UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE LETRAS
VIKTORYA ZALEWSKI PIETSCH DOS SANTOS
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM LIVROS DIDÁTICOS DE ALEMÃO COMO
LÍNGUA ESTRANGEIRA
Porto Alegre
2018
VIKTORYA ZALEWSKI PIETSCH DOS SANTOS
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM LIVROS DIDÁTICOS DE ALEMÃO COMO
LÍNGUA ESTRANGEIRA
Trabalho de Conclusão de Curso de graduação
apresentado ao Instituto de Letras da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul como
requisito parcial para a obtenção do título de
licenciada em Letras.
Orientadora: Profa. Dra. Karen Pupp Spinassé
Porto Alegre
2018
VIKTORYA ZALEWSKI PIETSCH DOS SANTOS
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM LIVROS DIDÁTICOS DE ALEMÃO COMO
LÍNGUA ESTRANGEIRA
Trabalho de Conclusão de Curso de graduação
apresentado ao Instituto de Letras da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul como
requisito parcial para a obtenção do título de
licenciada em Letras.
Aprovado em: _____ de _____________ de _______.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Karen Pupp Spinassé
(Orientadora)
__________________________________________
Cléo Vilson Altenhofen
(Examinador)
__________________________________________
Daniela Norci Schroeder
(Examinadora)
AGRADECIMENTOS
Ao Senhor Jesus, pela benção da vida e da salvação, por sua graça, misericórdia e
amizade que todos os dias me alcançam.
A meus pais, a meus avós e a meu padrasto, que apesar das dificuldades comuns à
vida, sempre enxergaram minha educação como prioridade, me incentivando, acreditando em
meu potencial e compreendendo minha ausência nos períodos mais intensos. A meu avô, que
me ensinou o amor pelas letras e pelas rimas. À minha mãe, que herdou o mesmo amor de
meu avô e sempre contribuiu para que a minha infância estivesse rodeada dos mais coloridos
livros.
À UFRGS, universidade pública e de qualidade, lugar onde tenho me formado cidadã,
acadêmica e profissional.
À minha orientadora Profa. Dra. Karen Pupp Spinassé, não apenas por sua orientação
e solicitude, mas também por seus ricos ensinamentos na área da Docência e da Língua
Alemã. Ao Prof. Dr. Cléo Vilson Altenhofen, primeiro professor a me inserir no mundo da
pesquisa. Professor, nunca me esqueci do momento em que você disse que eu ainda iria muito
longe; guardo suas palavras com carinho. Aos queridos professores: Profa. Dra. Marcia Ivana
de Lima e Silva, Prof. Dr. Antônio Sanseverino, Prof. Dr. Michael Korfmann, Prof. Dr.
Gerson Neumann, Dra. Svenja Brünger, Profa. Dra. Gabriela Hoffmann Lopes, Ma. Angélica
Prediger e Profa. Dra. Lia Schulz.
Também à equipe do grupo ALMA, com quem muito aprendi sobre a vida acadêmica
e sobre uma nova forma de enxergar o mundo, observando a paixão e dedicação com que
vocês estudam o Hunsrückisch e o Pomerano. Com vocês viajei e conheci falantes que têm
sua variedade linguística como um tesouro; não fui mais a mesma desde então.
Ao DAAD (Deutscher Akademischer Austauschdienst), pela belíssima oportunidade
de ter estudado na Alemanha, o que contribuiu imensamente para meu desenvolvimento. Ao
Instituto Goethe de Porto Alegre, por possibilitarem a continuidade dos meus estudos da
língua alemã, e por sua biblioteca, fundamental na produção deste trabalho.
Ao NELE, que abriu suas portas para a minha primeiríssima experiência docente e
onde muito aprendi, sendo fundamental na minha formação. Ao CAp da UFRGS e sua equipe
docente, que me possibilitaram a realização de três estágios docentes.
Às minhas grandes amigas Natasha Barth Sidoruk e Carla Menoti Rech, companheiras
não apenas nos estudos, mas na vida. Minha trajetória não seria a mesma sem vocês.
“Sê humilde para evitar o orgulho, mas voa alto
para alcançar a sabedoria.”
(Santo Agostinho)
RESUMO
O presente trabalho consiste em uma análise de livros didáticos de alemão como língua
estrangeira (DaF) a partir de uma perspectiva sociolinguística. Parte-se do princípio de que a
língua varia e que, consequentemente, um adequado ensino de língua estrangeira implicará no
reconhecimento desse fenômeno. Dessa forma, o trabalho tem o objetivo de verificar a
presença ou ausência de variação linguística em três séries de livros didáticos que são
empregados para o ensino de DaF em Porto Alegre. Para tanto, realizou-se uma revisão
bibliográfica sobre as circunstâncias envolvendo a produção de livros didáticos de DaF e o
fenômeno da variação linguística, especialmente no tocante à língua alemã. Após isso, foi
realizada a análise dos livros selecionados. De maneira geral, constatou-se que duas das três
séries analisadas dedicam maior espaço a variáveis diatópicas relacionadas ao Princípio
DACH(L), porém de maneira superficial. A outra série, que tem como proposta livros mais
curtos e objetivos, trouxe exemplos de variáveis não apenas diatópicas, mas também
diafásicas, além de uma variável social. Nela, a variação desempenha papel mais central.
Palavras-chave: Ensino de alemão; Alemão como língua estrangeira; Sociolinguística; Livro
didático
ZUSAMMENFASSUNG
Die vorliegende Arbeit stellt eine Analyse von DaF-Lehrwerken aus der soziolinguistischen
Perspektive. Man geht davon aus, dass die Sprache variiert und, folglich, dass der geeignete
Fremdspracheunterricht dieses Phänomen behandeln soll. In diesem Sinne ist das Ziel der
Arbeit die An- oder Abwesenheit von linguistischer Variation in drei Lehrwerksreihen, die im
DaF-Unterricht in Porto Alegre verwendet werden, zu analysieren. Zunächst wurde über die
Herstellung von DaF-Lehrwerken und über das Phänomen der Sprachvariation recherchiert,
hauptsächlich in Bezug auf die deutsche Sprache; dann wurde die Analyse von den
ausgewählten Lehrbüchern durchgeführt. Im Allgemeinen kommt man zu dem Ergebnis, dass
zwei von den drei analysierten Reihen Raum für geographischen Variablen im Hinblick auf
das DACH(L)-Prinzip widmen, jedoch oberflächlich. Die andere Reihe, die absichtlich
kürzere und objektivere Bücher anbietet, stellt Beispiele nicht nur von diatopischen Variablen,
sondern auch von diaphasischen Variablen vor, und auch eine sozielle Variable konnte
identifiziert werden. In dieser Reihe spielt die Variation eine wesentlichere Rolle.
Schlüsselwörter: Deutschunterricht; Deutsch als Fremdsprache; Soziolinguistik; Lehrwerk
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Exemplo de coluna lateral extra no livro DaF kompakt neu A2 ............................ 31
Figura 2 - Jugendsprache: imagem do livro DaF kompakt neu A2........................................ 32
Figura 3 - Umgangssprachlich: imagem do livro DaF kompakt neu A2 ................................ 33
Figura 4 - Überfliegen Sie die E-mails: atividade do livro Menschen A1............................... 34
Figura 5 - Formel oder informell: atividade do livro Menschen B1 ....................................... 35
Figura 6 - Lernwortschatz: Exemplo de variáveis diatópicas na série Menschen ................... 36
Figura 7 - Exemplo de variáveis diatópicas na série Panorama ............................................ 38
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11
2 LIVROS DIDÁTICOS .................................................................................................... 12
2.1 Abordagens metodológicas ......................................................................................... 13
2.2 Mercado editorial........................................................................................................ 15
2.3 Questões Políticas ....................................................................................................... 17
2.4 Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECR) .............................. 18
2.5 DACH(L) e Landeskunde ........................................................................................... 19
3 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ......................................................................................... 22
3.1 Norma-padrão: o standard .......................................................................................... 23
3.2 Variação social ou diastrática ...................................................................................... 24
3.3 Variação estilística ou diafásica .................................................................................. 25
3.4 Variação diatópica ..................................................................................................... 26
4 METODOLOGIA ........................................................................................................... 28
4.1 DaF kompakt neu........................................................................................................ 28
4.2 Menschen ................................................................................................................... 29
4.3 Panorama ................................................................................................................... 30
5 ANÁLISE ........................................................................................................................ 31
5.1 DaF kompakt neu........................................................................................................ 31
5.1.1 Variação social ................................................................................................ 31
5.1.2 Variação diafásica ............................................................................................ 32
5.1.3 Variação diatópica ........................................................................................... 33
5.2 Menschen ................................................................................................................... 33
5.2.1 Variação social ................................................................................................ 33
5.2.2 Variação diafásica ............................................................................................ 34
5.2.3 Variação diatópica ........................................................................................... 35
5.3 Panorama ................................................................................................................... 36
5.3.1 Variação social ................................................................................................ 36
5.3.2 Variação diafásica ............................................................................................ 36
5.3.3 Variação diatópica ........................................................................................... 37
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 39
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 40
ANEXO 1 – VARIÁVEIS DIATÓPICAS NA SÉRIE DAF KOMPAKT NEU ................ 43
ANEXO 2 – VARIÁVEIS DIATÓPICAS NA SÉRIE MENSCHEN ............................... 45
ANEXO 3 – VARIÁVEIS DIATÓPICAS NA SÉRIE PANORAMA ............................... 53
11
1 INTRODUÇÃO
Encarar a língua como entranhada ao social, profundamente múltipla, variável e em
constante reconstrução, é vê-la como concebe a Sociolinguística (BAGNO, 2012). Tal
concepção implica em profundas mudanças na compreensão de nossas práticas sociais orais e
letradas, inclusive no ensino de línguas, como no caso do alemão como língua estrangeira,
(Deutsch als Fremdsprache, doravante DaF). Conceber a língua alemã como vê a
Sociolinguística significa entendê-la como heterogênea, falada e escrita por pessoas reais, que
transitam nos mais diferentes contextos.
O ensino de língua estrangeira modificou-se, ao longo do último século, conforme as
teorias linguísticas e as abordagens pedagógicas dominantes. Além disso, o ensino de DaF foi
profundamente influenciado por políticas nacionais e fluxo do mercado dos países falantes de
língua alemã. Juntamente modificaram-se os livros didáticos, que são produzidos quase
completamente em solo alemão e vendidos em outros países consumidores, incluindo o Brasil
(UPHOFF, 2009, p. 83).
Livros didáticos constituem-se como materiais que exercem grande poder sobre a
prática do professor (UPHOFF, 2009). Dessa forma, o objetivo desta pesquisa é analisar, sob
essa perspectiva da diversidade, três dos principais livros didáticos de ensino de DaF
presentes em cursos de Porto Alegre, buscando observar como eles apresentam e/ou como
tratam os fenômenos de variação linguística.
Nossa hipótese é de que a presença ou ausência desses fenômenos indicará se os livros
compreendem a língua da mesma forma como ela é concebida pela Sociolinguística. Afinal,
quando nega a variação da língua, ignora que pessoas expressam-se diferentemente de acordo
com o contexto e omite que diversas palavras podem ser usadas para indicar o mesmo
referente, o livro didático está afastando o aprendiz de seu objetivo: a aprendizagem autêntica
da língua-alvo para fins de comunicação.
Para isso, dividimos o trabalho da seguinte forma: no primeiro momento, são
investigados os processos que influenciam a produção de livros didáticos de alemão. Em
seguida, procura-se entender como funcionam os fenômenos de variação e como eles se dão
nos países de língua alemã. Após tal revisão bibliográfica, apresentamos as características dos
livros didáticos selecionados para a análise e os motivos que nos levaram a selecioná-los. No
quinto capítulo é realizada a análise e, no sexto, apresentamos as considerações finais sobre os
dados obtidos.
12
2 LIVROS DIDÁTICOS
De acordo com Bausch et. al (2016), materiais didáticos para ensino de línguas
(Sprachlehrmaterialien) são todos os textos, materiais e mídias utilizados por professores e
alunos no processo de aquisição de línguas. O autor apresenta-os em duas categorias: (1)
materiais produzidos pelos próprios alunos, como textos, posts de blogs, tabelas e anotações,
e (2) materiais externos. Os materiais externos também são divididos em outras duas
categorias: (1) materiais não-didatizados, que são utilizados para aquisição de línguas, como
textos de jornal e portais de música e compras, e (2) materiais didatizados, que são, em regra,
produtos de editoras, como, por exemplo livros didáticos (Lehrwerken) e materiais
complementares.
