Books by DANIELA M FIALHO
Tese de Doutorado, 2010
O objetivo geral desta de tese é problematizar as relações entre a história urbana e a cartografi... more O objetivo geral desta de tese é problematizar as relações entre a história urbana e a cartografia, mais especificamente, os mapas da cidade de Porto Alegre arrolados como campo e fontes de pesquisa. O tema é a cartografia enquanto produção histórica da cidade e as ferramentas teóricas usadas envolvem “questões” da História Cultural. Centra-se numa problematização que busca “perverter” a maneira clássica de se descrever e analisar as mudanças urbanas, de modo a mostrar que cidades são aí produzidas como ideário de representação, registro de memória, inventário do imaginário, narrativa histórica da geografia e da paisagem urbana. Vistos como discursos, os mapas produzem as identidades e as mudanças do espaço urbano ao longo do tempo, dando visibilidade a significados até então invisíveis, ainda que não ocultos, possibilitando, assim, outras práticas e políticas de intervenção urbana.
Palavras-chave: Cartografia Urbana. História Cultural. História da Cartografia. Porto Alegre (RS).
Bookmarks Related papers MentionsView impact
ESTE LIVRO NÃO PODE SER DISTRIBUÍDO EM PDF DEVIDO AOS DIREITOS DE IMAGENS. POR ISSO NÃO HÁ UPLOAD... more ESTE LIVRO NÃO PODE SER DISTRIBUÍDO EM PDF DEVIDO AOS DIREITOS DE IMAGENS. POR ISSO NÃO HÁ UPLOAD AQUI.
O presente livro nasceu da vontade de homenagear uma grande historiadora brasileira, que foi responsável por organizar e dinamizar ao longo de anos a produção historiográfica sobre História Cultural no país: Sandra Jatahy Pesavento.
Em janeiro de 2014, os organizadores se reuniram em Paris na EHESS para discutir a realização de um colóquio internacional e uma publicação que debatesse as temáticas centrais de pesquisa a que ela se dedicou com a colaboração de seus principais interlocutores: colegas do Grupo Clíope, do GT Nacional de História Cultural da ANPUH, do PROPUR, de organização dos Simpósios Nacionais de História Cultural, de publicações e alguns dos seus ex-orientandos (atualmente professores e pesquisadores em várias IES brasileiras).
O Grupo Clíope é um grupo internacional interdisciplinar constituído por pesquisadores das áreas de História e de Literatura, fundado por Sandra J. Pesavento em 1998. Sandra também criou, em 2001, o GT Nacional de História Cultural da ANPUH. Ela encerrou sua carreira exitosa de docente e pesquisadora na UFRGS no Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional (PROPUR).
O Colóquio Internacional sobre História Cultural da Cidade – Sandra Jatahy Pesavento foi realizado em março de 2015 e promovido por três Instituições de Ensino Superior - Programa de Pós Graduação em Planejamento Urbano e Regional (PROPUR) da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, Programa de Pós Graduação em História da PUCRS, Programa de Pós Graduação em Memória Social e Bens Culturais do Centro Universitário Unilasalle - pelo Grupo de Trabalho em História Cultural da ANPUH-RS e pela Equipe Fonctions Imaginaires et Sociales des Arts et des Littératures/ (EFISAL) da École des Hautes Études de Sciences Sociales (EHESS) de Paris.
Como bem coloca Pesavento, em seu livro intitulado Imaginário da cidade: representações do urbano - Paris, Rio de Janeiro e Porto Alegre (Porto Alegre: Ed. da Universidade, 1999, p.8), a História Cultural do Urbano “se propõe a estudar a cidade através de suas representações. Entendemos ser esta uma fascinante proposta para o nosso final de século, quando a cidade se coloca, mais do que nunca como desafio, sendo o lugar – por excelência – onde as coisas acontecem ”.
Logo, este livro é a segunda parte do projeto que homenageia Sandra Pesavento, sendo uma forma de dar continuidade aos debates historiográficos e aos grupos de pesquisa que ela criou e dinamizou. Ele é fruto de reflexões de pesquisadores brasileiros e estrangeiros ao redor de quatro grandes eixos temáticos, em torno dos quais a obra está organizada: cidade, literatura, imagem e sensibilidades.
Urbano, urbanista, urbanismo, essas palavras apenas tem um século de existência mesmo se os problemas aos quais elas remetem dependem das transformações que sofreram as cidades a partir da era industrial moderna. A construção de um saber sobre o significado histórico e social das formas urbanas implica pesquisas sobre os usos sociais, a dramaturgia espacial como também sobre as palavras e as imagens através das quais os objetos urbanos ganham um significado imaginário para os atores da vida citadina.
