COMISSÃO CIÊNTIFICA
COMISSÃO ORGANIZADORA
PROGRAMA
ÍNDICE DE ARTIGOS
II COLÓQUIO INTERNACIONAL
DE CIÊNCIAS SOCIAIS
DA EDUCAÇÃO
O Governo das Escolas:
Atores, Políticas e Práticas
UNIVERSIDADE DO MINHO - INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA EDUCAÇÃO
1, 2 E 3 DE OUTUBRO DE 2015
ORGANIZADORES
ISBN
EDIÇÃO DIGITAL
Virgínio Sá
Leonor Torres
Guilherme Silva
Daniela Silva
978-989-8557-57-5
De Facto Editores
DATA
Outubro 2015
Todos os direitos reservados
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PROGRAMA
ÍNDICE DE ARTIGOS
EIXO 01
Globalização, europeização e administração da educação
Globalização, internacionalização e mobilidade acadêmica no ensino superior: um estudo do Programa Ciência sem Fronteiras na UFRB.
Alessandra Queiróz de Almeida
26
Da Política Educativa Nacional e Supranacional às Práticas Curriculares
Carla Lacerda
38
A globalização enlaces e faces nos estudos das organizações educativas
Carlos Antonio de Queiroz, Marly Alfaia Simões de Queiroz e Fabiane Maia Garcia
48
A globalização da educação e os contextos: respeito às diferenças ou atenuação das identidades?
Carolina da Costa Santos, Fátima Pereira e Amélia Lopes
58
O Programa Novas Oportunidades e a aprendizagem ao longo da vida: efeitos da União Europeia em Portugal
Daniela Vilaverde e Silva
65
Quais os efeitos da Globalização na Avaliação Externa de Escolas?
Joana Sousa e Natália Costa
79
A formação de professores no contexto das mudanças do ensino superior: uma perspectiva comparada entre Portugal e o Brasil
Maria Rejane Lima Brandim e Marina Graziela Feldmann
86
Políticas Educacionais de Ampliação da Jornada Escolar: uma perspectiva comparada Brasil e Portugal
Marília Beatriz Ferreira Abdulmassih e Antonio Chizzotti
95
União Europeia e Mercosul: Congruências na Concepção de Qualidade da educação Superior
Mary Ane de Souza
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
103
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ÍNDICE DE ARTIGOS
As Relações entre a União Europeia e o Mercosul e o Processo de Integração Universitária Mercosulino
Verônica de Lourdes Pieto de Oliveira
Agenda Global e Mercantilização da Educação: Algumas Problematizações Sobre as Políticas Educacionais de Distribuição Massiva de Laptops
Educacionais no Modelo “1:1”
Viviane Grimm e Geovana Mendonça Lunardi Mendes
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
115
128
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ÍNDICE DE ARTIGOS
EIXO 02
Organização e gestão pedagógica da escola/agrupamento
Avaliação de Escolas: os efeitos nos processos de mudança e melhoria da escola
A. P. Correia, I. Fialho e Virgínio Sá
140
Organização e gestão pedagógica da escola: das práticas escolares à lógica do seminário integrado do Ensino Médio Politécnico
Andrelisa Goulart de Mello e Rosane Carneiro Sarturi
151
A Escola em Ciclos: Novos Currículos e Velhas Práticas Docentes?
Anuska Andreia de Sousa Silva
162
Políticas Públicas e Educação Infantil: um olhar para a gestão da Lei 12.796 no contexto da escola
Camila Moresco Possebon e Rosane Carneiro Sarturi
173
Gestão pedagógica das escolas públicas paranaenses: entre as políticas educacionais e a redefinição governamental
Eliane Cleide da Silva Czernisz, Maria José Ferreira Ruiz e Leise Cristina Bianchini
185
Noções de Emancipação através do Trabalho: Um Estudo a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica Brasileira
Eucaris Joelma Rodrigues Ferreira e Gabriel dos Santos Kehler
193
Organização e Gestão Pedagógica da escola sob o olhar de licenciandos que participam de um programa de iniciação à docência- PIBID
Gláucia Signorelli de Queiroz Gonçalves, Marília Beatriz Ferreira Abdulmassih e Vlademir Marim
203
A Organização e Gestão Pedagógica Inseridas na Noção de Contrato
Henrique Ramalho
213
A floresta como espaço de aprendizagem: Um complemento à oferta educativa para a infância
Isabel Duque, Luana Pinho, Emília Bigotte, Aida Ferreira Figueiredo, Marlene Miguéis, Vera Vale e Ana Coelho
224
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
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ÍNDICE DE ARTIGOS
Gestão Democrática na Escola Estatal: Eleições, Práticas e Processos
Ivanilso Santos da Silva
234
Colaboração entre professoras em escolas do pré-primário e primário em Portugal
Joana M. B. Pacheco de Castro e José Manuel Matos
248
A Agregação de Escolas e Agrupamentos e a Possibilidade de Inovação e Melhoria
João Esteves Salgueiro
260
Gestão e Trabalho Pedagógico na Escola nos Discursos de Professores
Liliana Soares Ferreira
272
Contabilidade e seu Objeto de Estudo: do patrimônio a necessidade de uma inserção social
Luciana Silva Moraes Sardeiro e João Bosco Pavão
283
À Procura do Par Pedagógico Perdido: Repensando a Gestão Pedagógica
Luís Santos e Joaquim Duarte
292
As condições de trabalho na escola pública angolana: o conteúdo dos textos normativos e a realidade concreta das escolas
Manuel da Cruz Pedro
304
Do governo das escolas ao governo dos indivíduos Políticas de construção do cidadão social
Manuel Dinis P. Cabeça
317
A Gestão Curricular em Escolas do 1.º Ciclo de um Agrupamento de Escolas: Entre os Projetos, os Discursos e as Práticas
Maria Adelina da Conceição Martins
329
A influência das políticas públicas no desenvolvimento infantil nas primeiras etapas da Educação Básica: limites e possibilidades1
Naila Cohen Pomnitz e Nathana Fernandes
341
Desafios da gestão na escola: a atuação das professoras supervisoras do PIBID/UFSM/Pedagogia
Nicole Zanon Veleda
354
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
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ÍNDICE DE ARTIGOS
A figura do encarregado de educação e a sua (des)conformidade com o regime das responsabilidades parentais do Código Civil
Rossana Martingo Cruz
366
Repensar as Plataformas de gestão em função dos padrões de qualidade das escolas
Rui António Ribeiro Lourenço, Paula Maria Sequeira Farinho, Maria João Delgado e Eva Maria Lacerda Correa
379
O papel da autoavaliação no processo de melhoria organizativa
Teresa de Jesus Correia Paulino dos Santos
397
A Política Educacional, Projeto Professor Diretor de Turma no Campo Educacional Brasileiro Entre o Local e o Global: A Experiência do Ceará
– Brasil
Vagna Brito de Lima e Maria Zuleide da Costa Pereira
Da Avaliação à Intervenção - Uma Experiência de Implementação das Equipas Educativas
Zita Esteves, João Formosinho e Joaquim Machado
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
410
422
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ÍNDICE DE ARTIGOS
EIXO 03
Participação, democracia e a nova gestão pública na administração educacional
Políticas Públicas Democráticas nos Sistemas Municipais de Ensino: Interlocução entre Escolas e Conselhos de Educação
435
Andrelisa Goulart de Mello, Marilene Gabriel Dalla Corte, Joacir Marques da Costa, Marina Lara Silva dos Santos Teixeira e Francine Mendonça da Silva
Gestão Gerencial e Gestão Democrática no Programa Nacional Escola de Gestores
Anieli Sandaniel, Eliane Cleide da Silva Czernisz e Maria José Ferreira Ruiz
447
A gestão da educação Municipal: autonomia e participação
Anita dos Reis de Almeida, Ione Oliveira Jatobá leal e Ivan Luiz Novaes
459
Verticalização, práticas profissionais e formação docente no Instituto Federal Farroupilha, Campus São Vicente do Sul.
