Tainá Maria Silva
o
ficinas e depósitos ferroviários:
identificação e análise de
algumas companhias férreas
paulistas (1867-1930)
Eduardo Romero
Oliveira
Re sumo
Este trabalho teve como principal objetivo identificar e analisar
características materiais das oficinas ferroviárias construídas no
estado de São Paulo no período entre 1867 e 1930. A pesquisa se
justifica pela importância desse tipo de edificação e pela grande
lacuna de estudos nacionais em relação à arquitetura industrial,
principalmente relacionados às oficinas ferroviárias. Para o
levantamento, foram priorizadas as companhias de maior relevância
econômica e as que dispunham de maior número de documentação.
Foram consultados relatórios administrativos de algumas companhias
férreas paulistas a fim de identificar a localização de suas oficinas e
tratados ferroviários do século XIX para compreender alguns aspectos
da espacialização das oficinas e bibliografia nacional especializada em
arquitetura industrial e ferroviária. Este trabalho resultou em um
mapa de localização das oficinas encontradas, através do qual foi
possível identificar questões referentes à implantação, composição
arquitetônica, materiais e alguns fornecedores estrangeiros.
Palavras-chave
Edifícios industriais. Oficinas ferroviárias. Inventário.
HTTP://DX.DOI.ORG/10.11606/ISSN.2317-2762.POSFAU.2019. 145345
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 26, n. 48, e145345, 2019.
1
pós-
RAILROAD WORKSHOPS AND
DEPOSITS: IDENTIFICATION AND
ANALYSIS OF SOME SÃO PAULO
RAILROAD COMPANIES (1867-1930)
pós-
2
Abstract
The main objective of this paper was to identify and to analyze the
material characteristics of the railway workshops built in the State
of São Paulo between the 1867s and 1930s. This research is
justified by the importance of this type of construction and the
great gap of national studies about industrial architecture, mainly
related to the railway workshops. For the survey, we prioritized the
most economically important companies and those with the most
documentation. The administrative reports of some São Paulo
railway companies were consulted in order to identify the location
of their workshops; 19th century railway treatises were consulted
to understand some aspects of workshop space as well national
bibliography specialized in industrial and railway architecture. This
work resulted in a map of the location of the workshops found,
from which we were able to identify issues related to the
implantation, architectural composition, materials and some
foreign suppliers.
Keywords
Industrial buildings. Railway workshops. Inventory.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 26, n. 48, e145345, 2019.
Introdução
As oficinas ferroviárias desempenharam importante papel em tudo o que
concerne às ferrovias, tendo dado suporte à operação e expansão da malha
ferroviária. No estado de São Paulo, até as últimas décadas do século XIX, as
oficinas foram um dos poucos locais onde se desenvolveram atividades
industriais, com trabalhos de “fundição, manutenção e produção de
equipamentos pesados” (OLIVEIRA, 2012, p. 201).
A bibliografia especializada em arquitetura industrial e ferroviária tem escassas
referências sobre esse tipo de edifício. É conhecido o trabalho de Kühl (1998,
2009), que inaugura os estudos rigorosos sobre arquitetura ferroviária e que se
debruçou sobre as estações ferroviárias entre Santos e Rio Claro. Contudo, os
estudos acadêmicos não foram muito impulsionados desde então. As obras de
Bem (1998), Cruz (2007), Finger (2013), Guazzelli (2014), Lucas (2010),
Morais (2002), Moreira (2007), Silva (2014) e Souza (2015) realizaram estudos
de tipologia industrial ferroviária que privilegiaram estações e habitações, mas
não abrangeram as oficinas; e, quando o fizeram, trataram o assunto de
maneira superficial. Comparativamente, os estudos existentes são pontuais: há
a dissertação de Rita Francisco (2007), que aborda a tipologia das oficinas da
Companhia Mogiana, e os textos de Soukef (2016) e Torrejais (2016), que
analisam as diferentes fases das oficinas da CPEF em Jundiaí. Há outras
dissertações que tratam de história ferroviária ou patrimonial, mas não do
ponto de vista da história da arquitetura industrial.
