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Variação linguística em livros didáticos de alemão como língua estrangeira

2018

O presente trabalho consiste em uma análise de livros didáticos de alemão como língua estrangeira (DaF) a partir de uma perspectiva sociolinguística. Parte-se do princípio de que a língua varia e que, consequentemente, um adequado ensino de língua estrangeira implicará no reconhecimento desse fenômeno. Dessa forma, o trabalho tem o objetivo de verificar a presença ou ausência de variação linguística em três séries de livros didáticos que são empregados para o ensino de DaF em Porto Alegre. Para tanto, realizou-se uma revisão bibliográfica sobre as circunstâncias envolvendo a produção de livros didáticos de DaF e o fenômeno da variação linguística, especialmente no tocante à língua alemã. Após isso, foi realizada a análise dos livros selecionados. De maneira geral, constatou-se que duas das três séries analisadas dedicam maior espaço a variáveis diatópicas relacionadas ao Princípio DACH(L), porém de maneira superficial. A outra série, que tem como proposta livros mais curtos e objetivos, trouxe exemplos de variáveis não apenas diatópicas, mas também diafásicas, além de uma variável social. Nela, a variação desempenha papel mais central.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE LETRAS VIKTORYA ZALEWSKI PIETSCH DOS SANTOS VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM LIVROS DIDÁTICOS DE ALEMÃO COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Porto Alegre 2018 VIKTORYA ZALEWSKI PIETSCH DOS SANTOS VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM LIVROS DIDÁTICOS DE ALEMÃO COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Trabalho de Conclusão de Curso de graduação apresentado ao Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a obtenção do título de licenciada em Letras. Orientadora: Profa. Dra. Karen Pupp Spinassé Porto Alegre 2018 VIKTORYA ZALEWSKI PIETSCH DOS SANTOS VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM LIVROS DIDÁTICOS DE ALEMÃO COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Trabalho de Conclusão de Curso de graduação apresentado ao Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a obtenção do título de licenciada em Letras. Aprovado em: _____ de _____________ de _______. BANCA EXAMINADORA __________________________________________ Karen Pupp Spinassé (Orientadora) __________________________________________ Cléo Vilson Altenhofen (Examinador) __________________________________________ Daniela Norci Schroeder (Examinadora) AGRADECIMENTOS Ao Senhor Jesus, pela benção da vida e da salvação, por sua graça, misericórdia e amizade que todos os dias me alcançam. A meus pais, a meus avós e a meu padrasto, que apesar das dificuldades comuns à vida, sempre enxergaram minha educação como prioridade, me incentivando, acreditando em meu potencial e compreendendo minha ausência nos períodos mais intensos. A meu avô, que me ensinou o amor pelas letras e pelas rimas. À minha mãe, que herdou o mesmo amor de meu avô e sempre contribuiu para que a minha infância estivesse rodeada dos mais coloridos livros. À UFRGS, universidade pública e de qualidade, lugar onde tenho me formado cidadã, acadêmica e profissional. À minha orientadora Profa. Dra. Karen Pupp Spinassé, não apenas por sua orientação e solicitude, mas também por seus ricos ensinamentos na área da Docência e da Língua Alemã. Ao Prof. Dr. Cléo Vilson Altenhofen, primeiro professor a me inserir no mundo da pesquisa. Professor, nunca me esqueci do momento em que você disse que eu ainda iria muito longe; guardo suas palavras com carinho. Aos queridos professores: Profa. Dra. Marcia Ivana de Lima e Silva, Prof. Dr. Antônio Sanseverino, Prof. Dr. Michael Korfmann, Prof. Dr. Gerson Neumann, Dra. Svenja Brünger, Profa. Dra. Gabriela Hoffmann Lopes, Ma. Angélica Prediger e Profa. Dra. Lia Schulz. Também à equipe do grupo ALMA, com quem muito aprendi sobre a vida acadêmica e sobre uma nova forma de enxergar o mundo, observando a paixão e dedicação com que vocês estudam o Hunsrückisch e o Pomerano. Com vocês viajei e conheci falantes que têm sua variedade linguística como um tesouro; não fui mais a mesma desde então. Ao DAAD (Deutscher Akademischer Austauschdienst), pela belíssima oportunidade de ter estudado na Alemanha, o que contribuiu imensamente para meu desenvolvimento. Ao Instituto Goethe de Porto Alegre, por possibilitarem a continuidade dos meus estudos da língua alemã, e por sua biblioteca, fundamental na produção deste trabalho. Ao NELE, que abriu suas portas para a minha primeiríssima experiência docente e onde muito aprendi, sendo fundamental na minha formação. Ao CAp da UFRGS e sua equipe docente, que me possibilitaram a realização de três estágios docentes. Às minhas grandes amigas Natasha Barth Sidoruk e Carla Menoti Rech, companheiras não apenas nos estudos, mas na vida. Minha trajetória não seria a mesma sem vocês. “Sê humilde para evitar o orgulho, mas voa alto para alcançar a sabedoria.” (Santo Agostinho) RESUMO O presente trabalho consiste em uma análise de livros didáticos de alemão como língua estrangeira (DaF) a partir de uma perspectiva sociolinguística. Parte-se do princípio de que a língua varia e que, consequentemente, um adequado ensino de língua estrangeira implicará no reconhecimento desse fenômeno. Dessa forma, o trabalho tem o objetivo de verificar a presença ou ausência de variação linguística em três séries de livros didáticos que são empregados para o ensino de DaF em Porto Alegre. Para tanto, realizou-se uma revisão bibliográfica sobre as circunstâncias envolvendo a produção de livros didáticos de DaF e o fenômeno da variação linguística, especialmente no tocante à língua alemã. Após isso, foi realizada a análise dos livros selecionados. De maneira geral, constatou-se que duas das três séries analisadas dedicam maior espaço a variáveis diatópicas relacionadas ao Princípio DACH(L), porém de maneira superficial. A outra série, que tem como proposta livros mais curtos e objetivos, trouxe exemplos de variáveis não apenas diatópicas, mas também diafásicas, além de uma variável social. Nela, a variação desempenha papel mais central. Palavras-chave: Ensino de alemão; Alemão como língua estrangeira; Sociolinguística; Livro didático ZUSAMMENFASSUNG Die vorliegende Arbeit stellt eine Analyse von DaF-Lehrwerken aus der soziolinguistischen Perspektive. Man geht davon aus, dass die Sprache variiert und, folglich, dass der geeignete Fremdspracheunterricht dieses Phänomen behandeln soll. In diesem Sinne ist das Ziel der Arbeit die An- oder Abwesenheit von linguistischer Variation in drei Lehrwerksreihen, die im DaF-Unterricht in Porto Alegre verwendet werden, zu analysieren. Zunächst wurde über die Herstellung von DaF-Lehrwerken und über das Phänomen der Sprachvariation recherchiert, hauptsächlich in Bezug auf die deutsche Sprache; dann wurde die Analyse von den ausgewählten Lehrbüchern durchgeführt. Im Allgemeinen kommt man zu dem Ergebnis, dass zwei von den drei analysierten Reihen Raum für geographischen Variablen im Hinblick auf das DACH(L)-Prinzip widmen, jedoch oberflächlich. Die andere Reihe, die absichtlich kürzere und objektivere Bücher anbietet, stellt Beispiele nicht nur von diatopischen Variablen, sondern auch von diaphasischen Variablen vor, und auch eine sozielle Variable konnte identifiziert werden. In dieser Reihe spielt die Variation eine wesentlichere Rolle. Schlüsselwörter: Deutschunterricht; Deutsch als Fremdsprache; Soziolinguistik; Lehrwerk LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Exemplo de coluna lateral extra no livro DaF kompakt neu A2 ............................ 31 Figura 2 - Jugendsprache: imagem do livro DaF kompakt neu A2........................................ 32 Figura 3 - Umgangssprachlich: imagem do livro DaF kompakt neu A2 ................................ 33 Figura 4 - Überfliegen Sie die E-mails: atividade do livro Menschen A1............................... 34 Figura 5 - Formel oder informell: atividade do livro Menschen B1 ....................................... 35 Figura 6 - Lernwortschatz: Exemplo de variáveis diatópicas na série Menschen ................... 36 Figura 7 - Exemplo de variáveis diatópicas na série Panorama ............................................ 38 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11 2 LIVROS DIDÁTICOS .................................................................................................... 12 2.1 Abordagens metodológicas ......................................................................................... 13 2.2 Mercado editorial........................................................................................................ 15 2.3 Questões Políticas ....................................................................................................... 17 2.4 Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECR) .............................. 18 2.5 DACH(L) e Landeskunde ........................................................................................... 19 3 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ......................................................................................... 22 3.1 Norma-padrão: o standard .......................................................................................... 23 3.2 Variação social ou diastrática ...................................................................................... 24 3.3 Variação estilística ou diafásica .................................................................................. 25 3.4 Variação diatópica ..................................................................................................... 26 4 METODOLOGIA ........................................................................................................... 28 4.1 DaF kompakt neu........................................................................................................ 28 4.2 Menschen ................................................................................................................... 29 4.3 Panorama ................................................................................................................... 30 5 ANÁLISE ........................................................................................................................ 31 5.1 DaF kompakt neu........................................................................................................ 31 5.1.1 Variação social ................................................................................................ 31 5.1.2 Variação diafásica ............................................................................................ 32 5.1.3 Variação diatópica ........................................................................................... 33 5.2 Menschen ................................................................................................................... 33 5.2.1 Variação social ................................................................................................ 33 5.2.2 Variação diafásica ............................................................................................ 34 5.2.3 Variação diatópica ........................................................................................... 35 5.3 Panorama ................................................................................................................... 36 5.3.1 Variação social ................................................................................................ 36 5.3.2 Variação diafásica ............................................................................................ 