Antônio Carlos Minussi Righes, Márcia Eliana Migotto Araújo e Rosane Carneiro Sarturi
470
A Avaliação do Desempenho Docente em Portugal e suas principais consequências
Carmo Moreira e Manuel A. Silva
481
O Estágio Supervisionado na Escola Pública Estadual: reflexões sobre a gestão pública e a participação dos professores no processo formativo 492
Cláudia Tavares do Amaral, Maria Geralda Oliver Rosa e Jussara Bueno de Queiroz Paschoalino
Nova Gestão Pública e a ênfase nos resultados: reflexões sobre a atual gestão educacional brasileira
Daniela Cunha Terto e Alda Maria Duarte Araújo Castro
Um estudo sobre os Sistemas Municipais de Ensino no Estado do Rio Grande do Sul – Brasil: inter-relações com a lei de gestão democrática e
o contexto escolar
Diego Dartagnan da Silva Tormes, Marilene Gabriel Dalla Corte, Rosane Carneiro Sarturi e Marina Lara Silva dos Santos Teixeira
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
505
514
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ÍNDICE DE ARTIGOS
Gestão das Escolas em Africa: análise comparativa do funcionamento das escolas públicas de nível secundário em África do Sul e Cabo Verde. 526
MBangula Katúmua
A qualidade de ensino no Plano Nacional de Educação (2014-2024): desafios à gestão educacional local no Brasil
Elisangela Alves da Silva Scaff e Marilia Fonseca
536
A Governação da Educação: Redes e Lógicas de Ação
Emília Vilarinho e Esmeraldina Veloso
546
A democracia participada das famílias no interior das escolas
Eva Gonçalves
557
Centralidades e periferias na intervenção educacional: a inserção escolar como problema de inclusão social e a escola como instituição
parceira
Fátima Antunes e Rosanna Barros
570
O Novo Modelo de Gestão da Escola Pública e as Práticas de Gestão do Diretor: Opiniões e Perspetivas dos Atores Educativos de uma Escola do
Norte de Portugal
Fernanda Martins e Ana Paula Macedo
581
Planejamento e gestão educacional brasileira nos anos 2000
Jailda Oliveira Santos e Luciane Terra dos Santos Garcia
590
Escola Democrática no Brasil? políticas públicas e conselhos municipais de educação - discursos confluentes
Joacir Marques da Costa, Andrelisa Goulart de Mello, Ticiane Arruda da Silva e Marilene Gabriel Dalla Corte
602
Conselho da Comunidade Educativa-Figura de retórica ou retórica de figuras?
João Estanqueiro e Virgínio Sá
613
A Vez e a Voz dos Pais
João Macedo Faria
619
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
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ÍNDICE DE ARTIGOS
A evasão estudantil como um desafio para a democratização da educação superior no Brasil
José da Silva Santos Junior e Giselle Cristina Martins Real
630
A autonomia como construção na escola e a participação dos professores
Maria Alexandra de Oliveira Antunes Romero
641
Democratização da Educação e Relação Público-Privada no Plano Nacional de Educação 2014-2024: Confronto de Lógicas
Marilda de Oliveira Costa
652
O processo de [re]construção democrática do projeto político-pedagógico: interlocuções entre escola pública e o conselho municipal de
educação
663
Marilene Gabriel Dalla Corte, Marina Lara Silva dos Santos Teixeira, Luciana Guilhermano da Silva, Francine Mendonça da Silva e Diego Dartagnan da
Silva Tormes
Conselho da Comunidade Educativa, Precioso ou Prescindível? Análise do órgão máximo da direção das escolas RAMadeira
Paula Gomes da Lage Olim e João Carlos de Gouveia Faria Lopes
676
O SINAES e suas Implicações na Educação Superior Brasileira
Roberto Araújo da Silva e Maria Angélica Rodrigues Martins
692
Relação dos Alunos com a Escola: Participação e Práticas de Envolvimento Institucional
Sílvia Cruz Parreiral
704
O Papel dos Conselhos Gerais: do enquadramento legal às práticas em contextos escolares distintos
Susana Batista
716
A comunicação como elemento estruturante da mudança nas organizações escolares na nova gestão pública
Susana Faria
726
Tratamentos Semânticos da Noção de Autonomia Escolar e Possibilidades de Contribuição para a Transformação Educacional
Talitha Lessa Orestes
738
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
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ÍNDICE DE ARTIGOS
O que conta na hora de eleger o diretor
Teresa Silva Soares e Maria João de Carvalho
751
Desenhos e Desenhos: Conselhos Municipais de educação em pauta
Virgínia Coeli Bueno de Queiroz Matias e Rosimar de Fátima Oliveira
759
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
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ÍNDICE DE ARTIGOS
EIXO 04
Escola pública, políticas de escolha e desigualdades em educação
Concepção de Sustentabilidade Ambiental e as Práticas de Professores em Formação Inicial nas Áreas Rurais Degradadas no Amazonas 770
Ademar Vieira dos Santos e Jascqueson Alves de Oliveira
Inclusão de estudantes com deficiência na Educação Superior: dificuldades na prática pedagógica
Aline Pereira da Silva Matos e Susana Couto Pimentel
780
As políticas educativas na arena da educação: o futuro dos Infantários Públicos na Região Autónoma da Madeira
Ana Isabel de Gouveia
792
As Reformas e os contextos sociais do ensino técnico e profissional em Portugal
António Bernardo Pinto, Paulo Delgado e Fernando Diogo
801
Ensino profissional na escola pública: igualdade de oportunidades ou uma outra forma de legitimação das desigualdades?
Ângela Maria de Castro Silva Oliveira e Manuel António Ferreira da Silva
813
O fazer gestão na escola Farol: dilemas e táticas
Danieli Tavares
826
Infância, educação e direitos: um estudo com crianças nas feiras de Manaus
Evelyn Lauria Noronha
837
“Apagão Docente” no contexto Educacional Brasileiro: endereçamentos ao trabalho e identidade docente, a partir de uma política de formação 850
Gabriel dos Santos Kehler , Álvaro Moreira Hypolito e Eucaris Joelma Rodrigues Ferreira
A evasão na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia: um estudo inicial
Janete dos Santos e Leonor Torres
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
860
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ÍNDICE DE ARTIGOS
Teorias da aprendizagem: contributos para a compreensão do fracasso escolar
Janete dos Santos
873
Desigualdades na Educação Superior Brasileira: O Enem como política de democratização do acesso
Jonas de Paula Oliveira e Giselle Cristina Martins Real
884
O ensino da matemática no Curso de Pedagogia: a ludicidade como alternativa no ensino e na aprendizagem
Jussara Bueno de Queiroz Paschoalino, Cláudia Tavares do Amaral e Maria Geralda Oliver Rosa
895
O Governo da Infância no Filme Como Estrelas Na Terra
Luiza Pereira Monteiro e Sônia Maria Rodrigues
907
Ensino Médio Politécnico no Rio Grande do Sul: Política Pública e o Jovem
Marcia Eliana Migotto Araujo e Antônio Carlos Minussi Righes
918
Avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb): um estudo nos municípios do Rio Grande do Norte (2009-2013)
Maria das Vitórias Ferreira da Rocha e Lincoln Moraes de Souza
928
Estudar no Ensino Superior A questão da igualdade de oportunidades de sucesso no ensino superior público
Maria José Araújo e Fernando Diogo
939
A dimensão socioeducativa da escola: o papel da Educação Social na relação com as famílias e a comunidade
Paulo Delgado, Fátima Correia, Sílvia Azevedo e Teresa Martins
948
Projetos não-formais de rádio escolar e o combate às desigualdades em educação
Rachel Severo Alves Neuberger
957
Os efeitos do capital econômico, social e cultural no sucesso escolar dos alunos do Instituto Federal do Rio Grande do Norte campus Natal
central
Raimundo Nonato Camelo Parente e Maria José Casa-Nova
A (in)visibilidade da escola rural na produção acadêmica portuguesa
Renilton Cruz
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
966
979
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ÍNDICE DE ARTIGOS
Trabalho e educação na perspectiva dos jovens egressos da escola de ensino médio rural
Renilton Cruz, Renata Cunha e Waldeyzi Willock
991
A escola de serviço público e a busca de resultados em contexto concorrencial: Um estudo de caso numa escola secundária
Roberto Lopes
1003
“Se essa rua, se essa rua fosse minha...” Infância, Brincadeiras e Educação em Espaços de Vulnerabilidade Social.