Diante dessa deficiência bibliográfica a respeito do tema, este texto busca
exibir aspectos arquitetônicos e algumas questões referentes à importação de
projeto e materiais das oficinas ferroviárias de uma maneira ampla, de modo
que se possa despertar outros estudos. O objetivo é identificar as oficinas
ferroviárias paulistas com base nos relatórios das companhias férreas do estado
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 26, n. 48, e145345, 2019.
pós-
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Embora este texto não se concentre nas questões referentes à preservação,
notou-se uma carência na proteção desse tipo de edificação. No âmbito
nacional, 102 bens ferroviários foram protegidos pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN); dentre os quais 62 eram estações
ferroviárias e apenas três eram oficinas – as oficinas de Jundiaí, da Companhia
Paulista de Estradas de Ferro (CPEF) e, indiretamente, os edifícios na Vila de
Paranapiacaba e em Mairinque (incluída no entorno) (OLIVEIRA, 2017).
Ressalta-se que apenas as oficinas de Jundiaí foram objeto principal da
proteção, enquanto os demais tinham por foco as moradias e a estação
ferroviária, respectivamente. O próprio termo “oficina” não é encontrado na
lista de bens tombados do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT). Na
maioria das situações foi utilizado o termo “conjunto da estação” para se referir
às várias edificações que pudessem compor um complexo ferroviário a partir da
estação, mesmo quando dela fazia parte algum depósito de locomotivas ou
oficina de manutenção – como é o caso das oficinas de Botucatu. Tudo isso
denota que esta tipologia não é objeto de proteção específica em São Paulo ou
no Brasil – inclusive comparativamente aos prédios ferroviários (como estações
de passageiros) ou mesmo conjuntos ferroviários.
e caracterizar, ainda que superficialmente, as oficinas das três maiores
companhias. O recorte temporal adotado foram os anos entre 1867 e 1930,
período de maior expansão ferroviária no estado paulista e que concentra as
construções das oficinas estudadas.
Oficinas ferroviárias
pós-
4
1
Eram professores da École
Nationale des Ponts et
Chaussées , entre outros
autores: Charles Bricka (18451899); Louis Sévène (18231883); Romain Romandiere
(1809-1875); Pierre Dominique
Bazaine-Vasseur (1809-1893);
Charles-Joseph Minard (17811870); François Jacqmin (18201889).
Ressalta-se que não foi encontrada bibliografia brasileira que descreva com
detalhes o surgimento das oficinas ferroviárias, mas foram identificados os
tratados ferroviários como literatura que se ocupou em espacializar tais
edificações. Num levantamento feito nos acervos das bibliotecas das três
antigas escolas de engenharia no Brasil (Escola Politécnica do Rio de Janeiro/
1856, Escola Politécnica de São Paulo/1876 e Escola de Minas de Ouro Preto/
1876), constatou-se um volume expressivo desse tipo de bibliografia – a
maioria em língua francesa. As obras mais antigas nos acervos remontam a
1834: Leçons faites sur les chemins de fer à l’Écelle des ponts chaussées en
1833-1834, de Mirand; Manuel du constructeur de chemins de fer, de Ed Biot
(1834); e Traité pratique des chemins de fer, de autoria de Nicholas Wood – a
versão original era inglesa, de 1825. Esse último, no entanto, não tratou sobre
oficinas. Dentre aqueles que constam em todos os acervos consultados,
destaquem-se o Cours de chemins de fer, de C. Brika (1894); Traité complet
des chemins de fer, de G. Humbert (1891); Traite d’exploitation des chemins
de fer, de A. Flamache, A. Huberti e A. Stévart (1885); Traite pratique de
l’entretien et de l’exploitation des chemins de fer, de Charles Goschler (1865);
Traite de la construction des ponts et viaducts pour routes et chemins de fer,
de Romain Morandiere (1874); Traite des chemins de fer, de Moreau (1898);
Cours de chemins de fer, de Vicaire e Maison (1899) e Chemins de fer notions
generales et economiques, de Leon Leygue (1892), além de obras diversas de
Perdonnet. Nas duas politécnicas, há vários volumes de Construction des
canaux et des chemins de fer, de Graeff (1861); Manuel pratique des poseurs
de voies de chemins de fer, de Henri Salin (1875) e Notes prise au cours de
chemins de fer, de Sévène (1876)1 . Nesses acervos, vale citar ainda a
existência de exemplares de obras de Couche (1867), Demoulin (1896) e de
Deharme e Pullin (1895), dentre outros.
Para se referir às oficinas, alguns tratados ferroviários utilizavam os nomes
ateliers (oficinas) e dépôt (depósitos que efetuavam reparos), diferenciação que
surge com a obra de Perdonnet (1865). Com menor frequência, o termo
remises (galpões de armazenamento de carros e afins) surge como um
equivalente à oficina, isso porque era comum uma oficina de pequeno porte
ser anexada a tal edificação. Os três tipos são comumente descritos como um
amplo espaço que abriga o maquinário de manutenção, mas para além dessa
simplicidade, algumas recomendações surgiram visando a melhoria do espaço.
