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A Inerudita Arquitetura de Olhão: Açoteias, Mirantes, Contramirantes A Inerudita Arquitetura de Olhão: Açoteias, Mirantes, Contramirantes Andreia Fidalgo Investigadora do Centro de Estudos de Património e História do Algarve (CEPHA/UAlg) Introdução Olhão, no que respeita aos elementos arquitetónicos das suas casas de alvenaria mais primitivas, constitui um caso único no panorama algarvio: é popularmente conhecida como “vila cubista” e é também inúmeras vezes recordada pelas suas açoteias, mirantes e contramirantes, que levaram diversos autores a colocarem variadas hipóteses acerca da sua origem[1]. De entre essas hipóteses, a principal sempre foi tentar compreender se os sistemas construtivos das típicas casas olhanenses resultam da herança islâmica na região ou, por outro lado, de uma influência moderna do Oriente. Foi esse o principal enfoque de Orlando Ribeiro, no capítulo “Açoteias de Olhão e Telhados de Tavira” da sua obra Geografia e Civilização, publicada originalmente em 1961; e é também esse o foco fundamental explorado Veja-se, a título de exemplo, autores como: Raul BRANDÃO, Os Pescadores (1922), 1986; Aquilino Ribeiro, “Olhão”, in Raul PROENÇA (Coord.) Guia de Portugal (1927), vol.II, 1983; José Leite de VASCONCELOS, Etnografia Portuguesa, vol.VI, 1975; e Orlando RIBEIRO, Geografia e Civilização (1961), 1992. [1] Anais do Município de Faro | 2011 | 221 | Andreia Fidalgo neste breve ensaio. Interesse redobrado, se tivermos em consideração as recentes origens das construções de alvenaria da vila de Olhão, que remontam ao século XVIII, o que as separa uns largos cinco séculos da data de término do domínio islâmico do território. Por outro lado, é equívoco considerar as açoteias como uma exclusividade olhanense, pois encontramo-las um pouco por todo o Algarve, com particular incidência no Sotavento, quer em regiões de litoral, quer no barrocal. Tampouco é o único exemplo regional de utilização generalizada da açoteia, pois aí também concorre com a vizinha aldeia da Fuzeta. Assim sendo, o que constitui, afinal, a originalidade das açoteias olhanenses? Poderemos, ou não, considerá-las um caso singular no panorama algarvio? Parece haver, de facto, algo de singular e único na vila cubista, algo que inspirou Raul Brandão a escrever n’ Os Pescadores, em 1922, as seguintes palavras: “De manhã saio em Olhão deslumbrado. Céu dum azul que desmaia – por baixo chapadas de cal. Reverberação de sol, e o azul mais claro, o branco mais branco. Cubos, linhas geométricas, luz animal que estremece e vibra como as asas de uma cigarra.” [2]. Apesar da destruição e descaracterização do núcleo primitivo olhanense, ocorridas sobretudo nas últimas décadas, tentaremos recuperar, neste ensaio, algo dessa singularidade que deslumbrou Raul Brandão e outros mais. O Lugar de Olhão: origem e evolução A origem do aglomerado piscatório Sítio de Olham, Logar de Olham, Praia do Olham ou Logar do Poço do Olham, são designações pelas quais o povoado litoral localizado a este de Faro começa a ser referenciado nas fontes escritas posteriores ao século XVI [3]. Da antiguidade do lugar pouco se sabe, a não ser que aparece já mencionado numa carta régia de 1378 como o “Logo do Olham” [4]. Se o Raul BRANDÃO, Os Pescadores, 1986, p.149. Cf. Antero NOBRE, História Breve da Vila de Olhão da Restauração, 1984, p.19. [4] Cf. Idem, Ibidem. [2] [3] | 222 | Anais do Município de Faro | 2011 A Inerudita Arquitetura de Olhão: Açoteias, Mirantes, Contramirantes lugar já existia antes dessa data? É bem provável, pois “onde há água há gente” [5], e precisamente aí existia uma nascente (ou várias) de água doce, um grande olho de água de tal importância que dele derivou o topónimo “Olham”, posteriormente “Olhão”. No entanto, facto mais certo a apontar é o de que nos inícios do século XVII já na Praia do Olham, junto ao poço, estariam instalados uns quantos pescadores oriundos de Faro [6], pelos menos suficientemente numerosos para justificar a existência, na primeira década desse século, de uma ermida da invocação de Nossa Senhora do Rosário, a atual igreja de Nossa Senhora da Soledade. E suficientemente numerosos também para que em 1614, quando o lugar de Quelfes, localizado mais para o interior, é feito freguesia, autonomizando-se da freguesia de São Pedro de Faro, aí ficasse incluído o Lugar de Olhão, reafirmando-se a pertença dos respetivos mareantes ao Compromisso Marítimo daquela cidade [7]. Durante essa centúria de Seiscentos terá crescido de forma significativa o núcleo populacional, composto de gente que vivia quase exclusivamente das lides da pesca. O acentuado crescimento permite explicar a Fig.1 Foto antiga