Roberto Sanches Mubarac Sobrinho
1016
O jovem estudante do Ensino Médio no contexto das Escolas Municipais de Educação Infantil da cidade de Santa Maria/ Brasil: Investigações
sobre políticas públicas de qualidade
Rosa Maria Bortolotti de Camargo e Rosane Carneiro Sarturi
1026
Gestão do Fracasso Escolar: A escolarização de jovens pobres no Brasil, um estudo com base na tese de Monica Peregrino e na teoria de
Pierre Bourdieu
Rosivaldo Pereira de Almeida
1038
Transição dos Jovens e Adultos do Trabalho para a Escola
Tatiana Rachel Andrade de Paiva e Marco Antônio Cavalcanti da Rocha Júnior
1044
Políticas Públicas de Atendimento da Educação de Jovens e Adultos no Brasil: desafios e potencialidades.
Valéria Aparecida Vieira Velis
1051
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
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ÍNDICE DE ARTIGOS
EIXO 05
Centralização, descentralização, autonomia e (híper)burocracia
A Realidade de Uma Instituição Escolar Atípica. Contributos Para a Compreensão Organizacional do IFRN a Partir do Ponto de Vista dos Alunos 1064
André Luiz Ferreira de Oliveira
O gerencialismo nas universidades portuguesas: quando o gestor substitui o professor
Catharina Marinho Meirelles
1078
As consequências das avaliações externas em larga escala no trabalho escolar: perspetiva de professores e diretores
Edna Borges e Virgínio Sá
1090
A Autonomia Escolar e o Programa Mais Educação
Elisangela Maria Pereira Schimonek
1100
A Gestão Educacional do Plano de Ações Articuladas (PAR): O papel dos entes federados na trajetória do federalismo brasileiro
Emmanuelle Arnaud Almeida Cavalcanti e Antonio Cabral Neto
1112
O Fundeb Brasileiro como Instrumento de Descentralização de Recursos para Estados e Municípios: a Valorização do Magistério
Fádyla Késsia Rocha de Araújo Alves, Magna França e Janaína Lopes Barbosa
1123
O governo das escolas: estado, escolas e município
Filomena Correia
1136
Autonomia e Governo das Escolas: uma análise aos efeitos (des)centralizadores do contrato de autonomia
Henrique Ramalho
1148
A Ambivalência na Instrumentação da Ação Pública quanto aos Modos de Regulação: A Contratualização da Autonomia das Escolas Revisitada 1160
José Hipólito Lopes
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
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ÍNDICE DE ARTIGOS
Organização administrativa de projetos em EAD: do Pró-Licenciatura à Universidade Aberta do Brasil
Laura Wunsch e Eduardo Pertille Costa Leite
1172
Agentes de Implementação de Políticas Educacionais: atores, ideias e práticas
Lívia Cristina Ribeiro dos Reis
1182
Políticas e modelos de governança do Ensino Superior em Angola
MBangula Katúmua
1194
Modos de Regulação das Escolas de Educação de Infância do Município de Belo Horizonte: Entre o Controle e a Autonomia
Mércia de Figueiredo Noronha Pinto e Adriana Maria Cancella Duarte
1205
Formação de professores em cursos a distância: interlocuções entre políticas públicas e práticas pedagógicas na educação básica
Naila Cohen Pomnitz, Fernanda Cristófari Machado, Laura Wunsch e Rosane Carneiro Sarturi
1219
A (des)construção da autonomia num agrupamento de escolas: discursos e práticas
Virgínio Sá e Daniela Silva
1230
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
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ÍNDICE DE ARTIGOS
EIXO 06
Poder local e Educação
A Autarquia e a Escola: dinâmicas de partilha na gestão dos recursos humanos
Armando Paulo Felizardo e Maria João de Carvalho
1243
Poder local e Educação Descentralizar para otimizar processos de ensino-aprendizagem
Carla do Espírito Santo Guerreiro e Manuel Luís Pinto Castanheira
1255
Poder Local e Ensino de História Regional no Maranhão
Dayse Marinho Martins
1267
A Regulação do Poder Central no Processo da Construção das Cartas Educativas e a Homogeneização dos Discursos
Dora Castro, Irene Figueiredo e Fernando Diogo
1278
A dimensão educativa da experiência urbana na construção da cidadania no período do Estado Novo em Cuiabá-Mato Grosso/Brasil
Elizabeth Figueiredo de Sá e Gino Francisco Buzato
1289
A Categoria Cidadania no Contexto Escolar: Endereçamentos Discursivos na Fabricação e Consumo de Identidades Estudantis
Gabriel dos Santos Kehler e Joacir Marques da Costa
1296
A Escola, o Movimento Social e a Política
José Adelson da Cruz
1305
Adesão à transferência de competências na área da educação: O caso dos municípios de Viana do Castelo e de Esposende
Luís Alexandre da Torre Gaivoto, Alice Donat Trindade e André Azevedo Alves
1315
Qualidade Anunciada no Plano Nacional de Educação como Norte para Ações da Política Pública Brasileira
Maria Alice de Miranda Aranda e Franciele Ribeiro Lima
1327
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ÍNDICE DE ARTIGOS
O Plano de Ações Articuladas e a qualidade do ensino municipal de Dourados/MS: reflexões preliminares sobre resultados de uma pesquisa 1338
Maria Isabel Soares Feitosa e Marília Fonseca
Relação Autarquia/Escola. A construção do Projeto Educativo Municipal de Óbidos
Miguel Oliveira, Ana Sofia Godinho e Cláudio Rodrigues
Gestão dos Recursos Públicos para a Educação Infantil: concepções dos secretários municipais de educação e conselheiros do FUNDEB em
municípios do nordeste brasileiro
Patrícia Maria Uchôa Simões, Juceli Bengert Lima e Manoel Zózimo Neto
1348
1361
Planejamento da Educação em Municípios Brasileiros: as Ações de Gestão Educacional em Âmbito Local
Regina Tereza Cestari de Oliveira
1373
A Formação Inicial de Professores do Ensino Básico e as TIC: Um cenário de convergência de políticas e de divergência na concretização
Rosana Martínez Barcellos, Carlinda Leite e Angélica Reis Monteiro
1385
Políticas Públicas para a Educação Infantil e os desafios do poder local frente à universalização
Silviani Monteiro Sathres, Jucemara Antunes e Rosane Carneiro Sarturi
1398
Direito versus obrigatoriedade para a Educação Infantil: um diálogo com a escola pública e os desafios do poder local
Jucemara Antunes, Silviani Monteiro Sathres e Rosane Carneiro Sarturi
1410
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ÍNDICE DE ARTIGOS
EIXO 07
Projetos de escola/agrupamento, lideranças e culturas de autonomia
Práticas de liderança de coordenadores de departamento curricular
Ana Isabel Freitas e Lídia da Conceição Grave-Resendes
1422
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) como desafio aos professores na (Re) construção de Metodologias de trabalho que
facilitem o processo ensino aprendizagem de crianças e adolescentes
1434
Anne Ariadne Alves Menezes Ponce de Leão
De Pé no Chão à Lei 10.639/03 – Estudo Sobre a Aplicabilidade do Ensino Afro-Brasileiro na Rede Municipal de São Luís de Montes Belos Brasil
Fernando da Rocha Rodrigues
1448
Educação para o Desenvolvimento de Competências de Sustentabilidade nas comunidades ribeirinhas de Coari – Amazonas. Um estudo com
professores e alunos do Ensino Fundamental
Jascqueson Alves de Oliveira e Patrícia Alexandra Pacheco de Sá
1459
Associação de Escolas e Mega-Agrupamento: da Autonomia Conquistada à Autonomia Confiscada
Luís Santos e Robert Wagner Santos
1468
Formação autônoma e crítica em educação profissional de trabalhadores em saúde no Brasil: a escola pública democrática em risco?