Segundo alguns autores, a cobertura do espaço oficinal está relacionada à sua
função: o shed é geralmente utilizado nas seções de ajustagem, reparação e
outras, e o lanternim nos remises de carros e vagões (BRICKA, 1894;
PERDONNET, 1865; MOREAU, 1898). Nesse último caso, notou-se que o
lanternim tinha como função primordial a troca de ar e, apesar de Perdonnet
(1865) comentar sobre a função de iluminação, Bricka (1894) recomenda que
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 26, n. 48, e145345, 2019.
o fechamento do lanternim seja feito com persianas e que a iluminação ocorra
através das verre de châssis, uma iluminação zenital comparável ao shed
(BRICKA, 1894). Um exemplo desse sistema é a rotunda de Montabon,
localizada no noroeste da França.
Para o piso das oficinas, era recomendado que se usasse betume (exceto para
locais quentes), cerâmica, cimento ou ainda terra batida. O trabalho de
Sanchiz (2018), no entanto, aponta para a utilização de madeira em algumas
oficinas brasileiras. As estruturas deveriam ser preferencialmente de ferro com
fechamento de tijolos e o material da cobertura dependeria das atividades do
ambiente (BRICKA, 1894; GOSCHLER, 1872; MOREAU, 1898). De todo
modo, as estruturas de fundação não deveriam ser negligenciadas por causa da
trepidação à qual tanto as oficinas como as demais edificações eram expostas
(BRICKA, 1894; GOSCHLER, 1872).
2
Para facilitar a leitura, a sigla
EFS foi adotada para fazer
referência à empresa, mesmo
no período no qual era chamada
de Companhia Sorocabana.
Buscou-se identificar onde se encontravam as oficinas ferroviárias das
principais empresas que atuavam em São Paulo a partir de meados do século
XIX. Para isso, partiu-se dos dados existentes nos relatórios administrativos das
seguintes companhias2 : Companhia Paulista de Estradas de Ferro, Companhia
Mogiana de Estradas de Ferro (CMEF), Estrada de Ferro Sorocabana (EFS)3 ,
Companhia Ituana de Estradas de Ferro, Companhia União Sorocabana e
Ituana e Noroeste do Brasil (NOB). Não foi possível acessar os relatórios das
companhias Central do Brasil, São Paulo Railway (SPR) e Estrada de Ferro
Araraquara. Portanto, outras fontes foram utilizadas na identificação das
oficinas, como a lista de bens do CONDEPHAAT e do IPHAN.
Com base na documentação consultada, pôde-se identificar 40 oficinas no
território paulista e indícios de outras dez. Entre as 50, o termo “oficina” foi
empregado nos relatórios para designar oficinas de montagem que prestavam
serviços de grande relevância, e o termo “depósito” foi utilizado para designar
edificações que serviam tanto para depósito quanto para oficinas de pequenos
reparos, distinção presente em alguns tratados ferroviários. Baseado nessa
distinção, as oficinas encontradas foram classificadas em três grupos, de
acordo com a multiplicidade de serviços que exerciam: “oficina de grande
porte”, composto pelas oficinas que exerciam múltiplos serviços, como
montagem, reconstrução e afins; “oficina-depósito”, que engloba aquelas que
serviam de depósito de material rodante e efetuavam reparos; e “depósito
simples”, formado por aquelas que efetuavam serviços isolados, como oficina
de carpintaria ou reparo de peças. No caso das oficinas que ao longo dos anos
permutaram suas atividades e sua classificação, foi considerado o período mais
detalhado pelos relatórios.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 26, n. 48, e145345, 2019.
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Todos os relatórios lidos
encontram-se na biblioteca
temática do projeto Memória
Ferroviária. Disponível em:
https://www.zotero.org/groups/
2133326/biblioteca_memoria_
ferroviaria/items. Acesso em: 19
jun. 2019.
Outra preocupação dos tratados ferroviários era a espacialização das oficinas a
partir de sua tecnologia. Na distribuição dos espaços, a arquitetura de um sítio
industrial precisa obedecer à dinâmica de trabalho, tornando-a não um
programa isento, mas funcional, que se subordina à produção. Em decorrência
da energia mecânica, por exemplo, a distribuição dos maquinários era limitada
por causa das polias e árvores de eixo. Para garantir a segurança, recomendavase que as correias fossem subterrâneas (BRICKA, 1894; MOREAU, 1898).