A cidade continua se colocando hoje como um desafio, ela se apresenta como um importante objeto de reflexão que implica vários saberes e temas que podem se expressar e ser lidos de forma transdisciplinar nos discursos sobre ela apreendidos nas imagens, no texto literário, nas diferentes sensibilidades. Seguindo nossa autora homenageada, “Cidade-problema, cidade-representação, cidade-plural, cidade-metáfora – o urbano se impõe para o historiador da cultura nos dias de hoje como um domínio estimulante. A cidade não é simplesmente um fato, um dado colocado pela concretude da vida, mas como objeto de análise e tema de reflexão, ela é construída como desafio e, como tal, objeto de questionamento”. (Idem, p.10)
No entrecruzamento da História com a Literatura, há sempre os que exigem mais representação e aqueles que com ela se aborrecem, reivindicando maior grau de factualidade. Esquecem-se os dois lados de que a virtude do entrecruzamento reside, exatamente, na liberdade da construção, uma espécie de 3ª via que não pode se prender de maneira ortodoxa à matriz original, sob pena de esvaziar a criatividade e de afrouxar o conhecimento. A quem se confronta com a História e com a Literatura, no âmbito de pensar o urbano, cabe avaliar, de modo cauteloso e delicado, o grau de equilíbrio entre representação e factualidade, porque, a sabedoria sertaneja de Riobaldo já nos alertou: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.
As temáticas relativas aos estudos da imagem, da cultura visual e do imaginário urbano constituem uma área muito dinâmica das Ciências Humanas atualmente, muitos simpósios e publicações tem abordado essas questões. Através da pintura, da litografia, da fotografia e do cinema tem-se pensado a visualidade das cidades brasileiras. Os embates sociais, identitários e de gênero na cidade nos séculos XIX, XX e XXI tem constituído um novo imaginário republicano. A cidade entre a ordem e o caos é o locus de uma série de lutas, de disputas e de contradições no processo de modernização da sociedade brasileira. A produção imagética sobre as principais capitais brasileiras, entre elas o Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, em cartões postais, em álbuns de vistas, bem como em revistas e jornais, tem participado de forma ativa na construção de significados sociais e simbólicos sobre os processos de modernização e os embates políticos e culturais da sociedade brasileira. Por vezes, há uma tentativa de apresentar as cidades brasileiras com feições europeias, como na segunda metade do século XIX e início do XX, em outras, valorizar a modernidade através da produção econômica, da realização de grandes obras de engenharia e da verticalização (prédio de apartamentos e escritórios) como ícones da modernidade, finalmente como o local do combate a desordem, ao crime, ao tráfico, a pobreza e aos desviantes. O Brasil é um país com uma população de mais de 85 %, nas grandes cidades se concentram as principais instituições culturais (universidades, museus, centro culturais, esportivos, a pesquisa de ponta), políticas e econômicas, bem como as grandes manifestações sociais com as dos anos 1963-68, 1978-84 e 2013.
Sensibilidades são entendidas como tradução do sensível na cidade, como uma forma de conhecimento do mundo - imaginário social, subjetividade, emoções, sentimentos. Sensibilidades são deixadas em marcas objetivas do mundo sensível, "objetos do sensível", que podem ser materializados em textos e imagens literários, tais como cartas, diários e memórias e em objetos concretos (patrimoniais) e artísticos (todas as expressões artísticas), relacionados ao urbano. Com elas, também são trazidos à tona o estudo dos indivíduos, das subjetividades e das trajetórias de vida.
Na primeira parte do livro, Diálogos entre História Cultural e a Cidade, Jacques Leenhardt aborda em A teoria do «beco»: história geral e história cultural da cidade na obra de Sandra Jatahy Pesavento uma questão de fundo no conjunto da obra de Sandra Pesavento: a cidade como metonímia da organização social. É preciso pensar a cidade a partir de um deslocamento do olhar, desde a margem, do micro, dos debaixo, dos excluídos que através de variadas táticas e práticas subvertem e reinventam a dinâmica social no cotidiano.