Barkowski e Krumm (2010, p. 188) definem Lehrwerk (livro didático) como “uma
gama, estruturada e publicada, de textos e exercícios para aula ou estudo individual,
normalmente baseada em uma abordagem metódico-didática”1 (tradução nossa). Conforme
Uphoff (2009), a diferença entre o livro didático e outros materiais – como dicionários
gramáticas e livros de apoio – é a presença de dois objetivos: estabelecer uma distribuição de
conteúdos num determinado espaço de tempo e indicar os procedimentos didáticos a serem
empregados. Em suma, o livro didático pretende definir o que será ensinado, como será
ensinado e qual será a agenda de ensino. Uma vez que é um livro que estrutura os conteúdos
em lições ou unidades, o professor precisa, geralmente, abordar seus capítulos de maneira
linear. Além disso, o livro didático acaba definindo outros fatores presentes na sala de aula,
como procedimentos didáticos, organização social dos alunos e dos itens, bem como forma de
avaliação. Para Uphoff (2009, p. 61),
o livro didático contém um planejamento minucioso do ensino da
língua, que contempla praticamente todas as etapas do ensino, desde
sua concepção global até a definição de procedimentos didáticos
concretos e indicações sobre o modo de avaliação praticado em sala
de aula. O livro didático, portanto, pode ser considerado como a
materialização do planejamento de um curso de línguas.
Braga (2011) afirma que o livro didático é uma tradição centenária na cultura escolar
brasileira e que, geralmente, é apresentado como mediador entre o aluno, o professor e o
conhecimento a ser aprendido e ensinado. Em alguns ambientes é, além das exposições do
1
“ein strukturiertes, publiziertes Text- und Übungsangebot für Unterricht oder Einzelstudium, i.d.R. auf einem
methodisch-didaktischen Gesamtkonzept basiert.”
13
professor, a única fonte de conteúdos dos aprendizes. No Brasil, o livro didático de DaF
representou, muitas vezes, o principal ou até mesmo o único meio de contato com o idioma e
a cultura estrangeira. Tal acontecimento é bastante comum em regiões afastadas dos países
onde se fala a língua-alvo (UPHOFF, 2009).
2.1 Abordagens metodológicas
Os livros didáticos de DaF sofreram profundas modificações a partir do surgimento de
novas abordagens metodológicas. As mais antigas são comumente denominadas de précomunicativas, sendo elas o Método de Gramática e Tradução, o Método Direto e o Método
Audiolingual. A Abordagem Comunicativa começa a ser discutida, na Alemanha Ocidental,
no começo dos anos 70, e a Abordagem Intercultural, na metade dos anos 80 (NEUNER;
HUNFELD, 1993).
O Método da Gramática e Tradução (Grammatik-Übersetzungs-Methode, doravante
GÜM) foi desenvolvido no século XIX e imperou até as primeiras décadas do século XX,
resistindo, em alguns contextos, há até não muito tempo atrás. Inspirado no ensino das línguas
clássicas, como o grego e o latim, esse método estava relacionado ao principal objetivo do
Ginásio escolar: a formação humanística. O GÜM destacava a leitura de textos clássicos e sua
tradução para a língua materna, os quais serviam de material para a análise
gramatical/sintática. A variação linguística, portanto, não era abordada. Postulava-se que o
aluno, para aprender a língua estrangeira, deveria primeiro compreender as regras gramaticais
da mesma. Nos livros didáticos, os tópicos gramaticais não eram apresentados de forma
diluída ao longo dos capítulos, mas sim de maneira compacta; o professor era visto como o
detentor do conhecimento gramatical e os textos literários clássicos eram entendidos como
modelos corretos da língua. A turma, estudantes de ginásio de uma elite letrada, era composta
por falantes da mesma língua; a aula, portanto era ministrada na língua materna; havia a
dominância do texto escrito, ignorando-se outras habilidades, como a fala (vide SCHMIDT,
2017; UPHOFF, 2009).
O Método Direto surge em 1890 como crítica ao GÜM, introduzindo uma proposta
nova para o ensino de línguas estrangeiras. Segundo esse método, a língua materna deveria
ser abolida da sala de aula e não se permitia seu uso nem para se fazerem comparações com a
língua-alvo, tornando a aula um ambiente monolíngue. O enfoque passava a ser o uso da
língua-alvo em sua modalidade falada, o que, consequentemente, trazia temáticas do contexto
14
escolar e familiar do aluno, porém de maneira descontextualizada (vide SCHMIDT, 2017;
UPHOFF, 2009; NEUNER; HUNSFELD, 1993).
O Método Audiolingual desponta na década de 40 nos Estados Unidos, baseando-se
na teoria psicopedagógica behaviorista, que concebe o sujeito como fortemente influenciado
por estímulos externos (SCHMIDT, 2017). Segundo essa abordagem, a competência
linguística deve ser automatizada através do hábito; a língua é aprendida pelo binômio
estímulo e resposta. O Método audiolingual foi bastante importante em uma época que
apresentava a necessidade bastante pontual de preparar militares para a Segunda Guerra.
Diferentemente do Método de Gramática e Tradução, o Método Audiolingual enfatizava a
fala e sua repetição – e, diferentemente do Método Direto, procurava contextualizar essa fala
através de um cenário ou enredo dado. Ele também apontava a importância de uma progressão
nos conteúdos ensinados, de acordo com os supostos níveis de dificuldade nas estruturas
gramaticais – assim, o planejamento do ensino de línguas é encarado como uma tarefa
científica que deve ser executada por um especialista, e não pelo professor, que é visto apenas
como um aplicador desse material. Uphoff (2009, p. 70) afirma que “o livro didático é de
fundamental importância nesse contexto, já que materializa o planejamento legitimado pelas
ciências”. Devido à ênfase na língua oral, o desenvolvimento de recursos tecnológicos para
aprimoração da pronúncia e da fala também foi bastante significativo. O audiolingualismo 2
sofreu influência também do Estruturalismo americano, que concebe a língua como um
sistema fixo e não enfatiza a variação linguística. Seu auge, no ensino de língua alemã, teve
início na década de 60.
Com o crescente desenvolvimento da Pragmática nos estudos da linguagem, a visão
estruturalista no ensino de línguas passa a ser, aos poucos, abandonada. A língua começa a ser
abordada a partir de seu caráter comunicativo:
Aprendem-se línguas estrangeiras modernas – em oposição às
“línguas velhas”, Latim e Grego, que apenas existem como línguas de
livros – para poder se comunicar com outras pessoas [...], para
compreender programas de TV, programas de rádio, jornais e livros.
Esses são objetivos pragmáticos: aprendem-se línguas vivas sobretudo
para utilizá-las na comunicação cotidiana (NEUNER; HUNFELD,
1993, p. 84, tradução nossa)3.
2
Termo empregado por Uphoff (2009, p. 68-70) como sinônimo para Método Audiolingual.
“Morderne Fremdsprachen lernt man – im Gegensatz zu den “alten Sprachen” Latein und Griechisch, die es
nur noch als “Buchsprachen” gibt –, um sich mit anderen Menschen verständigen zu können, [...] um
Fernsehsendungen, Radioprogramme, Zeitungen und Bücher zu verstehen.”
3
15
O ensino volta-se para a simulação de situações do dia-a-dia, com o interesse não mais
centrado no aspecto gramatical, mas sim nas práticas que o aluno pode realizar a partir da
língua-alvo. Além da Pragmática, outra área trouxe grande impacto para o ensino de línguas:
a Linguística Textual, que introduziu a concepção de uma nova unidade linguística, a saber, o
texto. Frases descontextualizadas e desconexas não eram mais valorizadas, e sim os textos em
suas formas e com seus conteúdos. Temos, então, o desenvolvimento da Abordagem
Comunicativa.
Enquanto o Método da Gramática e Tradução esteve relacionado à literatura clássica e
à educação humanista de uma classe culta e o Método Audiolingual apresentou bastante
relevância em um contexto de guerra que aproximou tantas línguas e culturas, o
impulsionamento da Abordagem Comunicativa também esteve associado a seu contexto
sócio-histórico. Os anos 70, na Europa, foram marcados por uma grande imigração de mãode-obra. Tais imigrantes apresentavam um novo perfil de aprendizes de língua: eram
trabalhadores, adultos e participantes de cursos de profissionalização. A Abordagem
Comunicativa, baseada em um modelo emancipatório de educação, pretendia que os
aprendizes pudessem, no idioma estrangeiro, se comunicar no dia-a-dia, expressar seus
desejos, defender seus interesses e lidar com as mídias (NEUNER; HUNFELD, 1993). Assim,
é importante que a variação linguística ocupe um papel mais central, uma vez que ela objetiva
o uso da língua-alvo pelo aprendiz em diferentes contextos reais. As quatro habilidades (fala,
audição, escrita e leitura) passam a ser norteadoras dos materiais didáticos, e o professor não
mais monopoliza as aulas, mas torna-se um mediador do processo de ensino (UPHOFF,
2009).
A Abordagem Intercultural veio para ampliar a Abordagem Comunicativa, trazendo
as noções de que língua e cultura são indissociáveis, assim como o contexto sociocultural dos
falantes. A interculturalidade compreende o surgimento de outro campo, a partir do
intercâmbio entre duas culturas. No ensino, pauta-se nas reflexões sobre: como se percebe o
outro, o diferente; como se percebe o eu; como se compartilham vivências e como se dialoga
com o outro. A Abordagem Intercultural também propõe problematizar estereótipos e
desenvolver princípios de tolerância. De acordo com SCHMIDT (20017, p. 98), nessa
abordagem, “o mundo idealizado e o discurso unitário deveriam, paulatinamente, dar espaço a
uma percepção mais plural da sociedade e culturas-alvos”.
2.2 Mercado editorial
16
Após a explanação acima, faz-se necessário lembrar, nesta seção, que os livros
didáticos, além de sofrerem influência e mesmo alterações pelos métodos ou abordagens
dominantes, também são fortemente influenciados pelo mercado. Uphoff (2009) indica que os
materiais didáticos não são apenas fruto da criatividade de especialistas, mas também de um
processo de editoração, sendo lançados como produtos no mercado editorial. Um fato
interessante é que a IDV4 (Associação Internacional de Professoras e Professores de Alemão),
que estabeleceu como um de seus objetivos o suporte a professores de alemão e à sua
atividade profissional e formação, é patrocinada pelas editoras Hueber, Klett e Cornelsen 5.
O mercado de livros didáticos nos países de língua alemã foi dominado, já a partir de
meados dos anos 20, por poucas editoras especializadas (BARKOWSKI; KRUMM, 2010). A
partir dos anos 80, foram desenvolvidos, massivamente e a nível global, livros didáticos de
alemão como língua estrangeira e, com a obrigatoriedade dos cursos de integração a partir dos
anos 2000, foi produzido um grande número de livros específicos para esse público-alvo. A
concorrência crescente no ramo, provocada em parte pelo número decrescente de alunos e
pelo desenvolvimento complexo de multimídias (como materiais para internet e DVDs)
dificultou a atividade de editoras pequenas e regionais e levou ao fortalecimento de edições
licenciadas de
livros didáticos alemães
em detrimento
de produções regionais
(BARKOWSKI; KRUMM, 2010).
No Brasil, embora alguns professores e instituições também costumem desenvolver
seus materiais próprios, geralmente, para atender necessidades específicas de sala de aula, a
maioria dos materiais didáticos presentes para o ensino de alemão costumam ser produzidos
pelas grandes editoras alemãs. Um dos discursos empregados para justificar sua utilização
está no argumento de que os materiais dessas empresas são desenvolvidos por especialistas na
área e que passam por um rigoroso processo de testagem, o que supostamente asseguraria sua
qualidade e garantiriam o sucesso da aprendizagem (UPHOFF, 2009, p. 92). Outra
justificativa para a maior aceitação de livros didáticos produzidos no exterior é a de que são
produzidos por falantes nativos, que teoricamente possuiriam maior autoridade e legitimidade
no ensino da língua-alvo (TILIO, 2008).
O investimento das editoras em seus materiais didáticos nem sempre se reflete na
qualidade pedagógica, e sim no aspecto estético e tecnológico, garantindo o potencial
mercadológico dos materiais. Por isso, para que continuem vendendo bem, é importante que
4
5
Internationaler Deutschlehrerinnen- und Deutschlehrerverband.
Conforme https://idvnetz.org/was-ist-der-idv – último acesso em 15 de novembro de 2018.