Aspectos tecnológicos determinantes da arquitetura industrial também foram
observados por Neaverson e Palmer (1998) nas indústrias europeias.
4
Ressalta-se que esse número total de oficinas foi identificado na leitura dos
relatórios produzidos entre os anos de 1867 e 1930 e que elas não existiram
concomitantemente, uma vez que algumas foram construídas em substituição a
outras. Cabe também observar que o estudo não abrangeu as oficinas
telegráficas por não se associarem aos serviços de reparação de carros e afins.
A partir das informações obtidas, foi confeccionado um mapa por meio do
software QuantumGIS, pontuada a localização das oficinas citadas nos
relatórios das companhias férreas e sobreposto num mapa da malha ferroviária
paulista. Na Figura 1, aponta-se para uma maior concentração das edificações
nas linhas que pertenceram à SPR e CPEF, mais propriamente no trecho que
vai de Santos a Araraquara. As oficinas, no entanto, pertencem a empresas
diversas.
Algumas hipóteses foram aventadas com o objetivo de explicar essa situação.
Do ponto de vista técnico, a respeito da implantação, segundo Perdonnet
(1865), não havia na Europa uma regra para dispor as oficinas ao longo da
malha férrea e a escolha do terreno da oficina geralmente ocorria de acordo
com o valor, dando-se preferência aos locais de menor custo4 . Já as dépôts,
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“ On voit que les ingénieurs des
grandes lignes ne semblent pas
s’être attachés essentiellement
à placer les ateliers en un point
déterminé de la ligne, tel que le
serait le milieu ou l’une des
entrémités. Ils les ont établis
tautôt sur un point, tantôt sur un
autre : partout où l’on a pu
acquérir à um prix raisonnable
de vastes terrains voisins de la
ligne, et se procurer sans trop de
difficultés des
approvisionnements et des
ouvriers. […] Mais, d’un autre
côté, ils occupent dans ces
gares un terrain ordinairement
três-précieux, et si la gare est
dans l’intérieur d’une ville, les
ouvriers ne peuvent se longer et
se nourrir à proximité qu’à
grands frais” (PERDONNET,
1865, p. 478).
Figura 1 – Mapa de localização das oficinas ferroviárias no estado de São Paulo
Fonte: Elaborado por Milena Meira Silva a partir de ferramenta QGis, com dados coletados pelos autores
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 26, n. 48, e145345, 2019.
oficinas de pequenas reparações, costumavam ser implantadas a distâncias
metódicas como 25 e 40km, distâncias que foram aumentando conforme o
aperfeiçoamento das tecnologias5 . No Brasil, nos casos identificados, as
distâncias variam entre as empresas – aproximadamente 312km entre as
oficinas de Campinas (quilômetro zero da CPEF) e Ribeirão Preto (quilômetro
312,5 da linha tronco da CMEF); 133km entre as oficinas de Rio Claro
(quilômetro 133,8 da linha tronco da CPEF) e as de Jundiaí (quilômetro 0,8 da
CPEF); ou 56km entre as da Vila de Paranapiacaba (quilômetro 30,3 da linha
tronco da SPR) e as da Lapa, em São Paulo (quilômetro 86). Apenas na
década de 1920, o planejamento de cinco novas oficinas da EFS
preestabeleceu que deveria haver uma distância mínima de 150km entre elas.
5
Além dos comentários sobre a localização, buscou-se também compreender
alguns aspectos construtivos a respeito de um grupo de oficinas. Foram
selecionadas as três empresas ferroviárias mais antigas do estado de São Paulo
e que mais forneceram informações sobre suas oficinas: a CPEF, fundada em
1869; a CMEF, fundada em 1873; e a EFS, fundada em 1873. Tal recorte
representa pouco mais de 70% do total de oficinas identificadas. Para isso,
foram consultados os relatórios produzidos desde a data de fundação das
companhias até o início do século XX.
A LGUMAS
OFICINAS OBSERVADAS
A primeira oficina da EFS foi construída em Sorocaba, por volta de 1874, e
não foi possível identificar sua localização (COMPANHIA SOROCABANA, 1874).
As oficinas de Mairinque foram construídas por volta de 1900, ampliadas em
1910, reformadas em 1947 e atualmente encontram-se tombadas no âmbito
estadual e nacional (SILVA, 2017).