36 5.3.3 Variação diatópica ........................................................................................... 37 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 39 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 40 ANEXO 1 – VARIÁVEIS DIATÓPICAS NA SÉRIE DAF KOMPAKT NEU ................ 43 ANEXO 2 – VARIÁVEIS DIATÓPICAS NA SÉRIE MENSCHEN ............................... 45 ANEXO 3 – VARIÁVEIS DIATÓPICAS NA SÉRIE PANORAMA ............................... 53 11 1 INTRODUÇÃO Encarar a língua como entranhada ao social, profundamente múltipla, variável e em constante reconstrução, é vê-la como concebe a Sociolinguística (BAGNO, 2012). Tal concepção implica em profundas mudanças na compreensão de nossas práticas sociais orais e letradas, inclusive no ensino de línguas, como no caso do alemão como língua estrangeira, (Deutsch als Fremdsprache, doravante DaF). Conceber a língua alemã como vê a Sociolinguística significa entendê-la como heterogênea, falada e escrita por pessoas reais, que transitam nos mais diferentes contextos. O ensino de língua estrangeira modificou-se, ao longo do último século, conforme as teorias linguísticas e as abordagens pedagógicas dominantes. Além disso, o ensino de DaF foi profundamente influenciado por políticas nacionais e fluxo do mercado dos países falantes de língua alemã. Juntamente modificaram-se os livros didáticos, que são produzidos quase completamente em solo alemão e vendidos em outros países consumidores, incluindo o Brasil (UPHOFF, 2009, p. 83). Livros didáticos constituem-se como materiais que exercem grande poder sobre a prática do professor (UPHOFF, 2009). Dessa forma, o objetivo desta pesquisa é analisar, sob essa perspectiva da diversidade, três dos principais livros didáticos de ensino de DaF presentes em cursos de Porto Alegre, buscando observar como eles apresentam e/ou como tratam os fenômenos de variação linguística. Nossa hipótese é de que a presença ou ausência desses fenômenos indicará se os livros compreendem a língua da mesma forma como ela é concebida pela Sociolinguística. Afinal, quando nega a variação da língua, ignora que pessoas expressam-se diferentemente de acordo com o contexto e omite que diversas palavras podem ser usadas para indicar o mesmo referente, o livro didático está afastando o aprendiz de seu objetivo: a aprendizagem autêntica da língua-alvo para fins de comunicação. Para isso, dividimos o trabalho da seguinte forma: no primeiro momento, são investigados os processos que influenciam a produção de livros didáticos de alemão. Em seguida, procura-se entender como funcionam os fenômenos de variação e como eles se dão nos países de língua alemã. Após tal revisão bibliográfica, apresentamos as características dos livros didáticos selecionados para a análise e os motivos que nos levaram a selecioná-los. No quinto capítulo é realizada a análise e, no sexto, apresentamos as considerações finais sobre os dados obtidos. 12 2 LIVROS DIDÁTICOS De acordo com Bausch et. al (2016), materiais didáticos para ensino de línguas (Sprachlehrmaterialien) são todos os textos, materiais e mídias utilizados por professores e alunos no processo de aquisição de línguas. O autor apresenta-os em duas categorias: (1) materiais produzidos pelos próprios alunos, como textos, posts de blogs, tabelas e anotações, e (2) materiais externos. Os materiais externos também são divididos em outras duas categorias: (1) materiais não-didatizados, que são utilizados para aquisição de línguas, como textos de jornal e portais de música e compras, e (2) materiais didatizados, que são, em regra, produtos de editoras, como, por exemplo livros didáticos (Lehrwerken) e materiais complementares. Barkowski e Krumm (2010, p. 188) definem Lehrwerk (livro didático) como “uma gama, estruturada e publicada, de textos e exercícios para aula ou estudo individual, normalmente baseada em uma abordagem metódico-didática”1 (tradução nossa). Conforme Uphoff (2009), a diferença entre o livro didático e outros materiais – como dicionários gramáticas e livros de apoio – é a presença de dois objetivos: estabelecer uma distribuição de conteúdos num determinado espaço de tempo e indicar os procedimentos didáticos a serem empregados. Em suma, o livro didático pretende definir o que será ensinado, como será ensinado e qual será a agenda de ensino. Uma vez que é um livro que estrutura os conteúdos em lições ou unidades, o professor precisa, geralmente, abordar seus capítulos de maneira linear. Além disso, o livro didático acaba definindo outros fatores presentes na sala de aula, como procedimentos didáticos, organização social dos alunos e dos itens, bem como forma de avaliação. Para Uphoff (2009, p. 61), o livro didático contém um planejamento minucioso do ensino da língua, que contempla praticamente todas as etapas do ensino, desde sua concepção global até a definição de procedimentos didáticos concretos e indicações sobre o modo de avaliação praticado em sala de aula. O livro didático, portanto, pode ser considerado como a materialização do planejamento de um curso de línguas. Braga (2011) afirma que o livro didático é uma tradição centenária na cultura escolar brasileira e que, geralmente, é apresentado como mediador entre o aluno, o professor e o conhecimento a ser aprendido e ensinado. Em alguns ambientes é, além das exposições do 1 “ein strukturiertes, publiziertes Text- und Übungsangebot für Unterricht oder Einzelstudium, i.d.R. auf einem methodisch-didaktischen Gesamtkonzept basiert.” 13 professor, a única fonte de conteúdos dos aprendizes. No Brasil, o livro didático de DaF representou, muitas vezes, o principal ou até mesmo o único meio de contato com o idioma e a cultura estrangeira. Tal acontecimento é bastante comum em regiões afastadas dos países onde se fala a língua-alvo (UPHOFF, 2009). 2.1 Abordagens metodológicas Os livros didáticos de DaF sofreram profundas modificações a partir do surgimento de novas abordagens metodológicas. As mais antigas são comumente denominadas de précomunicativas, sendo elas o Método de Gramática e Tradução, o Método Direto e o Método Audiolingual. A Abordagem Comunicativa começa a ser discutida, na Alemanha Ocidental, no começo dos anos 70, e a Abordagem Intercultural, na metade dos anos 80 (NEUNER; HUNFELD, 1993). O Método da Gramática e Tradução (Grammatik-Übersetzungs-Methode, doravante GÜM) foi desenvolvido no século XIX e imperou até as primeiras décadas do século XX, resistindo, em alguns contextos, há até não muito tempo atrás. Inspirado no ensino das línguas clássicas, como o grego e o latim, esse método estava relacionado ao principal objetivo do Ginásio escolar: a formação humanística. O GÜM destacava a leitura de textos clássicos e sua tradução para a língua materna, os quais serviam de material para a análise gramatical/sintática. A variação linguística, portanto, não era abordada. Postulava-se que o aluno, para aprender a língua estrangeira, deveria primeiro compreender as regras gramaticais da mesma. Nos livros didáticos, os tópicos gramaticais não eram apresentados de forma diluída ao longo dos capítulos, mas sim de maneira compacta; o professor era visto como o detentor do conhecimento gramatical e os textos literários clássicos eram entendidos como modelos corretos da língua. A turma, estudantes de ginásio de uma elite letrada, era composta por falantes da mesma língua; a aula, portanto era ministrada na língua materna; havia a dominância do texto escrito, ignorando-se outras habilidades, como a fala (vide SCHMIDT, 2017; UPHOFF, 2009). O Método Direto surge em 1890 como crítica ao GÜM, introduzindo uma proposta nova para o ensino de línguas estrangeiras. Segundo esse método, a língua materna deveria ser abolida da sala de aula e não se permitia seu uso nem para se fazerem comparações com a língua-alvo, tornando a aula um ambiente monolíngue. O enfoque passava a ser o uso da língua-alvo em sua modalidade falada, o que, consequentemente, trazia temáticas do contexto 14 escolar e familiar do aluno, porém de maneira descontextualizada (vide SCHMIDT, 2017; UPHOFF, 2009; NEUNER; HUNSFELD, 1993). O Método Audiolingual desponta na década de 40 nos Estados Unidos, baseando-se na teoria psicopedagógica behaviorista, que concebe o sujeito como fortemente influenciado por estímulos externos (SCHMIDT, 2017). Segundo essa abordagem, a competência linguística deve ser automatizada através do hábito; a língua é aprendida pelo binômio estímulo e resposta. O Método audiolingual foi bastante importante em uma época que apresentava a necessidade bastante pontual de preparar militares para a Segunda Guerra. Diferentemente do Método de Gramática e Tradução, o Método Audiolingual enfatizava a fala e sua repetição – e, diferentemente do Método Direto, procurava contextualizar essa fala através de um cenário ou enredo dado. Ele também apontava a importância de uma progressão nos conteúdos ensinados, de acordo com os supostos níveis de dificuldade nas estruturas gramaticais – assim, o planejamento do ensino de línguas é encarado como uma tarefa científica que deve ser executada por um especialista, e não pelo professor, que é visto apenas como um aplicador desse material. Uphoff (2009, p. 70) afirma que “o livro didático é de fundamental importância nesse contexto, já que materializa o planejamento legitimado pelas ciências”. Devido à ênfase na língua oral, o desenvolvimento de recursos tecnológicos para aprimoração da pronúncia e da fala também foi bastante significativo. O audiolingualismo 2 sofreu influência também do Estruturalismo americano, que concebe a língua como um sistema fixo e não enfatiza a variação linguística. Seu auge, no ensino de língua alemã, teve início na década de 60. Com o crescente desenvolvimento da Pragmática nos estudos da linguagem, a visão estruturalista no ensino de línguas passa a ser, aos poucos, abandonada. A língua começa a ser abordada a partir de seu caráter comunicativo: Aprendem-se línguas estrangeiras modernas – em oposição às “línguas velhas”, Latim e Grego, que apenas existem como línguas de livros – para poder se comunicar com outras pessoas [...], para compreender programas de TV, programas de rádio, jornais e livros. Esses são objetivos pragmáticos: aprendem-se línguas vivas sobretudo para utilizá-las na comunicação cotidiana (NEUNER; HUNFELD, 1993, p. 84, tradução nossa)3. 2 Termo empregado por Uphoff (2009, p. 68-70) como sinônimo para Método Audiolingual. “Morderne Fremdsprachen lernt man – im Gegensatz zu den “alten Sprachen” Latein und Griechisch, die es nur noch als “Buchsprachen” gibt –, um sich mit anderen Menschen verständigen zu können, [...] um Fernsehsendungen, Radioprogramme, Zeitungen und Bücher zu verstehen.” 