Maria Inês Bomfim e Valeria Morgana Pezin Goulart
1479
O diretor de curso na universidade: líder pedagógico ou gestor administrativo?
Marta Oliveira e Jorge Adelino Costa
1489
Escola Indígena de Povos Indígenas: Políticas de Educação dos Povos Indígenas
Márcia Montenegro e Roberto Sanches Mubarac Sobrinho
1501
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ÍNDICE DE ARTIGOS
A (re)construção da cultura organizacional em mega-agrupamentos de escolas: tensões e contradições
Mário Sanches e Leonor L. Torres
1508
A importância da liderança na formação de turmas como instrumento de combate ao insucesso escolar
Paula Cristina Romão Pereira e Maria de Fátima dos Santos Martins Fradinho
1520
Brincando de “Ser Sateré-Mawé”: contextos lúdicos diversificados como elementos de construção das culturas infantis
Roberto Sanches Mubarac Sobrinho
1531
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ÍNDICE DE ARTIGOS
EIXO 08
O/A Diretor/a em ação: estudos
Situações de conflito, indisciplina e violência: o campo de tensão na gestão de escolas públicas
Angela Maria Martins, Cristiane Machado e Maria Helena Bravo
1543
O Diretor entre muros: um estudo caso.
Élia de Sousa Alves
1556
O Diretor de Escola- contributos para um estudo comparativo entre Brasil e Portugal
Elianeth Dias Kanthack Hernandes e Marília Evangelina Sota Favinha
1568
Da análise de Projetos de Intervenção aos Saberes e Práticas de Diretores de Escolas e Agrupamentos
Filinto Lima, Elisabete Ferreira e Rui Trindade
1580
A Percepção de Gestores Escolares sobre a Participação da Família na Escola
Ione Oliveira Jatobá Leal, Cristiane Regina Dourado Vasconcelos, Anita do Reis de Almeida e Leandro Gileno Militão Nascimento
1591
Práticas de gestão de políticas públicas: uma análise sócio-organizacional do campo escolar em Pernambuco
Jamerson Kemps Gusmão Moura
1602
O Diretor do Centro de Formação de Associação de Escolas e a Formação Contínua de Professores
Jorge Cardoso, Lídia da Conceição Grave-Resendes e Antónia Barreto
1613
O Diretor do Agrupamento de Escolas – entre a realidade e o sonho!
Maria Luísa Supico
1625
Um Estudo Sobre os Diretores das Escolas Não Agrupadas/Agrupamentos dos Distritos de Viana do Castelo e de Braga
Maria Margarida da Rocha Barbosa
1631
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
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COMISSÃO ORGANIZADORA
PROGRAMA
ÍNDICE DE ARTIGOS
Gestão democrática: interlocuções entre ações, políticas públicas e práticas pedagógicas no contexto de uma escola de educação infantil 1644
Naila Cohen Pomnitz e Natália Pergher Miranda
Diretores(as) de Escola nas Barras da Justiça: análise da legislação brasileira e de alguns casos judiciais com a respectiva jurisprudência 1654
Tereza Cristina Albieri Baraldi
O Diretor Escolar em Portugal: Esboço de um Perfil
Virgínio Sá e Guilherme Rego da Silva
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O Governo da Escolas, Atores, Políticas e Práticas
1666
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570
Centralidades e periferias na intervenção educacional: a inserção escolar
como problema de inclusão social e a escola como instituição parceira
Fátima Antunes
Universidade do Minho - CIEd
fantunes@ie.uminho.pt
Rosanna Barros
Universidade do Algarve - CIEO e CIEd
rmbarros@ualg.pt
Resumo: Aprofunda-se a discussão iniciada em Antunes e Barros (2014) sobre os sentidos
da micro-intervenção educacional levada a cabo em projetos de âmbito comunitário,
questionando a hipotética ambivalência entre o seu potencial para apaziguar e tornar
aceitáveis os problemas a que se dirige e a tentativa de abrir espaços intersticiais de
mudança em relações sociais, de participação e de decisão coletivas. Em ambos os textos
1
trabalhamos com dados parcelares de um estudo em curso intitulado: Reformas do Estado,
políticas públicas e educação ao longo da vida: novas geografias e desigualdades
socioeducativas.
Interessou-nos agora analisar interfaces dos arranjos institucionais de coordenação, no
campo das políticas públicas de educação, que o Programa Escolhas traduz, estudando,
teórica e empiricamente, implicações entre as novas lógicas de gestão pública e a gestão de
desigualdades sociais e escolares. Assim, mapeamos relações constituídas a nível local
entre os domínios público e privado e os espaços formal e não-formal da educação, para
compreender as modalidades de governação ensaiadas em termos do seu significado político
e das consequências sociais que produzem, em torno de vetores como: a presença/ausência
do Estado e dos excluídos, os problemas silenciados ou tematizados, as respostas
construídas ou ausentes.
Analisamos que intervenções se desenvolvem, porquê, com quem e com que resultados,
problematizando orientações e práticas face a tendências integrantes da governação
neoliberal
(individualização,
pedagogização,
localização
dos
problemas
escolares).
Questiona-se a fabricação dos contornos do espaço educacional (Seddon, 2014) através
destas intervenções dinamizadas por entidades sedeadas na comunidade em que a escola
assume o papel de instituição parceira; procura-se também compreender perspetivas e
cursos de ação dos atores.
Palavras-chave: Políticas Públicas; Governação educacional; Educação ao Longo da Vida;
Desigualdades Socioeducativas.
1
Projeto financiado por fundos nacionais da FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia (Projeto PEstOE/CED/UI1661/2014).
