Papers by Roberto Marques
Glossário de (des)identidades sexuais, 2023
Roberto Marques e Isadora Lins França propõem uma
genealogia do cafuçu, associada ao racismo que ... more Roberto Marques e Isadora Lins França propõem uma
genealogia do cafuçu, associada ao racismo que é marca de origem do
Estado nacional brasileiro. Descrevem o cafuçu como “usualmente vinculado a corpos avaliados por terceiros como carentes de distinção, subalternizados entre convenções e estratégias narrativas que atribuem ao cafuçu uma sensualidade (mais) primitiva em meio a repertórios coloniais de diferenciação, violência e desejo”. Marques e França também comparam o cafuçu com os camponeses celibatários descritos por Bourdieu, uma vez que o cafuçu “exibiria características e gestos acintosamente relacionados a um mundo que foi ou deveria ser deixado para trás”. O cafuçu, pela sua “origem rural e o modo de
trabalho a ela vinculada como algo primitivo, pouco rentável e degradante
[...] não possuiria os recursos necessários para acessar os bens e prazeres que almeja [...]”. Ao mesmo tempo, os cafuçus também são apresentados e valorizados como objetos de desejo e de consumo alheio. Assim, muitos deles terminam por gerar valor de compra ao deixarem-se consumir em um arranjo de trocas monetárias e sexuais.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Interseções, Dec 30, 2020
Bookmarks Related papers MentionsView impact
O Público e o Privado
A partir de breve contextualização sobre a definição do projeto democrático e as condições necess... more A partir de breve contextualização sobre a definição do projeto democrático e as condições necessárias para sua institucionalização, discute-se em que medida a crítica decolonial pode apontar desafios contemporâneos para o ideal de participação política. Para isso, realiza-se um breve apanhado sobre a crítica pós-colonial e decolonial. A percepção da circulação de corpos marcados pela diáspora, expressos por marcadores de raça e gênero, em relações de subalternização herdadas da experiência colonial apontam a necessidade de pulverizar a ideia de nação e outros significantes abstratos capazes de invisibilizar experiências locais. Se levado à sério, esse desafio pode vir a adensar questões referentes a participação política de sujeitos até agora invisibilizados no projeto democráticos e suas categorias generalizantes.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Sociedade e Estado
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Fruto de pesquisas na área de Antropologia, os artigos reunidos em Etnobiografia – subjetivação e... more Fruto de pesquisas na área de Antropologia, os artigos reunidos em Etnobiografia – subjetivação e etnografia pretendem demonstrar o alcance e as tensões da reflexão etnográfica a partir da abordagem biográfica. Ao abrir espaço para a individualidade ou a imaginação pessoal criativa, o conceito de etnobiografia propõe, necessariamente, uma problematização dos conceitos-chave do pensamento sociológico clássico; o individual e o coletivo, o sujeito e a cultura. O indivíduo passa a ser pensado a partir de sua potência de individuação enquanto manifestação criativa, pois é justamente através dessa interpretação pessoal que as ideias culturais se precipitam e tem-se acesso à cultura. Os artigos aqui reunidos refletem, página a página, sobre a ideia de que o indivíduo não é simplesmente a manifestação da representação coletiva, e que os mundos socioculturais são produção dos indivíduos que deles fazem parte.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Direitos em disputa: LGBTI+, poder e diferença no Brasil contemporâneo, 2020
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Dilemas - Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, 2020
Este artigo discute as normas e os limites estabelecidos na vivência da população LGBT privados d... more Este artigo discute as normas e os limites estabelecidos na vivência da população LGBT privados de liberdade no Ceará. Ressalta relações de poder e hierarquia baseadas em marcadores de gênero e sexualidade expressos por esses atores em suas relações entre si, com outros presos, visitantes, profissionais e facções. A necessidade de negociação com mediadores de distintas naturezas, no cotidiano prisional, vem impondo dinâmicas dramáticas às pessoas LGBT. Assim, marcações de sexualidade ganham destaque a partir do lugar que a diferença ocupa nas relações sexual-afetivas estabelecidas nas fronteiras entre o dentro e o fora da prisão.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
REVISTA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - POLÍTICA & TRABALHO, 2019
