, vol.2, jul/dez. 2015|362 possibilitando a esses o contato direto com a realidade escolar e com as exigências postas pela função educativa, antes mesmo do estágio curricular obrigatório. Assim, a participação no subprojeto proporciona aos graduandos um ambiente de formação mais complexo, com acesso a suportes e bases, inclusive teóricas, para que possam (re)pensar suas propostas educativas de maneira planejada, pois, ao invés de uma inserção direta e compulsória, como costuma ocorrer durante os estágios, é feita uma inserção gradual e autônoma. No entanto, as vantagens não são unilaterais. Para Fajardo e Lopes o impacto do PIBID/UFSM se dá, também, em relação às escolas parceiras, em três aspectos: O primeiro é o de aproximar a escola da universidade numa perspectiva diferente do que normalmente acontece, principalmente, nas pesquisas: a universidade (através dos seus estudantes e do coordenador de área) vai até a Escola Básica e permanece lá com uma expectativa, não só de levar os conhecimentos acadêmicos, mas também de uma aprendizagem compartilhada. O segundo diz respeito à possibilidade de juntos – escola e universidade – buscarem possíveis soluções para os problemas de ensino e aprendizagem. Finalmente, o terceiro é a valorização da carreira docente, principalmente no papel do professor supervisor. (2013, p. 24). No que se refere aos impactos das atividades propostas pelo PIBID/Históriapara a formação dos futuros educadores, destacamos: 1. A contribuição para a diminuição das distâncias entre conhecimento teórico e conhecimento prático; 2. A valorização das práticas docentes e da educação em geral; 3. A contribuição para a superação das dicotomias entre o “pensar” e o “fazer”; 4. A aproximação entre Universidade e Comunidade; 5. As oportunidades para formação continuada de professores da Educação Básica atuando na Rede Pública Estadual; 6. O aumento do interesse dos estudantes dos últimos anos da Educação Básica, pelo Ensino Superior; 7. O aumento do interesse acadêmico pela pesquisa docente; 8. O aumento da qualidade de formação de novos professores, com o acesso ao universo docente; 9. A percepção e o conhecimento sobre as realidades das comunidades escolares locais. O PP do Curso de História da UFSM prevê a formação de licenciados e bacharéis em História, em um tempo de cinco anos de atividades de iniciação à docência e à pesquisa. Contudo, nos anos anteriores a implementação Revista do Lhiste, Porto Alegre, num.3, vol.2, jul/dez. 2015|363 do PIBID, o que se podia verificar era a predominância de interesses pela pesquisa acadêmica, em detrimento de atividades docentes. As ações do PIBID/subprojeto História – 2014 têm contribuído para a mudança dessa situação, pois: 1. Oferece aos acadêmicos a oportunidade de aproximação com o universo prático docente; 2.Cria condições de efetivação da pesquisa docente; 3.Aproxima os conhecimentos teóricos e práticos; 4. Eleva o interesse dos acadêmicos por questões educativas, em especial por aquelas relativas às novas metodologias de ensino de história; 5. Insere os acadêmicos nas realidades estruturais e pedagógicas das escolas públicas de Educação Básica; 6. Transforma as práticas docentes em objetos de pesquisa acadêmica, com o aumento do número de Trabalhos de Conclusão de Graduação (TCG)1 relacionados à temática “História e Educação”; 7. Desenvolve habilidades para aplicação das competências pedagógicas aprendidas a partir do PIBID; 8. Publiciza a produção acadêmica desenvolvida a partir do subprojeto em revistas científicas e eventos de Educação; 9. Fomenta a pesquisa em todas as suas instâncias, estimulando o bolsista a ser agente de uma educação inovadora e de qualidade. Porém, algumas dificuldades ainda são encontradas. Em decorrência de décadas de minimização das atividades relativas à Educação, as ações docentes ainda carecem de maior consideração por parte do grupo de professores do Curso de História, o que poderia representar também, maior valorização do Projeto no meio acadêmico. Também, existem ainda algumas dificuldades estruturais e específicas