1
II COLÓQUIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA EDUCAÇÃO
O Governo das Escolas: Atores, Políticas e Práticas
1. Introdução
No âmbito da investigação educacional quando se opta por concentrar a análise, e reflexão, nos
sentidos da micro-intervenção educacional operada através de projetos que envolvem
financiamento europeu, como é o caso do Programa Escolhas (PE) que, excetuando a sua
primeira geração (2001-2003), tem vindo a ser apoiado, desde 2004, pelo Fundo Social Europeu
através do Programa Operacional Potencial Humano (POPH), e tal como nos referiu o
coordenador nacional do PE “hoje em dia temos dois terços de fundos comunitários e temos um
terço de orçamento de Estado” (E13), estamos, incontornavelmente, a colocar o locus de
discussão do estudo na nova lógica de governação global, e nos múltiplos sentidos do seu alcance
2
para o campo das políticas públicas de educação .
Assim sendo, entre outros aspetos há, pois, que ter presente as tensões resultantes das
transformações político-económicas em curso, e o continuum com que se desenha a governação
global da questão social, em que para além da matriz de governação neoliberal (hegemónica),
caraterizada por Hursh e Henderson como sendo “promovida por aqueles que são os mais
poderosos, e que podem, portanto, controlar o debate público e apresentar o neoliberalismo quer
como uma evolução inevitável do capitalismo quer como uma resposta apolítica para as questões
económicas e sociais” (2011: 171), num processo que silencia conceitos típicos da teoria social
crítica, como são “as transformações sociais, a participação popular, o contrato social, a justiça
social, as relações de poder, e a conflitualidade social (Sousa Santos, 2005: 14); há, também, uma
outra matriz, igualmente preponderante, que Sousa Santos (2005) identifica como uma
governação contra-hegemónica (insurgente), de sentido diverso e que “implica a articulação e
coordenação entre uma imensa variedade de movimentos sociais e de organizações da sociedade
civil, com a finalidade de combinar estratégias e táticas, de definir agendas, e ainda de planear e
levar a efeito ações coletivas” (2005: 22). E embora se trate de dois polos de um continuum, em
que se manipula diferentemente valores e princípios para organizar a vida em sociedade, se, no
primeiro caso, a governação global ocorre ao serviço de um projeto de exclusão social e de
polarização económico-social; no segundo caso, a governação global ocorre ao serviço de um
projeto de inclusão social e de redistribuição social da riqueza.
Ora, o estudo que sustenta os dados que aqui se apresentam tem a ambição de analisar práticas
que, no campo das políticas públicas de educação: (i) visibilizam a reconstituição das formas e do
sentido da centralidade do Estado e das autoridades públicas, como a União Europeia (UE); e (ii)
concretizam a formação de diversos espaços, escalas e atores supra e subnacionais que
conjuntamente constroem e definem as atividades do setor. Interessou-nos, então, explorar
algumas dimensões do objeto de estudo, designadamente: (i) as interfaces dos arranjos
institucionais de coordenação no Programa Escolhas e dinâmicas de constituição de relações e
interseções entre os domínios público e privado e os espaços formal e não-formal da educação;
2
Uma das prioridades do POPH visa: “superar o défice estrutural de qualificações da população portuguesa,
consagrando o nível secundário como referencial mínimo de qualificação, para todos” (ver
http://www.poph.qren.pt/).
2
571
II COLÓQUIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA EDUCAÇÃO
O Governo das Escolas: Atores, Políticas e Práticas
(ii) as perspetivas e cursos de ação dos atores envolvidos, com destaque quer para os técnicos,
quer para as crianças e jovens (que no PE são provenientes de contextos socioeconómicos mais
vulneráveis); e (iii) a questão da inserção escolar como problema de inclusão social. Com estas
dimensões em observação, e encarando a realidade como uma realidade complexa, discutem-se
as centralidades e periferias provocadas pela atual inovação nas lógicas de intervenção
comunitária e o seu papel em relocalizar problemas escolares e em gerir dinâmicas de inclusão e
exclusão social.
2. Investigação Educacional e Epistemologia – sobre as nossas opções metodológicas
A investigação educacional (em curso), que enquadra os dados aqui apresentados e discutidos,
emprega o método sociológico da pesquisa de terreno e privilegia o uso do inquérito por
entrevista. Neste texto, tomou-se, assim, como ponto de partida informação recolhida e analisada
na fase mais intensiva de recolha de dados (operacionalizada desde janeiro de 2015), com
informação
focalizada
no
caso
em
estudo,
através
de:
duas
entrevistas
individuais
(semiestruturadas), realizadas a responsáveis pela coordenação nacional e regional do PE; cinco
entrevistas individuais (semiestruturadas) realizadas a duas coordenadoras e a três técnicos de
dois projetos locais da quinta geração (2013-2015) do PE, situados um no norte e outro no sul do
país; duas entrevistas coletivas realizadas a jovens envolvidos em atividades dos mesmos
projetos.
As nove entrevistas efetuadas foram alvo de uma análise de conteúdo estrutural em que se
obtiveram frequências relativas a temas específicos e em que foi favorecida a associação entre os
temas identificados. Por outro lado, foi usada a análise de discurso sugerida por Bacchi (2000) na
decomposição do Relatório de Avaliação Externa do Programa Escolhas 2010-2012, no exame da
legislação afeta à criação e renovação sucessiva deste Programa, no estudo dos trinta e três
Recursos Escolhas, e também no escrutínio dos textos da Revista Escolhas.
A análise foi operacionalizada tendo em conta duas hipóteses: i) esta inovação sociopolítica
suscita leituras (e interrogações) que visibilizam a sua congruência com tendências integrantes da
matriz sociopolítica de regulação social neoliberal (individualização; pedagogização; localização);
ii) esta política pública contém sinais e co-responde a aspirações e aproximações para “aumentar
o compromisso social com a educação, acolhendo e apoiando iniciativas de famílias, de
associações, de poderes locais ou de professores, que se desenvolvam num quadro de abertura e
de integração de todas as crianças”, abrindo possibilidades em torno de “um espaço público da
educação” (Nóvoa, 2002).
3. Fundamentos Teóricos para a Análise de uma política pública de educação
Neste estudo, a educação, o Estado e a governação são perspetivados como relações e
processos sociais, isto é, como terrenos de práticas sociais, conflituais e contraditórias, em que
têm lugar a ação e o enfrentamento políticos. Nesse sentido, considera-se que as formas de
governação atualmente observáveis: (i) verificam a reconstituição e reorientação e não a redução
da centralidade da ação, do papel e do poder do Estado; (ii) reordenam a distribuição de poder
3
572
II COLÓQUIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA EDUCAÇÃO
O Governo das Escolas: Atores, Políticas e Práticas
entre as escalas supra e subnacional e (iii) se relacionam ainda com movimentos e aspirações
sociais e reações e respostas de baixo para cima, no sentido de ampliar a participação
democrática e a transparência na administração e no governo (Dale, 2005).
Neste quadro, o Estado cria uma margem de manobra acrescida para intervir de forma estratégica
e seletiva, para inibir ou estimular a inovação social, quer progressiva, quer regressiva, nas
margens dos sistemas e transfronteiriça às instituições. Desse modo, o campo da governação
apresenta-se como uma construção conflitual e desequilibrada que envolve agudas tensões
quanto à redistribuição social e ao reconhecimento da diferença. Aí, políticas, discursos e práticas
manifestam-se sob versões neo-liberais hegemónicas ou segundo concretizações contraditórias,
fragmentárias ou ambivalentes.