dos pescadores e respetivas cabanas de colmo, da Praia de Faro. Os olhanenses habitariam originalmente em cabanas muito semelhantes a estas. António Rosa MENDES, Olhão fez-se a si próprio, 2009, p.15. Cf. Idem, ibidem. [7] Cf. Antero NOBRE, História Breve da Vila…., 1984, pp.19-20. [5] [6] Anais do Município de Faro | 2011 | 223 | Andreia Fidalgo criação, em 1695, de uma nova freguesia, a de Nossa Senhora do Rosário de Olhão, desagregada da de São Sebastião de Quelfes [8]. E logo três anos depois, a 4 de junho de 1698, é lançada a primeira pedra de uma nova igreja matriz, que em 1715 abre ao culto [9], mais condigna para albergar todos os moradores da Praia do Olhão do que a pequena ermida já existente. Uma lápide comemorativa colocada no cunhal leste da fachada dá conta de como seria o cenário, nessa época, do Lugar do Olhão: À custa dos homens do mar deste povo se fez este templo no tempo que só haviam umas palhotas em que viviam. Das cabanas de colmo às casas de alvenaria No dealbar do século XVIII, as duas únicas construções de alvenaria em Olhão seriam, portanto, a pequena ermida de Nossa Senhora do Fig. 2 Foto antiga de parte da fachada da Igreja Matriz de Olhão. Rosário e a nova e imponente Igreja Matriz; daí até à praia estender-se-ia um aglomerado de modestas cabanas de colmo. Em 1712, o Padre Antó- A este respeito veja-se o que escreve António Rosa MENDES no capítulo 5, “A Freguesia, Primeiro Separatismo”, do seu estudo Olhão fez-se a si próprio, 2009, pp.24-25. [9] Cf. Paulo FERNANDES, Igreja Matriz de Olhão e Capela da Nossa Senhora dos Aflitos, ficha de inventário do SIPA – Sistema de informação para o Património Arquitetónico, IHRU – Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, 2001 [disponível em www.monumentos.pt, consultado a 13/02/2011]. [8] | 224 | Anais do Município de Faro | 2011 A Inerudita Arquitetura de Olhão: Açoteias, Mirantes, Contramirantes nio Carvalho da Costa descreve bem este cenário: “Olhão fica uma légua da cidade de Faro, situada na barra, tem trezentos vizinhos que moram em casas de cana cobertas de palha, por lhas não consentirem de pedra e cal: é gente rica que vive da pesca” [10]. Atesta este Padre uma importante realidade: os moradores de Olhão, que até eram “ricos”, apenas viviam em cabanas por lhes não ser permitido, pela Câmara de Faro, construir em alvenaria. A primeira autorização para uma construção em pedra e cal data apenas três anos passados desse testemunho, tendo sido requerida por um mareante da praia de Olhão à Rainha D. Maria Ana de Áustria, mulher de D. João V, o qual se queixava dos sucessivos incêndios a que a sua cabana estava sujeita [11]. A este outros pedidos se seguiram, e em menos de cinquenta anos o Lugar de Olhão cresceu exponencialmente em número de moradores e de casas de alvenaria, sendo que em 1758 era descrito pelo pároco de Olhão, Padre Sebastião de Sousa, como “uma das maiores povoações do Algarve, em que se contam acima de quinhentas moradas de casas, e mais de trezentas cabanas, que cada dia se vão diminuindo, e pondo em seu lugar casas” [12]. Assim sendo, data da primeira metade do século XVIII, e daí em diante, o desenvolvimento da povoação, cuja importância é reafirmada uma vez mais em 1765, por alvará de D. José I, datado de 6 de junho, autorizando a separação da Casa do Compromisso e Confraria do Corpo Santo de Faro. É criada, portanto, a Confraria Real do Corpo Santo dos Mareantes e Casa do Compromisso de Olhão e em 1771 o edifício-sede para a albergar estava já concluído. Ainda na década de 80 desse século, com os “lucros do tráfico com António Carvalho da COSTA, Corografia portuguesa e descrição topográfica do famoso Reino de Portugal, Tomo III, 1712, p.17. [11] A este respeito veja-se o que escreve António Rosa MENDES no capítulo 6, “A Fábrica das casas”, do seu estudo Olhão fez-se a si próprio, 2009, pp.31-33. [12] Testemunho recolhido por Alberto Iria, O Compromisso Marítimo da vila de Olhão da Restauração (Subsídios para a história das corporações de mareantes e pescadores do Algarve), in Mensário das Casas do Povo, nº120, junho de 1958, citado por: Orlando RIBEIRO, Geografia e Civilização., 1992, p.72; e António Rosa MENDES, Olhão fez-se a si mesmo., 2009, p.33. [10] Anais do Município de Faro | 2011 | 225 | Andreia Fidalgo Fig. 3 Foto antiga, data de 7 de dezembro de 1922, do edifício do Compromisso Marítimo de Olhão. sitiantes e sitiados nos cercos de Cádis e Gibraltar” [13], os mareantes de Olhão conseguiram transformar as últimas palhotas em casas de alvenaria. A povoação foi progressivamente crescendo, sendo que em 1808 foi elevada a vila e em 1826 a sede de concelho. O seu porto de pesca rapidamente se transformou