3 15 O ensino volta-se para a simulação de situações do dia-a-dia, com o interesse não mais centrado no aspecto gramatical, mas sim nas práticas que o aluno pode realizar a partir da língua-alvo. Além da Pragmática, outra área trouxe grande impacto para o ensino de línguas: a Linguística Textual, que introduziu a concepção de uma nova unidade linguística, a saber, o texto. Frases descontextualizadas e desconexas não eram mais valorizadas, e sim os textos em suas formas e com seus conteúdos. Temos, então, o desenvolvimento da Abordagem Comunicativa. Enquanto o Método da Gramática e Tradução esteve relacionado à literatura clássica e à educação humanista de uma classe culta e o Método Audiolingual apresentou bastante relevância em um contexto de guerra que aproximou tantas línguas e culturas, o impulsionamento da Abordagem Comunicativa também esteve associado a seu contexto sócio-histórico. Os anos 70, na Europa, foram marcados por uma grande imigração de mãode-obra. Tais imigrantes apresentavam um novo perfil de aprendizes de língua: eram trabalhadores, adultos e participantes de cursos de profissionalização. A Abordagem Comunicativa, baseada em um modelo emancipatório de educação, pretendia que os aprendizes pudessem, no idioma estrangeiro, se comunicar no dia-a-dia, expressar seus desejos, defender seus interesses e lidar com as mídias (NEUNER; HUNFELD, 1993). Assim, é importante que a variação linguística ocupe um papel mais central, uma vez que ela objetiva o uso da língua-alvo pelo aprendiz em diferentes contextos reais. As quatro habilidades (fala, audição, escrita e leitura) passam a ser norteadoras dos materiais didáticos, e o professor não mais monopoliza as aulas, mas torna-se um mediador do processo de ensino (UPHOFF, 2009). A Abordagem Intercultural veio para ampliar a Abordagem Comunicativa, trazendo as noções de que língua e cultura são indissociáveis, assim como o contexto sociocultural dos falantes. A interculturalidade compreende o surgimento de outro campo, a partir do intercâmbio entre duas culturas. No ensino, pauta-se nas reflexões sobre: como se percebe o outro, o diferente; como se percebe o eu; como se compartilham vivências e como se dialoga com o outro. A Abordagem Intercultural também propõe problematizar estereótipos e desenvolver princípios de tolerância. De acordo com SCHMIDT (20017, p. 98), nessa abordagem, “o mundo idealizado e o discurso unitário deveriam, paulatinamente, dar espaço a uma percepção mais plural da sociedade e culturas-alvos”. 2.2 Mercado editorial 16 Após a explanação acima, faz-se necessário lembrar, nesta seção, que os livros didáticos, além de sofrerem influência e mesmo alterações pelos métodos ou abordagens dominantes, também são fortemente influenciados pelo mercado. Uphoff (2009) indica que os materiais didáticos não são apenas fruto da criatividade de especialistas, mas também de um processo de editoração, sendo lançados como produtos no mercado editorial. Um fato interessante é que a IDV4 (Associação Internacional de Professoras e Professores de Alemão), que estabeleceu como um de seus objetivos o suporte a professores de alemão e à sua atividade profissional e formação, é patrocinada pelas editoras Hueber, Klett e Cornelsen 5. O mercado de livros didáticos nos países de língua alemã foi dominado, já a partir de meados dos anos 20, por poucas editoras especializadas (BARKOWSKI; KRUMM, 2010). A partir dos anos 80, foram desenvolvidos, massivamente e a nível global, livros didáticos de alemão como língua estrangeira e, com a obrigatoriedade dos cursos de integração a partir dos anos 2000, foi produzido um grande número de livros específicos para esse público-alvo. A concorrência crescente no ramo, provocada em parte pelo número decrescente de alunos e pelo desenvolvimento complexo de multimídias (como materiais para internet e DVDs) dificultou a atividade de editoras pequenas e regionais e levou ao fortalecimento de edições licenciadas de livros didáticos alemães em detrimento de produções regionais (BARKOWSKI; KRUMM, 2010). No Brasil, embora alguns professores e instituições também costumem desenvolver seus materiais próprios, geralmente, para atender necessidades específicas de sala de aula, a maioria dos materiais didáticos presentes para o ensino de alemão costumam ser produzidos pelas grandes editoras alemãs. Um dos discursos empregados para justificar sua utilização está no argumento de que os materiais dessas empresas são desenvolvidos por especialistas na área e que passam por um rigoroso processo de testagem, o que supostamente asseguraria sua qualidade e garantiriam o sucesso da aprendizagem (UPHOFF, 2009, p. 92). Outra justificativa para a maior aceitação de livros didáticos produzidos no exterior é a de que são produzidos por falantes nativos, que teoricamente possuiriam maior autoridade e legitimidade no ensino da língua-alvo (TILIO, 2008). O investimento das editoras em seus materiais didáticos nem sempre se reflete na qualidade pedagógica, e sim no aspecto estético e tecnológico, garantindo o potencial mercadológico dos materiais. Por isso, para que continuem vendendo bem, é importante que 4 5 Internationaler Deutschlehrerinnen- und Deutschlehrerverband. Conforme https://idvnetz.org/was-ist-der-idv – último acesso em 15 de novembro de 2018. 17 tragam certas inovações, mas não a ponto de causar estranhamento nos professores; pode-se dizer que o mercado de produção de livros para o ensino de línguas é essencialmente conservador (UPHOFF, 2009, p. 95). Um livro que obtém sucesso é encarado como modelo e imitado na produção de outros, inclusive em outras editoras, o que torna os produtos de diversas empresas bastante parecidos e com mínimas variações (TILIO, 2008, p. 132). Um exemplo de livro bastante inovador é o Die Suche – Das andere Lehrwerk für Deutsch als Fremdsprache (1993, apud UPHOFF, 2009), escrito em forma de romance pelo renomado autor Hans Magnus Enzensberger, cujas lições têm relação com a trama da narrativa. Apesar de causar curiosidade inicial, o livro não conseguiu se firmar no mercado e hoje foi editado para ser utilizado como material de revisão. 2.3 Questões Políticas Se não é possível dissociar o livro didático de alemão como língua estrangeira de seu mercado, tampouco se pode separá-lo de movimentos políticos que influenciam sua produção e suas características. O desenvolvimento da área acadêmica de DaF foi fortemente influenciada por dois institutos criados após a Segunda Guerra Mundial: o Instituto Goethe, na Alemanha Ocidental, e o Instituto Herder, na Alemanha Oriental. Segundo Uphoff (2013, p. 222), suas histórias são um exemplo das atitudes empregadas pelos dois estados alemães para retomar o ensino de DaF e incentivar o intercâmbio cultural com outros países. Dessa forma, as nações pretendiam reestabelecer relações políticas internacionais. Em 1959, o Instituto Goethe tornou-se um órgão oficial do governo alemão. Se observarmos a página do Instituto Goethe sobre suas Tarefas e Objetivos, encontraremos os seguintes dizeres: O Goethe-Institut é o instituto cultural de âmbito internacional da República Federal da Alemanha. Promovemos o conhecimento da língua alemã no exterior e o intercâmbio cultural internacional. Transmitimos uma imagem abrangente da Alemanha através de informações sobre a vida cultural, social e política em nosso país. Nossos programas culturais e educacionais promovem o diálogo intercultural e permitem a participação cultural. Fortalecem o desenvolvimento de estruturas da sociedade civil e promovem a mobilidade global6. 6 Disponível em https://www.goethe.de/ins/br/pt/ueb/auf.html – último acesso em 15 de novembro de 2018. 18 De acordo com Uphoff (2013), a formulação “transmitimos uma imagem abrangente da Alemanha” (grifo da autora) indica, ainda hoje, a tentativa de superar a associação do país com sua época nazista – tarefa ainda mais relevante durante a década de 50, quando foi criado o instituto. Os institutos Herder e Goethe tinham atuações relativamente parecidas, apesar de suas diferenças políticas. Ambos ofereciam cursos de formação de professores e produziam materiais didáticos. Professores do Instituto Goethe foram responsáveis pela produção dos dois primeiros livros didáticos que se tornaram best-sellers no mundo ocidental, sendo um deles o Deutsche Sprachlehre für Ausländer, dos autores Dora Schulz e Heinz Griesbach, publicado em 1955 pela editora Hueber. Além da importante política pós-guerra que, até hoje, permanece influenciando a produção de livros didáticos, outros movimentos mais recentes têm repensado a produção desses materiais: o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas e o DACH(L)Prinzip. 2.4 Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECR) O Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (em inglês, Common European Framework of Reference for Languages) foi publicado em 2001 pelo Conselho da Europa, instituição fundada no contexto pós-guerra, do qual participam 47 países, dos quais 28 fazem parte da União Europeia 7, e que visa à promoção dos direitos humanos, da tolerância e da resolução pacífica de conflitos8. O QECR aponta que sua criação corresponde ao objetivo geral do Conselho da Europa, isto é, promover maior unidade entre os países-membros ao adotar uma ação comum na área da cultura. O Conselho entende que apenas através de um melhor conhecimento das línguas vivas europeias se conseguirá facilitar a comunicação e a interacção entre Europeus de línguas maternas diferentes, por forma a promover a mobilidade, o conhecimento e a cooperação recíprocas na Europa e a eliminar os preconceitos e a discriminação (CONSELHO DA EUROPA, 2001). 7 Conforme https://www.coe.int/pt/web/about-us/our-member-states – último acesso em 06 de dezembro de 2018. 8 Conforme https://www.coe.int/pt/web/about-us/values – último acesso em 06 de dezembro de 2018. 19 O QECR, além de outras funções, é utilizado para a padronização de certificações e está orientado a partir das competências comunicativas, isto é, competências que permitem ao indivíduo agir por meio do uso da língua. Os Níveis Comuns de Referência do Quadro estão divididos em: A1, A2, B1, B2, C1 e C2. Ao atingir o nível A2, o falante é considerado um utilizador elementar da língua; ao atingir o B2, um utilizador independente; finalmente, ao alcançar o C2, o falante torna-se um utilizador proficiente (CONSELHO DA EUROPA, 2001). 2.5 DACH(L) e Landeskunde O DACH(L)-Prinzip (ou simplesmente DACH-Prinzip – Princípio DACH) denominou-se inicialmente ABCD-Thesen (Teses ABCD) e estabeleceu-se a partir de um grupo de trabalho em 1988, composto por representantes da Áustria (A), da Alemanha Ocidental (B, de Bundesrepublik Deutschland – BRD), da Suíça (C, devido à denominação oficial Confoederatio Helvetica) e da Alemanha Oriental (D, de Deutsche Demokratische Republik – DDR). O grupo visava à formação de um novo imaginário no que diz respeito ao ensino de DaF. De acordo com Bohunovsky (2014, p. 111), “naquela época, apenas a Alemanha Ocidental era abordada nas temáticas de Landeskunde9, e autores das teses defendiam a inclusão dos ‘países menores’”. Antes de prosseguir, cabe apresentar o conceito de Landeskunde, muito relevante para a área de DaF. O documento das ABCD-Thesen afirma: “Landeskunde, na aula de língua estrangeira, é um princípio que se concretiza através da combinação de transmissão da língua e informação cultural. [...] Diz respeito exemplarmente e contrastivamente à área de fala alemã com seus fenômenos não apenas nacionais, mas também regionais e transnacionais” (KAMPEL et al., 1990, p. 15). 11 De acordo com a Wiki 99 Stichwörter für den Fremdsprachenunterricht, promovida pela editora Hueber, o conceito Landeskunde expressa os conhecimentos, saberes e entendimentos sobre as circunstâncias geográficas, políticas, econômicas, sociais e culturais de um país, seus habitantes e seu modo de comportamento (HUEBER, 2018). Novas abordagens de Landeskunde no ensino de DaF surgiram com o passar dos anos. O livro Didaktik der Landeskunde (BIECHELE; PADRÓS, 2003) apresenta a abordagem 9 Como veremos a seguir, Landeskunde equivale, de forma abrangente, a Estudos Sociais. “Landeskunde im Fremdsprachenunterricht ist ein Prinzip, das sich durch die Kombination von Sprachvermittlung und kultureller Information konkretisiert [...]. Landeskunde [...] bezieht sich exemplarisch und kontrastiv auf den deutschsprachigen Raum mit seinen nicht nur nationalen, sondern auch regionalen und grenzübergreifenden Phänomenen.” 