A discussão de dados que se segue explora o caso em estudo do Programa Escolhas; discute-se
que intervenções se desenvolvem, porquê, com quem e com que resultados, problematiza-se
orientações e práticas e questiona-se a fabricação dos contornos do espaço educacional (Seddon,
2014) através destas intervenções dinamizadas por entidades sedeadas na comunidade em que a
escola assume o papel de instituição parceira; procuramos também compreender perspetivas e
cursos de ação dos atores envolvidos.
4. Análise e Discussão de dados – centralidades e periferias na intervenção educacional
4.1. Interfaces dos arranjos institucionais de coordenação no Programa Escolhas ― a
escola como instituição parceira
Visto, no âmbito do discurso oficial nacional, como “uma política pública de grande alcance”
(Duarte, 2012: 2) e “um excelente exemplo de interação entre o Estado e a sociedade civil”
(Ibidem: 3), é um facto que existe atualmente no âmbito do PE um legado múltiplo de experiência
acumulada (composto por treze anos de promoção de atividades de intervenção local) que para
além de se constituir como objeto de estudo de uma sociologia da ação (Guerra, 2002) tem
demostrado potencial, como sublinha o seu coordenador nacional, para se configurar como “um
laboratório vivo, em permanência, disponível para produzir e incorporar conhecimento” (E13), no
3
que é entendido como um “ciclo virtuoso de investigação-ação” (E13 ).
Ao analisarmos, então, o que representa e carateriza o modelo operativo do PE, enquanto política
pública vocacionada para a inclusão socio-educacional, pelo menos duas esferas e interfaces do
seu arranjo institucional de coordenação sobressaem, quando o modelo é observado a partir do
foco que indaga sobre as dinâmicas da construção do espaço público de educação.
Assim sendo, (i) em primeiro lugar, é singular observar que a sua matriz concreta de governação,
não deixando de se inscrever no âmbito contemporâneo da governação pluriescalar, ou multinível,
que carateriza a governação global hodierna da questão social no geral, apresenta, não obstante,
características dissonantes com o mainstream discursivo desta área que tem tendido a exprimir os
apriorismos de uma agenda globalmente estruturada, onde a resolução de problemas, a exclusiva
participação dos titulares de interesses reconhecidos (stakeholders), a autorregulação imposta, os
3
Este código indica que se trata de uma citação da entrevista identificada com o número13.
4
573
II COLÓQUIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA EDUCAÇÃO
O Governo das Escolas: Atores, Políticas e Práticas
jogos de soma positiva e a opção por políticas compensatórias marcam e ditam o compasso da
ação. Não sendo totalmente ideias e conceitos ausentes, o interessante releva de que a sua
presença parece ocorrer mais para vincar alinhamentos alternativos do que para estabelecer
pautas determinísticas de intervenção. Por outras palavras, no que concerne à interface Estado e
sociedade civil, os dados obtidos corroboram, no essencial, a pretensão declarada de que o PE se
afirma distintivamente como um Projeto bottom-up pelo que, nos termos do seu coordenador
nacional,
assumindo uma postura de experimentação, procurámos recolher os ensinamentos locais,
buscámos ir resolvendo os problemas prementes dos(as) jovens e das comunidades mas,
simultaneamente, e também de forma coletiva, quisemos partilhar as boas práticas e a sua
sistematização. Esse é o legado do Programa Escolhas, um trabalho pioneiro em Portugal, que
resulta de um processo coletivo e conetivo de produção de conhecimento. De baixo para cima
(Calado, 2014: 68).
As perceções recolhidas nos testemunhos obtidos, acerca das dinâmicas de distribuição do poder,
parecem coincidir em atribuir uma espécie de efeito de boomerang, através do qual, o
compromisso da coordenação nacional com o apoio às iniciativas de associações locais,
eminentemente vocacionadas para a intervenção sociocomunitária operada pelos princípios da
educação não formal e de ambição emancipadora, apontaria para a abertura de possibilidades de
interferência autónomas desde a periferia para o centro, promissoras de um aumento do
compromisso sociopolítico com a educação enquanto agente de mobilidade social e de abertura
de oportunidades em contextos de exclusão social. A partir das palavras, por exemplo, da
coordenadora de um projeto em curso na região norte, a marca distintiva fundamental da
governação do PE parece poder ser condensada numa ideia-chave: a da proximidade efetiva e
consequente. No seu testemunho sublinha:
é o único programa, que eu conheço, em que eles dizem que é de proximidade e é, portanto,
eles são próximos de nós, são próximos das crianças, fazem questão de estar com frequência
para ver, lembram-se dos nomes, sabem quem é a criança que está com dificuldade em x
disciplina e perguntam como é que essa criança está (Coordenadora, projeto Sarande, E15).
Ora, considerando que as articulações, embora plurais, entre educação, associativismo e
democracia representam um eixo que quando presente na agenda das políticas públicas é, na
nossa perspetiva, um indicador, por um lado, do tipo de compromisso social dessas políticas, e por
outro lado, do grau de democratização estabelecido com a sociedade civil por via do
associativismo e da sua ingerência nas dinâmicas da construção do espaço público de educação,
então, e em (ii) segundo lugar, é interessante constatar que no modelo operativo do PE existem
lógicas de gestão democrática que parecem indicar um esforço continuado de promover, junto do
designado público direto, a apreensão da democracia pela inserção em práticas de decisão
democrática, porém, limitadas ao contexto da implementação dos projetos locais. Assim, sobressai
a valorização que o PE faz, no âmbito da micro-intervenção socio-educacional, do pressuposto em
que “a competência para fazer escolhas conscientes em contextos complexos e adversos, ou a
competência planear, implementar e avaliar (…) apenas pode ser desenvolvida na interseção
entre desenvolvimento cognitivo, técnico e comportamental” (Calado, 2014: 84). Ou seja, entre
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II COLÓQUIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA EDUCAÇÃO
O Governo das Escolas: Atores, Políticas e Práticas
outros objetivos prevalece, tanto nos discursos centralmente produzidos como nas perceções
perifericamente manifestas, a valorização das aprendizagens de participação cívica facilitadas
através da construção de arranjos institucionais favoráveis à sua prática continuada. Esta missão
está, de facto presente, em pelo menos duas interfaces da coordenação subnacional no PE,
nomeadamente: (a) na Assembleia de Jovens, e (b) no tipo de lógica presente no Acordo de
Consórcio, que baliza o desenho dos projetos desde a sua candidatura.
Nos termos avançados pela coordenação nacional do PE, trata-se de traduzir princípios e valores
em práticas, pois
por exemplo, os relatórios que os técnicos nos mandam semestralmente têm que ser validados
naquilo que nós chamamos uma assembleia de jovens, portanto, que tem um presidente, que
tem um secretário e eles dão um parecer e podem dizer: “Eu não concordo nada com este
relatório, este relatório é ‘para inglês ver’, não é? Portanto … o mesmo acontece com os planos
de atividades que os técnicos desenham e que os jovens têm que dar um parecer escrito,
formal em ata numa assembleia de jovens (…) nós queremos é que eles sejam protagonistas e
os técnicos os facilitadores, e, portanto, não invertermos aqui os papéis. Para nós tem que
estar nas mãos dos jovens, cada vez mais, estes processos de decisão porque daí, lá está,
vem outro tipo de competências, de participação e até da forma como vêem a democracia,
como vêem a cidadania (E13).