Na segunda parte, três estudos sobre as relações dinâmicas entre o urbano e o urbanismo para pensar a cidade Entre Avenidas e Malocas: São Paulo de Prestes Maia e Adoniran Barbosa com Maria Izilda Santos Matos (PUC-SP); Uma autora em busca das imagens da cidade com Célia Ferraz de Souza (PROPUR/UFRGS); e Cartografia e História Cultural da cidade no limiar do século XXI com Daniela Marzola Fialho (PROPUR/UFRGS)
Na terceira parte, A História Cultural da Cidade e os Usos das Imagens, três estudos debatem as representações, expressões e recriações do urbano através da cultura visual em Imagens da cidade: Porto Alegre na fotografia Luiz Carlos Felizardo de Charles Monteiro (PUC-RS); Imagens do campo e da cidade - cinema brasileiro (1950-1968) de Alcides Freire Ramos (UFU); e Pelas ruas do Rio de Janeiro. Dois (ou três?) olhares estrangeiros: Henry Chamberlain e Jean-Baptiste Debret de Chiara Vangelista (Università degli Studi di Genova)
Na quarta parte, A História Cultural da Cidade e os Usos do Texto Literário, dois estudos problematizam as escritas e narrativas das cidades com Circuito nada redondo de Antonio Dimas (USP) e Por abajo del mundo. Espacios, hombres y mujeres peligrosos en la ciudad de Puebla, siglos XIX-XX de Rosalina Estrada Urroz (Universidade Autônoma de Puebla/México).
Na quinta parte, História Cultural e a Sensibilidade como Marcador Cultural, três estudos problematizam as formas de reinvenção do urbano pelo teatro e as memórias afetivas sobre o as experiências urbanas em Imagens e palavras do Grupo Tapa (SP) como fragmentos sensíveis da história cultural das cidades de Rosangela Patriota Ramos (UFU); A respiração das cidades: diário lírico urbano de Sérgio Milliet de Mônica Pimenta Velloso (FCRB); e Uma cantiga de amigo para Sandra Pesavento de Antônio Herculano Lopes (FCRB).
Na sexta e última parte, A Contribuição e o Legado Historiográfico de Sandra Jatahy Pesavento e sua Importância para a Historiografia Brasileira, Nádia Maria Weber Santos (IHGRGS) em Quando as sensibilidades tomam posição... realiza um balanço da produção, dos grandes temas e das principais questões de pesquisa legados por Sandra Pesavento para a História Cultura e as Ciências Humanas brasileiras.
Assim, o presente livro pretende, através da diversidade das contribuições nele reunidas, dar continuidade ao esforço intelectual que caracterizou a trajetória da Sandra Jatahy Pesavento no pensamento histórico brasileiro.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
by Sebastian Diaz Angel, Germán Hidalgo, Isaac D. Saenz, Federico Ferretti, Iván Felipe Suárez Lozano, Junia Furtado, Catalina Valdes, DANIELA M FIALHO, Ricardo A Fagoaga, Bibiana Ponzini, lucero morelos, and Andrea Dore Memorias del 5 simposio iberoamericano de historia de la cartografía (5siahc) Dibujar y pintar el... more Memorias del 5 simposio iberoamericano de historia de la cartografía (5siahc) Dibujar y pintar el mundo: arte, cartografía y política, llevado a cabo en Bogotá en septiembre de 2014. El libro digital, descargable como pdf, hace parte de la colección de acceso abierto de la Facultad de Ciencias Sociales de la Universidad de los Andes, y fue compilado por Mauricio Nieto Olarte y Sebastián Díaz Ángel.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Papers by DANIELA M FIALHO
Fênix - Revista de História e Estudos Culturais, 2009
RESUMO: Ao examinar as relações entre a história urbana e suas representações gráficas, em partic... more RESUMO: Ao examinar as relações entre a história urbana e suas representações gráficas, em particular sua representação pela computação gráfica, examino a questão da representação como forma de dar sentido às coisas; as técnicas de representação por imagens, as quais se diferenciam historicamente; e a produção histórica do espaço urbano através das formas de representação gráfica. Busco mostrar, especificamente como a computação representa o passado da cidade e qual o estatuto dessa representação para a memória de Porto Alegre? As ferramentas teóricas desse trabalho, ligadas à computação gráfica e às questões sobre representação e memória, foram operacionalizadas no exame das diferentes formas de representação gráfica do espaço urbano de Porto Alegre. O desenho em computação gráfica, que encerra este trabalho, deteve-se na representação d e um espaço central da cidade no início e final do século XX. E mostra as cidades do presente e do passado produzidas pela computação gráfica.
