Papers by Alexandre P Medeiros
Caderno de Resumos do IV Seminário de Pesquisas em Artes, Cultura e Linguagens., 2017
As exposições de arte se tornaram, enfática e sistematicamente nos últimos vinte anos, um problem... more As exposições de arte se tornaram, enfática e sistematicamente nos últimos vinte anos, um problema de pesquisa para historiadores e sociólogos, o que resultou em uma extensa bibliografia disponível principalmente em línguas francesa e inglesa, mas ainda escassa em língua portuguesa. Assim, este minicurso, primeiramente, pretende apresentar a um público acadêmico brasileiro as principais formulações de autores que têm se debruçado sobre o estudo das exposições, como Georg Simmel, Ángela García Blanco, Katharina Hegewisch, Nathalie Heinich, Michael Pollak, Jerôme Glicenstein, entre outros, dos quais poucos textos sobre a temática estão traduzidos para o português.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
MODOS. Revista de História da Arte, 2018
As exposições International Pop (Walker Art Center, Minneapolis, 2015-2016) e The World Goes Pop ... more As exposições International Pop (Walker Art Center, Minneapolis, 2015-2016) e The World Goes Pop (Tate Modern, Londres, 2015-2016) reabriram a discussão sobre a arte pop e a apresentaram enquanto um fenômeno global. O viés de ambas as exposições esteve pautado em discussões levantadas pelas antropologia e história da arte das últimas duas décadas em torno da noção de arte global, a qual, segundo Hans Belting, estaria envolvida com a problematização e deslocamento do cânone modernista universalista baseado na noção de hegemonia artística. A partir disso, alguns museus, principalmente localizados nos Estados Unidos e no Reino Unido, vêm realizando mostras que intentam formular cânones expandidos movidos por uma espécie de obsessão pelo global. Assim, perguntamo-nos se o que vem sendo operado em algumas exposições não é uma “retórica do global”, no sentido de um uso dessa concepção como uma chave de aparência multiculturalista a fim de manter as dinâmicas de hegemonia artística, a qual seria reafirmada pelas megainstituições que detém o poder discursivo de inserir a arte de “outros” em uma história da arte dita global. Este artigo analisa essa problemática a partir de um estudo de caso que considera essas exposições como núcleos irradiadores de questões teóricas, históricas e críticas relativas à produção artística brasileira dos anos 1960 que tem sido lida na chave da pop arte, principalmente àqueles trabalhos participantes das mostras.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Palíndromo, 2017
A notícia da morte de Ernesto “Che” Guevara incitou o artista visual Claudio Tozzi a produzir uma... more A notícia da morte de Ernesto “Che” Guevara incitou o artista visual Claudio Tozzi a produzir uma série de painéis em sua homenagem. O primeiro desses trabalhos, "Guevara, vivo ou morto…", ao ser exibido no IV Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, em dezembro de 1967, foi pichado por um grupo de direita e violentado por agentes do DOPS na tentativa de sua retirada do certame. Este artigo propõe uma fala, ancorada em uma abordagem fenomenológica, sobre o painel em questão e o aborda como vítima e testemunha do terrorismo de Estado operado pela ditadura militar brasileira (1964-1985), assim como atravessado por uma dinâmica de projeção da imagem de Guevara como máscara vestida pela resistência a esse regime. Além disso, a obra é analisada a partir das censuras que sofreu: a primeira no já citado Salão de Brasília de 1967 e a segunda, em um episódio de autocensura promovido por parte do júri, na atribuição dos prêmios do 17º Salão Paulista de Arte Moderna.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Temporalidades, 2015
O artista visual paulistano Claudio Tozzi desenvolveu no período 1964-1968 uma poética engajada, ... more O artista visual paulistano Claudio Tozzi desenvolveu no período 1964-1968 uma poética engajada, segundo a qual fabricou trabalhos comprometidos em problematizar a realidade política e social do Brasil. Deste modo, este artigo tem como principal objetivo analisar como esta tomada de posição de resistência por Tozzi frente aos problemas políticos, sociais e estéticos significava nas obras. Neste período, o artista inspirado em Marcel Duchamp e na Arte Pop desenvolveu uma operação de apropriação racional ou intencional de imagens e objetos, a qual descontextualizava os elementos apropriados a fim de subverter sua significação original, porém, guardando o vestígio da referência, em prol de um discurso formado pela relação desses itens no trabalho construído. Assim, a partir de uma análise dos trabalhos USA e abUSA (1966) e Nós somos os guardiões-mór da sagrada democracia nacional (1967), apresenta-se uma interpretação histórica do diálogo entre fenômenos artísticos e fenômenos políticos e sociais compreendido nestas obras.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Books by Alexandre P Medeiros
Catálogo da exposição realizada na Biblioteca Octavio Ianni do IFCH/Unicamp, de 6 de abril a 20 d... more Catálogo da exposição realizada na Biblioteca Octavio Ianni do IFCH/Unicamp, de 6 de abril a 20 de julho de 2017.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Conference Presentations by Alexandre P Medeiros
Anais do XXIX Simpósio Nacional de História - contra os preconceitos: história e democracia, 2017