Até o final do século XIX, a empresa mantinha-se com apenas três oficinas. Na
década de 1920, no entanto, a companhia reconhece a deficiência por parte
de suas oficinas em atender à demanda e recorre aos serviços de outras
companhias ou empresas particulares especializadas (ESTRADA DE FERRO
SOROCABANA, 1924, 1925), o que logo a fez anunciar uma estratégia: dividir
sua linha em cinco “Inspetorias de Tração”, de maneira que o fluxo nas
grandes oficinas de reparação e montagem diminuísse (ESTRADA DE FERRO
SOROCABANA, 1925, p. 16). Essa divisão em inspetorias de tração
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 26, n. 48, e145345, 2019.
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“ Dans l’origine, les dépôts
étaint très-rapprochés. Ainsi,
sur le chemin d’Orléans, ils se
trouvaient généralement
écartés de 25km seulement, et,
sur celui Lyon, on s’était
attaché à ne pas les placer à
des distances de plus de 40km.
Le materiel se perfectionnant,
la capacité des tenders
augmentant et les machineistes
acquérant plus d’habileté, on a
pu augmenter le parcours des
machines et éloigner advantage
les dépôts” (PERDONNET, 1865,
p. 479).
Em termos do contexto histórico, no Brasil, sua implantação parece ter seguido
a dinâmica de expansão das linhas ou circunstância de demanda do transporte
para construção ou ampliação das oficinas por uma empresa. Num quadro
quantitativo, 2/3 das estruturas de manutenção foram construídos entre 1867
e 1903 (31 oficinas e depósitos). Um maior número delas está distribuído ao
longo da margem direita do rio Tietê, de Santos até Franca; quatro outras, da
EFS e Companhia Ituana, estavam à esquerda – o que reflete, evidentemente,
as linhas e ramais das empresas mais antigas e com maior densidade de rede.
Ao mesmo tempo, essa concentração de oficinas corresponderia à região
nomeada por Milliet como “região central”, conhecida por ter sido grande
produtora de café nos anos de 1840 a 1890 (MILLIET, 1941 apud MATOS,
1990).
Figura 2 – Oficinas de Assis construídas no início da década
de 1920 e o modelo arquitetônico replicado nas oficinas das
5 Inspetorias de Tração
Fonte: Acervo Memória Ferroviária, 2017.
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Homero Barbosa de Assis
Martins foi engenheiro civil e de
minas. Posteriormente professor
catedrático da Escola
Politécnica de São Paulo em
1939, cadeira de Eletrotécnica,
e membro do Instituto de
Eletrotécnica, Escola
Politécnica de São Paulo em
1941 (NOTAS..., 1939;
INSTITUTO..., 1941). O projeto
da oficina de Sorocaba pode ser
visto no Boletim do Instituto de
Engenharia (1928).
Figura 3 – Ruínas das oficinas de Iperó construídas por volta de
1928 e a simulação do telhado lanternim
Fonte: Acervo pessoal de Eduardo Romero de Oliveira, 2010.
corresponde à criação de uma estrutura de oficinas mais homogênea, onde
cinco cidades com distâncias variáveis entre si receberiam oficinas semelhantes
que fossem capazes de atender à demanda de sua divisão. As cinco cidades
escolhidas foram: Assis (Figura 2), Sorocaba, Itapetininga, Botucatu e Itu.
Até 1930, a companhia já contava com 16 oficinas no estado de São Paulo
(incluindo as que foram incorporadas na compra da Companhia Ituana em
1898), sendo que as mais importantes foram as de Sorocaba e Mairinque, que
realizavam serviços de montagem de vagões. As atuais edificações das oficinas
de Sorocaba foram projetadas em 1925 pelo engenheiro Homero Barbosa de
Assis Martins (ESTRADA DE FERRO SOROCABANA, 1925)6 , e a conclusão de
sua construção ocorreu em 1929. Esses novos edifícios seguiram o mesmo
padrão arquitetônico das cinco Inspetorias de Tração, modelo que corresponde
à utilização de concreto armado e estrutura do telhado com lanternim. Apesar
das semelhanças entre os edifícios e as novas oficinas de Sorocaba, não há
registro que comprove que o engenheiro Homero Barbosa tenha efetuado os
projetos anteriores.
A oficina de Iperó (Figura 3), exemplo que também merece destaque, foi
construída no final da década de 1920 e era de menor porte em relação às
oficinas da Inspetoria de Tração. Apesar de possuir apenas uma nave, há
repetição do estilo, com uma fachada que apenas simula o lanternim – pois ele
não era presente no telhado de madeira de duas águas.