também num dos mais importantes do Algarve. Deste rápido crescimento resultou um urbanismo aparentemente desordenado, que se caracteriza pelas “ruelas tortuosas e becos” [14], composto de invulgares casas de açoteia. É precisamente este o panorama que corresponde grosso modo aos dois típicos bairros olhanenses: o da Barreta, a poente, “com a sua típica travessa dos abraços” e o do Levante, a nascente, “com a sua não menos típica rua dos sete cotovelos” [15]. Orlando RIBEIRO, Geografia e Civilização., p.72. Idem, Ibidem, p.74. [15] Francisco Fernandes LOPES, Olhão, Terra de Mistério, de Mareantes e de Mirantes, 1948, página não numerada. [13] [14] | 226 | Anais do Município de Faro | 2011 A Inerudita Arquitetura de Olhão: Açoteias, Mirantes, Contramirantes Fig. 4 Pormenor de um mapa de Olhão datado de 1873, com a localização de: 1 – Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário; 2 – Compromisso Marítimo; 3 – Ermida de Nossa Senhora do Rosário (atual Igreja de Nossa Senhora da Soledade; 4 – Bairro da Barreta; 5 – Bairro do Levante. As típicas casas olhanenses e as suas açoteias: sistema construtivo Em Olhão não é apenas o urbanismo de ruelas sinuosas que se destaca. As açoteias, essas sim, conferem à cidade de Olhão um cariz singular Fig. 5 Foto antiga, da década de 10 do século XX, de uma travessa sinuosa, a Travessa António Bento. Anais do Município de Faro | 2011 | 227 | Andreia Fidalgo no panorama da região algarvia e não é por as não encontrarmos em mais recantos do Algarve, pois é um tipo de cobertura bastante frequente sobretudo no Sotavento, quer na faixa litoral, quer nas zonas mais interiores do Barrocal. O que se destaca em Olhão, contudo, é a utilização generalizada da açoteia no remate das casas, que predomina de forma muito evidente sobre o telhado. Para além disso, e como bem destacou Francisco Fernandes Lopes, “Olhão não é só um «mar de soteias» (como a próxima aldeia Fuzeta)” [16], pois aí a açoteia vai adquirir um dimensão completamente diferente, desdobrando-se em elementos que não aparecem em mais parte nenhuma do Algarve. A típica casa olhanense, originalmente apenas com rés do chão [17], era rematada pela açoteia ladrilhada, para onde o acesso se faz por uma escada interior da qual resulta o pangaio, que “rompe forçosamente o terraço” [18] e ao qual se encontra adossada a chaminé cúbica simples. Difere Fig. 6 Foto antiga do panorama das açoteias olhanenses, com os seus mirantes e contramirantes e, ao fundo, a imponente Igreja Matriz Francisco Fernandes LOPES, Olhão, Terra de Mistério, de Mareantes…, 1948, página não numerada. As divisões distribuíam-se geralmente da seguinte forma: a porta da rua dá acesso à casa de fora, da qual parte um corredor com acesso para a casa de jantar, a cozinha ou o quintal e, ladeando o corredor, os quartos. Cf. José Leite de VASCONCELOS, Etnografia Portuguesa, vol.VI, 1975, pp.290-291. [18] Francisco Fernandes LOPES, Olhão, Terra de Mistério, de Mareantes..., 1948, página não numerada. [16] [17] | 228 | Anais do Município de Faro | 2011 A Inerudita Arquitetura de Olhão: Açoteias, Mirantes, Contramirantes este pangaio dos que geralmente se encontram nas açoteias das casas no campo por ser ladrilhado, em vez de ter cobertura de telha, e também porque em Olhão se adotou o sistema de se colocarem umas escadas na sua superfície inclinada, que dão acesso a um terminal quadrado horizontal, circundado de parapeito: é o “embrionário mirante”. [19] Fig.7 Foto antiga do panorama das açoteias olhanenses O verdadeiro mirante nasce numa fase posterior, em que, possivelmente por necessidade de espaço, se constroem novas divisões da casa em parte da área da açoteia original, que por sua vez vão adotar igualmente a cobertura em açoteia, em vez da telha. A este mirante, que às vezes é de tal tamanho que pode ser designado também por açoteia, sobe-se por uma escada exterior de alvenaria, adossada à parede da nova construção. Tal é a importância deste novo acrescento da casa que, por vezes, a açoteia original “fica reduzida a um pequeno quintal no 1º andar” [20]. Porém, não fica por aqui a originalidade das habitações olhanenses. Em alguns casos, no cimo desta nova construção cúbica, que se sobrepõe à original, ainda se acrescenta um novo mirante, que pode ocupar metade do terraço ou ficar reduzido a um canto deste. A este terceiro volume dá-se o nome de contramirante. [19] [20] Idem, Ibidem. Idem, ibidem. Anais do Município de Faro | 2011 | 229 | Andreia Fidalgo O contramirante serve a função de “torre de vigia”, pois daí se descobre o mar e é possível até avistar as embarcações dos mareantes que circulam na Ria Formosa, em frente a Olhão, o que em tempos mais recuados se