vivenciadas em cada escola, que dizem respeito, em geral, a carência de espaços para armazenagem de materiais e para a realização de algumas tarefas, bem como relativas à pequena carga horária disponibilizada pelos currículos em relação ao componente de história. Considerações finais O PIBID História tem se mostrado uma alternativa positiva para a superação de problemas e carências que o Curso de História da UFSM tem apresentado em especial,aquele que diz respeito à valorização da pesquisa aca1 Em seis anos de atuação, o PIBID História estimulou a produção de trezeTCGs que tiveram como objeto de pesquisa e ensino da História, sendo dois específicos sobre o Subprojeto. Revista do Lhiste, Porto Alegre, num.3, vol.2, jul/dez. 2015|364 dêmica, em detrimento das práticas educativas. Com as experiências oferecidas pelo projeto, a Universidade tem podido oferecer a comunidade profissionais mais seguros, melhor preparados para enfrentarem as dificuldades apresentadas pelos universos escolares e conhecedores das mudanças sociais que a educação de qualidade deve promover, pois, “as discussões acadêmicas ganham significado quando imbricadas com as práticas pedagógicas e curriculares desenvolvidas no espaço da escola” (RAMOS e SARTURI: 2013, p. 99). O domínio da língua portuguesa em seus três níveis é de fundamental importância para a vida acadêmica dos bolsistas, quer seja desenvolvendo trabalhos em sala de aula, apresentando trabalhos em eventos acadêmicos ou produzindo materiais didáticos. A fala é a porta de entrada do bolsista no ambiente escolar e sua marca deixada em sala de aula. Ele deve saber articular e dominar a língua portuguesa, possibilitando um melhor aproveitamento de sua participação no projeto e facilitando a socialização com os alunos. A oralidade do bolsista é trabalhada em sala de aula, na prática como educador, reuniões do subprojeto com seminários de apresentação de textos e nas apresentações de trabalhos em eventos acadêmicos. As reuniões de estudos e de planejamento e avaliação de trabalhos, as quais ocorrem semanalmente, ajudam a criar um ambiente mais informal, onde o bolsista pode relatar suas experiências de sala de aula com o restante do grupo. A escrita e a leitura são indissociáveis, ou seja, uma pessoa que lê assiduamente terá uma boa compreensão e domínio da escrita. A leitura de livros e artigos é essencial para a formação do educador e o auxilia na melhoria de sua capacidade crítica, de compreensão de novas temáticas e de ampliação de seu vocabulário. A escrita deverá ser aplicada para a produção de materiais didáticos, relatórios e na formulação de artigos para revistas/periódicos ou anais de eventos. O material produzido pelo bolsista mostra o seu nível de conhecimento sobre determinado assunto, bem como o seu aprofundamento. Nesse processo a Universidade e as Escolas acabaram estreitando relações, estabelecendo um diálogo recíproco com a realidade escolar e realizando, em nível Institucional, uma discussão ampla acerca do processo de ensino-aprendizagem e suas abordagens metodológicas. Dessa forma, até mesmo aqueles que não se inseriram diretamente no subprojeto, estão sendo influenciados e levados a pensar a atividade educativa. Por fim, produção do PIBID, divulgada através dos artigos, anais, blog e comunicações em eventos, contribui para que a formação dos bolsistas se constitua em avanços, crescimento, aprendizagem, fundamentação teórica e valorização da profissão. Portanto, cumprindo os objetivos do projeto PIBID, de inRevista do Lhiste, Porto Alegre, num.3, vol.2, jul/dez. 2015|365 serir o acadêmico em seu futuro ambiente de trabalho, contribuindo para a formação do futuro educador. Ainda há muito a se fazer, mas os primeiros passos já foram dados. Acreditamos que com a continuidade do programa, um número maior de estudantes (acadêmicos e da Educação Básica), poderão se beneficiar e, desta forma, contribuir para a melhoria da qualidade da educação brasileira. Referências Bibliográficas CAVALHEIRO, Neda Maria. 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