Com efeito, os testemunhos dos jovens entrevistados neste estudo apontam para uma
apropriação da lógica de deliberação democrática em órgãos de pendor colegial, como estes
depoimentos sugerem:
é onde se debate com os jovens, o nome diz tudo: assembleia de jovens! prontos… as
atividades que se podem fazer, as que não se podem porque, lá está, há muita atividade que a
gente gostaria de fazer… só que é preciso haver verbas, é preciso haver muita coisa, não é só
falar da boca para fora ‘olha vamos fazer isto’… é preciso ter maioria, porque não vamos fazer
uma atividade para duas pessoas, e outra atividade para duas pessoas, não! Tem que ser um
grupo, então tem que ser discutido, daí ser a assembleia! E essa menina é a presidente
(Jovens do projeto Cirandarte, E22).
O facto de ser observável, no caso do PE, a existência de interfaces alternativas à lógica
hegemónica de intervenção na questão social (Sousa Santos, 2005) parece relacionar-se com a
própria valorização da experiência adquirida em contextos de intervenção educacional e
sociocomunitária das pessoas envolvidas e que vão constituindo a rede humana de coordenação
nacional e subnacional deste Programa, em que a par do discurso público, internacionalmente
induzido, das parcerias e das justificativas da intervenção pela ideia de compensação e de
reabilitação, está também frequentemente presente o discurso das relações de poder e da justiça
social. Sendo hoje hegemónico o fluente e influente léxico que emana das instâncias políticas
internacionais e dos seus respetivos think thanks, e se difundem através dos mecanismos e
dispositivos da governação global (Dale e Robertson, 2009; Barros, 2013), como por exemplo o
4
POPH via QREN (que financia o PE), e que persuadem, como nunca, os atores sociais a
participar na esfera pública [porém, segundo moldes preestabelecidos e funcionais ao modo de
4
Quadro de Referência Estratégica Nacional.
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575
II COLÓQUIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA EDUCAÇÃO
O Governo das Escolas: Atores, Políticas e Práticas
produção capitalista que opta pela dualização social. (Montaño, 2012], é interessante encontrar
uma reorganização complexa de centralidades e periferias, bem como de princípios e valores, a
interagir no modelo operativo do PE. Os depoimentos que obtivemos empiricamente dão conta de
algumas destas dinâmicas e particularidades, que constituem pistas para pensar que esta
inovação sociopolítica visibiliza tensões e contradições para com as tendências integrantes da
matriz sociopolítica de regulação social neoliberal (individualização; pedagogização; localização).
Com efeito, há, por um lado, o evidenciar de lógicas de inclusão e participação na coordenação do
PE de atores com vasta experiência de terreno (constituída localmente), como atestam estas
declarações,
até porque nós somos pessoas que também vieram do terreno… sabemos que o terreno não
está plasmado no diagnóstico que nós pusemos lá na candidatura, não é?... a realidade é
muito mais complexa, é mutável (…) do nosso lado há sensibilidade até, muitas vezes, para se
rever o projeto, ir atrás de novos problemas, de novas oportunidades e isso também é feito,
sobretudo com um acompanhamento muito próximo dos projetos. Isso é uma marca distintiva
do programa (E13).
Tal como há, também, por outro lado, o evidenciar de lógicas de trabalho colaborativo instigado
pelo tipo de parcerias que se vão constituindo através do acordo de consórcio, já em sede de
candidatura ao PE, que embora enformando o funcionamento típico de uma matriz de governação
hegemónica, criada para regular o social, parece, não obstante, ser também percecionada como
mecanismo cujo mandato pode ser de emancipação social de comunidades locais e de ganhos
efetivos de poder:
há aquilo que nós chamamos um acordo de consórcio, ou seja, para além da candidatura onde
estão definidos os participantes, as atividades, o financiamento e por aí fora, há um segundo
documento complementar a esse que nós chamamos acordo de consórcio que é um
documento que tem valor jurídico. Portanto, é um contrato, e nós dizemos isto muitas vezes:
que quem o subscreve compromete-se para o bem e para o mal, portanto as entidades são
coresponsabilizadas pela execução, nós gostamos deste modelo em que não há uma entidade
que lidera e outras que vão atrás, estão todos ao mesmo nível ainda que tenham
responsabilidades
diferentes,
nesse
acordo
de
consórcio
ficam
estipuladas
as
responsabilidades de cada entidade, (…) isto é poder, é muitas vezes a distribuição do poder
entre as entidades, e tem corrido bem em geral (E13).
o objetivo do PE é pôr os parceiros também a trabalharem para o projeto vá, a terem esta
responsabilidade social porque no termino deste projeto é suposto que os parceiros peguem no
projeto para lhe darem continuidade (Coordenadora, projeto Sarande, E15).
Ora, não deixa de ser igualmente interessante constatar que nesta lógica de constituição de
consórcios tenha existido, desde o início, um efetiva presença da escola como instituição parceira,
criando-se neste âmbito um arranjo institucional cuja interface de coordenação suscitou uma
interação específica que sofreu alterações ao longo do tempo de vigência do PE:
se pensarmos em 2001/2002 havia, nalguns casos, eu diria algumas reservas a essa
aproximação (…) havia escolas que não nos abriam a porta, havia escolas que isolavam esses
espaços em momentos específicos, quando não havia atividades letivas, gradualmente, eu
diria que ao longo destes 14 anos fomos demonstrando a essas mesmas escolas a vantagem
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II COLÓQUIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA EDUCAÇÃO
O Governo das Escolas: Atores, Políticas e Práticas
que é ter os métodos de educação não formal desde logo no espaço da escola, mas também
no próprio espaço da sala de aulas, não é? (E 13).
agora passados estes 14 anos (…) as escolas gostavam de ter mais atividades no seu interior,
que o PE fizesse mais atividades no seu interior (E 14).
Os dados que recolhemos atestam a importância das dinâmicas de constituição de relações e
interseções entre os espaços formal e não-formal da educação, evidenciando que, do ponto de
vista do compromisso social com a educação, o PE tem vindo a ser sucedido no acolhimento e
apoio às iniciativas e solicitações das associações e dos professores.
4.2. Perspetivas e cursos de ação dos atores: um compromisso alargado para uma
intervenção focada nos indivíduos… e mais além
As entrevistas com os atores no terreno sugerem uma constelação de sentidos em que se cruzam
as perspetivas de que se trata de: agir na comunidade, em contexto de proximidade; construir
relações de confiança, com um público-alvo claro constituído por indivíduos identificados e com
itinerários biográficos em aberto; mobilizar recursos suportados por um compromisso
interinstitucional alargado; procurar a inclusão escolar como finalidade, enquanto recondução de
um percurso académico à normalidade portadora (ou não?) de novas oportunidades.
Individualização e localização dos problemas sociais
A intervenção é formal e declaradamente dirigida a indivíduos sinalizados como vivendo situações
de risco social que se entende poderem ser alteradas:
uma criança vem para o projeto, é feita essa ficha e, anualmente ou, neste caso,
semanalmente, é feita a avaliação daqueles critérios para ver se a criança já evoluiu ou não. Se
ela tiver evoluído ao ponto de já não apresentar esses problemas ditos sociais ou escolares,
ela passa de direto para indireto por que é conforme esse fatores de risco (…); por exemplo, se
sofre maltratos, se tem pais negligentes, se está em situação económica precária, se apresenta
maus resultados académicos, se tem comportamentos disruptivos ou desviantes (…) É criado
um plano individual e, a partir do momento em que ele consegue ultrapassar estes problemas
base, transita de direto para indirecto (Coordenadora, projeto Sarande, E15).
Trata-se de envolver os sujeitos em experiências educacionais organizadas e orientadas que lhes
permitam beneficiar de recursos adicionais, de interações enriquecedoras, de oportunidades para
construir comportamentos e atitudes desejáveis.