revestia de crucial importância para uma população essencialmente dedicada à pesca. Nos restantes terraços ladrilhados era costume secar-se o figo e a alfarroba, em estendais secava-se a roupa e os oleados dos mareantes, mas, curiosamente “nunca se seca peixe – às vezes apenas polvo, aberto e pendurado em arames” [21]. Fig. 8 Foto antiga do panorama das açoteias olhanenses, com particular destaque para as chaminés. Também nas açoteias do interior algarvio se secava o figo, a alfarroba e outros frutos importantes na alimentação regional; e também aí aparecem, por vezes, dois elementos de açoteia, sobrepostos. O que parece, de facto, constituir a originalidade olhanense é a sua utilização sistemática e generalizada aos dois núcleos originais, Barreta e Levante, e o aparecimento esporádico de um terceiro volume, o contramirante. A típica casa [21] Orlando RIBEIRO, Geografia e Civilização, p.68. | 230 | Anais do Município de Faro | 2011 A Inerudita Arquitetura de Olhão: Açoteias, Mirantes, Contramirantes olhanense desmultiplica-se, portanto, em dois ou três volumes cúbicos, e é a este sistema construtivo continuamente repetido que se deve o epíteto pelo qual a localidade ficou conhecida: vila cubista. Fig.9 Sistemas de acessos às açoteias nas casas rurais. Note-se ao centro o pangaio, que em Olhão aparece ladrilhado e não coberto de telha, e que acaba por dar origem ao primitivo mirante. Fig.10 Sistemas de acessos às açoteias nas casas rurais. O acesso ao mirante, nas casas típicas olhanenses seria feito por uma escada semelhante à figura do lado esquerdo, encostada à parede; mas não encontramos aí o acesso por uma escada exterior a partir do rés do chão. A génese das açoteias olhanenses Quer o urbanismo tortuoso de Olhão, quer a sua singular arquitetura levaram a que vários autores aventassem diversas hipóteses sobre a sua origem. Willhelm Giese coloca de forma contundente a questão, salientando que o problema da origem das açoteias olhanenses consiste em “saber se se trata de casas que continuam a tradição árabe, ou melhor moura, no Anais do Município de Faro | 2011 | 231 | Andreia Fidalgo Algarve, ou se se trata de uma influência mais moderna do Oriente” [22]. Contudo, podemos abordar a questão também por outras perspetivas: serão as açoteias olhanenses uma resposta aos fatores climáticos da região? Ou serão resultado de um rápido crescimento urbanístico, adequado às necessidades da população? Ou, ainda, poderão ter sido fruto de um gosto construtivo generalizado? Açoteia é um termo que deriva, sem qualquer margem para dúvida, do árabe [23] e é comum encontrar este tipo de cobertura em regiões do Mediterrâneo, nomeadamente na Andaluzia [24] e no Norte de África. Em Olhão, enquanto tipo de cobertura praticamente exclusiva, e associada a um urbanismo aparentemente desordenado, tem suscitado designações muito curiosas, que a relacionam à tradição islâmica. Aquilino Ribeiro, por exemplo, caracteriza a localidade da seguinte forma: “Olhão velho, dédalo de ruas e becos estreitos e imundos, em que se acotovelam casas brancas de um só piso, com açoteia à mourisca” [25]. Já Francisco Fernandes Lopes salienta que as açoteias não existem apenas em Olhão, mas também reafirma o seu caráter de “resíduo moiro, sem dúvida” [26]. Orlando Ribeiro vai mais longe ao afirmar que Olhão é “o único exemplo de uma vila moderna com um bairro de planta mourisca, construído num lugar onde não houve povoação muçulmana ou mouraria onde ele se possa filiar” [27]. Para este mestre, o aparecimento das casas de alvenaria em Olhão apenas no século XVIII não invalida a filiação, que advém da transferência dos usos [22] Wilhelm Giese, “Sobre a Origem das Velhas Casas Olhanenses”, in Portucale, v. Porto, 1932, pp.145150; “O Problema da Açoteia Algarvia, in Biblos, vol XI, Coimbra, 1935, pp.54-59, citado por Orlando RIBEIRO, Geografia e Civilização, p.71. [23] Cf. João Batista M. VARGENS, Léxico Português de Origem Árabe, subsídios para os estudos de filologia, 2007. [24] Relativamente à região da Andaluzia, Orlando Ribeiro refere os exemplos de Cádis, onde a açoteia também cobre a maioria das casas, e de Jerez de la Frontera, onde também aparece com frequência. Cf. Orlando RIBEIRO, Geografia e Civilização, p.68, nota 22. [25] Aquilino RIBEIRO, “Olhão”, in Raul PROENÇA (coord.), Guia de Portugal (1927), vol II – Estremadura, Alentejo e Algarve, 1983, p. 246. [26] Francisco Fernandes LOPES, Olhão, Terra de Mistérios, de Mareantes..., 1948. [27] Orlando RIBEIRO, Geografia e Civilização, p.75. | 232 | Anais do Município de Faro | 2011 A Inerudita Arquitetura de Olhão: Açoteias, Mirantes, Contramirantes e costumes da população muçulmana à população cristã, e do