17
tragam certas inovações, mas não a ponto de causar estranhamento nos professores; pode-se
dizer que o mercado de produção de livros para o ensino de línguas é essencialmente
conservador (UPHOFF, 2009, p. 95). Um livro que obtém sucesso é encarado como modelo e
imitado na produção de outros, inclusive em outras editoras, o que torna os produtos de
diversas empresas bastante parecidos e com mínimas variações (TILIO, 2008, p. 132). Um
exemplo de livro bastante inovador é o Die Suche – Das andere Lehrwerk für Deutsch als
Fremdsprache (1993, apud UPHOFF, 2009), escrito em forma de romance pelo renomado
autor Hans Magnus Enzensberger, cujas lições têm relação com a trama da narrativa. Apesar
de causar curiosidade inicial, o livro não conseguiu se firmar no mercado e hoje foi editado
para ser utilizado como material de revisão.
2.3 Questões Políticas
Se não é possível dissociar o livro didático de alemão como língua estrangeira de seu
mercado, tampouco se pode separá-lo de movimentos políticos que influenciam sua produção
e suas características. O desenvolvimento da área acadêmica de DaF foi fortemente
influenciada por dois institutos criados após a Segunda Guerra Mundial: o Instituto Goethe,
na Alemanha Ocidental, e o Instituto Herder, na Alemanha Oriental. Segundo Uphoff (2013,
p. 222), suas histórias são um exemplo das atitudes empregadas pelos dois estados alemães
para retomar o ensino de DaF e incentivar o intercâmbio cultural com outros países. Dessa
forma, as nações pretendiam reestabelecer relações políticas internacionais.
Em 1959, o Instituto Goethe tornou-se um órgão oficial do governo alemão. Se
observarmos a página do Instituto Goethe sobre suas Tarefas e Objetivos, encontraremos os
seguintes dizeres:
O Goethe-Institut é o instituto cultural de âmbito internacional da
República Federal da Alemanha.
Promovemos o conhecimento da língua alemã no exterior e o
intercâmbio cultural internacional. Transmitimos uma imagem
abrangente da Alemanha através de informações sobre a vida cultural,
social e política em nosso país. Nossos programas culturais e
educacionais promovem o diálogo intercultural e permitem a
participação cultural. Fortalecem o desenvolvimento de estruturas da
sociedade civil e promovem a mobilidade global6.
6
Disponível em https://www.goethe.de/ins/br/pt/ueb/auf.html – último acesso em 15 de novembro de 2018.
18
De acordo com Uphoff (2013), a formulação “transmitimos uma imagem abrangente
da Alemanha” (grifo da autora) indica, ainda hoje, a tentativa de superar a associação do país
com sua época nazista – tarefa ainda mais relevante durante a década de 50, quando foi criado
o instituto.
Os institutos Herder e Goethe tinham atuações relativamente parecidas, apesar de suas
diferenças políticas. Ambos ofereciam cursos de formação de professores e produziam
materiais didáticos. Professores do Instituto Goethe foram responsáveis pela produção dos
dois primeiros livros didáticos que se tornaram best-sellers no mundo ocidental, sendo um
deles o Deutsche Sprachlehre für Ausländer, dos autores Dora Schulz e Heinz Griesbach,
publicado em 1955 pela editora Hueber.
Além da importante política pós-guerra que, até hoje, permanece influenciando a
produção de livros didáticos, outros movimentos mais recentes têm repensado a produção
desses materiais: o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas e o DACH(L)Prinzip.
2.4 Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECR)
O Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (em inglês, Common
European Framework of Reference for Languages) foi publicado em 2001 pelo Conselho da
Europa, instituição fundada no contexto pós-guerra, do qual participam 47 países, dos quais
28 fazem parte da União Europeia 7, e que visa à promoção dos direitos humanos, da
tolerância e da resolução pacífica de conflitos8.
O QECR aponta que sua criação corresponde ao objetivo geral do Conselho da
Europa, isto é, promover maior unidade entre os países-membros ao adotar uma ação comum
na área da cultura. O Conselho entende que
apenas através de um melhor conhecimento das línguas vivas
europeias se conseguirá facilitar a comunicação e a interacção entre
Europeus de línguas maternas diferentes, por forma a promover a
mobilidade, o conhecimento e a cooperação recíprocas na Europa e a
eliminar os preconceitos e a discriminação (CONSELHO DA
EUROPA, 2001).
7
Conforme https://www.coe.int/pt/web/about-us/our-member-states – último acesso em 06 de dezembro de
2018.
8
Conforme https://www.coe.int/pt/web/about-us/values – último acesso em 06 de dezembro de 2018.
19
O QECR, além de outras funções, é utilizado para a padronização de certificações e
está orientado a partir das competências comunicativas, isto é, competências que permitem ao
indivíduo agir por meio do uso da língua. Os Níveis Comuns de Referência do Quadro estão
divididos em: A1, A2, B1, B2, C1 e C2. Ao atingir o nível A2, o falante é considerado um
utilizador elementar da língua; ao atingir o B2, um utilizador independente; finalmente, ao
alcançar o C2, o falante torna-se um utilizador proficiente (CONSELHO DA EUROPA, 2001).
2.5 DACH(L) e Landeskunde
O DACH(L)-Prinzip (ou simplesmente DACH-Prinzip – Princípio DACH)
denominou-se inicialmente ABCD-Thesen (Teses ABCD) e estabeleceu-se a partir de um
grupo de trabalho em 1988, composto por representantes da Áustria (A), da Alemanha
Ocidental (B, de Bundesrepublik Deutschland – BRD), da Suíça (C, devido à denominação
oficial Confoederatio Helvetica) e da Alemanha Oriental (D, de Deutsche Demokratische
Republik – DDR). O grupo visava à formação de um novo imaginário no que diz respeito ao
ensino de DaF. De acordo com Bohunovsky (2014, p. 111), “naquela época, apenas a
Alemanha Ocidental era abordada nas temáticas de Landeskunde9, e autores das teses
defendiam a inclusão dos ‘países menores’”.
Antes de prosseguir, cabe apresentar o conceito de Landeskunde, muito relevante para
a área de DaF. O documento das ABCD-Thesen afirma: “Landeskunde, na aula de língua
estrangeira, é um princípio que se concretiza através da combinação de transmissão da língua
e informação cultural. [...] Diz respeito exemplarmente e contrastivamente à área de fala
alemã com seus fenômenos não apenas nacionais, mas também regionais e transnacionais”
(KAMPEL et al., 1990, p. 15).
11
De acordo com a Wiki 99 Stichwörter für den
Fremdsprachenunterricht, promovida pela editora Hueber, o conceito Landeskunde expressa
os conhecimentos, saberes e entendimentos sobre as circunstâncias geográficas, políticas,
econômicas, sociais e culturais de um país, seus habitantes e seu modo de comportamento
(HUEBER, 2018).
Novas abordagens de Landeskunde no ensino de DaF surgiram com o passar dos anos.
O livro Didaktik der Landeskunde (BIECHELE; PADRÓS, 2003) apresenta a abordagem
9
Como veremos a seguir, Landeskunde equivale, de forma abrangente, a Estudos Sociais.
“Landeskunde im Fremdsprachenunterricht ist ein Prinzip, das sich durch die Kombination von
Sprachvermittlung und kultureller Information konkretisiert [...]. Landeskunde [...] bezieht sich exemplarisch
und kontrastiv auf den deutschsprachigen Raum mit seinen nicht nur nationalen, sondern auch regionalen und
grenzübergreifenden Phänomenen.”
11
20
factual da Landeskunde como a mais antiga, indicando os anos cinquenta. Essa abordagem
propõe a transmissão de fatos, números e dados na aula de alemão, isto é, informações
próprias sobre a geografia, a economia e a estrutura política do país Alemanha, além da
apresentação de costumes e tradições de seus habitantes; a cultura é entendida como a música,
a literatura, a arte e a ciência. A Landeskunde na abordagem factual não era integrada ao
ensino da língua, e sim vista de maneira adicional. Com as abordagens comunicativa e
intercultural, a aplicação da Landeskunde se modificou; contudo veremos que no DACHPrinzip ela ainda está fortemente associada ao seu sentido mais antigo (BIECHELE;
PADRÓS, 2003).
Em 1990, o grupo das ABCD-Thesen começou a elaborar volumes de Landeskunde
para os quatro países: Áustria, Suíça, Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental. O objetivo
era que os volumes apresentassem uma estrutura unificada, o que permitiria a comparação
entre as nações. Englobariam os seguintes temas: geografia e história; informações sobre a
população; vida pública; vida cotidiana; educação; cultura e tempo livre; meios de transporte,
viagem e turismo; meio-ambiente; “nós e os outros”; e ainda um capítulo específico de acordo
com cada país. Após a reunificação da Alemanha, os volumes sobre a BRD e a DDR
tornaram-se um só e o grupo passa a trabalhar não mais nas teses ABCD, mas sim no DACHKonzept (Conceito DACH – sendo D para Alemanha (Deutschland), A para Áustria e CH para
a Suiça). Há a inclusão posterior também do L para Liechtenstein, mas entre parênteses, pois
o principado não tem o mesmo status para o DaF como os outros países e nem é considerado
um centro expressivo da língua alemã (HÄGI, 2011). Os volumes antes planejados, no
entanto, só apareceriam em 1998, sob o título Landeskunde – deutschsprachiger Länder. A
temática passou a adentrar outros espaços, como na discussão sobre currículo, livros didáticos
e formação de professores.
O site da IDV explica que
o DACH-Prinzip provém do reconhecimento fundamental da
diversidade da área de língua alemã em relação ao ensino de língua
alemã, à transmissão da Landeskunde, à produção de materiais
didáticos e à formação e treinamento de professores. Na prática,
significa [...] a igual integração de diferentes dimensões linguísticas e
culturais da área de língua alemã, no que diz respeito a trabalhos
científicos,
atividades
de
instituições
governamentais,
desenvolvimento de conceitos e projetos, todas as formas da
apresentação de atividades especializadas, e, acima de tudo, na práxis
em aula” (IDV, 2018, tradução nossa)12.
12
Dísponível em https://idvnetz.org/dachl-online/dachl-im-fach-dafdaz/dach-prinzip - Último acesso em 04 de
setembro de 2018. “Das DACH-Prinzip geht von der grundsätzlichen Anerkennung der Vielfalt des
21
Dessa forma, tendo a IDV um forte relacionamento com as editoras de livros didáticos
de DaF, conforme explicitado na seção 2.2, não seria inusitado que a produção mais recente
de materiais viesse acompanhada do Princípio DACH, especialmente na apresentação de
Landeskunde.
deutschsprachigen Raumes im Rahmen des Unterrichts der deutschen Sprache, der Vermittlung von
Landeskunde, der Produktion von Lehrmaterialien sowie der Aus- und Fortbildung von Unterrichtenden aus. In
der Umsetzung bedeutet dies [...] die gleichwertige Einbeziehung der unterschiedlichen sprachlichen und
landeskundlichen Dimensionen des deutschsprachigen Raumes im Rahmen wissenschaftlicher Arbeiten, in
Aktivitäten der Mittlerorganisationen, in der Entwicklung von Konzepten und Projekten sowie in allen Formen
der Präsentation fachlicher Aktivitäten, vor allem aber auch in der Praxis des Unterrichts.”
22
3 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
O conceito de língua, neste trabalho, é aquele abordado pela Sociolinguística: A língua
varia e é heterogênea, pois os falantes são diversificados e também heterogêneos. Bagno
(2012, p. 36-37) afirma que
ao contrário da norma-padrão, que é tradicionalmente concebida como
um produto homogêneo, como um jogo de armar em que todas as
peças se encaixam perfeitamente umas nas outras, sem faltar
nenhuma, a língua, na concepção dos sociolinguistas, é
intrinsecamente heterogênea, múltipla, variável, instável, e está
sempre em desconstrução e reconstrução. [...] Se a língua é falada por
seres humanos que vivem em sociedades, se esses seres humanos e
essas sociedades são sempre, em qualquer lugar e em qualquer época,
heterogêneos, diversificados, instáveis, sujeitos a conflitos e a
transformações, o estranho, o paradoxal, o impensável seria
justamente que as línguas permanecessem estáveis e homogêneas!
Não é algo novo afirmar que língua e sociedade são duas realidades que se relacionam
intimamente, e que a língua costuma ser interpretada como produto e expressão da cultura.