ABSTRACT: By analyzing the relationship between urban history and its graphic representations, specially computer graphics, I examine the question of representation as a manner of giving sense to things; the techniques of representation by images, which differentiate historically; and the historical production of the urban space throughout representation graphic forms. I try to show how the computer graphics represents the past of the city and what is the statute of this representation to the memory of the city of Porto Alegre? The theoretical tool for this work, connected to the computer graphics and the questions about representation and memory were processed in the investigation of the different form of graphic representation of the urban space of Porto Alegre. The drawing in computer graphics, that ends this work, detains on the representation of a central space of the city, in the beginning and the end of the XX century. And it shows the cities of the present and of the past produced by computer graphics.
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Nuevo mundo mundos nuevos, 2006
... A insatisfação fez eclodir a Revolução Farroupilha em 20 de setembro de 1835, quando Onofre P... more ... A insatisfação fez eclodir a Revolução Farroupilha em 20 de setembro de 1835, quando Onofre Pires e Gomes Jardim invadiram a cidade pela Ponte D'Azenha e, liderados por Bento Gonçalves, depuseram o Presidente da Província Fernandes ... 17 Martins, Luciana de Lima. ...
Bookmarks Related papers MentionsView impact
Uploads
Books by DANIELA M FIALHO
Palavras-chave: Cartografia Urbana. História Cultural. História da Cartografia. Porto Alegre (RS).
O presente livro nasceu da vontade de homenagear uma grande historiadora brasileira, que foi responsável por organizar e dinamizar ao longo de anos a produção historiográfica sobre História Cultural no país: Sandra Jatahy Pesavento.
Em janeiro de 2014, os organizadores se reuniram em Paris na EHESS para discutir a realização de um colóquio internacional e uma publicação que debatesse as temáticas centrais de pesquisa a que ela se dedicou com a colaboração de seus principais interlocutores: colegas do Grupo Clíope, do GT Nacional de História Cultural da ANPUH, do PROPUR, de organização dos Simpósios Nacionais de História Cultural, de publicações e alguns dos seus ex-orientandos (atualmente professores e pesquisadores em várias IES brasileiras).
O Grupo Clíope é um grupo internacional interdisciplinar constituído por pesquisadores das áreas de História e de Literatura, fundado por Sandra J. Pesavento em 1998. Sandra também criou, em 2001, o GT Nacional de História Cultural da ANPUH. Ela encerrou sua carreira exitosa de docente e pesquisadora na UFRGS no Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional (PROPUR).
O Colóquio Internacional sobre História Cultural da Cidade – Sandra Jatahy Pesavento foi realizado em março de 2015 e promovido por três Instituições de Ensino Superior - Programa de Pós Graduação em Planejamento Urbano e Regional (PROPUR) da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, Programa de Pós Graduação em História da PUCRS, Programa de Pós Graduação em Memória Social e Bens Culturais do Centro Universitário Unilasalle - pelo Grupo de Trabalho em História Cultural da ANPUH-RS e pela Equipe Fonctions Imaginaires et Sociales des Arts et des Littératures/ (EFISAL) da École des Hautes Études de Sciences Sociales (EHESS) de Paris.
Como bem coloca Pesavento, em seu livro intitulado Imaginário da cidade: representações do urbano - Paris, Rio de Janeiro e Porto Alegre (Porto Alegre: Ed. da Universidade, 1999, p.8), a História Cultural do Urbano “se propõe a estudar a cidade através de suas representações. Entendemos ser esta uma fascinante proposta para o nosso final de século, quando a cidade se coloca, mais do que nunca como desafio, sendo o lugar – por excelência – onde as coisas acontecem ”.
Logo, este livro é a segunda parte do projeto que homenageia Sandra Pesavento, sendo uma forma de dar continuidade aos debates historiográficos e aos grupos de pesquisa que ela criou e dinamizou. Ele é fruto de reflexões de pesquisadores brasileiros e estrangeiros ao redor de quatro grandes eixos temáticos, em torno dos quais a obra está organizada: cidade, literatura, imagem e sensibilidades.
Urbano, urbanista, urbanismo, essas palavras apenas tem um século de existência mesmo se os problemas aos quais elas remetem dependem das transformações que sofreram as cidades a partir da era industrial moderna. A construção de um saber sobre o significado histórico e social das formas urbanas implica pesquisas sobre os usos sociais, a dramaturgia espacial como também sobre as palavras e as imagens através das quais os objetos urbanos ganham um significado imaginário para os atores da vida citadina.