apego às tradições[28]. É certo que as ruas sinuosas da banda da Barreta e da banda do Levante, que se destrinçam em becos labirínticos, onde apenas os residentes não se perdem, fazem relembrar o intrincado de ruelas das medinas islâmicas, nas quais “as construções se encostam, se colam e quase justapõem” [29]. Existem, contudo, diferenças substanciais a nível das habitações que compõem o típico bairro islâmico que se desenvolveu um pouco por todo o Gharb al-Andalus, entre os séculos VIII e XIII, e o típico bairro olhanense, que se desenvolveu a partir do século XVIII. Podemos salientar, por exemplo, a diferente organização do espaço privado: se na casa islâmica é frequente que as divisões se estruturem em torno de um pátio central, nas típicas casas olhanenses podemos encontrar um pequeno quintal, mas não central. No entanto, a diferença mais significativa diz respeito ao tipo de cobertura, sendo que na casa islâmica o mais comum é o telhado de telha de canudo, de uma água, e nas casas olhanenses, como já foi referido, encontramos generalizada a açoteia. Face a isto, torna-se difícil compreender a ligação que comummente se faz das açoteias olhanenses à tradição islâmica, ainda mais se temos cinco séculos a separar o fim do domínio islâmico do aparecimento das primeiras casas de pedra e cal do Lugar de Olhão, onde não existia nada a não ser “uma praia, uma plana e a ancha praia” [30], e uma nascente de água doce. Assim sendo, não parece crível, como defende Orlando Ribeiro [31], que os bairros olhanenses com as suas casas de açoteia derivassem do legado islâmico na região. De onde terão vindo, então? A segunda hipótese aventada é a do contacto frequente dos pescadores olhanenses com os Cf. Idem, ibidem, pp.75-76. José Alberto ALEGRIA, “Arquitetura Islâmica em Portugal: das Memórias ao Ressurgimento – o exemplo da Arquitectura em Terra”, in Memórias Árabo-Islâmicas em Portugal, catálogo da exposição, 1997, p.160. [30] António Rosa MENDES, Olhão fez-se a si próprio, p.15. [31] Orlando RIBEIRO, Geografia e Civilização, pp.76-78. [28] [29] Anais do Município de Faro | 2011 | 233 | Andreia Fidalgo portos do mediterrâneo. Refere Aquilino Ribeiro que “o olhanense, mal lhe tilintou nas algibeiras o dinheiro bem ganhado em Cádiz, Gibraltar, Ceca e Meca, levantou as estacas e o colmo das cabanas e, no mesmo chão, com desdém supremo pela simetria, construiu os seus penates de pedra e cal”[32]. Não há dúvida que parte do enriquecimento dos mareantes olhanenses proveio dos negócios estabelecidos em vários portos do Mediterrâneo, quer através da venda do figo, alfarroba e peixe seco, quer através do contrabando, que era muito comum [33]. Deslocavam-se, portanto, os mareantes olhanenses não apenas ao largo da costa algarvia, como também até ao sul de Espanha e ao norte do continente africano, sobretudo a Marrocos; todas estas regiões do Mediterrâneo, com características climáticas semelhantes e onde é comum a utilização da cobertura em açoteia, que teria sido imitada pelos olhanenses. Não descartando a hipótese de ter existido, realmente, alguma influência destes contactos no tipo de cobertura utilizada em Olhão, parecenos mais provável que a sua utilização derive de fatores climatológicos, comuns às regiões mediterrânicas [34], aliados às necessidades quotidianas da sua população. Quer no Algarve, quer no sul de Espanha ou no norte marroquino, encontramos um clima tendencialmente quente, com uma fraca pluviosidade anual, propício à propagação das açoteias, tipo de cobertura ideal para chuvas miúdas no inverno, e para manter as casas frescas no pico do verão. No caso particular de Olhão, podemos apontar ainda outros motivos práticos para a construção generalizada das açoteias: é que a açoteia era útil, como já foi referido, para a secagem do figo e da alfar- Aquilino RIBEIRO,”Olhão”, in Raul PROENÇA (coord), Guia de Portugal (1927), vol.II, 1983, p.247. Veja-se a respeito dos negócios levados a cabo pelos mareantes olhanenses, o que escreve Raul Brandão na sua obra Os Pescadores, no capítulo sobre “Olhão”, escrito em agosto de 1922. Cf. Raul BRANDAO, Os Pescadores, 1986, pp.149-161. [34] O Mediterrâneo foi, durante séculos, o elemento unificador das regiões que o circundam, determinando e condicionando as manifestações culturais dos seus povos. No que respeita à arquitetura, é interessante a observação de José Alberto Alegria, de que no espaço do Mediterrâneo se nota “uma lógica comum que resultou também de outros enquadramentos afins: o clima, o meio físico e as regras organizadas do pensamento”, in José Alberto ALEGRIA, “A Arquitetura Islâmica em Portugal…”, 1997, p.162. [32] [33] | 234 | Anais do Município de Faro | 2011 A Inerudita