11 20 factual da Landeskunde como a mais antiga, indicando os anos cinquenta. Essa abordagem propõe a transmissão de fatos, números e dados na aula de alemão, isto é, informações próprias sobre a geografia, a economia e a estrutura política do país Alemanha, além da apresentação de costumes e tradições de seus habitantes; a cultura é entendida como a música, a literatura, a arte e a ciência. A Landeskunde na abordagem factual não era integrada ao ensino da língua, e sim vista de maneira adicional. Com as abordagens comunicativa e intercultural, a aplicação da Landeskunde se modificou; contudo veremos que no DACHPrinzip ela ainda está fortemente associada ao seu sentido mais antigo (BIECHELE; PADRÓS, 2003). Em 1990, o grupo das ABCD-Thesen começou a elaborar volumes de Landeskunde para os quatro países: Áustria, Suíça, Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental. O objetivo era que os volumes apresentassem uma estrutura unificada, o que permitiria a comparação entre as nações. Englobariam os seguintes temas: geografia e história; informações sobre a população; vida pública; vida cotidiana; educação; cultura e tempo livre; meios de transporte, viagem e turismo; meio-ambiente; “nós e os outros”; e ainda um capítulo específico de acordo com cada país. Após a reunificação da Alemanha, os volumes sobre a BRD e a DDR tornaram-se um só e o grupo passa a trabalhar não mais nas teses ABCD, mas sim no DACHKonzept (Conceito DACH – sendo D para Alemanha (Deutschland), A para Áustria e CH para a Suiça). Há a inclusão posterior também do L para Liechtenstein, mas entre parênteses, pois o principado não tem o mesmo status para o DaF como os outros países e nem é considerado um centro expressivo da língua alemã (HÄGI, 2011). Os volumes antes planejados, no entanto, só apareceriam em 1998, sob o título Landeskunde – deutschsprachiger Länder. A temática passou a adentrar outros espaços, como na discussão sobre currículo, livros didáticos e formação de professores. O site da IDV explica que o DACH-Prinzip provém do reconhecimento fundamental da diversidade da área de língua alemã em relação ao ensino de língua alemã, à transmissão da Landeskunde, à produção de materiais didáticos e à formação e treinamento de professores. Na prática, significa [...] a igual integração de diferentes dimensões linguísticas e culturais da área de língua alemã, no que diz respeito a trabalhos científicos, atividades de instituições governamentais, desenvolvimento de conceitos e projetos, todas as formas da apresentação de atividades especializadas, e, acima de tudo, na práxis em aula” (IDV, 2018, tradução nossa)12. 12 Dísponível em https://idvnetz.org/dachl-online/dachl-im-fach-dafdaz/dach-prinzip - Último acesso em 04 de setembro de 2018. “Das DACH-Prinzip geht von der grundsätzlichen Anerkennung der Vielfalt des 21 Dessa forma, tendo a IDV um forte relacionamento com as editoras de livros didáticos de DaF, conforme explicitado na seção 2.2, não seria inusitado que a produção mais recente de materiais viesse acompanhada do Princípio DACH, especialmente na apresentação de Landeskunde. deutschsprachigen Raumes im Rahmen des Unterrichts der deutschen Sprache, der Vermittlung von Landeskunde, der Produktion von Lehrmaterialien sowie der Aus- und Fortbildung von Unterrichtenden aus. In der Umsetzung bedeutet dies [...] die gleichwertige Einbeziehung der unterschiedlichen sprachlichen und landeskundlichen Dimensionen des deutschsprachigen Raumes im Rahmen wissenschaftlicher Arbeiten, in Aktivitäten der Mittlerorganisationen, in der Entwicklung von Konzepten und Projekten sowie in allen Formen der Präsentation fachlicher Aktivitäten, vor allem aber auch in der Praxis des Unterrichts.” 22 3 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA O conceito de língua, neste trabalho, é aquele abordado pela Sociolinguística: A língua varia e é heterogênea, pois os falantes são diversificados e também heterogêneos. Bagno (2012, p. 36-37) afirma que ao contrário da norma-padrão, que é tradicionalmente concebida como um produto homogêneo, como um jogo de armar em que todas as peças se encaixam perfeitamente umas nas outras, sem faltar nenhuma, a língua, na concepção dos sociolinguistas, é intrinsecamente heterogênea, múltipla, variável, instável, e está sempre em desconstrução e reconstrução. [...] Se a língua é falada por seres humanos que vivem em sociedades, se esses seres humanos e essas sociedades são sempre, em qualquer lugar e em qualquer época, heterogêneos, diversificados, instáveis, sujeitos a conflitos e a transformações, o estranho, o paradoxal, o impensável seria justamente que as línguas permanecessem estáveis e homogêneas! Não é algo novo afirmar que língua e sociedade são duas realidades que se relacionam intimamente, e que a língua costuma ser interpretada como produto e expressão da cultura. Entretanto, a linguística nem sempre se ocupou com os aspectos sociais. Labov (1972, apud MONTEIRO, 2000, p. 26) demonstrou-se bastante relutante para aceitar o termo Sociolinguística, cunhado na década de 50, por julgá-lo redundante, uma vez que não se pode pensar em uma linguística que não seja social. Sua teoria sociolinguística apontou a agramaticalidade da fala cotidiana como mito. A sociolinguística enfatiza a importância do fenômeno da variação linguística, que indica que a língua varia, o que pode ocorrer em qualquer nível: fonético-fonológico, morfológico, sintático, semântico e ainda no estilístico-pragmático (BAGNO, 2012, p. 3940). Quando duas formas ou mais transmitem um mesmo conteúdo informativo, isto é, apresentam o mesmo significado denotativo ou referencial, elas constituem, então, uma variável linguística. Cada forma alternante é chamada de variante. O emprego de determinada variante pode ser causada por variáveis internas e externas, sendo as internas referentes à estrutura da língua, englobando fatores fono-morfo-sintáticos, semânticos, discursivos e lexicais, enquanto as variáveis externas são as de ordem social, sendo inerentes ao indivíduo (como etnia ou sexo), sociais (como nível de escolaridade e renda) e contextuais (como grau de formalidade de uma conversa) (vide MONTEIRO, 2000; MOLLICA, 2004). Outro conceito importante é o da variedade, que é um dos muitos “modos de falar” uma língua; cada modo é caracterizado por pertencer a um grupo social ou a determinada 23 região geográfica (BAGNO, 2012, p. 47). A Sociolinguística afirma que toda língua é um feixe de variedades, e a língua alemã não foge à regra. 3.1 Norma-padrão: o standard Apesar das diferentes variedades que uma língua pode apresentar, há entendimento por parte dos falantes, da existência de uma variedade que representa o padrão. Há diferentes termos empregados na literatura brasileira para definir essa variedade, e, de fato, cada termo indica especificidades, como: português padrão, língua padrão, norma-padrão, língua culta e norma culta. Bagno (2012) prefere o termo “norma-padrão”, considerada pelo estudioso muito mais como um modelo da língua, um discurso ou uma ideologia linguística. Para ele, a norma-padrão não é uma variedade, pois não corresponde a um uso real da língua, mas sim a uma abstração. Bagno (2012) também rejeita veementemente o termo “norma culta”, que, na prática, se refere às variedades prestigiadas (geralmente de falantes privilegiados da sociedade urbana) e parece indicar a existência de outras normas que são incultas, isto é, próprias de falantes sem cultura – pensamento bastante equivocado, visto que não há grupo humano sem cultura (BAGNO, 2012, p. 105). Em relação ao alemão, Kaufmann (2003) chama de Standardsprache (língua standard) aquilo que Bagno denomina norma-culta. Bohunovsky (2014) emprega mesmo termo para o que chama de língua culta, “que corresponde às normas oficiais do alemão” (BOHUNOVSKY, 2014, p. 110). A autora declara ser essa língua culta o objeto do ensino de alemão como língua estrangeira, e não os dialetos. No entanto, mesmo os dialetos são entendidos como variedades – assunto que não poderá ser abordado neste trabalho, devido às suas limitações de TCC. Barkowski e Krumm (2010, p. 319) definem Standardvarietät (variedade standard) como manifestação de uma língua específica que é reconhecida e imposta como norma em determinada região. Essa variedade é utilizada na escrita e na fala, e é vista como adequada em contextos educacionais. É da variedade standard que os livros didáticos costumam se ocupar. Apesar disso, é relevante ressaltar que o standard da língua alemã – como em qualquer outra língua – não é homogêneo, pois a Standardsprache também apresenta o fenômeno da variação. Dessa forma, apontarei diferentes tipos de variação linguística que são causados por fatores 24 extralinguísticos, conforme os autores Bagno (2012), Coelho et al. (2012) e Ilari e Basso (2007). 3.2 Variação social ou diastrática A variação diastrática ou social compreende aquela que é condicionada pelas diferenças entre os estratos sociais. No Brasil, a variação diastrática está fortemente relacionada não apenas ao poder aquisitivo dos falantes, mas também ao seu nível de escolaridade. Esse nível é um fator de grande impacto no emprego de determinadas variantes, uma vez que um grau mais alto de escolaridade implica maior contato com a cultura letrada. Ilari e Basso (2007) referem-se à variação diastrática brasileira somente no que diz respeito aos estratos sociais associados à sua escolaridade, mas Coelho et al. (2012) apontam outros fatores sociais condicionantes: o sexo e a faixa etária do falante. Sobre o primeiro, afirma-se que mulheres costumam ser mais conservadoras em sua fala, preferindo variantes valorizadas socialmente (COELHO et al., 2012, p. 79; MONTEIRO, 2000, p. 72). Em relação à idade, percebem-se diferenças marcantes entre a fala de crianças, adolescentes e idosos, mesmo que morem em uma mesma região. Quanto maior a diferença de idade entre duas pessoas, maior será a probabilidade de encontrarmos diferenças em suas falas (vide CHAGAS, 2015). A pesquisa de variação linguística ligada à faixa etária é bastante especial, pois, através dela, os cientistas podem empreender uma tentativa de retratar a idade típica para certos fenômenos linguísticos. Isso se relaciona ao fato de que a língua não apenas varia, isto é, ela não apenas é falada de maneira diferente por pessoas diferentes no mesmo momento, mas também muda ao longo do tempo. Conforme Chagas (2015, p. 149), “como a mudança é gradual, é necessário passar primeiro por um período de transição em que há variação, para em seguida ocorrer a mudança. Como a mudança e a variação estão estreitamente relacionadas, é muito difícil estudar uma sem a outra”. Embora a cada geração, ou mesmo em cada situação de fala, nós, falantes, recriemos a língua, isso não quer dizer que essas inovações vinguem, isto é, não quer dizer que serão incorporadas e difundidas na comunidade. Quando isso acontece, temos mudança, e não apenas variação. Em relação à variação linguística de faixa etária na língua alemã, um interessante exemplo é a existência do termo Jugendsprache (língua da juventude) (DUDEN, 2018). Anualmente, a Editora Langenscheidt seleciona, através da votação de um júri, a Jugendwort (palavra da juventude) do ano. A palavra escolhida em 2018 foi Ehrenmann e sua variante feminina, Ehrenfrau (homem/mulher de honra). De acordo com o verbete do site Urban 25 Dictionary (2018), jovens dizem Ehrenmann para se referirem a alguém que fez algo legal. Essa é a sentença trazida como exemplo: “Felix hat mir gerade ein paar Kaugummis gegeben. Was für ein Ehrenmann”. Em tradução livre: “Felix acabou de me dar alguns chicletes. Que homem de honra”. Além da votação realizada pelo júri seleto, há uma votação online disponível para todos os internautas. Em 2018, a palavra mais votada foi verbuggt, isto é, cheio de erros. O termo tem origem na palavra da língua inglesa emprestada para o alemão bug, da área da informática, que significa uma falha em um programa de computador (TAGESSCHAU, 2018). 