A cidade continua se colocando hoje como um desafio, ela se apresenta como um importante objeto de reflexão que implica vários saberes e temas que podem se expressar e ser lidos de forma transdisciplinar nos discursos sobre ela apreendidos nas imagens, no texto literário, nas diferentes sensibilidades. Seguindo nossa autora homenageada, “Cidade-problema, cidade-representação, cidade-plural, cidade-metáfora – o urbano se impõe para o historiador da cultura nos dias de hoje como um domínio estimulante. A cidade não é simplesmente um fato, um dado colocado pela concretude da vida, mas como objeto de análise e tema de reflexão, ela é construída como desafio e, como tal, objeto de questionamento”. (Idem, p.10)
No entrecruzamento da História com a Literatura, há sempre os que exigem mais representação e aqueles que com ela se aborrecem, reivindicando maior grau de factualidade. Esquecem-se os dois lados de que a virtude do entrecruzamento reside, exatamente, na liberdade da construção, uma espécie de 3ª via que não pode se prender de maneira ortodoxa à matriz original, sob pena de esvaziar a criatividade e de afrouxar o conhecimento. A quem se confronta com a História e com a Literatura, no âmbito de pensar o urbano, cabe avaliar, de modo cauteloso e delicado, o grau de equilíbrio entre representação e factualidade, porque, a sabedoria sertaneja de Riobaldo já nos alertou: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.
As temáticas relativas aos estudos da imagem, da cultura visual e do imaginário urbano constituem uma área muito dinâmica das Ciências Humanas atualmente, muitos simpósios e publicações tem abordado essas questões. Através da pintura, da litografia, da fotografia e do cinema tem-se pensado a visualidade das cidades brasileiras. Os embates sociais, identitários e de gênero na cidade nos séculos XIX, XX e XXI tem constituído um novo imaginário republicano. A cidade entre a ordem e o caos é o locus de uma série de lutas, de disputas e de contradições no processo de modernização da sociedade brasileira. A produção imagética sobre as principais capitais brasileiras, entre elas o Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, em cartões postais, em álbuns de vistas, bem como em revistas e jornais, tem participado de forma ativa na construção de significados sociais e simbólicos sobre os processos de modernização e os embates políticos e culturais da sociedade brasileira. Por vezes, há uma tentativa de apresentar as cidades brasileiras com feições europeias, como na segunda metade do século XIX e início do XX, em outras, valorizar a modernidade através da produção econômica, da realização de grandes obras de engenharia e da verticalização (prédio de apartamentos e escritórios) como ícones da modernidade, finalmente como o local do combate a desordem, ao crime, ao tráfico, a pobreza e aos desviantes. O Brasil é um país com uma população de mais de 85 %, nas grandes cidades se concentram as principais instituições culturais (universidades, museus, centro culturais, esportivos, a pesquisa de ponta), políticas e econômicas, bem como as grandes manifestações sociais com as dos anos 1963-68, 1978-84 e 2013.
Sensibilidades são entendidas como tradução do sensível na cidade, como uma forma de conhecimento do mundo - imaginário social, subjetividade, emoções, sentimentos. Sensibilidades são deixadas em marcas objetivas do mundo sensível, "objetos do sensível", que podem ser materializados em textos e imagens literários, tais como cartas, diários e memórias e em objetos concretos (patrimoniais) e artísticos (todas as expressões artísticas), relacionados ao urbano. Com elas, também são trazidos à tona o estudo dos indivíduos, das subjetividades e das trajetórias de vida.
Na primeira parte do livro, Diálogos entre História Cultural e a Cidade, Jacques Leenhardt aborda em A teoria do «beco»: história geral e história cultural da cidade na obra de Sandra Jatahy Pesavento uma questão de fundo no conjunto da obra de Sandra Pesavento: a cidade como metonímia da organização social. É preciso pensar a cidade a partir de um deslocamento do olhar, desde a margem, do micro, dos debaixo, dos excluídos que através de variadas táticas e práticas subvertem e reinventam a dinâmica social no cotidiano.