Arquitetura de Olhão: Açoteias, Mirantes, Contramirantes roba e, eventualmente, de algum peixe; era também útil para secar a roupa e os oleados dos pescadores; e, para além disto tudo, da açoteia podia avistar-se o mar e, nele, as embarcações dos mareantes. Ainda que possamos considerar todos estes fatores como plausíveis, não são suficientes para explicar a utilização generalizada das açoteias nos primitivos bairros olhanenses, pois podemos perguntar-nos, ainda, por que motivo não se expandiram estas casas em logradouros, onde também poderiam ser cumpridas quase todas as atividades do dia a dia acima referidas (exceto, talvez, o avistar do mar). Ora, para respondermos a esta questão, talvez possamos recorrer às palavras de João Batista da Silva Lopes, acerca da localidade: “Tem poucas ruas direitas e largas; pela maior parte são travessas estreitas, e becos sem ordem, com as casas na mesma irregularidade, com que estavam as cabanas; sobremaneira asseadas porém, e caiadas até meio da rua, no que se esmeram as mulheres” . É possível depreender que os primitivos aglomerados de cabanas de colmo, muito próximas umas das outras, originaram construções em alvenaria que improvisadamente se justapuseram, nos pequenos lotes que eram originalmente ocupados pelas cabanas. Isto fez com que a área do lote fosse diminuta, e as progressivas necessidades de espaço e o rápido aumento da população impusessem o crescimento vertical da casa, já que não se podia expandir lateralmente, em que a “açoteia tornava-se o logradouro, local onde se preparava as lides da pesca e as atividades quotidianas” [36]. Isto explica também a irregularidade das ruas, que foram crescendo e estreitando ao sabor das necessidades de habitação da população. Segundo Sandra Romba, no seu estudo Evolução Urbana de Olhão, apesar do aspeto desordenado dos bairros olhanenses, teria havido inicialmente uma tentativa de criar, sempre que possível, uma malha urbana regular, quer a nível dos principais eixos estruturantes, quer no que respeita aos [35] João Batista da Silva LOPES, Corografia ou Memória Económica, Estatística e Topográfica do Reino do Algarve, 1841, p.341. [36] Sandra ROMBA, Evolução Urbana de Olhão, Dissertação de Mestrado em História da Arte, especialização em História da Arte Portuguesa, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade do Algarve, 2008, p.161. [35] Anais do Município de Faro | 2011 | 235 | Andreia Fidalgo lotes edificados [37], o que nem sempre foi possível pois a estrutura do lote foi evoluindo de acordo com as necessidades do proprietário [38]. Assim se explica que, numa segunda fase construtiva, as ruas dos bairros da Barreta e do Levante tenham adquirido um aspeto caótico e labiríntico, tão típico das medinas islâmicas. Desmitificando a questão da açoteia, Sandra Romba defende também que esse tipo de cobertura não seria, muito provavelmente, contemporâneo das casas primordiais olhanenses, que teriam “cobertura de telhado de duas águas ou telhado de tesouro” [39], apesar de não se descurar a hipótese de ter “coexistido mais do que um tipo de cobertura” [40]. Ainda que as condicionantes mediterrânicas do clima e dos contactos por via marítima possam ser elucidativos quanto a possíveis influências na arquitetura olhanense, e ainda que o rápido crescimento das casas de pedra e cal em áreas reduzidas, em substituição dos aglomerados de cabanas, possam explicar as ruas sinuosas e o aparecimento generalizado das açoteias em substituição de prováveis telhados de duas águas ou de tesouro, devido a necessidades de espaço e de desempenho das tarefas quotidianas, ficamos todavia com uma questão por solucionar: a da singularidade do sistema construtivo, desenvolvido em três cubos sobrepostos de açoteias, mirantes e contramirantes. É aí, particularmente, que reside a singularidade das construções olhanenses, pois não encontramos esses elementos em mais parte alguma das regiões do Mediterrâneo, onde também aparecem frequentemente as coberturas de açoteia. Talvez Raul Brandão nos dê uma pista, quando escreve “Subo à çoteia – a melhor parte da casa. O homem de Olhão tem por ela uma paixão entranhada. Se um [37] Segundo a autora, a própria disposição das cabanas do aglomerado primitivo teria obedecido a alguma regularidade: “Estamos crentes que grande parte das cabanas não terá sido disposta de forma irregular e aleatória. (…) Procurava-se a vigência de um traçado regular, com as frentes das casas e das cabanas voltadas para o mar.”, in Sandra ROMBA, Evolução Urbana de Olhão, Dissertação de Mestrado em História da Arte, 2008, p.33. [38] Cf. Idem, ibidem, pp.31-49. [39] Idem, ibidem, p.39. [40] Idem, ibidem, p.39. | 236 | Anais do Município de