Entretanto, a linguística nem sempre se ocupou com os aspectos sociais. Labov (1972, apud
MONTEIRO, 2000, p. 26) demonstrou-se bastante relutante para aceitar o termo
Sociolinguística, cunhado na década de 50, por julgá-lo redundante, uma vez que não se pode
pensar em uma linguística que não seja social. Sua teoria sociolinguística apontou a
agramaticalidade da fala cotidiana como mito.
A sociolinguística enfatiza a importância do fenômeno da variação linguística, que
indica que a língua varia, o que pode ocorrer em qualquer nível: fonético-fonológico,
morfológico, sintático, semântico e ainda no estilístico-pragmático (BAGNO, 2012, p. 3940). Quando duas formas ou mais transmitem um mesmo conteúdo informativo, isto é,
apresentam o mesmo significado denotativo ou referencial, elas constituem, então, uma
variável linguística. Cada forma alternante é chamada de variante. O emprego de
determinada variante pode ser causada por variáveis internas e externas, sendo as internas
referentes à estrutura da língua, englobando fatores fono-morfo-sintáticos, semânticos,
discursivos e lexicais, enquanto as variáveis externas são as de ordem social, sendo inerentes
ao indivíduo (como etnia ou sexo), sociais (como nível de escolaridade e renda) e contextuais
(como grau de formalidade de uma conversa) (vide MONTEIRO, 2000; MOLLICA, 2004).
Outro conceito importante é o da variedade, que é um dos muitos “modos de falar”
uma língua; cada modo é caracterizado por pertencer a um grupo social ou a determinada
23
região geográfica (BAGNO, 2012, p. 47). A Sociolinguística afirma que toda língua é um
feixe de variedades, e a língua alemã não foge à regra.
3.1 Norma-padrão: o standard
Apesar das diferentes variedades que uma língua pode apresentar, há entendimento
por parte dos falantes, da existência de uma variedade que representa o padrão. Há diferentes
termos empregados na literatura brasileira para definir essa variedade, e, de fato, cada termo
indica especificidades, como: português padrão, língua padrão, norma-padrão, língua culta e
norma culta. Bagno (2012) prefere o termo “norma-padrão”, considerada pelo estudioso muito
mais como um modelo da língua, um discurso ou uma ideologia linguística. Para ele, a
norma-padrão não é uma variedade, pois não corresponde a um uso real da língua, mas sim a
uma abstração. Bagno (2012) também rejeita veementemente o termo “norma culta”, que, na
prática, se refere às variedades prestigiadas (geralmente de falantes privilegiados da sociedade
urbana) e parece indicar a existência de outras normas que são incultas, isto é, próprias de
falantes sem cultura – pensamento bastante equivocado, visto que não há grupo humano sem
cultura (BAGNO, 2012, p. 105).
Em relação ao alemão, Kaufmann (2003) chama de Standardsprache (língua
standard) aquilo que Bagno denomina norma-culta. Bohunovsky (2014) emprega mesmo
termo para o que chama de língua culta, “que corresponde às normas oficiais do alemão”
(BOHUNOVSKY, 2014, p. 110). A autora declara ser essa língua culta o objeto do ensino de
alemão como língua estrangeira, e não os dialetos. No entanto, mesmo os dialetos são
entendidos como variedades – assunto que não poderá ser abordado neste trabalho, devido às
suas limitações de TCC.
Barkowski e Krumm (2010, p. 319) definem Standardvarietät (variedade standard)
como manifestação de uma língua específica que é reconhecida e imposta como norma em
determinada região. Essa variedade é utilizada na escrita e na fala, e é vista como adequada
em contextos educacionais.
É da variedade standard que os livros didáticos costumam se ocupar. Apesar disso, é
relevante ressaltar que o standard da língua alemã – como em qualquer outra língua – não é
homogêneo, pois a Standardsprache também apresenta o fenômeno da variação. Dessa forma,
apontarei diferentes tipos de variação linguística que são causados por fatores
24
extralinguísticos, conforme os autores Bagno (2012), Coelho et al. (2012) e Ilari e Basso
(2007).
3.2 Variação social ou diastrática
A variação diastrática ou social compreende aquela que é condicionada pelas
diferenças entre os estratos sociais. No Brasil, a variação diastrática está fortemente
relacionada não apenas ao poder aquisitivo dos falantes, mas também ao seu nível de
escolaridade. Esse nível é um fator de grande impacto no emprego de determinadas variantes,
uma vez que um grau mais alto de escolaridade implica maior contato com a cultura letrada.
Ilari e Basso (2007) referem-se à variação diastrática brasileira somente no que diz
respeito aos estratos sociais associados à sua escolaridade, mas Coelho et al. (2012) apontam
outros fatores sociais condicionantes: o sexo e a faixa etária do falante. Sobre o primeiro,
afirma-se que mulheres costumam ser mais conservadoras em sua fala, preferindo variantes
valorizadas socialmente (COELHO et al., 2012, p. 79; MONTEIRO, 2000, p. 72). Em relação
à idade, percebem-se diferenças marcantes entre a fala de crianças, adolescentes e idosos,
mesmo que morem em uma mesma região. Quanto maior a diferença de idade entre duas
pessoas, maior será a probabilidade de encontrarmos diferenças em suas falas (vide
CHAGAS, 2015). A pesquisa de variação linguística ligada à faixa etária é bastante especial,
pois, através dela, os cientistas podem empreender uma tentativa de retratar a idade típica para
certos fenômenos linguísticos. Isso se relaciona ao fato de que a língua não apenas varia, isto
é, ela não apenas é falada de maneira diferente por pessoas diferentes no mesmo momento,
mas também muda ao longo do tempo. Conforme Chagas (2015, p. 149), “como a mudança é
gradual, é necessário passar primeiro por um período de transição em que há variação, para
em seguida ocorrer a mudança. Como a mudança e a variação estão estreitamente
relacionadas, é muito difícil estudar uma sem a outra”. Embora a cada geração, ou mesmo em
cada situação de fala, nós, falantes, recriemos a língua, isso não quer dizer que essas
inovações vinguem, isto é, não quer dizer que serão incorporadas e difundidas na
comunidade. Quando isso acontece, temos mudança, e não apenas variação.
Em relação à variação linguística de faixa etária na língua alemã, um interessante
exemplo é a existência do termo Jugendsprache (língua da juventude) (DUDEN, 2018).
Anualmente, a Editora Langenscheidt seleciona, através da votação de um júri, a Jugendwort
(palavra da juventude) do ano. A palavra escolhida em 2018 foi Ehrenmann e sua variante
feminina, Ehrenfrau (homem/mulher de honra). De acordo com o verbete do site Urban
25
Dictionary (2018), jovens dizem Ehrenmann para se referirem a alguém que fez algo legal.
Essa é a sentença trazida como exemplo: “Felix hat mir gerade ein paar Kaugummis gegeben.
Was für ein Ehrenmann”. Em tradução livre: “Felix acabou de me dar alguns chicletes. Que
homem de honra”. Além da votação realizada pelo júri seleto, há uma votação online
disponível para todos os internautas. Em 2018, a palavra mais votada foi verbuggt, isto é,
cheio de erros. O termo tem origem na palavra da língua inglesa emprestada para o alemão
bug, da área da informática, que significa uma falha em um programa de computador
(TAGESSCHAU, 2018).
3.3 Variação estilística ou diafásica
A variação estilística ou diafásica ocorre quando o falante varia seu modo de falar, de
maneira mais ou menos consciente, de acordo com a situação em que se encontra. A situação
pode apresentar maior ou menor formalidade, maior ou menor pressão por parte dos
interlocutores, maior ou menor intimidade com a tarefa comunicativa, entre outros fatores.
Cada situação exige do falante mais ou menos controle de seu comportamento verbal, isto é,
um certo monitoramento estilístico (BAGNO, 2012). Há também a variação que compreende
as diferenças entre língua falada e escrita, denominada pelos autores Basso e Ilari (2007) e
Bagno (2012) de variação diamésica (do grego meso, meio). Para eles, tal variação está
associada aos diferentes veículos que a língua utiliza. Neste trabalho, enxergaremos a
variação diamésica como parte da variação estilística, pelo entendimento de que ambas estão
associadas ao contexto situacional em que a língua é usada.
A língua alemã apresenta comportamentos bastante interessantes no que diz respeito à
língua em seu contexto situacional, principalmente na relação da variedade standard com as
variedades dialetais. Na Áustria, além do standard oficial de discursos, pregações e notícias,
por exemplo, há uma modalidade mais informal, que é falada não apenas em debates públicos
e por apresentadores na televisão, mas também em conversas privadas, embora restrita a
círculos urbanos de educação elevada. Assim, a fala, na Áustria, é marcada por uma forte
alternância entre estruturas puramente standard e puramente dialetais, constituindo um
contínuo. Na Suíça, contudo, apresenta-se um cenário bastante diferente. A variedade
standard e a dialetal estão psicologicamente e estruturalmente separadas, tendo funções
diferentes na sociedade, compondo uma diglossia. Não há transição entre elas. Para os
falantes suíços, o standard é a língua da formalidade, sem relação com o mundo do dia-a-dia.
Alguns têm a sensação de que o standard é como uma língua estrangeira, que precisa ser
26
aprendida na escola. Para muitos, sobretudo, é uma língua escrita (AMMON; BICKEL;
EBENER, 2004).
A língua alemã dispõe de um termo específico para a língua cotidiana:
Umgangssprache, que poderia ser traduzido, ao pé da letra, por “língua de relação” ou “língua
de relacionamento”. Eis o verbete do dicionário Duden (2018, tradução nossa) para a palavra:
1. (Linguística) Língua utilizada na relação cotidiana com outras
pessoas; não correspondente ao standard, mas amplamente aceita,
geralmente falada suprarregionalmente.
2. Língua na qual um grupo se relaciona, conversa.
A Umgangssprache costuma estar em oposição à linguagem formal, sendo concebida
como um registro de menor monitoramento.
3.4 Variação diatópica
A variação diatópica (do grego topos, lugar) também é conhecida como variação
regional ou geográfica. Através dela podemos identificar, às vezes com bastante precisão, a
origem de um falante (COELHO et al., 2012), pois pessoas de lugares diferentes falam de
maneiras diferentes.
Além de uma variação diatópica generalizada, presente em muitas línguas, o alemão
também apresenta uma característica especial: assim como o português e o inglês, ele é
entendido como uma língua pluricêntrica. De acordo com Ammon, Bickel e Ebener (2004),
uma língua é pluricêntrica quando é utilizada em mais de um país como língua oficial, seja
nacionalmente ou regionalmente. E o alemão está presente oficialmente em sete nações:
Alemanha, Áustria, Liechtenstein e Suíça, de maneira nacional, e Luxemburgo, Bélgica e
Tirol do Sul (no norte da Itália), de maneira regional.
A esse respeito, Ammon, Bickel e Ebener (2004) definem um Vollzentrum (plenocentro)13 como um país ou uma região no qual as características do seu standard estão fixadas
e autorizadas em livros de consulta, sobretudo dicionários. Para a língua alemã, esses centros
são a Alemanha, a Áustria e parte da Suíça 14, e suas variedades podem ser identificadas,
sobretudo, pelo vocabulário e pela pronúncia. Não há grandes diferenças na gramática.
13
Tradução nossa.
Por isso estes são os países “oficiais” no Princípio DACH, como dissemos no capítulo anterior, ficando a letra
L, que representa Liechtenstein, entre parênteses, pois, apesar de ter o alemão como lingual oficial nacional,
Liechtenstein não é considerado Vollzentrum (pleno-centro), mas sim Halbzentrum (meio-centro) Segundo Lan
Langner 2010, p. 141 (apud HÄGI, 2011, p. 10), o L entre parênteses pode ser visto como um representante
também das outras localidades que não são Vollzentrum.
14
27
Mesmo dentro dos países, a variedade standard não é completamente homogênea. Na
Áustria, por exemplo, Ammon, Bickel e Ebener (2004) a dividem em quatro regiões:
Ostösterreichisch, Westösterreichisch, Südostösterreichisch e o österreichische Mitte. Na
Alemanha, em seis: região nordeste, noroeste, centro-leste, centro-oeste, sudeste e sudoeste.
Sobre as diferenças nas variedades standard dos três países, é possível destacar
inúmeras variantes lexicais, além de outros fenômenos, como a diferenciação na tonicidade de
certas palavras, que ocorre quando a primeira sílaba não é raiz; na Áustria, na Suíça e no sul
da Alemanha, há a tendência para a acentuação tônica na primeira sílaba, como na palavra
unglaublich. No norte da Alemanha, há tendência para que a raiz seja tônica: unglaublich.