Na segunda parte, três estudos sobre as relações dinâmicas entre o urbano e o urbanismo para pensar a cidade Entre Avenidas e Malocas: São Paulo de Prestes Maia e Adoniran Barbosa com Maria Izilda Santos Matos (PUC-SP); Uma autora em busca das imagens da cidade com Célia Ferraz de Souza (PROPUR/UFRGS); e Cartografia e História Cultural da cidade no limiar do século XXI com Daniela Marzola Fialho (PROPUR/UFRGS)
Na terceira parte, A História Cultural da Cidade e os Usos das Imagens, três estudos debatem as representações, expressões e recriações do urbano através da cultura visual em Imagens da cidade: Porto Alegre na fotografia Luiz Carlos Felizardo de Charles Monteiro (PUC-RS); Imagens do campo e da cidade - cinema brasileiro (1950-1968) de Alcides Freire Ramos (UFU); e Pelas ruas do Rio de Janeiro. Dois (ou três?) olhares estrangeiros: Henry Chamberlain e Jean-Baptiste Debret de Chiara Vangelista (Università degli Studi di Genova)
Na quarta parte, A História Cultural da Cidade e os Usos do Texto Literário, dois estudos problematizam as escritas e narrativas das cidades com Circuito nada redondo de Antonio Dimas (USP) e Por abajo del mundo. Espacios, hombres y mujeres peligrosos en la ciudad de Puebla, siglos XIX-XX de Rosalina Estrada Urroz (Universidade Autônoma de Puebla/México).
Na quinta parte, História Cultural e a Sensibilidade como Marcador Cultural, três estudos problematizam as formas de reinvenção do urbano pelo teatro e as memórias afetivas sobre o as experiências urbanas em Imagens e palavras do Grupo Tapa (SP) como fragmentos sensíveis da história cultural das cidades de Rosangela Patriota Ramos (UFU); A respiração das cidades: diário lírico urbano de Sérgio Milliet de Mônica Pimenta Velloso (FCRB); e Uma cantiga de amigo para Sandra Pesavento de Antônio Herculano Lopes (FCRB).
Na sexta e última parte, A Contribuição e o Legado Historiográfico de Sandra Jatahy Pesavento e sua Importância para a Historiografia Brasileira, Nádia Maria Weber Santos (IHGRGS) em Quando as sensibilidades tomam posição... realiza um balanço da produção, dos grandes temas e das principais questões de pesquisa legados por Sandra Pesavento para a História Cultura e as Ciências Humanas brasileiras.
Assim, o presente livro pretende, através da diversidade das contribuições nele reunidas, dar continuidade ao esforço intelectual que caracterizou a trajetória da Sandra Jatahy Pesavento no pensamento histórico brasileiro.
Papers by DANIELA M FIALHO
ABSTRACT: By analyzing the relationship between urban history and its graphic representations, specially computer graphics, I examine the question of representation as a manner of giving sense to things; the techniques of representation by images, which differentiate historically; and the historical production of the urban space throughout representation graphic forms. I try to show how the computer graphics represents the past of the city and what is the statute of this representation to the memory of the city of Porto Alegre? The theoretical tool for this work, connected to the computer graphics and the questions about representation and memory were processed in the investigation of the different form of graphic representation of the urban space of Porto Alegre. The drawing in computer graphics, that ends this work, detains on the representation of a central space of the city, in the beginning and the end of the XX century. And it shows the cities of the present and of the past produced by computer graphics.
Palavras-chave: Cartografia Urbana. História Cultural. História da Cartografia. Porto Alegre (RS).
O presente livro nasceu da vontade de homenagear uma grande historiadora brasileira, que foi responsável por organizar e dinamizar ao longo de anos a produção historiográfica sobre História Cultural no país: Sandra Jatahy Pesavento.
Em janeiro de 2014, os organizadores se reuniram em Paris na EHESS para discutir a realização de um colóquio internacional e uma publicação que debatesse as temáticas centrais de pesquisa a que ela se dedicou com a colaboração de seus principais interlocutores: colegas do Grupo Clíope, do GT Nacional de História Cultural da ANPUH, do PROPUR, de organização dos Simpósios Nacionais de História Cultural, de publicações e alguns dos seus ex-orientandos (atualmente professores e pesquisadores em várias IES brasileiras).
O Grupo Clíope é um grupo internacional interdisciplinar constituído por pesquisadores das áreas de História e de Literatura, fundado por Sandra J. Pesavento em 1998. Sandra também criou, em 2001, o GT Nacional de História Cultural da ANPUH. Ela encerrou sua carreira exitosa de docente e pesquisadora na UFRGS no Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional (PROPUR).
O Colóquio Internacional sobre História Cultural da Cidade – Sandra Jatahy Pesavento foi realizado em março de 2015 e promovido por três Instituições de Ensino Superior - Programa de Pós Graduação em Planejamento Urbano e Regional (PROPUR) da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, Programa de Pós Graduação em História da PUCRS, Programa de Pós Graduação em Memória Social e Bens Culturais do Centro Universitário Unilasalle - pelo Grupo de Trabalho em História Cultural da ANPUH-RS e pela Equipe Fonctions Imaginaires et Sociales des Arts et des Littératures/ (EFISAL) da École des Hautes Études de Sciences Sociales (EHESS) de Paris.