A CMEF chegou a contratar serviços da CPEF antes de construir sua primeira
oficina, que funcionou com maquinismos encomendados dos Estados Unidos e
da Europa (COMPANHIA MOGYANA, 1878). Para a CMEF, as oficinas mais
importantes foram três: a de Campinas, a de Ribeirão Preto e a de Uberaba –
essa última no estado de Minas Gerais. As oficinas de Ribeirão Preto foram
construídas por volta de 1884 com o propósito de efetuar pequenos reparos
(COMPANHIA MOGYANA, 1884), mas, com o passar dos anos, chegaram a
realizar consertos classificados pela companhia como “médio reparo”
(COMPANHIA MOGYANA, 1901, p. 120). As oficinas e a estação foram
desativadas em 1965 e a área foi transferida para a prefeitura. No espaço
funcionam atualmente a Câmara Legislativa de Ribeirão Preto e o terminal
rodoviário.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 26, n. 48, e145345, 2019.
Em Campinas, apesar de ter sido nomeado somente um engenheiro-chefe,
existiram ao menos três oficinas da CMEF: a primeira foi construída por volta
de 1876 e chegou a efetuar serviços de construção (COMPANHIA MOGYANA,
1877, 1882, 1884); a segunda foi alocada próxima à estação Anhumas e
tinha caráter provisório e emergencial (COMPANHIA MOGYANA, 1889); a
terceira ficava próxima à estação Guanabara e foi construída em 1893
(COMPANHIA MOGYANA, 1893). A oficina que corresponde à que hoje é
tombada em âmbito municipal foi construída em 1903. As oficinas foram
construídas de maneira a “aproveitar as edificações existentes” e concebidas
para funcionar totalmente com energia elétrica, tecnologia inovadora à época
(COMPANHIA MOGIANA, 1902, p. 145; FRANCISCO, 2007).
Ao final, foi possível identificar quatro cidades nas quais foram alocadas
oficinas da CMEF em diferentes períodos e com níveis distintos de reparação
de material rodante; além disso, há indícios de outras três oficinas em
localizações diversas no estado. De todo modo, não foram identificadas
semelhanças arquitetônicas nas edificações das oficinas.
Figura 4 – Oficinas da
Companhia Mogiana de Estradas
de Ferro, Campinas, 1910
Fonte: Arquivo Público do
Estado de São Paulo (2014).
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 26, n. 48, e145345, 2019.
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No âmbito arquitetônico, destaca-se essa última. Hoje protegida como
patrimônio municipal, o complexo foi projetado por Carlos Stevenson e
erigido em alvenaria de tijolos aparentes com ornamentação em alto relevo na
parte superior dos edifícios. Algumas seções contam com telhados de duas
águas e platibanda, e as demais com telhado do tipo lanternim (FRANCISCO,
2007). Como tal oficina foi projetada para equipamentos elétricos, a
tecnologia “permitia ampliar as possibilidades de disposição dos
equipamentos e quais tipos utilizar”: o emprego do guindaste, por exemplo,
otimizava o trabalho que poderia ser executado com mais facilidade e em
menos tempo (OLIVEIRA, 2012, p. 203) (Figura 4).
Figura 5 – Oficinas da
Companhia Paulista, Jundiaí,
1918
Fonte: Pérez (1918).
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Figura 6 – Oficinas de Porto
Ferreira, s.d.
Fonte: Acervo do Museu da
Companhia Paulista.
Em relação à CPEF, foi possível identificar quatro oficinas e indícios de outras
três em localizações diversas no estado, sabendo que as mais importantes
foram as de Jundiaí e as de Rio Claro. As oficinas de Rio Claro foram
construídas pela Companhia Rio Claro e compradas pela CPEF em 1888
(COMPANHIA PAULISTA, 1888). Essas oficinas funcionavam como local de
reparação e montagem de material rodante de linha métrica e atualmente têm
parte de seu espaço utilizado pela América Latina Logística (ALL). Destaca-se
que as oficinas da CPEF também efetuavam atividades de reparo e
manutenção para outras companhias.
As oficinas em Jundiaí (Figura 5) foram construídas em 1892 em substituição à
uma mais antiga alocada em Campinas, que posteriormente foi demolida
(COMPANHIA PAULISTA, 1903). Foi erigida em alvenaria de tijolos com
colunas e tesouras de aço – essa última fechada com telhas francesas e vidro
(COMPANHIA PAULISTA, 1896). A iluminação se dava por grandes janelas e
por telhado dente de serra. Hoje o conjunto é parcialmente utilizado,
abrigando algumas seções da Prefeitura Municipal de Jundiaí, o Museu da
Companhia Paulista, uma unidade do Poupatempo e uma unidade da
Faculdade de Tecnologia (Fatec).
