O momento atual é caracterizado por um autoritarismo crescente, pelo racismo, sexismo, xenofobia cada vez menos envergonhados no discurso público, pelo desmonte do Estado-social, por um agravamento sem precedentes das desigualdades...
moreO momento atual é caracterizado por um autoritarismo crescente, pelo racismo, sexismo, xenofobia cada vez menos envergonhados no discurso público, pelo desmonte do Estado-social, por um agravamento sem precedentes das desigualdades sociais, pelo desencantamento com relação à política; ao mesmo tempo, testemunha-se um ataque sem precedentes aos recursos naturais, às populações tradicionais e aos saberes locais. Trata-se de sintomas muito claros e situados dentro do que pode ser chamado de uma razão de mundo neoliberal, na qual mercado e, sobretudo, a concor- rência se expandem cada vez mais, por todas as esferas da vida, transformando tudo aquilo que for possível em um potencial produto a ser consumido. Partindo de tais premissas, questiona-se uma série de conceitos e ideias, como desenvolvimento, progresso e políticas públicas que podem, sob diversos discursos de dissimulação, servirem a interesses de elites e oligarquias ao mesmo tempo em que permitem uma ampliação de situações de violência e exclusão. Assim, por meio de uma pesquisa bibliográfica, busca-se, na primeira seção, descrever aspectos relacionados à produção e reprodução no sistema capitalista neoliberal, priorizando-se a questão de gênero, para, na segunda seção, pensar o princípio político do comum enquanto caminho para a superação da razão de merca- do, através de uma lógica mais pautada na solidariedade e, sobretudo, na coatividade, que implica, simultaneamente, não só o desenvolvimento de determinada atividade comum, como, também, a autogestão desse grupo.