Como bem coloca Pesavento, em seu livro intitulado Imaginário da cidade: representações do urbano - Paris, Rio de Janeiro e Porto Alegre (Porto Alegre: Ed. da Universidade, 1999, p.8), a História Cultural do Urbano “se propõe a estudar a cidade através de suas representações. Entendemos ser esta uma fascinante proposta para o nosso final de século, quando a cidade se coloca, mais do que nunca como desafio, sendo o lugar – por excelência – onde as coisas acontecem ”.
Logo, este livro é a segunda parte do projeto que homenageia Sandra Pesavento, sendo uma forma de dar continuidade aos debates historiográficos e aos grupos de pesquisa que ela criou e dinamizou. Ele é fruto de reflexões de pesquisadores brasileiros e estrangeiros ao redor de quatro grandes eixos temáticos, em torno dos quais a obra está organizada: cidade, literatura, imagem e sensibilidades.
Urbano, urbanista, urbanismo, essas palavras apenas tem um século de existência mesmo se os problemas aos quais elas remetem dependem das transformações que sofreram as cidades a partir da era industrial moderna. A construção de um saber sobre o significado histórico e social das formas urbanas implica pesquisas sobre os usos sociais, a dramaturgia espacial como também sobre as palavras e as imagens através das quais os objetos urbanos ganham um significado imaginário para os atores da vida citadina.
A cidade continua se colocando hoje como um desafio, ela se apresenta como um importante objeto de reflexão que implica vários saberes e temas que podem se expressar e ser lidos de forma transdisciplinar nos discursos sobre ela apreendidos nas imagens, no texto literário, nas diferentes sensibilidades. Seguindo nossa autora homenageada, “Cidade-problema, cidade-representação, cidade-plural, cidade-metáfora – o urbano se impõe para o historiador da cultura nos dias de hoje como um domínio estimulante. A cidade não é simplesmente um fato, um dado colocado pela concretude da vida, mas como objeto de análise e tema de reflexão, ela é construída como desafio e, como tal, objeto de questionamento”. (Idem, p.10)
No entrecruzamento da História com a Literatura, há sempre os que exigem mais representação e aqueles que com ela se aborrecem, reivindicando maior grau de factualidade. Esquecem-se os dois lados de que a virtude do entrecruzamento reside, exatamente, na liberdade da construção, uma espécie de 3ª via que não pode se prender de maneira ortodoxa à matriz original, sob pena de esvaziar a criatividade e de afrouxar o conhecimento. A quem se confronta com a História e com a Literatura, no âmbito de pensar o urbano, cabe avaliar, de modo cauteloso e delicado, o grau de equilíbrio entre representação e factualidade, porque, a sabedoria sertaneja de Riobaldo já nos alertou: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.
As temáticas relativas aos estudos da imagem, da cultura visual e do imaginário urbano constituem uma área muito dinâmica das Ciências Humanas atualmente, muitos simpósios e publicações tem abordado essas questões. Através da pintura, da litografia, da fotografia e do cinema tem-se pensado a visualidade das cidades brasileiras. Os embates sociais, identitários e de gênero na cidade nos séculos XIX, XX e XXI tem constituído um novo imaginário republicano. A cidade entre a ordem e o caos é o locus de uma série de lutas, de disputas e de contradições no processo de modernização da sociedade brasileira. A produção imagética sobre as principais capitais brasileiras, entre elas o Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, em cartões postais, em álbuns de vistas, bem como em revistas e jornais, tem participado de forma ativa na construção de significados sociais e simbólicos sobre os processos de modernização e os embates políticos e culturais da sociedade brasileira. Por vezes, há uma tentativa de apresentar as cidades brasileiras com feições europeias, como na segunda metade do século XIX e início do XX, em outras, valorizar a modernidade através da produção econômica, da realização de grandes obras de engenharia e da verticalização (prédio de apartamentos e escritórios) como ícones da modernidade, finalmente como o local do combate a desordem, ao crime, ao tráfico, a pobreza e aos desviantes. O Brasil é um país com uma população de mais de 85 %, nas grandes cidades se concentram as principais instituições culturais (universidades, museus, centro culturais, esportivos, a pesquisa de ponta), políticas e econômicas, bem como as grandes manifestações sociais com as dos anos 1963-68, 1978-84 e 2013.