Este artigo discute as fronteiras da prisão definidas nos pontos de verificações que controlam os... more Este artigo discute as fronteiras da prisão definidas nos pontos de verificações que controlam os fluxos e circulações de pessoas, objetos e informações. A partir das performances e narrativas que estabelecem porosidades entre o dentro e fora das prisões, discutimos processos de Estado dispostos nas regras, normas e regulamentos que se desenrolam na exigência de documentações, revistas e vistorias de corpos e materiais, atravessados por marcadores de diferenças de gênero, sexualidade e classe. Fontes de dados e metodologias alternativas permitem-nos pensar as fronteiras do Estado como performance de composição do Estado e produção de subjetividade das pessoas por ela implicadas. Palavras-chave: Prisões. Fronteiras. Processos de Estado. Gênero.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista Tendencias Caderno De Ciencias Sociais, Jun 11, 2014
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Metis Historia Cultura, Mar 10, 2012
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista Brasileira de Ciências Sociais, 2015
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Sociedade e Cultura, 2008
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Conhecer: debate entre o público e o privado, 2023
Entre os anos de 2017 e 2018, no centro comercial da cidade de Crato- CE, um dos espaços destinad... more Entre os anos de 2017 e 2018, no centro comercial da cidade de Crato- CE, um dos espaços destinados ao comércio popular local passou por uma reforma que modificou sua infraestrutura. Finda a reforma, o antigo “Camelódromo” passou a ser designado pelas autoridades locais responsáveis pela reforma, pelo público e pelas trabalhadoras daquele espaço como “Shopping Popular”. A partir de observação flutuante, presença contínua no local após a reforma e entrevistas semiestruturadas, intentamos compreender a percepção das trabalhadoras permissionários do “Shopping Popular de Crato” sobre as modificações ocorridas. Dialogamos com lideranças da Associação de Comerciantes Informais do Crato (ACIC) e permissionários associados, ao mesmo tempo em que vivenciamos o cotidiano deste mercado público. Os resultados indicam os novos trânsitos e projetos de bem-estar materializados em novas formas de interação e nomeação desse espaço comercial. Apontam ainda a necessidade de estudos mais aprofundados sobre as lideranças populares que mediaram os conflitos entre o poder público e os permissionários. É possível ainda perceber com imaginários espaciais presentes no Cariri cearense ordenam as formas de organização dos espaços populares e demandas de consumo, associando-os a modelos presentes nas grandes cidades brasileiras.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Cadernos Pagu, 2022
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Cadernos Pagu, 2022
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Cadernos Pagu, 2022
Bookmarks Related papers MentionsView impact
O Público e o Privado
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Revista O público e o privado, 2023
A partir de breve contextualização sobre a definição do projeto democrático, democracia e as cond... more A partir de breve contextualização sobre a definição do projeto democrático, democracia e as condições necessárias para sua institucionalização, discute-se em que medida a crítica decolonial pode apontar desafios contemporâneos para o ideal de participação política. Para isso, realiza-se um breve apanhado sobre a crítica pós-colonial e decolonial. A percepção da circulação de corpos marcados pela diáspora, expressos por marcadores de raça e gênero em relações de subalternização herdadas da experiência colonial, aponta a necessidade de pulverizar a ideia de nação e outros significantes abstratos, capazes de invisibilizar experiências locais. Se levado a sério, esse desafio pode vir a adensar questões referentes a participação política de sujeitos até agora invisibilizados no projeto democrático e suas categorias generalizantes.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Papers by Roberto Marques
genealogia do cafuçu, associada ao racismo que é marca de origem do
Estado nacional brasileiro. Descrevem o cafuçu como “usualmente vinculado a corpos avaliados por terceiros como carentes de distinção, subalternizados entre convenções e estratégias narrativas que atribuem ao cafuçu uma sensualidade (mais) primitiva em meio a repertórios coloniais de diferenciação, violência e desejo”. Marques e França também comparam o cafuçu com os camponeses celibatários descritos por Bourdieu, uma vez que o cafuçu “exibiria características e gestos acintosamente relacionados a um mundo que foi ou deveria ser deixado para trás”. O cafuçu, pela sua “origem rural e o modo de
trabalho a ela vinculada como algo primitivo, pouco rentável e degradante
[...] não possuiria os recursos necessários para acessar os bens e prazeres que almeja [...]”. Ao mesmo tempo, os cafuçus também são apresentados e valorizados como objetos de desejo e de consumo alheio. Assim, muitos deles terminam por gerar valor de compra ao deixarem-se consumir em um arranjo de trocas monetárias e sexuais.