Uma oficina que chamou a atenção foi a de Porto Ferreira (Figura 6),
construída por volta de 1884 para reparação de material flutuante. Conforme
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 26, n. 48, e145345, 2019.
Figura 7 – Estação ferroviária
de Iacri, São Paulo, com
estrutura de trilhos
Fonte: Acervo pessoal de
Felipe Deo e Guilherme Costa,
2018.
Figura 8 – Estrutura ferroviária
de Iacri, São Paulo, composta
de trilho com a inscrição
“Krupp 1906 E F Sorocabana”
Fonte: Acervo pessoal de
Tainá Maria Silva, 2017.
Em relação aos materiais, pode-se notar que a reutilização de trilhos velhos era
uma prática comum entre a CPEF, CMEF e EFS. De acordo com os relatórios
das empresas, trilhos avariados ganhavam novas funções de menor desgaste,
como postes de luz, tesouras de telhados e vigas de bueiros. A CPEF chegou a
empregar trilhos velhos na construção de pontes de pequenas dimensões e
também em um sistema rudimentar de represamento (COMPANHIA PAULISTA,
1885, 1907). A EFS, porém, reutilizou trilhos velhos para substituir postes de
madeira (COMPANHIA SOROCABANA, 1882); por vezes optou por vendê-los
(ESTRADA DE FERRO SOROCABANA, 1919, 1921, 1925), e apesar de não
haver menção nos relatórios sobre a utilização desse material como estrutura,
pôde-se identificar esse uso, conforme as Figuras 7 e 8.
Foi possível notar ainda que, em algumas ocasiões, a CMEF e a CPEF
importaram materiais da América do Norte e da Europa. A EFS não registrou
em seus relatórios administrativos a compra de materiais importados para a
construção de suas oficinas, limitando-se a importar material rodante.
Fornecedores
Sabendo que as companhias férreas recorreram a empresas estrangeiras para a
construção de suas oficinas, buscou-se compreender algumas questões sobre
as empresas fornecedoras e a logística de importação – dentre aqueles que
pudemos identificar em consulta à documentação. Sobre a logística da
importação, o relatório de 1871 da CPEF comenta que o processo era
comumente realizado de duas maneiras: através do envio de um funcionário
capacitado à Europa ou da “encomenda por meio de empreitada”, que
consistia numa espécie de terceirização da compra. A primeira opção consistia
em enviar seu engenheiro mais capacitado ao destino de compra, dando-lhe a
liberdade de escolher a marca e o produto, acompanhar o processo de
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 26, n. 48, e145345, 2019.
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descrito no relatório da empresa, essa oficina foi construída com trilhos velhos,
fechada com chapas de ferro galvanizado e coberta com telhas francesas
(COMPANHIA PAULISTA, 1886). Essa rusticidade de materiais, também
identificada em relatórios de outras companhias, aponta a funcionalidade como
a máxima construtiva.
fabricação, negociar valores e prazos e efetuar a troca de qualquer produto
eventualmente avariado antes de enviá-lo por navio ao Brasil. A segunda opção
consistiria na contratação de diversos intermediários que desenvolveriam
diferentes atividades (COMPANHIA PAULISTA, 1871). Posteriormente, a CPEF
contratou os serviços da empresa londrina Fry Miers & Co., correspondentes
que centralizavam esse tipo de serviço (COMPANHIA PAULISTA, 1877).
7
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12
8
Ressalta-se que os estudos
nacionais sobre pontes
ferroviárias são escassos; no
entanto, há diversas
informações a respeito nos
relatórios das várias
companhias ferroviárias
paulistas, como é o caso da
CPEF, que guarda no Acervo do
Museu da Companhia Paulista
em Jundiaí plantas e fotografias
de pontes, e da NOB, que
chegou a anexar em seus
relatórios desenhos de rios a
serem superados.
A Phoenix Bridge exportou
ainda uma ponte para a cidade
de Recife-PE (GERODETTI;
CORNEJO, 2005).