A capacitação individual como construção coletiva
portanto, temos salas de promoção de estudo mais do que uma vez por dia; depois,
semanalmente, temos os treinos de futsal porque eles agora como estão federados têm que
treinar 4 vezes por semana, temos a percussão, temos o espaço de inclusão digital que está
sempre aberto e temos sempre consequentemente aulas de TIC para vários grupos de várias
idades, temos a escola virtual para dar apoio também às crianças e jovens (…) e temos o @TV
que é o trabalho para a construção de filmes, etc. a gente chama-lhe @TV, mas não fomos nós
que escolhemos foram eles (…) A Express’arte, a gente chama-lhe expressão através da arte é
feita uma vez por semana, é feito dentro do autocarro nas manhãs (…) o Visitas às profissões,
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II COLÓQUIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA EDUCAÇÃO
O Governo das Escolas: Atores, Políticas e Práticas
embora seja, se não estou em erro quinzenal, portanto o objetivo é que eles possam ir, por
exemplo, conhecer os bombeiros, possam ir à PSP, pronto fazer assim um bocado orientação
profissional (…), pronto depois aqui o Liga-te é também de orientação vocacional e é também
regular (Coordenadora, projeto Sarande E15)
Porventura, as perspetivas dos atores apontam uma matriz de intervenção que, como se
documenta, partilha de pressupostos de individualização e localização dos problemas sociais e
propõe respostas de pendor remediativo e adaptativo. A mobilização de recursos acrescidos para
enriquecer as propostas educativas, a dimensão interativa e coletiva das experiências são uma
constante no relato dos técnicos sobre o projeto e os seus horizontes:
[O grupo de percussão] é uma atividade importante também para eles terem um bocado de
disciplina e também um bocado de espírito de grupo, porque ali eles funcionam em grupo, pode
haver um que toque muito bem e outro que não toque e eles têm que controlar ali um bocado
os egos e é bom por causa disso, é uma atividade engraçada para eles fazerem; depois,
também lhes dá destrezas e também competências musicais (Técnico, projeto Sarande, E17,
1-2).
então pensamos em formar uma equipa de futsal federada onde eles tinham que ter outras
responsabilidades, entregar-lhes responsabilidade (…) difícil no início porque nenhum dos
miúdos estava preparado para tal e neste momento estão realmente a encaixar no que nós
queremos; realço também a atividade das férias que foi a atividade Sarandar em que os nossos
jovens e os nossos pequeninos ajudaram na limpeza do bairro e foram dois dias de desgaste e
os miúdos até os mais pequeninos estiveram lá a ajudar e a participar (…) temos a Assembleia
de jovens em que eles ajudam a decidir ou o que é que gostavam de fazer, porque a nossa
opinião, por exemplo “vamos apanhar castanhas” se eles não gostarem também não vale a
pena fazer (Técnico, projeto Sarande, E18).
temos previsto para o final do ano a criação de uma associação juvenil com os jovens
(Coordenadora, projeto Sarande, E15).
Nesta perspetiva, a organização da ação parece inspirar-se numa abordagem de resolução de
problemas, remetidos para o foro individual e local; isto é, as instituições (a escola, a economia, o
mercado de trabalho…) não chegam a ser desafiadas ou questionadas. No entanto, a pretendida
normalização das biografias e dos contextos de vida é enquadrada num processo de reforço de
interdependências, de estimulação da responsabilidade e construção coletivas, sustentado por um
compromisso alargado que excede em muito quer a equipa técnica, quer a instituição escolar,
ainda que as não dispense.
Um compromisso alargado…no tempo
principalmente a relação que temos com as comunidade, com os miúdos já é de muita
confiança e uma vez que há confiança o trabalho é muito mais bem feito, quer a nível escolar,
quer a nível cívico também, de cidadania, conseguimos ver a evolução em muitas crianças e
jovens, mas parte tudo da base da confiança, se não houver confiança não é possível
(Técnico, projeto Sarande, E17, 10).
Acho que atualmente elas são todas muito presentes … a junta de freguesia, que me esqueci
de mencionar, também estão sempre presentes nas reuniões, mesmo em questões financeiras,
agora pagou os exames de medicina desportiva dos miúdos, mas lá está isto também já é um
9
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O Governo das Escolas: Atores, Políticas e Práticas
trabalho de 5 anos e, parecendo que não, faz diferença desde o primeiro ano até agora… (…)
a equipa de futsal, que foi feita inteiramente em parceria, portanto corre muitíssimo bem e acho
que é um excelente exemplo, em termos financeiros e logísticos (…) Sim, para o ano a equipa
irá continuar, julgo que sim, o grande objetivo da construção desta equipa era esse, era que
continuasse, era primeiro testar os parceiros e garantir que só iríamos formar a equipa quando
os parceiros estivessem mesmo preparados para a assumirem (Coordenadora, projeto
Sarande, E15).
Nesse sentido, a equipa técnica do projeto, o enraizamento e a capacitação comunitários, a
interação de proximidade e a construção da confiança, bem como o compromisso interinstitucional
alargado constituem recursos ao serviço da construção desse envolvimento e enriquecimento da
experiência individual e coletiva que se espera possam contribuir para, e construir a inclusão e a
normalização da biografia individual, superando ou atenuando o risco social que sinalizava cada
sujeito.
5. Considerações finais – implicações entre as novas lógicas de gestão pública e a gestão
de desigualdades sociais e escolares
Procurámos nesta comunicação discutir duas hipóteses de leitura do caso em estudo de uma
política pública (o Programa Escolhas): a prevalência de tendências integrantes da matriz
sociopolítica de regulação social neoliberal (individualização, pedagogização e localização) e/ou a
aproximação a aspirações e práticas de construção de um espaço público de educação, tendo em
vista a abertura e integração de todas as crianças, mobilizando um compromisso social com a
educação envolvendo múltiplos constituintes, das famílias aos poderes locais, aos professores ou
cidadãos associados e organizados.
No quadro de governação pluriescalar que carateriza o Programa Escolhas, onde não deixam de
figurar tendências hegemónicas de regulação sociopolítica, as dissonâncias emergem, por um
lado, da interferência de lógicas de ação desde a periferia para o centro e, por outro lado, da
presença no seu modelo operativo no terreno de práticas de gestão e de decisão democráticas no
âmbito da micro-intervenção socioeducacional; o Acordo de Consórcio e a Assembleia de Jovens,
com o papel que lhes é reservado ao longo dos projetos, testemunham esse esforço de conferir
substância a práticas de participação que envolvem relações de poder e experimentação social.
As perspetivas e cursos de ação testemunhados pelos atores, sobretudo técnicos do terreno,
permitem apreender tensões e contradições entre, por um lado, uma matriz de intervenção que
declaradamente individualiza o risco social e localiza problemas sociais, enquanto fomenta
reportórios de ação vocacionados para estimular experiências de construção e decisão coletivas.
As práticas e orientações enunciadas evocam interdependências, responsabilidades, processos e
instrumentos de ação coletivos dos sujeitos, bem como compromissos sociais alargados na ação
local em torno da educação. Nesse sentido, sugerimos que as perspetivas, orientações e práticas
observadas indiciam a fabricação de um espaço educacional cujo sentido político é incerto e
atravessado de tensões e contradições; neste quadro, a escola é valorizada como parceira para
uma resposta de integração escolar ao problema de exclusão social dos sujeitos.
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II COLÓQUIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA EDUCAÇÃO
O Governo das Escolas: Atores, Políticas e Práticas
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