3.3 Variação estilística ou diafásica A variação estilística ou diafásica ocorre quando o falante varia seu modo de falar, de maneira mais ou menos consciente, de acordo com a situação em que se encontra. A situação pode apresentar maior ou menor formalidade, maior ou menor pressão por parte dos interlocutores, maior ou menor intimidade com a tarefa comunicativa, entre outros fatores. Cada situação exige do falante mais ou menos controle de seu comportamento verbal, isto é, um certo monitoramento estilístico (BAGNO, 2012). Há também a variação que compreende as diferenças entre língua falada e escrita, denominada pelos autores Basso e Ilari (2007) e Bagno (2012) de variação diamésica (do grego meso, meio). Para eles, tal variação está associada aos diferentes veículos que a língua utiliza. Neste trabalho, enxergaremos a variação diamésica como parte da variação estilística, pelo entendimento de que ambas estão associadas ao contexto situacional em que a língua é usada. A língua alemã apresenta comportamentos bastante interessantes no que diz respeito à língua em seu contexto situacional, principalmente na relação da variedade standard com as variedades dialetais. Na Áustria, além do standard oficial de discursos, pregações e notícias, por exemplo, há uma modalidade mais informal, que é falada não apenas em debates públicos e por apresentadores na televisão, mas também em conversas privadas, embora restrita a círculos urbanos de educação elevada. Assim, a fala, na Áustria, é marcada por uma forte alternância entre estruturas puramente standard e puramente dialetais, constituindo um contínuo. Na Suíça, contudo, apresenta-se um cenário bastante diferente. A variedade standard e a dialetal estão psicologicamente e estruturalmente separadas, tendo funções diferentes na sociedade, compondo uma diglossia. Não há transição entre elas. Para os falantes suíços, o standard é a língua da formalidade, sem relação com o mundo do dia-a-dia. Alguns têm a sensação de que o standard é como uma língua estrangeira, que precisa ser 26 aprendida na escola. Para muitos, sobretudo, é uma língua escrita (AMMON; BICKEL; EBENER, 2004). A língua alemã dispõe de um termo específico para a língua cotidiana: Umgangssprache, que poderia ser traduzido, ao pé da letra, por “língua de relação” ou “língua de relacionamento”. Eis o verbete do dicionário Duden (2018, tradução nossa) para a palavra: 1. (Linguística) Língua utilizada na relação cotidiana com outras pessoas; não correspondente ao standard, mas amplamente aceita, geralmente falada suprarregionalmente. 2. Língua na qual um grupo se relaciona, conversa. A Umgangssprache costuma estar em oposição à linguagem formal, sendo concebida como um registro de menor monitoramento. 3.4 Variação diatópica A variação diatópica (do grego topos, lugar) também é conhecida como variação regional ou geográfica. Através dela podemos identificar, às vezes com bastante precisão, a origem de um falante (COELHO et al., 2012), pois pessoas de lugares diferentes falam de maneiras diferentes. Além de uma variação diatópica generalizada, presente em muitas línguas, o alemão também apresenta uma característica especial: assim como o português e o inglês, ele é entendido como uma língua pluricêntrica. De acordo com Ammon, Bickel e Ebener (2004), uma língua é pluricêntrica quando é utilizada em mais de um país como língua oficial, seja nacionalmente ou regionalmente. E o alemão está presente oficialmente em sete nações: Alemanha, Áustria, Liechtenstein e Suíça, de maneira nacional, e Luxemburgo, Bélgica e Tirol do Sul (no norte da Itália), de maneira regional. A esse respeito, Ammon, Bickel e Ebener (2004) definem um Vollzentrum (plenocentro)13 como um país ou uma região no qual as características do seu standard estão fixadas e autorizadas em livros de consulta, sobretudo dicionários. Para a língua alemã, esses centros são a Alemanha, a Áustria e parte da Suíça 14, e suas variedades podem ser identificadas, sobretudo, pelo vocabulário e pela pronúncia. Não há grandes diferenças na gramática. 13 Tradução nossa. Por isso estes são os países “oficiais” no Princípio DACH, como dissemos no capítulo anterior, ficando a letra L, que representa Liechtenstein, entre parênteses, pois, apesar de ter o alemão como lingual oficial nacional, Liechtenstein não é considerado Vollzentrum (pleno-centro), mas sim Halbzentrum (meio-centro) Segundo Lan Langner 2010, p. 141 (apud HÄGI, 2011, p. 10), o L entre parênteses pode ser visto como um representante também das outras localidades que não são Vollzentrum. 14 27 Mesmo dentro dos países, a variedade standard não é completamente homogênea. Na Áustria, por exemplo, Ammon, Bickel e Ebener (2004) a dividem em quatro regiões: Ostösterreichisch, Westösterreichisch, Südostösterreichisch e o österreichische Mitte. Na Alemanha, em seis: região nordeste, noroeste, centro-leste, centro-oeste, sudeste e sudoeste. Sobre as diferenças nas variedades standard dos três países, é possível destacar inúmeras variantes lexicais, além de outros fenômenos, como a diferenciação na tonicidade de certas palavras, que ocorre quando a primeira sílaba não é raiz; na Áustria, na Suíça e no sul da Alemanha, há a tendência para a acentuação tônica na primeira sílaba, como na palavra unglaublich. No norte da Alemanha, há tendência para que a raiz seja tônica: unglaublich. É possível encontrar variação nos gêneros de substantivos. Joghurt, por exemplo, é uma palavra feminina no leste da Áustria (especialmente em Viena), neutra na Suíça e, em geral, masculina na Alemanha. Na composição de palavras, também vemos diferenças. Na Áustria, regularmente se é acrescentado um –s após a primeira palavra de um substantivo composto, como na palavra Fabriksgelände – que na Alemanha seria Fabrikgelände. Ainda há diversas outras diferenças, como: na pronúncia de palavras estrangeiras; nos nomes de números naturais; na regência de alguns verbos; no diminutivo; no plural de certos substantivos; em verbos auxiliares dos tempos verbais Perfekt e Plusquamperfekt, entre outras (vide AMMON; BICKEL; EBENER, 2004). Nesse capítulo, apresentamos a diversidade da língua alemã em diferentes aspectos. No próximo, indicaremos a metodologia deste trabalho ao apresentar os livros nos quais procuraremos tal diversidade. 28 4 METODOLOGIA Nos capítulos 2 e 3, realizamos uma revisão bibliográfica sobre os processos que influenciam a produção de livros didáticos de alemão e sobre os fenômenos de variação linguística, especialmente nos países de língua alemã. No capítulo 5, efetuaremos a análise de três séries de livros didáticos de DaF. A análise consistirá na busca pela presença dos fenômenos de variação linguística conforme a fundamentação teórica: variação social, variação diafásica e variação diatópica. A partir da presença ou ausência desses fenômenos, verificaremos se os livros compreendem a língua da mesma forma como ela é concebida pela Sociolinguística. As três séries de livros didáticos de DaF selecionadas para a análise proposta são empregados em importantes contextos educacionais da cidade de Porto Alegre, critério utilizado para a sua seleção. Além disso, tive a oportunidade de ter contato com volumes das três séries em atuação, seja como aluna, seja como professora. São elas: a série DaF kompakt neu, da editora Klett, níveis A1 e A2; a série Menschen, da editora Hueber, de A1 a B1; a série Panorama, da editora Cornelsen, também de A1 a B1. 4.1 DaF kompakt neu A série DaF kompakt neu foi produzida pela editora Klett e é empregada no curso de Letras-Alemão (Bacharelado e Licenciatura) da UFRGS, desde o primeiro semestre de 2017, nas primeiras disciplinas de Língua Alemã. Após a disciplina de Língua Alemã IV, os professores produzem materiais próprios, e, devido a isso, o DaF kompakt neu B1 não será analisado. O livro de nível A1, publicado em 2016, é adotado nas disciplinas Língua Alemã I e Língua Alemã II. O DaF kompakt neu A2 também foi publicado em 2016 e é aplicado nas disciplinas Língua Alemã III e Língua Alemã IV. Cada um dos livros traz, no mesmo volume, uma parte de Kursbuch (livro principal) e uma parte de Arbeitsbuch (livro de trabalho), sendo acompanhado do CD relativo ao Arbeitsbuch. A série de 2016 é uma versão atualizada dos antigos DaF kompakt de 2011. Possui uma concepção bastante diferente das outras duas séries: visa, como público-alvo, a estudantes que querem aprender alemão rapidamente. Pode-se ler na introdução do livro: 29 Você quer estudar ou trabalhar na Alemanha, Áustria, na Suíça de língua alemã ou em Liechtenstein? Quer conhecer o mundo educacional e profissional desses lugares e alcançar o nível B1 o mais rápido possível? Então o Daf kompakt neu é o livro didático certo para você. O DaF kompakt neu se orienta estritamente nas competências linguísticas do Quadro Comum Europeu para o Ensino de Línguas para os níveis A1-B1 e conduz rápida e direcionadamente ao Certificado Goethe/OSD. Ele é adequado especialmente para aprendizes que já aprenderam uma outra língua estrangeira na escola ou faculdade ou já dispõem de pré-conhecimentos (BRAUN et al., 2016, tradução nossa)15. Os livros A1 e A2 são ambos compostos por 8 lições. Ao final de cada lição, há uma lista das palavras aprendidas no capítulo e uma revisão gramatical. No término do livro há exercícios no modelo da prova Start Deutsch. 4.2 Menschen A série Menschen, da editora Hueber, é utilizada no Instituto Goethe de Porto Alegre. O livro Menschen A1 foi publicado no ano de 2012; o Menschen A2, em 2013; e o Menschen B1, em 2015. Dessa forma, a série Menschen é a mais antiga do corpus desta pesquisa. Está dividida de acordo com os níveis do QECR. Diferentemente do DaF Kompakt neu, o Menschen traz o Kursbuch e o Arbeitsbuch em livros separados, sendo que o último também vem acompanhado do CD. Além disso, é possível adquirir os livros dos diferentes níveis em suas versões “pela metade”, ou seja, A1.1 e A1.2, A2.1 e A2.2, bem como B1.1 e B1.2. Essas versões são mais finas, o conteúdo, contudo, é idêntico ao das versões inteiras. O Kursbuch de cada nível (A1, A2, B1) é composto por 24 lições, e os exercícios do Arbeitsbuch correspondem a essas lições. A cada 3 lições, há um módulo com conteúdo extra, que no Kursbuch corresponde a textos e vídeos relacionados a temáticas de Landeskunde. No final do Kursbuch há Aktionsseiten (páginas de ação), que compreendem atividades extras que estimulam a fala, e também uma lista de palavras apresentadas no livro. 15 “Sie wollen in Deutschland, Österreich, der deutschsprachigen Schweiz oder in Liechtenstein studieren oder arbeiten? Sie wollen die dortige Bildungs- und Berufswelt kennen lernen und möglichst schnell das Niveau B1 erreichen? Dann ist das DaF kompakt neu genau das richtige Lehrwerk für Sie. / DaF kompakt neu orientiert sich eng an der Kann-beschreibungen des Gemeinsamen europäischen Referenzrahmens für die Niveaus A1-B1 und führt rasch und zielgerichtet zum Goethe-/ÖSD-Zertifikat B1. Es eignet sich besonders für Lernende, die schon eine andere Fremdsprachen in der Schule oder im Studium gelernt haben oder bereits über Vorkenntnisse verfügen.“ 30 Cada lição do Arbeitsbuch costuma estar dividida em: Basistraining, exercícios gerais que costumam envolver a gramática aprendida na lição; Training: sprechen, com exercícios para a fala; Training: Aussprache, com exercícios para a pronúncia; Training: lesen, que compreende exercícios de leitura; Training: schreiben, que apresenta uma proposta de texto que o aprendiz deve escrever; Test, um mini-teste com exercícios para que o aluno se autoavalie e Lernwortschatz, uma lista com as palavras novas aprendidas na lição que o aluno deve traduzir para sua língua materna. No final do livro há um resumo gramatical do nível. 