Poucos dias após a notícia da morte de Ernesto Guevara de la Serna ser divulgada pelos jornais br... more Poucos dias após a notícia da morte de Ernesto Guevara de la Serna ser divulgada pelos jornais brasileiros em 11 de outubro de 1967, o artista visual paulistano Claudio Tozzi iniciou sua homenagem ao revolucionário argentino e à revolução propagada por ele com a instauração da obra Guevara, vivo ou morto…. O painel, que apresenta a mesma imagem alto contrastada duplicada e espelhada do rosto do “Che” e a expressão “Guevara, vivo ou morto…”, foi violentado dois meses depois por policiais que forçaram sua retirada do IV Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, realizado no Teatro Nacional em Brasília. A partir disso, esta comunicação aborda o painel de Tozzi, observando-o, ancorada em uma abordagem fenomenológica, enquanto corpo, como vítima e superstes, isto é, uma testemunha como sobrevivente, do terrorismo de Estado operado pela ditadura militar brasileira (1964-1985), assim como ato de resistência a esse regime. O artista, estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo na época, aproximou-se de um pensamento específico ligado ao paradigma construtivo em relação ao fazer artístico, o que o levou a pensar a obra de arte enquanto um produto do trabalho realizado sobre um campo estruturado. Ademais, Claudio Tozzi esteve envolvido com o movimento estudantil, com os protestos de rua e também frequentou grupos que formaram alguns dos quadros da luta revolucionária de libertação nacional como resistência à ditadura militar instaurada no Brasil com o golpe de 1964, principalmente a partir de seu envolvimento com a Ação Libertadora Nacional de Carlos Marighella. Para realizar o painel, o artista, através de um readymade visual, apropriou-se de três fotografias veiculadas na imprensa e as submeteu ao processo de solarização, com o intuito de suspender os meios-tons da imagem e redesenhar sua forma como mancha. Tal operação objetiva o aumento do impacto, ou seja, busca-se uma temperatura comunicacional mais alta. Além disso, é analisada a repercussão de Guevara, vivo ou morto… na imprensa decorrente da ameaça de sua apreensão, fato que contribuiu para a divulgação do trabalho, subversão da lógica da censura, como interdição de algo se tornar público, e promoção da fala do artista em favor da democratização da arte. Em suma, a operação “quase jornalística” realizada por Tozzi, provocada pelo diálogo entre sua produção e a mídia, pode ser entendida, quando pensamos que os meios tradicionais de comunicação e de luta política estavam sob censura ou tinham sido fechados, como participante de uma estratégia mais ampla de artistas contrários ao regime militar no sentido de difundir mensagens contrárias à censura, à repressão e em favor da liberdade de expressão e da democracia.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Thesis Chapters by Alexandre P Medeiros
No dia 11 de outubro de 1967, uma quarta-feira, os jornais brasileiros noticiaram a confirmação d... more No dia 11 de outubro de 1967, uma quarta-feira, os jornais brasileiros noticiaram a confirmação da morte de Ernesto Guevara de la Serna ocorrida dois dias antes. Logo no dia seguinte à notícia, Claudio Tozzi iniciava um painel, Guevara, vivo ou morto¿, em homenagem ao guerrilheiro e à revolução propagada por ele. Em dezembro do mesmo ano, esse trabalho foi violentado por policiais que forçaram a retirada da obra do IV Salão de Arte Moderna do Distrito Federal. A partir disso, esta dissertação inicia com uma fala, ancorada em uma abordagem fenomenológica, sobre o painel de Tozzi, aborda-o como vítima e testemunha do terrorismo de Estado operado pela ditadura militar brasileira (1964-1985), bem como ato de resistência a esse regime. O artista, estudante de arquitetura na época, aproximou-se de um pensamento específico ligado ao paradigma construtivo em relação ao fazer artístico, o que o levou a pensar a obra de arte enquanto um produto do trabalho realizado sobre um campo estruturado. Ademais, Tozzi esteve envolvido com o movimento estudantil, com os protestos de rua e também frequentou grupos que formaram alguns dos quadros da luta revolucionária de libertação nacional como resistência à ditadura militar instaurada no Brasil com o golpe de 1964, principalmente a partir de seu envolvimento com a Ação Libertadora Nacional (ALN) de Carlos Marighella. Sendo assim, o painel, que foi o primeiro de uma série de trabalhos dedicados ao "Che", iniciou o memorial do artista ao comandante da Revolução Cubana e operou dois desígnios conectados: homenagem ao ideólogo do foco guerrilheiro e trabalho do luto. Sobre o segundo, podemos dizer que a repetição das imagens de Guevara, que ocorre em vários trabalhos produzidos por Claudio Tozzi no período 1967-1968, estava relacionada à tarefa psíquica de desprendimento do objeto da perda. Entretanto, os Guevaras, assim como as Marilyns de Andy Warhol, são marcados por um caráter paradoxal: há o desligamento da libido em relação ao objeto perdido, ao mesmo tempo que há uma fixação obsessiva neste e, talvez, uma identificação com este, que resultaria em uma abertura para o significado traumático. A seguir, identificamos uma série de trabalhos realizados por outros artistas a partir da apropriação de fotografias de "Che" Guevara, como os argentinos Antonio Berni, Roberto Jacoby e Carlos Alonso, com os quais efetuamos algumas aproximações e distanciamentos em relação às obras de Tozzi. Desde uma leitura comparativa efetuada entre obras que apresentam cadáveres em diversos períodos da história da arte, concluímos que as fotografias de Guevara morto nos propõem, de um lado, uma narrativa do martírio, tal qual o de Jesus Cristo, mas que, por outro lado, reforçam a imagem do cadáver como exemplo de uma advertência política. Por fim, ao desenharmos um histórico das proposições de arte engajada, tratamos de algumas questões para um debate sobre essa no Brasil dos anos 1960.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Papers by Alexandre P Medeiros
Books by Alexandre P Medeiros
Conference Presentations by Alexandre P Medeiros
Thesis Chapters by Alexandre P Medeiros