Sensibilidades são entendidas como tradução do sensível na cidade, como uma forma de conhecimento do mundo - imaginário social, subjetividade, emoções, sentimentos. Sensibilidades são deixadas em marcas objetivas do mundo sensível, "objetos do sensível", que podem ser materializados em textos e imagens literários, tais como cartas, diários e memórias e em objetos concretos (patrimoniais) e artísticos (todas as expressões artísticas), relacionados ao urbano. Com elas, também são trazidos à tona o estudo dos indivíduos, das subjetividades e das trajetórias de vida.
Na primeira parte do livro, Diálogos entre História Cultural e a Cidade, Jacques Leenhardt aborda em A teoria do «beco»: história geral e história cultural da cidade na obra de Sandra Jatahy Pesavento uma questão de fundo no conjunto da obra de Sandra Pesavento: a cidade como metonímia da organização social. É preciso pensar a cidade a partir de um deslocamento do olhar, desde a margem, do micro, dos debaixo, dos excluídos que através de variadas táticas e práticas subvertem e reinventam a dinâmica social no cotidiano.
Na segunda parte, três estudos sobre as relações dinâmicas entre o urbano e o urbanismo para pensar a cidade Entre Avenidas e Malocas: São Paulo de Prestes Maia e Adoniran Barbosa com Maria Izilda Santos Matos (PUC-SP); Uma autora em busca das imagens da cidade com Célia Ferraz de Souza (PROPUR/UFRGS); e Cartografia e História Cultural da cidade no limiar do século XXI com Daniela Marzola Fialho (PROPUR/UFRGS)
Na terceira parte, A História Cultural da Cidade e os Usos das Imagens, três estudos debatem as representações, expressões e recriações do urbano através da cultura visual em Imagens da cidade: Porto Alegre na fotografia Luiz Carlos Felizardo de Charles Monteiro (PUC-RS); Imagens do campo e da cidade - cinema brasileiro (1950-1968) de Alcides Freire Ramos (UFU); e Pelas ruas do Rio de Janeiro. Dois (ou três?) olhares estrangeiros: Henry Chamberlain e Jean-Baptiste Debret de Chiara Vangelista (Università degli Studi di Genova)
Na quarta parte, A História Cultural da Cidade e os Usos do Texto Literário, dois estudos problematizam as escritas e narrativas das cidades com Circuito nada redondo de Antonio Dimas (USP) e Por abajo del mundo. Espacios, hombres y mujeres peligrosos en la ciudad de Puebla, siglos XIX-XX de Rosalina Estrada Urroz (Universidade Autônoma de Puebla/México).
Na quinta parte, História Cultural e a Sensibilidade como Marcador Cultural, três estudos problematizam as formas de reinvenção do urbano pelo teatro e as memórias afetivas sobre o as experiências urbanas em Imagens e palavras do Grupo Tapa (SP) como fragmentos sensíveis da história cultural das cidades de Rosangela Patriota Ramos (UFU); A respiração das cidades: diário lírico urbano de Sérgio Milliet de Mônica Pimenta Velloso (FCRB); e Uma cantiga de amigo para Sandra Pesavento de Antônio Herculano Lopes (FCRB).
Na sexta e última parte, A Contribuição e o Legado Historiográfico de Sandra Jatahy Pesavento e sua Importância para a Historiografia Brasileira, Nádia Maria Weber Santos (IHGRGS) em Quando as sensibilidades tomam posição... realiza um balanço da produção, dos grandes temas e das principais questões de pesquisa legados por Sandra Pesavento para a História Cultura e as Ciências Humanas brasileiras.
Assim, o presente livro pretende, através da diversidade das contribuições nele reunidas, dar continuidade ao esforço intelectual que caracterizou a trajetória da Sandra Jatahy Pesavento no pensamento histórico brasileiro.
ABSTRACT: By analyzing the relationship between urban history and its graphic representations, specially computer graphics, I examine the question of representation as a manner of giving sense to things; the techniques of representation by images, which differentiate historically; and the historical production of the urban space throughout representation graphic forms. I try to show how the computer graphics represents the past of the city and what is the statute of this representation to the memory of the city of Porto Alegre? The theoretical tool for this work, connected to the computer graphics and the questions about representation and memory were processed in the investigation of the different form of graphic representation of the urban space of Porto Alegre. The drawing in computer graphics, that ends this work, detains on the representation of a central space of the city, in the beginning and the end of the XX century. And it shows the cities of the present and of the past produced by computer graphics.