É possível encontrar variação nos gêneros de substantivos. Joghurt, por exemplo, é
uma palavra feminina no leste da Áustria (especialmente em Viena), neutra na Suíça e, em
geral, masculina na Alemanha. Na composição de palavras, também vemos diferenças. Na
Áustria, regularmente se é acrescentado um –s após a primeira palavra de um substantivo
composto, como na palavra Fabriksgelände – que na Alemanha seria Fabrikgelände.
Ainda há diversas outras diferenças, como: na pronúncia de palavras estrangeiras; nos
nomes de números naturais; na regência de alguns verbos; no diminutivo; no plural de certos
substantivos; em verbos auxiliares dos tempos verbais Perfekt e Plusquamperfekt, entre outras
(vide AMMON; BICKEL; EBENER, 2004).
Nesse capítulo, apresentamos a diversidade da língua alemã em diferentes aspectos.
No próximo, indicaremos a metodologia deste trabalho ao apresentar os livros nos quais
procuraremos tal diversidade.
28
4 METODOLOGIA
Nos capítulos 2 e 3, realizamos uma revisão bibliográfica sobre os processos que
influenciam a produção de livros didáticos de alemão e sobre os fenômenos de variação
linguística, especialmente nos países de língua alemã. No capítulo 5, efetuaremos a análise de
três séries de livros didáticos de DaF. A análise consistirá na busca pela presença dos
fenômenos de variação linguística conforme a fundamentação teórica: variação social,
variação diafásica e variação diatópica. A partir da presença ou ausência desses fenômenos,
verificaremos se os livros compreendem a língua da mesma forma como ela é concebida pela
Sociolinguística.
As três séries de livros didáticos de DaF selecionadas para a análise proposta são
empregados em importantes contextos educacionais da cidade de Porto Alegre, critério
utilizado para a sua seleção. Além disso, tive a oportunidade de ter contato com volumes das
três séries em atuação, seja como aluna, seja como professora. São elas: a série DaF kompakt
neu, da editora Klett, níveis A1 e A2; a série Menschen, da editora Hueber, de A1 a B1; a
série Panorama, da editora Cornelsen, também de A1 a B1.
4.1 DaF kompakt neu
A série DaF kompakt neu foi produzida pela editora Klett e é empregada no curso de
Letras-Alemão (Bacharelado e Licenciatura) da UFRGS, desde o primeiro semestre de 2017,
nas primeiras disciplinas de Língua Alemã. Após a disciplina de Língua Alemã IV, os
professores produzem materiais próprios, e, devido a isso, o DaF kompakt neu B1 não será
analisado.
O livro de nível A1, publicado em 2016, é adotado nas disciplinas Língua Alemã I e
Língua Alemã II. O DaF kompakt neu A2 também foi publicado em 2016 e é aplicado nas
disciplinas Língua Alemã III e Língua Alemã IV. Cada um dos livros traz, no mesmo volume,
uma parte de Kursbuch (livro principal) e uma parte de Arbeitsbuch (livro de trabalho), sendo
acompanhado do CD relativo ao Arbeitsbuch.
A série de 2016 é uma versão atualizada dos antigos DaF kompakt de 2011. Possui
uma concepção bastante diferente das outras duas séries: visa, como público-alvo, a
estudantes que querem aprender alemão rapidamente. Pode-se ler na introdução do livro:
29
Você quer estudar ou trabalhar na Alemanha, Áustria, na Suíça de
língua alemã ou em Liechtenstein? Quer conhecer o mundo
educacional e profissional desses lugares e alcançar o nível B1 o mais
rápido possível? Então o Daf kompakt neu é o livro didático certo
para você.
O DaF kompakt neu se orienta estritamente nas competências
linguísticas do Quadro Comum Europeu para o Ensino de Línguas
para os níveis A1-B1 e conduz rápida e direcionadamente ao
Certificado Goethe/OSD. Ele é adequado especialmente para
aprendizes que já aprenderam uma outra língua estrangeira na escola
ou faculdade ou já dispõem de pré-conhecimentos (BRAUN et al.,
2016, tradução nossa)15.
Os livros A1 e A2 são ambos compostos por 8 lições. Ao final de cada lição, há uma
lista das palavras aprendidas no capítulo e uma revisão gramatical. No término do livro há
exercícios no modelo da prova Start Deutsch.
4.2 Menschen
A série Menschen, da editora Hueber, é utilizada no Instituto Goethe de Porto Alegre.
O livro Menschen A1 foi publicado no ano de 2012; o Menschen A2, em 2013; e o Menschen
B1, em 2015. Dessa forma, a série Menschen é a mais antiga do corpus desta pesquisa. Está
dividida de acordo com os níveis do QECR.
Diferentemente do DaF Kompakt neu, o Menschen traz o Kursbuch e o Arbeitsbuch
em livros separados, sendo que o último também vem acompanhado do CD. Além disso, é
possível adquirir os livros dos diferentes níveis em suas versões “pela metade”, ou seja, A1.1
e A1.2, A2.1 e A2.2, bem como B1.1 e B1.2. Essas versões são mais finas, o conteúdo,
contudo, é idêntico ao das versões inteiras.
O Kursbuch de cada nível (A1, A2, B1) é composto por 24 lições, e os exercícios do
Arbeitsbuch correspondem a essas lições. A cada 3 lições, há um módulo com conteúdo extra,
que no Kursbuch corresponde a textos e vídeos relacionados a temáticas de Landeskunde.
No final do Kursbuch há Aktionsseiten (páginas de ação), que compreendem
atividades extras que estimulam a fala, e também uma lista de palavras apresentadas no livro.
15
“Sie wollen in Deutschland, Österreich, der deutschsprachigen Schweiz oder in Liechtenstein studieren oder
arbeiten? Sie wollen die dortige Bildungs- und Berufswelt kennen lernen und möglichst schnell das Niveau B1
erreichen? Dann ist das DaF kompakt neu genau das richtige Lehrwerk für Sie. / DaF kompakt neu orientiert sich
eng an der Kann-beschreibungen des Gemeinsamen europäischen Referenzrahmens für die Niveaus A1-B1 und
führt rasch und zielgerichtet zum Goethe-/ÖSD-Zertifikat B1. Es eignet sich besonders für Lernende, die schon
eine andere Fremdsprachen in der Schule oder im Studium gelernt haben oder bereits über Vorkenntnisse
verfügen.“
30
Cada lição do Arbeitsbuch costuma estar dividida em: Basistraining, exercícios gerais
que costumam envolver a gramática aprendida na lição; Training: sprechen, com exercícios
para a fala; Training: Aussprache, com exercícios para a pronúncia; Training: lesen, que
compreende exercícios de leitura; Training: schreiben, que apresenta uma proposta de texto
que o aprendiz deve escrever; Test, um mini-teste com exercícios para que o aluno se autoavalie e Lernwortschatz, uma lista com as palavras novas aprendidas na lição que o aluno
deve traduzir para sua língua materna. No final do livro há um resumo gramatical do nível.
4.3 Panorama
Finalmente, a série Panorama é utilizada, desde o primeiro semestre de 2017, nas
aulas de alemão do Núcleo de Ensino de Línguas em Extensão (NELE) da UFRGS. A editora
Cornelsen publicou o livro Panorama A1 em 2015, o Panorama A2 em 2016 e o Panorama
B1 em 2017. Assim como o Menschen, a série Panorama traz o Kursbuch e o Arbeitsbuch
(denominado, nesta série, como Übungsbuch – livro de exercícios) também em volumes
separados para cada nível, acompanhado do CD do Übungsbuch. O Panorama também está
disponível nas versões divididas: ou se compra o Gesamtband (volume inteiro), com 16 lições
para cada nível (A1, A2 e B1, tanto para Kursbuch quanto para Übungsbuch), ou se compram
as versões com apenas 8 lições cada (A1.1, A1.2, A2.1, A2.2, B1.1 e B1.2, tanto para
Kursbuch quanto para Übungsbuch), de idêntico teor.
Os livros do Panorama (níveis A1, A2 e B1) estão divididos em 16 lições e seguem a
nivelação do QECR. No final de cada Kursbuch há Partnerseiten, nos mesmo moldes das
Aktionsseiten da série Menschen. Também há exercícios extras de fonética e transcrições dos
áudios do livro.
No término das lições do Übungsbuch, há um mini-teste denominado Alles klar?, no
qual o aprendiz pode se autoavaliar. No final do livro são oferecidos ainda exercícios extras
no modelo da prova Goethe-Zertifikat, uma revisão gramatical do nível, uma lista de verbos
irregulares, o gabarito dos exercícios e a transcrição dos áudios.
Em suma, são 14 livros que compõem o corpus desta pesquisa, já que foram
analisados tanto Kursbuch quanto Arbeitsbuch. É relevante explicitar que os CDs não foram
incluídos nesta análise, mas somente o conteúdo escrito dos livros.
31
5 ANÁLISE
5.1 DaF kompakt neu
5.1.1 Variação social
Nos livros da série DaF kompakt neu, ao lado do conteúdo principal das lições, no
canto das páginas, há uma coluna utilizada em certas páginas para comentários extras sobre a
gramática e o vocabulário que são tratados no capítulo, como se pode observar na figura a
seguir:
Figura 1 – Exemplo de coluna lateral extra no livro DaF kompakt neu A2
Fonte: DaF kompakt neu A2, 2016, p. 59 (seta incluída por nós).
Na página 135 do DaF kompakt neu A2, no livro de exercícios, vê-se um texto sobre a
vestimenta utilizada por estudantes. O título, curiosamente, apresenta a palavra inglesa Outfit,
e não as alemãs Ausstattung, Garderobe ou Kleidung para se referir a vestuário, vestimenta,
roupa ou traje. O termo Outfit tem sido empregado por jovens brasileiros também, e o
comentário feito na coluna lateral sobre o texto também fala sobre a linguagem jovem: “Aqui
você encontra palavras da língua cotidiana [Alltagssprache] / língua da juventude
[Jugendsprache]” (p. 135, tradução minha). O comentário traz três vocábulos na língua
jovem/cotidiana: Klamotten para Kleidung (roupas), Mädels para Mädchen (meninas) e
angesagt para modisch (“na moda”):
Figura 2 – Jugendsprache: imagem do livro DaF kompakt neu A2
32
Fonte: DaF kompakt neu A2, 2016, p. 135
5.1.2 Variação diafásica
A série DaF kompakt neu apresenta interessantes comentários em suas colunas laterais
extras no que diz respeito à variação diafásica. Muitas vezes, ao lado do conteúdo
apresentado, o livro aponta que, embora a norma gramatical implique uma maneira de escrita,
é comum que se fale de outra forma; ou indica que há um termo oficial para designar algo,
mas que frequentemente se utiliza o termo coloquial. Tais comentários indicam a presença de
diferentes contextos de uso da língua. Na página 50 do livro A1, por exemplo, o capítulo
chama
o
termo
Studierendenwohnheim
de
designação
oficial,
mas
afirma
que
Studentenwohnheim, a designação antiga e não pautada pelo politicamente correto, costuma
ser mais utilizada para denominar uma casa de estudantes. Segundo a mesma lógica, no
mesmo livro (p. 82), há a explicação de que os termos oficiais der/die Studierende (o/a
estudante) são coloquialmente e frequentemente substituídos por der Student e die Studentin.
Há também a apresentação (p. 134) da expressão “Das ist mir Wurst” como variante bastante
coloquial para “Das ist mir egal” (“isso me é indiferente”), mas o livro comenta que a frase
não é muito cortês.
Quanto ao livro A2, podemos ver, na página 35, outro comentário pertinente. Embora
o conector causal weil (porque) exija uma oração subordinada, o capítulo afirma que, na
língua coloquial oral, às vezes emprega-se o conector em uma oração coordenada após uma
pausa. Também afirma-se (p. 111) que, constantemente, a oração coordenada que precede o
conector weil não é falada.
O livro indica, na página 44, a preposição seit como forma coloquial para seitdem
(desde que). Também apresenta (p. 46) Erkrankung como termo burocrático para Krankheit.
Na página 145, vemos uma série de advérbios de movimento dividos entre
Umgangssprachlich (linguagem coloquial) e Standardsprachlich (linguagem standard):
33
Figura 3 – Umgangssprachlich: imagem do livro DaF kompakt neu A2
Fonte: DaF kompakt neu A2, 2016, p. 145
Finalmente, a série apresenta, na primeira página do primeiro capítulo (p.8), uma
oposição entre o pronome pessoal de segunda pessoa do singular du e o pronome de
tratamento Sie. Denomina o primeiro de “tratamento informal”, indicando que deve ser
utilizado com a família, estudantes e amigos, e o segundo de “tratamento formal”, falado com
professores e estranhos. Dessa forma, o livro não apenas introduz os pronomes, mas também
explica seu contexto de uso.