Faro | 2011 A Inerudita Arquitetura de Olhão: Açoteias, Mirantes, Contramirantes vizinho a ergue, ele nunca fica atrás – levanta-a logo mais alto” [41]. Será a particularidade das açoteias, mirantes e contramirantes um reflexo de um enraizado gosto que se expandiu pelos olhanenses? É, certamente, um reflexo de uma arquitetura “inerudita”, como a apelidou Francisco Fernandes Lopes [42], que cresceu com as necessidades e os gostos dos mareantes de Olhão, e em igualdade de circunstâncias para todos, não fosse essa, de raiz, uma “sociedade horizontal”, sem hierarquias e tendencialmente igualitária[43]. Fig. 10 Foto antiga de uma perspetiva mais pormenorizada da açoteia olhanense. Note-se a arquitetura “inerudita” como a designou Fernandes Lopes. Raul BRANDÃO, Os Pescadores, p.155. Francisco Fernandes LOPES, Olhão, Terra de Mistérios, de Mareantes…, 1948, página não numerada. [43] António Rosa MENDES refere-se a essas características do povo olhanense no capítulo 10 “Uma Sociedade Horizontal” do seu estudo Olhão fez-se a si próprio, pp.37-39. É interessante notar que o mesmo ocorre com o trajo típico que as mulheres dos mareantes olhanenses insistiram em utilizar até aos anos 20 do século passado, mesmo depois de ter sido proibido em 1892 pelo então Governador Civil do Algarve, Júlio Lourenço Pinto: era este o bioco, veste negra que as cobria dos pés à cabeça e não permitia sequer a sua diferenciação ou identificação. [41] [42] Anais do Município de Faro | 2011 | 237 | Andreia Fidalgo Considerações finais Olhão tem sido objeto de interesse para diversos autores devido ao seu urbanismo de ruelas sinuosas, aparentemente caótico, composto por habitações que se deslindam em açoteias, mirantes e contramirantes. Devido a estas características, que encontramos sobretudo nos Bairros do Levante e da Barreta – núcleos primitivos do aglomerado populacional – a vila cubista tem sido comummente associada por alguns estudiosos à tradição islâmica em território algarvio; outros associam-na a uma influência islâmica mais moderna, fruto do contacto dos mareantes olhanenses com o norte de África. Procurando responder à questão que se impõe, ou seja, se as açoteias de Olhão são, ou não, um caso moderno de influência islâmica no Algarve, parece-nos plausível assumir que não é esse o caso. É muito mais verosímil que o uso generalizado das açoteias em Olhão advenha de uma resposta construtiva às condicionantes climatológicas do Mediterrâneo, aliada às condicionantes físicas do aglomerado populacional primitivo – o espaço diminuto dos lotes – e às necessidades práticas do quotidiano. Um crescimento muito rápido do aglomerado populacional durante o século XVIII levou a que as cabanas primitivas fossem dando lugar às construções de pedra e cal, justapostas; quando houve necessidade de aumento das habitações, não existindo mais espaço para se alargarem lateralmente, cresceram na vertical, dando origem a três blocos cúbicos sobrepostos, com açoteias que serviam para as várias lides quotidianas. Resultado, sem dúvida, de uma arquitetura “inerudita”, que cresceu ao sabor das necessidades e do improviso criativo dos moradores. Torna-se um pouco mais complexo tentarmos compreender as especificidades das construções olhanenses, ou seja, a existência de mirantes e contramirantes. Mas aí talvez tenhamos de contar com o fator “sociedade horizontal”: se um mareante tinha uma casa com mirante, todos os outros teriam de ter igual, pois não era concebível que a nível da habitação existisse algo que o distinguisse ou dignificasse. Se atendermos ao panorama regional, as açoteias olhanenses | 238 | Anais do Município de Faro | 2011 A Inerudita Arquitetura de Olhão: Açoteias, Mirantes, Contramirantes constituem um legado único e singular, pelo que devem – e merecem! – ser valorizadas. Não encontramos em mais parte alguma o mar resplandecente de açoteias caiadas de branco que podemos apreciar em Olhão. Um património, porém, muito desprezado e sucessivamente destruído nas últimas décadas, pelo que urge a necessidade de preservar o pouco que dele ainda resta. Anais do Município de Faro | 2011 | 239 | Andreia Fidalgo Bibliografia - ALEGRIA, José Alberto, “Arquitectura Islâmica em Portugal: das Memórias ao Ressurgimento – o exemplo da Arquitectura em Terra”, in Memórias Árabo-Islâmicas em Portugal, catálogo da exposição, s.l., Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1997, pp. 159-168. - BRANDÃO, Raul, Os Pescadores, Lisboa, Editorial Comunicação, 1986. - COSTA, António Carvalho da, Corografia portuguesa e descrição topográfica do famoso Reino de Portugal, Tomo III, Lisboa, Oficina de Valentim da Costa Deslandes, 1712 [disponível na Biblioteca Nacional