4.3 Panorama Finalmente, a série Panorama é utilizada, desde o primeiro semestre de 2017, nas aulas de alemão do Núcleo de Ensino de Línguas em Extensão (NELE) da UFRGS. A editora Cornelsen publicou o livro Panorama A1 em 2015, o Panorama A2 em 2016 e o Panorama B1 em 2017. Assim como o Menschen, a série Panorama traz o Kursbuch e o Arbeitsbuch (denominado, nesta série, como Übungsbuch – livro de exercícios) também em volumes separados para cada nível, acompanhado do CD do Übungsbuch. O Panorama também está disponível nas versões divididas: ou se compra o Gesamtband (volume inteiro), com 16 lições para cada nível (A1, A2 e B1, tanto para Kursbuch quanto para Übungsbuch), ou se compram as versões com apenas 8 lições cada (A1.1, A1.2, A2.1, A2.2, B1.1 e B1.2, tanto para Kursbuch quanto para Übungsbuch), de idêntico teor. Os livros do Panorama (níveis A1, A2 e B1) estão divididos em 16 lições e seguem a nivelação do QECR. No final de cada Kursbuch há Partnerseiten, nos mesmo moldes das Aktionsseiten da série Menschen. Também há exercícios extras de fonética e transcrições dos áudios do livro. No término das lições do Übungsbuch, há um mini-teste denominado Alles klar?, no qual o aprendiz pode se autoavaliar. No final do livro são oferecidos ainda exercícios extras no modelo da prova Goethe-Zertifikat, uma revisão gramatical do nível, uma lista de verbos irregulares, o gabarito dos exercícios e a transcrição dos áudios. Em suma, são 14 livros que compõem o corpus desta pesquisa, já que foram analisados tanto Kursbuch quanto Arbeitsbuch. É relevante explicitar que os CDs não foram incluídos nesta análise, mas somente o conteúdo escrito dos livros. 31 5 ANÁLISE 5.1 DaF kompakt neu 5.1.1 Variação social Nos livros da série DaF kompakt neu, ao lado do conteúdo principal das lições, no canto das páginas, há uma coluna utilizada em certas páginas para comentários extras sobre a gramática e o vocabulário que são tratados no capítulo, como se pode observar na figura a seguir: Figura 1 – Exemplo de coluna lateral extra no livro DaF kompakt neu A2 Fonte: DaF kompakt neu A2, 2016, p. 59 (seta incluída por nós). Na página 135 do DaF kompakt neu A2, no livro de exercícios, vê-se um texto sobre a vestimenta utilizada por estudantes. O título, curiosamente, apresenta a palavra inglesa Outfit, e não as alemãs Ausstattung, Garderobe ou Kleidung para se referir a vestuário, vestimenta, roupa ou traje. O termo Outfit tem sido empregado por jovens brasileiros também, e o comentário feito na coluna lateral sobre o texto também fala sobre a linguagem jovem: “Aqui você encontra palavras da língua cotidiana [Alltagssprache] / língua da juventude [Jugendsprache]” (p. 135, tradução minha). O comentário traz três vocábulos na língua jovem/cotidiana: Klamotten para Kleidung (roupas), Mädels para Mädchen (meninas) e angesagt para modisch (“na moda”): Figura 2 – Jugendsprache: imagem do livro DaF kompakt neu A2 32 Fonte: DaF kompakt neu A2, 2016, p. 135 5.1.2 Variação diafásica A série DaF kompakt neu apresenta interessantes comentários em suas colunas laterais extras no que diz respeito à variação diafásica. Muitas vezes, ao lado do conteúdo apresentado, o livro aponta que, embora a norma gramatical implique uma maneira de escrita, é comum que se fale de outra forma; ou indica que há um termo oficial para designar algo, mas que frequentemente se utiliza o termo coloquial. Tais comentários indicam a presença de diferentes contextos de uso da língua. Na página 50 do livro A1, por exemplo, o capítulo chama o termo Studierendenwohnheim de designação oficial, mas afirma que Studentenwohnheim, a designação antiga e não pautada pelo politicamente correto, costuma ser mais utilizada para denominar uma casa de estudantes. Segundo a mesma lógica, no mesmo livro (p. 82), há a explicação de que os termos oficiais der/die Studierende (o/a estudante) são coloquialmente e frequentemente substituídos por der Student e die Studentin. Há também a apresentação (p. 134) da expressão “Das ist mir Wurst” como variante bastante coloquial para “Das ist mir egal” (“isso me é indiferente”), mas o livro comenta que a frase não é muito cortês. Quanto ao livro A2, podemos ver, na página 35, outro comentário pertinente. Embora o conector causal weil (porque) exija uma oração subordinada, o capítulo afirma que, na língua coloquial oral, às vezes emprega-se o conector em uma oração coordenada após uma pausa. Também afirma-se (p. 111) que, constantemente, a oração coordenada que precede o conector weil não é falada. O livro indica, na página 44, a preposição seit como forma coloquial para seitdem (desde que). Também apresenta (p. 46) Erkrankung como termo burocrático para Krankheit. Na página 145, vemos uma série de advérbios de movimento dividos entre Umgangssprachlich (linguagem coloquial) e Standardsprachlich (linguagem standard): 33 Figura 3 – Umgangssprachlich: imagem do livro DaF kompakt neu A2 Fonte: DaF kompakt neu A2, 2016, p. 145 Finalmente, a série apresenta, na primeira página do primeiro capítulo (p.8), uma oposição entre o pronome pessoal de segunda pessoa do singular du e o pronome de tratamento Sie. Denomina o primeiro de “tratamento informal”, indicando que deve ser utilizado com a família, estudantes e amigos, e o segundo de “tratamento formal”, falado com professores e estranhos. Dessa forma, o livro não apenas introduz os pronomes, mas também explica seu contexto de uso. 5.1.3 Variação diatópica A série DaF kompakt neu, de acordo com a contracapa de seus livros, está alinhada às ideias do DACH(L); sua segunda capa exibe os mapas dos países de Língua Alemã. Algumas variáveis linguísticas no livro DaF kompakt neu aparecem apresentadas nas colunas laterais extras que o livro costuma trazer para fazer comentários e observações sobre o conteúdo lexical, gramatical e pragmático, conforme apresentamos na seção 5.1.1. Reunimos todas as variáveis diatópicas identificadas em uma tabela, que pode ser conferida no anexo 1 deste trabalho. O DaF kompakt neu A1 apresenta, em suas colunas laterais, oito variáveis diatópicas. Sete delas referem-se ao léxico: a variante austríaca de Hauptgericht (prato principal), por exemplo, é Hauptspeise (p. 23). Uma delas refere-se ao verbo auxiliar de sitzen, que na Alemanha é haben, mas na Suíça e no sul da Alemanha é sein (p. 57). O livro também indica “I mog di” como variante dialetal austríaca para “Ich mag dich” (eu gosto de você) (p. 106). O livro do nível A2 exibe nove variáveis, que também reunimos e incluímos na tabela, sendo oito delas lexicais. A outra variação é morfológica: o livro apresenta diferentes sufixos que formam os diminutivos. Além dos tradicionais –chen e –lein, há o sufixo –erl, utilizado 34 na Baviera e na Áustria, o sufixo –li, empregado na Suíça, e o –le, empregado no dialeto suábio (p. 53). Outra variação não presente no anexo é de nível fonético-fonológico. No livro DaF kompakt A2 (p. 173), há a informação de que, no norte da Alemanha, costuma-se ouvir um “e longo” [e:] no lugar do “ä longo” [ɛ:]. 5.2 Menschen 5.2.1 Variação social Não foram encontrados, em nenhum dos livros, indícios de variação social durante nossa pesquisa. 5.2.2 Variação diafásica Os livros Menschen apresentam a língua em contextos formais e informais, e as diferenças desses contextos, com seus pronomes correspondentes Sie e du, são trabalhadas paulatinamente ao longo da série. Na figura a seguir, do livro Menschen A1, vê-se o envio de SMS para três diferentes pessoas. No último SMS, há o tratamento formal, de maneira que a introdução e a despedida são diferentes: Figura 4 – Überfliegen Sie die E-mails: atividade do livro Menschen A1 Fonte: Menschen A1, 2012, p. 93 35 Vê-se que a comparação entre os SMSs informais e o SMS formal é implícita: o objetivo do exercício, segundo o enunciado, é indicar quais textos estão adiando ou cancelando compromissos e qual texto está marcando um compromisso. Dessa forma, a comparação entre a formalidade e a informalidade não é o objetivo. Há, no entanto, duas comparações explícitas que foram encontradas ao longo da série. No primeiro capítulo de Menschen A1 (p. 13), o aluno deve completar as frases com a variante formal de Woher kommst du? Um quadro ao lado do exercício explica que o pronome Sie deve ser empregado quando chamamos a pessoa por seu sobrenome, utilizando as formas Herr e Frau. Referente a essa lição, há, nas Aktionsseiten (p. 139), um exercício complementar para o treino oral das conjugações de Sie e du. Outra comparação explícita encontra-se no Menchen B1, em um exercício no qual o aprendiz deve escolher a saudação mais adequada: Figura 5 – Formel oder informell: atividade do livro Menschen B1 Fonte: Menschen B1, 2015, p. 32 Além disso, o livro, em certos exercícios, traz algumas expressões coloquiais, como “wahnsinnig lustig!” (“mega engraçado”, Menschen A1, 2012, p. 126), mas não há reflexão sobre o contexto de seu uso, isto é, não fica claro ao aluno que são expressões coloquiais, usadas em contexto informal. 5.2.3 Variação diatópica A série Menschen não menciona explicitamente o DACH-Prinzip nas introduções de seus livros, mas afirma que “aborda, adicionalmente, conteúdos da vida atual na Alemanha, 36 Áustria e Suíça” (p. 8, tradução nossa)16. “Adicionalmente” é uma palavra bastante correta, pois as variáveis linguísticas relacionadas ao DACH-Prinzip aparecem somente na Lernwortschatz, isto é, na lista de vocábulos no final de cada lição do Arbeitsbuch, como se pode observar na imagem a seguir: Figura 6 – Lernwortschatz: Exemplo de variáveis diatópicas na série Menschen Fonte: Menschen A1 Arbeitsbuch, 2012, p. 93 São muitas variantes apresentadas. Analisamos cada capítulo e recolhemos todas as variantes em uma tabela, que pode ser encontrada no anexo 2 desse trabalho. A partir desse recolhimento, observamos que o Menschen A1 apresenta 52 variáveis diatópicas. Uma delas refere-se à diferença entre a saudação que é escrita na Alemanha (Mit freundlichen Grüßen) e a que é escrita na Suíça (Freundliche Grüsse), isto é, o ß não é empregado. Sete delas referem-se a interjeições; oito referem-se a verbos; e o restante, a substantivos. O Menschen A2 exibe 59 variáveis lexicais em suas páginas de Lernwortschatz. Nove correspondem a verbos; quatro correspondem a adjetivos (por exemplo, o equivalente da variante suíça e austríaca günstig seria a alemã preiswert); duas a interjeições; e uma variação 16 “[...] greift zusätzlich Inhalte aus dem aktuellen Leben in Deutschland, Österreich und der Schweiz auf.” 37 apresenta a diferença de gênero (die Cola na Alemanha, das Cola na Áustria e das Coca-cola na Suíça). O restante refere-se a substantivos. O Menschen B1 apresenta 61 variáveis lexicais. Sete delas estão relacionadas a advérbios; outras seis, a verbos; cinco relacionam-se a adjetivos; e há uma variação de interjeição e uma de artigo (das Drittel para a Alemanha e der Drittel na Suíça). Outras variáveis estão relacionadas a substantivos. É interessante observar que a série Menschen não indica diferenças dentro da própria Alemanha, entendendo-a, aparentemente, como um país uniforme. 5.3 Panorama 5.3.1 Variação social Não foram encontrados, em nenhum dos livros, indícios de variação social em nossa pesquisa. 