5.1.3 Variação diatópica
A série DaF kompakt neu, de acordo com a contracapa de seus livros, está alinhada às
ideias do DACH(L); sua segunda capa exibe os mapas dos países de Língua Alemã.
Algumas variáveis linguísticas no livro DaF kompakt neu aparecem apresentadas nas
colunas laterais extras que o livro costuma trazer para fazer comentários e observações sobre
o conteúdo lexical, gramatical e pragmático, conforme apresentamos na seção 5.1.1.
Reunimos todas as variáveis diatópicas identificadas em uma tabela, que pode ser conferida
no anexo 1 deste trabalho.
O DaF kompakt neu A1 apresenta, em suas colunas laterais, oito variáveis diatópicas.
Sete delas referem-se ao léxico: a variante austríaca de Hauptgericht (prato principal), por
exemplo, é Hauptspeise (p. 23). Uma delas refere-se ao verbo auxiliar de sitzen, que na
Alemanha é haben, mas na Suíça e no sul da Alemanha é sein (p. 57). O livro também indica
“I mog di” como variante dialetal austríaca para “Ich mag dich” (eu gosto de você) (p. 106).
O livro do nível A2 exibe nove variáveis, que também reunimos e incluímos na tabela,
sendo oito delas lexicais. A outra variação é morfológica: o livro apresenta diferentes sufixos
que formam os diminutivos. Além dos tradicionais –chen e –lein, há o sufixo –erl, utilizado
34
na Baviera e na Áustria, o sufixo –li, empregado na Suíça, e o –le, empregado no dialeto
suábio (p. 53).
Outra variação não presente no anexo é de nível fonético-fonológico. No livro DaF
kompakt A2 (p. 173), há a informação de que, no norte da Alemanha, costuma-se ouvir um “e
longo” [e:] no lugar do “ä longo” [ɛ:].
5.2 Menschen
5.2.1 Variação social
Não foram encontrados, em nenhum dos livros, indícios de variação social durante
nossa pesquisa.
5.2.2 Variação diafásica
Os livros Menschen apresentam a língua em contextos formais e informais, e as
diferenças desses contextos, com seus pronomes correspondentes Sie e du, são trabalhadas
paulatinamente ao longo da série. Na figura a seguir, do livro Menschen A1, vê-se o envio de
SMS para três diferentes pessoas. No último SMS, há o tratamento formal, de maneira que a
introdução e a despedida são diferentes:
Figura 4 – Überfliegen Sie die E-mails: atividade do livro Menschen A1
Fonte: Menschen A1, 2012, p. 93
35
Vê-se que a comparação entre os SMSs informais e o SMS formal é implícita: o
objetivo do exercício, segundo o enunciado, é indicar quais textos estão adiando ou
cancelando compromissos e qual texto está marcando um compromisso. Dessa forma, a
comparação entre a formalidade e a informalidade não é o objetivo.
Há, no entanto, duas comparações explícitas que foram encontradas ao longo da série.
No primeiro capítulo de Menschen A1 (p. 13), o aluno deve completar as frases com a
variante formal de Woher kommst du? Um quadro ao lado do exercício explica que o pronome
Sie deve ser empregado quando chamamos a pessoa por seu sobrenome, utilizando as formas
Herr e Frau. Referente a essa lição, há, nas Aktionsseiten (p. 139), um exercício
complementar para o treino oral das conjugações de Sie e du.
Outra comparação explícita encontra-se no Menchen B1, em um exercício no qual o
aprendiz deve escolher a saudação mais adequada:
Figura 5 – Formel oder informell: atividade do livro Menschen B1
Fonte: Menschen B1, 2015, p. 32
Além disso, o livro, em certos exercícios, traz algumas expressões coloquiais, como
“wahnsinnig lustig!” (“mega engraçado”, Menschen A1, 2012, p. 126), mas não há reflexão
sobre o contexto de seu uso, isto é, não fica claro ao aluno que são expressões coloquiais,
usadas em contexto informal.
5.2.3 Variação diatópica
A série Menschen não menciona explicitamente o DACH-Prinzip nas introduções de
seus livros, mas afirma que “aborda, adicionalmente, conteúdos da vida atual na Alemanha,
36
Áustria e Suíça” (p. 8, tradução nossa)16. “Adicionalmente” é uma palavra bastante correta,
pois as variáveis linguísticas relacionadas ao DACH-Prinzip aparecem somente na
Lernwortschatz, isto é, na lista de vocábulos no final de cada lição do Arbeitsbuch, como se
pode observar na imagem a seguir:
Figura 6 – Lernwortschatz: Exemplo de variáveis diatópicas na série Menschen
Fonte: Menschen A1 Arbeitsbuch, 2012, p. 93
São muitas variantes apresentadas. Analisamos cada capítulo e recolhemos todas as
variantes em uma tabela, que pode ser encontrada no anexo 2 desse trabalho.
A partir desse recolhimento, observamos que o Menschen A1 apresenta 52 variáveis
diatópicas. Uma delas refere-se à diferença entre a saudação que é escrita na Alemanha (Mit
freundlichen Grüßen) e a que é escrita na Suíça (Freundliche Grüsse), isto é, o ß não é
empregado. Sete delas referem-se a interjeições; oito referem-se a verbos; e o restante, a
substantivos.
O Menschen A2 exibe 59 variáveis lexicais em suas páginas de Lernwortschatz. Nove
correspondem a verbos; quatro correspondem a adjetivos (por exemplo, o equivalente da
variante suíça e austríaca günstig seria a alemã preiswert); duas a interjeições; e uma variação
16
“[...] greift zusätzlich Inhalte aus dem aktuellen Leben in Deutschland, Österreich und der Schweiz auf.”
37
apresenta a diferença de gênero (die Cola na Alemanha, das Cola na Áustria e das Coca-cola
na Suíça). O restante refere-se a substantivos.
O Menschen B1 apresenta 61 variáveis lexicais. Sete delas estão relacionadas a
advérbios; outras seis, a verbos; cinco relacionam-se a adjetivos; e há uma variação de
interjeição e uma de artigo (das Drittel para a Alemanha e der Drittel na Suíça). Outras
variáveis estão relacionadas a substantivos.
É interessante observar que a série Menschen não indica diferenças dentro da própria
Alemanha, entendendo-a, aparentemente, como um país uniforme.
5.3 Panorama
5.3.1 Variação social
Não foram encontrados, em nenhum dos livros, indícios de variação social em nossa
pesquisa.
5.3.2 Variação diafásica
As únicas variáveis diafásicas encontradas estão presentes no início do Kursbuch do
Panorama A1 (p. 10-11). A personagem Hannah aparece cumprimentando ou despedindo-se
de diversas pessoas em diversos contextos; quando está com roupa social, ela utiliza
cumprimentos ou despedidas como Guten Tag, Herzlich willkommen, Gute Nacht e Auf
Wiedersehen. Quando Hannah está com roupas mais simples ou abraçando uma amiga, ela
prefere Hallo e Tschüss. Dessa forma, o aluno pode compreender, mesmo sem grandes
conhecimentos da língua alemã, o ambiente ideal para empregar cada saudação.
Em seguida, na página 11, há a diferenciação entre os pronomes Sie e du. Há duas
fotos, cada uma correspondente a um diálogo. Na primeira foto, Hannah está de roupa social e
dirige-se a um homem desconhecido como Sie, além de empregar o pronome de tratamento
Herr. Na segunda foto, Hannah está conhecendo um homem em um estabelecimento que
parece ser um bar; no diálogo, ambos empregam o pronome du.
5.3.3 Variação diatópica
38
A série Panorama exibe os mapas de Alemanha, Áustria e Suíça na quarta capa de
seus livros, e suas capas principais costumam fazer referência aos países DACH, como a do
Panorama A2, que cita os nomes dos mais longos rios de cada uma das nações.
Diferentemente da série Menschen, Panorama apresenta variáveis diatópicas em suas
páginas do Kursbuch. Quando há um termo com possíveis variantes, há um asterisco ao seu
lado e, no final da página, a indicação de como seriam essas variantes, como se pode observar
a seguir:
Figura 7 – Exemplo de variáveis diatópicas na série Panorama
Fonte: Panorama A2.1 Kursbuch, 2016, p. 52
Apesar disso, as variantes alemãs são sempre as escolhidas para os textos, com
exceção de um texto no Panorama A2 (p. 110), que trata sobre a culinária austríaca. O livro
não entende a Alemanha como uma região de língua homogênea e apresenta expressões
típicas do sul do país, mas não de outras regiões.
Recolhemos as variáveis diatópicas de cada capítulo do Panorama e as organizamos
em uma tabela, que pode ser consultada no Anexo 3 deste trabalho. O livro Panorama A1
apresentou 38 delas; o Panorama A2, 34, e o Panorama B1, 30. A maioria delas refere-se a
variáveis lexicais bastante semelhantes às outras séries de livros; há, contudo, no Panorama
A1 (p. 90), a indicação de que, na Alemanha em cartas e e-mails, escreve-se uma vírgula após
a saudação e inicia-se a próxima frase com uma letra minúscula, como em: “Liebe Oma, /
ich…”. Na Suíça, contudo, a vírgula costuma não ser empregada, e a frase seguinte é inicada
em letra maiúscula: “Liebe Oma / Ich…”.
39
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presença de variáveis linguísticas nos livros analisados indica a compreensão,
embora bastante tímida, da língua como é abordada pela Sociolinguística.
Embora as três séries manifestem-se a favor do DACH-Prinzip, os livros da série
Panorama e Menschen, na busca por introduzirem possíveis variantes, acabam por fazer um
imenso apanhado de palavras que não são trabalhadas nos textos principais, sendo oferecidas
apenas como adendos ou mesmo curiosidades. As variantes suíças e austríacas continuam
subordinadas às variantes alemãs e, nos livros Menschen, estão tão escondidas que podem
passar despercebidas pelos aprendizes. Embora se fixem muito menos na variação diatópica,
os livros DaF kompakt neu trouxeram alguns exemplos dialetais, e a série também foi a única
que mencionou uma diferença de pronúncia.
Essa também foi a única série que exibiu uma variação social, mencionando a
Jugendsprache. Em relação à variação diafásica, novamente surpreendeu: trouxe diversos
exemplos da Umgangssprache, enquanto as outras séries não apresentaram exemplos nesse
sentido. Fenômenos de variação diafásica foram pouco trabalhadas pelo livro Panorama,
restringindo-se ao tratamento formal e informal em saudações e aos pronomes Sie e du. A
série Menschen, no entanto, apresentou maior número de expressões coloquiais e colocou
textos formais ao lado de informais, embora sem reflexões desse aspecto sobre eles.
Os resultados se mostraram bastante positivos para a série DaF kompakt neu. Seus
livros se propõem condensados, objetivando uma aprendizagem veloz, mas não omitiram
variantes extremamente úteis para o aluno, evitando fazer listas imensas, como os outros
livros. A série da Klett também foi a única a mencionar dialetos, tão presentes nos países de
língua alemã, e também apresentou uma diferença de pronúncia – algo não encontrado em
nenhum outro livro da pesquisa.
Apesar disso, os professores de DaF podem fazer bom uso da grande série de variantes
dos países DACH trazida nos livros Panorama e Menschen, despertando a curiosidade dos
alunos para a variação linguística. Afinal, embora o livro didático exerça um grande papel em
sala de aula, professor e aluno não devem submeter-se integralmente a ele, devendo, o
primeiro assumir seu papel de mediador, e o segundo, seu papel de agente da própria
aprendizagem. Enquanto os livros didáticos não apresentarem a língua autêntica, isto é, plural
e heterogênea, falada por pessoas tão diversas em uma sociedade que sofre tantas
transformações, cabe ao professor apontar as diversas diferenças da língua alemã,
problematizando-as e tornando o conhecimento do aluno muito mais coerente e preparado.
40
REFERÊNCIAS
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Cornelsen Schulverlage Gmbh, 2015.
FINSTER, Andrea et al. Panorama A1.2 Kursbuch: Deutsch als Fremdsprache. Berlin:
Cornelsen Schulverlage Gmbh, 2015.
FINSTER, Andrea et al. Panorama A1.2 Übungsbuch: Deutsch als Fremdsprache. Berlin:
Cornelsen Schulverlage Gmbh, 2015.