Digital, http://purl.pt/434, consultado a 14/02/2011]. - FERNANDES, Paulo, Igreja Matriz de Olhão e Capela da Nossa Senhora dos Aflitos, ficha de inventário do SIPA – Sistema de informação para o Património Arquitectónico, IHRU – Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, 2001 [disponível em www.monumentos.pt consultado a 13/02/2011]. - LOPES, Francisco Fernandes, - Olhão, Terra de Mistério, de Mareantes e de Mirantes, separata do Jornal Correio Olhanense, semanário regionalista, Olhão, 1948. - “Olhão”, in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol.XIX, Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia Lda, 1949. - LOPES, João Batista da Silva, Corografia ou Memória Económica, Estatística e Topográfica do Reino do Algarve, Lisboa, Real Academia das Ciências, 1941 [disponível em http://books.google.pt, consultado a 18/02/2011]. - MARTINS, Artur Pires; CASTRO, Celestino; TORRES, Fernando, “Zona 6”, in Arquitectura Popular em Portugal (3ª ed.), 3º vol., Lisboa, Associação dos Arquitetos Portugueses, 1988. - MENDES, António Rosa, Olhão fez-se a si próprio, Olhão, Gente Singular Editora, 2009. - NOBRE, Antero, História Breve da Vila de Olhão da Restauração, Olhão, | 240 | Anais do Município de Faro | 2011 A Inerudita Arquitetura de Olhão: Açoteias, Mirantes, Contramirantes - - - Edição de «A Voz de Olhão», 1984. PASSOS, José Manuel da Silva, O Bilhete Postal Ilustrado e a história urbana do Algarve, Lisboa, Editorial Caminho, 1995. RIBEIRO, Aquilino, “Olhão”, in Raul PROENÇA (coord.), Guia de Portugal (1927), vol II – Estremadura, Alentejo e Algarve (fac-simile da 1ª edição da BNP de 1927), Fundação Calouste Gulbenkian, 1983. RIBEIRO, Orlando, Geografia e Civilização (3ª ed.), Lisboa, Livros Horizonte, 1992. ROMBA, Sandra, Evolução Urbana de Olhão, Dissertação de Mestrado em História da Arte, especialização em História da Arte Portuguesa, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade do Algarve, 2008. VARGENS, João Batista M., Léxico Português de Origem Árabe, subsídios para os estudos de filologia, Rio de Janeiro, Almádena, 2007. VASCONCELOS, José Leite de, Etnografia Portuguesa, vol. VI, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1975. Referências das figuras: Fig. 1. Foto antiga dos pescadores e respetivas cabanas de colmo, da Praia de Faro. Os olhanenses habitariam originalmente em cabanas muito semelhantes a estas. In José Manuel Silva PASSOS, O Bilhete Postal Ilustrado e a história urbana do Algarve, 1995, p.137. Fig. 2. Foto antiga de parte da fachada da Igreja Matriz de Olhão. In Museu Fotográfico de Olhão, [disponível em www.olhao.web.pt/ museu_fotografico_de_olhao.htm, consultado a 18/02/2011]. Fig. 3. Foto antiga, data de 7 de dezembro de 1922, do edifício do Compromisso Marítimo de Olhão. In Museu Fotográfico de Olhão, [disponível em www.olhao.web.pt/ museu_fotografico_de_olhao.htm, consultado a 18/02/2011]. Fig. 4. Pormenor de um mapa de Olhão datado de 1873. Anais do Município de Faro | 2011 | 241 | Andreia Fidalgo Fonte: Fotocópia existente no Arquivo Histórico Municipal de Olhão pormenor (numeração e legendas são da nossa autoria). Fig. 5. Foto antiga, da década de 10 do século XX, de uma travessa sinuosa, a Travessa António Bento. In José Manuel Silva PASSOS, O Bilhete Postal Ilustrado e a história urbana do Algarve, 1995, p.142. Fig. 6. Foto antiga do panorama das açoteias olhanenses, com os seus mirantes e contramirantes e, ao fundo, a imponente Igreja Matriz. In Museu Fotográfico de Olhão, [disponível em www.olhao.web.pt/ museu_fotografico_de_olhao.htm, consultado a 18/02/2011]. Fig. 7. Foto antiga do panorama das açoteias olhanenses. In Museu Fotográfico de Olhão, [disponível em www.olhao.web.pt/ museu_fotografico_de_olhao.htm, consultado a 18/02/2011]. Fig. 8. Foto antiga do panorama das açoteias olhanenses, com particular destaque para as chaminés. Fonte: Coleção Jorge Fonseca Fig. 9. Sistemas de acesso às açoteias nas casas rurais. Note-se ao centro o pangaio, que em Olhão aparece ladrilhado e não coberto de telha, e que acaba por dar origem ao primitivo mirante. In Orlando RIBEIRO, Geografia e Civilização, 1992, p.69. Fig. 10. Sistemas de acesso às açoteias nas casas rurais. O acesso ao mirante, nas casas típicas olhanenses seria feito por uma escada semelhante à da figura do lado esquerdo, encostada à parede; mas não encontramos aí o acesso por uma escada exterior a partir do rés do chão. In Orlando RIBEIRO, Geografia e Civilização, 1992, p.70. Fig. 11. Foto antiga de uma perspetiva mais pormenorizada da açoteia olhanense. Note-se a arquitetura “inerudita”, como a designou Fernandes Lopes. Fonte: Coleção Jorge Fonseca | 242 | Anais do Município de Faro | 2011