5.3.2 Variação diafásica As únicas variáveis diafásicas encontradas estão presentes no início do Kursbuch do Panorama A1 (p. 10-11). A personagem Hannah aparece cumprimentando ou despedindo-se de diversas pessoas em diversos contextos; quando está com roupa social, ela utiliza cumprimentos ou despedidas como Guten Tag, Herzlich willkommen, Gute Nacht e Auf Wiedersehen. Quando Hannah está com roupas mais simples ou abraçando uma amiga, ela prefere Hallo e Tschüss. Dessa forma, o aluno pode compreender, mesmo sem grandes conhecimentos da língua alemã, o ambiente ideal para empregar cada saudação. Em seguida, na página 11, há a diferenciação entre os pronomes Sie e du. Há duas fotos, cada uma correspondente a um diálogo. Na primeira foto, Hannah está de roupa social e dirige-se a um homem desconhecido como Sie, além de empregar o pronome de tratamento Herr. Na segunda foto, Hannah está conhecendo um homem em um estabelecimento que parece ser um bar; no diálogo, ambos empregam o pronome du. 5.3.3 Variação diatópica 38 A série Panorama exibe os mapas de Alemanha, Áustria e Suíça na quarta capa de seus livros, e suas capas principais costumam fazer referência aos países DACH, como a do Panorama A2, que cita os nomes dos mais longos rios de cada uma das nações. Diferentemente da série Menschen, Panorama apresenta variáveis diatópicas em suas páginas do Kursbuch. Quando há um termo com possíveis variantes, há um asterisco ao seu lado e, no final da página, a indicação de como seriam essas variantes, como se pode observar a seguir: Figura 7 – Exemplo de variáveis diatópicas na série Panorama Fonte: Panorama A2.1 Kursbuch, 2016, p. 52 Apesar disso, as variantes alemãs são sempre as escolhidas para os textos, com exceção de um texto no Panorama A2 (p. 110), que trata sobre a culinária austríaca. O livro não entende a Alemanha como uma região de língua homogênea e apresenta expressões típicas do sul do país, mas não de outras regiões. Recolhemos as variáveis diatópicas de cada capítulo do Panorama e as organizamos em uma tabela, que pode ser consultada no Anexo 3 deste trabalho. O livro Panorama A1 apresentou 38 delas; o Panorama A2, 34, e o Panorama B1, 30. A maioria delas refere-se a variáveis lexicais bastante semelhantes às outras séries de livros; há, contudo, no Panorama A1 (p. 90), a indicação de que, na Alemanha em cartas e e-mails, escreve-se uma vírgula após a saudação e inicia-se a próxima frase com uma letra minúscula, como em: “Liebe Oma, / ich…”. Na Suíça, contudo, a vírgula costuma não ser empregada, e a frase seguinte é inicada em letra maiúscula: “Liebe Oma / Ich…”. 39 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A presença de variáveis linguísticas nos livros analisados indica a compreensão, embora bastante tímida, da língua como é abordada pela Sociolinguística. Embora as três séries manifestem-se a favor do DACH-Prinzip, os livros da série Panorama e Menschen, na busca por introduzirem possíveis variantes, acabam por fazer um imenso apanhado de palavras que não são trabalhadas nos textos principais, sendo oferecidas apenas como adendos ou mesmo curiosidades. As variantes suíças e austríacas continuam subordinadas às variantes alemãs e, nos livros Menschen, estão tão escondidas que podem passar despercebidas pelos aprendizes. Embora se fixem muito menos na variação diatópica, os livros DaF kompakt neu trouxeram alguns exemplos dialetais, e a série também foi a única que mencionou uma diferença de pronúncia. Essa também foi a única série que exibiu uma variação social, mencionando a Jugendsprache. Em relação à variação diafásica, novamente surpreendeu: trouxe diversos exemplos da Umgangssprache, enquanto as outras séries não apresentaram exemplos nesse sentido. Fenômenos de variação diafásica foram pouco trabalhadas pelo livro Panorama, restringindo-se ao tratamento formal e informal em saudações e aos pronomes Sie e du. A série Menschen, no entanto, apresentou maior número de expressões coloquiais e colocou textos formais ao lado de informais, embora sem reflexões desse aspecto sobre eles. Os resultados se mostraram bastante positivos para a série DaF kompakt neu. Seus livros se propõem condensados, objetivando uma aprendizagem veloz, mas não omitiram variantes extremamente úteis para o aluno, evitando fazer listas imensas, como os outros livros. A série da Klett também foi a única a mencionar dialetos, tão presentes nos países de língua alemã, e também apresentou uma diferença de pronúncia – algo não encontrado em nenhum outro livro da pesquisa. Apesar disso, os professores de DaF podem fazer bom uso da grande série de variantes dos países DACH trazida nos livros Panorama e Menschen, despertando a curiosidade dos alunos para a variação linguística. Afinal, embora o livro didático exerça um grande papel em sala de aula, professor e aluno não devem submeter-se integralmente a ele, devendo, o primeiro assumir seu papel de mediador, e o segundo, seu papel de agente da própria aprendizagem. Enquanto os livros didáticos não apresentarem a língua autêntica, isto é, plural e heterogênea, falada por pessoas tão diversas em uma sociedade que sofre tantas transformações, cabe ao professor apontar as diversas diferenças da língua alemã, problematizando-as e tornando o conhecimento do aluno muito mais coerente e preparado. 40 REFERÊNCIAS BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: Por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola, 2012. BARKOWSKI, Hans; KRUMM, Hans-jürgen (Ed.). Fachlexikon Fremdsprache und Zweitsprache. Tübingen: Utb A. Francke, 2010. Deutsch als BASSO, Renato; ILARI, Rodolfo. O português da gente: A língua que estudamos, a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006. BAUSCH, Karl-richard et al. Handbuch Fremdsprachenunterricht. Stuttgart: Utb Gmbh, 2016. BOHUNOVSKY, Ruth. Paradeiser também são tomates? – Sobre o alemão austríaco no ensino-aprendizagem de alemão no Brasil. 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Berlin: Cornelsen Schulverlage Gmbh, 2016. FINSTER, Andrea et al. Panorama A2.1 Übungsbuch: Deutsch als Fremdsprache. Berlin: Cornelsen Schulverlage Gmbh, 2016. FINSTER, Andrea et al. Panorama A2.2 Kursbuch: Deutsch als Fremdsprache. Berlin: Cornelsen Schulverlage Gmbh, 2016. FINSTER, Andrea et al. Panorama A2.2 Übungsbuch: Deutsch als Fremdsprache. Berlin: Cornelsen Schulverlage Gmbh, 2016. FINSTER, Andrea et al. Panorama B1 Kursbuch: Deutsch als Fremdsprache. Berlin: Cornelsen Schulverlage Gmbh, 2017. FINSTER, Andrea et al. Panorama B1 Übungsbuch: Deutsch als Fremdsprache. Berlin: Cornelsen Schulverlage Gmbh, 2017. HÄGI, Sara. DAS DACH(L)-ABCD – KURZ VORGESTELLT. Akdaf Rundbrief, Zürich, n. 62, p.6-12, maio 2011. Disponível em: <41d41P://www.akdaf.ch/html/rundbrief/rbpdfs/62_leseprobe1.pdf>. Acesso em: 04 dez. 2018. HUEBER. 99 Stichwörter für den Fremdsprachenunterricht: Landeskunde. Disponível em: <41d41P://www.hueber.de/wiki-99-stichwoerter/index.php/Landeskunde>. 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Ismaning: Hueber, 2012. PUDE, Angela; HABERSACK, Charlotte; SPECHT, Franz. Menschen A2 Kursbuch: Deutsch als Fremdsprache. Ismaning: Hueber, 2013. PUDE, Angela; HABERSACK, Charlotte; SPECHT, Franz. Menschen A2 Arbeitsbuch: Deutsch als Fremdsprache. Ismaning: Hueber, 2013. 42 PUDE, Angela; SPECHT, Franz; BRAUN-PODESCHWA, Julia. Menschen B1 Kursbuch: Deutsch als Fremdsprache. Ismaning: Hueber, 2015. PUDE, Angela; SPECHT, Franz; BRAUN-PODESCHWA, Julia. Arbeitsbuch: Deutsch als Fremdsprache. Ismaning: Hueber, 2015. Menschen B1 RIBEIRO, Vanessa Veis; LOREGIAN-PENKAL, Loremi. O fator faixa etária e a concordância nominal na linguagem falada na cidade de Irati, PR. Analecta, Guarapuava, v. 10, n. 1, p.69-83, jan./jun., 2009. SCHMIDT, Cristiane. O livro didático de língua alemã no contexto de formação de professores no Brasil. Curitiba: Appris, 2017. ______. A área de alemão como língua estrangeira: desenvolvimento histórico e perspectivas atuais. 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Tese (Doutorado) – Curso de Linguística Aplicada, Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009. 43 ANEXO 1 – VARIÁVEIS DIATÓPICAS NA SÉRIE DAF KOMPAKT NEU Quadro 1 – Variáveis diatópicas do livro DaF kompakt neu A1 DaF kompakt neu A1 Lição Página Variante alemã (D) Variante austríaca (A) Variante suíça (CH) 2 23 Hauptgericht Hauptspeise - 6 57 “sitzen”: Perfekt mit “haben”, aber süddt. Perfekt mit “sein” - sitzen: Perfekt mit “sein” 8 66 die Straßenbahn, die Tram die Straßenbahn das Tram 8 66 Das Fahrrad, das Rad Das Fahrrad, das Rad das Velo 8 70 Straße - Strasse 4 (AB) 106 Ich mag dich! I mog di! 4 (AB) 106 das Ross = das Pferd das Rössl 8 (AB) 133 Straße - Strasse Fonte: Elaborado pela autora com base em Braun et al. (2016) Quadro 2 – Variáveis diatópicas do livro DaF kompakt neu A2 (continua) DaF kompakt neu A2 Lição Página Variante alemã (D) Variante austríaca (A) Variante suíça (CH) 10 20 (Stadt)viertel - Quartier 10 21 Miete - Mietzins 10 24 die Schrankwand - die Wohnwand 10 26 der Familienstand (nur Sg.) der Zivilstand (nur Sg.) 10 26 der Kamin, - das Kamin, - 14 53 Der Diminutiv: “-chen”, “lein”, z.B. das Jäcklein Schwäbisch: “-le”, z.B. das Jäckle Bayern: “-erl”, z.B. das Jackerl Der Diminutiv: auch “-erl”, z.B. das Jackerl Der Diminutiv: auch “-li”, z.B. das Jäckli 44 10 (AB) 105 Familienstand - Zivilstand 10 (AB) 105 Grundmiete / Kaltmiete - Basismiete 10 (AB) 105 Miete - Mietzins Fonte: Elaborado pela autora com base em Braun et al. (2016) 45 ANEXO 2 – VARIÁVEIS DIATÓPICAS NA SÉRIE MENSCHEN Quadro 3 – Variáveis diatópicas do livro Menschen A1 (continua) Menschen A1 Lição Página Variante alemã (D) Variante austríaca (A) Variante suíça (CH) 1 11 Hallo auch: Servus / Grüß dich auch: Hoi / Sali / Salü 1 11 Guten Tag Grüß Gott Grüezi 1 11 Tschüs Servus / Baba Adieu / Ade / Adie 2 17 der Friseur, -e - der Coiffeur, -e / die Coiffeuse, -n 2 17 der Familienstand - der Zivilstand 4 35 der Schrank, -¨e der Kasten, -¨e - 4 35 der Sessel, - der Fauteuil, -s der Fauteuil, -s 4 35 der Stuhl, -¨e auch: der Sessel, - - 5 41 die Geldbörse, -n - das Portemonnaie, -s 5 41 das Streichholz, -¨er - auch: das Zündholz, -¨er 5 41 die E-mail, -s das E-mail, -s - 7 59 Rad fahren 9 71 das Brötchen, - die Semmel, -n 9 71 die Kartoffel, -n der Erdapfel, -¨ 9 71 das Obst - 9 71 die Tomate, -n der Paradeiser, - Velo fahren das Brötli, - 71 - 46 9 71 das Frühstück, -e - auch: das Morgenessen 9 71 der Kühlschrank, -¨e auch: der Eiskasten, -¨ - 9 71 schmecken - fein sein 10 83 der Bahnsteig, -e - das Perron, -s 11 89 Fahrrad, -¨er - das Velo, -s 12 95 der Januar, -e der Jänner, - 13 11 die Ampel, -n - auch: das Lichtsignal, -e 13 11 Bitte, gern Bitte, gern geschehen Bitte, gern geschehen 13 11 an-machen, hat angemacht ein฀schalten, hat eingeschaltet - 14 17 das Erdgeschoss, -e das Parterre, -n A: das Erdegschoß, -e das Parterre, -n 14 17 der Müll auch: der Mist auch: der Abfall, -¨e 14 17 die Treppe die Stiege, -n 14 17 das Arbeitszimmer, - - das Büro, -s 14 17 das Bad, -¨er - auch: das Badzimmer, - 14 17 der Flur, -e der Gang, -¨e der Gang, -¨e oder der Korridor, -e 14 17 das Wohnzimmer - auch: die Stube, -n 14 17 stehen, hat gestanden ist gestanden - 15 23 der Urlaub - die Ferien (Pl.) 16 35 der Aufzug, -¨e der Lift, -e der Lift, -e 16 35 Mit freundlichen Grüßen - Freundliche Grüsse 17 41 laufen, ist gelaufen rennen, ist gerrant (laufen = (zu Fuss) gehen) rennen, ist gerrant (laufen = (zu Fuss) gehen) 20 65 die Spülmaschine, -n - die Abwaschmaschine, -n 20 65 Geschirr spülen - den Abwasch machen oder abwascen 47 20 65 auf sein - offen sein 21 71 parken, hat geparkt - parkieren, hat parkiert 21 71 schieben, hat geschoben - stossen (Velo), hat gestossen 21 71 das Krankenhaus, -¨er das Spital, -e das Spital, -e 21 71 grillen - grillieren / bräteln 21 71 sitzen, hat gesessen ist gesessen - 22 83 die Mütze, -n die Haube, -n die Kappe, -n 22 83 der Rock, -¨e - auch: der Jupe 22 83 der Strumpf - die Strumpfhose, -n oder die Kniesocke, -n 22 83 Klasse! Super! Super! 