41
FINSTER, Andrea et al. Panorama A2.1 Kursbuch: Deutsch als Fremdsprache. Berlin:
Cornelsen Schulverlage Gmbh, 2016.
FINSTER, Andrea et al. Panorama A2.1 Übungsbuch: Deutsch als Fremdsprache. Berlin:
Cornelsen Schulverlage Gmbh, 2016.
FINSTER, Andrea et al. Panorama A2.2 Kursbuch: Deutsch als Fremdsprache. Berlin:
Cornelsen Schulverlage Gmbh, 2016.
FINSTER, Andrea et al. Panorama A2.2 Übungsbuch: Deutsch als Fremdsprache. Berlin:
Cornelsen Schulverlage Gmbh, 2016.
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PUDE, Angela; SPECHT, Franz; EVANS, Sandra. Menschen A1 Arbeitsbuch: Deutsch als
Fremdsprache. Ismaning: Hueber, 2012.
PUDE, Angela; HABERSACK, Charlotte; SPECHT, Franz. Menschen A2 Kursbuch:
Deutsch als Fremdsprache. Ismaning: Hueber, 2013.
PUDE, Angela; HABERSACK, Charlotte; SPECHT, Franz. Menschen A2 Arbeitsbuch:
Deutsch als Fremdsprache. Ismaning: Hueber, 2013.
42
PUDE, Angela; SPECHT, Franz; BRAUN-PODESCHWA, Julia. Menschen B1 Kursbuch:
Deutsch als Fremdsprache. Ismaning: Hueber, 2015.
PUDE, Angela; SPECHT, Franz; BRAUN-PODESCHWA, Julia.
Arbeitsbuch: Deutsch als Fremdsprache. Ismaning: Hueber, 2015.
Menschen
B1
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concordância nominal na linguagem falada na cidade de Irati, PR. Analecta, Guarapuava,
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Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.
43
ANEXO 1 – VARIÁVEIS DIATÓPICAS NA SÉRIE DAF KOMPAKT NEU
Quadro 1 – Variáveis diatópicas do livro DaF kompakt neu A1
DaF kompakt neu A1
Lição
Página
Variante alemã (D)
Variante austríaca (A)
Variante suíça (CH)
2
23
Hauptgericht
Hauptspeise
-
6
57
“sitzen”:
Perfekt mit “haben”, aber
süddt. Perfekt mit “sein”
-
sitzen: Perfekt mit “sein”
8
66
die Straßenbahn,
die Tram
die Straßenbahn
das Tram
8
66
Das Fahrrad,
das Rad
Das Fahrrad,
das Rad
das Velo
8
70
Straße
-
Strasse
4 (AB)
106
Ich mag dich!
I mog di!
4 (AB)
106
das Ross = das Pferd
das Rössl
8 (AB)
133
Straße
-
Strasse
Fonte: Elaborado pela autora com base em Braun et al. (2016)
Quadro 2 – Variáveis diatópicas do livro DaF kompakt neu A2
(continua)
DaF kompakt neu A2
Lição
Página
Variante alemã (D)
Variante austríaca (A)
Variante suíça (CH)
10
20
(Stadt)viertel
-
Quartier
10
21
Miete
-
Mietzins
10
24
die Schrankwand
-
die Wohnwand
10
26
der Familienstand (nur Sg.)
der Zivilstand (nur Sg.)
10
26
der Kamin, -
das Kamin, -
14
53
Der Diminutiv:
“-chen”, “lein”, z.B. das
Jäcklein
Schwäbisch: “-le”, z.B. das
Jäckle
Bayern: “-erl”, z.B. das
Jackerl
Der Diminutiv:
auch “-erl”, z.B. das
Jackerl
Der Diminutiv:
auch “-li”, z.B. das Jäckli
44
10 (AB)
105
Familienstand
-
Zivilstand
10 (AB)
105
Grundmiete / Kaltmiete
-
Basismiete
10 (AB)
105
Miete
-
Mietzins
Fonte: Elaborado pela autora com base em Braun et al. (2016)
45
ANEXO 2 – VARIÁVEIS DIATÓPICAS NA SÉRIE MENSCHEN
Quadro 3 – Variáveis diatópicas do livro Menschen A1
(continua)
Menschen A1
Lição
Página
Variante alemã (D)
Variante austríaca (A)
Variante suíça (CH)
1
11
Hallo
auch: Servus / Grüß dich
auch: Hoi / Sali / Salü
1
11
Guten Tag
Grüß Gott
Grüezi
1
11
Tschüs
Servus / Baba
Adieu / Ade / Adie
2
17
der Friseur, -e
-
der Coiffeur, -e / die
Coiffeuse, -n
2
17
der Familienstand
-
der Zivilstand
4
35
der Schrank, -¨e
der Kasten, -¨e
-
4
35
der Sessel, -
der Fauteuil, -s
der Fauteuil, -s
4
35
der Stuhl, -¨e
auch: der Sessel, -
-
5
41
die Geldbörse, -n
-
das Portemonnaie, -s
5
41
das Streichholz, -¨er
-
auch: das Zündholz, -¨er
5
41
die E-mail, -s
das E-mail, -s
-
7
59
Rad fahren
9
71
das Brötchen, -
die Semmel, -n
9
71
die Kartoffel, -n
der Erdapfel, -¨
9
71
das Obst
-
9
71
die Tomate, -n
der Paradeiser, -
Velo fahren
das Brötli, -
71
-
46
9
71
das Frühstück, -e
-
auch: das Morgenessen
9
71
der Kühlschrank, -¨e
auch: der Eiskasten, -¨
-
9
71
schmecken
-
fein sein
10
83
der Bahnsteig, -e
-
das Perron, -s
11
89
Fahrrad, -¨er
-
das Velo, -s
12
95
der Januar, -e
der Jänner, -
13
11
die Ampel, -n
-
auch: das Lichtsignal, -e
13
11
Bitte, gern
Bitte, gern geschehen
Bitte, gern geschehen
13
11
an-machen, hat angemacht
einschalten, hat
eingeschaltet
-
14
17
das Erdgeschoss, -e
das Parterre, -n
A: das Erdegschoß, -e
das Parterre, -n
14
17
der Müll
auch: der Mist
auch: der Abfall, -¨e
14
17
die Treppe
die Stiege, -n
14
17
das Arbeitszimmer, -
-
das Büro, -s
14
17
das Bad, -¨er
-
auch: das Badzimmer, -
14
17
der Flur, -e
der Gang, -¨e
der Gang, -¨e
oder der Korridor, -e
14
17
das Wohnzimmer
-
auch: die Stube, -n
14
17
stehen, hat gestanden
ist gestanden
-
15
23
der Urlaub
-
die Ferien (Pl.)
16
35
der Aufzug, -¨e
der Lift, -e
der Lift, -e
16
35
Mit freundlichen Grüßen
-
Freundliche Grüsse
17
41
laufen, ist gelaufen
rennen, ist gerrant
(laufen = (zu Fuss) gehen)
rennen, ist gerrant
(laufen = (zu Fuss) gehen)
20
65
die Spülmaschine, -n
-
die Abwaschmaschine, -n
20
65
Geschirr spülen
-
den Abwasch machen
oder abwascen
47
20
65
auf sein
-
offen sein
21
71
parken, hat geparkt
-
parkieren, hat parkiert
21
71
schieben, hat geschoben
-
stossen (Velo), hat gestossen
21
71
das Krankenhaus, -¨er
das Spital, -e
das Spital, -e
21
71
grillen
-
grillieren / bräteln
21
71
sitzen, hat gesessen
ist gesessen
-
22
83
die Mütze, -n
die Haube, -n
die Kappe, -n
22
83
der Rock, -¨e
-
auch: der Jupe
22
83
der Strumpf
-
die Strumpfhose, -n oder die
Kniesocke, -n
22
83
Klasse!
Super!
Super!
24
95
das Ostern
die Ostern (Pl)
-
24
95
das Weihnachten
die Weihnachten (Pl)
-
24
95
das Ticket, -s
die Fahrkarte, -n
das Billet, -s
Fonte: Elaborado pela autora com base em Pude, Specht e Evans (2012).
Quadro 4 – Variáveis diatópicas do livro Menschen A2
(continua)
Menschen A2
Lição
Página
Variante alemã (D)
Variante austríaca (A)
Variante suíça (CH)
2
17
das Fernsehgerät, -e
der Fernseher, -
der Fernseher, -
2
17
das Kissen, -
der Polster, -
-
2
17
der Schreibtisch, -e
-
auch: das Pult, -e
2
17
hängen, hat gehangen
hängen, ist gehangen
hängen, ist gehängt
2
17
liegen, hat gelegen
liegen, ist gelegen
liegen, ist gelegen
2
17
stehen, hat gestanden
stehen, ist gestanden
stehen, ist gestanden
3
23
liegen in, hat gelegen
liegen in, ist gelegen
liegen in, ist gelegen
4
35
die Bohne, -n
grüne Bohne = die Frisole,
-n
-
4
35
der/das Bonbon, -
das Zuckerl, -n
das Täfeli, - / das Zältli, -
4
35
die Cola
das Cola
das Coca-Cola
48
4
35
die Marmelade, -n
-
die Konfitüre, -n
4
35
der Quark
der Topfen, -n
-
4
35
das Gramm, -e
500 Gramm = 50
Dekagramm(dag)
-
4
35
die Tüte, -n
das Sackerl, -
der Sack, -¨e
5
41
der Reiseführer, (Person und Buch)
der Reiseleiter, - (Person)
der Reiseleiter, - (Person)
5
41
bunt
-
auch: farbig
5
41
bestimmt
-
auch: sicher
6
47
die Ermäßigung, -en
-
auch: die Reduktion, -en
6
47
die Eintrittskarte, -n
-
das Billett, -e
6
47
ausmachen, hat ausgemacht
-
abmachen, hat
abgemacht (einen Termin
abmachen)
6
47
verabreden (sich), hat sich
verabredet
-
auch: ab-machen, hat
abgemacht
6
47
prima
super, toll
-
8
65
der Krankenwagen, -
die Rettung, -en
die Ambulanz, -en
8
65
erkältet sein
-
verkühlen (sich), hat sich
verkühlt
9
71
der Lkw, -s
-
der Lastwagen
10
83
die Kanne, -n
-
der Krug, -¨e
10
83
das Lokal, -e
das Gasthaus, -¨er / das
Beisel, -
-
10
83
das Hähnchen, -
das Hendl, -
das Poulet, -s
11
89
der Briefumschlag, -¨e
das Kuvert, -s
das Couvert, -s
12
95
das Gericht, -e
die Speise, -n
-
12
95
das Huhn, -¨er
-
das Poulet, -s
12
95
das Hühnerfleisch
-
das Pouletfleisch
12
95
die Limonade, -n
-
das Süssgetränk, -e
12
95
preiswert
günstig
günstig
13
109
die Sprachenschule, -n
die Sprachschule, -n
die Sprachschule, -n
14
115
das Päckchen, -
auch: das Packerl, -
auch: das Päckli, -
14
115
der Junge, -n
der Bub, -en
der Bub, -en
49
14
115
gebrauchen, hat gebraucht
-
auch: brauchen, hat
gebraucht
15
121
der Rundfunk
-
Radio und Fernsehen
15
121
gucken, hat geguckt
schauen, hat geschaut
schauen, hat geschaut
15
121
die Gaststätte, -n
auch: das Gasthaus, -¨er
das Restaurant, -s
15
121
der Topf, -¨e
-
die Pfanne, -n
16
133
der Kiosk, -e
auch: die Trafik, -en
17
139
Kfz (= das Kraftfahrzeug, -e)
-
das Motorfahrzeug, -e
17
139
Nicht zu glauben!
Nicht zu fassen!
-
19
157
kostenlos
auch: gratis
-
20
163
der Comic, -s
das Comic, -s
-
20
163
die (Bett)Decke, -n
die Tuchent, -en
-
21
169
die EC-Karte, -n
die Bankomatkarte, -n
-
21
169
die Telefonkarte, -n
die Telefonwertkarte, -n
-
21
169
die Gesundheitskarte, -n
die E-Card, -s
die Krankenkassenkarte,
-n
21
169
an-fassen, hat angefassen
auch: angreifen, hat
angegriffen
-
22
181
die Fahrkarte, -n
-
das Billet, -e
22
181
klar
auch: sicher
-
22
181
na klar
auch: na sicher
23
187
das Abitur
die Matura
die Matur
23
187
die Grundschule, -n
die Volksschule, -n
die Primarschule, -n
23
187
das Gymnasium, Gymnasien
-
auch: die Kantonsschule,
-n
23
187
der Elektroinstalateur, -e
-
auch: der
Elektromonteur, -e
24
193
das Apartment, -s
die Wohnung, -en
die Wohnung, -en
Fonte: Elaborado pela autora com base em Pude, Habersack e Specht (2013).