Sobre as empresas fornecedoras de materiais, identificadas através dos
relatórios da CPEF e CMEF, constatou-se que elas exportavam não somente
materiais para as oficinas, mas também para outros fins, como construção de
pontes7 . A De Bergue and Co., por exemplo, fundição situada em Salford,
Inglaterra, construía pontes ferroviárias de ferro (GRACE’S…, 2018), produzia
peças para ferrovias (como rolamentos) e forneceu material para a primeira
oficina da CPEF em Campinas (COMPANHIA PAULISTA, 1871). Outro exemplo
é a empresa norte-americana The Phoenix Bridge & Co., que produziu as peças
metálicas para a estrutura de cobertura das oficinas da CPEF de Jundiaí,
conforme plantas originais das oficinas (THE PHOENIX BRIDGE & CO., 1892),
além de, num período posterior, receber a encomenda da estrutura metálica
para a ponte no rio Mogi Guaçu (COMPANHIA PALISTA, 1902), utilizada até os
dias de hoje8 . A empresa fornecedora era de grande relevância nos Estados
Unidos, atuando nos anos de 1813 a 1962 com a exportação de ferro e aço e
se especializando em construções de pontes por volta de 1860, quando passou
a exportar peças metálicas criando um mercado low-cost de pontes que
poderiam ser encomendadas por catálogo (WINPENNY, 1996).
A empresa alemã Brückenbau Flender, especializada à época em pontes,
também atuou da mesma maneira: vendeu a estrutura metálica para as
oficinas da CMEF em Campinas e também uma superestrutura metálica em aço
doce para ponte da mesma companhia (COMPANHIA MOGIANA, 1904).
Silva comenta que a importação de materiais de ferro por parte de certos
países para a montagem in loco era comum e ocorria geralmente em cidades
“cujo interior estava ainda em fase de exploração”. Isso deveu-se ao fato de a
siderurgia nacional ser irrelevante no século XIX (SILVA, 1988, p. 45, 82). No
caso das empresas férreas paulistas cujos dados foram obtidos, todas tinham o
costume de substituir pontes de madeira por pontes metálicas. No entanto,
nem sempre as pontes metálicas eram importadas, pois poderiam ser montadas
nas oficinas da empresa com material reaproveitado (como trilhos).
Considerações finais
O objetivo principal desta investigação era a identificação de oficinas
ferroviárias no estado de São Paulo e análise de alguns de seus exemplares.
Através do levantamento bibliográfico efetuado nas escolas politécnicas
brasileiras, foi possível identificar que os estudos nacionais de oficinas
ferroviárias podem se embasar em tal literatura que, apesar de se mostrar
profícua, ainda é pouco explorada no campo da arquitetura industrial. No
entanto, a identificação das 50 estruturas e a confecção de um mapa apontou
a localização das oficinas como um fator pertinente, mas que não segue
rigorosamente o indicado no texto de Perdonnet (1865). Esse, muito utilizado
pelos trabalhos nacionais, negligencia tal questão.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 26, n. 48, e145345, 2019.
A respeito dos materiais e métodos, notou-se que as empresas fornecedoras de
materiais às oficinas não eram as mesmas que forneciam materiais às estações.
O método utilizado para construir oficinas se assemelha ao empregado na
construção de pontes, cujos exemplares mais importantes recebiam materiais
importados e, em algumas situações, o próprio projeto era importado. As
oficinas (e pontes) de menor importância nas quais eram utilizados materiais
locais e em grande parte reciclados, apontam para a funcionalidade como a
máxima construtiva. No entanto, há preocupações estéticas visíveis na CMEF e
na CPEF, de maneira pontual, a respeito de suas oficinas principais. Não se
pode concluir nesta etapa da investigação se a homogeneidade das oficinas da
EFS é devida à utilização de um só projeto ou de fato uma preocupação
estética. Para todos os casos, no entanto, as semelhanças entre as oficinas
ferroviárias brasileiras e os tratados ferroviários franceses do século XIX não se
limitam à coincidência.
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Nota dos Autores
Este artigo foi redigido a partir da pesquisa de mestrado de Tainá Maria Silva,
orientada pelo prof. dr. Eduardo Romero de Oliveira, no Programa de PósGraduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”. Os autores agradecem a Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) pelo financiamento das pesquisas
em andamento que resultaram neste texto: Processo n. 2016/15921-2 e
Processo n. 2017/10302-5.
Nota do Editor
Data de submissão: 17/04/2018
Aprovação: 06/12/2018
Revisão: Tikinet
Regina Frontelli
Tainá Maria Silva
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP de Bauru).
Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação. Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo.
Av. Eng. Luís Edmundo Carrijo Coube, 14-01, Bauru, São Paulo
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4176-0869
E-mail: tainamrsilva@gmail.com
Eduardo Romero de Oliveira
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Faculdade de Arquitetura,
Artes e Comunicação. Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo
Av. Eng. Luís Edmundo Carrijo Coube, 14-01, Bauru, São Paulo
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1287-4798
E-mail: eduardo.romero@unesp.br
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 26, n. 48, e145345, 2019.