genealogia do cafuçu, associada ao racismo que é marca de origem do
Estado nacional brasileiro. Descrevem o cafuçu como “usualmente vinculado a corpos avaliados por terceiros como carentes de distinção, subalternizados entre convenções e estratégias narrativas que atribuem ao cafuçu uma sensualidade (mais) primitiva em meio a repertórios coloniais de diferenciação, violência e desejo”. Marques e França também comparam o cafuçu com os camponeses celibatários descritos por Bourdieu, uma vez que o cafuçu “exibiria características e gestos acintosamente relacionados a um mundo que foi ou deveria ser deixado para trás”. O cafuçu, pela sua “origem rural e o modo de
trabalho a ela vinculada como algo primitivo, pouco rentável e degradante
[...] não possuiria os recursos necessários para acessar os bens e prazeres que almeja [...]”. Ao mesmo tempo, os cafuçus também são apresentados e valorizados como objetos de desejo e de consumo alheio. Assim, muitos deles terminam por gerar valor de compra ao deixarem-se consumir em um arranjo de trocas monetárias e sexuais.
Utilizando a potência da música para conectar mundos e observando as agências das grandes festas de forró nas interações entre sujeitos na plateia, o autor nos convida a perceber os jogos de criatividade sobre o masculino, o feminino, o rural e o urbano, a pessoalidade e o anonimato. Aumentado o volume, estouradas as caixas de som, o Nordeste se revela em cores insuspeitas, em uma apropriação performática das metrópoles. Um Cariri eletrônico como zona de contato e criatividade entre sujeitos.
Na experiência brasileira, o Nordeste é o exemplo mais visível desse entrecruzamento entre espacialidades, identidades, sensibilidade e suas formas expressivas.
Afinal, instituir a modernidade do Brasil é criar uma dizibilidade ordenada sobre o Nordeste, margem exemplar da nação. Como nos ensina Albuquerque Jr. (1999): “O Nordeste é um engenho anti-moderno” e essa criação do Brasil a partir da instituição do Outro justifica as inúmeras caravanas que avançaram e avançam pela região em busca de imagens do Brasil. Possivelmente não para fazer um país mais próximo às expressões de seu povo, mas , ao contrário, para fazer e dizer o povo como uma imagem da margem desse país.
O conjunto de textos reunidos nessa coletânea de artigos é indubitavelmente herdeiro dessa tradição. Em cada um deles está presente o desafio de pensar as forças expressivas das margens, a dificuldade de pontuar origens quando os canais de distribuição e recepção são múltiplos e desordenados.
relacionados ao consumo e à homossexualidade em sua dimensão plural” (p. 17). Para isso, realiza um trabalho de pesquisa rigoroso e sensível em três lugares distintos: a boate The Week; os encontros voltados para o público conhecido como “ursos” ao redor do espaço conhecido como Ursound; e um samba GLS (Gay, Lésbicas e Simpatizantes) chamado Boteco do Caê e seus espaços contíguos, na região do Largo do Arouche.
PALAVRAS-CHAVE: Nordeste brasileiro; Forró eletrônico; Corpos; Espacialidades