Quadro 5 – Variáveis diatópicas do livro Menschen B1
(continua)
Menschen B1
50
Lição
Página
Variante alemã (D)
Variante austríaca (A)
Variante suíça (CH)
2
19
der/die Auszubildende, -n
der Lehrling, -e
der Lehrling, -e
die Lehrtochter, -
2
19
der Erzieher, -
der Pädagoge, -n
-
2
19
merkwürdig
auch: komisch
auch: komisch
2
19
süß
auch: herzig
auch: herzig
3
27
die Klobürste, -n
-
die WC-Bürste, -n
3
27
der Hausmeister, -
auch:
der Hausbesorger, -
der Abwart, -e
3
27
der Lift, -e
auch: der Aufzug, -¨e
-
3
27
die Miethöhe, -n
auch: Mietzins, der
auch: Mietzins, der
die Miete, -n
3
27
das Drittel, das Viertel, das Fünftel, -
-
der Drittel, der Viertel, der Fünftel, -
3
27
etwa
auch: ungefähr
auch: ungefähr
3
27
kürzlich
unlängst
-
4
41
die Durchwahl, -en
-
die Direktwahl, -en
4
41
blass
-
auch: bleich
5
47
der Monitor, -en/e
5
47
vermutlich
-
wahrscheinlich
6
53
die Kantine, -n
-
auch: die Mensa, Mensen
6
53
der Nachtisch, -e
-
das Dessert, -s
6
53
die Erkältung, -en
die Verkältung, -en
-
7
65
die Möhre, -n
die Karotte, -n
das Rüebli, -
7
65
der Zoo, -s
auch: der Tiergarten, -¨
-
7
65
zunächst
auch: zuerst
auch: zuerst
8
71
lecker
fein
fein
9
79
die Unternehmensleitung, -en
-
auch: Geschäftsleitung, en
10
93
das Portemonnaie, -s
auch: die Geldbörse, -n
-
10
93
weg sein
auch: fort sein
-
10
93
weshalb
auch: wieso
auch: wieso
auch: warum
der Bildschirm, -e
51
11
99
der Bürgersteig, -e
der Gehsteig, -e
das Trottoir, -s
11
99
die Kasse, -n
die Kassa, Kassen
-
11
99
campen, hat gecampt
-
campieren, hat campiert
13
117
der Briefträger, -
-
auch: der Pöstler, -
13
117
augenblicklich
auch: sofort
-
15
131
die Rufnummer, -n
15
131
der Wissenschaftler, -
auch: der Wissenschafter, n
auch: der Wissenschafter,
-n
15
131
Acht geben
aufpassen
auch: aufpassen
16
143
aus-gehen, ist ausgegangen
-
in den Ausgang gehen
16
143
wochentags
auch: unter der Woche
auch: unter der Woche
17
149
klasse
super
super
17
149
Prost!
auch: Zum Wohl!
-
18
157
der Rentner, -
der Pensionist, -en
-
18
157
die Rente, -n
die Pension, -en
-
19
169
das Camping
auch: das Zelten
auch: das Zelten
19
169
der Campingplatz, -¨e
-
der Zeltplatz, -¨e
19
169
die Aprikose, -n
die Marille, -n
-
19
169
der Fasching, -e/-s
-
die Fasnacht
20
175
der Imbiss, -e
die Jause, -n
Znüni, auch: der/das
Zvieri, -
20
175
aus-reichen, hat ausgereicht
-
genügen
20
175
ausreichend
auch: genug
-
20
175
klappen, es hat geklappt
funktionieren
funktionieren
20
175
klingeln, hat geklingelt
auch: läuten
auch: läuten
21
183
der Empfang, -¨e
-
die Recéption, -en
21
183
die Gastsätte, -n
das Lokal, -e
das Restaurant, -s
21
183
das Kaufhaus, -¨er
-
das Warenhaus, -¨er
21
183
schuldlos
unschuldig
unschuldig
22
195
erscheinen, ist erschienen
vorkommen
-
die Telefonnummer, -n
52
22
195
hinterher
auch: danach
-
23
201
das Ersatzteil, -e
der Ersatzteil, -e
-
23
201
die Klingel, -n
-
auch: die Glocke, -n
23
201
die Vorfahrt, -en
der Vorrang
der Vortritt
24
209
die Abgase (Pl.)
-
das Abgas, -e
24
209
das Altenheim/Altersheim, -e
das Altersheim, -e
das Altersheim, -e
der Fleischhauer, -
24
209
der Metzger, -
24
209
die Pflaume, -n
die Zwetschke, -n
die Zwetschge, -n
Fonte: Elaborado pela autora com base em Pude, Specht e Braun-Podeschwa (2015).
53
ANEXO 3 – VARIÁVEIS DIATÓPICAS NA SÉRIE PANORAMA
Quadro 6 – Variáveis diatópicas do livro Panorama A1
(continua)
Panorama A1
Lição
Página
Variante alemã (D)
Variante austríaca (A)
Variante suíça (CH)
10
1
Guten Tag
Grüß Gott
Grüezi
10
1
Hallo
auch: Servus
Ade
10
1
Auf Wiedersehen
Auf Wiederschauen
-
14
1
J = Jot
auch: Je
-
14
1
Q = Qu
Q = Que
-
14
1
ß
scharfes s
ss
2
16
Eis
-
Glace
2
16
Busfahrer/in
auch: Buschauffeur/in
auch: Buschauffeur/in
2
18
meine E-mail
mein E-mail
mein E-mail
3
26
der Kuli
der Kugelschreiber
der Kuli
der Kugelschreiber
der Kugelschreiber
3
27
der Stuhl
auch: der Sessel
-
5
43
das Fahrrad
-
das Velo
7
58
die Tomate
auch: der Paradeiser
-
7
58
der Joghurt
auch: das Joghurt
-
7
59
die Kartoffel
auch: der Erdapfel
-
7
59
die Packung
auch: das Packerl
-
7
59
die Tüte
das Sackerl
-
7
59
der Mais
der Kukuruz
-
7
61
das Brötchen
die Semmel
das Weckerl
7
62
die (Schlag-)Sahne
A: das Schlagobers / der
Schlag
-
8
64
am Morgen
auch: in der Früh
-
8
64
am Mittag
zu Mittag
-
8
67
der Skiurlaub
-
die Skiferien (Pl.)
-
89
ich habe gestanden
ich bin gestanden
ich bin gestanden
54
11
90
Liebe Oma,
ich
-
Liebe Oma
Ich
11
91
der Flur
der Gang
der Gang
11
92
die Gardine
der Vorhang
der Vorhang
11
92
die Spüle
die Abwasch
-
11
92
die Spülmaschine
der Geschirrspüler
-
11
94
der Abitur
die Matura
-
13
106
der Karneval
süddt. der Fasching
süddt. die Fastnacht
der Fasching
die Fastnacht
14
112
Es sind 20 Grad
Es hat 20 Grad
-
14
113
der Rock
-
der Jupe
14
113
die Mütze
auch: die Haube
-
15
124
das Gleis
der Bahnsteig
-
15
124
von Gleis
-
auf Gleis
15
124
die Bahncard
die Vorteilscard
das Halbtax(abonnement)
16
132
im Urlaub
auf Urlaub
in den Ferien
Fonte: Elaborado pela autora com base em Finster et al. (2015)
Quadro 7 – Variáveis diatópicas do livro Panorama A2
(continua)
Panorama A2
Lição
Página
Variante alemã (D)
Variante austríaca (A)
Variante suíça (CH)
1
12
lecker
gut
gut
1
13
die Geldbörse
auch: das Portemonnaie
auch: die Geldtasche
das Portemonnaie
2
19
die Durchwahl
3
26
(der) Quatsch
(der) Blödsinn
-
4
34
das Abitur
die Matura
die Matura
-
41
Urlaub machen
-
Ferien machen
5
43
sich kämmern
auch: sich frisieren
-
5
46
genießen
genießen
geniessen
5
46
Spaß haben
Spaß haben
Spass haben
die Direktnummer
55
6
48
der Stuhl
der Sessel
-
6
48
gucken
süddt. schauen
schauen
-
6
48
im Angebot sein
-
Aktion sein
6
52
der Schrank
der Kasten
6
52
der Flur
der Gang
der Gang
7
59
die Nebenkosten (NK)
die Betriebskosten (BK)
-
7
59
das Dachgeschoss
-
der Dachstock / der
oberste Stock
7
59
das Erdgeschoss
-
das Parterre
9
64
böse
schlimm
8
65
laufen/gehen
gehen
8
66
auf Klassenfahrt fahren
8
67
die Grundschule
die Volksschule
die Primarscuhle
8
67
die Realschule, es gibt auch
die Sekundarschule, die
Gesamtschule und die
Hauptschule
die Hauptschule, die
Allgemeine höhere Schule,
die Neue Mittelschule
die Sekundarschule,
die Fachmittelschule
9
74
der Aufzug
auch: der Lift
auch: der Lift
11
92
er hat gesessen
er ist gesessen
er ist gesessen
12
97
das Krankenhaus
auch: der/das Spital
auch: der/das Spital
12
97
der Krankenwagen
die Ambulanz
-
13
109
das Hähnchen
das Huhn / das Hendl
das Poulet
13
109
die Bohne
die Fisole
-
13
110
der Pfannkuchen / Eierkuchen
die Palatschinke
die Omelette
13
110
die Aprikose
die Marille
-
13
110
die Kartoffel
der Erdapfel
-
14
115
gucken / schauen
schauen
-
15
125
die Kneipe
das Lokal
die Bar, die Beiz
16
131
zum/auf das Festival gehen
-
an das Festival gehen
ins Klassenlager gehen
Fonte: Elaborado pela autora com base em Finster et al. (2016)
Quadro 8 – Variáveis diatópicas do livro Panorama B1
(continua)
56
Panorama B1
Lição
Página
Variante alemã (D)
Variante austríaca (A)
Variante suíça (CH)
1
14
der Friseur / die Friseurin
der Friseur / die Friseurin
der Coiffeur /
die Coiffeuse
2
17
Busfahrer/in
auch: Buschauffeur/in
auch: Buschauffeur/in
2
18
das Treppenhaus
das Stiegenhaus
das Treppenhaus
2
18
die Klingel
die Glocke
die Klingel
2
18
das Fahrrad
das Fahrrad
das Velo
3
26
auch: der Metzger
der Fleischer
auch: der Metzger
3
26
die Sahne
der Rahm
der Rahm
3
26
der Quark
der Topfen
der Quark
3
26
das Würstchen
das Würstel
-
3
26
das Brötchen
die Semmel
das Brötchen
3
28
die Blaubeere
auch: die Heidelbeere
auch: die Heidelbeere
auch: die Heidelbeere
4
34
der Urlaub
der Urlaub
die Ferien
5
42
die/der Auszubildende
der Lehrling
der Lehrling
6
49
D: Die Gesundheitskarte
die e-Card
die Krankenkassenkarte
6
49
das Krankenhaus
das Krankenhaus
das Spital
6
52
anderthalb
eineinhalb
anderthalb
6
52
an- und ausmachen
ein- und ausschalten
an- und ausmachen
9
78
in Urlaub
auf Urlaub
in die Ferien
10
80
die Grundschullehrerin / der
Grundschullehrer
die Volksschullehrerin / der
Volksschullehrer
die Primarlehrerin / der
Primarlehrer
10
81
die Anzeige
das Inserat
das Inserat
10
82
das Abitur
die Matura
die Matura
10
82
das Redakteur
das Redakteur
der Redaktor
11
94
die Reinigung
die Putzerei
die Reinigung
11
94
die EC-Karte
die Bankomatkarte
die EC-Karte
12
97
den Fußboden wischen
den Fußboden wischen
(feucht) aufwischen
12
97
das Portemonnaie
die Geldtasche
das Portemonnaie
13
106
Quatsch!
Blödsinn!
Quatsch!
57
13
108
der Tüv
wiederkehrende
Begutachtung
z.B. die Fahrzeugprüfung
13
110
das Elektrofahrrad / das EBike
das Elektrofahrrad / das EBike
das Elektrovelo
15
124
die Mülltonne
der Mistkübel
der Abfallcontainer
Fonte: Elaborado pela autora com base em Finster et al. (2017)