24 95 das Ostern die Ostern (Pl) - 24 95 das Weihnachten die Weihnachten (Pl) - 24 95 das Ticket, -s die Fahrkarte, -n das Billet, -s Fonte: Elaborado pela autora com base em Pude, Specht e Evans (2012). Quadro 4 – Variáveis diatópicas do livro Menschen A2 (continua) Menschen A2 Lição Página Variante alemã (D) Variante austríaca (A) Variante suíça (CH) 2 17 das Fernsehgerät, -e der Fernseher, - der Fernseher, - 2 17 das Kissen, - der Polster, - - 2 17 der Schreibtisch, -e - auch: das Pult, -e 2 17 hängen, hat gehangen hängen, ist gehangen hängen, ist gehängt 2 17 liegen, hat gelegen liegen, ist gelegen liegen, ist gelegen 2 17 stehen, hat gestanden stehen, ist gestanden stehen, ist gestanden 3 23 liegen in, hat gelegen liegen in, ist gelegen liegen in, ist gelegen 4 35 die Bohne, -n grüne Bohne = die Frisole, -n - 4 35 der/das Bonbon, - das Zuckerl, -n das Täfeli, - / das Zältli, - 4 35 die Cola das Cola das Coca-Cola 48 4 35 die Marmelade, -n - die Konfitüre, -n 4 35 der Quark der Topfen, -n - 4 35 das Gramm, -e 500 Gramm = 50 Dekagramm(dag) - 4 35 die Tüte, -n das Sackerl, - der Sack, -¨e 5 41 der Reiseführer, (Person und Buch) der Reiseleiter, - (Person) der Reiseleiter, - (Person) 5 41 bunt - auch: farbig 5 41 bestimmt - auch: sicher 6 47 die Ermäßigung, -en - auch: die Reduktion, -en 6 47 die Eintrittskarte, -n - das Billett, -e 6 47 aus฀machen, hat ausgemacht - ab฀machen, hat abgemacht (einen Termin abmachen) 6 47 verabreden (sich), hat sich verabredet - auch: ab-machen, hat abgemacht 6 47 prima super, toll - 8 65 der Krankenwagen, - die Rettung, -en die Ambulanz, -en 8 65 erkältet sein - verkühlen (sich), hat sich verkühlt 9 71 der Lkw, -s - der Lastwagen 10 83 die Kanne, -n - der Krug, -¨e 10 83 das Lokal, -e das Gasthaus, -¨er / das Beisel, - - 10 83 das Hähnchen, - das Hendl, - das Poulet, -s 11 89 der Briefumschlag, -¨e das Kuvert, -s das Couvert, -s 12 95 das Gericht, -e die Speise, -n - 12 95 das Huhn, -¨er - das Poulet, -s 12 95 das Hühnerfleisch - das Pouletfleisch 12 95 die Limonade, -n - das Süssgetränk, -e 12 95 preiswert günstig günstig 13 109 die Sprachenschule, -n die Sprachschule, -n die Sprachschule, -n 14 115 das Päckchen, - auch: das Packerl, - auch: das Päckli, - 14 115 der Junge, -n der Bub, -en der Bub, -en 49 14 115 gebrauchen, hat gebraucht - auch: brauchen, hat gebraucht 15 121 der Rundfunk - Radio und Fernsehen 15 121 gucken, hat geguckt schauen, hat geschaut schauen, hat geschaut 15 121 die Gaststätte, -n auch: das Gasthaus, -¨er das Restaurant, -s 15 121 der Topf, -¨e - die Pfanne, -n 16 133 der Kiosk, -e auch: die Trafik, -en 17 139 Kfz (= das Kraftfahrzeug, -e) - das Motorfahrzeug, -e 17 139 Nicht zu glauben! Nicht zu fassen! - 19 157 kostenlos auch: gratis - 20 163 der Comic, -s das Comic, -s - 20 163 die (Bett)Decke, -n die Tuchent, -en - 21 169 die EC-Karte, -n die Bankomatkarte, -n - 21 169 die Telefonkarte, -n die Telefonwertkarte, -n - 21 169 die Gesundheitskarte, -n die E-Card, -s die Krankenkassenkarte, -n 21 169 an-fassen, hat angefassen auch: an฀greifen, hat angegriffen - 22 181 die Fahrkarte, -n - das Billet, -e 22 181 klar auch: sicher - 22 181 na klar auch: na sicher 23 187 das Abitur die Matura die Matur 23 187 die Grundschule, -n die Volksschule, -n die Primarschule, -n 23 187 das Gymnasium, Gymnasien - auch: die Kantonsschule, -n 23 187 der Elektroinstalateur, -e - auch: der Elektromonteur, -e 24 193 das Apartment, -s die Wohnung, -en die Wohnung, -en Fonte: Elaborado pela autora com base em Pude, Habersack e Specht (2013). Quadro 5 – Variáveis diatópicas do livro Menschen B1 (continua) Menschen B1 50 Lição Página Variante alemã (D) Variante austríaca (A) Variante suíça (CH) 2 19 der/die Auszubildende, -n der Lehrling, -e der Lehrling, -e die Lehrtochter, - 2 19 der Erzieher, - der Pädagoge, -n - 2 19 merkwürdig auch: komisch auch: komisch 2 19 süß auch: herzig auch: herzig 3 27 die Klobürste, -n - die WC-Bürste, -n 3 27 der Hausmeister, - auch: der Hausbesorger, - der Abwart, -e 3 27 der Lift, -e auch: der Aufzug, -¨e - 3 27 die Miethöhe, -n auch: Mietzins, der auch: Mietzins, der die Miete, -n 3 27 das Drittel, das Viertel, das Fünftel, - - der Drittel, der Viertel, der Fünftel, - 3 27 etwa auch: ungefähr auch: ungefähr 3 27 kürzlich unlängst - 4 41 die Durchwahl, -en - die Direktwahl, -en 4 41 blass - auch: bleich 5 47 der Monitor, -en/e 5 47 vermutlich - wahrscheinlich 6 53 die Kantine, -n - auch: die Mensa, Mensen 6 53 der Nachtisch, -e - das Dessert, -s 6 53 die Erkältung, -en die Verkältung, -en - 7 65 die Möhre, -n die Karotte, -n das Rüebli, - 7 65 der Zoo, -s auch: der Tiergarten, -¨ - 7 65 zunächst auch: zuerst auch: zuerst 8 71 lecker fein fein 9 79 die Unternehmensleitung, -en - auch: Geschäftsleitung, en 10 93 das Portemonnaie, -s auch: die Geldbörse, -n - 10 93 weg sein auch: fort sein - 10 93 weshalb auch: wieso auch: wieso auch: warum der Bildschirm, -e 51 11 99 der Bürgersteig, -e der Gehsteig, -e das Trottoir, -s 11 99 die Kasse, -n die Kassa, Kassen - 11 99 campen, hat gecampt - campieren, hat campiert 13 117 der Briefträger, - - auch: der Pöstler, - 13 117 augenblicklich auch: sofort - 15 131 die Rufnummer, -n 15 131 der Wissenschaftler, - auch: der Wissenschafter, n auch: der Wissenschafter, -n 15 131 Acht geben aufpassen auch: aufpassen 16 143 aus-gehen, ist ausgegangen - in den Ausgang gehen 16 143 wochentags auch: unter der Woche auch: unter der Woche 17 149 klasse super super 17 149 Prost! auch: Zum Wohl! - 18 157 der Rentner, - der Pensionist, -en - 18 157 die Rente, -n die Pension, -en - 19 169 das Camping auch: das Zelten auch: das Zelten 19 169 der Campingplatz, -¨e - der Zeltplatz, -¨e 19 169 die Aprikose, -n die Marille, -n - 19 169 der Fasching, -e/-s - die Fasnacht 20 175 der Imbiss, -e die Jause, -n Znüni, auch: der/das Zvieri, - 20 175 aus-reichen, hat ausgereicht - genügen 20 175 ausreichend auch: genug - 20 175 klappen, es hat geklappt funktionieren funktionieren 20 175 klingeln, hat geklingelt auch: läuten auch: läuten 21 183 der Empfang, -¨e - die Recéption, -en 21 183 die Gastsätte, -n das Lokal, -e das Restaurant, -s 21 183 das Kaufhaus, -¨er - das Warenhaus, -¨er 21 183 schuldlos unschuldig unschuldig 22 195 erscheinen, ist erschienen vorkommen - die Telefonnummer, -n 52 22 195 hinterher auch: danach - 23 201 das Ersatzteil, -e der Ersatzteil, -e - 23 201 die Klingel, -n - auch: die Glocke, -n 23 201 die Vorfahrt, -en der Vorrang der Vortritt 24 209 die Abgase (Pl.) - das Abgas, -e 24 209 das Altenheim/Altersheim, -e das Altersheim, -e das Altersheim, -e der Fleischhauer, - 24 209 der Metzger, - 24 209 die Pflaume, -n die Zwetschke, -n die Zwetschge, -n Fonte: Elaborado pela autora com base em Pude, Specht e Braun-Podeschwa (2015). 53 ANEXO 3 – VARIÁVEIS DIATÓPICAS NA SÉRIE PANORAMA Quadro 6 – Variáveis diatópicas do livro Panorama A1 (continua) Panorama A1 Lição Página Variante alemã (D) Variante austríaca (A) Variante suíça (CH) 10 1 Guten Tag Grüß Gott Grüezi 10 1 Hallo auch: Servus Ade 10 1 Auf Wiedersehen Auf Wiederschauen - 14 1 J = Jot auch: Je - 14 1 Q = Qu Q = Que - 14 1 ß scharfes s ss 2 16 Eis - Glace 2 16 Busfahrer/in auch: Buschauffeur/in auch: Buschauffeur/in 2 18 meine E-mail mein E-mail mein E-mail 3 26 der Kuli der Kugelschreiber der Kuli der Kugelschreiber der Kugelschreiber 3 27 der Stuhl auch: der Sessel - 5 43 das Fahrrad - das Velo 7 58 die Tomate auch: der Paradeiser - 7 58 der Joghurt auch: das Joghurt - 7 59 die Kartoffel auch: der Erdapfel - 7 59 die Packung auch: das Packerl - 7 59 die Tüte das Sackerl - 7 59 der Mais der Kukuruz - 7 61 das Brötchen die Semmel das Weckerl 7 62 die (Schlag-)Sahne A: das Schlagobers / der Schlag - 8 64 am Morgen auch: in der Früh - 8 64 am Mittag zu Mittag - 8 67 der Skiurlaub - die Skiferien (Pl.) - 89 ich habe gestanden ich bin gestanden ich bin gestanden 54 11 90 Liebe Oma, ich - Liebe Oma Ich 11 91 der Flur der Gang der Gang 11 92 die Gardine der Vorhang der Vorhang 11 92 die Spüle die Abwasch - 11 92 die Spülmaschine der Geschirrspüler - 11 94 der Abitur die Matura - 13 106 der Karneval süddt. der Fasching süddt. die Fastnacht der Fasching die Fastnacht 14 112 Es sind 20 Grad Es hat 20 Grad - 14 113 der Rock - der Jupe 14 113 die Mütze auch: die Haube - 15 124 das Gleis der Bahnsteig - 15 124 von Gleis - auf Gleis 15 124 die Bahncard die Vorteilscard das Halbtax(abonnement) 16 132 im Urlaub auf Urlaub in den Ferien Fonte: Elaborado pela autora com base em Finster et al. (2015) Quadro 7 – Variáveis diatópicas do livro Panorama A2 (continua) Panorama A2 Lição Página Variante alemã (D) Variante austríaca (A) Variante suíça (CH) 1 12 lecker gut gut 1 13 die Geldbörse auch: das Portemonnaie auch: die Geldtasche das Portemonnaie 2 19 die Durchwahl 3 26 (der) Quatsch (der) Blödsinn - 4 34 das Abitur die Matura die Matura - 41 Urlaub machen - Ferien machen 5 43 sich kämmern auch: sich frisieren - 5 46 genießen genießen geniessen 5 46 Spaß haben Spaß haben Spass haben die Direktnummer 55 6 48 der Stuhl der Sessel - 6 48 gucken süddt. schauen schauen - 6 48 im Angebot sein - Aktion sein 6 52 der Schrank der Kasten 6 52 der Flur der Gang der Gang 7 59 die Nebenkosten (NK) die Betriebskosten (BK) - 7 59 das Dachgeschoss - der Dachstock / der oberste Stock 7 59 das Erdgeschoss - das Parterre 9 64 böse schlimm 8 65 laufen/gehen gehen 8 66 auf Klassenfahrt fahren 8 67 die Grundschule die Volksschule die Primarscuhle 8 67 die Realschule, es gibt auch die Sekundarschule, die Gesamtschule und die Hauptschule die Hauptschule, die Allgemeine höhere Schule, die Neue Mittelschule die Sekundarschule, die Fachmittelschule 9 74 der Aufzug auch: der Lift auch: der Lift 11 92 er hat gesessen er ist gesessen er ist gesessen 12 97 das Krankenhaus auch: der/das Spital auch: der/das Spital 12 97 der Krankenwagen die Ambulanz - 13 109 das Hähnchen das Huhn / das Hendl das Poulet 13 109 die Bohne die Fisole - 13 110 der Pfannkuchen / Eierkuchen die Palatschinke die Omelette 13 110 die Aprikose die Marille - 13 110 die Kartoffel der Erdapfel - 14 115 gucken / schauen schauen - 15 125 die Kneipe das Lokal die Bar, die Beiz 16 131 zum/auf das Festival gehen - an das Festival gehen ins Klassenlager gehen Fonte: Elaborado pela autora com base em Finster et al. (2016) Quadro 8 – Variáveis diatópicas do livro Panorama B1 (continua) 56 Panorama B1 Lição Página Variante alemã (D) Variante austríaca (A) Variante suíça (CH) 1 14 der Friseur / die Friseurin der Friseur / die Friseurin der Coiffeur / die Coiffeuse 2 17 Busfahrer/in auch: Buschauffeur/in auch: Buschauffeur/in 2 18 das Treppenhaus das Stiegenhaus das Treppenhaus 2 18 die Klingel die Glocke die Klingel 2 18 das Fahrrad das Fahrrad das Velo 3 26 auch: der Metzger der Fleischer auch: der Metzger 3 26 die Sahne der Rahm der Rahm 3 26 der Quark der Topfen der Quark 3 26 das Würstchen das Würstel - 3 26 das Brötchen die Semmel das Brötchen 3 28 die Blaubeere auch: die Heidelbeere auch: die Heidelbeere auch: die Heidelbeere 4 34 der Urlaub der Urlaub die Ferien 5 42 die/der Auszubildende der Lehrling der Lehrling 6 49 D: Die Gesundheitskarte die e-Card die Krankenkassenkarte 6 49 das Krankenhaus das Krankenhaus das Spital 6 52 anderthalb eineinhalb anderthalb 6 52 an- und ausmachen ein- und ausschalten an- und ausmachen 9 78 in Urlaub auf Urlaub in die Ferien 10 80 die Grundschullehrerin / der Grundschullehrer die Volksschullehrerin / der Volksschullehrer die Primarlehrerin / der Primarlehrer 10 81 die Anzeige das Inserat das Inserat 10 82 das Abitur die Matura die Matura 10 82 das Redakteur das Redakteur der Redaktor 11 94 die Reinigung die Putzerei die Reinigung 11 94 die EC-Karte die Bankomatkarte die EC-Karte 12 97 den Fußboden wischen den Fußboden wischen (feucht) aufwischen 12 97 das Portemonnaie die Geldtasche das Portemonnaie 13 106 Quatsch! Blödsinn! Quatsch! 57 13 108 der Tüv wiederkehrende Begutachtung z.B. die Fahrzeugprüfung 13 110 das Elektrofahrrad / das EBike das Elektrofahrrad / das EBike das Elektrovelo 15 124 die Mülltonne der Mistkübel der Abfallcontainer Fonte: Elaborado pela autora com base em Finster et al. (2017)